sexta-feira, outubro 17, 2014

Viva o erro! - RENATO FERRAZ

CORREIO BRAZILIENSE - 17/10
Aqui, no comecinho do Sudoeste, um posto de gasolina não aceita mais que os fiéis clientes encham os pneus dos carros depois das 22h. Os vizinhos de uma quadra comercial ilegalmente transformada em mista (com mais apartamentos do que lojas, claro) não "aguentam" mais o pipipipi do compressor e ameaçam processar os donos. No fim da quadra 300, uma loja está aberta, com uma plaquinha de aluga-se, há meses. Por que ninguém fechou negócio, apesar da excelente localização? As regras do condomínio não permitem que lá seja instalado um bar, um restaurante ou qualquer empreendimento que possa causar "transtornos" aos moradores. E o prédio, daqueles pequenos, de três andares, tinha como destinação original o comércio.

Onde moro, o uso da cobertura coletiva para receber amigos praticamente foi descartado: a família do morador do andar abaixo teve um filhinho no início do ano - e, obviamente, ninguém "quer" contestar um pai e uma mãe com criança de colo, né? Vejam: aqui não tem nada pessoal, até porque sou mais tranquilo do que nordestino tomando água de coco na praia. Estou apenas levantando esse tema para debater um pouco o fenômeno da convivência em grupo, da falta de tolerância, do isolacionismo em quatro paredes, da patrulha.

Os fumantes, por exemplo, parecem estar com o vírus ebola - ninguém fica por perto. Por falar no vírus que assusta o mundo, o nome dele é a expressão mais citada nas redes sociais - e, na maioria das vezes, associada a "negros" e "pretos". Um amigo mineiro adora churrasco e diz para todo mundo que vegetariano é uma besta quadrada. Se o sujeito é evangélico, logo perguntam: "Da igreja do Malafaia?". Se alguém bebe, aparece uma figura para questionar: "E as blitze? E teu fígado? Você não tem medo de morrer mais cedo?". Se fazem isso com certo amigo meu, ele devolve, na lata: "Ô abstêmio babaca... E tua vida em preto e branco, como está?". Ninguém pode discordar, brincar, soltar uma piada mais infame que é isolado - menos comigo, claro, que sou pernambucano.

O ator Mário Bortolotto disse, recentemente, que pessoas sempre certas costumam ser muito chatas. Portanto, viva o erro, viva a constante possibilidade do erro. De fato, Deus nos criaria bem mais perfeitos se quisesse algo diferente.

O rebate e o eleitor - MARIA CRISTINA FERNANDES

VALOR ECONÔMICO - 17/10

As revelações da Lava-Jato moldarão o governo a ser eleito



Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef são réus confessos que se comprometeram a contar o que sabem à justiça para diminuir suas penas. Se mentirem ou imputarem culpa a inocentes, terão penas agravadas.

As revelações dos alcaguetes moldarão em grande parte o governo a ser eleito. Se for o de Aécio Neves, servirá de parceria para o ajuste. Para "tirar o país do buraco" o presidente terá que tomar medidas duras mas, em contrapartida, terá cabeças a exibir em espetáculo de praça pública. Choverão aliados em busca de proteção.

Se for o de Dilma Rousseff o escândalo poderá ter consequências importantes para o previsível embate entre a reeleita e o antecessor. Em pé de guerra com a presidente, o mercado confia numa maior ascendência de Luiz Inácio Lula da Silva para conter os ímpetos da sucessora em eventual segundo mandato. O ex-presidente só estará apto a este papel se os alcaguetes não o puserem nas cordas.

Se reeleita por um país dividido, Dilma pode usar o caso para reeditar a estreia de seu primeiro mandato em que alcançou popularidade recorde faxinando o governo. Como parece cada vez mais segura de que se ganhar é menos devedora do partido e do padrinho, pode sobrar poeira e faltar tapete.

Nas seis horas do interrogatório Lula só aparece uma única vez, pela voz Alberto Youssef. O relato de quem parecia estar do outro lado do cabo de guerra descreve um ex-presidente indignado com a pauta trancada na Câmara como pressão pela nomeação de Paulo Roberto Costa.

Houve quem enxergasse um recado a Lula no figurino mimetizado com o qual o ex-diretor apareceu em público. Costa não o menciona diretamente mas lhe faz uma referência que minimiza danos ao contar que do dia em que entrou na Petrobras em 1977, até tornar-se diretor 27 anos depois, sempre soube que as diretorias, em todos os governos, eram ocupadas por indicação política. Na segunda gestão Lula, diz, as diretorias passaram a ter orçamentos mais polpuldos, antes restritos à de exploração, aquela que Severino Cavalcanti chamava de fura-poço.

A Petrobras liderou os investimentos que alavancaram o PIB e a eleição de Dilma em 2010. A presidente é filha da fartura que fez a felicidade das grandes empreiteiras. Em seu mandato abespinhou-se com muitas delas enquanto o ex-presidente continuou a viajar para promover os negócios dessas companhias, muitas vezes nos jatos destas, na América Latina e na África.

Num encontro recente, o ex-presidente de uma das empresas agora acossadas pela Lava-Jato, citou o estreitamento das relações nesses continentes como um dos motivos que mais o aproximava das gestões petistas.

Entre os três candidatos do PT aos governos estaduais aos quais Lula mais se dedicou nessas eleições dois tiveram seus nomes tangenciados pela Lava Jato e um terceiro foi diretor da Petrobras.

O interrogatório conduzido pelo juiz Sérgio Moro é o único capítulo público deste processo. As páginas com maiores implicações políticas do que falaram têm sua íntegra resguardada pelo ministro Teori Zavascki, juiz que só se manifesta pelos autos. Só virá à luz em 2015, junto com os cortes do orçamento.

As seis horas do interrogatório colocadas na internet, no entanto, não servem apenas como aperitivo do próximo governo. São relatos de grande utilidade para o eleitor sobre os arranjos entre corporações que os petistas um dia chamaram de campeões nacionais. Nas contas de um grande conhecedor do processo com franco acesso aos envolvidos, a tese do domínio do fato, consagrada no mensalão, ameaça colocar atrás das grades pelo menos 20 dirigentes empresariais.

Nos relatos dos dois réus as companhias brasileiras ainda aparecem como um parque de diversões para prêmio Nobel de Economia, Jean Tirole.

A real academia sueca assim resumiu seu trabalho: "Muitos setores industriais são dominados por um pequeno número de grandes empresas ou por um monopólio. Sem regulação, esses mercados produzem resultados sociais indesejáveis".

No relato que deliciaria Tirole, um punhado de empresas se reúne para dividir as maiores obras do país e fixar o preço. Uma das siglas que mais se ouve nos depoimentos é BDI, que resume os benefícios e despesas indiretas de uma obra. Nela estão incluídos desde o lucro da empresa até despesas com advogados, consultores e contas de energia. É no meio dessas três letras que se esconde a propinagem.

Como operador do esquema, Youssef fazia os pagamentos, que diz terem sido sempre em espécie. "Mandava para Brasília o que era de Brasília e para o Rio o que era de Paulo Roberto", contou. O restante distribuía em seu escritório em São Paulo, frequentado pelo vice-presidente estatutário de uma das maiores construtoras do país.

O executivo recebia uma comissão pelas compras da empresa. Ao ouvir a história o procurador pediu que Youssef a detalhasse. A construtora tinha feito uma compra de R$ 150 milhões a uma fornecedora de tubos e conexões e o executivo da empresa compradora foi comissionado por esta compra.

As comissões são praxe na remuneração dos departamentos de venda das empresas. Para o comprador, conseguir o melhor preço é o que lhe garante o emprego. "Ele lesava a empresa?", insiste o procurador. O doleiro responde como quem não parece acreditar que seu interrogador desconheça: é assim que as coisas funcionam. Na praça, é conhecido por rebate.

Parece claro que se uma empresa formou um cartel para fixar o preço de uma obra pública e nele embute o custo de propina, o erário, além da empresa, também é lesado. Mas se a transação for estritamente privada não há dano no comissionamento de compradores? 

Há médicos, arquitetos, gestores e jornalistas cujas relações com laboratórios farmacêuticos, lojas de decoração, fundos de investimento e assessorias de imprensa levam em consideração outros interesses que não os dos pacientes, clientes, investidores e leitores. De pouco adianta mudar o governante se as regras da vida privada continuarem a ser praticadas como se não fossem lesivas à coletividade.

Uma criança que recebe R$ 50 para comprar uma bola, descobre uma liquidação, paga R$ 40 e embolsa o troco, é saudada em algumas famílias como um adulto que vai longe. Seus pais poderão ir às urnas no dia 26 movidos por muitos interesses legítimos, só não vale dizer que votam por mudanças.

Cenário enigmático - DORA KRAMER

O ESTADÃO - 17/10


Os especialistas em análises de pesquisas dizem o óbvio sobre o empate entre a presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves registrado pelos institutos Ibope e Datafolha: significa que a disputa é acirrada e o resultado, imprevisível.

Até aí não precisa ser do ramo para chegar a essa conclusão. O que foge ao alcance da vista, contudo, é a razão pela qual há tanta exatidão nos números apresentados. Pode ser que aqui a memória me falhe, mas não tenho notícia de eleição em que a segunda pesquisa do segundo turno repita com tal precisão o resultado da primeira consulta, havendo ainda coincidência estrita entre os índices dos dois principais institutos.

Isso levando em conta a diferença de metodologias*, dos dias das entrevistas de campo – Ibope entre 12 e 14 de outubro e Datafolha, 14 e 15 de outubro –, as variações regionais e entre faixas de renda ocorridas nos eleitorados dos candidatos. Dilma melhorou entre os eleitores que ganham mais de dez salários mínimos, caiu muito no Sul do país, perdeu alguns pontos no Norte e manteve larga vantagem no Nordeste. Aécio perdeu pontos em todas as faixas de renda. Subiu no Sul, Centro-Oeste e Norte, mas caiu um pouco no Sudeste.

Ainda assim, os dois cravaram exatos 49% e 51% dos votos válidos nos dois institutos. Os mesmos índices captados uma semana antes. Quem terá parado? O eleitor não foi, como se vê pela movimentação registrada nas entrelinhas das pesquisas. Fato é que o cenário da soma total se revelou cristalizado numa espécie de conta de soma zero, ainda sem uma explicação factível.

Os sete dias transcorridos entre uma consulta e outra não foram sete dias quaisquer. Nesse período recomeçou a propaganda eleitoral, os partidos que ficaram de fora definiram seus apoios, Marina Silva anunciou voto em Aécio, os depoimentos sobre a máfia da Petrobras começaram a ser divulgados. A família de Eduardo Campos aderiu à campanha do PSDB e os finalistas se enfrentaram em um debate cujo efeito pôde ser captado pelo Datafolha.

Pela lógica, o cenário deveria ter apresentado alguma alteração. Partindo do princípio de que os acontecimentos da largada da campanha do segundo turno foram favoráveis à oposição, imaginava-se – até mesmo entre os governistas – que o tucano apareceria agora com vantagem expressiva.

Caso retratem de fato a realidade, esses dois pontos de Aécio à frente da presidente não podem ser vistos como dianteira nem empate “técnico”; os índices representam, isto sim, um empate real que dispensa adjetivação. Ou, por outra, talvez os números até estejam indicando uma nova mudança em favor do governo.

É uma hipótese, pois se com tantos fatores desfavoráveis a presidente ainda conseguiu manter-se em condição de empate, reduzir um pouco a rejeição e melhorar a avaliação de governo, é de se considerar essa possibilidade.

Aliás, a imobilidade presente chama atenção justamente porque a volatilidade foi a marca dessa campanha desde o mês de agosto. Daí a estranheza com esse quadro de congelamento da cena dez dias antes da decisão final. Hoje é absolutamente impossível dizer quais serão os fatores decisivos para a vitória de um ou de outro. Denúncias? Desconstruções? Comparações? Armações? Manipulações?

Todos esses caminhos já foram testados e até agora nenhum deles teve o efeito de uma bala de prata capaz de derrubar o adversário. A não ser que Dilma ou Aécio disponham de alguma arma secreta ou o inesperado resolva fazer uma nova surpresa, a única certeza é que o placar continuará em aberto até o desligamento das urnas eletrônicas.

E para quem acredita em resultados de véspera, fica aqui um dado importante registrado pelo Datafolha: 15% dos eleitores só decidiram seu voto no último dia, 9% deles na boca da urna.

Ovos, galinhas e ladrões - NELSON MOTTA

O GLOBO - 17/10

Quem chegou antes: empresários achacados por agentes públicos sob ameaças de grandes prejuízos ou os que subornaram para assaltar o Estado?



Com a explosão do escândalo da Petrobras e os depoimentos dos delatores premiados, tudo indica que, como nunca na História deste país, não veremos só políticos e banqueiros, mas os mais poderosos empreiteiros do Brasil, no banco dos réus, e talvez na cadeia. E o desmoronamento de uma organização criminosa formada por um cartel de empreiteiras numa ponta e partidos políticos na outra, com montanhas de dinheiro público no meio. Uma tsunami que provocará uma inevitável reforma política e eleitoral.

A extorsão e o suborno são o ovo e a galinha da corrupção brasileira. Quem chegou primeiro: os empresários achacados por agentes públicos sob ameaças de grandes prejuízos ou os que subornaram políticos e funcionários para assaltar o Estado? Além de eventuais prisões ou multas, se essas dez empreiteiras do cartel forem excluídas de concorrências públicas, que é o minimo que se pode esperar, o país vai parar. A coisa está feia para eles, mas principalmente para nós, que vamos pagar a conta que já estávamos pagando sem saber. O governo não sabia de nada.

Parece tema de um seriado. As diretorias da Petrobras eram ocupadas por partidos políticos como as quadrilhas de mafiosos ocupam territórios, para arrecadar dinheiro e se manterem no poder. Um cartel de empreiteiras dividia obras, fraudava concorrências, inflava orçamentos e pagava comissões aos partidos e a seus operadores. O doleiro Youssef era o banco central da engrenagem, fazendo o meio de campo entre a quadrilha e o cartel, distribuindo e lavando o dinheiro das comissões sujas. É tudo claro como lama. Mas quem eram os chefões ?

E pior: se fizeram isso na Petrobras, na maior empresa, a mais fiscalizada, o que não terão feito, estão fazendo, nos Correios, na Eletrobras e em estatais menores?

Como na explosão de uma bomba atômica, não se sabe ainda quantos morrerão no primeiro choque, quantos serão vítimas das radiações e quantos sofrerão terríveis mutações. A Lava-Jato será como um jato de lava vulcânica radioativa para lavar a alma de oposicionistas e governistas de bem, que querem um país mais limpo e produtivo.

A desmoralização vinda da corrupção - ALOÍSIO DE TOLEDO CÉSAR

O ESTADO DE S.PAULO - 17/10


É profundamente desanimador comprovar pelas rádios, pelas televisões e pelos jornais que a nossa democracia, conquistada após tanto sofrimento, vem sendo conspurcada, violentada, humilhada por um grupo de pessoas que chegou ao poder e age de forma absolutamente imoral, como se pretendesse destruir nossos valores e abalar nossas instituições. Isso não se dá por incompetência e inabilidade dos administradores públicos, mas por ação consciente e programada do partido político que defende o crescimento do Estado, nas mãos dele, o que certamente resultaria no estrangulamento da iniciativa privada e da imprensa, como vemos ocorrer na Venezuela, na Argentina e no Equador.

Se incompetência e inabilidade constituíssem crime, a penitenciária de Papuda estaria bem mais cheia e José Dirceu e outros do mensalão teriam de dividir espaço com os iguais da Petrobrás. Mas furto de dinheiro público e corrupção, ativa e passiva, são crimes, de tal forma que é só uma questão de tempo: essa turminha sem escrúpulos vai viver o mesmo tormento e ter o mesmo destino dos iguais que fizeram o mensalão.

A sociedade brasileira, e cada um de nós, tem o direito de acompanhar a punição desses delitos, que devem ser investigados em profundidade, doa a quem doer. A loucura incontida de avançar sobre dinheiro público é traço marcante do grupo que conquistou o poder 12 anos atrás. Sob a alegação hipócrita de ser necessário implantar um projeto nacional em favor dos mais pobres, a ação de seus integrantes passou a ter como alvo principal os órgãos e empresas estatais onde rola muito dinheiro.

Se tivessem sido indicadas pessoas competentes e honestas para esses cargos, certamente não seria possível cobrar as comissões das empreiteiras e enriquecer o grupo. Essa foi a razão de terem sido nomeadas pessoas da pior espécie, essas que hoje ocupam as páginas políticas, quando, em verdade, deveriam estar nas páginas policiais, porque se tornou notória a ocorrência dos crimes praticados.

Nossas leis punem tais crimes, mas, em razão da necessidade do devido processo legal, do contraditório e de ampla defesa, esses péssimos brasileiros talvez consigam empurrar o desfecho de decisão condenadora por alguns anos.

Depoimentos feitos perante juiz federal demonstraram que o detido ex-diretor da Petrobrás concordou em devolver milhões de dólares que escondia no exterior. Por essa conduta se torna fácil imaginar como devem estar recheados os bolsos dos demais que receberam a propina. O volume de beneficiados pela farra naquela estatal é muito maior e envolve, como tantas vezes divulgado, elementos da cúpula do Partido dos Trabalhadores.

O assunto é grave e não pode ser esquecido. Se não se concretizar a necessária punição, prevista em lei, restará a ideia da impunidade e do prevalecimento da esperteza.

O incrível é que, entre tantos beneficiados, somente dois estejam na cadeia. É também incrível que as empresas contratadas pela Petrobrás, aquelas que pagaram os porcentuais destinados aos partidos políticos, continuem imunes e na cômoda posição de simplesmente alegar nada terem feito de errado. Seria o caso de pôr em dúvida o requisito da moralidade, necessário para quem se dispõe a realizar obras públicas, e bloquear o seu acesso a novas contratações.

Essas mesmas empresas a toda hora são acusadas do crime de corrupção, circunstância que torna duvidosa a alegação que fazem de inocência. Serão mentirosos os depoimentos tomados pelo juiz federal que interrogou os dois presos? Será tudo invenção dos opositores políticos, esses que "tentam dar um golpe", conforme acusa a presidente Dilma Rousseff?

Essa senhora, prisioneira da notória impossibilidade de bem governar, a toda hora admite que houve, sim, a assustadora presença do avanço criminoso no dinheiro público. Sim, ela repete o tempo todo que nunca ninguém, como ela, combateu tanto a corrupção no País. Pretende com isso um benefício eleitoral. Mas a cada dia se torna mais claro que esse combate, se existe, alcança fatos havidos em seu governo, debaixo de seu nariz, conforme já havia ocorrido anteriormente com o presidente Lula (aquele que no caso do mensalão não viu nada, não sabia de nada).

Se de fato a candidata pretendesse acabar com a corrupção, o primeiro passo seria afastar-se das ratazanas políticas da pior qualidade que indicaram os afilhados para as estatais e os órgãos públicos. Essa gente circula no seu gabinete desde os tempos de seu antecessor e conselheiro, Lula. Sua presença na barra da saia da presidente leva à inferência de que ela participou conscientemente dos ajustes e age com hipocrisia quando afirma estar combatendo a corrupção.

Sempre é bom lembrar que são aliados de Dilma e estão ao seu lado pessoas de conduta conhecida, como José Sarney, sua filha Roseana Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor de Mello e muitos outros que certamente não irão para o céu. O próprio Paulo Maluf, tão combatido e desmoralizado, é hoje aliado de Dilma e a defende no horário eleitoral, pedindo votos para ela (pudera, recebeu a visita de Lula em sua casa...!).

No lugar de José Sarney, que alegou estar aposentado, ficou outro de igual calibre: Renan Calheiros, de biografia já conhecida. Sempre são ouvidas referências à sua conduta, tão conhecida, que desaconselharia sua presença no Senado, ainda mais como presidente. Sucede que ele cumpre, obedientemente, tudo o que lhe ordena o Palácio do Planalto - e, em contrapartida, nomeia quem ele quer para os cargos em que corre mais dinheiro.

É a velha oração de São Francisco de Assis - é dando que se recebe - atuando exatamente ao contrário do que pretendia o santo, no seu linguajar tão puro.

Abaixo da cintura - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 17/10
Campanha chega ao nível mais baixo com insinuações de Dilma. Quando a presidente Dilma disse que para vencer uma eleição "faz-se o diabo", estava antecipando a falta de limites éticos que sua campanha vem demonstrando. Ontem, chegamos ao ponto máximo até agora, com a presidente da República insinuando que seu oponente é bêbado ou drogado, num golpe baixo que até mesmo no MMA é proibido.

O candidato Aécio Neves teve a única reação possível, disse que se arrependia de ter se recusado a soprar o bafômetro, e elogiou a Lei Seca. Uma tentativa de contenção dos danos por um deslize que um homem público sabe que pode ter consequências. Essa era uma carta previsível, diante do festival de baixarias que vem dominando esta campanha, e já fora jogada na véspera quando o ex-presidente Lula, num palanque onde estava cercado dos Barbalho - ele tem uma dívida qualquer com o chefe do clã, Jader, cuja mão beijou em outras campanhas -, disse que uma pessoa que se recusa a soprar o bafômetro não pode ser presidente da República.

Logo Lula, que já foi acusado por uma reportagem do "New York Times" de ser um presidente bêbado, ocasião em que foi defendido por diversos políticos, e recebeu a solidariedade generalizada. Escrevi na ocasião que não havia nenhuma indicação de que o hábito de beber impedisse o presidente de governar, o que tornava leviana a reportagem cheia de insinuações.

Mesmo sem entrar no mérito de quem tem mais razão ou culpa no cartório, é espantoso que um político que já foi vítima das piores atrocidades, como a que o hoje seu aliado Fernando Collor de Mello fez na campanha de 1989, possa se utilizar de métodos semelhantes na ânsia de derrotar seu adversário.

Collor colocou no ar a mãe de Lurian, filha de Lula, para acusá-lo de tê-la obrigado a fazer aborto, uma baixaria que entrou para a História política negativa brasileira. O estrago foi grande na ocasião e desestabilizou Lula para o resto da campanha. O candidato Aécio Neves aparentemente reagiu ao ataque baixo com tranquilidade, lembrando que Dilma usava os mesmos métodos que Collor utilizara contra a família de Lula.

O contra- ataque sobre o nepotismo, apontando que Igor Rousseff, irmão da presidente, era funcionário fantasma na gestão de Fernando Pimentel na prefeitura de Belo Horizonte, num caso típico de nepotismo cruzado, foi feito pedindo desculpas por baixar o nível, querendo ressaltar que Dilma procurara atingir sua família.

Uma manobra diversionista para marcar no eleitor a ideia de que ele queria discutir programas de governo, mas Dilma levava a discussão para o embate pessoal. Aécio ressaltou isso várias vezes no debate. Explicando que sua irmã Andrea trabalhou no governo de Minas como voluntária não assalariada - no papel que poderia ser exercido pela primeira- dama, que não havia, pois era solteiro na ocasião -, neutralizou um dos principais ataques de Dilma.

É claro a esta altura que a campanha, que tem tido um nível muito baixo, com acusações mútuas, não mudará de tom até as urnas em 26 de outubro. Os dois candidatos se encontram em empate técnico, e o PT demonstra, por gestos e atitudes, que não pretende abrir mão de seu projeto maior de poder assim facilmente. A seu desfavor, uma crise econômica que só faz se agravar, uma crise política que apenas começou, e que terá desdobramentos institucionais seríssimos nos primeiros anos do futuro governo, e um governo precário, com resultados econômicos pífios.

Dilma agarra-se à única tábua de salvação, que é o nível baixo de desemprego, que desaparecerá brevemente com a continuidade da crise econômica. Se conseguir se reeleger em outubro, estará deixando para si uma herança maldita que fará com que os seus eleitores se decepcionem rapidamente com o voto que deram.

Qualquer dos dois que se eleja, porém, terá que enfrentar uma crise econômica e política com um país literalmente dividido, especialmente depois de uma campanha devastadora como esta. Tarefa para quem tem capacidade de negociação e espírito público.

A moral e o anel de Giges - JOSÉ PIO MARTINS

GAZETA DO POVO - PR - 17/10


Nestes tempos de moral social degenerada, vale relembrar o filósofo Platão em sua obra A República, quando ele narra a lenda do pastor Giges. Certo dia, após uma tempestade, abre-se uma fenda no chão, e o rebanho do pastor é engolido. Ele resolve entrar na fenda e encontra, no fundo do abismo, o cadáver de um gigante, que trazia apenas um anel em um dedo.

Giges coloca o anel e segue para a assembleia de pastores destinada a preparar relatório para o rei sobre a situação do rebanho. O pastor, então, percebe que, ao girar o anel para baixo, ele se torna uma pessoa invisível. Virando o anel para cima, ele volta a ficar visível. Eufórico com a descoberta, Giges vai ao palácio e, estando lá, gira o anel e fica invisível. Agora, longe de qualquer punição, Giges seduz a rainha, assassina o rei e usurpa o trono, iniciando sua longa dinastia.

Platão nos conta que, ao desfrutar da invisibilidade e movido pelo desejo de poder, o pastor passa a agir sem escrúpulos, seduz, rouba e mata. E o filósofo nos propõe a seguinte questão: os homens são bons por escolha própria ou simplesmente porque temem ser descobertos e punidos? Imagine, caro leitor, que você tenha o anel de Giges e possa ficar invisível. Livre para fazer o que quiser sem ser punido pela sociedade, pelas leis e por Deus, você agiria com base na moral e na justiça?

Platão disse: “Quer conhecer o homem, dê-lhe o poder”. O ser humano só é completamente moral quando, tendo o poder e estando livre da punição, ele age com base na moral, na virtude e na justiça. A observação da conduta cotidiana nos leva a concluir que, se o ser humano ficar entregue a seus próprios instintos naturais, muito provavelmente o egoísmo, a ganância e a sede de ter mais – poder, fama e dinheiro – o levariam a roubar, matar e trapacear.

A narrativa de Platão permite concluir que mesmo uma pessoa virtuosa e justa, se tivesse em mãos o anel de Giges, agiria contrariamente à virtude e à justiça. Não todos, é claro. E Aristóteles alerta que “o homem guiado pela ética é o melhor dos animais. Quando sem ela, é o pior”. Por isso, a vida em sociedade exige um conjunto de normas gerais de conduta justa, iguais para todos (inclusive para o rei) e aplicáveis a um número incerto de casos futuros. A propensão humana à virtude é frágil; por isso, a paz social não dispensa as regras de conduta e a punição para quem as viola.

Na esfera pública, o meio de impedir que os políticos tenham seu anel de Giges é pela visibilidade de seus atos. Não é por outra razão que a Constituição obriga à publicidade de todos os atos dos governantes. A publicação e a divulgação de tudo quanto é feito com o dinheiro público (e também dos atos que não envolvam dinheiro) são necessárias para o conhecimento da população sobre as ações dos homens do poder.

Certamente, os corruptos imaginam ter achado o anel de Giges e acreditam que não serão pegos nem atingidos pela punição. Somente um louco cometeria atos de corrupção se tivesse a certeza de que seria descoberto, processado e punido. Seguramente, os malfeitores fazem cálculos e agem apostando na probabilidade de não serem pegos. De vez em quando, eles erram no cálculo e a justiça funciona.

Se os homens fossem anjos, o Código Penal e as prisões não seriam necessários. Mas os homens não são anjos e, quanto mais poder eles têm, maior a probabilidade de manifestarem seu lado diabólico e imoral.

Dilma e a Constituinte - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

GAZETA DO POVO - PR - 17/10

A presidente-candidata insiste em uma proposta claramente irreal e ilegal para realizar a reforma política



Com o fim exclusivo de montar um cenário para o programa eleitoral da televisão, a presidente Dilma Rousseff subiu ao palco na segunda-feira para receber o resultado de uma “votação” na qual 7,5 milhões de pessoas (97% dos votantes) manifestaram apoio à sua ideia de que só uma Constituinte exclusiva poderia fazer a reforma política pela qual clama o país. Os holofotes bem posicionados e uma fala parecida com o improviso dariam à candidata um bom palco para conquistar a plateia de eleitores que, em 2013, saíram às ruas para protestar contra “tudo que está aí”, mas sobretudo contra o modo de ser e agir dos políticos brasileiros que “não nos representam”.

A Constituinte exclusiva, que pela ideia inicial seria convocada por um pleonástico “plebiscito popular”, teria o papel de reformar a atual Constituição Federal nos pontos que dizem respeito aos processos político-partidário-eleitorais – cujas distorções são, de fato, evidentes. Deles derivam males que precisam ser combatidos, como a influência do poder econômico, os partidos de aluguel e as coligações oportunistas, entre outros tantos. A Constituinte sugerida por Dilma teria de pensar fórmulas capazes para dar legitimidade à representação popular, hoje totalmente desvirtuada.

Não há dúvida de que se trata de uma ideia de aparência tentadora, capaz de conquistar as maiores simpatias – e logicamente envolver a candidata à reeleição na aura de uma estadista preocupada com o aprimoramento da democracia, que é o que mais lhe interessa nesta antevéspera decisiva de eleição. Com o gesto, Dilma Rousseff poderia se apresentar como quem não só entendeu a voz das ruas, mas sobretudo quis dar-lhe consequência prática. “Eu, pessoalmente, considero que a Constituinte institucionalmente é uma boa proposta, porque não serão aqueles que estão no exercício do mandato que reformarão as instituições políticas do país, mas uma instância convocada exclusivamente para esse fim”, disse.

Os desavisados, mais uma vez, aplaudirão. E quem sabe até decidam votar na reeleição em razão da propaganda competente – porém enganosa. O engano proposital com o qual se tenta induzir o eleitorado provém do mais comezinho entendimento do que seja uma Assembleia Constituinte. Em primeiro lugar, seus membros deverão ser eleitos pelo voto direto dos eleitores. Sob que regras? Pelas atuais? Estas que, argumentam, não garantem que a sociedade esteja correta e honestamente representada? Se assim for, a própria Constituinte já nasce sob suspeita de ilegitimidade. E, se fosse ilegítima, o seria tanto quanto o é o atual Congresso – criticado por não “nos representar” porque fruto de regras eleitorais imperfeitas. Assim, nada nos leva a supor que saia da Constituinte a reforma eleitoral que sepulte os defeitos presentes e os substitua por virtudes futuras.

Enganosa também a propaganda na mesma medida de sua teratologia, já que uma verdadeira Constituinte não pode ser exclusiva – isto é, ser convocada exclusivamente para mudar algumas das cláusulas (as de cunho político-eleitoral) e se comprometer a preservar todas as demais que compõem o conjunto da Lei Magna brasileira. À exceção das cláusulas pétreas (aquelas que nem mesmo os constituintes podem mudar), todas as demais são suscetíveis a alterações por parte de uma Assembleia Constituinte, cuja essência inclui o poder de redigir uma nova Constituição sem restrições “temáticas”.

Para alterações em assuntos específicos, como o seria a reforma política, há o instrumento da proposta de emenda constitucional (PEC), de que pode se servir o Congresso. É prerrogativa sua apresentar PECs, debatê-las e aprová-las. Não há por que eleger uma Constituinte para não mudar a Constituição, mas apenas para emendá-la.

É lastimável que questões tão importantes sejam tratadas meramente sob o prisma da propaganda eleitoral. A proposta não é legal, não tem legitimidade e peca na sua origem, pelo modo com que é apresentada, e por ser mais uma tentativa de ludibriar o eleitor.

Economia brasileira na contramão do mundo - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 17/10

Se a economia externa explicasse tudo o que ocorre no Brasil, não faria qualquer sentido haver riscos de deflação lá fora e o país estar com uma inflação de 6,75%



Os mercados mundiais passam por turbulências que há algum tempo não se viam. E, como sempre ocorre nesses momentos, engrossou o fluxo de divisas em busca da segurança dos títulos do Tesouro americano, cuja rentabilidade ficou, na quarta-feira, abaixo dos 2% — quanto maior a procura, menor a taxa. Há um ano isso não acontecia.

A centelha de ignição desse movimento de fuga de aplicações de maior risco, em todo o mundo, tem sido o temor de que a Europa, ainda na fase de digestão da grande crise deflagrada em 2009, entre em deflação. A redução de preços chega a ser tão ou mais perigosa que a elevação deles, pois os lucros das empresas são corroídos, como reflexo da retração das vendas — o consumidor adia as compras, à espera de preços cada vez mais baixos — e as economias tendem à depressão.

O próprio Fundo Monetário Internacional alertou, no último fim de semana, para a probabilidade de a Europa voltar à recessão, um péssimo sinal a fortalecer o temor de uma deflação. O prognóstico é reforçado pela informação de que, nos 18 países da zona do euro, a inflação anualizada, no mês passado, foi de ínfimo 0,3%, a taxa mais baixa dos últimos cinco anos. Nessa circunstância, nem a recuperação americana parece ser capaz de compensar o marasmo europeu, até porque seria afetada por ele.

Visto o mundo por este ângulo e colocado o Brasil nele, o álibi apresentado pela candidata-presidente Dilma Rousseff e seu ministro da Fazenda em aviso prévio, Guido Mantega, para os problemas da economia brasileira — o país está quase estagnado devido à conjuntura externa — fica bastante frágil.

Uma prova sólida de que grande parte da responsabilidade das panes observadas internamente é doméstica está no fato de que, no exterior, a ameaça é a deflação, enquanto no país o perigo é a inflação, entre outros.

E ela se origina de erros exclusivos do governo, cometidos na aplicação voluntariosa do tal “novo marco macroeconômico”, modelo sem qualquer preocupação com o equilíbrio fiscal. Os gastos continuaram a crescer mais que a arrecadação e o PIB, fator clássico de alimentação da alta de preços.

Se a economia internacional explicasse tudo o que ocorre no Brasil não faria qualquer sentido o mundo enfrentar riscos de deflação e o país estar com uma inflação de 6,75% — muito acima da meta de 4,5% e além do limite superior dela, de 6,5%.

Pode ser que a queda das cotações de commodities dê alguma contribuição para atenuar a alta de preços internos. A retração nos preços do petróleo deve até ajudar as finanças da Petrobras. Mas, na essência, as causas da velocidade na remarcação de preços, de fundo fiscal, continuam intocadas. Ao largo das turbulências mundiais.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

“Vamos mudar o Congresso para a Papuda”
Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB, e o fim do financiamento privado de campanha


Líder do PP aproximou ex-diretor de Sergio Guerra

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa relatou à Justiça, sob delação premiada, uma reunião em 2009 com o falecido senador Sergio Guerra (PE), presidente do PSDB, articulada pelo deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), na qual ficou acertada a doação de R$ 10 milhões para a campanha local. Ele diz que a reunião ocorreu durante ameaça de criação de CPI sobre negócios suspeitos na Petrobras.

O CEO aparece

Paulo Roberto contou que, a seu pedido, Ildefonso Colares, presidente da empreiteira Queiroz Galvão, pagou o acerto com Fonte e Guerra.

Sob suspeita

A Queiroz Galvão, segundo Paulo Roberto Costa, estava no centro das acusações de irregularidades a serem investigadas pela CPI, na época.

Resposta padrão

A Queiroz Galvão reiterou sua resposta padrão: “todas as doações realizadas pela empresa seguem rigorosamente a legislação eleitoral”.

Sem resposta

A coluna procurou insistentemente o líder do PP, Eduardo da Fonte, mas ele não retornou as ligações até o fechamento da edição.

Cabral articula para desbancar Temer

Com o tucano Aécio Neves empatado com Dilma Rousseff na briga pelo Palácio do Planalto, o ex-governador fluminense Sérgio Cabral já se movimenta para desbancar o vice-presidente da República, Michel Temer, do comando do PMDB. O líder do partido, Eduardo Cunha (RJ), sinalizou esta semana apoio a eventual governo tucano e mandou o recado: Temer não conduzirá o partido se Aécio vencer no 2º turno.

Projeto de poder

Cotado para presidir a Câmara em 2015, Eduardo Cunha já vislumbra o prefeito do Rio, Eduardo Paes, na disputa pela Presidência em 2018.

Olho em 2016

O deputado Leonardo Picciani, filho do presidente estadual do PMDB-RJ, planeja disputar a sucessão de Paes na prefeitura do Rio.

Ajustando contas

A deputada Sandra Rosado (RN) atribui sua derrota a Wilma de Faria. Ambas do PSB. A ex-governadora também perdeu para o Senado.

Sonho de banqueiros

A família Setúbal sonha com Ilan Goldfajn, economista-chefe do seu banco Itaú, na presidência do Banco Central. E Neca Setúbal, uma das herdeiras do banco, ministra da Educação de eventual governo Aécio. Ela descansa na Europa do estresse da campanha de Marina.

São todos Geni

Vice-governador eleito de SP, Márcio França (PSB) compara os políticos com a personagem “Geni”, de música de Chico Buarque: “Políticos apanham, enfrentam eleição, e voltam a apanhar”.

Costa mentiu, diz Bezerra

O ex-ministro Fernando Bezerra disse ontem que não conhece e nem tratou de doações com Alberto Youssef, como diz Paulo Roberto Costa. Admite contatos institucionais com o ex-diretor da Petrobras, que para ele foi leviano e mentiu, para manchar a memória de Eduardo Campos.

Pegou mal

Gerou mal-estar no PSB a decisão da senadora Lídice da Mata (BA) de apoiar a reeleição de Dilma para fazer média com governador eleito, Rui Costa. O PSB só liberou apoio em Estados que disputam 2º turno.

Uso da máquina

Mais um exemplo do uso da máquina para beneficiar candidatos. No Acre, governado pelo petista Tião Viana, ônibus estadual faz campanha por Dilma. O flagrante foi em Epitacolândia, 242 km de Rio Branco.

Falta de vergonha

A Brasil CT, que administra o programa de pontos dos cartões de crédito do Santander, confessa em seu site ser expert em “soluções que permitem manutenção de breakage”. Ou seja, trabalha para que os pontos caduquem antes de serem utilizados.

Coisa de cinema

A TV Câmara montou estrutura de fazer inveja a muitos candidatos: aproveitou a única sessão deliberativa da semana para fazer imagens do Plenário com uma grua.

Projeto adiado

O governo divulgou nota recuando do plano, revelado nesta coluna, de nomear não concursados para cargos comissionados no Ministério das Relações Exteriores. Os cargos são velha aspiração do PT, especialista no aparelhamento de órgãos públicos.

Pergunta no boteco

Após dirigir o País sem abrir mão da água que passarinho não bebe, Lula tem mesmo como reclamar e criticar quem dirige depois de beber?


PODER SEM PUDOR

Confiança

Homem recatado, Djalma Marinho sempre foi um político respeitado, um homem sábio, no Rio Grande do Norte ou em Brasília. Não era para menos. Certa vez, em campanha no interior, ele acabou atraído para dançar com uma eleitora, numa festa. Um amigo resolveu brincar com a situação, mesmo sabendo do comportamento reto de Marinho:

- Dr. Djalma, e se a sua esposa ficar sabendo disso?

- Minha mulher não acredita em ressurreição, meu caro - respondeu.