quinta-feira, junho 19, 2014

O suspiro do “Volta, Lula” - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 19/06

Assim que terminou a convenção de Alexandre Padilha em São Paulo, o mesmo grupo do PT que há tempos tenta substituir Dilma Rousseff como candidata do partido consultou a alta cúpula sobre a possibilidade de adiar a reunião deste sábado, que oficializará a candidatura da presidente à reeleição. A ideia era deixar para o último dia — 30 de junho. Lula, porém, não quis nem ouvir uma proposta nesse sentido. Declarou enterrada qualquer hipótese de mudança.

A avaliação do partido é de que a Copa caiu nas graças do povo brasileiro e se traduziu numa boa imagem do país no exterior. Estão todos exultantes com as reportagens publicadas na imprensa internacional, com elogios ao Brasil. Pelo menos, dessa primeira semana de Mundial, o governo considera que não há muito do que reclamar. Para completar, a presidente tem mudado seu estilo. Ontem, comentou jogo de futebol, colocou capacete de motoqueiro e tentou uma reaproximação com o meio empresarial. Diante de tanta movimentação, parece que o “Volta, Lula” deu esta semana seu último suspiro.

Café pequeno
O fato de Marina Silva não ter participado do anúncio do apoio de Eduardo Campos à reeleição do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), foi minimizado pelos socialistas. Eles juram que PSB e Rede estarão totalmente separados apenas lá e em São Paulo, onde Eduardo também apoiará os tucanos, no caso, a reeleição de Geraldo Alckmin.

Apelou…
Foi tenso o encontro da Executiva Nacional do PMDB que optou pela intervenção no diretório do partido em Tocantins. Nem o líder na Câmara, Eduardo Cunha, apoiou o deputado Júnior Coimbra, na decisão de não dar legenda para que a senadora Kátia Abreu concorra ao Senado. “Acordo foi feito para ser cumprido”, disse Eduardo, segundo relato de muitos presentes à reunião. Essa briga não terminou. Júnior Coimbra vai à Justiça.

…Perdeu
Não houve um tocantinense para servir de interventor nesse imbróglio. O caso ficará nas mãos do senador Waldemir Moka, do PMDB de Mato Grosso do Sul. O difícil será resolver tudo até 5 de julho, data para o registro de candidaturas. Se começar a guerra de liminares na Justiça, é bem capaz de o PMDB ficar cada dia com um candidato ao Senado, uma briga que chamará a atenção no plano nacional.

Campos opostos
A parceria entre o PMDB de Íris Rezende e o DEM em Goiás vai tirar de vez os peemedebistas goianos do palanque da presidente Dilma Rousseff. A ordem no partido é cada um cuidar de si sem mover uma palha pela reeleição dela. Ronaldo Caiado (DEM), candidato ao Senado com parceira com Íris ao governo estadual, apoiará Aécio Neves.

E o são-joão?!/ A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) estava ontem mais nordestina que o paraibano Vital do Rêgo (PMDB-PB) que preside as comissões de inquérito da Petrobras. Terminada a sessão de ontem pela manhã na CPI exclusiva dos senadores, Vital marcou reunião para 25 de junho. Vanessa (foto) na hora reagiu: “Tem são-joão. Esse presidente nem parece que é da Paraíba!”. Vital não perdeu a pose: “Eu vou pro são-joão dia 24, e estou aqui dia 25”.

Enquanto isso, na CPI Mista…/ O mesmo Vital que se desdobra pela CPI do Senado tira o pé do acelerador quando se trata da CPMI, com a participação de deputados e senadores. Ontem, não houve reunião e tudo estava combinado com os líderes do governo e do PMDB para não haver quórum, inclusive da Câmara. A oposição ficou a ver navios. “Essa CPI é apenas uma sigla!”, reagiu o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que veio a Brasília para a reunião em que deveria ser discutida uma série de pedidos de quebra de sigilos bancários e fiscais.

Bombou/ Os responsáveis pela recepção aos turistas no Palácio do Planalto nesses dias de Copa do Mundo registraram ontem público recorde de visitantes nessa categoria: 228 até as 16h30, sendo a maioria estrangeiros.

Os sem-tribuna/ O deputado José Antônio Reguffe (PDT-DF) estava uma arara ontem no início da tarde. Ele foi ao plenário discursar sobre a Copa do Mundo e simplesmente não conseguiu. A Casa nem sequer abriu a sessão. Mais tarde, ele e o deputado Marcos Rogério (PDT-RO) se encontraram na sala de café do Senado: “Vamos lá criar uma confusão! Tem que ter pelo menos sessão!”

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