terça-feira, maio 28, 2013

Barraco imortal - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 28/05

A escolha de Eduardo Portella para fazer o discurso de saudação na posse de Rosiska Darcy, na ABL, na cadeira que pertenceu a Lêdo Ivo gerou protesto do imortal Carlos Nejar.
Lêdo e Portella eram inimigos declarados. O ódio entre os dois durou 20 anos a partir de um desentendimento na votação de um prêmio literário. A troca de impropérios chegou até a Justiça.

Por isso...
Nejar enviou ontem uma carta à presidente da ABL, Ana Maria Machado, reclamando da escolha.
“Eles eram inimigos figadais de se xingarem. Não pode Portella agora fazer a saudação, que deve ser uma grande homenagem ao morto. Lêdo Ivo, se pudesse, revirava-se na tumba”, pondera Nejar.
É. Pode ser.

Aqui não
A CBF está entrando na Justiça contra a Sony.
A entidade entende que a empresa, mesmo sendo patrocinadora da Fifa, não pode usar em seus anúncios a camisa da seleção brasileira.

Jogo que segue...
Também periga a parceria atual da Seara Alimentos, do Grupo Marfrig, com a CBF. O contrato iria até a Copa do Mundo de 2026.

Por amor
A escritora iraniana Lila Azam Zanganeh, que vem à Flip, fala português muito bem.
Ensaísta respeitada, ela namora o filho do ex-senador Demóstenes Torres, cassado em 2012.

Sujeira na rede
A 3ª Câmara Cível do Rio determinou que o Facebook retire do ar perfis falsos da atriz Giovana Lancelotti.

Não tem pressa
O que se diz no Planalto é que Guido Mantega perdeu a pressa para nomear seu secretário executivo, cargo vago desde a saída de Nelson Barbosa.
Vai ficando o interino Dyogo Henrique de Oliveira, que tem, passada a onda, muitas chances de ser efetivado.

Di Cavalcanti
A Editora Record, por decisão da 9ª Câmara Cível do Rio, terá que indenizar Elisabeth Di Cavalcanti Veiga, herdeira de Di Cavalcanti. A Justiça considerou que a editora usou sem autorização ilustrações do artista em livros de Jorge Amado.

Estranho no ninho
De Preta Gil sobre o pai, Gilberto Gil, no canal Viva: “A fase que eu o vi mais abatido foi quando ele foi ministro. Lidava com uma pauta, um dia a dia que não era dele.”

Limpando a pauta
A presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, calcula que, até agora, o tribunal já julgou 97% dos recursos relativos às últimas eleições. Em números, veja só, foram 7.571 recursos, de um total de 7.781 ações.

Ela espera zerar a pauta antes do recesso judiciário, em julho.


Ah, lelek!
O site da Furacão 2000, de Rômulo Costa, está fora do ar desde quinta passada por ordem da 49ª Vara Cível do Rio. Há multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento.
Segundo a ação, a Furacão 2000 teria aliciado dissidentes do grupo MC Federado e os Leleks. E esta turma estaria se apresentando pelo Brasil como se fosse o grupo original.

Visita ilustre
O inglês Stephen Daldry, diretor de sucessos como “As horas”, “O leitor” e “Billy Eliot”, vai visitar hoje o Circo Crescer e Viver, na Praça Onze.
Daldry está no Rio pesquisando para seu próximo filme, “Trash”, megaprodução entre Brasil e Inglaterra que será filmada aqui.

Salva o pastel
O Alvaro’s, restaurante tradicional do Leblon que serve um saboroso pastel, pode trocar de mãos.

Manolo Casal, que há 46 anos está à frente da casa, anda cansado depois que seus dois sócios morreram.

Filosofia de Zeca
João Bosco, no show de sábado, na Miranda, contou sobre as longas bebedeiras ao lado de Zeca

Pagodinho. Certa vez, disse que a idade estava pesando e era melhor parar de beber. E o amigo aconselhou:

— O que é isso, João? Depois que a gente erra o prédio, qualquer andar serve.

Risos no ar
Os passageiros do voo AD 5430, da Azul, que saiu às 7h20m de ontem do Rio com destino a Belo Horizonte, caíram na gargalhada durante a tradicional fala da comissária-chefe. É que o nome do copiloto era... Caio Pinto.

Tadinho.

Quem são os muçulmanos? - JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 28/05

Não existe uma relação imediata entre o Islã e o terrorismo, exceto na cabeça dos terroristas


Dois criminosos mataram barbaramente um soldado inglês em Londres. Em nome do Islã, disseram eles. Em nome dos irmãos muçulmanos que sofrem.

A sociedade inglesa ficou em choque. A extrema-direita prometeu vingança em várias cidades do país. Na imprensa, a pergunta habitual: que relação existe entre o Islã e o terrorismo?

Não vou fugir à pergunta. Mas, olhando e escutando os dois criminosos, é preciso saber primeiro que relações existem entre o distúrbio mental e atos desta natureza.

Um psiquiatra talvez seja mais útil do que um politólogo. Depois, e só depois, podemos discutir as relações entre uma religião e crimes praticados em seu nome. E a melhor forma de o fazer passa por escutar os próprios muçulmanos. O que pensam eles sobre os temas que normalmente são notícia?

Felizmente, ainda há quem trabalhe neste mundo: o Pew Research Center, durante quatro anos, realizou a maior enquete mundial a respeito. Entrevistou presencialmente 38 mil muçulmanos, em 39 países e em mais de 80 línguas e dialetos.

O estudo, recentemente publicado, intitula-se "The World's Muslims: Religion, Politics and Society". Qualquer interessado na matéria é obrigado a olhar para ele.

Eu olhei: durante dois dias, encontrei surpresas (muitas) e confirmações (algumas).

Sim, a relação entre a crença em Deus e a existência de uma vida moral, que no Ocidente foi praticamente enterrada com o iluminismo, permanece forte no Islã. Do sudeste asiático (94%) ao Oriente Médio e ao norte de África (91%), os muçulmanos entendem que uma vida moral está intimamente ligada a uma vida religiosa.

De igual forma, a esmagadora maioria acredita que a sharia (a lei islâmica que regula todos os aspectos do cotidiano) é a palavra revelada de Deus.

Só que as coisas começam a complicar-se quando olhamos para os detalhes. Deve haver uma única interpretação da sharia ou várias? No Oriente Médio, apenas metade defende interpretações uniformes.

No mesmo espírito, a maioria dos muçulmanos defende que a sharia deve ser a lei fundamental dos respectivos países.

Mas, surpreendentemente, metade defende que ela só deve ser aplicada aos próprios muçulmanos, não às restantes religiões.

E que aspectos da sharia são importantes para levar em consideração? A maioria é favorável à aplicação da lei islâmica em assuntos familiares e disputas patrimoniais.

São poucos os que defendem castigos corporais, embora existam exceções relevantes: 88% no Paquistão, 81% no Afeganistão e 70% no Egito não se importam com chicotadas ou amputação de membros.

E sobre o apedrejamento de mulheres adúlteras, metade diz que sim. Sobretudo nos países atrás referidos (os mesmos que também apoiam maciçamente a pena de morte para crimes de apostasia, ou seja, de renúncia da fé islâmica).

É inegável que a violência é intrínseca ao quadro legal de muitos países muçulmanos. Mas quando as perguntas lidam com o extremismo terrorista, a maioria rejeita-o enfaticamente. Só nos territórios palestinos (40% a favor) os números remam contra a maré.

Aliás, não deixa de ser inquietante olhar para os números dos territórios palestinos: sem surpresas, a maioria concorda que a sharia é a palavra revelada de Deus (75%), que deve ser a base legal de um futuro país (89%) e que deve estar sujeita a uma única interpretação (51%).

Mas os números ficam sobretudo pesados quando falamos de castigos corporais (76% a favor), apedrejamento de mulheres adúlteras (84%, idem) e morte por apostasia (66%, ibidem).

Aborto, sexo fora do casamento e homossexualidade são aberrações (como, aliás, para a esmagadora maioria dos muçulmanos de outras regiões). E 87% dos palestinos, seguindo a tendência mundial, defendem que as mulheres devem sempre obedecer aos seus maridos.

Conclusões? Não, não existe uma relação imediata entre o Islã e o terrorismo, exceto na cabeça dos terroristas (fato a que somos alheios).

Mas, por outro lado, este magistral estudo mostra como as vagas de modernidade que permitiram as liberdades do Ocidente --da reforma religiosa ao iluminismo secular-- ainda não chegaram ao Islã.

E, sem elas, será difícil resgatar essas sociedades do autoritarismo, da pobreza, da intolerância --e, em certos casos, dos extremistas que matam em nome da fé.

Aliança para o futuro - RODRIGO BOTERO MONTOYA

O GLOBO - 28/05
Os governos de México, Peru, Chile e Colômbia puseram em marcha a Aliança do Pacífico, um novo esquema de integração aberto ao comércio mundial, com ênfase nas relações com a Região Ásia-Pacífico.

Costa Rica e Panamá manifestaram sua intenção de ingressar no grupo, assim que cumprirem o requisito de subscrever acordos de livre comércio com os quatro países fundadores.

Como parte da integração profunda entre os países-membros, foram dados passos para facilitar o movimento de pessoas e de capitais, aumentar os intercâmbios educativos e adiantar de maneira conjunta tarefas de promoção de exportações em novos mercados. Os países que conformam a Aliança têm economias mais abertas que as do resto da América Latina. Assim demonstra a alta proporção de suas exportações no total regional. Registram taxas de crescimento superiores à média latino-americana.

A Aliança do Pacífico pode ser interpretada como uma forma coordenada de participar no processo de interdependência econômica mundial que se conhece como globalização. Se bem que o nome que deu seja novo, a globalização não é fenômeno recente. É a continuação contemporânea de uma tendência secular que sofreu um retrocesso. Em sua versão moderna, a globalização se acelera em fins do século XIX. Chega ao seu apogeu em 1913, às vésperas do interregno nos intercâmbios econômicos produzido pela Primeira Guerra Mundial. Como consequência dos traumatismos econômicos e políticos da primeira metade do século XX, o comércio internacional, como proporção da economia mundial, veio a recuperar por volta de 1973 o nível que havia alcançado em 1913.

Os países do Leste Asiático souberam aproveitar desde os anos 70 a reativação do comércio mundial, implementando modelos de desenvolvimento industrial baseados no crescimento das exportações. Os países latino-americanos tardaram a abandonar o modelo protecionista de substituição de importações que privilegiava a produção para o mercado interno. Esse atraso implicou numa menor participação da América Latina no comércio mundial.

O avanço alcançado na consolidação da Aliança do Pacífico é produto das mudanças efetuadas em décadas anteriores na orientação da política econômica dos países membros. Os benefícios obtidos com a redução das barreiras tarifárias deixaram lições valiosas. A experiência acumulada por meio dos acordos de livre comércio com nações desenvolvidas criou suficiente confiança para avançar para a plena liberalização dos intercâmbios. O governo peruano, por exemplo, está propondo o desmantelamento imediato de qualquer restrição tarifária ao comércio recíproco, sem exceções.

A Aliança do Pacifico é uma proposta modernizadora que merece receber o apoio dos setores empresariais e dos consumidores. É um esquema de ação conjunta que intensifica as oportunidades de aprendizagem mútua e reforça as iniciativas de reforma empreendidas pelos respectivos governos. É uma fórmula inteligente para melhorar as possibilidades de interação e de competição com as nações da região mais dinâmica da economia mundial.

'Amor ao tijolo' na China e no Brasil - RODRIGO ZEIDAN

ESTADÃO - 28/05

Andando às margens do Rio Huangpu, em Xangai, China, o que se vê é uma cena futurista de arranha-céus e edificações. Porém, ninguém imagina que metade desses apartamentos esteja vazia. Eles são comprados por investidores e especuladores e mantidos desocupados. Na China, estima-se que haja de 16 milhões a 65 milhões de imóveis residenciais vazios. Cerca de 50% dos apartamentos em Xangai e 60% em Pequim estão nessa situação, enquanto há uma crônica falta de imóveis para dezenas de milhões de trabalhadores de baixa renda.

Não há tecnicamente uma bolha imobiliária na China ou no Brasil. Mas é inegável: o rápido desenvolvimento dos últimos anos alterou a dinâmica do mercado imobiliário desses países.

A relação das pessoas com o imóvel é semelhante nos dois países. Há um "amor ao tijolo", ou seja, o desejo de adquirir imóveis para compor o patrimônio familiar. Para explicar isso, basta um olhar pela História. As crises sucessivas nesses países revelaram que poucos ativos mantiveram seu valor, à exceção dos imóveis.

Na China, os imóveis vazios resultam de três fatores: a inexistência de impostos sobre propriedade, como o nosso IPTU; o baixo valor do aluguel; e a preferência por imóveis nunca habitados. Grande parte dos compradores chineses não gosta de imóveis já usados. Um apartamento "intacto" tem um prêmio de 50% ou mais. Além disso, não existem muitos custos de manutenção para manter o imóvel desocupado. Lá não há condomínio ou IPTU, por exemplo. E os custos de compra e venda dos imóveis são baixos, assim como as rendas provenientes do aluguel. Somando tudo, é melhor deixar o apartamento vazio. E lucrar na venda.

Segundo dados do Global Property Guide, os custos das transações imobiliárias no Brasil chegam a 11,5% do valor do imóvel e a renda de aluguel, a 5,71% do valor do imóvel ao ano. Na China esses valores são de meros 5,26% e 2,66%.

No Brasil, os mercados financeiros são mais sofisticados que os da China e as alternativas de investimento, mais variadas. Ainda assim, a poupança familiar continua voltada para a compra de imóveis para moradia e também como parte estratégica do patrimônio familiar. Aqui não existem imóveis vazios, em razão dos elevados custos de transação e manutenção. Por outro lado, o crescimento da demanda imobiliária - resultado da fascinação dos brasileiros com a casa própria, do crescimento econômico, do aumento de crédito e da diminuição das taxas de juros - levou à valorização estratosférica dos imóveis. O metro quadrado no Rio de Janeiro e em São Paulo se equipara, e até supera, em muitos casos, ao de Nova York e de Londres.

Tanto no Brasil quanto na China existe a preocupação com o impacto de uma crise imobiliária sobre o resto da economia. Segundo a consultoria GK Dragonomics, a construção civil residencial representa, sozinha, 6% do crescente Produto Interno Bruto (PIB) chinês - mesmo porcentual do Brasil, mas considerando-se aqui o setor da construção civil como um todo.

Nos dois mercados, vários agentes esperam por uma crise ou, pelo menos, uma forte correção de preços dos imóveis. Não há bolha imobiliária nesses países, como houve no Japão nos anos 90 ou nos Estados Unidos em 2007/2008, porém uma desvalorização imobiliária pode afetar consideravelmente as economias brasileira e chinesa. Em ambos os países os imóveis urbanos são escassos - na China estão vazios e no Brasil, caros demais. Não há perspectiva de mudança de tendência no curto prazo, mas o desenvolvimento de ambos os países depende do fortalecimento do mercado imobiliário para abrigar uma crescente e exigente população urbana.

Ueba! Neymar cai em espanhol! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 28/05

E o pai do Neymar disse que ele ouviu o coração. Só se o coração dele bater em euro: euro, euro, euro! Rarará!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do país da piada pronta: "Tiroteio no Complexo do Alemão atrasa largada da corrida Desafio Para a Paz". Foram tiros de largada! E os atletas saíram correndo! De medo! Rarará!

E esta, direto de Manaus: "Turista russo preso após pular um muro pra invadir o quartel". Como é o nome dele? Denis SALTANOV! Ainda faltam oito muros pra ele saltar!

E o Neymar? Saudades do Pica-Pau! E sabe por que o Neymar escolheu o Barcelona no lugar do Real Madri? Pra não ter que dividir o espelho com o Cristiano Ronaldo antes do jogo. E o telão, durante o jogo. E a chapinha depois do jogo. Eles iam provocar um curto-circuito no estádio!

E o Neymar já tá aprendendo espanhol. Calle pra todo mundo quer dizer rua. Calle pro Neymar quer dizer CAIA. "Neymar, calle". E aí ele bum, cai! Rarará! E diz que o adversário dele vai ser o Levante! Neymar x Levante!

E o site Humor Esportivo revela a proposta irrecusável do Barcelona: ofereceram 50 torcedores em troca do Neymar. Barcelona oferece 50 torcedores, e o Santos não segura o Neymar! Ofereceram 50 torcedores pelo Neymar. Se fosse o Botafogo, por 15 torcedores eles vendiam o time! Rarará!

E o Sensacionalista revela a estratégia do Barcelona pro segundo semestre: o Neymar cava o pênalti, e o Messi bate! Rarará! Dupla invencível! E o pai do Neymar disse que ele ouviu o coração. Só se o coração dele bater em euro: euro, euro, euro! É business, gente. Se ele fosse ouvir o coração mesmo, ele ficava na Globo. Com o Tiago Leifert! Rarará!

E esta do Rio: "Paes é acusado de agredir escritor". Instala uma UPP nele! Pacifica ele! Mas se me chamassem de "vagabundo e bosta", eu também partia pruma voadora. Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

E esta bomba: "Jersey repassa dinheiro desviado por Maluf para a prefeitura". E o Maluf: "Eu não tenho dinheiro no exterior". Tá certo. O Maluf tá certo quando diz que ele não tem dinheiro no exterior. O dinheiro não é dele, é nosso!

E um amigo vota até hoje no Maluf por três motivos: rouba, mas faz;mente, mas não convence; e é culpado, mas ninguém prova! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

A força do mercado - CHRISTOPHER SABATINI

O GLOBO - 28/05

Amanhã, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, chegará ao Brasil após visitar a Colômbia e a caminho de Trinidad Tobago, apenas quatro semanas depois de o presidente Obama viajar ao México e à Costa Rica e menos de uma semana após a reunião da Aliança do Pacífico, em Cáli. Coincidência? De jeito nenhum.

A última década de crescimento econômico em países como Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru despertou genuinamente a atenção dos Estados Unidos e dos empresários americanos. Desta vez, porém, isto não se deve a ameaças ou razões ideológicas, mas pela convincente razão do interesse econômico nacional. E contrasta nitidamente com os dias em que a política americana baseava-se em pensar que o que servisse em um dos países era bom para todos, ou ainda em ideologia ou paranoia.

A região mudou, e com ela a capacidade dos EUA de influenciar cada país simplesmente por alavancar os dólares para seu desenvolvimento ou o seu prestígio regional.

No terreno da economia, os EUA caíram de patamar em termos absolutos, e em alguns casos em termos relativos, como exportador para a América Latina e como mercado para seus produtos - mas não tanto quanto sugerem informações da mídia. Por exemplo, em 1995 os EUA forneciam 21% das importações do Brasil e compravam 21% de suas exportações; em 2011, esses números caíram para 15% e 10%, respectivamente. Aconteceu o mesmo com o Chile, para onde as importações dos EUA declinaram de 25% em 1995 para 20% em 2011, enquanto as exportações chilenas desceram de 14% para 11%.

Sim, a América Latina passou a participar dos mercados globais. Mas os EUA permanecem centrais, especialmente para países com os mais acelerados ritmos de crescimento e maior potencial a longo prazo. Não por coincidência. Ao contrário da China, os EUA são um mercado para os produtos manufaturados mais sofisticados. O México tem sido particularmente eficiente em aproveitar a vantagem do mercado americano propiciado pelo Nafta (EUA, Canadá e México) para aumentar o valor agregado de seus produtos e está exportando automóveis e equipamento aeronáutico em termos globais.

Os EUA estão agora procurando jogar com o poder de seu mercado. Os países que o presidente Obama e o vice Biden escolheram para visitar e a mensagem que transmitiram e transmitirão sublinha tanto a importância desses países para os EUA quanto o esforço para reforçar a diplomacia com o compromisso econômico.

Decisiva para isto será a negociação da Parceria Transpacífica. Ela unirá 11 países - Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura, EUA e Vietnã -, representando um PIB de quase US$ 21 trilhões (cerca de 30% do PIB mundial) e US$ 4,4 trilhões em exportações de produtos e serviços. O esforço atraiu a atenção do Japão e da Coreia do Sul - se eles se juntarem à iniciativa, ela representará 40% do PIB global - e da Colômbia.

Nesse meio tempo, os quatro países da Aliança do Pacífico - Chile, Colômbia, México e Peru - não estão sentados à espera dos EUA. Os presidentes desses países tiveram sua sétima reunião, em Cáli, Colômbia, na semana passada para mover adiante agressivamente o plano de liberalizar as barreiras tarifárias em 90% e integrar os mercados financeiros. Quando completado, o bloco responderá por mais de um terço do PIB latino-americano, com exportações 60% maiores que as do Mercosul.

A questão é para onde irá o Brasil. Embora o país tenha assegurado a eleição de Roberto Azevedo para diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), ele tem apenas uma fina fatia do livre comércio global. Como membro do Mercosul, a agenda de livre comércio do Brasil está atada à de seus vizinhos, por vezes menos liberais. Como consequência, o Mercosul tem acordos de livre comércio com países ou blocos que somam um PIB de meros US$ 692 bilhões. Compare isto com os acordos que o Chile tem com países e blocos que representam um PIB combinado de US$ 50 trilhões. E isto antes de a Aliança do Pacífico ser completada! Espera-se que, nesta região transformada, os EUA possam oferecer um incentivo potencialmente poderoso a esses países que buscam consolidar seu sucesso econômico. A recente atenção da Casa Branca mostra o interesse. A questão é se o Brasil reconhecerá seu próprio interesse econômico em olhar para o Norte e para a Ásia, em vez de se voltar para o Sul e para o Mercosul.

Dá-lhe termômetro - SONIA RACY


ESTADÃO - 28/05

Dilma não desistiu de ver aprovado o marco regulatório da mineração. E descarta a possibilidade de, no caso de dificuldades, enviar MP ao Congresso no lugar de projeto de lei.

Segundo se apurou no Planalto, o governo está fazendo uma avaliação semanal sobre o humor do Legislativo. Esperando brecha para o PL passar sem distorções.

Favoritos
Na dança das cadeiras do segundo escalão da área econômica, nove entre dez empresários querem ver Dyogo Oliveira na secretaria-executiva do Ministério da Fazenda.

E Mauro Borges, da ABDI, na secretaria executiva do Ministério do Desenvolvimento.

Lente de grau
O Ministério da Saúde prepara licitação de R$ 25 milhões para assessoria de imprensa. Adversários de Alexandre Padilha na corrida da sucessão paulista acompanham, com lupa, o processo.

Troca
O liquidante do Banco Cruzeiro do Sul foi mudado. Não se sabe o porquê.

Exemplo
Aldo Rebelo foi procurado pelo embaixador do Catar no Brasil. Na pauta, a abertura da Casa do Catar, para acompanhar os preparativos de 2014.

Motivo? Ganhar experiência para a Copa de 2022, que será disputada no país árabe.

Papel passado
Tudo certo para o deputado Marcelo Aguiar deixar o PSD de Kassab e se filiar ao PTB de Campos Machado. O partido também acomodará o bispo Gê Tenuta. Os dois são ligados à igreja Renascer em Cristo, do apóstolo Estevam Hernandes e da bispa Sonia.

Papel 2
Alberto Hiar, dono da Cavalera, também se prepara para desembarcar no PTB.

Pelo trabalhador
Vagner Freitas, da CUT, tentou impedir que a Força Sindical protocolasse, hoje, ação pedindo a correção do FGTS. A ideia é conseguir a revisão das contas desde 1999.

Paulo Pereira da Silva disse não.

Bienvenido
E já são mais de 10 as páginas no Facebook sobre Neymar no Barcelona. Com direito a enquete: qual será o número da camisa do craque?

Boca fechada
Bernardo Botkay, 30 anos, escritor e compositor agredido por Eduardo Paes no domingo, ficou com medo do prefeito.

Procurou, ontem, um advogado. Primeira recomendação? Que fique absolutamente… calado. Botkay está obedecendo.

Temporariamente
Corre que Roberto Teixeira da Costa, a pedido de Dora Mourão, assumiria a direção da Cinemateca por alguns meses.

Fissura
Mal estreou e Amor à Vida já está entre os três programas mais comentados da Globo.

Itens mais procurados pelo público? Cabelo, esmalte rosa e batom da Paloma (Paolla Oliveira); esmalte lilás da Edith (Bárbara Paz); e esmalte azul-escuro da Valdirene (Tatá Werneck).

E nós?
Taxistas estão inconformados. Enquanto a passagem de ônibus sobe, a Prefeitura não libera reajuste para a categoria desde 2009.

Detalhe: eles não têm subsídio, como as empresas de ônibus.

Na frente
Os países de língua portuguesa vão ganhar fórum de regulação e troca de tecnologias. Portugal na presidência, e conselho coordenado pela Anvisa. Dia 31, em Luanda.

A Bvlgari arma coquetel em sua loja do JK. Hoje.

Estreia o espetáculo de dança Permeados, com participação especial de Cauby Peixoto. Hoje, no Teatro Sérgio Cardoso.

A Casa 8 Leilões realiza leilão hoje. Nos Jardins.

Corre pela internet que Sérgio Cabral prometeu: vai criar a UPP de Eduardo Paes.

Cravo e ferradura - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 28/05

O Ministério da Saúde deve anunciar nas próximas semanas a abertura de 12 mil novas vagas de residência para a formação de médicos brasileiros. O anúncio será feito junto com a finalização do programa de "importação" de estrangeiros para trabalharem em regiões carentes do país. O projeto tem sido bombardeado por entidades que representam os profissionais nascidos aqui.

EM FALTA
As duas medidas serão embaladas em números que reafirmam a carência de médicos no país. Apesar de formar cerca de 16 mil doutores por ano, o Brasil tem 1,9 médicos por mil habitantes, contra 3,2 da Argentina, 4 da Espanha e 6,3 de Cuba.

PASSEATA
E hoje um grupo de secretários estaduais e municipais de saúde do Norte e do Nordeste devem se manifestar em favor do programa de "importação". O encontro será no Maranhão, que tem 0,6 médicos por mil habitantes.

BOA HORA
"A pressão deles é muito grande", diz o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, reafirmando que o projeto caminhará mesmo sob críticas. E mais: a demanda seria por 9.000 médicos estrangeiros, e não 6.000, como anunciou o Itamaraty. "O mercado nos grandes centros está aquecido e é difícil atrair médicos brasileiros para regiões remotas", afirma ele.

ESPELHO MEU
A atriz Marina Ruy Barbosa, que posou para o fotógrafo André Schiliró, entra hoje na novela "Amor à Vida", da Globo; no folhetim, sua personagem sofrerá de uma doença terminal e poderá ter de raspar o cabelo

Um brinde aos noivos
A consultora de moda Patsy Scarpa Nikolaeff e o empresário Felipe Malamud se casaram na sexta-feira, na igreja Nossa Senhora do Brasil. O conde Chiquinho Scarpa e sua namorada, Marlene Rito Nicolau, a apresentadora Sabrina Sato, os empresários Marcos Derani, com sua mulher, Tania, Paulo Velloso, com Ana Maria, e Renata Queiroz de Moraes participaram da cerimônia, cuja festa foi na Casa Fasano.

Tom no parque
A cantora Vanessa da Mata apresentou show com repertório do compositor carioca Tom Jobim, anteontem, no Parque da Juventude, em São Paulo. A direção do espetáculo foi de Monique Gardenberg.

JORNADA ELEITORAL
O ex-ministro José Dirceu (PT-SP) não viaja pelo país apenas para falar sobre o mensalão. Em suas andanças recentes pelo Norte e Nordeste, ele se encontrou também com governadores e dirigentes do PSB, partido que estuda lançar Eduardo Campos a presidente em 2014. Dirceu articula para esvaziar a candidatura.

ASSIM SERÁ
Em um dos encontros, com o governador Camilo Capiberibe, do Amapá, por exemplo, ele foi claro: o partido romperá a aliança estadual para reelegê-lo caso Campos se candidate contra Dilma Rousseff. Dias depois, Capiberibe tornou pública sua resistência ao projeto de Campos.

XADREZ
Dilma Rousseff tem defendido rompimento imediato com Eduardo Campos. Lula prefere esperar. Mas está um tanto confuso com os movimentos do governador de Pernambuco, que ora avança, ora recua na pré-candidatura presidencial.

BAILAM CORUJAS
Ney Matogrosso fará o show de encerramento da 12ª edição do Festival de Arte Serrinha, que ocorre de 8 a 28 de julho, nos arredores de Bragança Paulista (SP).

TIPO EXPORTAÇÃO
A companhia Os Satyros levará a peça "Filosofia da Alcova", encenada desde 1993, para a mostra Hollywood Fringe, em Los Angeles, em junho. A versão em inglês foi batizada de "Philosophy in the Boudoir". O espetáculo será montado ainda em Nova York e voltará em cartaz em agosto, em SP.

DISPUTA NO CELEIRO
O Jockey Club de São Paulo afirma que já teve prejuízo de R$ 6 milhões por causa da suspensão da construção de uma arena multiuso em sua sede, por falta de alvará. Por causa disso, eventos da produtora XYZ Live foram transferidos para outros lugares. Eduardo da Rocha Azevedo, presidente da entidade, já pediu novo encontro com o prefeito Fernando Haddad (PT-SP), que deve ocorrer na semana que vem. O Jockey de SP é tombado.

A CÉU ABERTO
Paulo Vanzolini poderá dar nome à passarela que fica dentro do parque Trianon, sobre a alameda Santos, em SP. O local foi escolhido para a homenagem porque o zoólogo e compositor, morto no dia 28, pesquisava biomas como a mata atlântica, que compõe a área. O vereador Marco Aurélio Cunha (PSD) assina o projeto, que será votado na Câmara Municipal.

CURTO-CIRCUITO
Retratos feitos pela cantora Patti Smith estarão na mostra coletiva "Dark Paradise", a partir do dia 15, na Galeria Nara Roesler.

A ABCA (Associação Brasileira de Críticos de Arte) realiza premiação hoje, às 20h, no Sesc Vila Mariana.

O filme "Odeio o Dia dos Namorados" tem pré-estreia para convidados hoje, às 21h, no shopping Cidade Jardim. 12 anos.

A editora digital Descaminhos faz festa de seu lançamento, na Livraria da Vila da rua Fradique Coutinho, em Pinheiros.

Maria Gadú canta hoje no teatro Bradesco, na Pompeia. 12 anos.

Disputando os votos de Minas - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 28/05

A presidente Dilma vai tornar realidade tese de seu adversário na sucessão, senador Aécio Neves (PSDB-MG), e aumentar os royalties da extração do ferro de 2% do faturamento líquido para 4% do bruto. Minas Gerais, cujos votos elegeram Dilma e Lula, é a grande beneficiária da mudança. O lançamento do novo código do setor mineral está previsto, com pompas, para 18 de junho, no Planalto.

Os batedores
As Olimpíadas no Rio serão em 2016, mas o Comitê Olímpico da Holanda já alugou uma casa na Urca para servir de base. Eles virão antes para saber como funciona a cidade e conhecer locais, equipamentos e instalações para os Jogos.

"Com o pedido do registro da Mobilização Democrática, parlamentares do PPS e do PMN estão liberados para sair. Quem quiser sair, a hora é agora" 

Saulo Queiroz Secretário-geral do PSD

Mudar o disco
O vice Michel Temer está defendendo que o governo Dilma evite o envio de MPs ao Congresso e opte mais por propor via projetos de lei. Argumenta que os projetos não caducam, como as MPs, e podem ser votados em regime de urgência.

Balão de ensaio
O Partido da Mobilização Democrática (fusão PPS-PMN) está em busca de um candidato ao Planalto. O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), na foto, ainda sonha com a filiação do ex-governador José Serra. Já o vereador Ricardo Yung (SP), que é muito ligado a Marina Silva, trabalha com a filiação da ambientalista caso a Rede não se crie.

O fim de um mito
A barbeiragem da Caixa, no pagamento do Bolsa Família, irritou a presidente Dilma. Um ministro, com gabinete no Planalto, diz que a presidente está brava com o presidente da CEF, Jorge Hereda. É que o erro da instituição potencializou o boato do fim do programa e a corrida às agências do banco. Mas a oposição também está em cima da gestão Hereda. Ocorre que, passados mais de 90 dias do fim do exercício de 2012, a Caixa não enviou à Comissão de Valores Mobiliários nem tornou pública, como prevê a lei, a prestação de contas das aplicações do Fundo de Investimento do FGTS. O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) vai notificar a CEF e a CVM para obter informações.

Bate-papo em Congonhas
Respondendo ao deputado Otavio Leite (PSDB-RJ), o presidente do PT, Rui Falcão, diz: "O Lindbergh é candidato mesmo (ao governo do Rio). O PMDB não vai lançar candidato a governador no Rio Grande do Sul?" Logo depois, segundo o tucano, o petista acrescenta: "A não ser que o (vice Luiz Fernando) Pezão chegue ao ano que vem muito forte, e o Lindbergh, em baixa."

Na parque do Mickey e do Pateta
Pegaram mal no governo as férias da ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social) no olho do furacão dos problemas do Bolsa Família. Ela foi levar a filha adolescente para conhecer e brincar na Disney, em Orlando, nos EUA.

Sobrevivência
Os partidos Rede e Solidariedade pediram ao STF para serem ouvidos no mandado de segurança, do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), contra a lei que prejudica criação de novos partidos. A votação foi suspensa pelo ministro Gilmar Mendes.

Caixa-preta - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 28/05

Diante do vaivém de versões da Caixa Econômica Federal sobre a antecipação de repasses do Bolsa Família, membros do governo se dizem "perplexos'' com a falta de controle do banco sobre a operação do benefício. Ontem a Caixa disse que a nova data foi decidida por um comitê operacional do programa, mas não informou quem o integra nem forneceu cópia da decisão. Interlocutores do governo também criticam o fato de a diretoria não ter sido informada da mudança.

Veja bem A assessoria do Ministério do Desenvolvimento Social afirma que não há um comitê, e sim uma diretoria operacional do banco.

Agenda positiva O governo marcou para o dia 12 de junho o lançamento do subsídio de mobília a beneficiários do Minha Casa Minha Vida. A publicidade do novo pacote deverá ser turbinada.

Janela 1 A crise entre PT e PMDB no Rio levou aliados de Aécio Neves a vislumbrar uma chapa com Sérgio Cabral como candidato a vice-presidente. As conversas têm incentivo do senador Francisco Dornelles (PP), tio de Aécio e aliado do governador.

Janela 2 A ala de Michel Temer, fiadora da aliança com Dilma Rousseff, é amplamente majoritária, mas há abalos em vários Estados. O mais recente é no Ceará, onde o senador Eunício Oliveira conversa com o PSDB de Tasso Jereissati, com medo de ser escanteado por PSB e PT.

Ou vai... No Planalto, circulam duas análises sobre a mudança do vice de Eduardo Campos do PDT para o PSB: na primeira, otimista, aliados de Dilma entendem que o governador de Pernambuco desistiu de ter o partido de Carlos Lupi na chapa em 2014.

... ou racha A outra leitura é que o socialista sairá candidato, mesmo sem apoio do PDT. Embora esteja na base de Dilma e controle o Ministério do Trabalho, o partido também mantém flerte com Aécio Neves (PSDB-MG).

Da casa Gilson Bittencourt ocupará interinamente a secretaria-executiva da Casa Civil, no lugar de Beto Vasconcelos. Engenheiro agrônomo e especialista em análise de políticas públicas, ele é o atual secretário-executivo adjunto da pasta.

Tiro ao alvo O ex-prefeito Gilberto Kassab, que ontem publicou artigo com críticas à política de segurança de Geraldo Alckmin, já vinha criticando a gestão do tucano em entrevistas a rádios do interior. Na sexta, em Sorocaba, disse ser "evidente" que faltam recursos para a área.

Ensaio O presidente do nanico PTN, José de Abreu, aproveitou jantar de aniversário do deputado Protógenes Queiroz (PC do B), na semana passada, em São Paulo, para lançá-lo candidato a governador pelo partido.

Camaradas O flerte entre o delegado e o partido começou no ano passado, logo depois da eleição municipal. A festa foi no apartamento da herdeira do Credit Suisse, Roberta Luchsinger, namorada do deputado. Dirigentes do PC do B não participaram.

Reforço Procuradores-gerais ibero-americanos se reunirão hoje com Roberto Gurgel para discutir a PEC 37, que reduz o poder de investigação do Ministério Público. Depois, vão até os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN).

Segredo O procurador-geral do Estado de São Paulo, Elival da Silva Ramos, mandou para a Casa Civil, em caráter sigiloso, proposta de mudança da Lei Orgânica da categoria. O texto não passou pelo Conselho da Procuradoria-Geral. Procuradores pedem audiência com Geraldo Alckmin para discutir o tema.

tiroteio
"Político que não sabe ouvir xingamentos deveria mudar de profissão. Usar seguranças para agredir um cidadão é abuso de poder."
DE CÉSAR MAIA (DEM), vereador e ex-prefeito do Rio, sobre o prefeito Eduardo Paes (PMDB), acusado de agredir um músico que o ofendeu num restaurante.

contraponto


África sem escalas
Lula discursava na semana passada em um evento da CNI sobre relações com a África. O ex-presidente reclamou da ausência de mais voos diretos para o continente, lembrando que as únicas rotas existentes eram para Angola e África do Sul.

--Você sabe qual é o problema de ir a Paris para ir à África? As pessoas acabam ficando em Paris -- brincou.

Ele se disse frustrado por não ter conseguido mudar essa realidade em seus mandatos, e completou:

--Eu cheguei a pensar em criar uma estatal, mas depois achei que era demais...

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 28/05

DESIGUALDADE NO ACESSO DE ALUNOS À INTERNET
Nas escolas privadas, a inclusão digital está universalizada nos três níveis; nas públicas, não
É crescente, porém desigual, o nível de inclusão digital dos estudantes brasileiros. No recém-divulgado suplemento da Pnad 2011 sobre acesso à internet e à telefonia celular, o IBGE descobriu um hiato entre alunos de escolas públicas e privadas. Em média, 61,1% dos alunos do ensino fundamental acessaram a web em 2011. No ensino médio foram 82,8%e, na universidade, 98,1%.

São dados, sublinha Cimar Azeredo, responsável pela pesquisa, que escondem a desigualdade entre os dois grupos: “O acesso à internet está quase universalizado nos três níveis das escolas privadas. Na pública, há diferenças”. No ensino fundamental, por exemplo, só 57,4%dos alunos usaram internet em 2011. É má notícia para um país que precisa de mão de obra qualificada para a era digital.

Internacionalização
A carteira de crédito do Itaú Unibanco no Cone Sul cresceu 39,4% no 1º trimestre, sobre 2012. A maior alta foi no Chile (42,8%); seguido de Uruguai (40,7%) e Paraguai (32,5%). A Argentina, em crise, vem na lanterna, com +0,5%.

Educação 1
O Bank of America Merrill Lynch participou de sete das 11 operações de instituições de ensino brasileiras listadas em bolsa desde 2007. Levantou R$ 4,3 bi. Este ano, deve entrar, ao menos, em uma das três previstas.

Educação 2
A BG Brasil assinou com a Prefeitura de Angra, ontem. Investirá R$1,1 milhão em educação científica para 750 alunos da rede pública e em cursos de qualificação. O foco é óleo e gás.

Elétrico
A Eletra, de sistema de tração elétrico para veículos urbanos, fechou parceria com a Mitsubishi. Vão produzir ônibus elétricos para o Corredor ABD, que liga cidades da Grande São Paulo. Entra em teste em setembro.

Ausência
Roberto Olinto, o homem do PIB no IBGE, não participa da divulgação dos resultados do 1º tri,
amanhã. Está em Luxemburgo para reunião da ONU sobre contas nacionais. A gerente Rebeca Palis anuncia os números.

Acessibilidade
A Infraero concluiu anteontem a troca de todos os balcões de check-in do Aeroporto Santos Dumont. Os 51 mobiliários são adaptados para atender pessoas portadoras de necessidades especiais. Foram fabricados pela Marcenaria Sular. É investimento de R$ 474,8 mil.

Energia renovável
A Ceasa-RJ, no Irajá, instalou oito placas de energia solar. À noite, alimentam refletores externos com carga gerada durante o dia. A Solar Eco Energy cedeu equipamentos. Em quatro meses, a economia gerada será avaliada. Outras unidades do estado devem adotar o projeto.

É CARIOCA
Barra Shoppinge New York City Center vão de Rio de Janeiro. Distribuirão um parde camisetas a clientes que comprarem R$ 400.O ilustrador FilipeJardim assina as peças, em homenagem à cidade. Acampanha de Namoradosvai consumir R$1,6milhãoem investimento. A estimativa é trocar40 mil cupons em 14 dias. As vendas devem crescer 10% sobre a data em 2012.

É SHOW
PaulaToller é o presente do Village Mall na campanha do Dia dos Namorados. Compras a partir de R$ 900 dão direito a um par de ingressos para shows da cantora, dias 13 e 15 de junho, noteatro doshopping. No Dia das Mães, o Village distribuiu 3.500 ingressos para o espetáculo “O lago dos cisnes”. A promoção vai de amanhã a 12 dejunho.

COMÉDIA
O Megapix põe no ar hoje campanha para divulgar a estreia de “Cilada.com”, 7 de junho. O ator Bruno Mazzeo, protagonista da comédia, fará contagem regressiva. É referência a vídeo que leva o personagem a virar piada. Havas Worldwide São Paulo eVXComunicação criaram.

NAMORADOS
AToulon estreia hoje acampanha de Dia dos Namorados. O modelo Rhaun Favoretto está nas fotos de Pedro
Loreto. Vão circular na web e em pontos de vendas. Dia 7, a marca fará ação em bares de Botafogo. Dará peças, adesivos e ingressos para shows. Espera vender 15% mais. 

Sede
A Kor Water Brasil, representação da americana de garrafas reutilizáveis e de design, vai abrir quiosque no Shopping Leblon, no 29 semestre. Projeto de R$ 180 mil, será o 19 da marca para o varejo no mundo, diz o sócio Eduardo Bastos. No país desde 2012, prevê R$ 3,5 milhões em receita no 19 ano.

Rock
A Blue Man lança linha de produtos licenciados do Rock in Rio em julho. Terá biquíni, sunga e canga entre as peças. Prevê vender 50% mais. Já a Cicero Papelaria terá cadernetas inspiradas no festival. Investiu R$ 40 mil. Serão 15 mil unidades.

Bordados
A Secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico promoverá o 19 Concurso de Bordados do Estado do Rio. Recebe inscrições até sexta. O resultado sai em setembro. Antes disso, em julho, peças serão expostas na Alerj. É aporte de R$ 240 mil. Caçula e AgeRio patrocinam.

Livre Mercado
A TIM fez parceria com Bradesco e Motorola num sistema de pagamento de contas via smartphone. Começa atestar o serviço, esta semana, com clientes selecionados em Rio eSP. A expansão virá até o fim do ano.

AÓrama investiu R$ 300 mil na reformulação dosite. O conteúdo educacional foi ampliado. Há novas ferramentas para análise de fundos. A butique de investimentos espera elevar em 30% o número de visitantes.

A Med-Rio Barra começa a operar no turno da tarde em julho, quatro meses antes do previsto. Passará a fazer 500 check-ups por mês, o dobro do nível atual.

É hoje, no Imperator (Méier), a Oficina Música & Inovação, ciclo de palestras sobre estruturação de projetos culturais. Quem coordena é Leo Feijó, empresário da noite. O Instituto Genesis (PUC-Rio) apoia.

A empresária Duby Novak abre loja temporária amanhã, no Market Plaza, em Campos do Jordão (SP). Espera aumento de 15% nas vendas.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 28/05

Deficit comercial de eletroeletrônicos cresce 7% no primeiro quadrimestre
O deficit da balança comercial do setor eletroeletrônico cresceu 7,15% nos quatro primeiros meses deste ano, ante o mesmo período de 2012, segundo a Abinee (associação brasileira da indústria).

Enquanto as exportações caíram 5,41%, as importações aumentaram 4,83%. O desembarque de motores e geradores foi o que mais cresceu no quadrimestre (156%).

"A importação de produtos finais preocupa até mais [que a de componentes], porque [a compra externa] começa a aumentar em áreas onde não há necessidade", afirma o presidente da entidade, Humberto Barbato.

"Um coisa é importar o que precisa. Outra é o que fabricamos", acrescenta.

O câmbio é a principal causa para a expansão do desembarque de produtos finais, de acordo com o executivo.

Apesar de não terem registrado uma elevação significativa, os componentes continuam sendo as mercadorias mais adquiridas no exterior. No período analisado, foi importado US$ 1,9 bilhão de peças para o setor de telecomunicações --alta de 6%.

"O segmento de peças praticamente desapareceu na década de 90 por causa da concorrência com Japão e China."

Do lado das exportações, Barbato responsabiliza a crise internacional e o câmbio pela retração.

O executivo se encontra hoje com representantes do Senado para apresentar proposta que pede acordos preferenciais com países como Rússia, Nigéria e Turquia.

O objetivo é abrir novos mercados para aumentar a produção, ganhar competitividade e atrair investimentos para a fabricação de componentes no país.

Construção reduz índice de contratação novamente
A desaceleração do setor de construção civil reduziu a estimativa de criação de postos de trabalho para 2013. É a segunda vez que isso ocorre neste ano.

A previsão inicial de alta de 4% no número de empregos caiu para 3,5% em março. Agora, passou para 3%, segundo o SindusCon-SP (sindicato do setor).

"A economia brasileira ainda está incerta e isso faz com que o volume de investimentos seja conservador", diz o presidente da entidade, Sergio Watanabe.

Os empregos na construção civil brasileira cresceram 1,11% em abril na comparação com março, quando 38,2 mil vagas foram criadas. Em abril de 2012, foram 46,4 mil novos postos.

"O desempenho do segmento no segundo semestre deste ano vai depender diretamente de como se sairá o governo em sua tentativa de reanimar o PIB. E isso não tem sido nada fácil", afirma Watanabe.

O Sudeste foi a região que mais contratou em 2013, com 18.568 novas vagas. O Centro-Oeste ficou em segundo lugar, com 8.195 postos.

"Estamos desacelerando, mas continuamos em crescimento. O índice deverá ficar no atual patamar até dezembro", acrescenta.

Semente A Golden Cargo, de logística de produtos agroquímicos, investirá em uma área de armazenagem de sementes na Bahia com capacidade para 350 mil sacas.

Guarda-roupa Secretárias-executivas entrevistadas pela Amcham (Câmara Americana de Comércio) afirmaram gastar até 10% de seu salário para comprar roupas apropriadas às ocasiões de trabalho.

Gelado A rede de sorvetes IceMellow acaba de entrar no mercado de Mato Grosso do Sul. A meta é abrir mais 12 unidades até o final do ano.

PROCURA-SE MÃO DE OBRA
Encontrar técnicos qualificados é a principal dor de cabeça de empregadores no Brasil, segundo pesquisa que será divulgada hoje pelo ManpowerGroup, empresa de gestão e contratação de pessoas.

A falta desses profissionais já era a principal queixa na última edição do levantamento, realizada no ano passado.

Operadores de produção e contadores estão entre os principais postos difíceis de serem preenchidos, conforme a pesquisa de 2013.

Entre os empregadores de 42 países que foram ouvidos, os cargos de engenheiro e representante de vendas estão entre os mais apontados.

No Brasil, 68% dos entrevistados disseram que enfrentam dificuldade em encontrar talentos, quase o dobro da média global (35%).

O índice no Japão é de 85%, enquanto na Irlanda e na Espanha é de 3%.

A falta de competências técnicas e habilidades (34%), a ausência de candidatos (32%) e a pouca experiência (24%) estão entre os motivos mais comuns para a dificuldade na contratação.

O levantamento mostra ainda que 43% dos empregadores ouvidos dizem que a falta de mão de obra afeta principalmente o atendimento adequado aos clientes.

Para 39%, a escassez reduz a competitividade e a produtividade em geral. Outros 25% afirmaram que essa dificuldade resulta no aumento da rotatividade de funcionários.

As soluções mais adotadas pelas organizações do mundo todo são aumentar treinamentos e benefícios de seus profissionais. Outra opção é fazer contratos mais flexíveis.

RESÍDUOS RENTÁVEIS
O mercado de resíduos sólidos no Brasil cresceu 7% em 2012, segundo dados da Abrelpe (associação das empresas de limpeza pública) que serão divulgados hoje.

No ano passado, o setor movimentou cerca de R$ 23 bilhões em recursos.

"Esse crescimento deve-se à política nacional de resíduos sólidos, que está intensificando a movimentação financeira do segmento desde 2010", afirma Carlos Roberto Vieira Silva Filho, presidente da entidade nacional.

O valor é referente aos gastos das prefeituras com os serviços terceirizados de coleta de resíduos e aos investimentos feitos pelos municípios com coleta própria, diz Silva Filho.

A defesa da classe média - RODRIGO CONSTANTINO

O GLOBO - 28/05

O melhor programa social que existe chama-se emprego. Ele garante dignidade ao ser humano, ao contrário de esmolas estatais, que criam uma perigosa dependência


Todos vimos, chocados, uma turba ensandecida invadindo agências da Caixa em diferentes estados, após rumores de suspensão do pagamento do Bolsa Família. Impressionou o fato de que a maioria ali era bem nutrida, em perfeitas condições de trabalho em um país com pleno emprego.

Uma das beneficiadas pelo programa, em entrevista, reclamou que a quantia não era suficiente para comprar uma calça para sua filha de 16 anos. O valor da calça: trezentos reais! Talvez seja parte do conceito de “justiça social” da esquerda progressista garantir que adolescentes tenham roupas de grife para bailes funk.

Não quero, naturalmente, alegar que todos aqueles agraciados pelas benesses estatais não precisam delas. Ainda há muita pobreza no Brasil, ao contrário do que o próprio governo diz, manipulando os dados. Mas essa pobreza tem forte ligação com esse modelo de governo inchado, intervencionista e paternalista.

O melhor programa social que existe chama-se emprego. Ele garante dignidade ao ser humano, ao contrário de esmolas estatais, que criam uma perigosa dependência. Para gerar melhores empregos, precisamos de menos burocracia, menos gastos públicos e impostos, mais flexibilidade nas leis trabalhistas, mais concorrência de livre mercado e um sistema melhor de educação (não confundir com jogar mais dinheiro público nesse modelo atual).

O ex-presidente Lula criticava, quando era oposição, o “voto de cabresto”, a compra de eleitores por meio de migalhas, esquema típico do coronelismo nordestino. Quão diferente é o Bolsa Família, que já contempla dezenas de milhões de pessoas, sem uma estratégia de saída? Um programa que comemora o crescimento do número de dependentes! O leitor vê tanta diferença assim?

A presidente Dilma disse que quem espalhou os boatos era “desumano”, “criminoso”, e garantiu que o programa era “definitivo”, para “sempre”. Isso diz muito. “Nada é tão permanente quanto uma medida temporária de governo”, sabia Milton Friedman. Não custa lembrar que o próprio PT costuma apelar para o “terrorismo eleitoral” em época de eleição, espalhando rumores de que a oposição pode encerrar o programa. Desumano? Criminoso?

Depois que o governo cria privilégios concentrados, com custos dispersos, quem tem coragem de ir contra? Seria suicídio político. Por isso ninguém toca no assunto, ninguém vem a público dizer o óbvio: essas esmolas prejudicam nossa democracia e não tiram essas pessoas da pobreza. As esmolas estimulam a preguiça, a passividade e a informalidade. Por que correr atrás quando o “papai” governo dá mesada?

O agravante disso tudo é que os recursos do governo não caem do céu. Para bancar as esmolas, tanto para os mais pobres como para os grandes empresários favorecidos pelo BNDES, o governo avança sobre a classe média. É esta que paga o preço mais alto desse modelo perverso. Ela tem seu couro esfolado para sustentar um estado paquidérmico e “benevolente”.

Para adicionar insulto à injúria, não recebe nada em troca. Paga impostos escandinavos para serviços africanos. Conta com escolas públicas terríveis, antros de doutrinação marxista. Os hospitais públicos também são péssimos. A infraestrutura e os meios de transporte são caóticos. A insegurança é total. Acabamos tendo que pagar tudo em dobro, fugindo para o setor privado, sempre mais eficiente.

Como se não bastasse tanto descaso, ainda somos obrigados a ver uma das representantes da esquerda, a filósofa Marilena Chauí, soltando sua verborragia em evento de lançamento de livro sobre Lula e Dilma. Chauí, aquela que diz que o mundo se ilumina quando Lula abre a boca, declarou na ocasião: “A classe média é um atraso de vida. A classe média é estupidez, é o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista.”

É fácil dizer isso quando ganha um belo salário na USP, pago pela classe média. Chauí não dá nome aos bois, pois é mais fácil tripudiar de uma abstração de classe. Mas não nos enganemos: a classe média que ela odeia somos nós, aqueles que simplesmente pretendem trabalhar e melhorar de vida, ter mais conforto material, em vez de se engajar em luta ideológica em nome dos proletários, representados pelos ricos petistas.

Pergunto: quem vai olhar por nós? Que partido representa a classe média? Com certeza, não é a esquerda das esmolas estatais bancadas com nosso suor, que depois ainda vem declarar todo seu ódio a quem paga a fatura.

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Perdemos dois ícones da imprensa independente: Dr. Ruy Mesquita e Roberto Civita. Que a chama da liberdade de imprensa continue acesa!

É o bonde passando - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 28/05


O Brasil está mesmo perdendo o bonde do desenvolvimento? Esta foi, em síntese, a advertência feita por editorial do dia 19 do Financial Times, um dos mais importantes diários de Economia e Negócios do mundo. Foi, também, o tema central do rico debate que foi ao ar neste fim de semana no Globo News Painel, conduzido pelo antenado âncora William Waack.

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, do Instituto de Economia da Unicamp, observou que o governo brasileiro perdeu a capacidade de coordenar a agenda de crescimento e de investimentos do setor privado.

Para o professor Samuel Pessoa, da Fundação Getúlio Vargas, o problema está no fato de que, uma vez esgotado o modelo nacional desenvolvimentista, em que o Estado tomava a iniciativa de induzir o desenvolvimento, a sociedade decidiu se voltar à formação do Estado do bem-estar social. A prioridade deixou de ser o crescimento e passou a ser a distribuição de renda.

Este é um debate que começou no governo Médici, quando o então poderoso ministro da Fazenda Delfim Netto declarou, para espanto geral, que não se pode comer o bolo antes de produzi-lo. De maneira a justificar a não recondução de Delfim ao comando da economia, o então presidente Geisel disse nos anos 70 que o bolo tem de ser distribuído ao mesmo tempo que é produzido.

Hoje, a administração Dilma está exposta à corrosão. Não consegue entregar um razoável crescimento econômico, enfrenta inflação acima do tolerável e começa a assistir à deterioração das contas externas - como analisou o professor Eduardo Giannetti da Fonseca, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).

Consequência da política adotada, de distribuir um bolo maior do que aquele que vai sendo produzido, na medida em que exige crescente importação de poupança, que vai para o consumo. Enquanto isso, o investimento continua parado, à altura dos 18% do PIB, nível de longe insuficiente para garantir um crescimento sustentável, de 3% ou 4% ao ano.

Samuel Pessoa tem razão quando afirma que, ao adotar um modelo distributivista, os governos Lula e Dilma desmontaram o pouco do sistema que buscava institucionalizar mecanismos (sobretudo pelas agências reguladoras) que transferissem para o setor privado a capacidade de investir e de desenvolver o País.

Nos anos 80, a economia mundial iniciou a formação de uma rede global de produção e suprimentos, na qual as indústrias de todo o mundo procuraram se inserir. Mas o Brasil não se empenhou em se incorporar no processo. Continua sendo uma economia fechada, com uma indústria pouco competitiva.

Enquanto isso, a presidente da República se mete em tudo e se dedica a despachar intervenções pontuais destinadas a corrigir distorções que, no entanto, provocam novas, como é o caso das desonerações setoriais iniciadas em 2012.

Uma das maiores esperanças do País, as riquezas do pré-sal, que só podem ser arrancadas do subsolo a altos custos, estão agora ameaçadas pela revolução do gás nos Estados Unidos. É o fato novo, que promete energia e insumos a baixos preços, fator que ameaça alijar boa parte da indústria brasileira do mapa econômico mundial, se uma drástica mudança de rumos não for decidida já.

Quando havia bondes, quem perdia um esperava pelo seguinte. Como não há mais, tudo fica mais complicado.

Copom no tabuleiro - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 28/05

Os sinais que vieram da China, as palavras que foram ditas nos Estados Unidos, as previsões dos economistas, os indicadores do IBGE, tudo torna mais difícil a decisão do Banco Central a ser tomada na reunião que começa hoje e termina amanhã. O PIB do primeiro trimestre sairá na manhã do dia da decisão, ajudando a orientar a decisão do Copom sobre os juros, hoje em 7,5%.

No mercado financeiro, há dúvidas. Há quem preveja uma alta de 0,5%, pelo fato de o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ter falado em fazer "tudo o que for necessário" para reduzir a inflação. Eu acho que têm mais chance de acertar os que acreditam que o ajuste será de mais 0,25%. E isso pela mistura que está no primeiro parágrafo.

A China está esquisita. O número que saiu na semana passada é apenas um indicador antecedente da indústria, mas, se o país estiver desacelerando mais rapidamente do que se imagina, é água fria no crescimento mundial. Para nós, que somos fornecedores de insumos industriais, saber que a indústria chinesa pode ter encolhido em maio é para se levar em conta.

Isso derruba mais os preços das commodities que o Brasil exporta e pode ter um impacto de redução da inflação aqui. É até espantoso que com tanta queda de preço ainda não tenha havido redução mais forte do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial.

Já nos EUA, o sinal dado pelo Fed foi de redução do ritmo do incentivo monetário. Nada de suspensão dos estímulos mensais. Apenas comprar menos títulos. Mas o mundo anda com os nervos tão à flor da pele que isso e o dado das encomendas dos diretores de compras da indústria chinesa - PMI - foram o suficiente para derrubar os mercados. Eles se preocupam com a China mais fraca e se preocupam com os EUA um pouco mais forte, porque isso pode significar retirada dos estímulos por parte do BC americano.

O PIB do Brasil no primeiro trimestre deve ser bom. Talvez pouco menor do que o 1,05% antecipado pelo IBC-Br, o índice de atividade econômica do Banco Central. Até no governo esperam algo em torno de 0,9%, mas isso é crescimento que, anualizado, dá perto de 4%. Só que ontem, de novo, a pesquisa Focus - consulta feita pelo BC com instituições do mercado financeiro - mostrou nova queda na previsão do PIB de 2013, para 2,93%.

A atividade este ano está minguando, como já foi dito aqui na coluna, só que a inflação, mesmo com todos os truques do governo, continua alta. O último foi aumentar o subsídio e a desoneração às empresas de ônibus para que a tarifa não suba muito em São Paulo e, assim, junho tenha inflação menor.

Uma cambalhota foi dada no preço da energia. O governo reduziu as tarifas e, em seguida, a longa estiagem e o baixo nível de reservatórios obrigaram o uso de todas as térmicas do país por muito tempo. Algumas foram desligadas, mas a maioria permanece em atividade. Isso elevou o custo da energia. Para o preço não chegar ao consumidor, o governo vai usar uma conta que estava marcada para ser extinta, a CDE. Desta vez, será alimentada não pelo consumidor, mas por dinheiro a ser pago nos próximos 10 anos por Itaipu ao governo.

A inflação permanece tinhosa, apesar da queda dos preços das matérias-primas no mercado internacional, da desaceleração da China, dos truques do governo e da primeira elevação da taxa de juros na última reunião. Mas a atividade está ficando mais fraca. O número do primeiro trimestre será bom, mas nada exuberante, e pode não se manter nos trimestre seguintes.

Quando a atividade está fraca, a inflação alta, e o mundo incerto, é o momento difícil de fazer a reunião do Copom. O mercado faz suas apostas. Elas são a dinheiro. Um volume incalculável de reais circula no mercado futuro de juros. E desta vez há bancos grandes em lados diferentes.