sábado, julho 25, 2015

Diálogo inviável - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 25/07

Há um pressuposto equivocado nessa proposta de diálogo entre os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique, o de que toda conversa é boa em uma democracia. Foi-se o tempo em que uma conversa institucional com o PT poderia significar algum avanço democrático.

Desde que o mensalão foi desvendado, em 2005, qualquer conversa desse tipo tornou-se inviável, pois o PT revelou-se um partido que adota meios corruptos para fazer política, e usa o Estado para financiar seus esquemas, com o objetivo de dominar a máquina pública pelo maior tempo possível, negando a alternância no poder, ponto fundamental da democracia representativa.

O PT não é, certamente, o único partido político que se envolveu em corrupção na História do Brasil, mas é, até que se prove o contrário, o único que sequestrou o Estado brasileiro para montar um esquema de domínio político na tentativa de se perpetuar no poder.

Até o mensalão, os esquemas corruptos eram manipulados por grupos políticos avulsos, ou mesmo por indivíduos, e até a origem do esquema, usado originalmente em Minas pelo grupo do governador tucano Eduardo Azeredo, tinha o objetivo de financiar campanhas regionais com a manipulação de verbas oficiais.

Ao levar para o plano nacional esquemas que funcionavam regionalmente e de maneira eventual, o PT inaugurou uma nova fase da corrupção brasileira, muito mais danosa à democracia, porque se alimenta da própria máquina do Estado para continuar dominando-a indefinidamente.

Conceitualmente perverso, o avanço sobre estatais como a Petrobras e a Eletrobras - para, por meio do desvio de recursos do Estado brasileiro, controlar a vida partidária nacional e desvirtuar o sistema de coalizão partidária através de distribuição de verbas ao Legislativo - envenena o nosso sistema democrático, desmonta a convivência harmônica entre os Poderes da República, quebra o sistema de pesos e contrapesos próprio da democracia representativa.

A corrupção generalizada no país não é de hoje, como já destaquei em outras colunas, e o fato de ter se espalhado até o mais modesto município brasileiro só mostra que a impunidade fez aumentar a possibilidade de corrupção. Ao mesmo tempo, está sendo desmontado na Petrobras um esquema corrupto que não é trivial e que já mostrou suas garras no episódio do mensalão.

Vou repetir aqui alguns conceitos que já desenvolvi em outras colunas, para mostrar como a questão é intrincada. Em vez de combater a corrupção disseminada, como prometia fazer antes de chegar ao poder, o Partido dos Trabalhadores, ao contrário, aderiu à maneira brasileira de fazer política e transformou-a em um método de dominação do Poder Legislativo e de perpetuação de poder.

Quando Lula disse que no Congresso havia 300 picaretas, em tom de crítica, parecia o líder político que queria mudar a maneira de governar o país. Mas, ao chegar a sua vez de mostrar a que veio, Lula comandou um governo que institucionalizou a corrupção para garantir apoio político, aperfeiçoando e aprofundando as técnicas que eram usadas naturalmente pelos políticos brasileiros há décadas.

Que havia corrupção na Petrobras muito antes de o PT chegar ao poder, ninguém discute. O que é espantoso é que essa corrupção tenha chegado ao ponto a que chegou e tenha se tornado institucional, um método de dominar o poder político no país.

Como partido organizado e bem comandado, o PT transformou a roubalheira generalizada em instrumento de controle político.

O que mudou nos anos petistas é que a roubalheira nas principais áreas do governo foi monopolizada pelo esquema político que almeja a hegemonia. Sem mudar essa postura diante da democracia, não há razão para a busca de um diálogo.


Portas de saída - MÍRIAM LEITÃO

O GLOBO - 25/07

Os economistas têm dito que existem três requisitos para o país sair da crise: recuperar a confiança, aumentar os investimentos, elevar as exportações. Os números mostram que isso não começou a acontecer. As exportações e os investimentos despencaram no primeiro semestre, a confiança está nos níveis mais baixos em várias sondagens, a bolsa de valores voltou ao vermelho.

O saldo comercial foi positivo em US$ 2,2 bilhões no primeiro semestre, revertendo o déficit de US$ 2,5 bilhões do mesmo período do ano passado. Mas esse número dá uma falsa sensação de que as nossas exportações estão se recuperando. O fato é que as vendas externas caíram 14% de janeiro a junho, e o saldo só ficou positivo porque as importações despencaram mais: 18%. Nem a desvalorização do real ajudou a dar um impulso externo, pelo menos até agora. De janeiro a junho, a receita com exportação foi US$ 16 bilhões menor do que no mesmo período de 2014.

A indústria brasileira continua encolhendo sua participação no mundo. A exportação de bens de capital caiu 3,8% no semestre. A de bens de consumo teve queda de 8,8%. A venda de combustíveis e lubrificantes caiu 20%, mostrando mais uma vez que a Petrobras tem gargalos insuperáveis na área de refino, que foram agravados pelas denúncias de corrupção e superfaturamento em projetos investigados pela Operação Lava-Jato. Com a queda dos preços das commodities, as exportações de produtos alimentícios caíram 16%, e as de produtos minerais recuaram 26%.

A confiança continua baixa, e há vários indicadores mostrando isso. No mercado financeiro, o índice Ibovespa voltou a operar abaixo dos 50 mil pontos e acumula queda este ano. O dólar é negociado no valor mais alto desde 2003. Os juros cobrados dos títulos do governo brasileiro no exterior também subiram, e o mercado já começa a precificar o risco da perda do grau de investimento.

O Índice de Confiança dos Consumidores medido pelo Ibre/FGV caiu à mínima histórica em julho. Foi a quarta vez no ano que atingiu recordes negativos na série que começou a ser pesquisada em setembro de 2005. Desde as eleições de outubro, a redução chega a 19%. Os indicadores de confiança do comércio, da indústria e da construção civil seguem a mesma tendência e se mantêm nos piores níveis das séries.

Nos investimentos, é cada vez menos provável que o governo consiga ser bem sucedido com as concessões de infraestrutura. Com a necessidade de arrecadar mais para manter o ajuste fiscal, o modelo adotado será o de outorga onerosa, contemplando como vencedores os consórcios que desembolsarem uma quantia maior por cada projeto leiloado. Em tempos de crise e incerteza, a reação das empresas é justamente a contrária: preservar o dinheiro em caixa. A alta dos juros também encarece o financiamento.

A produção de bens de capital registra queda de 20% nos cinco primeiros meses do ano, segundo dados do IBGE. Na comparação de maio com o mesmo mês do ano passado, a retração é de 26%. A Abimaq, entidade que representa o setor de máquinas e equipamentos, estima em 25 mil as demissões nos últimos 12 meses e diz que há empresas tendo dificuldade até para pagar impostos. O ajuste fiscal atingiu as linhas subsidiadas do PSI/Finame, que barateava o crédito das encomendas, e a alta da alíquota que desonerava a folha de pagamento foi encarada como aumento de custos. A entidade criou um grupo de gestão de crise e chegou a cogitar o pagamento de impostos em juízo, como forma de protesto, e o fechamento de fábricas por um dia. Abandonou a ideia, felizmente, por recomendação do departamento jurídico.

O país caminha para o oitavo mês do ano sem conseguir vislumbrar de onde virá a recuperação. Tudo é agravado pela crise política e pela baixa popularidade da presidente Dilma Rousseff. Muitos alertaram sobre os erros da política econômica dos governos Lula e Dilma. Foram esses equívocos que nos trouxeram até aqui. O período de bonança, com os altos preços das matérias-primas e o estímulo ao consumo, chegou ao fim sem que o país tenha se preparado para uma nova realidade.


O custo do afrouxamento - CELSO MING

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O ESTADÃO - 25/07

Na política, as coisas só estão piorando e ameaçam arrastar a economia


O ponto positivo no afrouxamento da meta fiscal é o de que, desta vez, o governo Dilma não está garantindo o inviável para entregar depois o supostamente prometido com os disfarces conhecidos: contabilidade criativa, pedaladas e operações parafiscais. O resto é muita incerteza.

Os ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa não conseguem explicar como é que contribuirão para aumentar a credibilidade da política econômica com decisões cujo cumprimento depende de variáveis econômicas incertas, como a do comportamento da arrecadação, e de desdobramentos políticos imponderáveis. A arrecadação não caiu apenas porque há forte recessão. Caiu também porque as grandes empresas não estão pagando e, aparentemente, não há o que as faça pagar. Além disso, o desdobramento da política depende do desfecho de 10 ou 12 pedidos de impeachment.

Não há garantia de que a nova meta fiscal (a tal de 0,15% do PIB) seja cumprida, nem com os escapes previstos. Não há garantia de que a dívida pública, que crescerá com o aumento do déficit e dos juros, ficará sob controle. E não há garantia de que novas capitulações fiscais não acontecerão.

A presidente Dilma não aguentou as pressões e, aparentemente, já não se importa se o rombo aumentar. Quem argumenta que não fez nada de errado quando infringiu a Lei de Responsabilidade Fiscal, como consta nas respostas às questões encaminhadas pelo Tribunal de Contas da União, não pode mesmo achar errado descumprir novamente a lei. Não é o ministro Nelson Barbosa quem está dizendo que as pedaladas são permitidas enquanto não for estabelecido um limite a partir do qual possam ser consideradas infração? Se o governo Dilma pensa assim é porque outras infrações são possíveis - até que saia a regulamentação que defina esses e outros parâmetros.

A opção feita não contém a recessão. Ao contrário, tende a aumentá-la porque cria incertezas. Depois da revisão da meta, os analistas rebaixaram ainda mais as projeções sobre o desempenho do PIB deste ano e do seguinte.

Mais recessão aumenta mais o desemprego, reduz a arrecadação e o rombo fica maior. Além disso, esse quadro não deve fortalecer o governo, como pretendeu a presidente Dilma. No ano que vem, tem eleições. Quantos vereadores o PT será capaz de fazer?

A presidente Dilma avisou que não quer a dureza do ajuste para não asfixiar o trabalhador. Mas a decisão tomada tende a sufocar ainda mais politicamente o governo.

Há outras maneiras de enfrentar a derrubada de arrecadação. A primeira delas seria cortar despesas. Parecia a opção do ministro Joaquim Levy. A outra seria fazer um esforço de investimento, o que implicaria apressar os leilões de concessão, exigir mais empenho dos organismos encarregados de expedir licenciamentos ambientais e desfazer-se de ativos públicos, como a Petrobrás já anunciou. “Deixamos claro o que não podemos fazer”, defende-se o ministro Levy. Mas ele já não mostra se consegue fazer o que pode fazer.

Não dá para apostar em que o Brasil “parou de piorar” e que, “daqui para frente, só vai melhorar”. Na política, as coisas só estão piorando e ameaçam arrastar a economia.


CONFIRA:






Aí está a evolução das cotações do dólar no câmbio interno nesta semana. Dá uma noção da alta provocada pela revisão da meta fiscal.

Mais juros

A nova alta do dólar tende a aumentar ainda mais os preços dos importados. Portanto, produzirá inflação. É mais um fator que obrigará o Banco Central a reforçar a política monetária (política de juros). Nesta quarta-feira, o Copom provavelmente aumentará os juros básicos (Selic) em mais meio ponto porcentual, para 14,25% ao ano. Falta saber até onde vai esse arrocho monetário.
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Um filme de horror a que ninguém quer assistir - ALBERTO DINES

GAETA DO POVO - PR - 25/07

Uma das primeiras apostas de Hollywood para levar mais gente aos cinemas utilizou um truque psicológico extremamente simples: pavor. Há mais de um século, tal como antes na literatura, as pessoas eram atraídas pelo que deveriam abominar e, graças a esta contradição, surgiram os Frankensteins, os Dráculas, médicos loucos, fantasmas, almas do outro mundo, lobisomens, monstros importados do passado, do fundo do mar, do espaço, do futuro.

No Brasil, talvez por força da infantilização das grandes audiências – para as quais medo não tem charme –, um filme de horror chamou a atenção de um dos mais importantes jornais do mundo sem provocar grande frisson, apesar de nosso protagonismo na película.

“Recessão e suborno: a crescente podridão no Brasil” foi o título do editorial desta quinta-feira no secular Financial Times, o jornal cor-de-salmão que raramente pisa em falso quando dá opinião (sobre música, vinho, política ou macroeconomia) e, por isso, foi vendido no mesmo dia por mais de R$ 4 bilhões de reais aos japoneses da Nikkei. “Incompetência, arrogância e corrupção tiraram do Brasil seu encanto mágico (...) Não é de admirar que o país hoje seja comparado a um infindável filme de horror.”

Que o governo não reagisse ou reagisse no estilo inglês – glacialmente – era o esperado. Designado para responder, Jacques Wagner, ministro da Defesa, contestou com o argumento de veterano cinéfilo: “não é filme de horror, mas de superação”. A surpresa veio da repercussão – quase nenhuma. Por solidariedade e/ou despeito, nossa mídia enfiou a viola no saco e saiu de fininho. Para não ser denunciada como alarmista ou golpista, talvez por sentir-se absolutamente desamparada diante de uma crise tão disseminada e ameaçadora, a verdade é que a retórica e o racionalismo anglo-saxônico se impuseram aos floreios da prosa neolatina.

Ao associar de forma direta, impiedosa, o fenômeno macroeconômico da recessão à esfera criminal onde se encaixa o suborno, o jornal escancara a natureza da nossa desgraça. Para não deixar dúvidas quanto à gravidade do que está sendo investigado, adiciona dois penosos ingredientes raramente utilizados nas avaliações sobre o que aconteceu na Petrobras: incompetência e arrogância.

Para coroar o diagnóstico, o arrasador substantivo – podridão – que nos remete a Shakespeare e ao inconformado Hamlet, ao reconhecer que “há algo de podre no reino da Dinamarca”. Na injusta metáfora, o Bardo não se referia apenas ao casal regicida (mãe e padrasto de Hamlet), mas à sociedade desmoralizada, corrompida, desprovida de senso moral que permitiu a consumação e a ocultação do crime.

Entende-se por que o editorial não foi transcrito e traduzido na íntegra em nossa imprensa: por pudor e autoestima. Verdadeira bomba arrasa-quarteirão, espalha estilhaços, fere a todos que, mesmo de longe, percebem o enredo. O interminável filme de horror do qual somos personagens e espectadores, ao contrário do que apregoam os mestres no gênero, parece condenado ao insucesso. Ninguém faz questão de vê-lo, o desfecho ainda demora. Nossas plateias são impacientes, se resignam às longas e artificiosas telenovelas, mas quando se trata de crises exigem soluções imediatas, no atual mandato.


As mortes de Lulinha - IGOR GIELOW

FOLHA DE SP - 25/07

BRASÍLIA - Em 2008, o diário "Extra" flagrou um menino negro nadando numa poça resultante de um vazamento na favela onde morava em Manguinhos, zona norte do Rio.

Consta que o então todo-poderoso presidente Lula se comoveu com a cena e resolveu transformar o local em vitrine de regeneração sob a bandeira do PAC, programa que tinha uma "mãe", Dilma Rousseff.

O menino, Christiano Pereira Tavares, foi levado ao palanque das autoridades para as devidas fotos e a promessa de construção de uma piscina na "comunidade", o eufemismo do politicamente correto para esses lugares esquecidos pelos políticos depois dos comícios.

Agora, o mesmo "Extra" informa que Lulinha, como o garoto foi apelidado após encontrar Lula, morreu aos 15 anos sob suspeita de overdose na unidade de saúde que ostenta sua foto sorridente na parede.

Manguinhos segue pobre, e a piscina, segundo o relato, abandonada. A família de Lulinha melhorou um pouco de vida, mas o quadro de desagregação segue inalterado.

Além de tragédia, a morte do garoto, se confirmada pelos motivos apontados, encarna um retrato da decadência do legado da era PT no poder. O investimento no combate à miséria, prioridade digna mesmo que tenha sido só eleitoreira, é tisnado pela realidade -do petrolão que já grassava à época ao desastre de gestão que atolou o país sob Dilma.

Sem bonança externa e com o sorriso de Levy, a classe que emergiu pela via perversa do consumo vai voltando para seu nicho anterior; brilha solitária na ruína a TV de tela plana na qual a irmã de Lulinha, grávida aos 14 anos, vê desenhos animados.

Não morre apenas Lulinha. Morre uma ilusão que teve, como toda farsa, lampejos de euforia. Morre o país cujo futuro radiante, para quem quis acreditar, havia chegado. A construção da realidade, ainda mais com os atores à disposição, será dolorosa.

Lulinha não verá nada disso.

Ficou difícil baixar os juros - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 25/07

Se o Banco Central (BC) tivesse metas e parâmetros semelhantes aos do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), não lhe faltariam motivos para desacelerar a curva de altas da taxa básica de juros (Selic). Afinal, a impressionante derrocada da economia brasileira no primeiro semestre do segundo governo de Dilma Rousseff está levando junto milhares de empregos.

O efeito da paralisia que tomou conta de praticamente todos os setores da atividade econômica tem sido devastador sobre o único indicador que vinha conseguindo resistir à onda de desconfiança na capacidade do governo de reanimar a economia. O desemprego fechou o semestre em 6,9%, a taxa mais alta dos últimos cinco anos registrada em um mês de junho.

E, como se não bastasse, até o próprio governo reviu para baixo a sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, que passou a ser negativa, de 1,49%. Isto significa que nem os cálculos oficiais autorizam expectativa de melhora na economia e, portanto, de queda das demissões.

Nos Estados Unidos, isso já teria levado o Fed a comandar política monetária menos apertada, ou seja, a reduzir as taxas de juros para estimular o investimento e a disposição para o consumo. Mas a inflação lá é muito baixa e o Fed não tem que enfrentar uma corrida de preços provocada pelo tarifaço que, agora, põe fim ao adiamento eleitoreiro dos ajustes que deveriam ter sido praticados no Brasil, nos últimos dois anos.

A autoridade monetária brasileira enfrenta o desafio de conter e, depois, baixar uma das taxas de inflação mais altas do mundo: 9% ao ano, o que equivale ao dobro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional. O próprio Banco Central não espera devolver a inflação ao ritmo de 4,5% por ano antes dos últimos meses de 2016 e começo de 2017.

Alguns sinais positivos de que esse caminho estava sendo cumprido tinham levado analistas do comportamento da política monetária a um breve clarão de otimismo para os próximos meses. Tanto é assim que a maioria dos agentes do mercado ouvidos pelo próprio BC apostavam, até o início desta semana, que a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), agendada para o dia 29, não deveria aumentar a Selic em mais do que 0,25 ponto percentual.

Mas esse era um cenário construído antes de o governo anunciar a drástica redução da meta de superavit fiscal de 1,1% do PIB para o modestíssimo 0,15%. A verdade é que, por mais que o próprio governo tente amenizar o efeito desse corte sobre a política monetária, não há mais como manter a expectativa de alívio nas taxas de juros.

O Banco Central, em várias de suas manifestações, vinha comemorando a saudável ajuda do aperto fiscal no combate à inflação. Pelo menos nos últimos quatro anos, a autoridade monetária se viu sozinha na luta contra a inflação, já que não podia contar com os efeitos benéficos sobre os preços de uma política fiscal mais contracionista que, nem de longe, era adotada pelo comando do Tesouro Nacional.

Por isso mesmo, é razoável rever as expectativas quanto aos rumos que tomará o BC. Muitos já apostam em alta de 0,5 ponto na quarta-feira, como um sinal de que o ajuste fiscal menor será em alguma medida compensado com o endurecimento da política monetária. Quer dizer mais peso na conta da sociedade.


Dilma e o fiador honorário - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADÃO - 25/07

Derrotado na discussão sobre a nova meta fiscal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ainda pagou o mico de ter de explicar e defender a mudança de rumo anunciada por ele e por seu colega do Planejamento, Nelson Barbosa. Para cumprir essa missão, teve de renegar posições mantidas publicamente e de se apresentar como coautor de uma decisão digna dos piores momentos do mandato anterior da presidente Dilma Rousseff. Tendo rejeitado a opinião do ministro Levy e optado pela política mais frouxa e menos convincente, a presidente se lembrou de um detalhe: o perdedor havia sido considerado, pelo menos até quarta-feira, data do anúncio da nova orientação, o fiador da política econômica.

A solução imediata foi mandar seus subordinados elogiar o ministro da Fazenda e reafirmar sua condição de avalista. A ordem foi cumprida. Com isso, o avalista, confirmado em sua posição honorífica, virou fiador de uma política de baixa credibilidade. Já não há blindagem possível, porque o déficit de credibilidade, nesse caso, é da chefe de governo, e ela se expôs inteiramente, no episódio, de forma irremediável.

A presidente deixou clara, mais uma vez, sua pouca disposição de bancar medidas sérias de correção das finanças públicas e de reparação dos erros cometidos durante quatro anos. Alguns desses erros, como o prolongamento, depois da pior fase da crise, da chamada política “anticíclica”, foram herdados de seu antecessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e agravados.

Um dos condutores da política nesse período foi o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Tinha acesso fácil à presidente Dilma Rousseff, mas deixou o governo em 2013. Está de volta, como ministro do Planejamento, e são notórias as divergências entre ele e seu colega da Fazenda, ainda classificado, por determinação presidencial, como avalista do governo. Mas têm prevalecido as opiniões de Barbosa, como noticiou muitas vezes a imprensa.

O ministro da Fazenda tem mencionado, para explicar as dificuldades da política fiscal, a retração dos negócios e as táticas defensivas adotadas pelos empresários nas relações com o Fisco. Este detalhe já havia sido apontado em recente estudo da Receita Federal. São argumentos verdadeiros. A recessão tem sido, sem dúvida, mais severa do que previram analistas brasileiros e estrangeiros. Os danos causados à economia pelos erros cometidos nos quatro anos anteriores são enormes. A política do primeiro mandato da presidente Dilma é, sem dúvida, a causa principal dos males hoje vividos pelos brasileiros, como recessão, desemprego e inflação disparada. Tudo isso explica a perda de receita de impostos e contribuições neste ano, mas os problemas da política fiscal estão associados também a outros fatores.

O mais importante é a fraqueza política da presidente. Essa fraqueza decorre em parte de suas características pessoais e em parte da estratégia de seu partido, subordinada inteiramente às ambições políticas de seu líder principal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sem apoio do PT, a presidente pouco pode fazer – e nada tem feito, pessoalmente – para garantir a fidelidade dos partidos aliados.

Nenhum governante fraco – e nesse caso as deficiências pessoais da presidente são determinantes – conduz uma política de ajustes dolorosos e de reformas complexas. Depois de quatro anos chefiando um governo marcado pela incompetência, pela maquiagem das contas, por um voluntarismo quase infantil e por lambanças variadas, a presidente causaria enorme surpresa se iniciasse o segundo mandato com um programa audacioso de correções e de reformas. A menor surpresa, nesse caso, seria o apoio dos companheiros e aliados.

Desde o início o ministro Levy esteve comprometido com um programa tímido de ajuste e de reformas. Nem isso deu certo. A receita falhou, a despesa continuou crescendo e a meta de ajuste em 2015 foi virtualmente zerada. Ninguém explicou, até agora, por que se deve esperar um empenho mais firme nos próximos anos.


Petrobras: perdas e danos - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 25/07

Dezenas de empresas internacionais de petróleo investem no Brasil. Todas condenam a corrupção, desvendada pela Operação Lava-Jato. Mas seus executivos concordam com Paulo Roberto Costa (ex-diretor da estatal e que confessou seus crimes e os de parceiros) quando ele diz que o principal fator de prejuízos da empresa foi o congelamento dos preços da gasolina e do óleo combustível.

Congelamento e descontrole
As multinacionais condenam a corrupção, mas avaliam que ela não pode ser uma cortina de fumaça. O valor desviado ainda não foi fechado pela Operação Lava-Jato. Feita essa ressalva, executivos dessas empresas dizem que o comando da estatal cometeu erros que custaram muito mais. Citam análise do Deutsche Bank. Nessa, o controle de preços da gasolina e do óleo custou R$ 60 bilhões à Petrobras (2011/2015). A redução de 5% dos investimentos representaria economia de R$ 27 bilhões (em oito anos). A redução de 25% dos dividendos pagos aos sócios manteria R$ 10 bilhões em caixa, e o corte dos gastos administrativos durante dez anos geraria uma economia de R$ 10 bilhões.


"A Petrobras vivia no mundo da fantasia. Queria fazer tudo, muito rápido e de uma só vez. Isso quando esse setor trabalha com um horizonte de 30 anos" Executivo de uma multinacional Sobre a redução dos investimentos de US$ 220 bilhões para US$ 130 bilhões nos próximos 5 anos (2015/2019)


Ventos de fora
O PMDB se diverte, ironiza e sonha com a cobertura, pela mídia, da viagem do vice Michel Temer aos Estados Unidos. Um dos ministros definiu assim: "O Temer é um estadista". Outro foi mais adiante, comentando: "O povo sente o faro".


Diálogo PT e PSDB
Lula não gostou do vazamento da história sobre o encontro com FH. Acredita que pode dificultar o diálogo. No Instituto Lula se diz que só Dilma pode tomar a iniciativa. Ela já fez algo parecido no velório de Mandela, quando levou os ex-presidentes à África do Sul. E também quando os convidou para tratar da Comissão da Verdade em jantar no Alvorada.


O PSDB diz não
Mesmo que o ex-presidente FH queira conversar com o ex-presidente Lula, os tucanos rejeitam o diálogo. O líder da minoria na Câmara, Bruno Araújo (PSDB), diz que não dá para ajudar a consertar a quebradeira da presidente Dilma.


Boquirroto
Irritação no Instituto Lula. O vazamento do interesse do ex-presidente Lula em se encontrar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é o motivo. Por lá se diz que o secretário de Comunicação do PT, José Américo, fala demais.


Diga ao povo que fica
O PMDB não quer se confundir com o PT no tratamento ao rebelde presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Os petistas querem sua cabeça, mas a direção aliada, não. "O PMDB aliado à presidente Dilma confia na gestão do presidente Cunha e conta com sua contribuição até 2017", garante o ministro Eliseu Padilha, braço-direito do vice Michel Temer.


Professor Raimundo
Provável candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, o ex-governador José Serra esteve no Rio anteontem. Deu palestra sobre "como governar" para o secretariado e presidentes de empresas a pedido do governador Luiz Fernando Pezão.


O PT vai continuar dominando os cargos de segundo escalão. Os aliados queriam mais espaço. O índice de infidelidade lhes tirou o chão.


Medo dos juros - COLUNA PAINEL DA FOLHA

FOLHA DE SP - 25/07


NATUZA NERY (INTERINA)

Integrantes do governo temem que o Banco Central seja "duro demais" e aumente a Selic em meio ponto percentual na semana que vem, aprofundando o cenário de recessão econômica. Bancos públicos e privados também estão preocupados com os sinais de elevação da taxa de juros para além do desejável e preveem redução ainda maior da oferta de crédito para o consumo. Nas avaliações internas, o governo está fraco e perdeu muita influência sobre as decisões do BC.


Corda solta No passado, a presidente Dilma Rousseff costumava cobrar de forma enfática um alinhamento maior do banco com sua política macroeconômica.

Frustração Até a redução da meta do superavit primário, anunciada na quarta, o mercado e o Executivo apostavam ou no aumento de 0,25 ponto percentual ou na manutenção da Selic no patamar atual de 13,75% ao ano.

Choque Diante da surpresa, as projeções passaram a contemplar uma alta de 0,5 ponto percentual. O próprio Banco Central, que trabalhava com um cenário de aperto fiscal bem maior até 2017, foi pego de surpresa com a queda abrupta do superavit primário de 1,1% para 0,15% do PIB.

Prece "Do jeito que a coisa está, é para não ter aumento algum", disse um importante auxiliar da presidente.

Vale... Líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS) começou a trabalhar para flexibilizar as regras de repatriação de ativos, em um esforço para construir consenso pela aprovação da medida bilionária no Congresso.

... tudo Seu texto deve apresentar uma proposta de redução da alíquota de 35% para casos excepcionais, como pagamentos à vista de valores repatriados. Também deve incluir regras mais duras para evitar a entrada de dinheiro sujo no país.

Tremelique Contando com cada centavo possível para engordar o franzino caixa federal, a equipe econômica tem calafrios quando ouve a expressão "flexibilizar".

Via expressa O senador Romero Jucá (PMDB-RR) levou ao ministro Joaquim Levy (Fazenda) uma proposta para acelerar licenciamentos de PPPs e concessões. A ideia é impor prazo a órgãos como Funai e Iphan para que se manifestem sobre as obras.

Ação e reação O Palácio dos Bandeirantes decidiu atuar ostensivamente na operação que prendeu fiscais delatados pelo doleiro Alberto Youssef, por meio de sua corregedoria, com receio de que o governo fosse contaminado pela Operação Lava Jato.

No bolso Dois dos fiscais presos já fizeram contribuições para candidatos a deputado, do PSDB e do Solidariedade. As investigações, segundo o governo, não apontaram conexão política.

Radar Dados preliminares da Prefeitura de São Paulo indicam que a redução da velocidade máxima nas marginais tem sido "positiva". Por ora, a tendência é de manutenção deste limite. Um balanço mais completo será apresentado em breve.

Alô, criançada Um importante interlocutor de Fernando Haddad faz piada sobre a sondagem de rivais ao apresentador José Luiz Datena para que se candidate em 2016. "A gente está preocupado de o SBT liberar o Bozo."

Visitas à Folha Luiz Fernando Pezão, governador do Rio de Janeiro, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Leonardo Espíndola, secretário-chefe da Casa Civil, Julio Cesar Carmo Bueno, secretário de Fazenda, Tânia Lazzoli, coordenadora de imprensa, e Fernanda Almeida, assessora especial.


Joaquim Levy, ministro da Fazenda, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Rodrigo de Almeida, assessor de imprensa.

com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA

TIROTEIO

"Ao tomar iniciativas que favorecem seu amigo Cunha na CPI, Celso Pansera parece que, do passado, só conservou certa ousadia."

DO DEPUTADO CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), sobre o peemedebista, chamado de 'pau mandado' de Eduardo Cunha, ter militado no PSTU quando jovem.

CONTRAPONTO

Pravda

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, participava de uma entrevista no final da cúpula de centrais sindicais dos países que integram os Brics, na Rússia.

Na ocasião, um jornalista do "Pravda" quis saber sobre as manifestações de rua no Brasil contra o governo Dilma Rousseff, ao qual a Força se opõe.

–Os atos são democráticos e pressionam por mudanças –esquivou-se Torres.

–Mas o senhor considera as manifestações revolucionárias ou contra-revolucionárias? –insistiu o repórter.

Desconcertado, Torres encerrou o assunto:

–São por mudanças!

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

LULA TEME QUE ZÉ DIRCEU FAÇA ACORDO DE DELAÇÃO

Após haver abandonado José Dirceu desde os tempos do julgamento do mensalão, o ex-presidente Lula recomendou à cúpula do PT, esta semana, “dar atenção” ao “Zé”, seu ex-ministro da Casa Civil. Ele teme que Dirceu feche acordo de delação premiada para não voltar à cadeia. Até lulistas “religiosos” concordam: eventual delação de Dirceu pode levar Lula a conhecer o significado de um longo período na Papuda.

VOCAÇÃO PARA ‘MÁRTIR’

Lula e a cúpula do PT confiam que Dirceu é “guerreiro” e que, como no mensalão, pode mofar na cadeia, mas não entrega a “companheirada”.

OUTRA PRIORIDADE

Hoje a maior prioridade de José Dirceu não é a “causa”, mas preservar a liberdade de conviver com a alegria da filha, garotinha de 6 anos.

MAU SINAL

Após a Justiça negar habeas corpus preventivo para José Dirceu, acendeu a “luz vermelha” na cabeça, disse Lula a dirigentes do PT.

REBATE FALSO

Na tarde desta sexta-feira (24), houve momento de pânico, no PT, com os rumores de prisão iminente de José Dirceu. Mas era rebate falso.

ANÁLISE TÉCNICA DESTRÓI DEFESA DO GOVERNO NO TCU

A análise da área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as “pedaladas fiscais” do governo Dilma destrói a alegação de “motivação política”, difundida pelo governo, para justificar a iminente condenação da presidente Dilma e outras 17 autoridades do governo por crime previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. A área técnica do TCU é composta de servidores de carreira no tribunal, como auditores.

ILAÇÕES, NÃO

Relator do processo, o ministro Augusto Nardes anda indignado com as alegações de viés político, que em nada ajudam o governo Dilma.

PREOCUPAÇÃO ADICIONAL

O parecer de Augusto Nardes logo ficará pronto, mas o julgamento do caso só ocorrerá após as manifestações públicas de 16 de agosto.

BOMBEIROS

Os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Joaquim Levy (Fazenda) foram escalados para reverter o quadro crítico no TCU.

CAMINHANDO E CANTANDO

Relator das pedaladas fiscais do governo, o ministro Augusto Nardes dispensou o motorista no trajeto entre a residência oficial do Senado e a da Câmara. Caminhou 200m, o que os políticos quase nunca fazem.

CHANCE DE OURO

O grupo do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) quer aproveitar os estragos produzidos pela delação de Júlio Camargo para tirar de Eduardo Cunha o protagonismo político. Avalia que “a hora é agora”.

GRILO FALANTE

O ex-ministro Geddel Vieira Lima foi escalado, informalmente, como porta-voz dos peemedebistas insatisfeitos com o governo Dilma. “O grilo falante chama-se Geddel”, oficializou Osmar Terra (PMDB-RS).

DÁ NA MESMA

O PSDB da Câmara e do Senado falam línguas diferentes. Senadores, excluindo Aécio Neves (MG), defendem que o TSE decida sobre eventual cassação de Dilma. Os deputados querem o impeachment.

ME LEVA?

Carente de apoio político e com a popularidade em frangalhos, Dilma pediu ao ex-chefe Lula para levá-la à reunião com FHC. Ele topou, claro. Mas o tucano vem achando curioso o “atual interesse” do PT.

ONDE APERTA O SAPATO

Advogados que atuam na Lava Jato afirmam que Ricardo Pessoa, dono da UTC, obeso e com um joelho que praticamente não dobra, sentia dores terríveis ao se agachar no sanitário da cela, um buraco no chão. E que isso foi decisivo para concordar com o acordo de delação.

‘CASAMENTO’ ABALADO

Dilma procurou o vice-presidente Michel Temer, articulador-geral do governo, e pediu sinais de apoio. O PMDB na Câmara pressiona pela antecipação da reunião para reavaliar a aliança com o governo.

CRAVO E FERRADURA

O governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), esteve em São Paulo, dias atrás, para conversar com o ex-presidente Lula e, depois, com FHC. Socialistas querem “tarefas” e discutem seu “papel nacional”.

PERGUNTA NO AEROPORTO

Se quando Dilma viaja é “crisezinha”, quando ela volta é apocalipse?


PODER SEM PUDOR

MINISTRO DAS RELAÇÕES PÚBLICAS

Bem humorado e paciente, o então ministro José Múcio (Relações Institucionais) visitava dois ministérios diariamente, garimpando meios de atender aos pedidos dos parlamentares da base aliada, a fim de dar sossego ao então presidente Lula, garantindo a aprovação de projetos de interesse do governo. Certa vez, ao ser recebido por Marina Silva (Meio Ambiente), que pilotava um setor sempre resistente a mudanças, ele foi logo fazendo graça:

- Ministra, eu sou ministro do Bom Ambiente...

Conseguiu o que queria.