quarta-feira, setembro 17, 2014

Demolição de valores - DORA KRAMER

O ESTADÃO - 17/09


Mantido o rumo pelo qual enveredou a campanha à Presidência da República, o que se pode esperar dos próximos 18 dias até o primeiro turno e depois mais 20 antes da etapa final não é um clima emocionante típico das eleições bem disputadas, como pareceu quando Marina Silva entrou na competição.

Disputas pressupõem confrontações de argumentos, embates travados mediante a observância de determinadas regras. Pois o que temos no cenário desde que o governo decidiu mandar às favas os escrúpulos e fazer o diabo para tentar vencer as eleições não guarda a menor relação com troca de argumentos e muito menos com obediência a qualquer tipo de regra.

Por ora há uma perplexidade. Um pouco pela falta de cerimônia no uso de mentiras tão deslavadamente mentirosas, um pouco pelo fato de ainda haver um contingente disposto a acreditar nelas.

Daqui a pouco poderá haver um cansaço com a atuação de uma gente que mente e reiteradamente se desmente sem a preocupação de preservar a própria biografia ou respeitar a liturgia do cargo.

Além de candidata, Dilma Rousseff é presidente da República. Ao mesmo tempo em que ter certas prerrogativas que lhe dão vantagens inerentes ao posto, tem deveres decorrentes da função que a diferenciam dos demais concorrentes.

O grau irrepreensível “no que se refere” à compostura é um deles. O comedimento, a austeridade sempre invocada como uma de suas qualidades não autoriza sua chancela no uso de mentiras. Muito menos que se faça pessoalmente porta-voz delas. Embora não condiga com seu discurso de correção é o que vem fazendo.

A presidente está dizendo ao povo que governa que os adversários vão acabar com esse ou aquele benefício social, que vão tirar verbas da saúde e da educação, que empresários e banqueiros se regozijam com a fome do brasileiro, que o governo do PT combate como ninguém a corrupção.

Ainda que os adversários quisessem mesmo acabar com os benefícios, vender a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, reduzir os investimentos em saúde e educação. De onde a presidente tirou isso se nunca disseram nada parecido? Da cabeça de seus conselheiros que a mandaram repetir tudo isso.

E o combate à corrupção? Tema evitado a todo custo pelo governo. Se fosse tão espetacular como se diz agora no horário eleitoral, o assunto já estaria muito antes entre os “grandes feitos” e não deixado para ser incluído quando começa a se fechar o cerco a respeito dos esquemas na Petrobras.

Isso dito quando se viram tantos escândalos serem abafados. Sem contar o fato de a antiga cúpula do partido estar quase toda na cadeia por força de um julgamento tido pelo PT como produto de um “tribunal de exceção”.

Nessa nova fase até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que andava meio arisco, se animou a aparecer exercendo seu conhecido dom de iludir – quem quer ser iludido, bem entendido. No ato público desta segunda-feira, no Rio, onde se pretendia “abraçar” a Petrobras, mas que o público presente não foi suficiente para um aperto de mão, Lula voltou a atacar o financiamento privado de campanhas. Disse que deveria ser crime inafiançável.

No mesmo dia circulava um e-mail do PT a empresários apresentando, em nome de Dilma, “a oportunidade de contribuir financeiramente para a campanha da reeleição da presidenta da República”, no que a correspondência qualificava como uma “ação empresarial cidadã”.

É de se imaginar que o governo queime pontes confiando que, reeleito, poderá reconstruí-las pelo poder que a vitória tem de curar feridas. Agora pensa exclusivamente nas eleições. Por dever de responsabilidade conviria pensar que além de uma eleição há um país a ser governado e que não merece assistir a tão completa e definitiva escalada de demolição de valores.


Haja Prozac - FERNANDO RODRIGUES

FOLHA DE SP - 17/09


BRASÍLIA - Ouvi uma frase sobre a corrida presidencial que me pareceu perfeita: "Em 2002, achei que o PT estava despreparado para assumir o governo. Mas eu não sabia que o PT estaria agora tão despreparado para deixar o governo".

É uma avaliação tão cruel quanto verdadeira. Revela também o grau de subdesenvolvimento institucional do país. É claro que não há risco de disrupção, mas parece um pouco incompatível com a regra democrática que um partido entre em desespero frenético apenas porque existe a possibilidade de sair do poder a partir de 1º de janeiro de 2015.

A aparição do ex-presidente Lula, suado e descabelado, fazendo uma manifestação em frente à Petrobras é a síntese do clima atual no PT. E nem está claro que Dilma Rousseff perderá a disputa contra Marina Silva (aliás, a presidente está à frente nas pesquisas). Mas em Brasília é possível respirar um certo pânico no ar.

Só na capital da República há mais de 20 mil cargos de confiança, todos ocupados pelo petismo e adjacências. Uma derrota de Dilma Rousseff obrigará essas pessoas e suas famílias a deixarem a cidade. Por baixo, serão de 40 a 50 mil desamparados. Voltarão a seus Estados para pedir trabalho na iniciativa privada ou em algum governo, prefeitura ou sindicato sob o comando do PT.

Serão milhares de dramas pessoais. Em Harvard, nos EUA, a universidade oferece um serviço gratuito de atendimento psicológico a estudantes estrangeiros que passam um tempo por lá e depois têm de retornar para seus países. Dilma poderia pensar no assunto. Uma "bolsa psicólogo" ajudaria a manter mais calmas as pessoas ao seu lado.

Como o problema é estrutural, uma vitória dilmista só atrasará a crise existencial dos petistas. Até porque, em 2018, 2022 ou em outro momento, o partido sairá do poder. Quando esse dia chegar, as farmácias de Brasília terão de reforçar os estoques de Prozac em suas prateleiras.

Lula requenta o truque de 2006 - ELIO GASPARI

FOLHA DE SP - 17/09


Nosso Guia quer confundir a Petrobras com a gestão do comissariado petista com que aparelhou a empresa


Lula fez uma involuntária defesa do voto útil, aquele que vai para qualquer lugar, desde que o PT vá embora. Foi para a frente do prédio da Petrobras e disse o seguinte:

"Já houve três pedidos de CPI só na Petrobras. Eu tenho a impressão de que essas pessoas pedem CPI para, depois, os empresários correrem atrás delas e achacarem esses empresários para ganhar dinheiro. (...) Se alguém roubou, esse alguém tem mais é que ser investigado, ser julgado. Se for culpado, tem que ir para a cadeia."

A Petrobras petista apareceu em várias CPIs. A primeira, de 2005, foi a do mensalão. Duas outras foram específicas e, com a ajuda do comissariado, deram em nada. Se Nosso Guia acha (e tem motivos para isso) que, incentivando-as, há "pessoas" achacando empresários que correm "atrás delas", não se conhece uma só fala de petista denunciando achacados ou achacadores. O relator da comissão que está funcionando é o petista Marco Maia.

O primeiro comissário apanhado em malfeitorias relacionadas com a Petrobras foi o secretário-geral do PT, Silvio Pereira. "Silvinho" fez um acordo com o Ministério Público e trocou o risco de uma condenação por 750 horas de trabalho comunitário. Ele ganhara um reles Land Rover de um fornecedor da Petrobras. Nem Lula nem o PT condenaram-no publicamente. Se o tivessem feito, teriam emitido um sinal. Afinal, dissera o seguinte: "Há cem Marcos Valério por trás do Marcos Valério". Ele está na cadeia. Salvo a bancada da Papuda, os demais estão soltos.

Em 2009, quando foi instalada a primeira CPI para tratar exclusivamente da Petrobras, o comissariado disse que a iniciativa tentava tisnar a imagem da empresa. Resultou que ela tisnou a imagem do instituto da CPI e os petrocomissários continuaram nos seus afazeres. Paulo Roberto Costa estava na diretoria da Petrobras desde 2004. Em oito anos, amealhou pelo menos US$ 23 milhões.

A CPI de hoje é abrilhantada também pelos petistas Humberto Costa, José Pimentel e Sibá Machado. Nenhum deles, nem Marco Maia, deve vestir a carapuça da fala de Lula, mas jamais apontaram um achacador. "Paulinho" foi preso em abril pela Polícia Federal e, em seu escritório, foram recolhidos abundantes provas de seus malfeitos. Ele prestou um depoimento à CPI em junho e o senador Humberto Costa considerou-o "satisfatório". "Paulinho" disse o seguinte: "A Petrobras não é uma empresa bandida nem tem bandidos em seus quadros". Tinha pelo menos um, hoje confesso: ele próprio.

Nessa comissão, como na anterior, a bancada governista não se deu conta do risco que corria. Descobriu-o há poucas semanas, quando "Paulinho" começou a colaborar com a Viúva. De saída, devolverá os US$ 23 milhões guardados em sua conta suíça, revelação ocorrida no dia seguinte ao seu depoimento. Nessa faxina não houve a colaboração do PT.

Durante a campanha eleitoral de 2006, o comissariado encurralou o tucanato, acusando-o de ter tentado privatizar a Petrobras. Era mentira, mas deu certo. Passados oito anos, Lula requentou o truque, mas há uma diferença: uma pessoa de boa-fé podia acreditar que os tucanos quisessem privatizar a Petrobras, mas fica-lhe difícil achar que falar em petrorroubalheiras possa prejudicar a empresa.

Rodada ruim para Dilma - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 17/09
A nova pesquisa do Ibope divulgada ontem pelo "Jornal Nacional" e pelo "Estado de S. Paulo" só trouxe notícias ruins para a presidente Dilma Rousseff, e notícias boas para Marina e Aécio Neves, mais para ela do que para ele. A estratégia de atacar Marina sem dó nem piedade parece que passou do ponto, e reverteu contra a própria candidata à reeleição, que caiu além da margem de erro.
Não é à toa, portanto, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deu parecer favorável à retirada da propaganda eleitoral do filmete do PT que faz uma ligação completamente mentirosa entre o Banco Central autônomo e a falta de comida na casa dos brasileiros. E também o Tribunal Superior Eleitoral retirou do ar o site comandado pelo ex-ministro Franklin Martins.

O tucano Aécio Neves subiu quatro pontos percentuais, reflexo da melhoria de pontuação em Minas Gerais, seu território, e, de maneira geral, em todas as regiões do país, com exceção do Nordeste. Como sua campanha é mais propositiva, embora bastante crítica em relação à capacidade de Marina governar e representar realmente uma mudança de rumos, Aécio cresceu em cima de Marina e Dilma especialmente em Minas, o segundo colégio eleitoral do país. Aécio ainda reduziu sua diferença para Dilma no segundo turno, com a presidente em queda.

Paradoxalmente, o candidato do PSDB para o governo de Minas, Pimenta da Veiga, caiu em relação a seu concorrente Fernando Pimentel, do PT, e corre o risco de perder no primeiro turno. Para reverter os 20 pontos que os separam, Aécio terá que passar a presidente Dilma em Minas e carregar consigo seu candidato a governador, num esforço final que pode lhe acrescentar pontos preciosos.

Marina Silva, apesar de toda campanha agressiva contra ela, principalmente pelo PT, mas em boa medida também pelo candidato do PSDB, caiu apenas 1 ponto, mas viu sua vantagem em relação a Aécio Neves diminuir de 16 para 11 pontos. Ainda no plano das boas notícias, Marina viu confirmar-se fora da margem de erro sua vantagem sobre a presidente Dilma no segundo turno, que passou a ser de 3 pontos (43% contra 40%).

Segundo o Ibope, Aécio chegou a um empate técnico com Marina no Sul, com 23% contra 26% da candidata do PSB. Dilma continua tendo o Nordeste como seu grande bastião eleitoral, onde lidera isolada com 48%. Na região, o candidato do PSDB tem sua pior atuação, com 9%, enquanto Marina consegue barrar um pouco o avanço de Dilma, com 29% dos votos nordestinos. Na eleição de 2010, Dilma teve nada menos que 70% dos votos do Nordeste.

Ela lidera também no Sul, com 34%, e, nas demais regiões, aparece empatada tecnicamente com Marina: no Sudeste, onde se concentram cerca de 44% dos eleitores, a candidata do PSB tem 31%, e a do PT, 30%. No Norte/Centro-Oeste, Dilma tem 35%, e Marina, 32%.

O desempenho da incumbente Dilma Rousseff é melhor nas cidades menores, com até 50 mil habitantes, onde ela alcança 42%. Nas cidades com mais de 500 mil habitantes, sua votação cai 10 pontos percentuais. Nelas, quem lidera é Marina Silva, que tem também o maior eleitorado entre os eleitores de curso superior.

Dilma tem seu melhor desempenho entre eleitores menos escolarizados (até a 4a série: 51%) e no eleitorado mais pobre, com renda de até um salário mínimo, em que fica com 46% das preferências. Aécio tem mais eleitores entre os mais ricos (renda familiar superior a 5 salários: 28%). A presidente tem uma liderança incômoda no quesito rejeição: 32% afirmam que não votariam nela de jeito nenhum.

A presidente Dilma aparentemente superou o índice mínimo de avaliação para ser competitiva na reeleição: hoje, 37% dos eleitores classificam seu governo como ótimo e bom, um pouco acima da taxa de 35% considerada básica para se apresentar à reeleição. Esse índice, porém, também limita sua votação geral, que fica aquém da votação dos candidatos do PT nas últimas eleições. 

Confiança quebrada - CELSO MING

O ESTADÃO - 17/09

O empresário está desanimado porque não vê reação na atividade econômica e, mais do que isso, porque não identifica nenhuma indicação de que o próximo governo seja capaz de virar esse jogo ruim



O Índice de Confiança do Empresário, medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), continua no nível mais baixo da série.

São advertências que se repetem tanto quanto os discursos de decepção, como o pronunciado segunda-feira pelo presidente em exercício da Fiesp, Benjamin Steinbruch. O empresário está desanimado não porque seus negócios estejam passando por mau momento. Isso é do jogo e é parte de suas expectativas. O empresário está desanimado porque não vê reação na atividade econômica e, mais do que isso, porque não identifica nenhuma indicação de que o próximo governo seja capaz de virar esse jogo ruim.



É verdade que o governo Dilma não vem ajudando. Parece não se dar conta de que seu discurso cor-de-rosa, que nega a realidade e não reconhece nem a paradeira nem as distorções, prostra ainda mais porque não acena com mudanças. É pura lógica: se tudo vai bem, não precisa de conserto e, sem conserto, não dá para contar com a retomada sustentável da atividade econômica.

O empresário também não sente firmeza num possível governo Marina, não propriamente pelas suas posições em matéria de política econômica, mas porque tem dúvidas sobre as condições de governabilidade.

A presidente Dilma tem dito que bastará apresentar-se no final de outubro com o renovado cacife de votos para que um novo vento de otimismo passe a soprar por todo o País. Também aí ela está enganada. Não bastará apenas a eleição para que o futuro chefe de Estado ganhe a confiança do empresário brasileiro.

Quem for eleito terá de apresentar diretrizes de uma política econômica confiável, capaz de proporcionar crescimento sustentável e inflação sob controle. Se as mudanças não vierem nessa direção, eventual reanimação cairá, imediatamente, no vazio.

Até agora a presidente Dilma tem-se recusado a aceitar uma política econômica que dê solidez aos fundamentos da economia. Promete apenas mais do mesmo. No entanto, se estiver mesmo disposta a enfrentar os problemas imediatos que estão aí, como o atraso dos preços administrados e necessária correção no câmbio, terá de produzir forçosamente um ajuste nas contas públicas e tratar de implantar algumas das reformas que estão em todas as pautas.

Este não pode ser o caminho da chamada Nova Matriz Macroeconômica, adotada neste primeiro mandato com os resultados já conhecidos. Tem de corrigir o rumo e caminhar na direção da ortodoxia.

Se der Marina, ela terá também de definir uma política econômica diferente da que está aí – mais ou menos na linha do que já está no seu programa. O problema dela não será apenas a maneira como vai organizar as contradições de sua biografia com os compromissos que tem de assumir como chefe de governo, mas, como já está na expectativa geral, será a construção de uma razoável base política que garanta a governança.

Enfim, seja quem estiver à frente do governo, a confiança poderá ser prontamente recuperada se houver comando firme e se a política econômica for consistente.

CONFIRA:

Aí está o comportamento do emprego na indústria em São Paulo. 31,5 mil perderam o emprego nos primeiros oito meses do ano. Só em agosto foram 15 mil.

Demissões e pleno-emprego
Ficaram para trás os tempos em que a indústria só parou de contratar pessoal. A indústria já começou a demitir, como o gráfico acima está mostrando, o que reforça o desânimo, assunto desta Coluna. Essa situação não reflete o nível geral do País, que continua sendo de pleno-emprego, porque o setor de serviços continua abrindo mais postos de trabalho.

Além do duplipensar e da aposta no gogó - MARCELO DE PAIVA ABREU

O ESTADÃO - 17/09

Impressiona a fragilidade das ideias sobre política externa nos programas dos candidatos presidenciais. Mesmo que se leve em conta que plataformas de política externa costumam ter impacto eleitoral bem modesto.

O caso extremo é o programa de Dilma Rousseff, que, depois de quatro anos de diplomacia inoperante, apenas repete velhos chavões. Promete dar continuidade ao processo de "profunda mudança na presença do Brasil no mundo com ênfase na América do Sul e na África (...) o que não significa desconsiderar os países desenvolvidos". Afinal, a política externa é um "elemento fundamental do novo projeto de nação". É o enraizamento da diplomacia de gogó.

As candidaturas de oposição explicitam preocupações quanto ao "isolamento do Brasil" (Aécio) e propõem "superar o imobilismo" (Marina), buscando novos parceiros com nova estratégia de negociações comerciais. Aécio enfatiza a necessidade de recuperar os objetivos inicias do Mercosul e de revalorizar o Itamaraty. Marina propõe "reacender o dinamismo das trocas" (?) com os EUA e a União Europeia, a associação do Mercosul com a Aliança do Pacífico e dá uma barretada em relação a Ibas, Brics e África.

Qualquer proposta sólida quanto à política externa deve partir da constatação de que o poder de barganha e a atratividade do Brasil dependerão de suas políticas internas. Quanto pior for a percepção externa sobre essas políticas, menos viável será a ruptura do isolamento em que o País mergulhou. Não basta querer novos parceiros, é importante ter algo a oferecer. Nos mandatos de Lula, a diplomacia presidencial minorou tais dificuldades. Com a posse de Dilma e a contínua deterioração do desempenho da política econômica, só restou ao governo comemorar "feitos" de natureza estritamente política. O Brasil ficou cada vez mais próximo da Argentina e mais longe do mundo.

A campanha de reeleição da presidente Rousseff está sendo conduzida com extrema agressividade, na tentativa de desmoralizar adversários e sem preocupação quanto à verdade ou com coerência com posições externadas no passado. A fonte de inspiração poderia ser a crença nazista de que, se mentiras forem exageradas e reiteradas, tenderão a ser aceitas como verdade. Ou talvez o "duplipensar", proposto por George Orwell em 1984: o poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e, ao mesmo tempo, acreditar genuinamente nelas, e esquecer qualquer fato que se tenha tornado inconveniente.

Tal cortina de fumaça não oculta a deterioração pós-mensalão, agravada desde 2010, do compromisso com políticas macroeconômicas prudentes. As atuais políticas relacionadas ao papel do Estado e à abertura da economia também indicam retrocesso em relação à herança recebida pelo PT.

A reorientação da política externa depende de choque de credibilidade gerado pela reversão de políticas econômicas nefastas. É essencial que se reflita sobre novos arranjos institucionais envolvendo a Presidência da República, o Itamaraty com - quem sabe? - realocação de atribuições levando em conta requisitos específicos da política econômica externa. Mas é essencial que isso se dê na esteira da implementação de políticas econômicas que voltem a enfatizar o compromisso com estabilidade macroeconômica, o ajuste no papel do Estado e a integração à economia mundial.

Banco Central. Lamentável a iniciativa do Banco Central do Brasil de processar Alexandre Schwartzman por ter externado críticas veementes - e pertinentes - à atuação do banco. Menos mal que o banco, derrotado em primeira instância, tenha arrepiado caminho e desistido de recorrer, em clara admissão da insensatez da iniciativa. Mas não é que o processo estava em perfeita sintonia com as posições estapafúrdias da candidata Dilma Rousseff sobre as funções de um banco central e sua autonomia?


No palanque - ROBERTO DAMATTA

O GLOBO - 17/09

O insignificante ganha importância na campanha


Temos significado (a ideia de uma coisa), significante (como essa ideia é proclamada em sons ou sinais) e insignificante. As duas primeiras palavras formam um par de opostos complementares e interdependentes decisivo para o entendimento da vida coletiva. Ele foi trazido à consciência dos estudiosos das línguas por Ferdinand Saussure, um dos inventores da linguística moderna e do estruturalismo. Já o terceiro termo — o insignificante — surge com a leitura do novo livro-parábola de Milan Kundera, “A festa da insignificância”.

Nele, Kundera faz Ramon, um dos seus personagens-marionetes, declarar: “A insignificância, meu amigo, é a essência da existência.” Uma afirmação espantosa porque, sendo essência, o insignificante passa a ser esplendorosamente significativo. É como mentir e insultar em disputas eleitorais porque vencer é tudo. O insulto e a mentira passam a ser a roupagem moral de quem os usa sem reserva.

Foi exatamente isso que ouvi de um cabo eleitoral. Estávamos encarapitados num palanque desequilibrado que ia para a direita ou para a esquerda, para frente e para trás, como se fosse um barômetro a seguir as denúncias e as propostas dos candidatos. Descobri que os palanques agasalhavam muito mais do que pensavam minha vã e pobre antropologia e as profecias dos que disputam cargos eleitorais.

Para quem vê no aparelho do Estado a solução para todos os problemas, nada pode ter autonomia, a não ser o Estado e, controlando-o, os políticos de plantão ou os donos do poder. Mas, mesmo assim, e por isso mesmo, sabemos que o Estado tem seu lado humano pois, não sendo uma máquina, embora alguns falem de uma “máquina estatal”, ele não funcionaria sem pessoas que, ao fim e ao cabo, não são estrangeiros ou marcianos, mas nossos irmãos, filhos, tios, pais, amigos e compadres. No Brasil, demora coisa de cinco minutos para se saber quem é quem em alguma parada, cargo ou projeto de modo que o nome descobre imediatamente uma rede de relações, sinaliza o nosso lugar e o mundo entra nos eixos. “Sei...”, murmura uma voz dentro de cada um de nós.

Se o cargo estatal está estruturalmente ligado a um ator que, como todo mundo, tem uma família, amigos e partido, então a autonomia ou independência atribuída ao Estado é muito relativa. E fica ainda mais discutível quando o estilo de viver coletivamente é enfaticamente fundado em simpatias e lealdades pessoais porque, no Brasil, os laços institucionais não agem com força fora das torcidas de futebol.

Se isso é aceito como um argumento sociológico realista e relativamente importante, as autonomias têm que ser discutidas. Elas dependem da instituição e do contexto; das competências e também do prestígio político. E do projeto de poder. Se ele for incomensurável como é claro no lulopetismo, então não há o que discutir, exceto o tipo de “capitalismo de Estado” que se deseja implementar no Brasil. Porque não há nenhuma sociedade, nem mesmo as que estariam contra o Estado, como no conhecido ensaio de Pierre Clastres, que não tenha uma agenda capaz de governar suas rotinas, mas esse sistema pode não estar organizado como um Estado. Ele não se encerra num organograma de posições devidamente legalizadas e escritas em mármore ou bronze, como dizia Rousseau.

Aliás, um dos maiores problemas sociológicos do nosso tempo é entender os elos entre costumes, regimes políticos e leis. Montesquieu e Tocqueville perseguiram essa questão com afinco e ela retorna todas as vezes que o dogma estatizante surge enfaticamente como no lulopetismo e nas reações do governo com analistas que criticam o governo Dilma por ter instalado viés de notório anticrescimento no Brasil que governa.

Meu velho mestre falava isso anteontem no mesmo palanque frágil onde vaidades, egos e projetos eram sacudidos por medos, acusações, ódios e esperanças. A cada movimento do palanque eu dizia a mim mesmo: espero que aguente. Depois de tomar umas e outras, o professor soltou o refrão do “salvar o Brasil dos canalhas que, como piolhos, infestam a nossa vasta cabeleira histórica!” Adorei a expressão...

O que define o radicalismo é a recusa a calibrar meios e fins porque nele só existem os fins, os fundamentos. Qualquer sistema não referido a crenças político-religiosas é rejeitado. Um sistema relativamente autorreferido tem uma relativa autonomia. Por isso, o mercado, a moeda estável, um sistema legal com razoável previsibilidade, perturbam tanto os autoritários quanto os formalistas (que só falam dos meios ou dos métodos). Ambos recusam discutir eficiência ou resultados (que levam a mudança) porque essas dimensões calibram meios e fins. Se os fatos nos desmentem, mudem-se os fatos. E que se escreva e discuta apenas o permitido.

Não há — continuava o mestre — como ter um mundo em pleno equilíbrio quando se é finito e não pode viver os momentos finais da finitude plenamente. Somos uma poeira de uma subpoeira. Morremos sempre sem saber e eventualmente de modo trivial. Como um fruto que cai sem aviso de uma árvore.

A autonomia do BC e o homem do saco - ALEXANDRE SCHWARTSMAN

FOLHA D SP - 17/09

É preciso um debate adulto sobre o tema: objetivo do BC é definido pelo Executivo, que é quem escolhe os dirigentes


Mesmo com muita gente boa já escrevendo sobre a autonomia do BC, não posso ficar sem me manifestar. Principalmente porque, mesmo para os padrões nada elevados como os que caracterizam as campanhas eleitorais em geral, a atitude da propaganda situacionista tem sido de uma infantilidade atroz. Só falta afirmar que a autonomia implicará a legalização do "homem do saco": o BC mesmo cuidaria de raptar as crianças para servi-las a banqueiros em banquetes macabros.

A presidente participa ativamente da criancice ao afirmar que "o BC não é o quarto poder", reiterando que tal medida tiraria comida do prato dos brasileiros (e possivelmente traria também o bicho-papão) apenas quatro anos após ter criticado seu então oponente por afirmação semelhante, mas até aí eu jamais a acusei de coerência.

Cabe, em primeiro lugar, eliminar fontes comuns de mal-entendidos, que só servem a quem teme um debate adulto sobre o tema. Autonomia do BC não implica que este se converta num quarto poder, ou mesmo na Santa Sé.

A começar porque todas as propostas colocadas em discussão definem, a zero de jogo, que o objetivo do BC, por exemplo, a meta para a inflação, continuaria a ser prerrogativa do Executivo, como hoje o é, por meio do Conselho Monetário Nacional, cujos membros são todos escolhidos pelo presidente da República, justamente aquele que não se elege sem o apoio da maioria absoluta dos votantes.

Obviamente a presidente pode determinar ao BC que busque uma meta mais elevada de inflação, mas terá também que explicar à população o motivo pelo qual fez esta escolha. Aliás, deveria ter a coragem de explicar hoje sua opção por permitir que o Banco Central persiga --como se depreende de suas próprias afirmações-- uma meta de 6,5%, mas me desvio...

É também bom deixar claro que não seriam os banqueiros, os maçons ou os illuminati os responsáveis pela indicação dos dirigentes do BC, mas sim o presidente, passando, aliás, pelo crivo do Senado Federal, como ocorre hoje em dia.

Por fim, isto também não significa falta de transparência ou responsabilidade, pois, da mesma forma que acontece atualmente, o BC teria que prestar contas periódicas (por exemplo, duas vezes por ano) ao Congresso Nacional, seja ao Senado, seja à Câmara.

A diferença no caso seria que, ao contrário da situação atual, o indicado ao BC teria um mandato fixo, não coincidente com o do presidente. Ao longo deste mandato o dirigente só poderia ser demitido em situações previstas em lei, e não pela simples vontade do governante de plantão.

Este arranjo básico, com algumas variantes, é o que vigora em países de escassa tradição democrática, como os EUA, o Reino Unido (enquanto ainda é Unido), o Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia, o Japão e outros tantos pobres e instáveis. Já bancos centrais subordinados ao Executivo são privilégio de países do naipe da Rússia, da China, da Argentina, da Venezuela, do Zimbábue e de outros titãs da democracia mundial.

Isso não ocorreu por acaso, mas sim porque naqueles países se percebeu que um banco central livre das pressões políticas de curto prazo costuma obter resultados melhores em termos de inflação mais baixa, sem prejudicar em prazo mais longo o ritmo de crescimento ou a taxa de desemprego.

Já bancos centrais subordinados aos objetivos políticos do governo tipicamente geram inflação mais elevada, que, por vezes, pode inclusive reduzir a taxa de crescimento, normalmente devido às distorções geradas por formas desastradas de tentar evitar a manifestação do fenômeno inflacionário, como controles de preços. Há aqui um paralelo evidente ou seria apenas minha paranoia fora de controle?

De qualquer forma, o tema merece um debate informado e adulto, longe de estereótipos e slogans, praticamente o oposto do que se observa na campanha, em particular no que se refere ao campo situacionista. Se não melhorarem seu comportamento, serei obrigado a chamar o homem do saco...

A democracia fragilizada - RÔMULO BINI PEREIRA

O ESTADO DE S.PAULO - 17/09


Mais uma vez uma grande decepção se delineia para o povo brasileiro. Em depoimentos à Polícia Federal, o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa declarou que políticos da base de apoio ao governo central participavam de um esquema de corrupção envolvendo aquela empresa e grandes empreiteiras. O fato implica nomes de expressão no cenário político atual e põe o nosso governo no centro de um escândalo idêntico ou até maior que o "mensalão".

Advogados renomados e regiamente pagos certamente entrarão nesse processo e, com base em trâmites jurídicos longos, prolongarão no tempo os possíveis julgamentos finais. O povo brasileiro, conforme experiências vividas no passado, já se manifesta com a costumeira assertiva: "Não vai dar em nada!" - selo de descrédito em nossas instituições. É neste ambiente conturbado que a eleição presidencial e as legislativas se aproximam. Com o auxílio de marqueteiros e homens de comunicação social, prevê-se um verdadeiro "vale-tudo", recomendado até mesmo por lideranças políticas que nos governam.

A propaganda eleitoral mostra ainda o nível daqueles que comporão o nosso Congresso e as Assembleias Legislativas. Com exceções, são participações hilárias em que predominam excentricidades, direitos inatingíveis e assistencialismos exacerbados. São representantes de 32 partidos com os costumeiros objetivos de aproveitamento de futuros cargos públicos ou de benesses dos governos central ou estaduais. Agora, com este novo escândalo, está bem claro que a "base governamental" sempre teve como objetivo evidente o apoio ao governo central em troca de favores e dinheiro público. Fatos que causam indignação e revolta no nosso povo, que não merece um Legislativo encabrestado pelo Executivo. Assim, a pobreza política do nosso país continuará!

E o que se pode dizer do nosso Poder Judiciário? Com o êxito alcançado nos julgamentos do "mensalão" e da atuação ímpar de seu antigo presidente, tornou-se uma esperança para os brasileiros. Entretanto, a presença ideológica e partidária em todos os seus níveis, uma execução penal complexa e prolixa, ininteligível para a maioria do povo, são alguns dos aspectos que comprometem a sua credibilidade. Sem contar o predomínio da ab-rogação do mérito e as inúmeras indicações políticas que ferem o artigo 101 da Constituição da República. Neste país continental, com 200 milhões de habitantes, onde imperam a permissividade e a impunidade, necessitamos de um Judiciário que marque sua presença não só com justiça e isenção, mas também com celeridade e punições mais severas no rigor da lei.

Talvez em razão dos fatos apresentados, as indagações quanto às posições das Forças Armadas no atual sistema democrático em que vivemos se avolumam nas redes sociais. "Só Deus e os militares nos poderão salvar!" é o que se lê e se ouve nestes tempos de descrédito. E isso se repete agora, como já ocorreu em épocas pretéritas.

O desmando dos governos, a corrupção em todos os níveis das instituições, a situação econômica frágil, a Justiça comprometida, o nepotismo, as mordomias, a falta de segurança são aspectos que, entre outros, fazem o povo clamar. Aliás, tal clamor não vem somente da "zelite", como diz um político e filósofo popular. Vem também das classes mais simples do povo.

Mesmo com uma campanha difamatória conduzida por alguns órgãos de imprensa, ideólogos e intelectuais de esquerda e ainda integrantes do mundo artístico, os militares continuam com a sua credibilidade em alta, acima até de entidades religiosas; e estão se transformando em "válvula de escape" do clamor popular, fora e dentro dos quartéis. Como fazem parte da sociedade, os militares tudo ouvem, pelo menos, por enquanto, permanecendo o silêncio obsequioso que adotaram. Esse silêncio, entretanto, está provocando situações preocupantes. Nos programas dos candidatos presidenciais pouco se diz a respeito das Forças Armadas.

Como se não fossem bastantes as ações unilaterais da Comissão da Verdade, agora surge o parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República defendendo a revisão da interpretação atual da Lei da Anistia. Quanto a esta nova interpretação - contrária à definição propalada pelo STF em 2010 -, é de perguntar se ela também abrangerá os diversos crimes praticados pelos radicais de esquerda, muitos deles imprescritíveis.

A continuarem essa exclusão e atitudes revanchistas flagrantes, as Forças Armadas, em 2015, também poderiam participar da Marcha dos Excluídos, realizada em várias capitais do País logo após os desfiles do 7 de Setembro. Poderiam expor suas apreensões, seus anseios e vindícias, como protesto contra as ações deletérias que vêm sofrendo.

É ainda pertinente falar do controverso Decreto 8.243/2014 - também chamado de bolivariano -, elaborado pelo atual governo e que será analisado pelo Congresso. Ele abre as portas para o ingresso de reais "sovietes" no Ministério da Defesa e, em consequência, em nossas Forças Armadas. O citado decreto consta dos programas das duas candidatas que lideram as pesquisas e é uma das principais orientações dos intelectuais gramscistas do Foro de São Paulo.

Em nosso país, para aqueles que não viveram o período que antecedeu o movimento de 1964, políticos inescrupulosos fomentaram a divisão entre oficiais e praças de nossas Forças, objetivando ferir frontalmente os princípios basilares das instituições militares: a disciplina e a hierarquia. Essas ações desagregadoras foram decisivas para a atitude adotada pelos líderes militares da época.

Espera-se que nossas autoridades políticas estejam atentas para os fatos assinalados e que atendam aos clamores de nosso povo. Ou, então, tempos incertos e de descrenças estarão presentes em nossas instituições. E aí a nossa democracia estará inexoravelmente fragilizada.

Inclua Jesus fora dessa - ZUENIR VENTURA

O GLOBO - 17/09


Algumas das mais bárbaras atrocidades deste século foram cometidas em nome de Deus: extermínio de populações, decapitações, infanticídios


Por ter ironizado a atitude de um candidato, que por se julgar perseguido evocou o precedente de Jesus, recebi mensagem me acusando de antievangélico. Quero dizer que não sou, e já elogiei o trabalho de mediação e evangelização em favela, junto a traficantes, feito por pastores de várias denominações. Também sempre admirei a atitude (pelo menos essa) do general Ernesto Geisel, que governou o país de 1974 a 79. Ditador com poder absoluto, que fazia e acontecia, nunca tentou impor sua crença, o luteranismo, e sempre respeitou a natureza laica do Estado, jamais misturando religião e política. Essa mistura é que oferece perigo. Levada ao extremo, ao fundamentalismo, sabe-se até onde pode chegar. Algumas das mais bárbaras atrocidades deste século foram cometidas em nome de Deus: extermínio de populações, decapitações, enforcamentos, infanticídios. Claro que nem de longe há esse risco entre nós. Mas é bom evitar outros efeitos menos radicais e perversos, mas também nocivos.

Analisando a crescente influência dos evangélicos no processo eleitoral, a professora Magali Cunha, que entende do assunto, citou há dias um levantamento que registra a existência de 327 candidatos crentes a diversos cargos (hoje são três senadores e 70 deputados, terceira bancada da Câmara), um indício, segundo ela, de avanço da democracia, embora preocupe a presença de líderes religiosos “fazendo as vezes dos clássicos coronéis da política”, os do “voto de cabresto”. A força eleitoral desse movimento foi detectada pelos marqueteiros, que estão levando seus clientes ao exagero de posarem que nem fieis, como Dilma, reverente, ao lado do pastor Edir Macedo na inauguração do suntuoso Templo de Salomão, depois de subir três andares de escada, coitada, porque faltou luz. Ou Aécio Neves, com os braços estendidos, o rosto voltado para cima em êxtase religioso. De fazer inveja a Marina, a única dos três que é de fato crente.

Mas mesmo ela, mais discreta, cometeu um ato falho ao atribuir à “providência divina” o acaso de não ter viajado no avião que matou Eduardo Campos, o que deu margem na internet à interpretação grosseira de que o acidente foi um desígnio superior para fazer de uma evangélica a presidente do país. Pior do que a leitura primária e obscurantista da religião, como capaz de favorecer discutíveis interesses particulares, são o desvirtuamento e o abuso da fé usada como moeda de troca em época de campanha, quando muitas igrejas — nem todas, evidentemente — são transformadas em verdadeiros currais eleitorais, a pretexto de que “irmão vota em irmão” e de que Jesus, dependendo da oferta, pode eleger este e não aquele candidato.

Difícil tentativa de agradar o empresariado - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 17/09


Baixo crescimento, inflação, desequilíbrio externo e nas contas públicas são problemas os quais empresários não confiam que possam ser resolvidos por Dilma


O governo acaba de tomar mais uma decisão tópica na tentativa de amenizar as dificuldades do setor produtivo, pressionado por aumento de custos salariais, uma taxa de câmbio programada para combater a inflação — portanto, valorizada — e as dores de cabeça de sempre com a infraestrutura e a burocracia. Apenas para citar algumas agruras do empresariado.

De aviso prévio em contagem regressiva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a redução do Imposto de Renda, de 34% para 25%, sobre o lucro de subsidiárias de grupos nacionais no exterior. Visa a mitigar uma das grandes dificuldades enfrentadas por pessoas jurídicas e físicas, a carga tributária.

Na realidade, o objetivo da candidata à reeleição é, a menos de um mês do primeiro turno das eleições, dar um aceno aos empresários, já há algum tempo descrentes da capacidade de o governo Dilma Rousseff corrigir os erros cometidos na política econômica. Daí sua cautela, expressa na baixa taxa de investimento na economia — 17% do PIB, aproximadamente, quando são necessários cerca de 25% para o país crescer numa velocidade de cruzeiro de 4% a 4,5% ao ano, o ideal.

O aceno amistoso é inútil, mais ainda neste momento em que fica cada vez mais evidente que o PT deverá enfrentar a eleição presidencial mais difícil desde 1998, quando Lula foi derrotado pela segunda vez consecutiva por Fernando Henrique (PSDB).

Já era tempo de o Planalto ter percebido que ações dirigistas, tópicas, são inócuas. Ao ampliar a desoneração da folha de pagamentos, parecia que o governo havia se curvado ao bom senso. Mas não.


A história deste governo Dilma é a história do desdobramento de uma política econômica "desenvolvimentista", cujas fundações começaram a ser lançadas na fase final do primeiro governo Lula, quando, em 2005, José Dirceu deixou a Casa Civil, devido ao mensalão, sendo substituído por Dilma. O afastamento da Fazenda de Antonio Palocci, no ano seguinte, colocou neste ministério Guido Mantega, o executor disciplinado de ideias da economista Dilma.

Eleita presidente, ela teve espaço livre para arriscar o tal "novo marco macroeconômico", o suprassumo do intervencionismo: juros no chão, câmbio desvalorizado e pé no acelerador dos gastos. Tudo na base do voluntarismo, nos atos de vontade de quem manda.

O poder, no entanto, não é suficiente para mudar a realidade, mostra de maneira copiosa a História. Foi assim que o país chegou à incômoda mistura de virtual estagnação com inflação elevada e resistente, além de contas externas no vermelho e as internas caminhando na mesma direção, tanto que piruetas contábeis são realizadas para maquiar a preocupante realidade. Não será um alívio tributário isolado que retocará este cenário.

O atirador da presidente - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S.PAULO - 17/09


Causando estragos a torto e a direito na campanha presidencial, a entrada em cena de Marina Silva como candidata do PSB e a sua imediata disparada nas pesquisas de intenção de voto reduziram as chances do tucano Aécio Neves de ser o contendor da presidente Dilma Rousseff no segundo turno e fizeram descarrilar a estratégia petista de campanha. Tendo se preparado, antes da tragédia que matou o pernambucano Eduardo Campos, para soltar os cachorros em cima do senador mineiro - tornando a enveredar pelo caminho seguido pelo partido em 2006 contra Geraldo Alckmin e em 2010 contra José Serra -, o comando da operação Dilma+4 trabalhava, não obstante, com a hipótese realista de que, na segunda volta, ele aglutinaria com força total o sentimento de rejeição à herdeira de Lula, agravado pela convicção de que, ao cabo de 12 anos, o PT no poder já deu o que tinha para dar.

Com o quadro eleitoral de ponta-cabeça, os condutores da campanha dilmista parecem ter chegado à conclusão de que só lhes restava uma alternativa para enfrentar a reviravolta - transformar desde logo a disputa em um segundo turno. A nova tática solaparia os ganhos obtidos por Marina, a ponto de fazê-la perder a parada de 5 de outubro, com o que ela começaria debilitada o embate para o verdadeiro tira-teima de três semanas adiante, depois de lhe terem servido o pão que o diabo amassou. Na prática, a mudança significaria duas coisas - ou duas faces de uma coisa só: antecipar tanto o início da "campanha negativa", a temporada de agressões à rival, como a subida aos palanques, dia sim, o outro também, do ex-presidente patrono de Dilma. Com a esperteza adicional de que ele e não mais a sua afilhada é quem apertaria o gatilho para "desconstruir" a imagem de Marina.

Uma segunda novidade reforçaria o plano de não deixar para amanhã as baixarias que podem ser cometidas hoje. Trata-se das revelações atribuídas ao ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, nos depoimentos que tinha se oferecido a dar ao Ministério Público e à Polícia Federal (PF) para ver reduzidas ou anuladas as penas a que está sujeito pelos crimes cometidos na estatal, em conexão com o tráfico de divisas do cambista seu parceiro Alberto Youssef. A sociedade foi desbaratada pela Operação Lava Jato, da PF. Na sequência de suas "delações premiadas", Costa teria citado mais de 30 beneficiários do esquema, entre eles o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, o do Senado, Renan Calheiros, e pencas de outros políticos também alinhados com Dilma. Ela sentiu o golpe e perdeu o prumo. Tentando abrigar-se da tormenta, alegou, em um assomo de cinismo, que "não tinha a menor ideia de que isso ocorria dentro da empresa".

Mais uma missão para Lula. Secar o escândalo torrencial, fazendo um cavalo de batalha com o fato de o programa de Marina citar somente uma vez o pré-sal, enquanto valoriza outras fontes de energia. (Nas imagens da propaganda dilmista, a posição da adversária literalmente tira a comida da mesa dos brasileiros.) E eis que anteontem o ex-presidente, enfiado em um macacão laranja da Petrobrás, comandou um ato de campanha travestido de manifestação sindicalista de solidariedade à empresa, diante da sua sede no centro do Rio. O palanqueiro se desdobrou. Ora equiparou as denúncias de corrupção na estatal a um "erro qualquer", ora disse que a CPI da Petrobrás serve para "achacar empresários", ora ainda se pôs a dar lições a Marina. Ela deveria proibir os seus economistas de falar, porque "um fala mais bobagem que o outro", e deveria saber que "se tem cargo que você não pode terceirizar é o de presidente da República".

A tarefa de fazer terrorismo eleitoral ele terceirizou para um veterano da violência, o líder do MST, João Pedro Stédile, de quem Dilma mantém prudente distância. O ferrabrás ameaçou infernizar um eventual governo da ex-ministra que amalgamava a causa ecológica com a dos sem-terra. "A dona Marina que invente de colocar a mão na Petrobrás", trovejou, "que voltaremos aqui todos os dias." Resta ver se a ideia de pôr Lula a bater já agora na candidata não se voltará contra Dilma quando ela mais precisará de eleitores.

De bobagem em bobagem - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

GAZETA DO POVO - PR - 17/09

Lula, ao dizer que Marina Silva devia “proibir seus economistas de falar”, dá novas mostras de não ter o menor apreço pelo debate de ideias


O Brasil inteiro conhece muito bem o ex-presidente Lula. Sobretudo, conhece e incorporou ao folclore nacional as inesgotáveis pérolas que ele costuma produzir em seus copiosos discursos. A mais recente delas veio na segunda-feira, em recente manifestação política no Rio de Janeiro: a candidata adversária Marina Silva (PSB) deveria “proibir seus economistas de falar, porque cada um fala mais bobagem que o outro”. Lula participava de um “abraço” à sede da Petrobras, um ato de solidariedade aos seus trabalhadores e de repúdio aos que, supostamente, se mostram contrários à exploração do pré-sal – postura que, segundo o PT, incluiria Marina por ela não fazer referência, em seu programa de governo, a políticas destinadas a desenvolver o filão submarino riquíssimo em óleo, teoricamente capaz de levar o país ao restrito grupo dos maiores produtores mundiais de petróleo.

Não foram especificadas, no discurso de Lula, as “bobagens” de autoria dos assessores econômicos de Marina Silva, daí a dificuldade de uma análise mais profunda a respeito da afirmação do ex-presidente. O que se sabe, sim, é que os economistas costumam fazer críticas ao modelo econômico adotado pelo atual governo. No domingo, o jornal O Globo publicou entrevista de Alexandre Rands, coordenador econômico do programa de Marina, em que ele ataca a maneira como Dilma trata os empresários. Eduardo Giannetti, outro economista que assessora a candidata do PSB, vem criticando o abandono do tripé macroeconômico que garantiu a estabilidade do país conquistada no Plano Real.

Não é impossível que, de fato, os economistas que assessoram Marina falem bobagens eventualmente, assim como bobagens saem cotidianamente de inúmeras bocas que verbalizam posições de diferentes segmentos de opinião e de partidos políticos. Mas é bem provável que Lula esteja apenas se referindo às críticas feitas por Rands e Giannetti. Críticas, aliás, que não são exclusividade deles, como mostramos em editorial no domingo passado.

Justiça seja feita: o ex-presidente não disse, como alguns mais afoitos chegaram a insinuar, que os economistas deviam ser formalmente censurados. Mas a disposição de, diante das críticas, mandar calar em vez de ouvir e debater não é nova no discurso de Lula (basta lembrar sua reação no caso dos economistas que prepararam um relatório para clientes do banco Santander), refletindo o autoritarismo retrógrado de alguns de seus colaboradores – como o ex-ministro Franklin Martins e o presidente do PT, Rui Falcão – que, diante de manifestações de pensamento diferentes das suas, pregam a censura. Defendem, por exemplo, o tal “controle social da mídia”, eufemismo que utilizam para garrotear a liberdade de imprensa e de expressão no país.

Estamos vivendo os dias finais de um período importante para o futuro do Brasil. Dentro de duas semanas, mais de 100 milhões de brasileiros irão às urnas para decidir quem será o próximo presidente da República. Mas, à exceção do heroico esforço da imprensa para desvendar o que os candidatos realmente pensam, os eleitores têm poucas oportunidades de, mediante debate mais profundo das ideias e propostas de cada um, saber qual deles defende menos bobagens que os demais. Na verdade, o que mais temos visto nesta campanha presidencial é justamente a pobreza de debate de ideias e proposições sensatas, equilibradas e centradas no desenvolvimento social e econômico do país, prevalecendo os ataques pessoais, exagerando-se na exploração publicitária do medo e da insegurança. E, quando emerge qualquer tentativa de discutir seriamente o modelo econômico escolhido pelo atual governo, Lula quer cortar o debate no nascedouro. Isso, sim, é bobagem.

Silêncio conveniente - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 17/09


Ex-diretor da Petrobras dará novo depoimento no Congresso, mas políticos não têm interesse real em levar adiante investigação rigorosa


Será curioso observar o comportamento dos congressistas na sessão da CPI mista da Petrobras que ocorre hoje (17).

Constituída por deputados e senadores e encarregada de investigar desvio de recursos da empresa, a Comissão Parlamentar de Inquérito receberá Paulo Roberto Costa. O ex-diretor de Abastecimento da estatal dará seu segundo depoimento em menos de quatro meses.

Na primeira ocasião, em 10 de junho, não teve dificuldades. Perante uma comissão formada só por senadores e boicotada pela oposição, Costa minimizou a importância de suas declarações: "Não me considero homem-bomba".

Seus inquiridores acreditaram --ou assim fingiram. Deram-se por satisfeitos com o que lhes disse o ex-diretor, inclusive quando, sustentando que a Petrobras não era um balcão de negócios, repudiou a alegação de que a estatal abrigaria uma organização criminosa.

O próprio Costa, porém, encarregou-se de mostrar o quanto os senadores, por comodismo governista ou interesses escusos, exageravam na demonstração de candura.

Preso no dia 11 de junho, após terem sido descobertas contas secretas que possuía na Suíça, o ex-diretor da Petrobras aceitou um acordo de delação premiada. Ou seja, em troca de reduzir sua pena, revelaria em juízo o que sabe. E deu a entender que sabe muito.

Trânsito na empresa ele tinha. Começou a trabalhar na Petrobras em 1977. Alcançou a diretoria de Abastecimento, por indicação do PP. Permaneceu no posto de 2004 a 2012, com apoio do PT e do PMDB.

Nem por isso é necessariamente verdade o que disse na delação. Segundo se noticiou, o equivalente a 3% dos contratos da estatal eram desviados. Estariam envolvidos governadores, senadores, deputados e ex-ministros de Estado --todos aliados da gestão petista.

Factível o esquema é; comprovado, contudo, não está. A mesma pessoa que negou a corrupção com uma mão a afirmou com a outra. Essa contradição ainda precisa ser esclarecida, e os congressistas da CPI mista terão a oportunidade de fazê-lo. Não há razão, todavia, para crer que isso aconteça.

Primeiro, Costa poderá exercer o direito de nada responder, a fim de não sacrificar a delação premiada, que exige sigilo sobre as informações prestadas. Mais importante, os parlamentares não têm interesse em uma investigação rigorosa.

Grandes financiadores de campanha negociam com a Petrobras, e não será em meio à eleição que políticos tocarão em tema espinhoso para tantos partidos. No máximo haverá o conhecido teatro das CPIs, no qual congressistas simulam indignação, e o depoente pouco acrescenta ao que já se sabe.

O silêncio de Paulo Roberto Costa, como se vê, é conveniente para a situação e para a oposição, que estarão livres para fazer as perguntas mais duras --mesmo as que jamais gostariam de ver respondidas.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

“Sei o que é passar fome”
Marina Silva (PSB), desmentindo fofoca petista de que acabaria com o Bolsa Família


PETROLÃO: ALIADOS SUSPEITAM QUE PT VAZOU NOMES

As cúpulas do PMDB, do PP e do PROS desconfiam que o PT estaria na origem do último vazamento de nomes revelados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato. O objetivo do PT seria retirar o foco do governo Dilma, maior atingido pela delação premiada, e pressionar os aliados a participarem da “operação abafa” durante o depoimento do ex-diretor na CPMI da Petrobras.

NOVOS NOMES

Além de Delcídio Amaral (PT), vazaram os nomes de Eduardo Cunha (PMDB), Cid Gomes (PROS) e Francisco Dornelles (PP).

BOM MOTIVO

O PMDB vê ainda outro motivo para o PT incentivar o vazamento: minar candidatura de Eduardo Cunha à Presidência da Câmara.

CONFIDENCIAL

A expectativa na CPMI da Petrobras é que Costa alegue compromisso de sigilo com o Ministério Público Federal e se mantenha em silêncio.

PANFLETO CENSURADO

Funcionários da Petrobras foram impedidos de jogar das janelas papéis com a imagem de algemas, durante ato petista “em defesa” da estatal.

CONGRESSO ‘TRABALHA’ MENOS DA METADE DO ANO

A Câmara e o Senado custarão mais de R$ 8,7 bilhões, em 2014, mas trabalham tão pouco que deveriam indenizar os contribuintes que os sustentam: os dias de fato trabalhados nas duas casas não chegarão à metade dos 365 dias do ano – em razão dos recessos, oficiais ou “brancos”, Copa e eleições. Os políticos não aparecem para trabalhar, mas recebem os salários de R$ 26.723,13 rigorosamente em dia.

LETRA MORTA

A Constituição prevê perda do mandato de quem faltar a um terço das sessões. Mas, no Congresso, os presidentes fecham os olhos.

PARA INGLÊS VER

Os parlamentares definem quando há sessão, mas eles adequam o calendário institucional à conveniência pessoal, sem cerimônia.

VADIAGEM

Após o recesso do meio do ano, os parlamentares “trabalharam” dois dias em agosto, outros dois em setembro. Agora, só em outubro.

ATO DE VIOLÊNCIA

Não surpreende que o governador cearense Cid Gomes, aprendiz de tiranete, tente censurar a revista IstoÉ por denunciar seus malfeitos, mas espanta que a Justiça o ajude a fazer da democracia uma piada.

BLACK OPS

Não é só o delegado e deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) que suspeita de atentado na morte de Eduardo Campos. Wayne Madsen, do Strategic Culture Foundation, acredita em atentado da CIA. Pela sua teoria conspiratória, o objetivo seria prejudicar a reeleição de Dilma.

PRESTÍGIO ADQUIRIDO

Com doações de R$ 2,39 milhões a candidatos só entre julho e agosto, a banqueira socialista Neca Setúbal, herdeira do Itaú, adquire baratinho o posto de uma das pessoas mais influentes no futuro Congresso.

ALDO É GRACILIANO

O ministro Aldo Rebelo (Esporte), alagoano como Graciliano Ramos, é o brasileiro com o tom de voz mais parecido com o genial autor de Vidas Secas, segundo revelaram seus familiares à produção de um programa da Globonews que vai ao ar na próxima sexta-feira (19).

FORA DO AR

O falecimento do presidente do Santander deve ter afetado seu pessoal no Brasil. Ontem, suas operações on-line não funcionaram, tampouco o banco informou se vai arcar com os prejuízos causados à clientela.

BOMBA? ARMA? UM LIVRO

Ministro de Dilma, que pediu para não ser identificado, fez encomenda numa livraria de Buenos Aires, e no dia seguinte o livro lhe foi enviado. Mas ficou retido na burocracia dos Correios e da Receita brasileira por 40 dias. Certamente tentavam decifrar que objeto estranho era aquele.

VEXAME A CAMINHO

No PSDB, o temor é que a contínua lipoaspiração de votos, decorrente da polarização entre Dilma e Marina, conduza o candidato Aécio Neves a um vexame histórico. Tipo Alemanha 7 x 1 Time do Felipão.

ROMBO BILIONÁRIO

Vinte entidades, lideradas pelo Instituto de Ética Concorrencial e Fórum Contra Pirataria, esperam dos presidenciáveis o combate à pirataria e ao contrabando, que geram prejuízo de R$ 30 bilhões ao País.

OLHANDO BEM...

...algumas figuras no “ato em defesa da Petrobras”, estes dias, fizeram lembrar a piada do suspeito em fuga gritando “pega ladrão!” para despistar.


PODER SEM PUDOR

EMPREGO DE ÍNDIO

Antônio Anastasia era secretário executivo do Ministério da Justiça, no governo FHC, quando foi designado presidente interino da Funai. Ele quis assumir logo na manhã seguinte. Mal seu carro entrou na garagem da Funai, reparou num grupo de índios xavantes. O motorista gelou:

- Acho que eles esperam alguém...

- Vamos embora, rápido! - ordenou Anastasia, ao notar que os índios usavam pinturas de guerra e tinham bordunas nas mãos.

De volta ao civilizado prédio do Ministério da Justiça, Anastasia implorou ao chefe, ministro José Gregori, muy amigo, a substituição.