quinta-feira, outubro 16, 2014

O desafio principal não é o do dia 26 - MARCO ANTONIO ROCHA

O ESTADO DE S.PAULO - 16/10


Estamos no meio do tiroteio entre PSDB e PT - de novo. Dilma Rousseff e Aécio Neves avançam para se encontrar, no domingo 26/10, na frente do saloon onde os eleitores esperam o desfecho.

Mas, afinal, é só política. O desfecho - alternância no poder ou continuação no poder - significa ou o retorno de tucanos para os 22 mil a 23 mil cargos comissionados na administração federal; ou a continuidade de petistas nos mesmos cargos.

Esses milhares de cargos comissionados na administração federal se multiplicam em benefícios e "boquinhas" para legiões de aderentes ao poder. Para a "cupinchada", como se dizia antigamente, ou para a "companheirada", como se diz hoje. Por isso, ninguém considere irrelevantes as pernadas dessa capoeira brava, sem berimbau.

Mas continua sendo apenas política. Nos comícios que ainda existam e nas TVs. Na economia, a coisa é outra.

Na economia: 1) nenhum dos dois candidatos pode brincar; 2) nenhum dos dois pode derrapar; 3) ambos carregam o peso da incúria e dos desarranjos acumulados por décadas. E ambos têm o desafio de pôr o Brasil andando para a frente.

Isso significa: criar empregos para a massa de jovens que está entrando anualmente no mercado; e resgatar ou amparar o enorme contingente de brasileiros que ainda vivem abaixo da linha da pobreza. Duas tarefas para um PIB com crescimento robusto. E para ganhos de produtividade os mais elevados que se possa obter. Duas coisas que não temos.

Em paralelo, há que se gastar muito com a infraestrutura insuficiente e recompor grande parte dela virtualmente sucateada - nos transportes, nos portos, nos aeroportos, no armazenamento, no fornecimento de energia e de água, no saneamento.

Está de bom tamanho o desafio para quem ganhar o governo no dia 26?

Se alguém acha que é moleza - "dois palito", como diz o paulistano -, é só lembrar a precariedade da educação, da saúde, da segurança pública, da justiça - 4 trabalhos que tornam brincadeira os 12 do Hércules.

É curioso que os dois partidos sabem que, na economia, as respostas são mais ou menos as mesmas, diferentes apenas na dosagem. FHC com o Plano Real e a vertiginosa queda daquela inflação galopante anterior a ele conseguiu melhorar indiretamente a renda dos mais pobres, coisa que Lula faria avançar ainda mais de forma direta. Primaram ambos por uma condução prudente das políticas fiscal e monetária - FHC com mais e Lula com menos ortodoxia. Na área social o Bolsa Escola, de dona Ruth Cardoso, se ampliaria para o Bolsa Família do PT com Lula. Na área habitacional os planos dos dois tipos de governo avançaram, mais com o PT.

A grande diferença na política macroeconômica foi que o PT, com Lula e depois com Dilma, apostou no consumo como motor do crescimento, o que até funcionou bastante bem no período Lula, mas esgotou-se, como era previsível, no período Dilma. FHC, mais preocupado com a inflação e com a estabilização da economia, apostou no aumento dos investimentos. Não teve muito sucesso, dada a herança das tentativas fracassadas de estabilização que a economia brasileira trazia e das desconfianças que isso acarreta.

Ambos fracassaram, portanto, no principal: no obter um longo período de crescimento robusto e estável do PIB brasileiro. A turbulência da economia internacional prejudicou os investimentos privados e públicos para ambos.

Aqui chegamos ao desafio crucial da economia: aumentar a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e a taxa de crescimento do PIB. Uma coisa é o PIB crescendo pouco em países com a maioria das carências atendidas. Outra, é o PIB crescendo pouco onde a maioria das carências se acumularam sem atendimento. Precisamos de 5% ou 6% de crescimento anual do PIB. Com 0,2%, não vamos a lugar nenhum. Esse é o desafio. Nos debates os candidatos dizem como enfrentá-lo? Ainda não vimos.

A história universal da noite - CARLOS NEJAR

O GLOBO - 16/10

Quem quase faliu o país nos quatro anos não tem condições de continuar. A ‘reeleição é corruptora’, assevera o ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa


Outro dia, falei da existência dos rinocerontes na política. Falo deles como símbolos, não aos seres humanos: a certos seres políticos. Sempre existiram e não é como a dos animais, espécie extinta. Exigindo pesquisa mais apurada nos documentos que relatam nosso passado. Basta observarmos melhor e eles aparecem, com ou sem os coruscantes chifres. E vão-se delineando mais no transcorrer do tempo, que se assemelha a uma “história da noite”, como a do argentino Jorge Luis Borges. Sua lista é visível, quase mágica, às vezes lógica e com incrível realidade. Sobretudo, revelam-se pelo crescer vertiginoso do abdômen, a ponto de Machado de Assis, conhecedor da alma, afirmar que “o abdômen é a expressão mais positiva da gravidade humana”. Ou a gravidade mais humana do rinoceronte. E, curiosamente, um ou outro deles é confiante no vindouro testemunho do povo, pois sabe que não há tribunal que, por simples suspeita ou mesmo indício, o condene. Firmaram a reputação além da velocidade ou da investida. E não se iludam na moeda do mando, a cara de um é o focinho de outro. A arte deles é a do que, avisado, se oculta. Os rinocerontes estão convictos de que escreverão o último capítulo da historiografia nacional. E se não essa, ao menos a deles. Nietzsche aconselhava, ardorosamente, não se olhar o abismo, para não ser visto por ele. Os rinocerontes preferem os verdejantes prados do bem comum, aos precipícios. Ainda que o real em política seja o que não se quer ver.

Entretanto, cada rinoceronte que se preza há de resguardar a torre ebúrnea de sua biografia, pensando no triunfante porvir das patas ou do pedregoso focinho. E descabe a nós, habitantes da grei, julgá-los, com “o incerto sal do espírito”, por pisarem o sal, afanosamente. Apesar de poderem ter um sequioso sepulcro, já que a terra não escolhe os seus postulantes, os rinocerontes carecem de muito espaço para o pouso da tão penosa carcaça. É verdade, há quem os distinga, através da esvoaçante fumaça dos partidos ou instituições. E mais claramente do que Champollion desvendou nos hieróglifos egípcios. Porque entrevemos o vulto deste portentoso animal no balbuciar das frases, no emendar de pensamentos, nas entrevistas de tevê, no vínculo inalterável entre o que vai no secreto ou nas catacumbas e o que emerge à luz, testemunhando a ferocidade das ambições, ou a ambição da ferocidade, que não conhece limites, escapando tal raça ao obsedante domínio da lei.

Voltaire afirmava ser “a história um mito reescrito em cada geração”. E a história se aperfeiçoa no quotidiano mito, no escuro território dos acontecimentos que são filhos da noite, ali, onde os efeitos são mais valiosos do que as causas. Mas a única segurança a nos proteger dessa espécie predadora é a lisura das consciências, diante do que nada se amoita. E a força da Imprensa, que, segundo Arthur Miller, “é uma nação falando aos seus botões”. Agora no segundo turno das eleições sabemos, com a luz do dia, os rinocerontes agrupados, no zoo de um partido, são o PT e aliados, novos bárbaros, que, com rara exceção, indóceis, buscam a retomada do poder nesses anos todos, não o bem da República, que desconhecem. Tendo a ganância corruptiva de engolir a Petrobras, para bolsos ávidos (diz a presidente que todos os partidos possuem corruptos, mas nenhum, como o dela), com uso da máquina a seu favor, desencadeando ruinosa e crescente inflação, com entusiasmo frenético pela incompetência administrativa, trazendo o fervor da mentira sob um velho fantasma, decadente, e mais, o PIB baixíssimo, o descuido do exterior, a cubanização do Estado, o ódio à classe média, extravio de dinheiro público em obras inócuas, o que era para a educação, saúde, cultura, estradas, cuidando muito de si mesmos, engordando patrioticamente. Quem quase faliu o país nos quatro anos não tem condições de continuar. A “reeleição é corruptora”, assevera o ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa. E é o momento de unir forças pelo voto e enfrentar esses rinocerontes da coisa pública, aliando-se ao senador Aécio Neves, que é homem íntegro, capaz de, nesta hora, mudar o Brasil, junto à Marina, guerreira, que perdeu seu companheiro Eduardo Campos, em acidente até agora inexplicável. Há que arrancar a nação do caos, onde nos achamos, o fundo do poço. E deve lutar toda a oposição, como uma só alma. E um basta. Porque o tempo dos rinocerontes está acabado, exauriu. Basta sepultá-los! Capturando-os exatamente no lugar em que catam alimento ou saciam a sede. E a história deles é, sim, a história universal da noite.

Quem mal informa o povo - e como - ROBERTO MACEDO

O ESTADO DE S.PAULO - 16/10


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou recentemente que o "... PT está fincado nos menos informados, coincidentemente os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados". Essa afirmação foi distorcida por críticos dilmopetistas, que atropelaram a lógica para atacá-lo.

O que disse foi tomado como uma ofensa ao povo nordestino. Mas FHC não falou de nordestinos e essa armadilha lógica foi assim montada: 1) Ele disse que os mais pobres, que coincidem com os mal informados, votaram majoritariamente no PT; 2) o Nordeste é uma região predominantemente pobre; 3) logo, o ex-presidente tem preconceito contra os nordestinos.

Essa discussão voltou-se para os mal informados. É verdade que aí há problemas, como deficiências educacionais, e dificuldades de acesso a mais informações. Ou predominam outras. Por exemplo, o programa Bolsa Família costuma ser atribuído errônea e exclusivamente a Lula, daí advindo uma gratidão que determina o voto.

Mas grande parte da culpa pela má informação é de quem a oferta, ou seja, o sujeito da ação informativa, e não do cidadão objeto dela. Na propaganda eleitoral a candidata à reeleição pelo PT tem usado e abusado de armadilhas lógicas que podem iludir até pessoas de elevado nível educacional, pois isso não significa que estejam sempre atentas a questões de lógica.

Passo a outra armadilha do ramo. Trata-se da ultrarrepetida afirmação que atribui a Lula todo o mérito de uma taxa média de crescimento do PIB que em seu governo foi superior à dos anos FHC. Essa diferença de taxas de fato ocorreu, mas não se pode concluir que Lula foi quem a produziu. Entre outros aspectos, caberia levar em conta as diferentes circunstâncias que cada um enfrentou nos seus governos. FHC, já no governo Itamar, como ministro da Fazenda, herdou uma altíssima inflação e sérias dificuldades no setor externo, inclusive as causadas pela moratória da dívida externa brasileira decretada pelo governo Sarney (1986-1990). Esse impasse com credores externos por longo tempo prejudicou o fluxo de empréstimos e financiamentos para o Brasil.

Por essa e outras razões históricas, nos governos FHC o Brasil tinha escassas reservas, que vez por outra provocavam crises cambiais que encareciam o dólar, traziam mais inflação e aumento da dívida pública federal, incluída a interna, em parte indexada a essa moeda. Isso tornava inevitável o recurso a ajustes fiscais, que, embora impopulares, FHC teve a coragem de fazer. Lula e Dilma só souberam distribuir benesses.

Lula Sortudo da Silva herdou uma inflação domada nos dois governos anteriores. Outra sorte, e de imensas proporções, foi a bonança que veio com o deslanche da economia mundial durante a maior parte dos seus dois mandatos, impulsionada fortemente pela China. Entre outras benesses, vieram uma expansão maior do PIB, que gerou mais impostos, inclusive para ampliar programas sociais, e uma fenomenal acumulação de reservas, que afastou o fantasma das crises cambiais. Esse efeito-China teve tal dimensão que vejo o Partido Comunista, condutor daquele país, como o que mais fez pelo Brasil na década passada, se comparado aos muitos nossos.

Essas diferentes circunstâncias enfrentadas pelos dois presidentes podem ser comparadas às encaradas por peões de rodeios ao montarem diferentes touros. FHC foi peão de touros bravos, enquanto Lula se sentou nos mansos. Mas quando touros atuam dessa forma o peão não pontua e tem de pegar outro que pule o tanto que se espera dele. Ao sair, Lula fez-se substituir pela peoa Dilma, em quem viu uma competência que não se manifestou. No rodeio da economia, pegou um touro mais bravo, o Pós-Crise, e meteu-lhe as esporas de uma política econômica equivocada. Deu no que deu. Pode cair do touro. E o PIB que carregava já foi ao chão.

Passando a mais uma armadilha lógica, a de uma trama em que duas premissas corretas levam a uma conclusão equivocada, usada para malhar Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC) e atuante na campanha de Aécio. Tal armadilha foi assim montada: 1) Quando no BC, na era FHC, num dado momento Fraga aumentou bastante a taxa básica de juros; 2) ele será ministro da Fazenda se Aécio for eleito; 3) logo, ele elevará a taxa de juros da mesma forma. Essa armadilha lógica também deixa de lado as circunstâncias diferentes no passado e no presente, em particular sem lembrar que o aumento da taxa básica de juros por Armínio veio em resposta a uma crise cambial. Isso para reduzir a inflação resultante, evitar que divisas escassas fugissem do País e estimular o ingresso de novas.

Outra grosseira mistificação é dizer que FHC teria "quebrado" o Brasil três vezes. Aponta-se como evidência disso o fato de que ele recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter empréstimos. Ora, trata-se de instituição financeira internacional da qual o Brasil é sócio e o que ela empresta equivale a uma linha de cheque especial para que países possam honrar seus pagamentos externos e reforçar reservas. Usá-la não significa que o país esteja quebrado. Ao contrário, é para evitar que isso ocorra e se chegue a uma moratória, com todas as indesejáveis sequelas.

E mais: da última vez que o Brasil recorreu ao FMI, em 2002, uma das razões foi a necessidade de conter efeitos da especulação cambial que se manifestava em face de riscos então percebidos quanto ao que Lula faria na economia. Parcela desse empréstimo ficou à disposição dele como presidente. Ele se orgulha de no seu mandato o Brasil ter emprestado dinheiro ao FMI para que este ampliasse suas contas de cheque especial. Mas não serei eu a concluir que fez isso para que outros países pudessem quebrar ao utilizá-las.

Em síntese, há gente que mal se informa. Mas nesta eleição o destaque cabe a quem mal informa.

Para furar o teto - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 16/10

BRASÍLIA - A eleição continua eletrizante, com o empate técnico entre Aécio e Dilma mantido rigorosamente nos mesmos índices de votos válidos do primeiro Datafolha do segundo turno: 51% do tucano, 49% da petista. Os dois dão sinais de terem batido no teto, mas os dados gerais contêm novidades melhores para Dilma do que para Aécio.

A dura campanha de Dilma na TV, que "desconstruiu" Marina Silva no primeiro turno, conseguiu estancar a ascensão de Aécio e reduzir o seu potencial de crescimento. Ou seja: ele parou de crescer e tem menos margem para coletar novos votos.

Enquanto o índice de rejeição de Dilma oscilou um ponto para baixo, o de Aécio subiu quatro pontos depois dos ataques desferidos pela propaganda eleitoral do PT contra a gestão do tucano em Minas Gerais. E esses ataques foram em cima de um dado real: Aécio foi derrotado duplamente no Estado que governou duas vezes. Ficou atrás de Dilma e perdeu o governo para um petista.

Nesses dez dias até o segundo turno, Dilma aprofundará a estratégia de "desconstrução", intensificando os ataques. Se Aécio repetir a reação passiva de Marina, fazendo muxoxo e acusando a adversária de liderar uma "campanha de ódio", ele deixará Dilma ditar o tom da campanha.

A favor de Aécio: o empate técnico o favorece, não só porque ele está numericamente à frente, mas porque a "quebra" de votos de Dilma tende a ser maior na hora do voto real. Uma coisa é dizer que vai votar em alguém, outra é acertar os botões, os números. O nível de escolaridade do eleitorado de Aécio é bem mais alto do que o de Dilma. Ela tem de passar à frente e ter gordura para queimar.

Em suma, a eleição continua como o diabo e os jornalistas gostam (gostamos), e os debates terão um papel fundamental. Na propaganda, que tem audiência restrita, os candidatos dizem o que bem entendem a seu favor e contra o outro. Nos debates, que estão bombando, dizem não só o que querem, mas o que podem.

Nos detalhes - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 16/10
Inalterados os resultados tanto do Ibope quanto o do Datafolha, ambos os candidatos têm motivos para comemorar, numa eleição que será decidida, ao que tudo indica, no detalhe, que é onde mora o diabo. Aécio Neves passou incólume pela 1ª semana de desconstrução desencadeada pelo marqueteiro João Santana. O tempo ficou mais curto para a tarefa de colocar o candidato tucano no micro-ondas de destruir reputações que a campanha petista usa cada vez com menos escrúpulos.

É preciso notar, no entanto, que segundo o Datafolha a rejeição a Aécio subiu um pouco, aproximando-o da presidente Dilma: 38% a 42%, quase um empate técnico, o que pode ser já resultado da ação do marqueteiro petista. A presidente Dilma, por sua vez, também pode comemorar o fato de que a semana em que seu adversário recebeu mais adesões não produziu nenhuma mudança no eleitorado.

É certo que os eleitores de Marina já haviam se decidido em sua maioria por Aécio, mas Mauro Paulino, diretor do Datafolha, chama atenção para a migração dos marineiros no Rio de Janeiro, onde parece que eles estão indo em peso para Dilma. Esse é um movimento natural, pois a votação no Rio em Marina foi mais de esquerda do que de protesto contra o governo.

Se se confirmar que Aécio cresceu no Rio e está empatado com Dilma, pode ser sinal de que essa migração não teve grandes consequências.

O cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, do Iuperj, ampliando a análise sobre os dados das pesquisas do Ibope e Datafolha, acha que Aécio surfa numa onda de "mudança com segurança", que conjuga dados aparentemente inconsistentes entre os 73% que desejam mudanças (Datafolha) e os 80% que se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida que levam hoje (Ibope). O fato mais paradoxal para ele é que é justamente essa nova classe média, que ascendeu nos 12 anos de governo petista, embora satisfeita com a vida (+ de 5 salários = 84% de satisfação; 25-34 anos = 83%; com curso superior = 85%), está desejando mudança no modo de governar, na gestão pública e nos serviços públicos.

Geraldo Tadeu Monteiro lembra que, segundo Marx, toda necessidade suprida gera uma nova necessidade. Provavelmente, diz ele, esses setores estejam temerosos não propriamente de perder o que adquiriram nos últimos anos, mas quanto às possibilidades de manutenção dessa condição com o atual modelo de crescimento econômico.

A ideia é que é preciso fazer evoluir esse modelo para que ele mantenha esses setores nos patamares já atingidos. A passagem é estreita tanto para o governo quanto para a oposição, avalia Tadeu Monteiro. As campanhas, munidas de pesquisas quantitativas e qualitativas, naturalmente sabem disso e buscam, cada uma a seu modo, propor mudança.

Daí a ideia de "mudança com segurança", que pode ser o fator decisivo neste 2º turno.

O candidato que encarnar essa "mudança com segurança" terá grandes chances de captar o voto da classe média intermediária que, segundo Mauro Paulino, decidirá a eleição, já que as classes média alta e média estão com Aécio, e os de mais baixo salário e escolaridade estão com Dilma. Entre os classificados como classe média (Datafolha), Aécio é apontado por 50% como o mais apto a fazer as mudanças necessárias, contra 39% que acreditam que Dilma é a mais preparada para isso.

Conspirações

O raio pode cair mais uma vez no mesmo lugar. O 2º turno será realizado no próximo dia 26, um domingo, e na terça-feira, dia 28, é dia do funcionário público. Não é feriado nacional, mas considerado ponto facultativo. Não seria de estranhar se os governos considerassem ponto facultativo também a segunda-feira, dia 27, como aconteceu na eleição para prefeito no Rio em 2008, também realizada num domingo, dia 26 de outubro. O governo estadual decretou ponto facultativo na segunda-feira, dia 27/10. Eduardo Paes ganhou com 50,83% dos votos contra 49,17% conferidos a Gabeira. Resta saber quem seria mais prejudicado por uma manobra dessas: Dilma, que tem o voto da maioria dos funcionários públicos, ou Aécio, cujo eleitor de renda mais elevada pode ficar tentado a curtir o feriadão?

O PT às voltas com a Justiça - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S.PAULO - 16/10


A esta altura dos acontecimentos, diante das devastadoras evidências que se tornaram de conhecimento público, talvez nem o mais fanático dos petistas tenha dúvida de que a bandalheira rolou solta na Petrobrás. São evidências tão robustas que é inútil tentar negá-las. Por essa razão, nem Dilma Rousseff nem o PT se atrevem a fazê-lo. Mas procuram minimizar os efeitos eleitorais do escândalo apelando para jogo de cena, deliberada confusão de informações e outras manobras diversionistas. Não contestam as acusações, mas o fato de terem sido divulgadas. E por esse crime de que se dizem vítimas, culpam a Justiça.

À frente de um grupo de deputados petistas que chegaram pisando duro, o presidente do partido, Rui Falcão, protocolou na Procuradoria-Geral da República e no Supremo Tribunal Federal (STF) pedidos de acesso à integra da delação premiada do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa. Argumentam que conhecer o inteiro teor dessas declarações é indispensável para que o partido possa "fazer o exercício mínimo do contraditório".

Mero pretexto, já que o verdadeiro objetivo da iniciativa é desviar a atenção do escândalo, fazendo pesadas acusações contra o juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara da Justiça Federal do Paraná, responsável pela condução dos processos decorrentes da Operação Lava Jato. Sem citar o magistrado, o PT denuncia como violação da lei o fato de aquele juiz ter permitido, com motivação política, em pleno processo eleitoral, o vazamento de depoimentos sigilosos.

"Esta divulgação", afirmam os petistas, "é uma forma transversa de violar o sigilo da colaboração premiada" e significa "divulgação irresponsável de declarações graves e levianas desacompanhadas até agora de qualquer prova". Com isso, o argumento do PT escamoteia o fato de que Paulo Roberto Costa já obteve o benefício do abrandamento da pena, o que indica que cumpriu o acordo de apresentar provas de suas acusações.

Mas o que, de fato, importa é que as acusações contra Moro não têm o menor fundamento. Uma coisa são as dez ações penais resultantes da Lava Jato que correm na 13.ª Vara da Justiça Federal do Paraná. São processos públicos a que qualquer pessoa pode ter acesso, inclusive às audiências. Outra coisa são os depoimentos prestados por Paulo Roberto Costa no processo decorrente de acordo de delação premiada, que se desenvolve em segredo de Justiça, sob supervisão do STF.

Daí que classificar de vazamento a divulgação legítima dos depoimentos e atribuir dolo ao comportamento do juiz Sérgio Moro só pode ser produto de má-fé.

Moro é conhecido e respeitado pelo rigor com que trabalha e que demonstrou ao assessorar a ministra Rosa Webber no julgamento do mensalão. As acusações de que foi alvo por parte dos petistas foram veementemente repudiadas, em nota oficial conjunta, pela Associação dos Juízes Federais (Ajufe) e pela Associação Paranaense dos Juízes Federais.

A atitude do PT, decidida em articulação com o comando da campanha reeleitoral de Dilma, da qual Rui Falcão é o coordenador-geral, é a repetição do mesmo desrespeito ao Poder Judiciário que o partido demonstrou quando assacou aleivosias contra outro magistrado, o ministro e depois presidente do STF Joaquim Barbosa, durante e após o julgamento do mensalão. É como o lulopetismo, que se considera dono do Estado, trata a Justiça e seus agentes sempre que sente seus próprios interesses contrariados.

Esse lamentável episódio demonstra também muito claramente o que é a "guerra sem trégua" à corrupção na qual a presidente Dilma Rousseff e o PT se declaram empenhados. Em todas as suas manifestações públicas nas últimas semanas, a candidata em campanha não deixou passar nenhuma oportunidade para se declarar "a pessoa mais empenhada do País na rigorosa punição de corruptos e corruptores".

A medida da seriedade com que os donos do poder tratam as denúncias de corrupção na Petrobrás está expressa na debochada manifestação de Lula, dias atrás, quando confrontado com o assunto: "Estou com o saco cheio disso".

Falta transparência nos subsídios ao crédito - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 16/10

Apenas no ano que vem, contribuinte arcará com R$ 30 bilhões devido à diferença de juros no BNDES, dinheiro que deveria constar do Orçamento



São frequentes as simplificações nos embates político-eleitorais. Temas complexos terminam reduzidos à expressão mais simples, para facilitar na comunicação com o eleitorado. Daí é um passo para a distorção.

À margem do tiroteio entre Dilma e Aécio em torno de assuntos de política econômica, admite-se que não seja necessário novo choque de juros para conter a inflação que aí está. Já o descontrole nas contas públicas pode exigir algo mais drástico, embora nada como nos momentos heroicos do combate à hiperinflação.

Economistas ligados à campanha oposicionista estão certos ao estabelecer a necessidade de se projetar luz nas contas públicas. Os artifícios usados pela contabilidade criativa para inflar o superávit primário erodiram a credibilidade dessas contas. A ponto de o resultado previsto para este ano variar do superávit de 1,9% do PIB, meta ainda garantida pelo Tesouro, a algum déficit nominal, o pior dos cenários.

Mesmo que a presidente Dilma se reeleja, ela precisará restabelecer a confiança nas estatísticas oficiais, um dos fatores que podem ajudar o país a não ter a nota de risco rebaixada para aquém do nível de “grau de investimento”, como tem sido ameaçado

Tem razão Arminio Fraga, ministro da Fazenda escolhido pelo candidato Aécio Neves, quando defende que todos os subsídios estejam explícitos no Orçamento. Parece óbvio, mas, na vida real da economia brasileira, não é.

Ampliado de forma brutal a partir do final de 1999, sob o pretexto de que era necessário barrar o choque recessivo externo decorrente da explosão da bolha imobiliária americana, o fluxo de recursos do Tesouro a bancos públicos, a fim de que pudessem acelerar a concessão de crédito, passou, e passa, ao largo do Orçamento.

O argumento para essas capitalizações era correto, mas da forma como foram realizadas, e de forma repetitiva, criou-se uma espécie de “orçamento paralelo” entre o Tesouro e principalmente o BNDES capaz de desestabilizar o combate à inflação.

Há um pesado subsídio implícito nessas operações — a diferença entre os juros que o Tesouro paga ao se endividar na captação dos recursos (hoje, 11%) e a taxa cobrada pelo BNDES nos empréstimos (6%). No ano que vem, o primeiro do novo governo, a conta deste subsídio será de R$ 30 bilhões, mais que o Bolsa Família. De 2012 a 2015, somará R$ 79,7 bilhões. Como, em julho, o saldo dessas transferências para o BNDES, via “orçamento paralelo”, era de R$ 450 bilhões, há ainda muito subsídio a ser financiado pelo contribuinte.

Outro problema é que inexiste um sistema que avalie o benefício dessa enorme transferência de renda do contribuinte para empresas clientes do BNDES. Nem de qualquer outro subsídio. Sabe-se que, apesar dessas centenas de bilhões despejadas no banco, a taxa de investimento na economia continua muito baixa, em 18% do PIB, cinco pontos abaixo do razoável. Não é animador.

Sinais do Vaticano - CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 16/10
Numa guinada em direção oposta à apontada pelo papa Francisco, e na contramão das multidões que clamam por uma sociedade inclusiva, alas conservadoras da Igreja Católica insistem na discriminação a homossexuais e a divorciados. Tudo bem que uns e outros não formem famílias tradicionais, na concepção da mais longeva instituição da história da humanidade. Mas a Cúria Romana não pode negar os fundamentos básicos da fé cristã. Um deles, o de que todas as ovelhas do rebanho são filhas de Deus, portanto, indiscrimináveis. Outro, o do respeito ao próximo. Mais um, o da misericórdia. E por aí vai.

Não se espera que o Sínodo dos Bispos manifeste apoio ao homossexualismo nem ao divórcio. Espera-se que aceite a realidade de serem ambos da natureza humana. E que desperte para o fato de conceder tratamento mais tolerante aos próprios pecadores, assassinos ou ladrões. É igualmente inquietante que o Vaticano tenha sido, até muito recentemente, mais condescendente com pedófilos, inclusive no seio da Igreja. Esse tempo há que ser revisto. A hora é de lançar ao mundo olhar sintonizado com o anseio pela paz, que pressupõe a convivência pacífica entre os homens.

Há casos de paróquias que promovem encontros de casais de segunda união e de igrejas que acolhem grupos de oração formados por homossexuais. Como atirar pedra em templos dedicados a orientar fiéis dispostos a buscar seu Deus? O próprio Catecismo, compilado de textos sobre a fé e a doutrina da Igreja Católica, recomenda a acolhida, "com respeito e compaixão", de homens e mulheres homossexuais. E vai além: "Essas pessoas são chamadas a realizar na vida a vontade de Deus". É com tal clareza e simplicidade que o Sínodo deveria tratar a questão de forma definitiva, ainda que essa não seja - e provavelmente jamais será - posição consensual. Importa que seja a mais condizente com o espírito cristão.

Quanto aos divorciados, vale lembrar àqueles que propugnam por seu afastamento da liturgia o relato bíblico de que Jesus escolheu para fundar a própria Igreja um profeta que o negaria três vezes. E, como nem todo casamento chega ao fim por má-fé ou decisão de ambas as partes, a condenação ao casal, indistintamente, acaba sendo mal ainda maior, uma injustiça predeterminada. De novo, o chamado à tolerância, ao perdão, à misericórdia deveria ser a argamassa da Igreja Católica.

Que o Sínodo dos Bispos se alinhe com o pensamento do papa Francisco, aberto ao diálogo com todos os povos. E, como reza a Oração de São Francisco, leve o amor onde houver ódio; o perdão, onde houver ofensa; a união, onde houver discórdia; a fé, onde houver dúvida; a verdade, onde houver erro; a esperança, onde houver desespero; a alegria, onde houver tristeza; a luz, onde houver trevas.

Um Nobel contra a ignorância - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

GAZETA DO POVO - PR - 16/10


Malala Yousafzai e Kailash Satyarthi foram premiados por sua luta pela educação infantil, mas o caso da paquistanesa nos alerta para outros males contemporâneos



A escolha dos vencedores do Prêmio Nobel da Paz, anunciados na sexta-feira passada, não podia ser mais feliz. Uma mulher de 17 anos e um homem de 60; uma paquistanesa e um indiano; uma muçulmana e um hindu. O que Malala Yousafzai e Kailash Satyarthi têm em comum é a luta para que as crianças tenham direito à educação. Satyarthi criou e mantém uma ONG que luta contra o trabalho infantil. Malala é a adolescente baleada no rosto em 2012 por militantes do Taleban, tudo porque ela queria ir à escola e desejava que outras meninas da região onde morava tivessem a mesma oportunidade. Isso fazia dela um “símbolo da cultura ocidental”, segundo aqueles que a atacaram – e, enquanto ela lutava pela vida em hospitais, primeiro no Paquistão, depois na Inglaterra, eles prometiam matá-la caso ela sobrevivesse ao primeiro atentado.

O prêmio concedido a Malala e a Satyarthi nos recorda da situação de milhões de crianças que ainda não têm acesso à educação, um componente fundamental para lhes garantir perspectiva de futuro em uma sociedade cada vez mais dependente da tecnologia e da informação. Vivendo em grandes cidades com acesso fácil à educação pública ou privada, é fácil esquecer que, segundo as estimativas mais recentes da Unesco, quase 58 milhões de crianças com idade para o ensino fundamental estão fora da escola em todo o mundo. Outros 63 milhões de adolescentes com idade para o início do ensino médio também estão longe das aulas. São crianças e jovens muitas vezes forçados a trabalhar, como os 80 mil libertados por Satyarthi, ou que simplesmente não têm acesso a escolas próximas, ou que acabam tendo seu direito ao ensino barrado por preconceitos sociais, especialmente no caso de meninas como Malala. E o prêmio concedido à paquistanesa ainda nos traz outras lições que vão além da importância da educação para crianças e adolescentes.

Nestes tempos em que o Estado Islâmico pratica diversas atrocidades contra quem não compartilha de sua visão jihadista, o Nobel de Malala também chama a atenção para os males do extremismo religioso. A adolescente, ao manter a fé muçulmana, mostra saber diferenciar a religião em si de manifestações fundamentalistas. “O Islã diz que receber educação não é apenas um direito de cada criança, mas também seu dever e responsabilidade”, disse a jovem no discurso que fez à ONU. Maomé, o fundador do Islamismo, encorajava os discípulos a buscar o conhecimento “nem que fosse na China”, uma metáfora para um local distante; Malala, ao colocar a vida em risco para conseguir educação, foi mais longe que qualquer um. Que mais e mais pessoas saibam identificar os males do extremismo e condená-lo.

Por mais que os responsáveis pelo Nobel tenham enfatizado a luta de Malala e Satyarthi pela educação das crianças, é impossível não lembrar que Malala também nos mostra que em diversas partes do mundo as mulheres têm negados vários direitos e são vítimas de inúmeras violências. Basta recordar os casos de estupros coletivos na Índia, de mutilações genitais na África, das meninas mortas no ventre das mães graças ao aborto seletivo promovido em vários países. Algumas dessas práticas chegam até a ser toleradas, quando não justificadas, por um multiculturalismo torto, que coloca costumes locais acima da dignidade humana. Mesmo no Brasil, só recentemente se começou a romper o silêncio a respeito da violência doméstica.

Que a mensagem poderosa enviada por meio da premiação de Satyarthi e Malala possa nos acordar não só para o drama das crianças sem escola, mas também para o sofrimento das vítimas do extremismo religioso e da violência contra as mulheres. São três pragas interconectadas, pois o fundamentalismo e o preconceito se alimentam justamente da ignorância.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

“A primeira coisa para sair do buraco é tirar o PT do governo”
Aécio Neves (PSDB), candidato a presidente, que, segundo o Datafolha, lidera a corrida


EX-DIRETOR DELATA EX-MINISTRO DO GOVERNO DILMA

Ex-ministro da Integração de Dilma e senador eleito, Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) foi citado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, sob delação premiada. Ele relatou que em 2010 o doleiro Alberto Youssef recebeu de Bezerra, então secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, pedido de doação para a reeleição do governador Eduardo Campos. E R$ 20 milhões teriam sido doados pelo Consórcio Ipojuca Interligações (CII), contratado da Petrobras na refinaria Abreu e Lima.

CRÉDITO APROVADO

Paulo Roberto Costa afirmou que, consultado por Youssef, aprovou a doação. Até o fechamento desta edição, Bezerra não respondeu às ligações da coluna.

SUPERFATURAMENTO

O TCU estima que o consórcio CII, das empreiteiras Iesa e Queiroz Galvão, pode ter superfaturado R$ 316,9 milhões em Abreu e Lima.

NÃO CHEGOU

Hoje presidente do PSB, Carlos Siqueira ignora a suposta doação e diz que a campanha de Eduardo – que não custou tanto – jamais a recebeu.

RESPOSTA PADRÃO

A Queiroz Galvão informou por assessores que “todas as doações realizadas pela empresa seguem rigorosamente a legislação eleitoral”.

CUBA INFILTROU MILITARES NO MAIS MÉDICOS

Informe reservado “Mensagem Direta de Inteligência” (MDI) ao ministro Celso Amorim (Defesa) atestou que a ditadura cubana infiltrou militares no programa Mais Médicos. A descoberta foi da Base de Administração e Apoio do Ibirapuera, do Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, que recebe gente do Mais Médicos. Ouvido, um suspeito confessou ser capitão do Exército cubano, e que não está sozinho. Amorim nada fez.

PINTA DE MILICO

Militares brasileiros desconfiaram do “médico” por seus hábitos de caserna (cama sempre arrumada, por exemplo). Era o capitão cubano.

CONVOCAÇÃO

A infiltração de militares no Mais Médicos repercutiu na Câmara. O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) quer convocar Amorim a se explicar.

CÓPIA AUTÊNTICA

Bolsonaro avisa que não adianta Celso Amorim negar a existência do informe reservado que lhe foi enviado: ele obteve cópia do documento.

ASSALTO FINAL

O PT ambiciona cargos DAS no Itamaraty desde o início da era Lula, em 2003, quando uma comissão do partido descobriu, desolada, que a Lei do Serviço Exterior os tornou privativos de servidores concursados. Mas a revogação da regra já está pronta na Casa Civil da Presidência.

MADAME ESTÁ NERVOSA

O barulho de pratos quebrados, no Palácio Alvorada, nada tem com a eventual predileção da inquilina por comida grega. Foram ataques de fúria mesmo. Sobrou até para o pessoal da cozinha.

MISSÃO IMPOSSÍVEL

Apesar de já dar como certa a desfiliação de Marina Silva, dirigentes do PSB acham que ela terá enorme dificuldade para criar a Rede Sustentabilidade sem fundo partidário, nem tempo de TV.

PMDB DO B

Gilberto Kassab (PSD) aguarda para saber quem será presidente para agir. Se Dilma for reeleita, espera virar ministro das Cidades. Se der Aécio, vai recriar o Partido Liberal, para “ajudar na governabilidade”.

RITMO DE DESPEDIDA

Os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Eduardo Suplicy (PT-SP), derrotados na reeleição, aproveitam os últimos instantes de tribuna. Discursaram à vontade ontem para um plenário esvaziado.

ENCALHANDO

O PT tem dificuldades para distribuir o material de campanha nas ruas de Brasília. Poucos aceitam adesivos de Dilma, oferecidos a granel. No DF, pelo Ibope, Aécio venceria hoje por 69% x 31% dos votos válidos.

LINHA DE FRENTE

Em reunião ontem, Júlio Delgado (MG) foi cumprimentado como líder por colegas do PSB. Ele é cotado para liderar a bancada se Dilma Rousseff for reeleita. E para disputar o comando da Câmara, se Aécio Neves vencer.

TUDO OU NADA

Presidente do Solidariedade no Ceará, Genecias Noronha acredita que a votação de Aécio Neves vai crescer muito no segundo turno no estado: “Muitos ficaram quietos no primeiro turno com medo de perder votos” .

PENSANDO BEM…

…se um “mentirômetro” fosse instalado no debate da Band, terça-feira, acabaria danificado por excesso de trabalho.


PODER SEM PUDOR

ACORDO SALVADOR

O vereador Totó Bezerra, de Teresina (PI), fotógrafo, certa vez recebeu em sua loja - vizinha a um banco - a visita do deputado João Clímaco. De repente, chegou um eleitor e pediu dinheiro emprestado ao vereador. Clímaco meteu o bedelho para livrar o amigo do constrangimento:

- Você está vendo o banco aqui do lado? - perguntou ao eleitor - Pois o Totó não pode emprestar dinheiro a você porque tem um acordo com o banco. Nem ele empresta dinheiro, nem o banco tira retrato.