sábado, fevereiro 15, 2014

Força eleitoral - EDITORIAL ZERO HORA

ZERO HORA - 15/02

Na antevéspera das eleições presidenciais, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sai do ostracismo a que estava relegado pela mudança na estrutura fundiária brasileira e pelos programas sociais do governo e mostra em Brasília que ainda é uma força eleitoral. As 100 mil famílias acampadas e outras tantas já assentadas, além de simpatizantes, representam um contingente eleitoral nada desprezível. Por isso, mais do que pela manifestação tumultuada da véspera, as lideranças do movimento foram recebidas cerimoniosamente pela presidente e saíram do Planalto com a promessa de assentamento de 30 mil famílias neste ano. A verdade, porém, é que o MST perdeu importância no contexto nacional e hoje luta por um modelo de reforma agrária que já não faz sentido.
A mais recente reação do Movimento é típica de um país retardatário no enfrentamento das questões agrárias. Enquanto a maioria das nações resolveu seus dilemas nessa área no século 20, realizando reformas exitosas, aqui as políticas públicas não avançaram. O MST que mobilizou milhares de sem-terra a partir dos anos 80 já era, naquele contexto, uma articulação tardia, decorrente do próprio fracasso dos programas fundiários. Mesmo que se reconheça a legitimidade de quem lutou, naquele período, e continua lutando agora por um pedaço de chão, para levar adiante uma vocação familiar, essa é uma aspiração cada vez mais distante da realidade brasileira.
O Brasil se urbanizou, o chamado latifúndio improdutivo se extinguiu nos Estados que modernizaram a agropecuária e as áreas disponíveis para assentamento ficaram praticamente restritas às regiões da fronteira agrícola que se expandiu em parte do centro e do norte do país. Foi assim que os acampamentos deixaram de ser, nos últimos 10 anos, um fenômeno de massa. Quando afirmam que a presidente Dilma Rousseff vem desapropriando menos terras do que os governos militares, os líderes do MST podem estar certos. A estatística desfavorável ao atual governo não representa necessariamente uma má vontade do Planalto com os anseios dos sem-terra. O que ocorre é que o Brasil tem cada vez menos áreas para oferecer às famílias ainda interessadas em se dedicar às atividades rurais.
Nesse cenário, para contemplar as demandas de pessoas que desejam trabalhar, o governo deveria priorizar os esforços dirigidos à formação profissional em atividades urbanas. Com a crescente demanda por mão de obra na indústria e no setor de serviços, os interesses de todos seriam atendidos de acordo com o novo contexto econômico e a evolução das atividades produtivas. Isso não significaria a suspensão de novos assentamentos, mas sua adequação à atual conjuntura, para que não continuem tendo, de forma equivocada, a importância que tiveram no século passado.

Um comentário:

Anônimo disse...

COM AECIO ELEITO 52 PERCENTUAL DOS VOTOS VALIDOS NO BRASIL ACHO QUE ELE FARA A MUDANCA NA QUAL TODOS ESPERAM E QUE DEUS NOS ILUMINE PARA TODAS AS DECISOES