quarta-feira, maio 15, 2013

Sociedade ilimitada - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 15/05

Tenho um amigo que é inteligente, mas nunca desenvolveu o hábito de ler. Fui a primeira escritora que ele conheceu pessoalmente, então aproveitei para, devagarzinho, introduzi-lo nesse novo mundo, primeiro dando a ele livros meus (ora, ora), e depois sugerindo outros melhores.

Ele foi bastante receptivo, mas eu percebia sua dificuldade em se fixar na leitura, em realmente embarcar na história – lia três páginas num sábado, mais três na quinta-feira, e assim, nesse pinga-pinga, levava meses até chegar à última. Semana passada, conversamos e ele me contou, orgulhoso, que já havia lido seis livros desde o início de 2013.

Parece pouco para quem lê 40, 50, 60 livros por ano, mas se compararmos com a média nacional anual (quatro, sendo que apenas dois são lidos até o fim e estão incluídos a Bíblia e os didáticos), seis livros de ficção entre janeiro e maio é uma façanha. Meu amigo está lendo mais, e com mais voracidade. Ele até brincou comigo: “Pareço aqueles fumantes viciados que quando estão no finalzinho da carteira já precisam ter outra fechada aguardando”. Ele fuma apenas três carteiras por dia, ainda bem que não é um fumante viciado.

Seis livros e mais ampliação de horizonte. Seis livros e a mágica de começar a escrever melhor, a se desamarrar de ideias prontas, a descobrir como vivem e sentem outras pessoas. Seis livros e menos televisão, seis livros e menos conversa fiada, seis livros e mais autoestima, seis livros e emoções nunca antes experimentadas, seis livros e outros seis na sequência, e mais 10, mais 17, quantos forem necessários até criar em cada leitor a sensação de pertencer a uma sociedade aberta, culta e evoluída.

Escrevi agora sobre a sensação de pertencer e isso me remeteu ao Clube Social Pertence, conduzido por Sarita Zinger e Victor Freiberg, que há 13 anos trabalham com deficientes. É um projeto de socialização de jovens que possuem poucas oportunidades de deixar o convívio familiar, devido a suas necessidades especiais.

O clube programa saídas, em pequenos grupos, para cinemas, teatros, restaurantes, churrascos, jogos esportivos e outros eventos, a fim de que aqueles que possuem restrições físicas e mentais possam desenvolver múltiplas vivências e se sentir integrados. A experiência tem sido um sucesso, mas falta mais divulgação, então eis os contatos: www.clubesocialpertence.com.br e www.facebook/clubesocialpertence.com.br.

Nem todo vício é ruim. Nem toda dependência é danosa. Um livro emendado no outro. Uma pessoa contando com outra. O que parece prisão, é justamente o contrário.

O Juízo Universal - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 15/05

RIO DE JANEIRO - No ótimo "O Juízo Universal" (1961), filme do italiano Vittorio de Sica, recém-lançado em DVD no Brasil, uma voz vinda das nuvens anuncia: "Hoje, às 18h, começa o Juízo Universal!". Como todos têm pecados a pagar, o alvoroço é geral. Uma grã-fina, interpretada por Silvana Mangano, sente-se responsável pelo Juízo, por causa das trampolinagens que seu marido, um empresário vivido por Jack Palance, cometeu para lhe dar casacos de peles, joias, iates e até um arranha-céu -e, histérica, passa a denunciá-lo na frente das visitas.

"Por mim", ela grita, enquanto ele tenta fechar-lhe a boca, "você se manchou, traiu, pecou, extorquiu, perverteu, corrompeu, roubou, fraudou, furtou, copiou, assaltou, usurpou, deturpou, especulou, falsificou, desfalcou, difamou, degenerou, depravou, prevaricou, transviou, aviltou, pilhou, subornou e se apropriou!"

Deve ter sido isso que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), quis dizer outro dia ao denunciar o grau de roubalheira e de impunidade no país. "Os grandes casos de corrupção no Brasil foram descobertos por acidente", disse ele. "O controle é zero. O sujeito fica rico, bilionário, com fazenda, indústria, patrimônio, e não acontece nada. O povo não sabe de um décimo do que se passa contra ele. Se não, ia faltar guilhotina para a Bastilha, para cortar a cabeça de tanta gente que explora esse sofrido povo brasileiro".

A queda da Bastilha aconteceu em 1789, e a guilhotina só foi instituída três anos depois -porque o carrasco não estava dando conta de cortar tantas cabeças com o machado. Bem, não importa. Alckmin completa: "[Para a] corrupção, o paraíso é o Judiciário" e, se dependermos da Justiça, as coisas "ainda vão levar 20 anos para mudar".

Alckmin é otimista. O problema é se tivermos de esperar pelo Juízo Universal.

Olívia IPA - ANTONIO PRATA

FOLHA DE SP - 15/05

Fiz um curso para aprender a produzir cerveja em casa; a primeira leva deve chegar junto de Olívia, em junho


Acabo de receber o e-mail da "Sinnatrah Cervejaria-Escola" e tremo de felicidade: agora mesmo, enquanto derramo sobre o teclado estas maltraçadas linhas, aguarda-me num pequeno galpão em Perdizes o tão desejado kit; dois panelões de alumínio, um moedor de cereais, uma serpentina resfriadora, um termômetro, um galão de plástico, um afixador de tampinhas e outras quinquilharias que, daqui em diante, me permitirão produzir e beber minha própria cerveja -se isso não for a mais perfeita tradução de "sustentabilidade", não sei o que poderia ser.

Sábado passado, fiz o curso. Um dia inteiro no qual eu e uns outros 15 empolgados neófitos ajudamos o professor a preparar 20 litros de uma "American Pale Ale" -desde a moagem da cevada, passando pelo cozimento, adição do lúpulo, até a armazenagem no galão fermentador. Agora mesmo, enquanto derramo sobre o teclado estas maltraçadas linhas, nosso mosto está lá, repousando no pequeno galpão em Perdizes, aguardando que as leveduras, essas belas criaturas de Deus, levem a cabo sua nobre missão: transformar o açúcar do malte em álcool e CO2.

O mais legal de produzir cerveja em casa é que, ao contrário do vinho, do ketchup ou dos cortes de cabelo "homemade" -iniciativas louváveis, certamente, mas de resultados sempre discutíveis-, a versão amadora desta simples mistura de água, malte, lúpulo e levedura, se preparada no capricho, fica melhor do que as opções disponíveis no mercado. Pelo menos, no nosso mercado, em que, tirando as ousadias de algumas bravas microcervejarias, o que vemos são diversos rótulos oferecendo as mesmas idênticas e insossas bebidas.

Embora o "homebrewing" tenha existido desde sempre, a moda explodiu mesmo a partir dos anos 70, nos EUA, quando o presidente Jimmy Carter derrubou um resquício da Lei Seca que proibia os americanos de se aventurarem em suas cozinhas pelo fascinante mundo da cevada. Dali pra frente, muitos se profissionalizaram e hoje há por lá 15 mil microcervejarias criando receitas próprias, reavivando estilos europeus esquecidos havia séculos e levando a adição de lúpulo a níveis deliciosamente intoleráveis.

O lúpulo é uma trepadeira cuja flor dá o amargor e parte do aroma à cerveja. Com qualidades antibióticas, ajuda também a preservar a bebida. Daí que, para proteger as cervejas destinadas às colônias, aonde chegavam após longas viagens de navio, os ingleses as preparassem com mais álcool e mais lúpulo. Assim nasceu a Indian Pale Ale (mais conhecida como IPA), estilo bem amargo e preferido de nove entre dez cervejeiros caseiros.

Não fujo à regra: minha receita inaugural será uma IPA. Se tudo der certo, a primeira leva virá à luz no fim de junho, ao mesmo tempo em que outra produção, na qual minha mulher vem trabalhando com afinco há oito meses, der o ar de sua graça. Agora mesmo, enquanto derramo sobre o teclado estas maltraçadas linhas, Olívia recebe os últimos retoques e ganha peso, no conforto de uma barriga rotunda e bela, aguardando a hora de lançar ao mundo o seu brado retumbante. Será recebida com amor, carinho e 20 litros da "Olívia IPA". Peço aos amigos que tragam charutos, fraldas -e venham de táxi.

Mamãe - ROBERTO DaMATTA

O GLOBO - 15/05

O Dia das Mães passa e as mães ficam. Na boa ou má memória, como seres ausentes ou presentes. As provetas podem produzir bebês, mas só a maternidade constrói seres humanos dotados de capacidade para transitar entre afetos, angústias e amor — essa coisa propositadamente desmedida.

Não há mãe sem classificação porque todos têm mãe, como se diz aqui no Brasil. E quem tem mãe tem um mínimo de humanidade porque, conforme aprendi na escola, antes de ter lido Câmara Cascudo e de ser um estudante de sistemas de parentesco, a "mãe" é uma entidade interditada. Trata-se de termo sagrado que não pode ser invocado por qualquer pessoa ou em qualquer lugar sob pena de reação imprevisível.

Sonhei com um encontro com mamãe, confidenciou-me nesse último domingo, Dia das Mães, o meu lado mais problemático para o meu lado sem nenhum problema. Essas direitas e esquerdas que alguns ainda carregam dentro de si. E como foi? Um lado perguntou ao outro.

— No sonho, ela surgia bonita e com a fragrância de Leite de Rosas, seu perfume favorito. Abraçou-me com a intensidade do tempo que nos separava desde a sua morte e me beijou no rosto. A mão que tocava o piano deslizou pelo meu rosto aparando minhas lágrimas. Então nós nos olhamos como dois velhos. A idade subtraía a distância que nos fez filho e mãe, mãe e filho.

— Mamãe, mamãe, mamãe...

Eu soluçava com o alvoroço alegre dos que sabem que o milagre é veloz. E mamãe me confortava com o sereno carinho das mães — com aquele afago que prenuncia todos os afetos a serem posteriormente vividos ou suprimidos.

— Que luta essa sua, não?

— Verdade, mas todas as portas têm dois lados — respondi.

Ela me deu um abraço concluído. Abraço de regaço e colo que nós, homens, estamos sempre à procura.

— Eu vejo todos vocês mesmo neste mundo sem tempo ou espaço onde estou. Mas foi o seu chamado que me ressuscitou. Foi o poder da narrativa nascida no seu coração que me deu vida.

“Palavras, palavras, palavras...”, repetia o meu lado que havia lido Shakespeare.

Não me lembro de minha mãe comendo. Tenho a memória de papai sendo servido em primeiro lugar e apreciando a nossa boa e farta comida. De mamãe só tenho a recordação da mulher em volta da mesa, servindo a cada um de nós com precisão, cuidado e carinho

A mais grata memória de minha mãe surge com a música do seu piano. Vejo meu pai mudo e feliz, sentado na velha cadeira de balanço e vejo as mãos certeiras de mamãe atacando as teclas do piano e produzindo o milagre dessa arte que se faz se fazendo a si mesma no momento em que é feita. A melodia enchendo a sala modesta e renovando o encantamento pelo mundo que tem muito de péssimo mas é sempre redimido pela música. Essa música que se concretiza de modo diferente cada vez que é "tocada" ou "cantada".

Minha mãe, Maria de Lourdes Perdigão da Matta (Lulita), era filha de uma viúva cujo marido, Carlos da Silva Perdigão, foi assassinado no bar A Phenix de uma Manaus de teatro e sorvetes, numa trágica tarde de 24 de setembro de 1908. Morto por dois tiros de um revólver Galand, deixou minha avó, Emerentina de Azevedo Perdigão, com dois meninos e uma menina. Emerentina superou a desgraça ao encontrar numa outra tarde um magistrado baiano chamado Raul Augusto da Matta, pai de um menino e de uma menina.

Esse encontro acabou num casamento de viúvos com filhos que logo confirmaram sua felicidade tendo outros filhos. Seis filhos desse novo casamento dos quais a morte levou a metade — dois quando crianças, os outros, um jovem e dois adultos. Vovó dizia que sua sina era enterrar filhos e eu mesmo a acompanhei quando ela perdeu seu filho mais velho em nossa casa aqui em Niterói.

Mas para Raul e Emerentina o mais difícil de lidar não foram essas mortes todas (afinal todos morremos), mas o amor inesperado nascido entre Renato, o filho mais velho do viúvo, e de Lulita, a filha mais nova da viúva Emerentina, esses que foram meus amados pais.

— Como foi esse casamento entre vocês, irmãos de criação? — tive a liberdade de perguntar no sonho.

— Maravilhoso — disse mamãe, receosa de ser invejada pelos anjos. — Era um paraíso essa intimidade com um meio-irmão que virou namorado e marido. Nessa relação, o "impossível" e o "proibido" se entenderam e eu recebia o máximo da endogamia cujo limite é o incesto, ao lado daquele percentual mínimo de risco da exogamia que, levada ao extremo, como vocês antropologistas sabem muito bem, conduz à guerra. No meu caso feliz — continuou mamãe — quem deu minha mão a seu pai foi o meu amado padrasto, o pai do seu pai; e quem abençoava meu matrimônio foi a sogra postiça que era, ao mesmo tempo, minha mãe, sua amada avô Emerentina. Essa fusão de afinidade com consanguinidade era a felicidade plena: meus cunhados foram meus irmãos. Foi o dia mais feliz da minha vida! Só tive dias iguais quando você, seus quatro irmãos e sua irmã nasceram — terminou ela, desaparecendo depois de me abraçar longamente e exorcizar as minhas angústias.

Quando esse meu lado terminou a fantasia do sonho, o outro lado, aquele sem nenhum problema, acordou e, incontido, falou alto quase aos berros: mãe é mãe!

Tarado é quem reprime - MARCELO COELHO

FOLHA DE SP - 15/05

Engana-se quem achar que o mundo de Nelson Rodrigues ficou restrito à década de 1950


Obeso, bundudo, de terno e colete, um senhor de certa idade dá ordens peremptórias ao garçom. "Menino! Aqui. Mais gelo! Mais ge-lo!"

A palavra se repete sempre em maior volume, crescendo em precisão, em clareza, em especificidade. "Ge-lo! GE-LÔ!"

Trata-se do Doutor Camarinha, o ginecologista alcoólatra de "O Casamento", adaptação teatral do romance de Nelson Rodrigues em cartaz no Tuca.

Difícil dar ideia por escrito da variedade de sugestões que, na voz do ator Élcio Nogueira Seixas, transparecem nesse simples pedido por mais gelo.

Há, naturalmente, a bebedeira do doutor. Tudo é motivo de comemoração, e ele quer mais gelo como alguém poderia querer mais de tudo -mais música, mais mulheres, mais barulho.

Ao mesmo tempo, sente o prazer do mando, da ordem, da dominação. Repete a palavra "gelo" como se o garçom fosse incapaz de entendê-la. Ou quem sabe porque há muito ruído no salão de festas.

Por ser alcoólatra, talvez o Doutor Camarinha quisesse frisar que está pedindo apenas gelo, e não mais uma dose da bebida. Ou o contrário: tudo não passa de um código entre ele e o garçom, que sabe perfeitamente como encher o copo.

Tudo isso seria o bastante se o universo de Nelson Rodrigues fosse puramente realista. Mas sabemos, como diz o anúncio para desligar os celulares no início da peça, que na imaginação de Nelson Rodrigues "tudo pode acontecer".

O Doutor Camarinha pede gelo de um modo diferente. Ele tem aquele tipo de exigência obsessiva, de fixação no detalhe, de relação com o objeto, que é típica do perverso, do fetichista sexual.

Ele diz "gelo, ge-lo, GE-LO" como alguém poderia dizer "velas!" ou "chicotes!". É implicante, detalhista, cri-cri, absurdo, no que tange a seu pedido.

Esse ambiente de perversão generalizada, de sexualização do que não é sexualizável, marca sem dúvida toda a obra de Nelson Rodrigues. O outro burguês da peça, vivido memoravelmente por Renato Borghi, é o doutor Sabino Uchoa Maranhão ("nome límpido e nostálgico de defunto", segundo o próprio).

O doutor Sabino implica com a secretária, que disca o telefone antigo com a ponta do lápis. "Por que não usa o dedo? O dedo, doutora Noêmia", e ele mostra o dedo, "o dedo!" Ele grita. "O dedo serve para discar!"

E o verbo "discar", ainda mais quando usado no infinitivo, ganha obscuras conotações. Roland Barthes dizia que os atos da perversão sempre se declinam de forma intransitiva. "Você escreve?" -a pergunta já é suspeita, reflete Barthes. Do mesmo modo, uma das mocinhas da peça pergunta à amiga: "E com ele, você fez? Fez tudo?".

Tudo, e mais do que tudo, de fato acontece nessa peça; é o que se espera de Nelson Rodrigues: incesto, assassinato, estupro, arremessando cada personagem contra o outro na satisfação mais bestial e triste dos instintos. O ato sexual, desculpa-se um padre, "o ato sexual é só uma mijada".

Mais pecaminoso, evidentemente, é ter esse pensamento.

Esses pais de família, essas mocinhas casadoiras, não se revelam apenas quando se entregam ao desejo.

O que "O Casamento" ajuda a entender é precisamente o contrário. A repressão aos instintos sexuais é tão pornográfica, tão bestial, tão sombria quanto o ato de libertá-los.

Quando o Doutor Camarinha pede gelo ao garçom, ou faz um discurso contra o homossexualismo ("nem os ratos escapam dessa desgraça!"), ele está tomado por instintos tão irracionais e grotescos quanto os que julga ver nas pessoas que critica.

Situada, como não podia deixar de ser, no Rio de Janeiro dos anos 1950, a encenação de "O Casamento" traz muitos toques estilísticos, no figurino por exemplo, da década de 1970.

Engano pensar, contudo, que aquele mundo repressivo desapareceu junto com as lambretas, a revista "Manchete" e o iê-iê-iê. Basta ver o pastor Feliciano e seus adeptos.

O chefe de igreja pentecostalista que se esfrega em cédulas de dinheiro, o padre pedófilo, o evangélico que abusa de meninos estão todos os dias nos jornais. São perfeitos personagens de Nelson Rodrigues.

"Uma bichinha", diz Renato Borghi já no fim da peça, "não pode desprezar cinco milhões de patacas!". Era um ato de desapego ao dinheiro incompatível com seu comportamento sexual. Deve ser por isso que tantos líderes evangélicos são contra os gays.

Pensando bem, o melhor que posso esperar desses deputados é que sejam completos corruptos. A corrupção não é de todo ruim; suponho que seja a melhor arma contra o fanatismo.

Genebra não é Brasília - MARCELO DE PAIVA ABREU

ESTADÃO - 15/05

A vitória de Roberto Azevêdo na disputa pela posição de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) provocou grande alívio em Brasília. Depois que a União Europeia decidiu votar em bloco na candidatura do rival mexicano, houve o temor de que o brasileiro fosse derrotado. Uma derrota para o México resultaria em grandes estragos na postulação brasileira pela liderança política na América Latina, baseada, embora com claros exageros, em manter posição menos alinhada em relação a Washington.

Com base nas simétricas reações mexicanas à derrota de Herminio Blanco, é possível imaginar a reação brasileira a uma eventual derrota de Azevêdo. O ex-presidente do país Ernesto Zedillo, no Wall Street Journal, foi menos elegante do que sugeriria sua biografia e, confundindo pessoa com país, lamentou a escolha com o discutível argumento de que "o Brasil não foi o parceiro mais positivo da OMC". Já Jorge Castañeda foi inusitadamente comedido, limitando-se a sugerir que Azevêdo foi escolhido por ser da "confraria" de Genebra.

Não cabe dúvida de que a vitória decorreu do reconhecimento das virtudes do candidato, que teve envolvimento estreito em panels nos quais o Brasil contestou as políticas protecionistas de países desenvolvidos. As vitórias nos panels do açúcar e do algodão, contra a União Europeia e os EUA, respectivamente, foram marcos na consolidação do sistema de solução de controvérsias da OMC. Depois disso, o embaixador viu-se obrigado a defender posições menos sólidas quanto ao protecionismo no Brasil e à inclusão de mecanismo de ajuste de tarifas para levar em conta flutuações cambiais.

A vitória brasileira foi a vitória do multilateralismo. Herminio Blanco foi o principal negociador do Nafta, marco da abertura mexicana. A política comercial mexicana baseia-se na celebração de acordos regionais, em contraste com negociações multilaterais. Assim, após o Nafta, o México celebrou muitos outros acordos de livre comércio. É estratégia cuja generalização tem limites, especialmente para países com comércio menos concentrado geograficamente.

Na contabilidade dos votos, a vitória de Azevêdo dependeu crucialmente dos votos africanos. O México teria vencido se tivesse repartido os votos dos africanos que votaram no Brasil. Não é só na América Latina que o México é visto, nas palavras de Castañeda, "com suspicácia" por sua proximidade com os EUA. O apoio ao Brasil na África decorreu, também, da política de abertura de novas embaixadas e do uso menos intenso, pelos europeus, das tradicionais pressões sobre ex-colônias.

A derrota dos países desenvolvidos, que apoiaram a candidatura Blanco a despeito das "parcerias estratégicas" celebradas pela diplomacia brasileira, revela o aumento do peso das economias em desenvolvimento na economia mundial. E também falta de compromisso dos desenvolvidos com o multilateralismo, quando ganham proeminência as futuras negociações entre União Europeia e EUA e a do Trans-Pacific Trade Agreement.

A combinação da assimetria do peso de diferentes países no comércio mundial com a regra de que a cada país corresponde um voto gera problemas de governança que têm levado muitos organismos multilaterais à paralisia. Evitar que isso ocorra na OMC é tarefa espinhosa que exigirá todos os talentos de Azevêdo.

Ontem fui a uma agência dos Correios e retirei a encomenda de um DVD sobre a obra de Joseph Haydn. Paguei imposto equivalente a 72% do preço de face no Reino Unido. Ao pagar me veio à mente a declaração recente do ministro Fernando Pimentel, ao negar o protecionismo brasileiro: "Protecionismo é um conceito utilizado pelos países desenvolvidos quando querem entrar no mercado de outros países". Vamos torcer para que Roberto Azevêdo se distancie das posições de Brasília.

Ueba! Felipão tomou Activia! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 15/05

O Felipão solta a lista dos jogadores e eu solto a lista do torcedor: Lexotan, Rivotril, Apraz, Lorax


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

Adorei esta: "Passageira é expulsa do voo Nova York/Los Angeles após não parar de cantar hit de Whitney Houston".

Na ponte aérea Rio/São Paulo seria o "Lek Lek Lek"! Cinquenta minutos de "Lek Lek Lek"! Rarará!

E esta: "Governo negocia liberar R$ 1 bilhão para aprovar MP dos Portos". Ou seja, mensalão. Congresso movido a mensalão.

E PMDB quer dizer Partido do Mensalão Disfarçado do Brasil! Rarará!

E atenção! Felipão tomou Activia e convocou a seleção pra Copa das Confederações. Activia vencido há oito meses! E com aquele sorriso das mulheres da propaganda!

O Felipão solta a lista dos jogadores e eu solto a lista do torcedor: Lexotan, Rivotril, Apraz, Lorax, Valium, Diazepam e Maracujina!

E sabe por que o Felipão não toma Viagra? Porque ele já é cabeça-dura.

Convoca os peladeiros do Brasil! Convoca o zagueiro da Gameleira Esporte Clube: o Bosta de Urso. Esse eu botava no gol. Não passava nada nem ninguém!

Escala o time do Vianas de São Bernardo: Icterícia, Frango do Carrefour e Barrichello. Bin Laden, Datena e Bundinha. Arrombado e Gogoboy.

O apelido Frango do Carrefour é porque ele solta gases em campo e bota a culpa no frango do Carrefour. "Ah, foi o frango do Carrefour que eu comi ontem."

Ou então o zagueiro do Itororó: Geladeira de Pobre. O apelido Geladeira de Pobre é porque a caxumba desceu pro saco e ele ficou com o ovo enorme. Por isso, Geladeira de Pobre: só tem ovo! Rarará!

E no banco: Paçoca e Comi o Paçoca! Ueba! Com esse time a gente derrubava até a Muralha da China! Rarará!

É mole? É mole, mas sobe!

Os Predestinados! Mais quatro para a minha série Os Predestinados! Presidente da Doca de Santos: Renato BARCO! Se privatizar, o Barco afunda.

E esta advogada na Bahia: Anna Rita Malandra. E o coordenador de odontologia de Ceilândia: Risomar Souza. Rarará!

E, para terminar, o presidente do sindicato dos aeronautas de Pernambuco: Aerovaldo. Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Novo Cebrade - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 15/05

Carlos Lessa, Fernando Morais, João Pedro Stédile e outros 200 intelectuais e políticos se reuniram para fundar o Instituto de Estudos Políticos e Sociais, dedicado à “defesa da democracia e dos interesses nacionais e da paz”.
A assembleia será segunda, no Rio.

Esquerda volver...
Entre os criadores, o editor Renato Guimarães, que fundou, nos anos 1970, o Centro Brasil Democrático.
Foi este centro que fez o show em 30 de abril de 1981 no Riocentro, alvo da ação terrorista de militares.

Primeiro emprego...
Aliás, o governador Sérgio Cabral trabalhou, quando jovem, no Cebrade.

Rádio do aço
Ontem, na usina da CSA em Santa Cruz, no Rio, dava-se como certo que a Thyssenkrupp havia fechado com Benjamin Steinbruch. Pelo acordo, a CSN ficaria com um terço do negócio. E um outro terço, com os alemães.
A Vale permaneceria com os atuais 27% e também continuaria sendo a fornecedora do minério, embora a CSN tenha minas próprias.

Ouro negro
Com o TCU do Brasil à frente, já está em curso uma auditoria para descobrir para onde vai o dinheiro do petróleo no Brasil, na Argentina, na Colômbia e no Peru.
O TCU atua na nova Organização Latino-Americana e do Caribe de Entidades Fiscalizadoras Superiores.

Será que ele é?
A ex- mulher de um craque carioca que joga em São Paulo, após uma união de 15 anos, entrou com processo no Rio para reparação de perdas e danos morais e emocionais.
Descobriu que foi trocada há um ano não por outra... mas por outro.

No estaleiro
O pianista Nelson Freire vai parar de tocar por pelo menos três meses para se tratar de problemas de saúde.
Um recital, marcado recentemente na Sala Pleyel, em Paris, foi cancelado. Sua temporada no Brasil, como solista em concertos da Osesp, da Petrobras Sinfônica e da OSB, está ameaçada.

Duelo de irmãos
Maria Bethânia vai concorrer pela primeira vez como compositora no Prêmio da Música Brasileira, em junho.
Ela é coautora de “Carta de amor”, ao lado de Paulo César Pinheiro, indicada a melhor canção. E terá como concorrente o irmão Caetano Veloso, compositor de “Estou triste”.

Mestre do jogo
Com 11 mandatos, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, brincava ontem com quem comentava sobre o fato de ele convocar uma sessão para segunda-feira, dia dedicado pelos parlamentares a se recuperarem do fim de semana.
— Convoquei para segunda de olho na terça. Se chamasse para terça, corria o risco de só aparecerem aqui na quarta à noite.
Faz sentido.

Sustentabilidade
O Salgueiro terá patrocínio da Nissan. O enredo da escola para 2014, como se sabe, fala sobre sustentabilidade.
A montadora, em parceria com a Renault, é líder mundial na produção de veículos com emissão zero.

Oi, oi, oi
Alunos da Escola de Arquitetura da Universidade Columbia, em Nova York, fizeram um estudo sobre a... Avenida Brasil, a via que liga o Centro à Zona Oeste do Rio.
Elaboraram projetos de ciclovias e passagens de pedestres, inspiradas nas curvas do Rio, e parques integrados às estações da futura Transbrasil.

Caso bondinho
O MP Federal arquivou investigação contra Júlio Lopes, secretário estadual de Transportes, no caso do acidente do bondinho de Santa Teresa, em 2011, que deixou cinco mortos.
A acusação, segundo o advogado Ary Bergher, foi julgada improcedente.

Ópera do gato
O barítono americano Gregory Reinhart, que se apresenta amanhã com a OSB Ópera & Repertório no Teatro Municipal, viaja o mundo levando seu gato persa Biscuit.
Mas o gatinho, coitado, não pôde vir ao Rio. Ele pesa oito quilos, e o limite de peso estabelecido pela companhia aérea é de sete quilos. O gato até fez dieta. Mas não alcançou a meta.

Cloro na piscina - SONIA RACY

ESTADÃO - 15/05

Menos de 50% dos órgãos públicos respeitam a Lei de Acesso à Informação. É o que revela levantamento inédito da Article 19, ONG sediada em Londres. Dos 141 pedidos feitos por cidadãos e ONGs entre junho de 2012 e abril deste ano, apenas 62 (44%)tiveram resposta adequada.

A pesquisa será divulgada dia 22, em São Paulo.

Elas por elas
O mercado de ações sequer piscou com a saída de Nelson Barbosa da Fazenda. Não acredita que Mantega preencherá a vaga com alguém que não esteja absolutamente alinhado ao seu pensamento.

Portanto, a política econômica continuará a mesma, bem diferente do que o setor deseja.

Para o alto…
Na mesma operação em que o avião de Gusttavo Lima foi detido pela Anac por irregularidades e mais de 90 ficaram impedidas de voar, foram vistoriadas também as aeronaves de… Roberto Carlos e Claudia Leitte.

…e avante!
A notícia foi boa: estavam regulares. E o rei fez até um agradecimento aos fiscais.

Questão de classe
Embora tivesse jurado que seria mero espectador, Lula não se conteve e roubou a cena durante debate sobre os dez anos do governo do PT, anteontem, em São Paulo. Falou por 40 minutos.

De classe 2
O ex-presidente evitou atrito com Marilena Chaui, que atacou a classe média. “Odeio a classe média. É um atraso de vida, a estupidez, o que tem de mais reacionário, conservador, arrogante e terrorista”, bradou a filósofa.

Lula respondeu em tom de brincadeira: “Depois de tantos anos que lutei para ser classe média, você vem e avacalha”.

Dia de festa
Em parceria com André Rubini, Fred Lengyel e José Lopes, Marcus Buaiz inaugura hoje o novo Royal Club, na Vila Olímpia, em São Paulo.

A festa contará com apresentação da funkeira Anitta.

Festa 2
Curiosidade: a casa, onde foram investidos quase R$ 2 milhões, terá terraço-fumódromo e palco para shows. “Nossas pesquisas indicaram desejos dos clientes neste sentido”, explica Buaiz.

A antiga Royal, mãe desta nova unidade, foi fechada.

Canguru feelings
Nem bem começou o ano da Alemanha no Brasil (segunda-feira), e já está sendo costurada parceria para 2016. O mensageiro da boa notícia é Danilo Miranda, que acaba de chegar de uma viagem a Austrália com o recado do Australian for the Arts.

O Tom de Vik
Após recriar a imagem de personalidades como Liz Taylor e Marilyn Monroe, Vik Muniz se debruçará na imagem de Tom Jobim. A obra será feita para a homenagem do Prêmio da Música Brasileira, dia 12 de junho, no Municipal do Rio.

Um vídeo sobre o material será projetado enquanto Caetano Veloso lê um texto de Francisco Bosco dedicado ao maestro.

Suspense
Entra na pauta do Condephaat, segunda-feira, o julgamento do projeto da XYZ no Jockey Club paulista. Isto é, 24 conselheiros darão seu veredito sobre a casa de eventos já em construção.

Suspense 2
E por falar em Condephaat, corre que o grupo Allard pediu ao órgão para alterar a resolução de tombamento que preserva hoje as características básicas do Hospital e Maternidade Matarazzo – construção do século 19.

Querem erguer espigão de vinte andares. O permitido é dez.

Na frente
Jorge Gerdau afirma: não convidou Eduardo Campos para participar de qualquer evento empresarial em Santa Catarina. Ele vai participar de seminário por lá – daqui a duas semanas.

Acontece hoje leilão do Projeto Dog Art – renda revertida para a ONG Ampara Animal. No MuBE.

Eduardo Moreira lança novo livro. Hoje, na Saraiva do Shopping Ibirapuera.

Na plateia do evento sobre os dez anos do PT, anteontem, um espectador queria saber a que horas seria servido o coquetel. “Todo lançamento de livro tem coquetel, né?”, indagou. Só que não.

ACREDITE SE QUISER - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 15/05

A Prefeitura de São Paulo vai lançar uma campanha para tentar recuperar a credibilidade da coleta seletiva de lixo na cidade. A operação caiu em descrédito depois da revelação de que, embora moradores separassem corretamente os resíduos em suas casas e apartamentos, em recipientes para vidro, plástico, papel e orgânicos, eles eram novamente misturados e despejados num lixão.

LIXO NO LIXO
A campanha será feita quando duas novas centrais estiverem funcionando, com capacidade para reciclar, cada uma delas, 250 toneladas de material por dia. A construção deve ser anunciada na próxima semana, quando o prefeito Fernando Haddad (PT-SP) selará acordo com as concessionárias de lixo para que, em vez de construir 17 pequenas centrais, como previsto, elas façam quatro, maiores -as duas primeiras para 2014.

VASSOURA
A prefeitura anunciou no começo do ano em seu programa de metas que pretende reciclar 10% do lixo da cidade nos próximos anos.

É o equivalente a cinco vezes a capacidade atualmente instalada, de 249 toneladas por dia.

POSTE PESADO
O ex-presidente Lula voltou a ter sérias dúvidas sobre a viabilidade de Alexandre Padilha, ministro da Saúde, para o governo de SP. E a manifestar preferência por Guido Mantega -para desgosto de dirigentes do PT paulista, que consideram o ministro da Fazenda um poste difícil de carregar.

SOMOS MUITOS
Nas sondagens que o PT tem feito para buscar o perfil do candidato ideal, em todo o caso, constam ainda os nomes de Padilha, de Mantega, do prefeito Luiz Marinho, do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) e até de Aloizio Mercadante (Educação), que pediu para ser desconsiderado na disputa.

A BROADWAY É AQUI
Um projeto de formação de atores em teatro musical será lançado no segundo semestre pelo Sesi-SP. O investimento inicial do programa é de R$ 12 milhões.

As primeiras oficinas começam em agosto para 90 alunos do Sesi. E no início de 2014 serão abertas 90 vagas para cursos de formação de atores, com duração de três anos. A seleção terá prova escrita e audições.

CHECK IN
Depois de um hospital público e de autorização para serem enterrados nos cemitérios ao lado de seus donos, os animais de estimação podem ganhar também um hotel gratuito em SP. A proposta, do vereador David Soares (PSD), será discutida hoje em uma comissão da Câmara. Ele diz que muitas famílias deixam os bichos sozinhos em casa quando viajam ou os transportam de modo errado. O serviço ajudaria a "preservar a integridade física e psíquica desses seres".

QUEM VÊ CARA
Rodrigo Veronese recebeu um aviso em sua página do Facebook, anteontem: um francês estava usando fotos do ator brasileiro para seduzir e extorquir mulheres. "Quando entrei na página do cara, levei um susto: era minha foto. E nos álbuns dele havia várias imagens minhas que ele roubou da internet", diz Veronese. Ele e outros usuários comunicaram a administração da rede social e conseguiram bloquear o perfil do homem.

DE REPENTE, 30
E Veronese integra o elenco de um projeto de série nova para o GNT, "Aos 30". Ele faz o papel do amigo gay de três mulheres de 30 anos.

"BABALUUUUU"
A cantora Angela Maria comemorou 60 anos de carreira com um show no Clube Piratininga. O jogador do Santos Neymar, os cantores Cauby Peixoto, Agnaldo Timóteo, Roberta Miranda e Wanderléa, as duplas sertanejas Chitãozinho & Xororó e Rick & Renner e o ator Moacyr Franco estiveram no evento, anteontem.

AQUARELA DO BRASIL
Tomie Ohtake, 99, foi ao lançamento da Coleção Folha Grandes Pintores Brasileiros, anteontem, no Itaú Cultural. Ela e Paulo Pasta são alguns dos que estão retratados na série de livros. O arquiteto Rodrigo Ohtake, neto de Tomie, com a namorada, a estilista Fernanda Yamamoto, a artista Lygia Eluf e a curadora Maria Carolina Duprat Roggeri foram ao coquetel.

CURTO-CIRCUITO
Gringo Cardia é o diretor artístico do show que animará a festa de 50 anos de Xuxa, em SP. Afonso Nigro faz a produção musical.

Jorge Drexler se apresenta hoje e amanhã, às 22h, no Bourbon Street, em Moema. 18 anos.

O advogado Marcelo Knopfelmacher, presidente do Movimento de Defesa da Advocacia, recebe outros quatro líderes da classe em jantar hoje em sua casa.

Rodrigo Santoro é o novo garoto-propaganda da Kopenhagen.

Tiroteio no escuro - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 15/05

Perplexidade na votação da MP dos Portos. O PT não colocou a cara para defender a proposta do Planalto. Seus líderes não atuaram em conjunto. O PMDB adotou posição própria. Seu líder, Eduardo Cunha (RJ), não bancou sozinho a emenda da discórdia. Outros dirigentes do partido lhe deram apoio velado. Mas, para o governo Dilma, o mais conveniente é demonizá-lo.

CUT x Força Sindical
As duas maiores centrais sindicais adotaram posturas diferentes no processo de votação da MP dos Portos. A Força, cujos sindicatos representam os estivadores dos portos de Santos (SP), Rio de Janeiro e Paranaguá (PR), defendeu que também nos portos privados seja adotado o modelo de contratação pelo Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO). A CUT lavou as mãos. Não é a primeira vez que ela adota essa linha. No primeiro governo Lula, a CUT só foi a campo contra a emenda 3, que legalizava os trabalhadores pessoa jurídica, depois que a Força fez barulho. Na bancada sindical, existe a convicção que a CUT só se movimenta para neutralizar a Força Sindical.


"As obras nos estádios para a Copa são peças de marketing. As empresas brasileiras estão de olho é no Catar 2022"
Aldo Rebelo
Ministro do Esporte, minimizando o temor de atraso nas obras dos estádios, manifestado pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke

Sem acordo
Os lobistas das entidades sindicais esperam pelo pior na MP dos Portos. Avaliam que a presidente Dilma vai vetar tudo o que não estiver na proposta original. Inclusive o que tiver sido incluído no acordo firmado no Senado.

Transparência
O ministro Jorge Hage (CGU) faz amanhã balanço da primeiro aniversário da Lei de Acesso à Informação. Foram respondidos 95,8% dos pedidos de informação. E destes, 79,2% atendidos. A Superintendência de Seguros Privados (8.477), o INSS (7.407), a Petrobras (5.322) e o Banco Central (3.403) foram os mais demandados.

O favorito
O PSDB paulista fará o secretário-geral da Executiva do partido, na convenção de sábado. Por sua ligação com o governador Geraldo Alckmin, o deputado federal Emanuel Fernandes é apontado como provável ocupante da posição.

Uma pedra em cima da divisão
A expectativa dos aecistas é colocar um ponto final na divisão interna com a convenção do PSDB, no sábado. Acreditam que ficará claro para a opinião pública que o partido tem um líder e um candidato, não havendo espaço para a ambiguidade. Dizem que eleito o novo comando, os tucanos vão parar de olhar para o umbigo e se voltar para fora, à sociedade e aos aliados.

Definido relator da LDO
O PMDB ganhou a briga na Comissão de Orçamento (CMO), e o deputado Danilo Forte (PMDB-CE) será o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014. O PT bancou sua indicação a despeito de reivindicação do PR.

Orçamento impositivo
O novo relator, Danilo Forte, quer aprovar, na LDO, mecanismo que garanta a efetiva execução das emendas parlamentares. Em 2013, são R$ 8,9 bilhões em emendas individuais, com cota de R$ 15 milhões para cada deputado ou senador.

O presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), perdeu a votação que aprovou convite para Gilberto Carvalho depor na Comissão de Fiscalização.

Todos os santos - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 15/05

Ideli Salvatti (Relações Institucionais) acionou até Roberto Jefferson em busca de ajuda para garantir o apoio do PTB na votação da medida provisória dos portos, ontem, na Câmara. O delator do mensalão, maior escândalo do governo Lula, concordou em ajudar o Planalto. O ex-deputado Benito Gama, presidente da sigla, também foi procurado para conter Silvio Costa (PE), que estava "incendiando" o plenário da Casa com posicionamento contrário à MP.

Articulação Diante do pedido, a dupla acionou Jovair Arantes (PTB-GO), líder do partido, que ficou de conversar com sua bancada.

Jogando a toalha Luiz Sérgio (PT-RJ) retirou emendas polêmicas da MP após pressão do Planalto e do PT: "Gleisi Hoffmann e José Guimarães me pediram", diz ele.

Show do bilhão Em tom de brincadeira, Eudes Xavier (PT-CE) disse a Amaury Teixeira (PT-BA) logo após registrar presença: "Vamos embora que eu quero meu R$ 1 bilhão!". O valor foi o prometido pelo governo em emendas em troca da aprovação da MP.

Taxímetro Diante das sucessivas obstruções na votação da MP dos Portos ontem, um deputado brincava: "O PMDB inaugurou a obstrução por hora nesta Casa".

Calendário Guido Mantega (Fazenda) acertou com o secretário-executivo, Nelson Barbosa, que ele entra em férias hoje. Sua exoneração será efetivada em 1º de junho.

Para depois 1 Setores do governo defendem que Alessandro Teixeira, que deixará o Ministério de Desenvolvimento e Indústria depois de pedido de Fernando Pimentel, seja realocado na Casa Civil após temporada de férias.

Para depois 2 Beto Vasconcelos, secretário-executivo de Glesi Hoffmann, deve deixar o posto no período. Outra opção é alocar Teixeira em um órgão internacional.

Mediação Joaquim Barbosa receberá Márcio Thomaz Bastos, advogado de José Roberto Salgado, do Banco Rural, no caso do mensalão. O presidente do STF convidou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para participar da audiência, na próxima segunda-feira.

Flashmob Barbosa tem dito que não precisa pautar a análise dos embargos de declaração do mensalão antes de levá-los ao plenário do Supremo. Ele pode surpreender os demais ministros e propor a análise dos recursos a qualquer momento.

QI A bancada federal do PSDB levará ao senador Aécio Neves (MG) o nome de Bruno Araújo (PE) como indicação para a secretaria-geral da sigla. A despeito da decisão, o posto segue como o preferido para acomodar a seção paulista na Executiva.

Tiro n'água De um sindicalista que participou da conversa com o Planalto ontem: "Foi uma reunião que levou do nada para lugar nenhum".

Sinergia Empenhado em derrubar a mudança no ICMS discutida no Senado, Geraldo Alckmin (PSDB) telefonou para Luiz Marinho (PT). O petista prometeu ajuda e levou o tema à reunião da Frente Nacional de Prefeitos.

Uni-vos Com apoio de setores do empresariado de Estados contrários às alterações no imposto, sindicatos da Força e da CGTB querem levar hoje 30 mil pessoas para protestar na Esplanada.

Visita à Folha Marina Grossi, presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), visitou ontem a Folha. Estava com Eduardo Nunes, coordenador de comunicação, e Renato Nassar, assessor de imprensa.

com ANDRÉIA SADI e PAULO GAMA

tiroteio
"Com o discurso de ontem, Anthony Garotinho deixa de ser o Garotinho do PR para ser apenas um garotinho da Ideli."
DO DEPUTADO NILSON LEITÃO (PSDB-MT), líder da minoria na Câmara, sobre fala de Anthony Garotinho (PR-RJ) em defesa da votação da MP dos Portos.

contraponto


O que é isso, companheira?
A filósofa Marilena Chauí participou na segunda-feira de debate sobre o lançamento do livro "10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma'', organizado pelo sociólogo Emir Sader. Fez uma longa fala e terminou com um brado:

-Odeio a classe média -disse, para em seguida chamá-la de ''fascista'' e ''reacionária''.

Lula, que falou logo depois da acadêmica, tratou de aliviar o clima, para êxtase da plateia:

-Depois de anos que lutei para chegar à classe média, vem essa mulher e esculhamba com a classe média...

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 15/05

Cresce presença de brasileiras no mercado de licenciamento
A internet e a lei que exige conteúdo nacional nos canais pagos de TV estão alavancando a participação -ainda tímida- das marcas brasileiras no setor de licenciamento, de acordo com a Abral (associação do setor).

Das 600 marcas e personagens exploradas no país hoje, 25% são nacionais. "Esse número deve chegar a 30% em um ano", diz Marici Ferreira, presidente da entidade.

A Galinha Pintadinha, fenômeno entre crianças que surgiu no You Tube, é o principal exemplo dessa proliferação brasileira.

"Antes só uma empresa grande, como a Disney, [conseguia comercializar suas marcas com terceiros]", diz David Diesendruck, diretor da Redibra, proprietária da Galinha Pintadinha.

"Agora, qualquer pessoa disponibiliza conteúdo on-line e abre oportunidade para vender outros produtos."

Em relação à lei de conteúdo nacional, Diesendruck é cauteloso: "No médio prazo, deve ajudar as brasileiras".

Ferreira é mais otimista. "Ela incentiva a criação de desenhos brasileiros [a serem explorados]", afirma.

A Supermarcas, responsável pelo licenciamento no Brasil de grifes como BMW e Ray Charles, fechou com a Warner Music para trabalhar nomes de cantores nacionais.

"Hoje, 90% das nossas marcas são internacionais. Em três anos, 30% devem ser brasileiras", diz Moacir Galbinski, presidente da empresa.

"Também há espaço no país para licenciar extensões de marcas. Uma empresa de jeans, por exemplo, que cria uma linha de cosméticos."

LENTES AMPLIADAS
Depois de vender as Óticas Carol por R$ 108 milhões, o empresário Marcos Amaro, filho do comandante Rolim, fundador da TAM, ampliou o trabalho de marketing esportivo que já desenvolvia e investiu em comunicação.

Amaro e três sócios, o piloto Lucas di Grassi, o ex-piloto Mario Moraes e o publicitário Henry Guedes, todos na faixa entre 23 e 28 anos, uniram a One International Sport Business à agência Manga, de Marcio Flores, 33.

A fusão deu origem ao Grupo M, com foco em três braços principais: esportes, saúde e Nordeste, onde a Manga tem um escritório.

"Começamos a atuar com empresas de grande porte e esperamos ganhar um mercado que está aquecido", diz Grassi que ingressou na área de marketing para administrar a sua carreira.

O grupo herda 15 grandes clientes e tem como um dos focos investir em eventos próprios, como as provas de triatlo TriStar, já realizadas pela extinta One.

Não houve compra no negócio, apenas troca de ações, diz Amaro. O valor resultante da venda das óticas continua bem guardado.

"Venho procurando diversificar, investir em comunicação em sentido mais amplo, aproveitando o crescimento, principalmente no Nordeste", afirma.

"Estou ainda mais cauteloso para investir em qualquer coisa", relata ele.

"Há oportunidades, mas vivemos um momento um pouco difícil no país. Está tudo muito caro, a começar do custo de vida. Falta de investimentos em infraestrutura", acrescenta o jovem empresário.

TURISMO DE EVENTOS
Os mais de 145 mil participantes dos eventos internacionais realizados no país em 2012 gastaram R$ 563 milhões com hotel, alimentação, lazer e compras, de acordo com dados da Embratur.

No ano passado, o Brasil sediou 360 eventos -alta de 18,4% ante 2011.

O crescimento foi superior ao registrado na Itália, na França, na Alemanha e no Reino Unido.

As cidades com maior expansão na procura foram Bento Gonçalves (150%), Belo Horizonte (117%) e Foz do Iguaçu (100%).

Em São Paulo, a elevação foi de 29%. No Rio, de 20%.

18,4%
foi o aumento no número de eventos internacionais em 2012

R$ 563 MILHÕES
foi o gasto dos participantes com hotel, alimentação e compras

PEÇA ÚNICA
Ex-CEO do Groupon no Brasil, Benjamin Gleason, norte-americano que já é sócio de duas empresas de internet no Brasil, vai produzir no país o "jumpsuit", um macacão de zíper e capuz que surgiu na Suécia.

Com um outro ex-executivo da companhia de e-commerce, o sueco Jacob Sandberg, e o brasileiro Thiago Alvarez, Gleason lança a Onewix, que fará vendas on-line.

"Virou bastante moda no exterior, e já lançamos na Colômbia", diz Gleason, que estudou em Wharton (EUA) e trabalhou na filial brasileira da McKinsey.

"É uma peça muito confortável para ficar em casa, mas artistas estrangeiros começaram a usar para discotecas", afirma.

Três confecções farão as peças no Brasil, com os detalhes originais dos modelos, que podem ser bermudas e vestidos, mas são sempre variações de peças inteiriças, com capuz.

Em algodão e lycra, os "jumpsuits" custarão no país entre R$ 300 e R$ 350.

"Já temos 400 macacões prontos em estoque. Não imaginei que fosse tão difícil produzir no Brasil", conta Gleason, que vive há cinco anos no país.

Caminho... A indústria de alimentos definiu três caminhos para recuperar, até 2015, 20% das 55 mil toneladas de resíduos sólidos recicláveis descartados diariamente.

Erro... Uma audiência pública hoje na Câmara dos Deputados vai discutir a devolução dos R$ 7 bilhões cobrados a mais em contas de luz.

...alternativo Em evento da Abia (associação do setor), 33 empresas decidiram criar pontos de entrega, projetos de educação ambiental e apoios a cooperativas de reciclagem.

...caro A distorção foi causada por um erro de cálculo no contrato de concessão de distribuidoras, em 1997. A falha já foi corrigida.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 15/05

LEILÃO VAI ESTIMULAR ÁREAS DE SÍSMICA E PERFURAÇÃO
Em cinco anos, petrolíferas terão de investir, ao menos, R$ 7 bi nos blocos licitados. Fornecedores serão beneficiados

O recorde de R$ 2,8 bilhões em bônus de assinatura na 11ª Rodada da ANP, a primeira do governo Dilma Rousseff, foi detalhe, diante das perspectivas de investimentos que se abrem com o leilão. A indústria de óleo e gás, apreensiva com o hiato de cinco anos desde a última licitação, se animou com os resultados de ontem. De cara, o total de investimentos no programa exploratório mínimo, estabelecido no edital, passa de R$ 7 bilhões na próxima meia década. "É dinheiro que vai beneficiar, principalmente, empresas das áreas de sísmica e perfuração", prevê Alfredo Renault, consultor da área. Os dois segmentos andaram parados, por causa da ausência de leilões. Também chamou atenção o interesse dos investidores pelas novas fronteiras petrolíferas. A Foz do Amazonas, disputadíssima, rendeu R$ 802,8 milhões em bônus. Na bacia do Parnaíba, todos os 20 blocos foram arrematados. Em Tucano Sul, área terrestre na Bahia, 21 de 36 áreas foram concedidas. Houve diversificação geográfica e de companhias, 28, ao todo. Sem contar o índice de nacionalização, de até 75%. A estratégia da Petrobras, de atuar com parceiros, também areja o mercado, para os especialistas.

FGTS
Em meio à briga pela MP dos Portos, a CNI entrou em campo em defesa do Projeto de Lei 200/2012, que põe fim à contribuição adicional de 10% no FGTS. Se aprovado até dia 31, o texto evitará que o setor privado desembolse R$1,568 bi no 2º semestre. Ontem, 60 entidades da Rede Indústria enviaram cartas a líderes dos partidos cobrando a votação.

Em tempo
A contribuição foi criada em 2001 para cobrir o rombo de R$ 42 bilhões do FGTS. A dívida foi quitada em 2012.

Haiti
O Sinicon, de construção pesada, se aliou ao governo para empregar imigrantes haitianos no Brasil. Hoje, há 2.300 trabalhadores no Acre e no Amazonas. Grandes obras, como Jirau (RO) e o estaleiro nuclear de Itaguaí (RJ), já empregam 500.

Submarino
Gardline e OceanPact se uniram em joint-venture das áreas de portos, construção offshore e petróleo. Vai desenvolver soluções para investigações submarinas. Deve faturar R$ 35 milhões no 1º ano. As duas empresas têm 2.300 funcionários.

Metais
A Fabrimar, de metais sanitários, fará aporte de R$ 15 milhões no parque industrial, na Pavuna, até o fim de 2014. Investirá em
novas máquinas. Quer elevar a produtividade em 100% e o faturamento, em 10%.

Na Copa
Três mil profissionais de turismo e 500 jornalistas participaram do “Goal to Brasil”, ciclo de eventos da Embratur para promoveras 12 cidades-sede da Copa 2014. Foram R$ 10,15 milhões investidos. O projeto, iniciado em julho de 2012, passou por 14 países em dez meses.

Hostel
A Che Lagarto, rede latino-americana de hostels, inaugura a 1ª filial, na versão suítes, em São Paulo, dia 20. Projeto de R$ 4,4 milhões, ficará na Vila Mariana. Com 14 hostels no Brasil, a rede abrirá seis este ano. Prevê faturar R$ 7,5 milhões no país em 2013,14% acima de 2012.

AMOR NO AR
A TV Globo estreia hoje a campanha de “Amor à vida”, nova novela das 21 h, em revistas e jornais. Os protagonistas JulianoCazarré, Paola Oliveira e Malvino Salvador aparecem no anúncio, criado pela Comunicação da Globo. A trama vai ao ar na 29.

SUCO DÁ SAMBA
A do bem, de sucos sem corantes e conservantes, terá campanha para apresentaro novo sabor: abacaxi com hortelã. No vídeo, em stop motion, ingredientes formam uma roda desamba. Circula a partirde29, na internet. É produção da Hardcuore. A marca prevê vender 10% mais.

GELADO
Estreia nesta 69 feira, na TV, a campanha dos sorvetes Trio Garoto, Chocolate e Baton 2 em 1.O filme apresenta as embalagens de dois litros, para consumo em família. É mais uma ação em quea marca destaca o patrocínio à Copa das Confederações e à Copa 2014. Criação da JWT.

CAMINHOS
A Smirnoff pôe no ar, amanhã, noYouTube, o filme sobre seus novos sabores. Serão três portas para experimentaro
mundo de sensações, cada uma com áudio exclusivo. Gravados com microfone especial, dão a sensação de que o objeto está perto do interna uta. A Wieden + Kennedy assina.

DAS QUADRAS
Bruninho, craque da seleção brasileira de vôlei, estrela o comercial das farmácias Maxcenter, que vai ao ar no fim deste mês. A campanha, criação da Adjetivo, custou R$ 750 mil. O jogador será apresentado como garoto-propaganda da rede hoje, na Expo Pharma 2013.Tolerância Foi Carlos Tufvesson, estilista e coordenador de Diversidade Sexual da prefeitura, quem criou a camiseta da edição 2013 da campanha Rio Sem Preconceito. O lançamento é hoje.

Brasuca
A Matrix, da L’Oréal, lança o Biolage Advanced Repair Inside. A linha de tratamento reparador para cabelos danificados foi desenvolvida no Brasil, para o cabelo das brasileiras. É ecofizendly.

Rock no pé
A Ipanema fechou parceria com o Rock in Rio. Mês que vem começa a vender modelo especial que homenageia o
festival. A marca terá espaço no evento.

A cana vai voltar a crescer? - FABIO MENEGHIN E ANDRÉ NASSAR

ESTADÃO - 15/05

O setor sucroenergético voltou às manchetes com as recentes medidas anunciadas pelo governo federal. Alguma atenção tem sido dada também ao setor por causa dos déficits de caixa enfrentados pela Petrobrás, fruto da crescente importação de gasolina. Estamos no início da safra 2013/14 de cana-de-açúcar, momento ideal para se fazer um balanço do que vem pela frente esse ano.

De 2007 a 2012, 41 usinas deixaram de moer cana e produzir açúcar e etanol e mais 12 poderão parar nesta safra. A informação assusta não só leigos no assunto, mas também os analistas mais experientes do setor. Mas é preciso compreender de maneira mais clara esse problema e ver que ele é a consequência de um ciclo que se encerra.

Nas safras 2007/08 e 2008/09, o setor sucroenergético brasileiro operou com rentabilidades negativas em razão dos baixos preços do açúcar e do etanol. E já é de conhecimento geral que a crise financeira mundial, que estourou em setembro de 2008, minou o crédito dos bancos. Naquele momento boa parte do setor vinha com elevadas taxas de endividamento em função de novos investimentos, sobretudo em áreas de cana-de-açúcar e usinas novas. A combinação de margens negativas e escassez de crédito, num setor que vinha sendo custeado por crédito, levou à forte redução da taxa de renovação dos canaviais, elevando sua idade média, e dos tratos culturais. Tudo isso se refletiu nas safras seguintes, com queda da produtividade agrícola e o consequente aumento dos custos relativos.

O setor está voltando a recuperar o fôlego. Após quatro safras marcadas pela produtividade em queda e pouca competitividade do etanol, ele sobreviveu até o ano passado por causa dos preços mais elevados do açúcar. Como se não bastasse, coube ao governo federal tomar decisões que tiraram toda a atratividade para novos investimentos de um setor já bastante combalido, como a redução da mistura de etanol anidro de 25% para 20%, que vigorou entre abril de 2011 e abril de 2013, e a retirada de impostos da gasolina, que beneficiou o consumo do combustível fóssil.

Analisando as usinas que encerraram as atividades, nota-se que a maioria é composta por plantas de pequeno porte, antigas e altamente dependentes do etanol hidratado. E também que várias delas têm como vizinhos grandes grupos que nos últimos anos se tornaram mais fortes com aportes de capital de petrolíferas, tradings e até grandes construtoras. A rigor, o fechamento das usinas que financeiramente não tinham mais alternativas levou a uma transferência de cana-de-açúcar para usinas maiores e mais eficientes, num movimento natural de acomodação e consolidação do mercado.

Mesmo com o fechamento dessas unidades, a área plantada de cana-de-açúcar nunca deixou de crescer (4,8% ao ano de 2007 a 2012). O que, sim, foi ajustado na marra foi a moagem de cana, dada a queda na produtividade - mais de 10% em 2011.

O crédito começou a voltar em 2010 e os grupos mais estruturados puderam reerguer-se e consolidar outros menores. Na safra 2012/13 o setor efetivamente começou a recuperar-se do forte tombo. Linhas de crédito do BNDES para renovação dos canaviais, os elevados preços do açúcar e o mercado norte-americano de etanol aberto estimularam uma recuperação das margens, com melhor produtividade média dos canaviais, e o Brasil voltou a ser grande exportador de etanol. Embora os preços atuais do açúcar não estejam convidativos, 2012 pode ter sido o último ano do ciclo da recente crise do setor sucroenergético.

A volta da mistura de 25% de etanol anidro na gasolina pode soar como medida paliativa. Mas é essencial para elevar a demanda doméstica de etanol em 2 bilhões de litros, equivalentes a 25 milhões de toneladas de cana ou 310 mil hectares, e ainda dá um alívio no caixa da Petrobrás, reduzindo a necessidade de importação de gasolina A. Tal medida também representa um faturamento de R$ 2,43 bilhões a mais para as empresas do setor. Não deixa, no entanto, de ser paliativa porque é insuficiente para recuperar a rentabilidade do setor na safra em início.

Para estimular o etanol hidratado e reduzir as perdas da Petrobrás o governo iniciou, após oito anos, o processo de correção de preços da gasolina ao consumidor. O aumento de 6,6% concedido em fevereiro foi tímido se comparado aos 23% da defasagem internacional registrada no início do ano, mas o setor encarou-o como um bom começo.

O setor ainda carece de maior segurança para voltar a investir. Falta uma definição mais objetiva da participação do etanol na matriz energética do futuro: se ele será um mero carburante misturado à gasolina ou se abastecerá diretamente os motores de ciclo Otto. A novidade, embora tardia, é a isenção integral do PIS/Cofins (R$ 0,12/litro), que poderá auxiliar na retomada da competitividade do etanol hidratado nos principais Estados consumidores. É um alívio, vai dar fôlego à renovação dos canaviais e à expansão dos projetos já construídos, mas é claramente insuficiente para atrair investimentos em novas usinas.

Não são muitas as alternativas para criar as condições necessárias para que um novo ciclo de crescimento ocorra. Todas elas precisam ser pensadas e implementadas nesta safra, uma vez que a moagem de cana já utilizará cerca de 90% da capacidade instalada disponível. A primeira é a adoção de medidas para dar maior transparência à formação de preços da gasolina, tanto na refinaria quanto ao consumidor. Um sistema de mercado livre ou baseado em bandas ou médias móveis seria um grande avanço. A segunda é uma explícita diferenciação tributária entre o etanol e a gasolina, que garanta ao menos a diferença energética entre os dois produtos em favor do biocombustível.

Tombini e o câmbio - CRISTIANO ROMERO

Valor Econômico - 15/05

Está claro que, do ponto de vista do controle da inflação, o principal equívoco da política econômica em 2012 foi ter forçado a desvalorização do real. Pelas contas do Banco Central (BC), mencionadas no Relatório de Inflação de março, entre fevereiro, mês em que a taxa média mensal de câmbio atingiu o vale, e junho do ano passado, a depreciação alcançou 19,3%.

O repasse da desvalorização aos preços respondeu por 0,6 ponto percentual do IPCA em 2012. O câmbio foi responsável, portanto, por 10,2% da variação da inflação. Grosso modo, se o governo não tivesse forçado a depreciação do real frente ao dólar, o IPCA poderia ter fechado o ano em 5,2% e não em 5,84%.

O câmbio pode ter acentuado um fator exógeno (fora do controle da autoridade monetária) na segunda metade do ano: os choques de oferta de produtos agrícolas. Com a forte queda da inflação em 12 meses entre setembro de 2011 e junho de 2012, o BC vinha conseguindo melhorar as expectativas dos agentes econômicos. Em julho, com o início dos choques, o IPCA voltou a subir e as expectativas se deterioraram novamente.

No fim do ano, quando ficou claro que um dos fatores de resistência da inflação era justamente o câmbio e que havia a percepção por parte do mercado de que o governo promoveria novas rodadas de desvalorização do real, o BC mudou a política. Primeiro, reverteu um pouco a depreciação ocorrida em novembro e dezembro e, depois, sinalizou que não deixaria o dólar correr muito acima de R$ 2,00.

Na prática, o BC mostrou ao restante do governo que foi e é um equívoco forçar a desvalorização do real, especialmente no momento em que o IPCA está pressionado por várias razões. É importante entender esse aspecto para saber o que esperar do Banco Central daqui em diante.

Desde quando era diretor de Normas, o presidente do BC, Alexandre Tombini, tinha em mente a agenda do juro baixo. No auge da crise de 2008, poucos dias após a quebra do banco Lehman Brothers, propôs, durante reunião extraordinária da diretoria num domingo em São Paulo, corte significativo da taxa Selic. Foi voto vencido.

Tombini sempre se preocupou com o efeito da desvalorização do real sobre os preços. Sua inquietação é com a taxa de juros: com a inflação pressionada, fica mais difícil diminuir o custo do dinheiro. Ainda nos tempos em que era diretor, nos momentos de depreciação abrupta da moeda nacional ele defendeu ação do BC para reverter o processo. No comando da instituição, manteve o câmbio apreciado durante o primeiro ano de sua gestão.

Em julho de 2011, a taxa de câmbio efetiva real, que leva em conta o peso relativo de cada parceiro comercial do país e a respectiva taxa de câmbio, atingiu o menor valor em 16 anos. Só não foi menor que a de abril de 1997, período do câmbio quase-fixo. Considerando junho de 1994 como base 100 (ou R$ 2,00), a taxa de câmbio efetiva real, que ontem fechou em R$ 2,02, estava em R$ 1,86 em julho de 2011.

No segundo semestre de 2011, o Ministério da Fazenda começou a adotar medidas para desestimular a entrada de capitais de curto prazo no país. Em 2012, passou a pressionar o BC para deixar a moeda se desvalorizar frente ao dólar.

Tombini, claro, se preocupa com os efeitos do "vento de cauda" ("tail wind", na expressão em inglês), provocado por fortes fluxos de capitais originados por políticas de afrouxamento monetário nas economias avançadas. A expressão "tail wind" é usada na aviação para designar os ventos de cauda que aumentam a velocidade do avião. No caso da economia, os fluxos de capitais geram elevação excessiva na oferta de crédito e, assim, fomentam desequilíbrios e pressionam a inflação.

O remédio usado pelo BC para enfrentar o problema em 2011 foram as chamadas medidas macroprudenciais - exigência de maior requerimento de capital em operações de crédito com funding externo, além de regras estritas para o parcelamento de empréstimos, entre outras. Ademais, para evitar apreciação excessiva da moeda, Tombini repetiu a receita do antecessor: a acumulação de reservas. Para ele, embora as reservas brasileiras sejam hoje bem maiores que no passado, ainda são relativamente pequenas quando comparadas ao PIB do país (cerca de 16%).

O tema "câmbio" é delicado dentro do governo Dilma. O BC, por exemplo, só foi atribuir parte do crescimento da inflação em 2012 à depreciação do real no Relatório de Inflação de março deste ano - "a dinâmica da taxa de câmbio foi inflacionária em 2012, ao contrário do ocorrido em 2011", informa o documento.

No discurso duro proferido em 25 de abril, dia em que o BC divulgou a última ata do Copom, o diretor Carlos Hamilton reiterou que a depreciação do real em 2012 é um dos cinco fatores que ajudam a entender a aceleração recente da inflação. Hamilton apontou a estabilidade do câmbio em 2013 como uma fonte de risco "favorável" ao controle da inflação doravante.

O BC conta, portanto, com o real estável (na prática, uma apreciação em termos reais) para combater a carestia nos próximos meses. Tão importante quanto isso é o desconforto da diretoria da instituição com as desvalorizações forçadas que, no governo Dilma, se transformaram, de forma explícita, em política para melhorar a competitividade da indústria.

Dias tensos virão. Há no governo quem defenda uma nova rodada de depreciação da moeda. Além disso, há forças de uma desvalorização vindo do mercado, motivadas principalmente pelo debate em torno da normalização monetária de economias ricas, como a americana, mas também pelo aumento do déficit em conta corrente do Brasil.