terça-feira, novembro 17, 2015

Sinais trocados - NATUZA NERY - COLUNA PAINEL

FOLHA DE SP - 17/11

Enquanto a Fazenda quer endurecer as regras da aposentadoria, parte do governo ainda tenta um acordo para incluir na Constituição o fator 85/95 como regra de acesso. Segundo cálculos do Ministério do Trabalho e Previdência, um regime intermediário atrasaria o pedido do benefício em cerca de três anos. Diante das pressões da equipe econômica por mudanças, a ideia é convencer as centrais sindicais de que é melhor aceitar uma saída flexível agora a perder tudo mais adiante.

Siga o mestre 

Auxiliares de Dilma Rousseff afirmam que o ex-presidente Lula e outros petistas graúdos defenderam no Palácio do Planalto a sanção da Lei do Direito de Resposta. Assessores relatam que, na semana passada, o ex-presidente chegou a falar com ministros indagando quando a norma seria publicada no Diário Oficial.

Divã 
Apesar do incômodo com as críticas que espera receber do PMDB no encontro da fundação do partido nesta terça-feira, o Planalto se vê sem condições de agir para impedir o distanciamento de seu principal aliado.

Claquete 
O ato é tratado no PMDB como o primeiro capítulo rumo ao rompimento, previsto para ocorrer em 2016.

Refém 
A ordem do governo é não reagir de forma enfática aos ataques, ainda mais em uma semana decisiva no Congresso, com a apreciação dos vetos e o avanço esperado para medidas do ajuste, como a repatriação e o início da tramitação da DRU.

Há vagas 
O Planalto quer ampliar a equipe que atende parlamentares na Secretaria de Governo para conseguir dar conta da demanda de reivindicações. O ministro Ricardo Berzoini busca dois ou três assessores com trânsito no Congresso para auxiliá-lo nas funções.

Vem aqui 
Presidente da CPI do BNDES, Marcos Rotta (PMDB-AM) avisou a integrantes da comissão que, caso o pedido para anular a convocação de Carlos Bumlai não prospere, pretende marcar o depoimento do amigo de Lula para a última semana de novembro.

Voto revisor 
Preocupados, petistas contam com a linha de ação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de não provocar mais atritos com o Planalto, para revisar a decisão de Rotta, caso ele de fato mantenha a convocação.

É ele 
Ao contrário do que se diz por aí, a candidatura de Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o lugar de Eduardo Cunha conta com certa simpatia no grupo de Michel Temer. O entorno do vice acredita que um pedido de impeachment patrocinado pelo atual presidente da Câmara teria dificuldade de prosperar.

Sob medida 
Nos cálculos internos, o sucessor de Cunha não pode ser tão oposicionista, para não assustar o Planalto, nem tão governista, a ponto de frear um pedido de deposição. “Precisa ter coragem de abrir o impeachment e ser ficha limpa para não desacreditar o processo”, diz um cacique.

‌Solidão 
Um ministro petista prevê que, com a popularidade presidencial em baixa, nenhum candidato a prefeito irá solicitar agenda com Dilma durante a campanha do ano que vem. “Ninguém vai chamá-la para lugar nenhum”, afirma o auxiliar resignado.

Chega de papo 
Em conversas reservadas nos últimos dias, o governador Geraldo Alckmin afirmou que está na hora de marcar as prévias para escolher o candidato do PSDB a prefeito de São Paulo.

Lição de casa 
Para amparar a pré-candidatura de José Luiz Datena à prefeitura, o PP montou uma equipe para produzir diagnósticos da cidade. Como ele já é conhecido pelo eleitorado, o partido está preocupado com o conteúdo da campanha. O primeiro raio-X, sobre a saúde paulistana, já foi entregue ao apresentador na semana passada.


TIROTEIO

Se Meirelles foi o pior presidente da história do Banco Central, então é o homem certo para a Fazenda do pior governo de nossa história.

DO DEPUTADO ROBERTO FREIRE (PPS-SP), presidente da sigla, sobre críticas de José Serra (PSDB-SP) à atuação de Henrique Meirelles à frente do Banco Central.

CONTRAPONTO

Vozes do Além

Então estudante de filosofia, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) preparava um seminário sobre René Descartes para a aula do professor Renato Janine Ribeiro, que viria a ser ministro da Educação no governo Dilma.

Teixeira e seu grupo decidiram preparar a apresentação em um bar próximo à faculdade. Um de seus colegas, porém, acabou exagerando no chope.
Na hora da apresentação, o rapaz desatou a dizer coisas que nada tinham a ver com o filósofo.

—De qual bibliografia você tirou isso?—, perguntou o professor, incrédulo.

—De livro nenhum. O Descartes falou para mim.

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