sexta-feira, novembro 22, 2013

Dallas marcada - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 22/11

RIO DE JANEIRO - É provável que Dallas, no Texas, nunca se livre do estigma de ser a cidade onde, há 50 anos no dia de hoje, John Kennedy foi morto. Outras cidades já foram palco de assassinatos iguais ou piores, como o de César, em Roma, ou o de Lincoln, em Washington, mas havia algo de inevitável nisso. Afinal, eles trabalhavam nelas.

Dallas, não. Seu ódio contra Kennedy era maciço, e o desfile do presidente em carro aberto, uma provocação. Hoje Dallas tenta apagar essa imagem, mas todos sabem que Lee Oswald, o assassino, apenas fez o que muitos políticos, fazendeiros, empresários, protestantes, valentões e racistas da cidade gostariam de ter feito.

Columbine, no Colorado (1999), e Newtown, em Connecticut (2012), onde dezenas de inocentes foram fuzilados por psicopatas, e a praia da Luz, no Algarve, em Portugal (onde, em 2007, desapareceu a menina inglesa Madeleine), também ficaram marcadas. Essas cidades não contribuíram para as tragédias, mas continuarão lembradas como seus cenários.

Por mim, quero que Dallas se dane. Foi a única vez em que, ao entrar nos EUA sem ser por Nova York, a imigração me parou. Se bem que talvez eles tivessem razão. O ano era 1988, e eu estava vindo de Cuba pela Cidade do México --daí o desembarque lá. Talvez tenham visto em mim um contrabandista de charutos, porque me fizeram abrir a mala.

Eu não trazia nenhum charuto, e sim um comprometedor estoque de biquínis brasileiros. Manuseando, cheirando e quase comendo aqueles microssutiãs e calcinhas, devem ter pensado que eu era um agente do tráfico de brancas. Custei a convencê-los de que eram um presente da "Playboy" brasileira para sua irmã americana, e que eu os estava levando de favor. E vinguei-me dizendo que, perto dos nossos, os biquínis das mulheres americanas ficariam melhores se usados como paraquedas.

O fim, o início e o meio - NELSON MOTTA

O GLOBO - 22/11
Como diria Nelson Rodrigues, fiquei besta. O primeiro livro de Fernanda Torres, Fim , é o início brilhante de uma carreira de escritora e já a coloca entre os melhores da sua geração literária. Sim, ela mesma, que há tanto tempo brilha nos palcos e nas telas, que corta cana toda semana no Projac para divertir o público de Tapas e beijos , a Nanda que alegra os amigos com sua inteligência e seu humor.
Atriz consagrada em 35 anos de carreira, Nanda começou a dar pinta de outros talentos em suas crônicas na Folha de S.Paulo e na Veja Rio , conquistando leitores, exercitando seus instrumentos de expressão e se fortalecendo para o voo mais alto e arriscado de um romance. E que romance! Tão audacioso que seu tema é a morte de cinco velhos de Copacabana que formavam uma turma na juventude, mas narrada na primeira pessoa por cada personagem, formando um tecido de suas memórias, sentimentos e delírios, em que várias verdades se entrelaçam para contar o mais importante da vida de cada um: seu fim.

O tema seria pesado e indigesto, os velhos chatos, ranzinzas, neuróticos, doentes, devassos, vulgares e banais, mas nas mãos de Nanda se transformam em personagens ricos e fascinantes em sua grandeza e pequenez, que nos fazem rir e chorar com suas memórias de vida e, sim, de morte. Numa sucessão vertiginosa de dramas e comédias sem fronteiras, uma história puxa outra num fluxo narrativo em que os velhos e suas mulheres e amantes se alternam como narradores e personagens, como afetos e desafetos, como jovens e velhos.

Nelson aconselhava os jovens a envelhecerem rapidamente. Mas de onde Nanda tirou tanta sabedoria, experiência e velhice para escrever essas histórias? E com um estilo tão seco e elegante, tão econômico e contundente, de frases curtas e precisas, sem gastar uma palavra em vão, com um timing de comédia e um ritmo que hipnotiza o leitor. É o melhor livro brasileiro que li desde "Pornopopeia" , de Reinaldo Moraes.

Somos amigos há muitos anos, e um dia ela me disse em tom de piada gentil: quando eu crescer quero ser você. Nanda querida, a sério, quando eu envelhecer quero ser você.

Fukushima e Nescau geladinho - MICHEL LAUB

FOLHA DE SP - 22/11

Mesmo que existam fome, pobreza, dor e violência, o instinto nos presenteou com o otimismo da ação


Há uns 15 anos era mais fácil manter a privacidade. O trânsito era melhor. Fukushima era só o nome de uma usina nuclear no Japão. Também era possível telefonar a um serviço qualquer de atendimento, de bancos a operadoras de cabo e telefonia, e não ser moído existencialmente por pedidos de autenticação, prolixidade dos menus e analfabetismo dos atendentes.

A tecnologia é o uso que se faz dela, e seus efeitos são experimentados apenas quando transcendem a pureza dos laboratórios. A pergunta é se a melhora que a ciência traz para o cotidiano, projetando nossa percepção do futuro, é uma constante. Num dos ensaios de "Os Limites do Possível" (Portfolio-Penguin), André Lara Resende toca no tema ao fazer um apanhado das teorias econômicas, históricas e culturais que justificam a noção moderna de otimismo.

Citando autores como Matt Ridley, John Stuart Mill, John Gray e Stefan Zweig, o texto reflete sobre o que há de concreto ou apenas ideológico nessas correntes de pensamento. No sistema econômico de hoje, ser otimista ajuda no sucesso financeiro. Ninguém cria um produto se não acreditar, às vezes baseado apenas em intuição, que aquilo se tornará necessário e valioso.

O problema, escreve André Lara, é que os resultados dessas iniciativas nem sempre são de interesse coletivo. O mercado não serve para regular o uso que fazemos do que não tem preço individual e imediato, como os recursos naturais cuja escassez põe o planeta em risco. O mundo terminará em desastre se continuar na marcha atual. Um otimista como Ridley faria o contraponto dizendo que a tecnologia cria novos problemas e novas soluções.

Como sempre em debates do gênero, há argumentos para todos os lados. O cristianismo, com sua narrativa de redenção final, opõe-se à noção amedrontadora de que a história não tem sentido. Já o positivismo substitui o pensamento mágico por outro mito: o de que o progresso mudaria o fato de sermos "apenas mais um animal sobre a Terra". A religião sozinha deu na Inquisição e nas teocracias islâmicas. A ciência era muito prezada nos regimes de Hitler e Stálin.

Em termos menos extremos, não dá para endossar acriticamente o culto à razão surgido com o Iluminismo. Isso significaria ignorar o efeito colateral desumanizante de avanços tecnológicos como os da Revolução Industrial, sem falar nas guerras cujo número massivo de vítimas se deve à maior eficiência das armas.

Ao mesmo tempo, se aplicado de forma literal, o romantismo derivado que atribui ao meio ambiente uma pureza oposta à perversão da vida moderna impediria a existência de antibióticos, anestesia e --para enfrentar o aquecimento global-- ar-condicionado e Nescau geladinho.

Talvez a resposta do dilema esteja na esfera do indivíduo, cujos humores não são determinados apenas por história e cultura. Dois fatores que pesam aí, entre outros: sexualidade e equilíbrio químico que determina ou não ansiedade e depressão.

De minha parte, tenho implicância com o catastrofismo e sua presunção de superioridade intelectual (porque nos sentimos mais informados que os tolos crédulos) e moral (porque nos sentimos menos cúmplices das injustiças). Mesmo que existam fome, pobreza, dor e violência, sem falar na consciência do fim que nos acompanha desde sempre (em paralelo com a expectativa de vida que só aumenta), o instinto nos presenteou com o otimismo da ação.

Ou seja, ir em frente sem nos deixar intimidar ou paralisar pelo horror indiferente do universo. O que não significa forçar a barra argumentativa para transformá-lo em algo positivo. "É preciso ter esperança", escreve André Lara, "sem procurar razões para ter esperança".

Aceitar o paradoxo entre o impulso de sobrevivência, que é cândido e irracional, e a razão sombria, que nos informa o tempo todo sobre o vazio de tudo, é um bom meio-termo para quem não quer ter os passos guiados pelo Coelho da Páscoa --ponha ele os ovos ideológicos que puser.

O erro, conclui o autor do ensaio, seria misturar os conceitos: "Quando pretendemos (...) explicar o otimismo pela razão, traímos a razão. Quando a esperança se torna arrogante, traímos a esperança".

Ueba! A Macaca comeu o Bambi! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 22/11

E a grande dúvida do mensalão: estar preso na Papuda e receber visita do Suplicy é bullying?


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Predestinada do Mensalão! Sabe como se chama a namorada do Zé Dirceu? Patrícia TRISTÃO! Rarará!

E a grande dúvida do mensalão: estar preso na Papuda e receber visita do Suplicy é bullying? Não! É tortura chinesa. Assédio moral! Rarará! Já imaginou estar preso na Papuda e o carcereiro avisa: "Visita". "Oba!" "É o Suplicy. Pra uma visita RÁPIDA. De nove horas e meia!" Rarará! E um leitor me disse que, tanto o Genoino como o Zé Dirceu, ambos têm problemas de saúde: o Genoino é cardiopata e o Zé Dirceu é psicopata! Rarará!

Gente, esse mensalão só tem desequilibrado: Roberto Jefferson, Zé Dirceu e Joaquim Barbosa! E eu sou a favor da prisão domiciliar pro Genoino, evidente. E eu também quero prisão domiciliar. No domicílio do Maluf, que é rico e ninguém prende! Rarará! E diz que o Zé Dirceu, com aquele sotaque de Mazzaropi com Inezita Barroso, acorda todo dia cantando "A Marvada Cadeia". "É com a marvada cadeia/ é que eu me atrapaio/ de dia eu trabaio/ de noite eu num saio/oi lá!" O melô da Papuda!

E o meu São Paulo? Tomou três da Ponte Preta! Caiu da Ponte! Três a um pra Macaca. Reviravolta no mundo animal: Macaca come Bambi! E os bambis acordaram cantando: "Boi, boi, boi, boi da cara preta/ Não é o Boi Bandido/ É o gol da Ponte Preta". E um corintiano me disse que o São Paulo não pode ter o Boi Bandido, tem que ter o Bambi Malvado! Rarará!

E o site Futirinhas revela um telefonema desesperado do Ceni: "ALÔ POLÍCIA, eu quero fazer uma denúncia muito grave. Meus amigos e eu fomos estuprados por uma macaca dentro de casa, juro". Não precisa jurar, a gente é testemunha! Rarará! Os bambis bambearam!

E o Vasco? O site HumorEsportivo tem uma foto com dois torcedores do Vasco no estádio São Januário: "Koé, você tá batendo a cabeça na grade por quê?". "Pra levar ponto." O Vasco só ganha ponto assim: com os torcedores batendo a cabeça na grade!

É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é Lúdico! Placa no bairro da Penha: "Doa-se rotweiller, come de tudo e adora crianças". Rarará. E essa plaquinha embaixo duma flor na floricultura dum supermercado: "Violenta, unidade R$ 3,89". Para esposas com TPM: uma dúzia de violentas. Violenta? Põe na tela! Põe na tela! Rarará.

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

A usina no caminho - GILLES LAPOUGE

O Estado de S.Paulo - 22/11

Foram retomadas em Genebra as negociações envolvendo o programa nuclear iraniano, depois que a última rodada, há duas semanas, fracassou quando a França se opôs ao acordo que parecia ter sido alcançado entre iranianos e as grandes potências. O novo presidente do Irã, Hassan Rohani - que não é um falcão, tampouco um reformador, mas um homem realista - deseja o acordo. É verdade que ele é vigiado de perto pelo líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, que mantém uma posição mais radical.

Às vésperas da retomada das conversações, o aiatolá Khamenei pronunciou um discurso feroz para censurar o presidente François Hollande por ter feito fracassar o acordo. Hollande ainda se permitiu visitar Israel no início da semana. Para Khamenei, esse foi um pecado mortal. "O regime sionista está condenado a desaparecer porque nenhum fenômeno imposto à força pode durar", disse.

O intransigente Khamenei aceitará que o realista Rohani conclua um acordo com o Irã moderando suas ambições no campo nuclear e, do outro lado, seus parceiros afrouxando as garras das sanções que levaram o rico Estado iraniano ao desamparo econômico.

Mesmo que suas estratégias sejam diferentes, Khamenei e o presidente Rohani nutrem uma simpatia recíproca. Desde que Rohani não ultrapasse algumas "linhas vermelhas", o líder supremo deverá deixá-lo seguir adiante.

Mas existe um "pomo da discórdia" entre os iranianos e o grupo dos 5+1, formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, França, Grã-Bretanha, China e Rússia), mais a Alemanha. A construção da usina de Arak, com um reator de água pesada projetado para produzir plutônio, que serviria para a fabricação de uma bomba atômica. Isso significa que o Irã não se contenta em instalar uma cadeia de reatores para enriquecimento de urânio e produzir armas nucleares, mas também avança para produzir plutônio.

Às suspeitas dos ocidentais, especialmente da França, os iranianos sempre responderam que o plutônio da usina de Arak tem finalidade apenas civil (médica). Mas os serviços ocidentais descobriram que o Irã colocou em funcionamento uma outra central, de Shiraz, chamada IR-10, cuja finalidade em particular seria facilitar a obtenção de material físsil necessário para a produção de armas nucleares.

O que deixa os franceses inquietos é que os iranianos podem colocar o reator em operação e então será impossível bombardear a usina sem uma catástrofe nuclear. Essas são as razões que levaram o ministro do Exterior da França, Laurent Fabius, a rejeitar o acordo.

Fabius e o seu chefe, o presidente Hollande, mostraram sensatez e coragem, pois todos os seus parceiros queriam se livrar enfim desse "abacaxi". Se as discussões seguirem na direção de um acordo, mesmo que provisório, porém mais sério e mais responsável que o acordo de fachada desejado por Obama, então a conduta francesa no caso terá demonstrado talento e determinação. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

OMS vai varrer "cura" gay do mapa - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 22/11

Unifesp e OMS apresentarão revisões sobre sexualidade da nova Classificação Internacional de Doenças


No primeiro feriado do Dia da Consciência Negra, eu zoei do nome: "Taí. Um dia pra comemorar meu estado de espíri­to". Realmente não entendi porque parar de trabalhar para celebrar a diferença entre tapuias que somos todos debaixo do mesmo céu de anil.

Mesma coisa quando veio a Lei Maria da Penha. Custei a entender que a mulher precisava de um habi­tat só para ela, que os órgãos dispo­níveis não davam conta.

Demorei a entender a importân­cia da simbologia. Só neste ano fui perceber o tamanho do absurdo de o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná, composto na maioria por juízes brancos, ter proibido liminarmente a própria existência do Dia da Consciência Negra em Curitiba. Mas, pela graça do Todo Poderoso, uma distorção dessas hoje não passa mais desper­cebida, e logo os 25 magistrados que bateram o martelo serão forçados a mudar de ideia com o rabinho entre as pernas.

Pela Constituição, estão assegu­rados direitos de mulheres, negros, crianças e judeus (lembra do caso do neonazista que negou a exis­tência do Holocausto em livro e acabou condenado pelo STF?)

É verdade que muitos continuam cegos. O que importa é que leis de proteção aos mais vulneráveis não foram feitas para mudar burro ve­lho. Servem para educar as próxi­mas gerações. Na marra. Não res­peitou? Então engula aqui uma sanção bem salgada.

Só que, daí, como ficam aqueles que precisam metabolizar o ódio ou quem vive de explorar o precon­ceito e a dor? Mas é claro! Ainda so­bram os gays, essa corja de anor­mais, vamos todos cair de pau ne­les. Por pressão da bancada evan­gélica, a PLC 122, projeto que pro­põe a Lei Anti-Homofobia, acaba de ser retirada da pauta pela Co­missão de Direitos Humanos (CDH) do Senado.

Mas como tem muito querubim se mexendo no céu e agitando com o Lá de Cima ­--dá-lhe Cazuza, Santos Dumont, Lota de Macedo Soares, Cássia Eller!-- nos próximos dias 25, 26 e 27, a Psiquiatria da Escola Pau­lista de Medicina da Unifesp, junta­mente com a Organização Mundial da Saúde, promoverà debate públi­co em SP sobre as revisões que se­rão feitas na Classificação Interna­cional de Doenças (CID-11), no que diz respeito à sexualidade.

Em outros sistemas classificató­rios de doenças mentais, a homos­sexualidade já deixou de ser doença há tempo. Mas lembra daquela psi­quiatra do Rio que se baseava no ar­tigo F66 do CID-10, que tratava co­mo transtorno do ego-distônico, ou seja, o indivíduo que sofre por não aceitar sua sexualidade? E lembra que ela insistia que "cura" gay deve­ria continuar sendo prática legali­zada por conta disso? Pois na nova edição da CID, listagem que orienta a Saúde do mundo inteiro, essa dis­crepância acabou.

No entender da OMS, qualquer orientação sexual deve ser encara­da como parte natural do desenvol­vimento. Está fora de questão pato­logizar. Um dia, quando for­mos todos menos ogros, conseguiremos entender o que gente como a filósofa Márcia Tiburi já diz há muito: que não existe sexo. Todos somos humanos com doses maiores ou menores de hormônios masculino ou femini­no. Nesse quadro, encaixa-se um amplo espectro que mistura não só hormônios como influências externas de toda sorte, não há estudo que de­termine exatamente de onde vem a orientação sexual. Como também não há estudo que diga por que eu gosto de picolé de limão, mas odeio coentro. Só não venha pegar no meu pé por isso!

Missivistas em disputa - MARIA CRISTINA FERNANDES

VALOR ECONÔMICO - 22/11
O pemedebista ouve com impaciência o longo prólogo de hipóteses para o mal estar nas relações entre a presidente da República e o empresariado. Quem se formou politicamente na clandestinidade custa a mitigar a desconfiança ou o problema é de quem se ressente de um passe livre pela zona cinzenta entre seus interesses e o do público?
O parlamentar balança a cabeça com desagrado e interrompe a sucessão de asneiras: Não tem nada disso. Lula perdeu três eleições antes de virar presidente. Passou a vida negociando dívida de campanha. Aprendeu a lidar com os caras. Dilma nunca teve que negociar nada. Recebeu a Presidência de presente .

Pela longa e diversificada folha de serviços prestados, o pemedebista exibe autoridade no tema. Mal termina de ouvir as bondades não reconhecidas do governo - desonerações, redução de tarifas e a frustrada empreita pelo corte de juros -, atalha: Empresário não tem gratidão. Fez, tá feito. Quer mais crescimento pra ganhar mais dinheiro .

Em desjejum numa doceria de São Paulo, assíduo frequentador do Instituto Lula diz, com desdém, que empresário não ganha eleição. Logo emenda, igualmente assertivo, que o governo errou ao generalizar desonerações e impor modelos apressados de concessões. Se houver um segundo mandato, isso não vai mais acontecer. De fato, a sucursal do Planalto que o ex-presidente montou no Ipiranga já mandou fazer um figurino de pato manco para uma Dilma reeleita. O poder será de quem, pela ascendência sobre PT e PMDB, tem a expectativa de mantê-lo - Lula.

O ativo eleitoral de banqueiros e empresários neste momento da campanha é na geração de expectativas e de caixa. Desde o início da era petista, este movimento nunca esteve tão antecipado.

A carta ao povo brasileiro de Lula chegou junto com as festas juninas no ano de sua primeira eleição. A escalada do câmbio sensibilizou um grupo de abnegados petistas e banqueiros a negociar documento em que se arvoraram a chancelar o resultado eleitoral de três meses depois.

De tão eficaz, a chancela não careceu de reedição em 2006. O PT ardia nas chamas do mensalão mas nenhuma fagulha incendiou o mercado financeiro. No segundo mandato Lula escapuliu aqui e ali do trajeto traçado, mas a alternativa era José Serra. Não era o caso de queimar caravelas por sua eleição. Até porque o ex-ministro Antonio Palocci, levado por Lula para coordenar a campanha de Dilma, já tinha pose de Casa Civil.

É outra a sucessão que se avizinha, a começar pelo bumbo das expectativas. Um ex-burocrata das finanças, hoje no mercado, compara a política econômica a uma máquina de salsichas. Lula viu que o motor tinha avarias mas apertou os parafusos, aumentou a produção e tocou a vida. Dilma quis abrir a máquina. E deu no que deu.

Este economista reporta a história de um cliente que, ao anunciar a ampliação de seus negócios no Brasil em mesa de investidores em Londres, foi gozado pelos pares. Naquela semana, The Economist publicara a capa em que o Cristo Redentor acometia o Pão de Açúcar. O investidor em questão respondeu: Meu ebitda (jargão contábil para o lucro bruto) está alto e meu estoque zerado. Não vou investir por quê? .

A máquina de salsichas em que confia o investidor está sendo remontada mais ou menos com as mesmas peças recauchutadas. Mas o ambiente de retífica em que se dá a sucessão já propiciou, a um ano da eleição, duas cartas e uma declaração de princípios.

A de Dilma, presidente com a maior base parlamentar da história, veio na forma de pacto com o Congresso contra o aumento de gastos. É um cenário que não deixa de dar certa razão aos prognósticos da turma do Ipiranga. Se antes da reeleição a presidente já tem que fazer esse tipo de apelo ao Congresso, vai estrear 2015 mancando.

A carta de Dilma é uma bala de borracha na testa do prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que contava com a renegociação das dívidas para investimentos reclamados pelas ruas de junho.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, dono da cesta que recebe parte dos ovos do empresariado, só precisou fazer uma carta porque foi arrumar parceira que afugenta a economia exportadora.

O único que se dá ao luxo de fazer uma declaração na contramão do mercado é aquele que se vê como o escoadouro natural de suas expectativas. O senador Aécio Neves reuniu os seus em Poços de Caldas para dizer que a saída para o país é fortalecer a federação. Mas PSDB corre o risco de acabar antes que o senador Aécio Neves consiga explicar como vai conciliar a demanda de governadores e prefeitos por mais gastos com o tripé da economia.

A carta que falta é a que se destina a sua excelência, o eleitor. Em 2012 a pobreza continuou a ser reduzida mas a desigualdade deixou de cair. Em entrevista à Flávia Lima, do Valor, o titular da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Ricardo Paes de Barros, explicou por quê. A renda dos mais pobres continuou crescendo acima da média. Só que antes os ricos estavam pagando a conta. No ano passado, a fatura recaiu mais sobre a classe média.

Isso é parte da explicação dos protestos e antecipa os humores de outubro de 2014. A curva da renda mostra a disposição com que o distinto público receberá o arrocho pós-eleitoral que está nas entrelinhas dos missivistas da sucessão.

Não dá para entender o espetáculo das prisões dos mensaleiros com o fígado sintonizado nos próceres que continuam a pontificar nos mais diversos partidos. Para se compreender a prisão de um Genoíno em risco de vida é preciso olhar para dentro do PT. Há companheiros seus que continuam agindo à luz do dia quando só deveriam estar tomando banho de sol.

Genoino foi condenado por uma assinatura. Depois de sete mandatos parlamentares, continuou morando no sobrado onde, por muitos anos, as visitas eram convidadas a sentar em sofá cuja espuma teimava em se insinuar, pelos quatro cantos, sob a costura rota.

O atestado de inidoneidade do mesmo Supremo tribunal Federal que agora ameaça a vida de Genoino permite que Antonio Palocci se mantenha como o principal operador de Lula no aliciamento empresarial à reeleição de Dilma. Na legenda pela qual Genoino ergueu o punho à entrada da carceragem, as artes do petista mais estimado das finanças viraram um pedágio à manutenção do poder.

A política já foi mais nítida - OCTÁVIO COSTA

BRASIL ECONÔMICO - 22/11

Fim de tarde de 22 de novembro de 1963, Rio de Janeiro. No andar de cima de uma casa de vila na Muda da Tijuca, uma senhora de classe média se prepara para comemorar seus 34 anos de idade. As filhas, os filhos e o marido aguardam na sala para o jantar de parabéns. Mas, de repente, uma vizinha e amiga entra às pressas, vai até a beira da escada e dá a um grito: "Rafaela, Kennedy levou um tiro em Dallas!". A jovem dona da casa desce correndo, ainda sem acreditar, e pede que liguem o rádio e a televisão. O jantar fica aguardando para ser servido e, após a confirmação do assassinato, dona Rafaela, às lágrimas, anuncia que a festa está cancelada: "Nunca mais meu aniversário será um dia feliz. Sempre vou me lembrar da morte de Kennedy" 

Por muitos anos, a promessa foi cumprida. Naquela data, John Kennedy morreu brutalmente nas ruas de Dallas alvejado pelo rifle automático de Lee Oswald. O terceiro tiro explodiu sua cabeça manchando o vestido da primeira-dama Jacqueline. Nunca se soube a verdadeira motivação de Oswald e se ele agiu sozinho ou foi agente de uma grande conspiração conservadora. O presidente democrata apoiava o fim da discriminação racial no Sul dos Estados Unidos e, com programas econômicos, feria interesses de grandes corporações. Em mão oposta, combatia o comunismo de Fidel Castro e Che Guevara em Cuba e também olhava com desconfiança o governo João Goulart no Brasil. Eram tempos de Guerra Fria.

Apesar das nuvens que ainda encobrem o assassinato de Kennedy, a tristeza de dona Rafaela pertence a uma época na qual era bem mais fácil firmar posição diante dos fatos políticos. Enquanto muita gente simpatizava com o carismático ocupante da Casa Branca, outras correntes no Brasil e na América Latina apontavam-no como símbolo maior do imperialismo norte-americano. Nos anos 60, como dizem os acadêmicos, a clivagem entre direita e esquerda era nítida. Ou se estava a favor de Jango, ou contra Jango; ou se estava com a União Soviética, ou contra. No Brasil, 128 dias após a morte de Kennedy, Jango foi deposto pelos militares, com apoio ostensivo de Washington. Novo motivo de tristeza para dona Rafaela, que teve parentes cassados e submetidos a longo exílio.

Hoje, a política é mais difusa. O que dizer, por exemplo, da polêmica que se formou após a prisão dos dirigentes petistas condenados no caso do mensalão? De uma hora para outra, cresce a movimentação para transformar José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares em vítimas de injustiça. O presidente do STFJoaquim Barbosa, que deu a ordem de prisão, passou a ser tratado por parte da mídia como o grande vilão da história. Poucas vezes se viu campanha de nível tão baixo contra o representante máximo do Judiciário. Barbosa está sofrendo agressões de cunho racista. Louve-se a atitude da presidente Dilma que evitou se manifestar, explicando que respeita a harmonia e a independência dos Poderes.

É justa a preocupação com a saúde de José Genoino, que ontem, finalmente, teve direito a prisão domiciliar. Mas daí a afirmar que os petistas são alvo de vingança, vai grande distância. É embaralhar os fatos e tentar jogar a opinião pública contra o Supremo. Nos anos 60, as lutas da esquerda tinham objetivos mais altruístas. E as donas de casa da Tijuca se emocionavam com políticos nacionais e estrangeiros.

Sem caixa, Dnit atrasa pagamento de obras - DANIEL RITTNER

VALOR ECONÔMICO - 22/11

Em carta ao ministro dos Transportes, chefe do órgão fala em dificuldade para pagar construtoras



Longe dos holofotes, o general Jorge Ernesto Fraxe fez um relato preocupante sobre a situação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que ele chefia desde a "faxina ética" patrocinada pela presidente Dilma Rousseff em 2011: há atrasos nos pagamentos a empreiteiras responsáveis por serviços já executados nas rodovias federais, riscos de descumprimento no calendário de obras e ações nos tribunais contra a autarquia.

Longe dos holofotes, o general Jorge Ernesto Fraxe fez um relato preocupante sobre a situação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que ele chefia desde a "faxina ética" patrocinada pela presidente Dilma Rousseff em 2011: há atrasos nos pagamentos a empreiteiras responsáveis por serviços já executados nas rodovias federais, riscos de descumprimento no calendário de obras e ações nos tribunais contra a autarquia.

Fraxe, diretor-geral do Dnit, expôs esses problemas em ofício reservado que mandou ao ministro dos Transportes, César Borges, na terça-feira. Ele inicia o ofício com a informação de que o departamento tem R$ 499,9 milhões de obras com "medições já liquidadas", mas se vê "impedido de emitir ordem bancária de pagamento" às empresas. "Esta situação se repete há mais de três meses, o que vem a contribuir para o prejuízo na credibilidade do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] junto ao mercado construtor", afirmou Fraxe no ofício, ao qual o Valor teve acesso.

Com franqueza, o general deu sequência ao desabafo, fazendo um alerta: "Considero tal situação grave e adianto que o Dnit já começou a receber ações judiciais por atraso em pagamentos de serviços utilizados. Além do mais, atrasos em pagamentos refletem-se em atrasos no cronograma de entrega das obras".

Para finalizar, Fraxe pediu o apoio do ministro para "sensibilizar os gestores governamentais" sobre a necessidade de "dispor de fluxo de caixa para fazer frente ao pagamento mensal dos mais de mil contratos ativos" do departamento. O assunto do ofício reforça o tom de urgência: "necessidade de recursos financeiros para cumprimento das metas estabelecidas pelo PAC".

A carta do general deu a impressão, em executivos do setor privado que lidam rotineiramente com o Dnit, de que o departamento tornou-se a mais nova vítima do esforço governamental em conter gastos e dar ao mercado uma resposta de austeridade após o déficit primário de R$ 9 bilhões no mês de setembro - incluindo Estados e municípios.

Questionado pelo Valor sobre a carta, Fraxe negou veementemente que haja falta de recursos na autarquia e constrangimento com as empreiteiras. "A letra fria do ofício dá a impressão errada", frisou o general. Segundo ele, o ministro "até estranhou" os termos da correspondência e teria lhe perguntado "qual a razão" do que foi escrito, pois tem havido aceleração dos investimentos nos últimos meses. O diretor-geral do Dnit respondeu: "Esse ofício é para provocar o governo. Queremos um fluxo mensal e contínuo de pagamentos às construtoras".

De acordo com Fraxe, a meta da autarquia é pelo menos igualar a execução orçamentária de R$ 10,2 bilhões verificada no ano passado. Para isso, ele espera aumentar o volume de investimentos de R$ 1 bilhão em outubro para R$ 1,5 bilhão em novembro e até R$ 2 bilhões em dezembro.

O general alega que a liberação de recursos pelo Tesouro Nacional normalmente ocorre na última semana de cada mês. Isso não dá, ao Dnit, tempo suficiente de processar todos os pagamentos e emitir as ordens bancárias às construtoras que têm algo a receber. "Fazemos um esforço grande para que as medições não virem de um mês para o outro."

O objetivo da carta, segundo ele, é justamente "gerar um fluxo permanente" de liberação de verbas - não apenas a partir do dia 25 de cada mês - e dar previsibilidade nos pagamentos. Quanto às ações judiciais, diz que são problemas que apareceram durante a greve do Dnit, que durou 74 dias e terminou em setembro.

A pavimentação da BR-163 no Mato Grosso e no Pará, a duplicação da BR-101 no Sul e no Nordeste, a construção do Arco Rodoviário do Rio de Janeiro e a duplicação do trevo da BR-365 em Uberlândia são algumas das maiores prioridades do Dnit no PAC. A autarquia também tem contratos - de diferentes tipos - de restauração e conservação de trechos rodoviários que somam 51.790 quilômetros de malha.

5,4,3,2,1... - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 22/11

O trecho da Perimetral, no Rio, entre as ruas Pereira Reis e Antônio Lage, com 1.250 metros, vai ao chão, domingo agora, em cinco segundos.
Segundo a turma da Fábio Bruno Construções, responsável pela implosão, serão gerados 15 mil metros cúbicos de entulho.

A vida como ela é
Preso em outubro, acusado de depredar um carro da PM naquelas manifestações de rua, Jair Seixas, o Baiano, militante da Fist (Federação Internacionalista dos Sem-Teto), não tem as regalias que os mensaleiros dispõem na Papuda, em Brasília.
Só na semana passada seus advogados conseguiram que ele tivesse direito a banho de sol no presídio Bangu 9, no Rio.

Boicote à Pepsi
A TAP, a voadora portuguesa, estuda trocar a Pepsi pela Coca-Cola em seus voos.
É que os portugueses não gostaram nada de uma campanha que a Pepsi colocou no ar na Suécia, no período em que os dois países disputavam uma vaga para a Copa de 2014.
O filme simulava um vodu contra Cristiano Ronaldo.

Não decolou lá...
Aliás, o que se diz na terrinha é que a cantora Kátia Aveiro, irmã do craque Cristiano Ronaldo, está tentando lançar carreira no Brasil.
Em Portugal, ela não conseguiu fazer muito sucesso.

A vitrine de Dilma
A campanha de reeleição de Dilma escolheu os três programas que estarão na vitrine da disputa: Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida e Pronatec (de ensino profissionalizante).

O Rei ficou sozinho
Na audiência pública no STF, o pessoal que defende liberdade para biografias foi predominante.
Até o deputado Ronaldo Caiado, apontado como simpático à posição de Roberto Carlos, afirmou ser contra consulta prévia e recolhimento de livros, como fez o Rei. O deputado defende é uma Justiça ágil para tratar de casos de difamação.

Aliás...
Mesmo escritores, como Ana Maria Machado, presidente da ABL, que condena qualquer censura ou autorização prévia, dizem que a Justiça tem de ser rápida e firme na responsabilização e na reparação:
— É a única maneira de ser justa.

E ainda...
Toninho Vaz, autor da elogiada biografia de Paulo Leminski, vai ler em um debate na Feira do Livro de Brasília, no dia 27, o trecho que fez com que as herdeiras do poeta proibissem a quarta edição de “O bandido que sabia latim”.
O texto descreve o suicídio de Pedro, irmão de Paulo, contado por um amigo, Carlos Augusto Oliveira (Caco)

Ordem, progresso e amor
Magaly Cabral, diretora do Museu da República, fez uma pesquisa com frequentadores da instituição no dia 19, Dia da Bandeira, sobre a ideia de pôr no pavilhão nacional a palavra amor ao lado de Ordem e Progresso.
Obteve 91 votos a favor e 31 contra.

É o fim
Sabe o que vai abrir no lugar da tradicional Casa Veneza, em Copacabana, fechada depois de um incêndio em setembro? A sorveteria italiana Officina Del Gelato.

Não deu certo
A badalada loja 284, cria da Daslu, fechou as portas no Shopping Leblon.

O pai do Minc
Morreu terça passada, aos 93 anos, Luiz Baumfeld, pai do secretário Carlos Minc.
Químico, ele ajudou o filho na fundamentação de leis que baniram o amianto, o chumbo e o mercúrio das empresas.

Vinicius, cem anos
O centenário de Vinicius de Moraes será celebrado também na Baixada Fluminense. Abre dia 28 a Feira de Leitura Interativa Mesquitense, em Mesquita, homenageando o Poetinha.

TV Brasil
O jornalista e artista plástico Luiz Dolino é o novo presidente da Acerp, antiga TVE.
Substitui o coleguinha Arnaldo César Ricci Jacob.

Cena carioca
Um carioca caminhava, na noite de terça, pela Rua Carlos Sampaio, no Centro do Rio, quando o porteiro de um inferninho tentou convencê-lo a entrar: “Aí, irmão, pega aqui o folhetinho. Hoje só tem virgem.”
Há controvérsia.

EX-MINISTRO CASA FILHA EM FESTANÇA DE DOIS DIAS - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 22/11

"A energia dos dois dias de festa foi tão positiva que tivemos direito a pôr do sol rosado, lua cheia e até arco-íris. Estava tudo abençoado!" É assim que Erika dos Mares Guia resume à coluna, por e-mail, o seu casamento com o empresário baiano José Renato Coutinho, em Punta del Este, no sábado passado.

Erika foi conduzida pelo pai, Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro do governo Lula, ao som da orquestra sinfônica do Uruguai, que fez um concerto de 40 minutos antes da cerimônia. O momento mais emocionante foi a fala do noivo, que anunciou que a felicidade do casal estava completa com a gravidez de dois meses da noiva.

Em seguida, foi a vez de Erika, em inglês, traduzir as boas-novas e agradecer aos convidados dos quatro cantos do mundo. "Vieram amigos de Hong Kong, Istambul, Zurique, Londres, Paris, Milão, Nova York, Miami e de várias partes do Brasil."

A balada pós-cerimônia durou 12 horas, com direito a show de Dionne Warwick. A cantora americana se emocionou e chegou a chorar durante a música "That's What Friends Are For".

Amiga da noiva, a top Naomi Campbell não conseguiu comparecer. A modelo está na Austrália gravando o programa "The Face". "Era inviável ela estar em Punta", explica a empresária mineira.

As duas famílias optaram por um casamento restrito, realizado na exclusivíssima Estância Vik, na praia de José Ignácio. "Foi um momento muito íntimo. Prefiro não falar nada", disse Walfrido, por telefone, à coluna.

O vestido da noiva era da alta-costura de Dolce&Gabbana. Os estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana presentearam Erika, dona de uma multimarcas de grifes de luxo, com o véu, o arranjo da cabeça e os sapatos.

Entre os convidados brasileiros, estavam o publicitário Nizan Guanaes, a apresentadora Glória Maria e Narcisa Tamborindeguy. Do mundo político, um dos poucos foi o ex-ministro do STF Nelson Jobim. Nem o senador Aécio Neves (PSDB-MG) nem o ex-presidente Lula foram ao casório.

EM CIMA DO LANCE
Uma casa de praia que pertence ao ex-juiz Nicolau dos Santos Neto será incorporada ao patrimônio da União ou leiloada. O imóvel localizado em um condomínio no Guarujá (SP) foi avaliado em R$ 5,5 milhões. É necessário antes pagar cerca de R$ 450 mil em dívidas de IPTU em atraso.

EM CIMA DO LANCE 2
O julgamento final da ação ocorreu em maio, quando o ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), reconheceu que o bem foi comprado com dinheiro público desviado da construção do Fórum Trabalhista de São Paulo. A decisão ocorreu a dois dias da prescrição do processo de execução. A ação tramitou por 12 anos e três meses.

EM CIMA DO LANCE 3
Em 24 de outubro, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo, condenou o ex-juiz, o ex-senador Luiz Estevão e demais réus a devolver aos cofres públicos R$ 1,2 bilhão, em valores atualizados. Segundo a procuradora Maria Luísa Carvalho, que acompanha o caso desde 1998, parte dos crimes prescrevem em maio de 2014, entre eles o de formação de quadrilha.

IMAGEM CARA
O ator Fábio Assunção e sua ex-mulher, Priscila Borgonovi, acusam a Editora Globo, que publica a "Quem", de litigância de má-fé em um processo que já dura 11 anos. A publicação foi condenada a pagar indenização de R$ 300 mil aos dois, pelo uso de imagens não autorizadas do casamento deles. André Suplicy, advogado do ex-casal, diz que "os sucessivos recursos da editora são protelatórios".

IMAGEM CARA 2
A Editora Globo diz que o processo segue seu trâmite normal e a condenação não transitou em julgado. As partes agora discutem a atualização do valor da dívida. Segundo Suplicy, a indenização chega a R$ 900 mil, com juros e correção desde 2002, conforme sentença. Já a editora pede a aplicação de uma súmula do STJ pela qual o valor da indenização por dano moral conta a partir da condenação. No caso, em 2008.

SILÊNCIO
Ao chegar à estreia do Grupo Corpo, Fernando Henrique Cardoso (foto acima) não quis comentar as prisões dos envolvidos no mensalão. "Não quero falar sobre isso. Vim me divertir." Sua namorada, Patricia Kundrát, colocou-se à frente e foi categórica: "Ele não vai falar nada sobre isso".

ONDE PEGA
Tata Amaral retoma a gravação do documentário sobre José Dirceu em março. A cineasta gravou o momento em que o ex-ministro se entregou à Polícia Federal. "Era eu lá brigando por espaço com um bando de jornalista." A continuidade depende "basicamente de dinheiro". Enquanto isso, ela toca a série de 13 documentários "Rua", encomendada pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos.

VEM PRA RUA
Mais de cem denúncias envolvendo o Royal, o "instituto dos beagles", invadido por ativistas de defesa dos animais em São Roque (SP), chegaram ao Ministério Público do Estado no mês passado. "Elas foram encaminhadas aos promotores que cuidam do caso", explica Fernando José Marques, ouvidor do órgão.

VEM PRA RUA 2
Relatório recente da ouvidoria, com dados de julho a setembro, registra 4.466 manifestações sobre diferentes problemas, como direito do consumidor e saúde --aumento de 21% em relação ao trimestre anterior. "Falou-se muito sobre o Ministério Público, por causa dos protestos. As pessoas estão reclamando mais", diz Marques.

PROCURE OUVIR
Gilberto Gil e Chico Buarque gravaram nessa terça, no Rio, o clipe de "Copo Vazio", dirigidos por Andrucha Waddington. A canção faz parte da trilha do filme "Rio, Eu te Amo".

Chico encomendou a música a Gil em 1973. "Na época era difícil para ele passar as próprias composições pela censura. Fiquei com aquele problemão: fazer uma música pro Chico", conta o baiano. "A parceria agora se fez dentro do estúdio. Dividimos as vozes sem critério", completa Chico.

CORPOS EM MOVIMENTO
Os irmãos Rodrigo e Paulo Pederneiras, coreógrafo e diretor artístico do Grupo Corpo, respectivamente, estrearam temporada paulistana do espetáculo "Triz", anteontem, no teatro Alfa. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o médico e colunista da Folha Drauzio Varella, com a mulher, a atriz Regina Braga, foram ao evento. A cantora Mônica Salmaso e o marido, o músico Teco Cardoso, também estiveram na plateia.

CURTO-CIRCUITO
Nina Becker canta Dolores Duran na Casa de Francisca, nos Jardins. Hoje e amanhã, às 22h30. 18 anos.

A psicóloga inglesa Judy Shuttleworth participa hoje e amanhã de fórum da Sociedade Brasileira de Psicanálise de SP.

O documentário "Eu Respiro" estreia hoje no Espaço Itaú de Cinema em seis capitais. Livre.

O bom samaritano - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 21/11

Com Simone Iglesias - interina

Condenado a seis anos e três meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, o ex-deputado Bispo Rodrigues (PR-RJ) resolveu se entregar à polícia. Foi até a Vara de Execuções Penais, em Brasília, ontem à tarde, mas como seu mandado ainda não foi expedido, recebeu o conselho de voltar para casa. Rodrigues deixou o Rio e decidiu que quer cumprir sua pena na capital federal.

O bode expiatório
O deputado-presidiário Natan Donadon (sem partido-RO) recebeu na noite de anteontem a primeira visita de seu advogado desde a prisão da turma do mensalão, no sábado. Conversaram mais de uma hora. Donadon diz que virou alvo de chacota dos presidiários vizinhos, que dizem que ele perdeu o privilégio depois que seus "amigos mais famosos chegaram" Donadon disse a seu advogado, Marcus Gusmão, que virou "bode expiatório" por abrir o caminho para a prisão dos condenados no mensalão. Ele tem direito a duas horas de banho de sol por dia e não encontra José Dirceu e José Genoino. Sua família, garante, enfrenta a fila para pegar a senha da visita.


"Vamos aumentar nossa bancada para superar a dos detentos, que pode ganhar tucanos, e a dos prisioneiros do regime dos financiamentos milionários de campanha
Chico Alencar, deputado federal (PSOL-RJ)

Fogo amigo
O chefe de gabinete do ministro Guido Mantega (Fazenda), Marcelo Fiche, contesta informação de que comprdü um Audi em leilão da Receita. Atribuiu a denúncia a fogo amigo e diz que, por ser chefe linha-dura, fez inimizades na Esplanada.

Vende-se
Por causa das denuncias de que recebeu propina, Marcelo Fiche contou que pôs seu Audi à venda por R$ 113 mil para pagar a advogados. Disse que o ministro Guido Mantega namora o carro, tendo oferecido, em outras épocas, R$ 80 mil por ele.

Pronto, falei 
Ministro de Lula e fundador do PX Olívio Dutra defendeu as prisões de José Dirceu, j José Genoino e Delúbio Soares. Disse que não deveria ; ser diferente e que não os i considera presos políticos, j "Com todo o respeito que essas figuras têm, mas não é o passado que está em jogo, é ........o presente, e eles se conduziram mal" afirmou.

Candidatos e padrinhos
O STJ enviou ontem lista tríplice à presidente Dilma para uma vaga de ministro. Estão no páreo os desembargadores federais Néfi Cordeiro, apadrinhado do presidente do STJ, Félix Fischer, e do ministro Paulo Bernardo (Comunicações); Luiz Alberto Gurgel, com o apoio do ministro do STJ Francisco Falcão; e ítalo Sabo Mendes, primo do ministro do STF Gilmar Mendes.

Usou? Vai em cana
O número de traficantes presos saltou de 16% para 25% da população carcerária. Além do cerco aos traficantes, lei que distinguiu usuário de traficante não está sendo considerada. Os juizes estão mandando os usuários em cana.

O peso do poder
O ex-prefeito de Campinas dr. Hélio (PDT) sugeriu à presidente Dilma a aplicação do artigo 84, inciso XII, da Constituição, que permite ao chefe de Estado o instituto da graça e do indulto, para beneficiar o deputado federal José Genoino.

Presidente do grupo de Peritos no Combate à Lavagem de Dinheiro da OEA, Paulo Abrão levará a Bogotá relatório a representantes dos países americanos.

Nas cordas - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 22/11

Geraldo Alckmin quer apressar processos de inidoneidade contra a Siemens que correm no Metrô e na CPTM, para tentar conter o desgaste causado pela acusação de que políticos do PSDB e aliados receberam propina, feita pelo ex-executivo da empresa Everton Rheinheimer. O governo paulista também deve acionar a Procuradoria-Geral da República para que apure por que o presidente do Cade, Vinícius Carvalho, não incluiu o documento no acordo de leniência feito pela Siemens.

Fio da meada Aliados do governador paulista argumentam que, se Carvalho conhecia o teor do texto, omitiu informações da investigação. O Cade, em nota, negou ter recebido o documento.

Nada feito A Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo mantém a posição de que o governo não deve incluir as outras empresas citadas como participantes do cartel na ação de ressarcimento que move contra a Siemens, como quer a Justiça.

Ao vivo O ex-presidente Lula tem pedido informações atualizadas a todos os grupos de deputados e senadores que visitaram os petistas presos pelo mensalão. Sua principal preocupação é com a saúde de José Genoino.

Às claras Com leitura contrária à do presidente da Câmara, petistas acreditam que Genoino pode ter o mandato preservado no plenário mesmo se a votação for aberta, dado seu estado físico.

Conectado Lula trabalha pela aprovação do relatório do Marco Civil da Internet do deputado Alessandro Molon (PT-RJ). O ex-presidente, que reuniu blogueiros e dirigentes petistas segunda-feira para debater o tema, vai gravar vídeo em defesa do texto.

Light Molon convenceu parte da oposição a aderir a sua proposta. O Planalto, porém, teme isolar na votação o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), e rachar a base.

Linha dura O projeto de reforma do Estatuto da Criança e do Adolescente deve ser apresentado na semana que vem com uma medida que dobra o período máximo de internação de menores infratores, de três para seis anos, em caso de crimes hediondos. O relatório será apresentado quarta-feira na Câmara.

Bomba 1 Em uma tentativa de contornar o impasse sobre o aumento dos combustíveis e evitar a implantação de uma correção periódica baseada em variáveis do mercado, integrantes do governo voltaram a discutir um reajuste "gradual" do preço da gasolina e do diesel.

Bomba 2 Um dos cenários prevê aumento imediato na casa de 5% e nova alta de até 3% em seis meses. Petrobras e Ministério da Fazenda não chegaram a um consenso, e Dilma Rousseff ouve os dois lados, mas não arbitrou.

Solto Apesar da decisão de Dilma e Guido Mantega de adiar a votação do projeto que muda o indexador das dívidas de Estados e municípios, o governo não deu uma ordem clara ao Senado para frear a matéria. Líderes governistas dizem que o projeto pode ser votado ainda este ano ou no início de 2014.

Modelo... O presidente nacional do PSDB e pré-candidato do partido à sucessão de Dilma, Aécio Neves, disse, em entrevista ao "El País", que "o governo fracassou na condução da economia, na gestão do Estado e na melhoria dos indicadores sociais".

... exportação "Quem enfrentar Dilma no segundo turno vencerá as eleições. Espero que sejamos nós", disse o tucano ao jornal espanhol.

Visita à Folha Claudio Bernardes, presidente do Secovi SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo), visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Miguel Sergio Mauad, ex-presidente e conselheiro da entidade, e de Shirley Valentin, assessora de comunicação.

com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA

tiroteio
"Está na hora de Alckmin ter coragem de autorizar sua bancada a apurar as graves denúncias do tremsalão tucano no Estado."

DE EDINHO SILVA (PT), deputado estadual, sobre as acusações de ex-executivo da Siemens de que empresa pagou propina para políticos tucanos e aliados.

contraponto


Bondade sazonal
Ao discursar ontem durante evento em que o governador Geraldo Alckmin anunciou desoneração a padarias do Estado, o deputado estadual tucano Orlando Morando disse que sentia saudades das "primaveras tributárias".

O secretário Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico) aderiu ao coro de elogios:

--O governador não faz só primaveras tributárias. Faz outonos e verões também. Só quem não gosta é o Andrea Calabi, o homem do cofre.

Aécio e o PMDB - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 22/11

Um jantar entre o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, e o ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB), pré-candidato ao governo da Bahia, praticamente selou a aliança do tucano com os peemedebistas baianos. O próximo alvo de Aécio como pré-candidato a presidente da República é o senador Eunício Oliveira, do PMDB do Ceará, que tende a concorrer ao governo estadual e ainda não se acertou com os petistas no estado.

A aliança entre PSDB e PMDB na Bahia tem um sabor de vingança. Em 2010, Geddel deixou o governo Lula crente que o ex-presidente e Dilma seriam neutros na disputa ao governo do estado. A então candidata desfilava com Jaques Wagner durante o dia e se encontrava com Geddel em rápidas reuniões fechadas. Repetir essa desfeita nem pensar.

Temores
Os promotores do Distrito Federal fizeram chegar à Vara de Execução Penal (VEP) um alerta sobre o risco de rebelião na Papuda por causa da vista grossa feita à romaria de visitantes aos condenados no processo do mensalão. Os presos comuns estão revoltados e, se continuar nesse ritmo de tratamento diferenciado, os problemas serão difíceis de contornar. Agora, com a saída de José Genoino para prisão domiciliar, a expectativa é a de que as coisas se acalmem.

“Perdemos a condição de dialogar, nem produtores, nem índios nos escutam mais. O poder moderador ruiu e a culpa é do governo”
Do senador Delcídio Amaral (PT-MS), referindo-se aos conflitos entre índios e produtores rurais

Diferenças
Integrantes da bancada do PR passaram no gabinete do réu e deputado Valdemar Costa Neto para lhe prestar solidariedade. Trataram-no como “meu líder”, “comandante”. Mas apenas nas internas. Em público, ninguém aparece defendendo o ex-presidente do PR. Um dos poucos que não compareceu ao gabinete de Valdemar foi Anthony Garotinho, do Rio: “Eu não era do PR nessa época”.

Candidatura calculada
A turma do PSol que defendeu a candidatura de Randolfe Rodrigues à Presidência da República tem outro objetivo, além de tentar conquistar os jovens: deixar Chico Alencar livre para ser candidato à reeleição no Rio de Janeiro. O partido calcula que, com Chico e Jean Wyllys, o partido não só reelege os dois como traz mais um de carona.

A bomba do Senado/ Funcionários da TV Senado tiveram que sair das salas do subsolo do anexo II, onde fica o auditório Petrônio Portela. Tudo porque a bomba do sistema de esgoto deu pane e os detritos ficaram concentrados ali, exalando um cheiro insuportável. Sabe como é… Ao longo dos anos, o Senado construiu tantos puxadinhos que a rede de esgoto seguiu no mesmo caminho. Não é a primeira vez que a pane acontece.

Senha/ Você que acompanha as sessões da Câmara dos Deputados fique atento: Quando Henrique Eduardo Alves ou o vice, André Vargas, conduzem os trabalhos em plenário, é sinal de que votações virão. Em outros casos, a chance é remota. No meio dos políticos, já tem quem diga que Henrique segue a escola de Antonio Carlos Magalhães que, certa vez, declarou, “reunião que eu não estou, não vale”.

Espirituoso/ Plenário do Congresso cheio, o senador Pedro Taques se aproxima da rodinha, onde conversavam os deputados José Reguffe, Luiz Pitiman e o senador Rodrigo Rollemberg. “Ei, vocês viram a pesquisa do Ibope que acaba de sair com os números para governador do Distrito Federal?” O trio arregalou os olhos e Taques saiu de fininho, dando risadas.

Acredite se quiser/ Alguém se aproxima de José Sarney e pergunta e sobre o pacto da estabilidade entre os partidos. “Pergunte aos líderes. Eu sou baixo clero!”

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 22/11

Empresa constrói complexo logístico no Rio
A gestora Pátria Investimentos irá construir um complexo logístico e industrial em Itatiaia, no Rio de Janeiro, com aporte estimado em R$ 200 milhões.

A estrutura, que será erguida na margem da rodovia Presidente Dutra, terá galpões para locação e um terminal que vai integrar os transportes rodoviário e ferroviário.

"Decidimos fazer o projeto por causa do desenvolvimento da indústria automobilística na região do Vale do Paraíba do Rio", afirma Helmut Fladt, executivo responsável pela área de terceirização imobiliária do grupo.

"Nosso alvo são empresas fornecedoras dessas automobilísticas, além de companhias de logística que atuarão na mesma cadeia produtiva."

O empreendimento terá um perfil misto. Uma parte será construída no modelo sob medida, no qual o projeto é encomendado pelo futuro inquilino já com a garantia de um contrato de aluguel de longo prazo.

O restante do complexo será feito para livre locação.

Os galpões irão ocupar uma área construída de 160 mil metros quadrados. A primeira etapa, de 30 mil m², deverá ser entregue em 2014.

O projeto também terá um terminal rodoferroviário, além de um pátio de 50 mil m² para o recebimento de cargas em contêineres.

"Estamos na fase de decisão de quem vai ser o operador [do terminal], porque a gente só faz a infraestrutura e depois aluga", diz.

Os recursos para as obras virão de um fundo já captado junto a investidores nacionais e estrangeiros, de acordo com o executivo.

Com sede em São Paulo e escritórios no Rio de Janeiro, em Nova York e em Londres, o Pátria tem sob sua gestão R$ 15 bilhões em ativos.

PRIMEIRO EMPREGO
A contratação de aprendizes por empresas parceiras do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) avançou 26,5% no segundo quadrimestre de 2013, na comparação com o mesmo período de 2012, segundo o órgão.

O intervalo de maio a agosto deste ano terminou com 55 mil jovens admitidos para formação profissional por meio do programa Aprendiz Legal. No mesmo período de 2012, foram 43,5 mil.

"Muitos setores sofrem um apagão de mão de obra. Por isso, esse crescimento na capacitação de jovens é expressivo", afirma Eduardo de Oliveira, superintendente educacional da entidade.

As contratações ocorreram em segmentos variados, mas as áreas administrativas predominaram, segundo ele.

Os admitidos por meio do programa ficam uma parte da jornada na empresa e outra no CIEE em aulas teóricas.

Em companhias médias e grandes, os aprendizes devem, por lei, representar de 5% a 15% do número de funcionários qualificados.

"A maioria acaba efetivada", diz o superintendente.

DISPUTA POR AEROPORTO
Os grupos que participam hoje do leilão dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG) têm parcerias com operadoras que administram alguns dos melhores terminais do mundo.

A Odebrecht, por exemplo, fechou com a operadora do aeroporto de Cingapura, eleito o melhor em 2012 e 2013 por pesquisa feita pela consultoria Skytrax com base em 12,1 milhões de questionários.

O local conta com cinemas, playgrounds, jardins e áreas cômodas para descanso.

O grupo formado por Andrade Gutierrez, Camargo Correa e Soares Penido participa com as operadoras dos aeroportos de Munique e Zurique, que foram considerados o sexto e o sétimo melhor neste ano, respectivamente.

Em Munique, há campo de golfe com 18 buracos.

Fornecedor com atraso
Problemas com fornecedores estão se tornando mais frequentes e mais graves, aponta pesquisa da EIU feita com 395 empresas de 67 países que atuam em 19 setores.

Entre as causas, os entrevistados citaram uma complexidade crescente na cadeia de fornecimento (49%) e a elevação no número de serviços terceirizados (36%).

Captação... Seis grupos brasileiros das áreas de construção e hotelaria participam nos Estados Unidos de uma rodada de negociações com fundos de investimentos e de pensão e bancos americanos.

...de investimento O encontro foi articulado pelo Ministério do Turismo, em um projeto-piloto iniciado pelos Estados Unidos, mas que será estendido a outros países, de acordo com a pasta.

Passo A Tennis Express, rede de lojas de calçados do grupo Afeet, pretende chegar a 150 unidades até 2018. Hoje, são 22 lojas. O investimento mínimo para a abertura de cada ponto é de R$ 350 mil.

HERÓIS DE VERDADE
Em uma parceria com a Livraria Cultura, o jornalista André Forastieri lança hoje a loja virtual Herói Shop.

"Herói não porque a loja venda somente produtos com temática de super-heróis, mas, sim, porque uma parte do valor faturado será doada para entidades sociais", afirma o idealizador.

Cobrança, envio e estoque serão responsabilidade da Livraria Cultura. O site funcionará como o "meio" para a ação social e terá participação nas vendas.

Dessa margem, uma porcentagem (de 1% a 3%) de todos os produtos vendidos no site serão doados a uma instituição de caridade, que mudará a cada três meses.

O "we-commerce" (como foi batizado o comércio eletrônico com objetivo social) será divulgado em sites de games com grande acesso.

"O objetivo é atingir 3,5 milhões de visitantes até o fim do ano", diz Forastieri.

O tíquete médio previsto é de R$ 150 por compra.

Parceria... A consultoria italiana Business Integration Partners (BIP), especializada em integração de negócios, e a brasileira Othink, de gestão, se fundiram. No ano passado, a BIP faturou $ 220 milhões em todo o mundo.

...transacional A empresa italiana já estava no mercado brasileiro desde 2008, trabalhando apenas com companhias europeias. Entre os países onde atua estão Inglaterra, Espanha, Portugal, Malásia, Argentina e Tunísia.

No mar A Neurotech, especializada em soluções tecnológicas de gestão de riscos, fechou parceria com a canadense GSTS, de serviços de tráfego marítimo. Elas operarão um sistema de monitoramento marítimo global.

A persistência nos mesmos erros - ROGÉRIO FURQUIM WERNECK

O GLOBO - 22/11

Perspectiva de mais um ano de crescimento econômico pífio tem deixado lideranças do PT cada vez mais apreensivas



Ganhou espaço na mídia o argumento de que o descrédito em que caiu a política econômica é, em boa medida, simples decorrência de falhas de comunicação. Os grandes erros não estariam propriamente na condução da política econômica, mas na forma desastrada com que o governo tem explicado o que vem tentando fazer. Trata-se de uma racionalização das dificuldades enfrentadas pelo governo na área econômica que não têm aderência aos fatos. E que só contribui para dificultar e retardar as correções que se fazem necessárias na condução da política econômica.

Não é preciso análise exaustiva das muitas evidências de que tal interpretação não faz sentido. Basta concentrar a atenção em poucos fatos relacionados à política fiscal. O que mais preocupa é que o governo se recusa a aceitar que fez escolhas equivocadas, que precisam ser urgentemente corrigidas. Muito pelo contrário, continua determinado a insistir nos mesmos erros.

Há algumas semanas, chegou a ser noticiado que, para evitar que a dívida brasileira fosse rebaixada pelas agências de classificação de risco, o governo estaria disposto a fechar dois grandes flancos que têm dado margem a avaliações muito negativas da condução da política fiscal. Seriam gradativamente eliminadas as vultosas transferências do Tesouro ao BNDES. E, no registro das contas públicas, não seriam mais utilizados truques contábeis. A escalada de “contabilidade criativa” dos últimos anos seria afinal encerrada.

Houve até quem acreditasse. Mas, poucos dias depois, a real extensão dessa suposta disposição de levar à frente tais mudanças pôde ser devidamente aferida. Perante uma plateia de sindicalistas, o presidente do BNDES denunciou as pressões pela redução de aportes do Tesouro à instituição como parte de um “ataque conservador” desferido contra o banco. E esclareceu que, na verdade, os desembolsos do BNDES em 2013 deverão atingir o nível recorde de R$ 190 bilhões.

Na mesma semana, em entrevista concedida à revista “Época”, o secretário do Tesouro Nacional exaltou o “sólido” estado das contas públicas no país e, quando indagado sobre os truques contábeis que tanto descrédito vêm trazendo ao registro das contas, permitiu-se partir para o deboche, declarando não saber o que era “contabilidade criativa”.

Salta aos olhos que o governo não tem a menor intenção de alterar o regime fiscal em vigor. Dados dos primeiros nove meses de 2013 mostram que o dispêndio público federal vem crescendo, em termos reais, ao triplo da taxa de crescimento do PIB. E é bom não alimentar ilusões. O que se pode esperar em 2014 é mais do mesmo. Ou, com alta probabilidade, muito mais do mesmo.

A verdade é que, apesar de toda a coreografia de política contracionista que vem sendo seguida pelo Banco Central, o governo ainda resiste ao diagnóstico de que o crescimento do PIB esteja restrito pelo lado da oferta. Continua acalentando a esperança de melhorar o desempenho da economia pelo lado da política fiscal.

A perspectiva de mais um ano de crescimento econômico pífio tem deixado as lideranças do PT cada vez mais apreensivas com os riscos envolvidos no projeto da reeleição. E, para conter o clamor do partido por um Plano B, o Planalto se vê obrigado a mostrar que o desempenho da economia em 2014 poderá ser bem melhor do que se espera.

A presidente quer manter as mãos livres para apostar todas as fichas que lhe restam na aceleração da expansão do gasto público e na manutenção das gigantescas transferências de recursos do Tesouro ao BNDES. E, para “manter as aparências”, vai persistir na escalada de “contabilidade criativa”, não obstante todo o descrédito adicional que isso possa trazer ao registro das contas públicas no país.

O que mais explica o desalento com a condução da política econômica do governo é exatamente essa percepção de que os mecanismos de correção de erros parecem ter sido desativados. Tudo indica que, em 2014, o governo vai teimosamente insistir nas mesmas políticas equivocadas que lhe deixaram tão pouco a mostrar no fim do mandato.

Simplifique já, e seremos melhores - PEDRO LUIZ PASSOS

FOLHA DE SP - 22/11

É da cultura que divide mais que integra que saem as distorções tributárias e os gastos com a burocracia


O recente anúncio do parcelamento de débitos tributários trouxe à luz a gravidade do ambiente de incerteza altamente improdutivo que inibe as decisões empresariais, afugenta investimentos e dificulta a plena realização do desenvolvimento nacional.

Um contencioso com a dimensão dos três Refis anunciados choca pelo alto valor envolvido e também por nivelar problemas levados à Justi- ça, como o da tributação dos lucros no exterior das empresas nacio- nais, com o da inadimplência de impostos.

A estimativa é de R$ 680 bilhões, mais de 15% do PIB, e esse é um valor parcial do contencioso total em que se opõem os contribuintes e a estrutura burocrática nos níveis federal, estadual e municipal, quando se consolidam os conflitos tributários e regulatórios.

Entre o que está ajuizado e o que tramita em nível administrativo --considerando as querelas tributárias, ambientais, regulatórias e trabalhistas--, estima-se um contencioso da ordem de R$ 1 trilhão, tal como a dívida ativa da União. Um litígio assim não é natural.

É a noção da razoabilidade da carga tributária e de regras de todo tipo que parece mal avaliada ante o que deveria ter ordenamento inequívoco, sem o senso de suspeição que vem crescendo nas relações entre os governos e a sociedade. É dessa cultura que mais divide do que integra que saem as distorções dos excessos burocráticos e do regime tributário lesivo à eficiência econômica.

Não se nega apenas a eficácia econômica, mas também se pode pôr em risco a segurança jurídica. As obrigações e as normas, se exageradas, complexas e onerosas, mais prejudicam que incentivam o progresso harmonioso, ao criar um cenário de conflito permanente.

É inquietante que esse ambiente de contestação esteja se tornando regra. Segundo balanço consolidado do Conselho Nacional de Justiça, havia no país, ao fim de 2012, 92,2 milhões de processos em aberto, algo como uma ação para cada dois brasileiros.

Esse é um sintoma de algo muito anormal. Apenas na área da Justiça do Trabalho, 3,8 milhões de novas de ações deram entrada em 2012, mais que o total de sentenças baixadas no ano, elevando o estoque de processos em tramitação para 7,1 milhões. Isso equivale a 15% do total de trabalhadores com emprego formal (47,4 milhões), com base na Rais, a Relação Anual de Informações Sociais, de 2012. Não há lugar no mundo que se aproxime nem remotamente de tanta litigância.

Dez anos atrás, segundo estudo do Banco Mundial e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o número de ações trabalhistas, então de 2 milhões por ano, comparava-se a 15 mil nos EUA, país com reputação de excessivamente litigioso, e a apenas 1.500 no Japão.

De lá para cá, o número absoluto de processos trabalhistas aumentou 90% no Brasil, mas, como proporção do emprego formal, cresceu mais que proporcionalmente, saltando de 6% em 2002 para 15% no ano passado. E com o agravante de ter banalizado o conflito. Os motivos são diversos, mas, quase sempre, decorrem de problemas institucionais, do burocratismo e de leis pouco claras e dúbias, causas, segundo os especialistas, do viés normativo dos tribunais superiores em detrimento do Legislativo.

Tudo isso é custo para a atividade produtiva, quase como uma carga tributária extra, adicional à regulamentar, da ordem de 36% do PIB. Só o custo do contencioso tributário referente a advogados, no caso da indústria de transformação, segundo estudo da Fiesp, chegou a R$ 1,8 bilhão no ano passado. E a operação total da burocracia tributária custou R$ 24,6 bilhões, ou 4,96% do PIB da indústria. É muito gasto para nenhum retorno, sendo mais um fator a deprimir a competitividade industrial.

Tais desperdícios não se justificam por quaisquer critérios. A complexidade e a ambiguidade da estrutura dos impostos, a cultura do litígio e a legislação desatualizada, como a trabalhista (arcaica diante da realidade da produção descentralizada) e a tributária (que ignora o novo formato das cadeias produtivas), francamente, tornaram-se insustentáveis. Não é mais o caso de providências tópicas, mas de um amplo processo de negociação entre todas as partes interessadas, que leve às reformas simplificadoras tão esperadas e necessárias ao desenvolvimento do país.