segunda-feira, março 10, 2014

Guerra ao HPV - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 10/03
Na cartilha de todo ente público e de homens que governam, prevenção deve ser sempre a ordem do dia - em todos os setores de atividade, principalmente na área da saúde. Portanto, é meritória a campanha que o Ministério da Saúde inicia hoje de vacinação contra o papiloma vírus humano (HPV), principal causador do câncer de colo de útero. Meninas de 11 a 13 anos devem ser imunizadas em três momentos distintos, sendo a segunda dose aplicada seis meses depois da primeira menstruação, com a terceira devendo ocorrer cinco anos depois.
A pasta orienta estados e municípios a aplicar a primeira dose nas próprias escolas, a exemplo de países como Austrália e Reino Unido, que adotaram a estratégia e obtiveram altos índices de cobertura vacinal. Basearam-se no fato de que adolescente não é público que frequenta postos de saúde, encarregados, no entanto, pela aplicação da segunda dose. O Brasil é um dos líderes mundiais em incidência de HPV: 137 mil casos por ano.

A vacina protege dos subtipos 16 e 18 do HPV, mas não de todos os subtipos do vírus nem das demais doenças sexualmente transmissíveis (DST). Por isso, a recomendação é usar preservativo. O papanicolau protege o presente. O HPV é muito infectivo e, aos 25 anos, por exemplo, mulheres com vida sexual ativa já tiveram contato com o vírus. O que elas precisam fazer é o papanicolau - que as resguarda no futuro.

O HPV é responsável por uma das doenças sexualmente transmissível mais diagnosticadas. São conhecidos mais de 100 tipos de HPV diferentes e aproximadamente 35 deles estão relacionados à infecção genital. Do mesmo modo, é bem conhecida e definida a relação do HPV com o desenvolvimento de lesão clínica (condiloma) e a relação com o câncer cervical uterino e lesões precursoras.

Para a campanha do Ministério da Saúde dar certo, importantes atores precisam entrar em cartaz. São as mães e as escolas. Não é hora de hipocrisias. É comum hoje meninas, mesmo menores de 15 anos, viajarem sozinhas, namorarem e praticarem sexo, correndo sérios riscos de contaminação por DST. A mobilização contra o HPV chega em boa hora, pois estamos a menos de 100 dias da Copa do Mundo. O Brasil vai receber milhares de turistas e conviver com enorme deslocamento de brasileiros para assistir aos jogos do Mundial. Impõe-se, pois, tratar da prevenção na prática. Sem retóricas.

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