segunda-feira, dezembro 29, 2014

Abismo moral - PAULO GUEDES

O GLOBO - 29/12

A roubalheira na Petrobras é a conexão entre sua banda podre, saqueadores privados e criaturas do pântano da " velha política"


A presidente da República reafirma sua confiança na presidente da Petrobras. Dilma Rousseff acredita que Graça Foster não participou nem mesmo tinha conhecimento da bilionária roubalheira que se instalou na estatal, destruindo a credibilidade e o valor de mercado da companhia. A oposição diz que Dilma mantém Graça no cargo como sua própria linha de defesa, para que a culpa pelos colossais desvios de recursos ou mesmo pela omissão em coibi-los não transborde para o Palácio do Planalto. Afinal, como presidente do Conselho de Administração da empresa, ministra de Minas e Energia e depois presidente da República, Dilma precisaria de um dique de contenção contra o escândalo.

A empatia, a boa-fé e principalmente o acaso tornaram essa defesa de Graça por Dilma um episódio compreensível para mim. É que Almir Barbassa, diretor financeiro da Petrobras, foi meu colega da turma de mestrado em Economia. Dificilmente poderia Dilma fazer de Graça como pessoa uma melhor avaliação do que fiz de Barbassa à época. Apesar de nossa convivência de menos de dois anos e de não termos mais nos encontrado, acredito ainda em minha avaliação quanto à sua boa índole. Se não forem desonestos, Dilma Rousseff, Graça Foster e Almir Barbassa estariam desinformados e seriam, portanto, despreparados para o cumprimento de suas responsabilidades? Teriam sido enganados por uma conspiração entre a banda podre da estatal, grupos de saqueadores privados e as criaturas do pântano da "velha política"? 

"Esses fenômenos não são acidentais. Há um enorme abismo moral entre regimes estatizados e uma sociedade aberta. Agindo em nome de um grupo com nobres ideais, os mais inescrupulosos se libertam das restrições morais e chegam ao topo, pois os fins justificam os meios. Como é o líder supremo que estabelece os fins, seus instrumentos não devem exercer suas próprias convicções morais. Precisam estar, acima de tudo, incondicionalmente comprometidos com a figura do líder. Seus auxiliares devem ser literalmente capazes de tudo, sem quaisquer ideias sobre certo e errado. É o fim da verdade e a destruição da moral", registrava Friedrich von Hayek, em seu clássico "O caminho da servidão" (1944), dedicado com muita compreensão e sem ironia "aos socialistas de todos os partidos".

Fios desencapados - RENATO ANDRADE

FOLHA DE S. PAULO - 29/12


BRASÍLIA - O setor elétrico virou uma emaranhado de fios desencapados que promete muita dor de cabeça para o governo em 2015.

A manobra feita pelo Planalto para promover uma redução na conta de luz há dois anos gerou um passivo para as empresas que distribuem energia aos consumidores no país.

O governo teve que colocar muito dinheiro para evitar que o desconto virasse pó do dia para a noite. Ainda assim, a ajuda não foi suficiente.

As empresas tiveram que tomar empréstimos bilionários para continuar tocando a vida porque choveu pouco e o país teve que usar uma energia mais cara para manter as geladeiras funcionando em 2014.

A fatura dessa bagunça começa a ser paga agora. Manter os aparelhos eletrônicos ligados vai custar 8,3% mais a partir de janeiro. E essa é apenas a primeira parcela.

As distribuidoras terão que começar a pagar os empréstimos feitos. Pelas contas oficiais, isso representa mais 8% de aumento na conta de luz. O novo valor da energia produzida por Itaipu --que responde por algo próximo a 10% da eletricidade usada no Brasil-- também vai pesar na fatura a partir de janeiro.

Para complicar um pouco mais, o governo precisa repassar para essas empresas cerca de R$ 5 bilhões que foram retidos ao longo do ano e resolver quem vai bancar a conta de R$ 3 bilhões gerada pela compra de energia feita nos dois últimos meses para atender a população.

A nova equipe econômica já se comprometeu a segurar as despesas em 2015. A mão aberta do Tesouro, portanto, vai começar a fechar. Sem essa ajudinha, sobrará para o consumidor mais um papagaio.

O efeito dessa limpeza pode comprometer o trabalho do Banco Central de manter a inflação dentro dos limites fixados. A solução para o problema pode ser um aperto maior nos juros ou mais um ano de preços corroendo a capacidade de compra dos brasileiros. As duas alternativas estão longe de ser boas notícias.

Ajuste sim, CPMF não - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 29/12

As trapalhadas do governo federal na gestão das contas públicas obrigaram a presidente Dilma a forçar a aprovação pelo Congresso Nacional de uma inusitada alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A Nação distraída, como diz uma canção popular, se deu conta de que há um preço a pagar quando o governo gasta muito mais do que arrecada.

Se a economia do país está estagnada por causa de erros grosseiros da política econômica interna, agravada por quadro internacional negativo, é claro que a arrecadação de impostos e taxas também deixará de crescer. Nesse caso, o mais prudente é conter o crescimento dos gastos, pelo menos na mesma proporção da queda da receita.

Se isso não for feito, no mínimo duas consequências virão. A primeira é o aumento da dívida pública, já que o governo terá que financiar seus excessos no mercado. A segunda é o aumento da inflação, pois o gasto público também gera demanda e pressiona os preços.

São capítulos dos mais singelos manuais de economia. Mas nem por isso foram observados pelo governo brasileiro nos últimos anos, especialmente em face do recente calendário eleitoral. Uma terceira consequência, tão negativa quanto as duas primeiras, é a necessidade de um ajuste severo para estancar a hemorragia do deficit público.

Sobre isso parece haver a concordância da maioria das pessoas de bom senso. Foi por essa concordância que a escolha do economista Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda foi aplaudida. Mas, mesmo disposta a enfrentar um período de cintos apertados, a sociedade não pode dar tudo como resolvido. Não pode descansar.

Convém à cidadania ficar atenta ao que vem sendo tramado nos corredores do poder. O ajuste pode ser feito por corte de gastos ou por aumento de impostos. Ou ainda pelas duas coisas ao mesmo tempo. Gato escaldado, o contribuinte brasileiro não pode esquecer sobre quem costuma recair a pior parte.

Há um lobby se formando com o propósito de tirar proveito da boa vontade de todos para com o ajuste. E, aos poucos, a banda que toca o aumento de impostos começa a tocar mais alto. Já se tem como decidida a volta da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os preços dos combustíveis. Em 2008, ela acrescentava 28 centavos ao preço da gasolina e 7 centavos ao do diesel. Foi suspensa em 2012, para segurar a inflação. Pode render R$ 14 bilhões por ano.

Pior: para não desgastar a presidente, um grupo de governadores recém-eleitos por partidos da base governista levantou a bandeira da volta da malfadada Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF), que já mordeu 0,38% sobre o valor de todos os cheques, saques eletrônicos e transferências de valores entre contas bancárias. Arrecadava cerca de R$ 42 bilhões por ano até dezembro de 2007, quando o Senado se recusou a prorrogá-la pela enésima vez.

Ora, o brasileiro já suporta uma das maiores cargas tributárias do mundo em troca de péssimos serviços públicos de educação, saúde, segurança e infraestrutura. Atualmente, quase 36% de toda a riqueza produzida pela sociedade é consumida pela governo. Nesta altura, aumentar impostos é punir o cidadão pelos erros do governo. Mais justo é cortar gorduras, diminuir o tamanho e o custo da máquina pública, escolhendo gestores capazes de torná-la mais eficiente.

Panetones, cosméticos e a institucionalização da irresponsabilidade - JOÃO ALFREDO LOPES NYEGRAY

GAZETA DO POVO - PR

Após acaloradas discussões, o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que autoriza o governo a fechar o ano com as contas no vermelho. A mensagem de tal aprovação parece ser: responsabilidade fiscal passa longe, e a lei só deve ser respeitada quando favorável ao governo. O preço dessa votação? Cerca de R$ 444 milhões, através da mesada de R$ 748 mil de que cada parlamentar passa a dispor. Paralelamente a esse absurdo, entrava na pauta de discussões do Congresso o aumento do salário de seus membros, aprovado pouco antes do Natal. Aparentemente, os atuais R$ 26,7 mil, além das verbas indenizatórias, não são suficientes a nossos nobres representantes.

Enquanto de um lado o governo não consegue pagar suas próprias contas, do outro aumenta os próprios gastos. Por causa dessa irracionalidade financeira, volta à pauta o aumento dos impostos, ainda que já sejamos o país que mais os paga, ainda que nosso governo seja o que mais arrecada. A nova equipe econômica avalia, além do retorno da Cide (a contribuição sobre os combustíveis), o aumento do PIS/Cofins sobre produtos importados e também o aumento da tributação sobre os cosméticos. É impossível não lembrar do pensamento de Adam Smith, que nos fala que os “impostos que visem a prevenir, ou mesmo diminuir a importação são evidentemente tão destrutivos das rendas alfandegárias quanto da liberdade de comércio”.

E assim, para sustentarmos um governo que não consegue ou não sabe administrar o imenso montante que arrecada, sufocamos nossos próprios gastos. Talvez por isso o consumo das famílias tenha tido a maior queda desde 2008. Os panetones, um dos vários símbolos da época natalina, ficam mais caros ano após ano. De acordo com dados divulgados semanas atrás, o panetone brasileiro é mais barato no Japão do que aqui. Mesmo com a ida do produto ao outro lado do mundo, ainda assim é mais barato lá. Mesmo sendo, para os japoneses, um produto importado.

Há cerca de dois ou três meses, foi divulgada na mídia uma comparação entre Brasil e Azerbaijão. Por mais que o país asiático conste apenas como a 75ª economia, sua inflação é de 2,4%, a taxa de juros está em 3,5% e o PIB encerrará o ano com crescimento de 2,4%, o que fecha os últimos dez anos com crescimento acumulado de 182%, contra apenas 25% do Brasil. Se o governo já importou médicos de Cuba, que tal importar também uma nova equipe econômica do Azerbaijão?

Mais do mesmo - RICARDO BALTHAZAR

FOLHA DE S. PAULO - 29/12

Quando a presidente Dilma Rousseff anunciou Joaquim Levy como seu novo ministro da Fazenda, a escolha soou auspiciosa: encerrada a campanha eleitoral, Dilma parecia convencida da necessidade de tomar medidas duras para consertar o estrago feito na economia em seu primeiro mandato.

Os petistas resmungaram, mas logo os insatisfeitos pararam de questionar a indicação. É cedo para saber se Levy justificará tanta expectativa. O certo é que ninguém veio a público lançar dúvidas sobre o passado do novo ministro ou sua competência profissional.

Na semana passada, quando Dilma anunciou mais 13 ministros, o efeito foi outro. Soube-se que o novo ministro do Esporte, o deputado e pastor evangélico George Hilton, foi apanhado pela polícia há dez anos carregando caixas de dinheiro no aeroporto de Brasília. Indicado para a Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo foi recebido a pedradas pela comunidade científica.

Cinco novos ministros são políticos que ficaram sem emprego após as últimas eleições. Quatro foram derrotados nas urnas. Indicado para a Educação, o governador Cid Gomes passou semanas dizendo que não queria o cargo. Acomodado na Defesa, um ministério politicamente insípido, o petista Jaques Wagner se esforça para convencer a plateia de que nunca desejou outra coisa.

Os assessores de Dilma dizem que as mudanças mostram a disposição da presidente para se reaproximar do Congresso no segundo mandato, abrindo espaço no ministério para políticos influentes nas bancadas de seus partidos. Pode ser. Mas para aprovar o quê mesmo no Congresso? Ninguém tem a menor ideia.

Em outubro, após a confirmação de sua vitória nas eleições, Dilma disse que a reforma do sistema político brasileiro seria uma de suas prioridades. Com a chegada do pastor Hilton ao time, talvez tenha chegado a hora de a presidente esclarecer o que queria dizer com isso.

Ja vi esse filme. No fim, o bandido ganha - RICARDO NOBLAT

O GLOBO - 29/12

A campanha da presidente Dilma, ela mesma, Lula e boa parte do PT debocharam do que disse a candidata Marina Silva (PSB) sobre como montaria seu governo caso se elegesse.

Marina afirmou que simplesmente governaria com os melhores elementos de cada partido sem discriminar nenhum partido.

É uma boba, garantiram alguns. Uma sonhadora, acusaram outros. Governar com os melhores é impossível, apenas isso.

Ou Marina dominava uma receita que só ela conhecia ou então se pautaria pelo bom senso. E o bom senso lhe aconselhava a procurar gente decente, comprometida com a ética e talentosa para ocupar cargos do primeiro e do segundo escalão da República.

E se essa gente fosse incapaz de lhe garantir a maioria dos votos no Congresso? E se por causa disso o governo capengasse?

Marina confiava que não passaria sufoco porque, em primeiro lugar, governaria apenas por quatro anos. Descartara a reeleição.

O que a seu ver seria o bastante para apaziguar os ânimos no Congresso e refrear as ambições, por suposto.

Segundo porque governaria com transparência, prestando contas aos eleitores de todos os seus passos e discutindo com eles suas dificuldades.

Fernando Collor se elegeu presidente em 1989 sem maioria no Congresso. Quis cooptar o PSDB e não conseguiu.

Chamou de “único tiro” contra a inflação o plano econômico que garfou a poupança dos brasileiros.

Por mais estúpido que tenha sido o plano, o Congresso não se negou a aprová-lo. Caso desse certo, o Congresso ficaria bem na foto. Se desse errado, o presidente é que ficaria mal.

Não foi por falta de apoio do Congresso que Collor acabou deposto. Foi por falta de apoio popular.

O Congresso é sensível ao sentimento das ruas. E todo presidente, a princípio, se beneficia de um período de lua de mel com a opinião pública.

Até que o período se esgote, ele pode se comportar com um grau de liberdade que mais tarde se estreitará. A não ser que o sucesso bata à sua porta.

Ninguém mais do que Lula reuniu condições para governar sem ser obrigado a fazer concessões que por fim o apequenassem, e ao seu partido.

Foi o primeiro nordestino ex-pau de arara, ex-líder sindical, ex-preso político a subir a rampa do Palácio do Planalto.

Ocupou o principal gabinete do terceiro andar com crédito para gastar por muito tempo. Encrencou-se porque piscou primeiro.

Sob pressão para lotear o governo como seus antecessores haviam feito por hábito ou necessidade, Lula subestimou o apoio das ruas.

Preferiu apostar no apoio do Congresso. Logo ele, que no final dos anos 80 do século passado, enxergara ali pelo menos 300 picaretas.

Foi atrás dos picaretas. Beijou a cruz – e de quebra a mão de Jáder Barbalho. O mensalão quase o derrubou.

Dilma atravessou a metade do seu primeiro governo resistindo à ideia de ceder ao “pragmatismo político”.

Em conversa, certo dia, com um amigo, ouviu dele: “Tirando três ou quatro, só tem desonesto no Congresso”. Ela respondeu: “E eu não sei?”

Para se reeleger, cedeu ao apetite dos desonestos. Beijou a cruz. E de quebra a mão de Helder Barbalho, filho de Jáder, seu futuro ministro da Pesca.

Foi medíocre o primeiro ministério de Dilma O governo que resultou disso foi naturalmente medíocre.

Pois bem: ela está perto de cometer o prodígio de montar outro ministério igual ou talvez pior.

O que a diferenciava dos políticos a quem tanto desprezava é, hoje, o que a torna cada vez mais parecida com eles.

Feliz Ano Novo para todos!

Ninguém me tira - VERA MAGALHÃES

FOLHA DE SP - 29/12

A disputa entre PT e PDT pelo Ministério do Trabalho deve obrigar o Palácio do Planalto a adiar mais uma vez a conclusão da reforma ministerial, que Dilma Rousseff previa para hoje. Em conversas com articuladores políticos do governo, dirigentes pedetistas se recusaram a abrir mão da vaga. O impasse travou a definição do espaço do PT na Esplanada, uma vez que a pasta era considerada uma peça-chave para compensar a retirada do Ministério da Educação da cota petista.


Rede furada 

Dilma decidiu que o Ministério do Trabalho terá uma atribuição a menos a partir de 2015: a fiscalização do seguro defeso, benefício pago a pescadores em época de pesca proibida ou baixa temporada.

Arrastão 
O monitoramento passará a ser feito pelo INSS, vinculado à Previdência Social. O governo quer implantar um sistema de fiscalização pesada para acabar com fraudes no pagamento.

Motim 
A insatisfação do PT com a reforma ministerial cresceu tanto que dirigentes da sigla ensaiam uma reação mais clara à escolha de Pepe Vargas para a Secretaria de Relações Institucionais.

Fritura 
Deputados da corrente petista Construindo um Novo Brasil, majoritária no partido, dizem que Vargas, da tendência Democracia Socialista, "não tem capacidade de articulação política" e que sua indicação vai rachar a bancada do PT na Câmara.

Tudo... 
Também insatisfeita com o novo desenho do governo, a cúpula do PMDB vai exigir de Dilma a verticalização de suas seis pastas.

... dominado 
Sob o Ministério do Turismo, peemedebistas querem comandar a Embratur, hoje controlada pelo PC do B. Também pedirão a Conab, vinculada ao Ministério da Agricultura.

Última chamada 
Com a indefinição do anúncio de novos ministros, alguns candidatos à Esplanada compraram passagens para voar a Brasília na manhã de hoje. Querem estar a postos caso sejam convocados.

Bolsa cimento 
O PSD começou a usar a indicação de Gilberto Kassab para o Ministério das Cidades para atrair deputados de outros partidos para a nova sigla do ex-prefeito, o PL. O argumento é que a pasta dará mais força política aos aliados de Kassab.

Recado dado 
Emissários do governo procuraram o Ministério Público Federal há cerca de um mês para manifestar sua preocupação com o impacto das denúncias contra empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato. O cenário apresentado foi de consequências catastróficas para a economia do país.

Sem recibo 
Procuradores reagiram com ressalvas. "É inegável que haverá um impacto econômico, mas não se pode criar uma imunidade jurídica por esse motivo", diz um membro do MPF.

Mais que restrito 
Apenas três integrantes da cúpula da Procuradoria-Geral da República tiveram acesso à lista de políticos citados tanto por Paulo Roberto Costa quanto por Alberto Youssef. Um dos leitores foi o procurador-geral, Rodrigo Janot.

Na conta 
Responsável pela repatriação do dinheiro desviado pelo esquema na Petrobras, a Secretaria Nacional de Justiça começará 2015 sem titular. José Eduardo Cardozo (Justiça) quer escolher a dedo o substituto de Paulo Abrão, que deixou o cargo.

Na fila 
Também está na lista de prioridades do ministro a indicação da nova cúpula da Funai.

Natal do pibinho 
Em ano de crise econômica, deputados e senadores lamentam que seus colegas tenham economizado nos presentes que costumam distribuir no Congresso em dezembro. As garrafas de champanhe Veuve Clicquot sumiram dos gabinetes, que até agora só receberam "lembrancinhas".com BRUNO BOGHOSSIAN, PAULO GAMA e ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER


TIROTEIO

"Promovido para a Esplanada, Jaques Wagner deixou duas marcas na Bahia: a maior greve da PM e o aumento da violência em Salvador."

DO DEPUTADO VANDERLEI MACRIS (PSDB-SP), sobre a escolha do governador baiano, Jaques Wagner (PT), para o Ministério da Defesa de Dilma Rousseff.


CONTRAPONTO

Fora da área de cobertura

O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, participou de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado no dia 11 de dezembro para apresentar informações sobre o relatório final do trabalho do grupo, que havia sido entregue na véspera ao Palácio do Planalto. Depois de detalhar os resultados no Congresso, o advogado pediu desculpas por ter que deixar a reunião antes do fim:

--Vocês não sabem o que é coordenar um órgão público que vai ser extinto. Em cinco dias você tem que devolver tudo, até o celular. Eu praticamente deixo de existir no mundo! --brincou Dallari.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

MINISTROS DE DILMA RECEBEM ATÉ R$ 62 MIL POR MÊS

Oficialmente, ministros do governo Dilma recebem salários “comuns” de R$ 26,7 mil por ocuparem cargos na Esplanada. Mas um terço dos 39 ministros ganham “jetons”, bônus salariais, por integrarem conselho de empresas estatais e outros órgãos do governo federal. O Conselho de Administração da Petrobras, por exemplo, rende R$ 10 mil por mês. “Jetons” são pagos nos Correios, Finep, BNDES, Itaipu, Sesc, BB etc.

É CAMPEÃO
O ministro Mauro Borges (MDIC) ganha R$ 21,6 mil líquidos e mais R$ 40 mil com “jetons” do Conselho do BNDES e do BNDESPar: R$ 62 mil

VICE CAMPEÃ
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, tem recebido em torno de R$ 46,8 mil com salário mais jetons da Petrobras e da BR distribuidora.

FECHANDO O PÓDIO
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) vem logo atrás com R$ 42 mil incluindo o “honorário” de R$ 20.904,99 que recebe do BNDES.

PRATA DA CASA
O jeton é uma remuneração por representar a União em Conselhos de Administração ou Fiscal de empresas controladas… pela União.

DILMA PODE REPETIR ATO NAPOLEÔNICO NA REPOSSE
A presidenta Dilma cogita encampar ideia, que ganha força no Palácio do Planalto, de colocar a faixa presidencial em si mesma durante a posse do seu segundo mandato. Por sugestão do cerimonial, Dilma subiria a rampa e se auto-imputaria a faixa, considerada símbolo da passagem de poder, assim como fez Napoleão Bonaparte ao tirar o diadema das mãos do papa Pio VII e coroar-se a si mesmo, em 1804.

FALTA PROTOCOLO
O cerimonial da Presidência da República não tem protocolo para o recebimento da faixa presidencial, em caso de reeleição.

PRECIOSA
O ex-presidente Lula preferiu aparecer já com a faixa presidencial, com a qual subiu a rampa para o pronunciamento na posse da reeleição.

RECORDAR É VIVER
Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso optou por receber a faixa do chefe de cerimonial em 1998, após sua reeleição no cargo.

SAMBA DO DEPUTADO DOIDO
Ninguém sabe o que será das cassações de Luiz Argôlo (SD-BA) e Jair Bolsonaro (PP-RJ) em 2015. Apesar de o regimento interno da Câmara prever o arquivamento de processos, o Conselho de Ética questionou a mesa diretora. No entanto o recesso chegou antes da resposta.

PRESTÍGIO DE VOLTA
Em 2010, o futuro ministro da Aviação Civil Eliseu Padilha não gozava de tanto prestígio quanto hoje junto ao seu partido, o PMDB. O partido doou apenas R$ 142,52 para a campanha do agora deputado eleito.

SEM PRESTÍGIO
Desde que assumiu o Itamaraty em agosto de 2013, o chanceler Luiz Figueiredo não se reuniu uma vez sequer com a ex-chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann. Com Dilma, só teve dois encontros durante todo 2014.

HABEMUS QUÓRUM
Cotado para disputar a Presidência da Câmara dos Deputados em 2015, Arlindo Chinaglia (PT-SP) quer aproveitar a cerimônia de posse da presidenta Dilma para reunir deputados do PT em Brasília, na sexta-feira (2). Resta saber se haverá quórum.

SEIS POR MEIA DÚZIA
A bancada do PDT reagiu com mau humor à proposta do Planalto de trocar o “fraco” Ministério do Trabalho pelo “abacaxi” da Previdência. O deputado André Figueiredo (CE) resiste em assumir ambos os cargos.

CONCORRÊNCIA
O PMDB está com a pulga atrás da orelha diante da força de Cid Gomes (PROS-CE) e Gilberto Kassab (PSD-SP) no governo Dilma II. Indicados para cargos importantes, eles ameaçam enfrentar o PMDB.

COTADO
O PT-SP tem defendido o nome do sociólogo Juca Ferreira para o Ministério da Cultura no governo de Dilma II. A indicação de Juca fará frente à senadora Marta Suplicy, que saiu do governo atirando.

JÁ PRA FORA!
O Ministério da Fazenda não comenta episódio vexatório que o ministro Guido Mantega teria vivido no bar Astor, em São Paulo. O pré-demitido ministro da Fazenda teria sido hostilizado, xingado e vaiado no sábado (20), até se retirar do bar. No Ministério, ninguém sabe, ninguém viu.

PENSANDO BEM…
…a lancha que a Dilma usou com a família no litoral da Bahia é batizada de “Amazônia Azul”. Correligionários prefeririam “Amazônia Vermelha”.