terça-feira, junho 24, 2014

Algemas verdes - RODRIGO CONSTANTINO

O GLOBO - 24/06

Os ambientalistas são uma seita que mascara profundo desprezo pelo avanço capitalista e tenta monopolizar a legítima preocupação com o meio ambiente


Nosso planeta está na iminência de derreter e, para salvá-lo, é preciso mudar radicalmente nosso estilo de vida, abandonar o progresso industrial e delegar poder absoluto aos governos. Ao menos é isso que muita gente quer que acreditemos. São os ambientalistas, uma seita que mascara profundo desprezo pelo avanço capitalista e tenta monopolizar a legítima preocupação com o meio ambiente.

Contra essa ameaça, o ex-presidente da República Tcheca Vaclav Klaus escreveu o excelente livro “Planeta azul em algemas verdes”, afirmando que é a liberdade, não o clima, que corre verdadeiro perigo atualmente. Klaus considera o risco “verde” mais sério do que o comunismo, e isso, vindo de alguém que sofreu intensamente sob o regime comunista, é algo que merece atenção.

“O aquecimento global tornou-se símbolo e exemplo da luta entre a verdade e a propaganda. A verdade politicamente correta já foi estabelecida e não é fácil opor-se a ela”, diz ele. A postura de muitos ambientalistas remete àquela de seitas religiosas fanáticas. Há uma “verdade” absoluta revelada, os “profetas” (como Al Gore e companhia), e os “hereges”, que adotam posição mais cética e demandam cautela.

O regozijo pessoal que vem com a sensação de superioridade moral apenas por pertencer a esse grupo de “escolhidos” que deseja “salvar o planeta” fica acima dos fatos e da razão, impedindo qualquer debate construtivo. É preciso atacar o “inimigo”, rotular com adjetivos chulos aqueles que não aceitam sem reservas o catastrofismo vendido pelos ambientalistas.

No começo, muitos se mostraram preocupados com os rumos dos “debates”, com o excesso de pânico infundado que foi incutido nos mais leigos, com a politização oportunista da ciência. Hoje, como confessa Vaclav Klaus, a preocupação deu lugar à fúria, pois é revoltante ver como a coisa desandou, transformando-se em uma perigosa ideologia coletivista que asfixia nossas liberdades.

O tcheco, que é economista, afirma que o problema com as mudanças climáticas tem mais a ver com as ciências sociais do que com as naturais. Citando os austríacos Hayek e Mises, o ex-presidente lembra que a “arrogância fatal” e o “cientificismo” ofuscam toda a ignorância das autoridades e dos especialistas em relação a um fenômeno complexo como o clima. A analogia com os planejadores centrais comunistas em relação à economia é evidente demais.

A “ordem espontânea” está no centro dos ataques dos ambientalistas, da mesma forma que faziam os marxistas. Eles rejeitam as liberdades individuais e depositam uma fé ingênua e absurda nos “clarividentes” e “onipotentes” tecnocratas e políticos. O modelo capitalista se tornou o principal alvo da ideologia ambientalista. Klaus resume: “Se levarmos o raciocínio dos ambientalistas a sério, descobriremos que defendem uma ideologia anti-humana. Essa ideologia vê como causa fundamental dos problemas do mundo a própria evolução do homo sapiens”.

Para concentrar cada vez mais poder e recursos no estado, a sensação de grande perigo precisa ser constante. Somente assim se justificam medidas drásticas que ignoram completamente qualquer relação de custo e benefício, qualquer alternativa mais racional para o uso de recursos escassos. Se o que está em jogo é “salvar o planeta” que será destruído a qualquer momento, então pro inferno até com a democracia, bolas!

S. Fred Singer, físico atmosférico da Universidade de Virgínia, faz uma pergunta importante: “Por que deveríamos dedicar nossos escassos recursos ao que é, em essência, um não problema, e ignorar os problemas reais que o mundo enfrenta: a fome, as doenças, o desrespeito aos direitos humanos — isso para não mencionar as ameaças de terrorismo e guerras nucleares?”

A imprensa, que vende mais quando há desgraças e catástrofes iminentes, ajuda a disseminar o medo infundado. Não chegam aos leigos fatos importantes, como a enorme quantidade de cientistas renomados que rejeitam as mensagens e a linguagem catastrofista do IPCC, ligado à ONU. Tampouco há a consciência de que existem muitos interesses em jogo, já que os próprios governos financiam boa parte das pesquisas que dão respaldo às soluções propostas de mais poder aos governos.

Václav Klaus conclui: “O atual debate sobre o aquecimento global é, portanto, essencialmente um debate sobre a liberdade. Os ambientalistas adorariam subjugar todos os aspectos possíveis (e impossíveis) de nossas vidas.” Se quisermos preservar nossas liberdades e o progresso capitalista, então é preciso combater a histeria dos ambientalistas.

Tiroteio a esmo - DORA KRAMER

O ESTADÃO - 24/06

A julgar pelos discursos dos três oradores que importavam na convenção nacional do PT - considerando que Michel Temer estava ali por honra da firma -, Rui Falcão, Luiz Inácio da Silva e Dilma Rousseff, por ordem de entrada em cena, o partido ainda não chegou a um acordo sobre qual a abordagem mais eficaz junto ao eleitor de 2014.

Cada qual foi numa direção diferente, não raro dizendo uma coisa em oposição a outra. Um exemplo: Falcão, o presidente do partido, avaliou que essa será a eleição mais difícil que o PT já enfrentou e pregou a guerra contra a oposição "homofóbica, odienta e fundamentalista".

Lula, o presidente de honra, afirmou que é preciso parar de dizer que a eleição será difícil; Dilma, presidente da República, pregou uma campanha "da paz", sem rancor. Eram três personagens encarnando três papéis diversos no palco. Sim, são pessoas diferentes, mas do roteiro de um partido que procura um mesmo objetivo espera-se ao menos unidade de pensamento. Não foi o que se viu no último sábado.

Rui Falcão entrou para, como se dizia antigamente, botar fogo na roupa, fazer do ressentimento um motor do entusiasmo genuinamente inexistente pela candidata. O que faltava de ardor por Dilma sobrava no clamor do grito "mídia fascista, sensacionalista", quando Falcão apontou os meios de comunicação como "arautos do mau humor que levam o negativismo para dentro da casa do povo".

Pode-se argumentar que o objetivo era mobilizar a militância. Dois problemas nesse argumento. Primeiro, o pequeno número de militantes ali presentes, devido à opção de fazer uma convenção em recinto acanhado, com a finalidade principal de produzir cenas para o programa de TV. Não seria dali que sairiam hordas de guerreiros.

Segundo problema: as propostas apresentadas como palavras de ordem para a militância são de fato palavras ao vento - por inexequíveis -, e a direção partidária sabe disso. Falou-se no plebiscito para a reforma política por meio de Constituinte exclusiva, marcando até data, 7 de setembro próximo - sugestão já devidamente morta e enterrada.

Voltou-se a falar na "democratização dos meios de comunicação", sabendo-se que tal proposta não tem aceitação entre nenhum dos partidos com representação no Congresso além do PT. Ou seja, convidou-se a militância a enxugar gelo.

Em seguida, falou Lula. Uma apoteose. Ali se viu quem o partido queria realmente como candidato, a quem o PT segue e venera. Foi o Lula de sempre, das metáforas, da quase lógica, da mistura de alhos com bugalhos, das mistificações, mas um exímio animador de auditórios.

Ao fim e ao cabo ficou a impressão de que vai jogar na tese de que inventou o Brasil Maravilha e que a ele os brasileiros devem toda sua gratidão. Além de dizer que a eleição não será assim tão difícil, mas "sui generis", avisou aos adversários "que se preparem", pois o PT se elegeu primeiro por quatro anos, depois por mais quatro e mais quatro, "e pode ficar no poder até a metade do século 21". Deve ter um plano e, pelo jeito, passa pela máquina do Estado.

Para encerrar a convenção, a presidente Dilma. Em ritmo de anticlímax, com um discurso cansativo que provocou dispersão na plateia e visível tédio em petistas sentados às duas mesas montadas no palco. Contrariando o tom dos antecessores e a própria personalidade, acenou com a "paz". Por uma hora enumerou seus feitos naquele conhecido tom maçante. "Produção de conteúdo para o horário eleitoral", justificava a assessoria. Mas, se aborreceu os correligionários ao ponto de enrolarem suas bandeiras, deixarem o recinto para lanchar ou comprar na lojinha do PT nas salas ao lado e os que ficaram preferirem conversar, esse conteúdo é capaz de não entusiasmar muito o eleitorado.

Ao contrário, porém, do "jingle" da campanha, "Coração valente", um forrozinho bom que só.

Depois da Copa - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 24/06

País toma anestesia local, não geral, faz festa com o futebol, mas o eleitor continua insatisfeito


A BRISA ALEGRE da Copa até agora festiva dissipou os miasmas que deixavam o clima pesado até faz muito pouco: 12 dias. Mas os maus humores terão escorrido para o ralo? O que será quando a Copa acabar, o que, esperamos, ocorrerá com vitória em 13 de julho?

A anestesia futebolística não foi geral, mas local. Os insatisfeitos com governo, política e economia ganharam adesões, dizem as pesquisas. Mas até para militantes é difícil viver em tensão permanente. A maioria de nós parece ter resolvido fazer um pouco de festa; não mudou de opinião.

Nos últimos meses, falamos muito de política e governo por meio de símbolos tais como a Copa ou, entre minorias, na guerra "ideológica" desencadeada por questões que foram dos rolezinhos aos insultos contra Dilma Rousseff.

Pouco antes, foi comum se tratar de insatisfações diversas, quando não adversárias, por meio da crítica genérica dos "políticos", de um Estado distante, que não oferece serviços públicos, quando não é apenas fonte de opressão física.

No rescaldo de um ano de revolta, os partidos e candidatos maiores apareceram mais desprestigiados que de costume, vide a quantidade de "votos de protesto" (nulo, branco, nem aí etc).

Findo o show da Copa, começa sem mais o show da eleição. Se a insatisfação de fundo continuar, contra governos e políticos em geral, quais contornos terá? Ainda haverá "rua"? Militantes, como os sem-teto e os do passe livre, em São Paulo, não vão submergir sem mais. Difícil é, a princípio, imaginar que o combustível das manifestações não tenha diminuído desde junho do ano passado e depois da Copa.

Os fatores de irritação mais difusa, cotidiana, não desapareceram, pelo contrário. Ainda que o mau humor econômico tenha sido exagerado em abril e maio, a economia real declina de fato e mais do que o esperado, inclusive no emprego. A mais recente previsão dos economistas privados estima que o PIB deve crescer menos que 1,2%, quase estagnação.

Há chance razoável de notícias simbolicamente ruins em julho e agosto (não serão boas de modo algum, mas devem soar ainda pior): inflação talvez acima do teto da meta, PIB zero, demissões em indústrias visíveis, com sindicatos fortes. Haverá algum motivo e muita oportunidade para o acirramento de ânimos políticos.

O governo decerto vai contra-atacar. Vai lançar o Minha Casa, Minha Vida fase 3 ainda em julho. Vai trombetear para o público menos informado e pobre os programas sociais que patrocinou, muito extensos, goste-se ou não deles.

Para o eleitorado minoritário mais dado à política-politiqueira, haverá mais motivos para decepção ou nojo, dada a barafunda de alianças cruzadas entre partidos. A oposição federal alia-se regionalmente a aliados nacionais do governo, entre outras indignidades. Pequenos e provincianos, os candidatos maiores não se dão conta do tamanho da repulsa que realimentam.

Não há motivos para acreditar que a fervura baixe. Está mais difícil de saber como tal desgosto vai se expressar. Em ano de eleição nacional, era de esperar que partidos maiores dessem sentido às revoltas mais comuns, ao menos. Só que não. Ainda, ao menos.

A herança para 2015 - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S.PAULO - 24/06


Quem vencer a eleição presidencial no fim do ano terá de pensar, com urgência, em como carregar a desastrosa herança econômica deixada pelo atual governo. Se for reeleita, a presidente Dilma Rousseff precisará mudar muito mais do que prometeu no discurso de lançamento de sua candidatura. A parte mais visível da herança está indicada nas projeções de inflação alta, crescimento baixo e contas externas ainda em mau estado formuladas por economistas de uma centena de instituições financeiras e consultorias. Essas projeções são coletadas semanalmente pelo Banco Central (BC) na pesquisa Focus.

Na pesquisa divulgada ontem, a inflação estimada para 2014 continuou em 6,46%, muito perto do limite de tolerância, 6,50%, mas o número previsto para o próximo ano subiu ligeiramente, de 6,08% para 6,10%. A variação pode parecer pequena, mas está longe de ser insignificante. Na mesma sondagem, a alta projetada para os preços administrados chegou a 7%. Na semana anterior, a taxa estimada era 6,85%. Quatro semanas antes, 6,50%.

A mensagem contida nesses números parece muito clara. Economistas do mercado continuam prevendo um forte ajuste, em 2015, dos preços e tarifas contidos politicamente. Esse grupo inclui preços de combustíveis e tarifas de energia elétrica e de transporte público.

Parte desses valores tem sido corrigida neste ano, mas em proporção insuficiente para eliminar o atraso.

Com a correção, a defasagem poderá até desaparecer. Dificilmente serão compensadas, no entanto, as perdas acumuladas pelas empresas prestadoras de serviços e pela Petrobrás, vítima habitual do controle político dos preços de combustíveis.

O primeiro ano de um mandato - novo ou renovado - é em geral o mais propício, politicamente, para medidas duras na área econômica. Mas o governo terá de ser muito mais severo e ambicioso do que tem sido há muito anos. Se quiser, de fato, conduzir a inflação à meta, 4,5%, terá de cuidar mais seriamente das contas públicas, cortar a gastança e ser muito mais seletivo na concessão de benefícios fiscais.

Os incentivos concedidos a partir da crise de 2008 foram inúteis para estimular o crescimento geral ou perderam eficácia muito rapidamente. As contas nacionais deixam pouca ou nenhuma dúvida quanto a isso. Não há, portanto, como defender tecnicamente a manutenção dessa estratégia.

O governo deveria saber disso, mas prorrogou na semana passada parte dos incentivos. Reafirmou, assim, a disposição de continuar trabalhando com remendos tributários, em vez de batalhar por uma efetiva reforma do sistema. Para mudar de rumo, as autoridades terão de mostrar coragem, afastar-se do populismo e exibir imaginação e competência.

Quanto mais séria a política fiscal, menos o BC precisará elevar os juros para conter os preços. De todo modo, uma política monetária menos sujeita a interferências da cúpula governamental poderá ser mais eficaz. Quanto maior a credibilidade do BC, maior tende a ser o efeito de suas ações. Isso tem sido comprovado pela experiência internacional.

As projeções do mercado indicam, também, uma piora das expectativas de crescimento. O quadro geral inclui, além da inflação elevada neste e no próximo ano, estimativas menores de expansão econômica. Em uma semana a previsão para 2014 caiu de 1,24% para 1,16%. Para 2015, a redução foi de 1,73% para 1,60%, mesmo sem a expectativa de ações muito mais duras contra a inflação.

Para a produção industrial neste ano, a mudança foi de um crescimento de 0,51%, abaixo de medíocre, para uma contração de 0,14%. Para 2015, a expansão prevista aumentou de 2,25% para 2,30%, um número ainda muito ruim e explicável, pelo menos em parte, pela base de comparação muito baixa.

O quadro se completa com um desempenho fraco no comércio exterior, com superávits previstos de US$ 2 bilhões neste ano e US$ 10 bilhões no próximo. São resultados muito baixos para as necessidades do País, por causa do déficit estrutural em serviços e rendas.

A ciência gordurosa - JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 24/06

Hoje, não se come mais para viver. Come-se para viver até aos cem --uma importante revolução civilizacional


Vou ao supermercado e fico pasmo com os produtos nas prateleiras. Não falo da quantidade de iogurtes, bolachas, pastas dentifrícias ou papel higiênico que me transformam no famoso burro de Buridan --o asno do paradoxo filosófico que morre de fome por não saber qual dos pedaços de feno escolher. De fato, tanta variedade paralisa qualquer um.

Falo de outro fenômeno igualmente agônico: a quantidade de produtos alimentares que parecem diretamente saídos de um consultório médico.

Um iogurte não é um iogurte, com um determinado sabor e uma determinada textura. É quase um remédio de farmácia que promete diminuir o colesterol e controlar 50 outros indicadores orgânicos igualmente importantes para a saúde do sujeito.

E quem fala em iogurtes, fala em sucos (com seu cortejo de vitaminas), batatas fritas (com reduções heroicas na quantidade de sal) e até chocolates (alguns deles prometem melhorar o fluxo arterial). Como se chegou a isto?

Verdade: com a "morte de Deus" e o fim de uma vida transcendente, cuidar do corpo transformou-se na única religião dos homens modernos. De tal forma que nem a gastronomia está a salvo: antes do prazer ou da mera fome, está primeiro a saúde. Hoje, não se come mais para viver. Come-se para viver até aos cem --uma importante revolução civilizacional.

Honestamente, nem sei por que motivo não se abrem restaurantes em hospitais, com refeições cozinhadas por médicos e servidas por enfermeiros. No final, o cliente faria análises ao sangue e só pagaria a conta se tivesse o número certo de triglicerídeos.

O problema é que nem no hospital o cliente estaria a salvo. Desde logo porque é cada vez mais difícil saber o que comer: existem estudos, publicados a um ritmo demencial, que dizem uma coisa e o seu contrário. Às vezes, na mesma semana --ou até no mesmo dia.

A carne vermelha é má, defendem uns. A carne vermelha é ótima, garantem outros. Sobre os laticínios, há opiniões para todos os gostos: são puro veneno; são simplesmente insubstituíveis. E até as gorduras, que deveriam ser um inimigo consensual, parece que não são tão inimigas assim.

A revista "Time", aliás, dedicou matéria especial ao fenômeno: durante décadas, o país declarou guerra às gorduras. Que o mesmo é dizer: incluiu no Index da dieta nacional a carne vermelha, os ovos, os laticínios, a manteiga. A mensagem era simples: conservar um coração saudável implicava dizer adeus a todo esse lixo. Conclusão?

Os americanos foram dizendo adeus ao lixo, optando por aves, leite magro ou cereais. Infelizmente, a mudança na dieta não os tornou mais saudáveis. Pelo contrário: o país está mais doente do que nunca.

A diabete de tipo 2 aumentou 166% entre 1980 e 2012. Os problemas do coração continuam no topo da lista --e das mortes. E, sobre a obesidade, estamos conversados: falar dos Estados Unidos é imaginar uma nação disforme de glutões disformes. Explicações?

Não, a gordura não é o papão que se imaginava, explica a revista. Não entro em termos técnicos, até porque eles são demasiado gordurosos para mim. Mas parece que a gordura do peixe e dos vegetais é boa para o coração. E até a gordura "suspeita" de um bom filé (cozinhado com manteiga, claro) tem vantagens respeitáveis na limpeza do mau colesterol.

Os verdadeiros inimigos, hoje, são os carboidratos presentes nos açúcares, nos doces, nos farináceos. Isso, claro, enquanto não surgir um novo estudo a defender precisamente o contrário --ou, pelo menos, a colocar as coisas na suas devidas proporções.

E eu? Que fazer perante essa selva de alarmes contraditórios?

Nada. Rigorosamente nada. Perdido no supermercado, vou retirando das prateleiras os alimentos que a ciência aprova e desaprova nos dias pares e ímpares, respectivamente.

E confesso que as gorduras continuam a ter espaço generoso na minha dieta animalesca. Não que eu me orgulhe disso, cuidado. Mas enquanto não existirem estudos definitivos sobre o assunto, prefiro seguir as recomendações da minha ilustre dra. Gula.

Soberba e populismo - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S.PAULO - 24/06

Há uma característica peculiar no DNA do PT que tem dificultado a articulação de alianças em torno da candidatura de Dilma Rousseff à reeleição: a soberba. A arrogância do comando lulopetista, que posa de monopolista da virtude e despreza os aliados porque age por puro fisiologismo, tem sido responsável por importantes reveses nesta pré-campanha eleitoral. O mais recente é a decisão do PMDB fluminense de apoiar a candidatura de Aécio Neves à Presidência em dobradinha com a do governador Luis Fernando Pezão à reeleição.

A dissidência do PMDB fluminense não se enquadra exatamente na galeria dos episódios louváveis que honram a política brasileira. É pura e simplesmente o desdobramento do toma lá dá cá que o PT não inventou, mas empenhou-se diligentemente em aperfeiçoar ao longo de quase 12 anos no poder. Desde a eleição ao governo estadual do peemedebista Sérgio Cabral em 2006, coerente com a orientação da direção nacional do partido, o PMDB fluminense e o governador em particular posicionaram-se com armas e bagagens no séquito de Luiz Inácio Lula da Silva. A ligação entre Lula e Cabral parecia tão sólida que este chegou a sonhar, em 2010, em ser o vice de Dilma Rousseff. Teve de se contentar com a candidatura à reeleição.

Mas a decepção definitiva de Cabral veio quando, em vez de honrar a aliança apoiando o candidato dele à própria sucessão, o PT optou por aceitar o fato consumado da candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo do Estado, até porque a popularidade de Cabral caíra vertiginosamente, contaminando a de Pezão. Agora, Cabral e o PMDB fluminense dão o troco. Oficialmente, Pezão e Cabral continuarão apoiando Dilma. Mas a poderosa máquina política do PMDB fluminense vai trabalhar por Aécio Neves.

Às más notícias no plano das alianças eleitorais a soberba lulopetista parece disposta a responder com mais do mesmo, a julgar por tudo que foi proclamado na convenção nacional que confirmou a candidatura de Dilma à reeleição. A começar pelo fato de que a presidente está agora oficialmente enquadrada, pela proverbial imodéstia de Lula, na condição subalterna de "criatura" do Grande Chefe.

A insatisfação generalizada dos brasileiros com a qualidade dos serviços públicos se manifesta vigorosamente nas ruas. Mas Lula, Dilma e o PT se gabam de terem inventado um novo país, criando uma nova realidade nacional de desenvolvimento econômico e conquistas sociais. Estariam plenamente credenciados, portanto, a se lançarem à campanha eleitoral com o apelo à continuidade das fantásticas realizações com que mudaram para melhor a face do País. Mas como não podem ignorar que os brasileiros não estão lá muito satisfeitos com o que veem e, principalmente, sentem, é melhor ir de "mudança". Aliás, "mais mudança", porque, afinal, o estoque de promessas não cumpridas está longe de se esgotar.

O pior é que as principais novidades das "mudanças" apontam na direção do retrocesso. Apesar de terem repudiado o "ódio" revelado pela "elite branca" contra Dilma no lamentável episódio da abertura da Copa do Mundo, o discurso petista continuará focado no estímulo à cizânia nacional, à divisão dos brasileiros entre "nós" e "eles", agora com uma pegada mais "esquerdista" que procurará dar destaque à necessidade do "controle social da mídia" e de uma reforma política destinada não a aperfeiçoar o sistema democrático a serviço de uma sociedade pluralista, mas a consolidar a hegemonia da nomenklatura petista. Não é outro o objetivo do decreto que, a pretexto de "regulamentar o texto constitucional", pretende aparelhar a estrutura do Poder Central com "conselhos populares" manipulados pelo Planalto.

E todo esse conteúdo "popular" se derramará na campanha petista, embalado pela demagogia dos chavões populistas que durante a convenção de sábado Dilma leu no teleponto: "Recolhamos as pedras que atiram contra nós e vamos transformá-las em tijolos para fazer mais casas do Minha Casa, Minha Vida. Vamos recolher os xingamentos, os impropérios e as grosserias e transformá-los em versos de canções de esperança no futuro do Brasil".

A soberba afasta aliados. A demagogia populista nem sempre atrai eleitores.

Abre o olho, Dilma! - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 24/06

BRASÍLIA - Em plena Copa, Dilma toma uma bola nas costas atrás da outra. A convenção do PT foi driblada pela deserção do PTB e depois por uma jogada bem ensaiada de Aécio com Cabral e Pezão no Rio. O "Aezão" agora é orgânico.

Assim, Dilma divide seus palanques no Rio com Aécio, que lhe roubou o PMDB, e com Eduardo Campos, que lhe subtraiu uma fatia da campanha do petista Lindbergh Farias.

Ela não vai repetir o passeio de 2010 no Rio e em Minas e vai ter de suar a camisa em São Paulo. Confirmam-se as dificuldades da petista no "Triângulo das Bermudas", ou "grupo da morte", com cerca de 40% dos votos nacionais.

Isso reforça a sensação de fragilidade que vai se generalizando ou, como disse o lulista Gilberto Carvalho, "a coisa desceu, vai gotejando". Na dúvida, basta olhar os aliados do PT e ver para onde eles vão.

O PTB escancarou sua posição e o PMDB se mexe sorrateiramente rumo à oposição. Garantiu a Vice-Presidência para Michel Temer, mas liberou os pemedebistas para fazer o que bem entenderem nos Estados. Muitos deles estão entendendo que o mais conveniente é partir para outra.

Além do Rio, isso se reflete em outros Estados chaves, como Bahia e Rio Grande do Sul. E quer dizer muita coisa, principalmente a irritação com a vocação hegemônica do PT e a falta de confiança nas chances de vitória de Dilma.

Com esses dois argumentos, líderes do PSD pressionam Gilberto Kassab para que o partido opte pela neutralidade. Ele parece irredutível, mas perdeu o rumo sem a vaga de vice de Alckmin e foi à convenção do PT rapidinho, só a tempo de ser vaiado.

À Folha Gilberto Carvalho fez um diagnóstico realista sobre o clima negativo, que Lula quer enfrentar com a "adrenalina" da militância. Tempo de TV ajuda, mas não resolve, e marketing é científico, não faz milagres. Aliás, o slogan é reconhecimento das dificuldades: Dilma candidata das "mudanças"? Não cola.

Equívoco conceitual - FÁBIO GIAMBIAGI

O ESTADO DE S.PAULO - 24/06

A saída para a situação de baixo crescimento em que se encontra a economia brasileira requer um diagnóstico correto das causas desse desempenho. É nesse ponto que reside o problema da estratégia oficial que vem sendo adotada para lidar com os problemas da economia. Se Drummond dizia que no meio do caminho tinha uma pedra, no caso brasileiro no meio do caminho temos um erro de diagnóstico.

Desde a eleição de 2002, aqueles que viriam a ocupar posições no governo a partir de 2003 pregavam simultaneamente três teses. A primeira era que a retomada do crescimento deveria se basear na constituição de um amplo consumo de massas, o que implicaria que o consumo deveria liderar o crescimento. A segunda - consensual - é que a taxa de investimento deveria aumentar. E a terceira, que era necessário atacar o desequilíbrio externo, o que na ocasião significava aumentar as exportações a uma taxa maior que a das importações. Estaríamos todos de acordo, exceto por um detalhe: era impossível cumprir com os três objetivos ao mesmo tempo, pela simples razão de que a soma das partes deve ser igual ao todo. Consumo, investimento e saldo das relações com o exterior não podem aumentar como proporção do PIB ao mesmo tempo.

Lula julgou ter encontrado a solução mágica para resolver aquela impossibilidade graças ao "paraíso zodiacal" que o País viveu no seu segundo mandato. A mágica atendeu pelo nome de melhora dos termos de troca. Foi ela que permitiu que as importações funcionassem como variável de ajuste, crescendo muito acima das exportações, viabilizando o atendimento da expansão do consumo e do investimento e sem afetar pesadamente o balanço de pagamentos (BP). Entre 2004 e 2010, enquanto as exportações, pelos dados da Funcex, cresceram em termos reais a uma média anual de 2%, as importações cresceram nada menos que 12% a.a. Apesar disso, o superávit comercial de 2010 foi ainda de US$ 20 bilhões, graças ao desempenho excepcional dos termos de troca. Hoje, a festa acabou e essa mágica não é mais possível: se o consumo e o investimento crescerem muito, as importações avançarão na frente das exportações e o balanço de pagamentos exibirá um déficit monstruoso.

O que ocorreu naqueles anos, mitigado pelos termos de troca, respondia ao esquema de quem se acostumou a pensar no mundo da restrição de demanda. Nesse caso, de fato, não importam muito os coeficientes relativos ao PIB, porque é possível que o numerador de todos os coeficientes se expanda e a expansão do consumo e do investimento seja satisfeita pelo aumento de tamanho do PIB, sem pressionar excessivamente a balança comercial em termos absolutos. Quando a restrição é de oferta, porém, maior absorção doméstica bate "na veia" no setor externo, que é rapidamente afetado pelos gargalos domésticos existentes. É esse o caso da economia brasileira em tempos recentes.

É um erro imaginar que a insuficiência de investimentos do País se resolve apenas com melhora de gestão e aprimoramento dos projetos. É claro que se conseguirmos isso teremos dado um passo fantástico, à luz das enormes falhas desse tipo de processos. O que se quer frisar, porém, é que isso é somente parte do problema. Melhorar a gestão é condição necessária, mas não suficiente, para que o investimento ocorra. Para isso, é preciso mudar o perfil da economia: precisamos aumentar a taxa de investimento sem "arrebentar" com o BP, o que só pode ter uma solução: diminuir a relação entre o consumo e o PIB.

O problema é que a agenda nacional vai na direção contrária. Independentemente do seu mérito, as reivindicações em favor de "mais isso e mais aquilo" redundam no que se deveria evitar. Qualquer que seja o(a) presidente, em 2015 ele(a) terá de explicar para a cidadania que é preciso dosar as demandas, pois se elas forem satisfeitas, o investimento terá um desempenho raquítico ou o déficit em conta corrente alcançará mais de US$ 100 bilhões. Não é uma questão (apenas) de gestão: há decisões difíceis a tomar.

Abreu e Lima continua a assombrar governo - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 24/06

Interesses de partidos, ideologias e pessoas fizeram com que o custo operacional da refinaria deva ser duas vezes superior à média mundial


A Petrobras oficialmente insiste que tudo transcorre dentro da normalidade, enquanto o governo atua no front político para evitar qualquer possibilidade de investigação séria no Congresso, onde há uma CPI chapa-branca instalada no Senado e outra, mista, de deputados e senadores, em que existe algum risco para o Planalto.

Mas, apesar de todas as manobras, os gritantes desmandos na execução do projeto da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, continuam a se impor por si mesmos. São tamanhos os desvios que, recorrendo à imagem desgastada do lixo jogado para baixo do tapete, conclui-se que a capacidade de toda a indústria de tecelagem não parece capaz de encobrir tudo que tem sido descoberto nessa história exemplar de como não se pode subordinar a ação do Estado a interesses de partidos, ideologias e pessoas. Houve a conjugação desses três fatores no escândalo de Abreu e Lima.

Não é sempre, mesmo na indústria do petróleo, onde as cifras são contabilizadas em bilhões de dólares, que um projeto orçado há 11 anos em US$ 2,3 bilhões chega a US$ 18,5 bilhões, dado de abril, e pode ter um custo final de US$ 20,1 bilhões.

Reportagens publicados pelo GLOBO domingo e ontem traçam o roteiro de como o projeto, uma decisão conjunta dos amigos e aliados político-ideológicos Lula e Hugo Chávez, atropelou a sensatez e relatórios técnicos, para fazer surgir uma refinaria cujo preço do barril refinado será de US$ 87 mil, mais que o dobro da média mundial. E pior para o Brasil, pois Chávez morreu e os venezuelanos, que já não colocavam dinheiro no projeto, deixaram de vez a pesada fatura com a Petrobras. Por tabela, para o Tesouro, sustentado pelo contribuinte.

Cada vez mais se entende o sentido da afirmação do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa à “Folha de S.Paulo”, entre uma prisão preventiva e outra, de que Abreu e Lima foi aprovada a partir de uma “conta de padeiro”. Quer dizer, a Petrobras, à época sob controle do lulopetismo sindicalista e aparelhada por indicações políticas, mesmo de técnicos da casa, se subordinou à vontade política do Planalto e do partido no poder.

Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento, ele próprio apadrinhado (PP, PT e PMDB), conhece a história por dentro, porque presidiu o conselho de administração da refinaria. E nessa condição atuou na aprovação de inúmeros aditivos em contratos com empreiteiras e fornecedores de bens e serviços em geral, causa da explosão dos custos do projeto — em dólares, quase 800% acima do orçado.

Paulo Roberto está preso, de forma preventiva, a pedido da Polícia Federal, enquanto transcorre a Operação Lava-Jato, sobre bilionário esquema de lavagem de dinheiro administrado pelo doleiro Alberto Youssef, antigo conhecido do submundo da política. Impossível não relacionar uma coisa com a outra.

Administrar o tempo - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 24/06

A uma semana do prazo final para a definição das candidaturas para a eleição deste ano, quem soube administrar melhor o tempo de decisões, uma arte da política, levou vantagem na armação das coligações. No lado da oposição, o PSDB saiu na frente do PSB nesta primeira etapa da disputa, muito porque o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos perdeu tempo administrando sua relação com a Rede de Marina Silva.

A união com a ex-senadora pareceu, no primeiro momento, uma jogada de mestre de Campos para fortalecer a oposição, mas, com o passar do tempo, Marina mostrou-se mais isolacionista do que Campos se dispunha a ser. Marina levou o PSB a se colocar como oposição tanto ao PT quanto ao PSDB, na tentativa de marcar uma diferenciação entre as candidaturas de Campos e Aécio e quebrar a polarização dos dois principais concorrentes à Presidência.

A estratégia não funcionou, muito também porque Campos escolheu a posição dúbia de centrar suas críticas à presidente Dilma e preservar o ex-presidente Lula, o que retirou de sua candidatura a marca de oposicionista, deixando o PSDB de Aécio livre nessa raia.

A união implícita do PSB com o PSDB caracterizava a candidatura de Campos na área oposicionista, e o potencial apoio recíproco no segundo turno fortalecia ambas as candidaturas. Na análise dos tucanos, Campos piscou muito cedo ao se colocar também como oposição ao PSDB, e deixou crescer a impressão de que poderia ser um aliado em potencial do PT no segundo turno, devido à sua ligação com Lula.

O ex-presidente também ajudou a colocar Campos na defensiva ao dizer que ele não podia exagerar nas críticas, porque, até pouco tempo, estava no campo governista. Lula, como já fizera anteriormente com José Serra, deixou sempre claro que sua candidata era Dilma, retirando a chance de que petistas descontentes encontrassem na candidatura de Campos uma alternativa na área de influência petista.

O receio de ficar sem identidade diante do eleitor confirmou-se com a queda nas pesquisas. Por isso, nas últimas semanas, Campos voltou ao ponto de partida para fazer alianças pragmáticas, como as que fechou em SP, apoiando o governador Geraldo Alckmin, e no Rio, em apoio à candidatura de Lindbergh Farias, do PT, ao governo do estado, contra a opinião de Marina.

O que perdeu em coerência ganhou em apoio político em dois dos principais colégios eleitorais do país. Em Minas, é possível que acabe mesmo apoiando a candidatura tucana de Pimenta da Veiga, como era o plano original. Já Aécio Neves conseguiu o que era considerado impossível: unir o PSDB.

Por incrível que pareça, o PSDB hoje é o único partido na disputa unido em torno da candidatura do senador mineiro, inclusive a regional paulista do partido. A administração inteligente do tempo partidário deu frutos, com a adesão do PTB à candidatura nacional e o acordo com o DEM no Rio para apoiar a candidatura de Pezão, do PMDB, ao governo do estado.

Deixando as convenções para o último dia do prazo oficial, Aécio ganhou tempo para negociar apoios e ainda espera duas novas defecções no bloco governista. A adesão do PSD, que seria a cereja no bolo com a indicação de Henrique Meirelles para a vice-presidência na sua chapa, parece difícil de se concretizar, mas é possível que o PP se decida pela neutralidade, o que tiraria alguns minutos da propaganda de Dilma.

A presidente, por sua vez, tem como seu grande apoio Lula, que traz com ele a expectativa de poder que mantém unida a maioria dos partidos da base aliada. Mas, se não reverter a situação de declínio em que se encontra nas pesquisas, mesmo estando à frente da disputa, pode ser simplesmente abandonada por seus aliados durante a campanha eleitoral.

A maioria deles entra dividido na campanha, mesmo os que oficialmente apoiam sua reeleição, até o PT, que tem em Lula seu candidato natural. O PMDB já tem dissidências abertas em vários estados. A maioria do PSD está em coligação com o PSDB nos estados, e somente a garantia pessoal do criador do partido, o ex-prefeito Gilberto Kassab, mantém o apoio oficial à reeleição de Dilma. O PP, mesmo que dê o tempo de propaganda ao PT, continuará dividido.

O que os une é a expectativa de vitória, que, mais que nunca, Lula mantém viva no banco de reservas, como principal cabo eleitoral de Dilma, ou, em último caso, como muitos ainda sonham, esperança de gol nos minutos finais do jogo, como Messi fez com a Argentina.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

“Estímulo à intolerância, ao ódio e à divisão do País”
Aécio Neves (PSDB) definindo as ameaças do PT de perseguir os críticos do governo


Abin cria aplicativo clone do Whatsapp

Após a espionagem dos Estados Unidos contra autoridades brasileiras, que não foi capaz de evitar, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) criou um aplicativo de troca instantânea de mensagens semelhante ao consagrado Whatsapp. Batizado de "Whatsbin", o aplicativo dos arapongas da Abin se chama na verdade Athenas e garante utilizar um sistema de mensagens criptografadas que seriam "ingrampeáveis".

Mercado
O “Whatsbin” interessa a políticos poderosos de Brasília, que temem a quebra de sigilo, porque seria, além de “ingrampeável”, “irrastreável”.


Clientela
Várias autoridades do governo passaram a usar o “Whatsbin”, como o secretário-adjunto da Casa Civil, Gilson Alceu Bittencourt.

‘Te amo’
Entre os “traídos” pelo Whatsapp estão o doleiro Alberto Youssef e o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA), pegos em grampos dos federais.

Flagra
A Operação Lava Jato, da PF, flagrou mais de duzentas mensagens de Whatsapp do deputado André Vargas (PT-PR) com o doleiro Youssef.

PF alega sigilo
Ignora-se o destino de dezenas de armas que a Polícia Federal destruiu quando começou a utilizar somente pistolas Glock em serviço. Confrontada num pedido de acesso à Lei da Informação, a PF alegou “informação sigilosa” para preservar “a segurança da sociedade e do Estado”, mesma alegação dos cartões corporativos do Planalto, recordistas em “sigilo” e gastança. Também não revela o nº de armas.

Mão no gatilho
A PF negou-se a dizer quem autorizou e também se as armas teriam sido entregues ao Exército, como deveria, a fim de destruí-las.

Falou demais
Muitos petistas reclamaram do interminável discurso de Dilma na convenção do PT. Boa parte dos delegados foi embora antes do final.

Base de lançamento
Merece uma chuva de ovos o jerico que colocou em pauta na Câmara dos Deputados um projeto criando o Dia Nacional do Ovo.

Nem pensar
Dos 11 pontos previstos para o Live Site, o “Fan Fest” dos Jogos Olímpicos, um já foi descartado: Santa Tereza. A ideia foi abandonada pelo Comitê de Segurança das Olimpíadas do Rio de Janeiro.

Pedindo demais
Gilberto Kassab (PSD) tentou uma última cartada: sair candidato ao governo paulista com o Solidariedade de vice, mas mantendo o apoio a Dilma. Fechado com Geraldo Alckmin (PSDB), o Solidariedade rejeitou.

Público virou privado
Senadores do PT utilizaram, sem o menor pudor, carro oficial do Senado para ir à convenção nacional do PT que ratificou no último sábado (23), em Brasília, candidatura à reeleição da presidente Dilma.

Sob controle
A cúpula do PP tranquilizou o Planalto quanto a rompimento com Dilma na convenção nacional, nesta quarta (25). O foco de rebeldia se limita ao Rio, de Francisco Dornelles, e Rio Grande do Sul, de Ana Amélia.

Rasteira
Causou mal estar no PP a decisão de Sérgio Cabral (PMDB), orientado pelo tucano Aécio Neves, de rifar a candidatura de Francisco Dornelles (PP) e oferecer a César Maia (DEM) a vaga para disputar ao Senado.

Mestre Maduro
Ignora-se a expertise da Venezuela em Segurança e Defesa, mas o ministro Celso Amorim despachou para lá um coronel do Exército para fazer mestrado de 11 meses às nossas custas, em setembro.

Último dia
O relator Marcos Rogério (PDT-RO) prorrogou até esta terça (24) o prazo para o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA) apresentar defesa no Conselho de Ética sobre suas relações com doleiro Alberto Youssef.

Quase lá
Está praticamente fechada a candidatura de José Serra ao Senado em São Paulo. O tucano exige exclusividade, mas o PTB ameaça lançar a candidatura avulsa de Marlene Campos Machado.

Pensando bem...
...dizendo asneiras docemente desmentidas pela família petista, Lula lembra aquele tio velho meio demente, tolerado por ter a chave do cofre.


PODER SEM PUDOR

De política e virgindade

Exímio frasista, Geddel Vieira Lima certa vez reuniu a bancada da Bahia na Câmara, logo após a sua posse como ministro da Integração, sob o impacto da sugestão do então presidente Lula para que o americano George W. Bush buscasse seu "ponto G". Geddel resolveu explicar por que ele, de oposição ao PT, aliou-se a Lula:

- Em tempo de citações eróticas, devo dizer que aos 18 anos eu definia o caráter da mulher pela virgindade; aos 48, considero isso uma besteira...

Hoje aos 55 anos, ele se aligou aos "carlistas" na Bahia, que sempre o atacaram, para enfrentar a chapa liderada pelo PT.