sexta-feira, março 22, 2013

Paul McCartney - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 22/03

A estreia mundial da nova turnê de Paul McCartney será no Brasil.
O ex-beatle traz “Out there” no dia 4 de maio para o Mineirão, em Belo Horizonte. Dois dias depois, McCartney fará show em Goiânia e, dia 9, em Fortaleza. Quem fechou a turnê foi a Plan Music, do empresário Luiz Oscar Niemeyer.

Livro do Papa Chico
Começa hoje a pré-venda de “Sobre o céu e a terra”, do Papa Francisco, editado aqui pela Paralela, do grupo Companhia das Letras.

É o livro que ganhou fama porque relata conversas entre o então cardeal Jorge Bergoglio e o rabino Abraham Skorka. Eles falam de aborto, casamento gay e eutanásia.

A favor da censura
Na sessão de quarta passada da Comissão de Justiça da Câmara, que analisa o projeto do ex-deputado Palocci permitindo a biografia de figuras públicas sem autorização, surpreendeu a posição contrária dos petistas João Paulo Cunha, José Genoino e Ricardo Berzoini.

Segue...
A ideia do projeto é evitar casos como o de Roberto Carlos, que censurou um livro de Paulo Cesar de Araújo sobre sua vida.

Eleição na Fifa
O cartola Joseph Blatter disse ontem, durante uma palestra em Zurique, que não deve ser candidato a um novo mandato. Fica até 2015.

O presidente da Fifa foi além. Sugeriu dois nomes possíveis para substituí-lo: o francês Michel Platini e o espanhol Angel Villar.

Veja só...
Até o ano passado, quando teve que renunciar à presidência da CBF, Ricardo Teixeira era considerado forte candidato à cadeira de Blatter.

Glauber & Cia
O nosso cinema ganhou um estudo poderoso na França.

O livro “Cinema Novo, avant-garde et révolution”, do professor Bertrand Ficamos, tem 425 páginas. E ainda vem acompanhado de um DVD com trechos de 27 filmes, como “A idade da terra”, de Glauber Rocha.

Cãozinho Xuxo
A Editora Universal terá que indenizar em R$ 60 mil Rodrigo Guedes Campos, autor de músicas cantadas por Xuxa. A decisão é da 9ª Câmara Cível do Rio.

É que o jornal “Folha Universal” publicou que a canção “Meu cãozinho Xuxo”, de modo invertido era, cruzes!, invocação ao coisa-ruim.

Bike Santiago
Depois do sucesso das laranjinhas no Rio, nasce o Bike Santiago.

Em parceria com o Ministério do Ambiente do Chile e com a Bcycle, o Itaú leva para os Andes o projeto de aluguel de bicicletas, que terá três mil unidades e 300 estações na capital chilena.

Complexo de Deodoro
Seis consórcios apresentaram ontem ao estado propostas para o projeto do Complexo Esportivo de Deodoro, onde serão realizadas, entre outras, as provas de hipismo, tiro, mountain bike, canoagem e esgrima nos Jogos de 2016.

As obras vão custar algo em torno de R$1 bilhão.

Lei do beijo gay
Cabral manda hoje para a Alerj uma lei que pune os estabelecimentos que discriminarem pessoas por causa de sua orientação sexual, como expulsar casal gay que esteja se beijando.

Trata-se da reedição de uma proposta apresentada em 2000 pelo então deputado Carlos Minc e que foi considerada inconstitucional pelo TJ do Rio. O Tribunal entendeu que esse tipo de lei cabe ao Executivo propor.

Efeito Santa Maria
As bibliotecas municipais do Rio, fechadas em fevereiro após vistoria dos bombeiros, ainda não reabriram.

A previsão é que apenas em abril elas sejam liberadas ao público.

Vuitton genérica
As ruas de Ipanema voltaram a ser invadidas por aqueles camelôs de bolsas chiques falsificadas.

Uma imitação de Louis Vuitton custa R$ 150.O camelô anuncia como bolsa genérica.

À la Zózimo!
E a coleguinha Patrícia Poeta, hein? Inaugurou ontem, no “Jornal Nacional”, novo penteado. Foi a notícia do dia.

Solidão e silêncio no fundo da agulha - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

O Estado de S.Paulo - 22/03

Todos os domingos, à meia-noite, quando Nabor cantava "Quizás, quizás, quizás", eu sabia que a domingueira tinha acabado e aquelas meninas de Araraquara desceriam as escadas, passariam por mim, nem me olhando, e iriam para casa. Algumas com os pais, várias sozinhas (não havia perigo), outras acompanhadas pelos namorados. Inveja daqueles namorados, tinham dançado com as moças mais lindas, colado o rosto (apesar da vigilância materna), conseguido um beijo furtivo. Dali a pouco, nos portões, viriam os "amassos", porque mais do que carinhos, os namorados se amassavam com sofreguidão. Em que estado iam dormir.

Dia desses, indo para uma reunião na Fundação Carlos Chagas, ouvi no táxi ouvi o bolero siempre que te pregunto, que quando, donde y como. Comentei na reunião: "Ali estou, sentado no banco gelado, sabendo que o domingo acabou". Sandra e Mariana Lapeiz, condutoras do projeto maravilhoso que é o Livro para Todos, (que este ano tem Milton Hatoum como padrinho, assim como Lygia Fagundes Telles e eu fomos nos dois últimos anos), indagou: "O que isso quer dizer?" E eu: "Há canções que me provocam, volto no tempo". Ela: "Já escreveu sobre isso? Não é um livro?"

Era. É. Nove meses depois, o livro estava terminado. Tempo de gestação de um ser humano. Vim arrancando de dentro desde aquela canção Amado Mio, do filme Gilda, ainda na minha infância, até Alfonsina y el Mar, com Mercedes Sosa, que Irina e eu ouvíamos em Hanabanilla, Cuba, pouco antes dela, jovem jornalista mexicana, linda, partir para a Nicarágua para lutar com os sandinistas contra o ditador Somoza. Fui reencontrando Valsinha, de Chico e Vinicius, que embala duas mulheres solitárias numa sala a tecerem bordados de uma vida, bem como Patricia, bolero para ser dançado cheek to cheek nas festinhas da adolescência, mas que Fellini usou para a orgia final em A Doce Vida, filme que marcou uma geração. "Quero, quero ser chamada de querida", lembram-se?

Uma noite, no Recife, no Sesc, vi e ouvi no palco uma mulher que me impressionou ao falar sobre educação e ao contar sobre seus textos, Viviane Mosé. Dela retirei o título de meu livro, Solidão no Fundo da Agulha, porque me trouxe minhas tias e primas em tardes araraquarenses, me trouxe mulheres que conheci e se encerraram no silêncio do fundo da agulha. Mulheres que esperaram ou ainda esperam que ele chegue um dia com um jeito diferente daquele jeito que ele tinha ao chegar. Nossas vidas são atravessadas e marcadas por músicas, por canções que nos devolvem momentos, felizes ou não. Recuperei algumas, mas a cada dia acumulo outras.

Por que uma americana que vi certa manhã, uma única vez, em Roma, perto da Praça de Espanha, eu voltaria a reencontrar 17 anos depois, mulher madura, numa palestra em San Diego, Estados Unidos, ligada por uma carta que ela recebeu e eu nunca li? Ligada ainda por Antonio Tabucchi, o escritor italiano falecido ano passado, um grande amigo. Mais, ligada por Isaura Garcia a cantar: "Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou com uma carta na mão". Como e por que a vida estende linhas misteriosas, unido ou desunindo pedaços de nós?

A primeira entrevista de sua vida, capa do caderno de variedades do jornal Última Hora, fui eu que fiz com Dina Sfat, quando ela começou no Teatro de Arena, em 1962. Naquela tarde, nos fundos do teatro vazio, alguém cantava Estrela do Mar. Quem não conhece? Um pequenino grão de areia. Dina ficou de descobrir quem era a cantora. Descobriu? Um mistério que continua. Dina morreu três meses do dia em que, indo a Israel, me vi na cidade de Sfat, terra dos cabalistas. Sfat que lhe deu o nome.

Solidão no Fundo da Agulha está pronto e será lançado terça-feira, dia 26, no bar Vianna, em Pinheiros. O bar vizinho à minha casa, onde vou certos fins de tarde e sento-me na mesma mesa, lendo, anotando coisas, ou simplesmente esperando a noite chegar ao meu bairro, porque com ela chegam Marcia e Rita para sentar comigo. O livro está saindo pelo selo Livro para Todos, um dos projetos que tornam diferenciada a Fundação Carlos Chagas, a que estrutura todos os grandes concursos públicos deste Brasil. Projeto que dá a ela um plus.

Paulo Melo Jr., um fotógrafo pernambucano, leu os textos e, câmera em punho, saiu para capturar o espírito de Araraquara, ou de lugares de São Paulo: Rua Javari, Livraria Francesa, ruas do centro, bancas de frutas ao sol, estação da Luz, Avenida 23 de Maio vazia, um pastel de feira sendo frito, o teatrinho de Arena, o relógio do Mappin, debaixo do qual gerações marcaram encontros. O que é este livro? Minhas memórias? Mas são as suas também. Minha músicas? São as de todos. É realidade, lembrança, é ficção. E tanto é um livro de gerações mais velhas ou atuais, que a jovem Rita Gullo interpreta as 11 canções do livro (porque haverá um CD dentro) como se fossem dela, do tempo dela. Ela se comprometeu com cada nota, cada palavra. Tocaremos todas as canções na noite do dia 26, na Rua Cristiano Vianna, 315, e beberemos, e falaremos, porque será um encontro de todos nós, a partir de 19 horas.

Silenciando um defensor do discurso livre - CÉSAR GAVIRIA TRUJILLO

ZERO HORA - 22/03

Um confronto histórico poderá determinar o futuro da proteção dos direitos humanos em todo o continente nesta sexta-feira em Washington, em uma sessão extraordinária da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos.

Um grupo de nações liderado pelo Equador quer “reformar” a Comissão Interamericana de Direitos Humanos a sua relatoria sobre a liberdade de expressão. O suposto objetivo dessas reformas é “fortalecer” a proteção dos direitos humanos. Contudo, se forem implementadas, as reformas enfraquecerão gravemente a Comissão e criarão circunstâncias favoráveis para os governos ignorarem direitos básicos e limitarem a liberdade de expressão.

Como presidente da Colômbia de 1990 a 1994, eu testemunhei as dificuldades de mudança e evolução de instituições nacionais quando não há pressão externa. Como Secretário-Geral da OEA entre 1994 e 2004, eu vi, em primeira mão, a eficácia da Comissão Interamericana em exercer essa pressão quando Estados precisavam ser impulsionados na direção de maior proteção aos direitos humanos.

A Comissão tem desempenhado um papel fundamental na defesa dos princípios da Carta Democrática Interamericana. Ela vem exigindo eleições transparentes e imparciais e interveio quando alguns governos tentaram prejudicar a independência judicial ou a liberdade de expressão. Afinal, democracias verdadeiras precisam da separação dos poderes e da liberdade da imprensa.

As reformas que estão sendo defendidas atualmente reduziriam drasticamente a autonomia que tem sido fundamental para o sucesso do sistema interamericano. Por exemplo, uma proposta criaria restrições financeiras à Comissão, impedindo-a de utilizar fundos provenientes de fora da região. Atualmente, 30% de seu orçamento vem da Europa.

Essa medida teria um impacto devastador, especialmente na Relatoria Especial de Liberdade de Expressão, que vem liderando a luta pela liberdade de imprensa em toda a região há anos e tem sido uma pedra no sapato dos governos que não acreditam no discurso livre. A Relatoria corre o risco de perder praticamente todo seu orçamento, o que tornará mais fácil a perseguição de opositores, a censura e o fechamento de meios de comunicação independentes por governos da região.

Uma outra proposta de reforma impediria os Estados que não ratificaram a Convenção Americana de Direitos Humanos de nomearem membros para a Comissão. Essa medida parece ter sido criada para limitar a participação dos Estados Unidos e do Canadá, que não ratificaram a Convenção, mas que estão, no entanto, sujeitos à sua fiscalização e são importantes fontes de apoio financeiro e político para seu trabalho.

A nossa região tem feito avanços importantes na área de direitos humanos desde o período sombrio da Guerra Fria. Quase todas as ditaduras do continente foram substituídas por democracias. Entretanto, essas democracias por vezes restringiram a liberdade de expressão e outros direitos fundamentais. O sistema interamericano de direitos humanos é o melhor mecanismo da atualidade para garantir que os governos nas Américas protejam esses direitos e liberdades de maneira eficaz.

Até o momento, foram poucos os países que se uniram ao Equador na tentativa determinada de enfraquecer nosso sistema regional de direitos humanos. Os governos verdadeiramente comprometidos com os direitos humanos e a democracia precisam defender a Comissão essa semana e acabar com essa campanha danosa.

Vale-TV - FERNANDA TORRES

FOLHA DE SP - 22/03

O público não está trocando de canal, mas de mídia. Foi-se o tempo dos 100% de ibope


QUANDO EU era pequena, sabia pela voz do Cid Moreira se era hora da janta, pela do Chico Anysio se era hora de dormir, e pelo riso do Dick Vigarista se era hora de ir para a escola. A TV, como os primeiros relógios públicos da idade média, regulava a vida dos brasileiros.

Esse fenômeno não existe mais na geração dos meus filhos. O cotidiano deles é pautado por desenhos animados e filmes, pelos realities e programas de curiosidade científica. Todos veiculados na TV paga.

Mas a TV por assinatura dá traço de audiência no Brasil. Como explicar? Pode ser que minha família faça parte de uma elite sem nenhum significado para a economia, mas sempre que olho o meu guri entretido com o computador e a TV, me pergunto se esse zero está correto.

Os "gatonets" conectam os bairros populares há tempos e nunca foram contabilizados. Para combater as redes clandestinas, comandadas por milícias organizadas, foram oferecidos contratos a um custo de R$ 30 às comunidades pacificadas do Rio de Janeiro.

Que mudança trará a legalização e subsequente inclusão da TV paga nas pesquisas?

O público não está trocando de canal, mas de mídia. Foi-se o tempo dos 100% de ibope. O número de aparelhos ligados segue uma tendência de queda, enquanto os milhares de sites de relacionamento e vídeo games on-line se multiplicam. Em um quadro tão pulverizado, o pequeno resultado tem relevância.

Antes, as empresas de telecomunicações controlavam o conteúdo e a emissão de sinal. Hoje, a telefonia detém a transmissão, enquanto as antigas emissoras se consolidam como produtoras de programação.

A TV por demanda aponta um futuro em que o espectador monta a sua própria grade. Algo já praticado na internet, onde os comerciais são destinado a um público alvo e os navegadores trocam indicações entre si. Porta dos Fundos é um fenômeno de views.

Perde-se por um lado, ganha-se por outro. Uma empresa que produz novelas, séries, programas de esporte e notícia não contará apenas com as 24 horas do dia, os sete dias da semana, ela possuirá um catálogo disponibilizado em incontáveis janelas simultâneas.

A concorrência com os importados será ainda mais dura. As dezenas de seriados americanos entram aqui pagos e com um nível de qualidade que ainda não possuímos. A TV americana está na vanguarda da cultura de massa. É experimental e popular, arriscada e bem-sucedida.

Se a ampliação do mercado não servir para fortalecer o que se faz no Brasil, serviremos apenas de pasto, não criaremos nada capaz de dialogar com o que é feito no resto do planeta.

Na contramão da ameaça estrangeira, raras multinacionais coproduzem séries brasileiras. É um modelo. Mas a maioria dos programas nacionais exibidos na TV fechada é de entrevistas, realities e alguma ficção de baixo custo. Ela ainda é um celeiro de ideias subutilizado no Brasil.

A ministra Marta Suplicy voltou atrás na decisão de incluir a TV por assinatura na lista de beneficiados do Vale-Cultura. A classe artística respirou aliviada, era uma competição desleal. Mas a proposta, não sei se consciente, ou inconscientemente, fez circular a ideia do Vale-TV e mostrou que o MinC deseja influir no setor.

Caso o faça, é preciso cuidado para que não só as duas extremidades da transação, o povo e as "über" "teles", saiam ganhando, mas também a faixa intermediária, que inclui os grandes e pequenos produtores de TV.

O modelo de atender à base e ao topo da pirâmide social, jogando o miolo para escanteio, faz parte da nova ordem econômica mundial.

Remando contra a maré, François Hollande conseguiu que o Google ressarcisse os periódicos franceses pela exibição de links de notícia nos resultados de busca. Foi firmado um acordo para aumentar a receita de publicidade on-line e criou-se um fundo de € 60 milhões (cerca de R$ 156 milhões) para fortalecer as mídias digitais.

É preciso preservar o mundo material. É ser Hollande, ou assistir, agora com a televisão, único setor cultural do país que vingou como negócio, a tragédia vivida pela música. Nela, ganharam as empresas de tecnologia e o internauta, enquanto a indústria fonográfica amargou perdas irreparáveis.

Débito e crédito - SONIA RACY

O ESTADÃO - 22/03

Três pontos de projeto de lei do Senado, que pretende reformar o Código de Defesa do Consumidor, estão causando frisson entre advogados.

Além do prazo para arrependimento do consumidor, que terá sete dias para desistir da contratação de empréstimo, chamam a atenção o período de 10 anos para questionar, na Justiça, a validade das cobranças e também artigo que prevê comprometimento de, no máximo, 30% da remuneração com o pagamento de dívidas.

“Ao auxiliar os consumidores superendividados de boa-fé, causa preocupação a insegurança jurídica que afeta diretamente o mercado de crédito no País”, afirma Jairo Saddi, diretor do Instituto dos Advogados de São Paulo.

Perguntar, ofende?
No encontro que deve ter com o presidente da China, Xi Jinping– semana que vem, em Durban, África do Sul – Dilma certamente tocará no tema da desistência da empresa Wuhan em investir US$ 3 bilhões no Porto do Açu.

Projeto de Eike Batista.

Tudo azul
Andrea Matarazzo acredita que a nova fórmula de inspeção veicular coloca São Paulo na vanguarda do atraso. “Na prática, mantiveram a taxa e acabaram com o processo”, diz o vereador.

Non grata
E Bar Refaeli está enfrentando maus bocados. O exército de Israel criticou a escolha da modelo para uma campanha do governo. Motivo? A moça “deu um jeitinho” para escapar do serviço militar obrigatório, casando-se com um amigo da família só para ser dispensada.

Refaeli não pareceu se abalar. Em seu Instagram, escreveu que tem mais leitores do que qualquer jornal israelense.

Telão
Já que não é sede da Copa das Confederações, São Paulo decidiu fazer exibições públicas dos jogos do Brasil.

E dois locais já estão definidos: o Vale do Anhangabaú e o Sambódromo do Anhembi.

À caça de informações
Marta Suplicy visitou, segunda, a área de restauração do MoMA, em Nova York.

Quer trazer para o Brasil o que há de mais moderno na área – o País sediará a Conferência Mundial de Museus.

Quem vem
Badr Al Saud, príncipe da Arábia Saudita, chega ao Brasil hoje. O neto do rei – que tem 22 anos e faz universidade nos EUA – passará por várias cidades, dentro de um programa de estudos.

Em SP, visitará a Residência Artística, mantida pela FAAP.

Luvas suadas
A Companhia Editora Nacional bateu o martelo. Comprou os direitos da biografia de Bruce Buffer, locutor oficial do UFC.

It’s Time – Minha Visão 360º Graus do UFC reunirá histórias das lutas – com capítulos dedicados a Anderson Silva, Minotouro e Victor Belfort.

Tête-à-tête
André Heller-Lopes se reuniu, esta semana, com Roger Waters, ex-líder do Pink Floyd, na cobertura do músico, em NY. Para acertar detalhes de sua versão da ópera Ça Ira. “Ele amou os figurinos da Rosa Magalhães e os cenários do Renato Theobaldo”, disse o diretor à coluna.

Estreia? Em maio, no Teatro Municipal de São Paulo.

No escuro
O projeto paulistano Vá de Bike se junta à WWF em pedalada noturna pelo meio ambiente, durante a Hora do Planeta. A concentração é amanhã, no Vale do Anhangabaú.

Na frente
Ricardo e Patrícia Villela Marino pilotam jantar de lançamento do AfroReggae, que vai abrir escritório em São Paulo. Dia 4.

Angola importará modelo de habitação popular do governo de SP. O acordo será assinado hoje, no Bandeirantes.

Celso Kamura manda um recado a Haddad: já está na hora de o prefeito de SP aparar as madeixas.

Nicolas Berggruen e Nathan Gardels lançam Governança Inteligente Para o Século XXI. Com presença de FHC e Luiz Felipe Lampreia, que farão debate sobre o livro. Segunda, no Edifício Ruth Cardoso.

Hoje é o Dia Mundial da Água, e os prédios da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, serão iluminados de azul. Mas voltarão ao normal amanhã, dia de mais uma edição da Hora do Planeta – para incentivar o uso consciente de energia elétrica.

ENDEREÇO CERTO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 22/03

O site Avaaz, que organiza abaixo-assinado contra a permanência do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, contabilizou ontem 20 mil e-mails enviados por meio de sua página a deputados em Brasília.

PINGO
O Avaaz pediu a seus assinantes -cerca de 3 milhões no Brasil- que concentrassem as mensagens nos gabinetes de deputados do PSC. A ação pretende mostrar aos correligionários de Feliciano que a polêmica pode desgastar a legenda, prejudicando seus anseios eleitorais.

BALANÇA
O abaixo-assinado contra Feliciano já tinha 450 mil assinaturas na manhã de ontem. Já o pastor lançou manifesto em seu próprio site para colher apoios. Na mesma data, ele contava com 261 mil adesões.

SONS E LETRAS
O jornalista espanhol Ignacio Ramonet, do jornal "Le Monde Diplomatique", lança em julho um livro com mais de cem horas de entrevista com Hugo Chávez.

O modelo é o mesmo do livro "Biografia a Duas Vozes", que ele fez com Fidel Castro, com quem também conversou por muitas horas.

MEMÓRIA
E grupos simpatizantes de Chávez estão organizando manifestações em frente a representações diplomáticas norte-americanas -inclusive no Brasil.

Os protestos devem ocorrer no próximo dia 11, data do golpe frustrado contra o então presidente venezuelano, em 2002.

CHEGUEI
Sarah Jessica Parker, de "Sex and The City", marcou data para desembarque no Brasil: a próxima segunda, 25. Vem para a campanha de uma fábrica de sapatos do Nordeste. Ela conseguiu agilizar o visto com a ajuda de Jânio Quadros Neto, neto do ex-presidente, que dá assessoria a personalidades internacionais que visitam o país. Ele não comenta.

DIPLOMA
Handra Meira Amorim, namorada de Joaquim Barbosa, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), foi citada indiretamente por associações de juízes que reagiram à denúncia do magistrado, de que há no Brasil um "conluio" entre juízes e advogados. Ele não poderia fazer a crítica porque ela também advoga. Na verdade, Handra é bacharel em direito, mas não exerce a profissão. Está estudando para prestar concurso público.

CIÊNCIA ANDANTE
Com o prédio fechado para reforma desde a semana passada, a Estação Ciência, da USP, busca lugares públicos para fazer exposições itinerantes nos próximos dois anos. A primeira delas já está fechada: a mostra sobre água será exibida em 26 penitenciárias do Estado até o fim do ano.

RESPEITÁVEL PÚBLICO
A peça "Deus da Carnificina ", de Yasmina Reza, com Paulo Betti, Deborah Evelyn, Julia Lemmertz e Orã Figueiredo, reestreia em São Paulo no dia 11 de abril, no teatro Sérgio Cardoso.

A temporada popular faz parte do projeto cultural Vivo EnCena.

RANKING
Uma lista com as melhores instituições do Executivo, Legislativo e Judiciário para se trabalhar no país está sendo preparada pelo "Guia Você S/A" e pela FIA (Fundação Instituto de Administração). Os resultados, que levam em conta itens como ambiente de trabalho e gestão de pessoas, vão abranger ainda órgãos da administração indireta como fundações e autarquias. Serão publicados em agosto.

NOS PALCOS DA VIDA
Milton Nascimento foi à pré-estreia para convidados de "Nada Será como Antes", musical com canções dele, anteontem, no teatro Geo. O ator Claudio Lins está no elenco do espetáculo, dirigido por Charles Möeller e Claudio Botelho. O estilista Ronaldo Fraga, a cantora Luciana Mello e as atrizes Rachel Ripani, Bruna Lombardi e Amanda Acosta compareceram.

BEIJINHO, BEIJINHO
O ator Caio Castro conferiu o terceiro dia da São Paulo Fashion Week, anteontem. A top Carol Trentini, grávida de cinco meses, desfilou para a grife de moda praia Água de Coco. A ex-modelo e apresentadora Gianne Albertoni passeou pela Bienal.

MENINOS, EU VI
Maria da Penha Maia Fernandes, farmacêutica que dá nome à lei contra a violência doméstica e familiar no Brasil, gravou vinheta em apoio ao documentário "Half the Sky", que o canal Discovery Home & Health exibe no domingo e no próximo dia 31, às 22h. Apresentado por George Clooney, o filme reúne celebridades de Hollywood, como Diane Lane e Meg Ryan, em expedições que mostram a realidade de vítimas de tráfico humano, violência sexual e outras formas de abusos.

CURTO-CIRCUITO
A renda da sessão de amanhã do musical "O Rei Leão" será destinada à Associação Cedro do Líbano, à ONG Ação Comunitária e à Fundação Rubem Cunha.

Sergio Marone participa hoje e amanhã da peça "Escravas do Amor", no Sesc Santo Amaro. 12 anos.

A festa I Feel Love estreia às 23h, na Liberdade. 18.

Paula Corrêa lança "Tudo o Que Mãe Diz É Sagrado" na Livraria Cultura, na av. Paulista, às 19h.

Acontece hoje na Hotec o 2° Encontro Nacional entre os Coordenadores dos Cursos de Gastronomia.

Barbosa não é mais aquele! - TUTTY VASQUES

O ESTADÃO - 22/03

Toda vez que sai uma notícia tipo ‘Barbosa aponta conluio entre advogados e juízes’ ou ‘Barbosa nega pedido de desbloqueio de bens de Duda Mendonça’ – para citar dois títulos da semana –, o presidente do STF presta um serviço inestimável ao resgate moral de um sobrenome injustiçado desde 1950.
O ‘Barbosa’ que o Brasil começa a identificar como timbre do ministro Joaquim Barbosa foi nos últimos 63 anos marca registrada da culpa pela derrota na final da Copa de 1950.
Até outro dia, quando se dizia ‘Barbosa’, a primeira pessoa que vinha à cabeça do brasileiro era o goleiro que a torcida elegeu protagonista do chamado “Maracanaço” – ainda que, com o passar do tempo, a crônica esportiva o tenha inocentado de falha naquele maldito gol do Gigghia.
O brasileiro poderia ligar o sobrenome à pessoa do ‘Águia de Haia’ Ruy, do ‘Rei da Lambada’ Beto, da popozuda Gracyanne ou mesmo do famoso personagem humorístico de Ney Latorraca no ‘TV Pirata’, mas Barbosa por aqui sempre foi assinatura do sujeito que não evitou o maior revés da história do País.
Joaquim Barbosa tem agora a chance de acabar com este estigma. É muita responsabilidade, né não?

Nem aí
Paulo Maluf está tranquilo: “O primeiro que encontrar conta bancária minha no Chipre pode ficar com o dinheiro

Castanho ou acaju?
Neymar deixou ontem uma dúvida na cabeça dos europeus: que cor de cabelo é aquela que ele levou a campo contra a Itália, na Suíça?

Páreo duro
Chega a ser comovente o esforço do deputado Jair Bolsonaro para se mostrar mais preconceituoso e homofóbico que o colega Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Seu eleitorado deve estar orgulhoso!

Baú da felicidade
Com todo respeito à esposa do Renan Calheiros, Maria Verônica é uma espécie de galinha dos ovos de ouro da família. Não é qualquer mulher que lucra 72% quatro meses depois de injetar R$ 290 mil numa empresa relâmpago do marido! Não à toa, o senador largou aquela outra bonitona da TV.

Filosofia de vida
Entreouvido no Palácio do Planalto sobre a volta ao Ministério do Trabalho de quadros do PDT anteriormente “faxinados” da pasta pela presidente Dilma: “Lavou, tá novo!”

Papel de louca
Justiça seja feita às autoridades de segurança pública da Bahia, as da Paraíba não ficam nada a desejar em matéria de dicas absurdas contra a bandidagem. Para a mulher que se sentir ameaçada nas ruas, o site da polícia recomenda: “Faça cara de brava, franza as sobrancelhas e fale alto consigo mesma”. Pode?

Má notícia enguiçada
As tragédias de verão na região serrana do Rio talvez sejam a face mais perturbadora do rosário de notícias enguiçadas no Brasil!


ENEM! Eu Não Escrevi Miojo! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 22/03

E como diz uma amiga minha: "Pra que estudar, se em três minutos dá pra fazer um Miojo?"!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Enem quer dizer Eu Não Escrevi Miojo!

Continua bombando a receita de Miojo na redação do Enem! O aluno que escreveu a receita de Miojo na prova do Enem não tirou nota máxima porque se esqueceu de misturar o tempero.

E como diz uma amiga minha: "Pra que estudar, se em três minutos dá pra fazer um Miojo?"! E, se o cara tivesse escrito receita de feijoada, tirava mil!

E MEC quer dizer Melhor Estudar Culinária! E lembra que o inventor do Miojo teve morte instantânea? É verdade! Teve um ataque fulminante! Fulminante é o MECadante. Que enquanto aluno do Enem dá receita de Miojo, ele se regala com macarronada em Roma. E com aquele bigode estilo rodapé de periquita! Rarará!

E as últimas do papa! Adorei a charge do Duke com o papa falando pra Dilma: "Que o Criador a acompanhe". "Pode deixar, o Lula tá sempre ao meu lado."

E a charge do Marco Aurélio sobre a popularidade da Dilma: "Quem é aquele senhor de crucifixo ao lado da Dilma?".

É assim mesmo. Quando saiu a foto do Lula com a rainha Elizabeth em todos os jornais, um cara na banca perguntou: "Quem é essa velhinha ao lado do Lula?". Rarará!

E um amigo meu está há tanto tempo sem transar que tá tendo uma série de sonhos eróticos. Com a mulher! Rarará!

E uma amiga estava declarando o Imposto de Renda e preencheu assim o quesito sexo: "Uma vez só em Porto Seguro!". Essa vai ter restituição!

E um amigo estava declarando o Imposto de Renda quando preencheu assim o quesito sexo: "ENORME!". Xi, vai cair na malha grossa! É mole? É mole, mas sobe!

E o site Kibeloco lança as manchetes para 2030! Como será o mundo em 2030? 1) "Nem Paulo nem João. Novo papa sai do armário e adota nome Yvone Rabecão."

2) "Bolívia pede ajuda para combater PCC fundado por corintianos presos há 17 anos."

3) "Conmebol pune Botafogo e jogos do time terão de ter arquibancadas lotadas."

4) "Aos 38 anos, Neymar descobre o prazer do futebol em pé: 'É outro jogo'." Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Quem acredita em estrelas? - NELSON MOTTA

O GLOBO - 22/03

A perigo de dançar na troca de cadeiras de Dilma, o ministro do Turismo, Gastão Vieira, publicou artigo nos jornais anunciando seu grande projeto: recadastrar todos os hotéis do Brasil e classificá-los com estrelas. A justificativa é que o turista paga um hotel de tantas estrelas, mas chega aqui e se decepciona. Bem, isso era no século passado, hoje ninguém faz uma reserva sem antes ver fotos e vídeos nos sites dos hotéis, ler as criticas dos hóspedes e avaliar preços, serviços e quartos. Ninguém liga mais para estrelas, ministro.

Propaganda enganosa, ciladas e otários sempre vão existir, mas para isso existe o Procon. Para o ministro, a atual classificação por estrelas dos hotéis "provocou constrangimentos durante dez anos e perda de confiança na hotelaria brasileira". As estrelas, não os péssimos serviços e preços abusivos.

Então, com dez anos de atraso, anunciou o SBClass - Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem, o bolsa-estrela. Para quê? Basta os hotéis manterem seus sites atualizados - o que todos já fazem, como marketing: hoje são os consumidores que dão as estrelas.

O projeto estelar oficial fez viagens e oficinas, pesquisas em 24 países, seis cursos de capacitação e 26 avaliações-piloto, contratou 300 especialistas. Mas o ministro estranha que só 30 dos 6.260 hotéis brasileiros tenham se interessado no SBClass. Por que será ?

Imaginem quanto vai nos custar esse plano genial, tão atrasado quanto inútil? E, como sempre no Brasil, alguns vão querer uma estrela a mais na camaradagem, ou coisa pior, para enganar os otários.

Falando em estrelas, o Movimento Cinco Estrelas, do comediante Beppe Grillo, que conquistou 25% dos votos na Itália e elegeu 166 parlamentares, divulgou suas contas de campanha: arrecadou 570 mil euros (1,5 milhão de reais) com cerca de 15 mil doações individuais e média de 40 euros per capita. Quase tudo foi gasto na montagem de palcos, som e luz dos comícios, as sobras da campanha vão ser doadas às vitimas do terremoto na Emilia. Quem precisa de empresas ou financiamento publico quando tem novas propostas e a internet?

Quem computa o 'custo mensalão'? - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 22/03

Pela 'governabilidade', alianças de Lula não foram só com políticos de escassa reputação


O MUNDO anda tão espeloteado que até a Argentina, país governado não por uma presidente, mas por um free shop (bolsa Vuitton, capa Burberry, óculos Dior, perfume Givenchy, esmalte Chanel e assim por diante, não? Ou seja, ela é o "duty-free" ambulante do aeroporto de Ezeiza, né não?)

Pois então, até a Argentina de Cristina Free Shop Kirchner agora deu para mudar radicalmente seu estilo. Perceba. De sua linha de montagem, de uns tempos para cá, não saem mais canastrões de ego inflado, pavões que se veem como deuses viventes ou milongueiros que esqueceram de trazer o superego de volta daquela viagem de férias à Patagônia.

O país de Maradona tornou-se o paraíso dos modestos, de gente como Del Potro, o tenista "na dele" que já faturou um US Open, de Lionel Messi, gente como a gente, da rainha holandesa sem frescuras, Máxima, e da surpresa mais recente, o papa "zero bullshit" Francisco. E não me venha com reticências. O Prêmio Nobel da Paz argentino, Pérez Esquivel, diz que Bergoglio é limpeza e pronto.

Até eu, em minha pueril intransigência contra a doutrina de uma igreja que se coloca contra mim, com a manjada ladainha de que nós, homossexuais, representamos uma "ameaça à família" (a única família que eu me recordo de ter ameaçado foi a de um bando de capivaras, no Mato Grosso do Sul, mas isso eu conto de outra feita. E juro que não havia entre elas nenhum coroinha), sou capaz de reconhecer neste novo papa um camarada preocupado com o meio ambiente, com a humildade de se ver irmão de judeus, muçulmanos e zoroastristas e de admitir para a enorme comunidade gay do mundo, justamente aquela que pode prevenir a explosão populacional que promete arruinar o planeta, a compatibilidade entre o amor de Cristo e a falibilidade de suflê de goiaba da condição humana.

Pois se a Argentina surpreende com seus novos exemplos de recato e humildade (olvidemos madama free shop), o Brasil não comove exatamente pela coerência.

Pesquisas comprovam que a popularidade da presidente aumentou. Mas a economia anda rateando e as previsões não são das melhores num futuro de médio prazo.

Fala-se muito nas alianças feitas com cobras, lagartos e larvas do mosquito da dengue no Congresso que Lula teve de forjar para tocar o barco adiante depois da tragédia do mensalão. Na verdade, o petista virou refém de uma situação como Clinton no caso Monica Lewinsky, que por força da situação foi parar na bandeja do procurador Ken Starr e acabou servido em banquete pelos republicanos.

Lula não fez alianças só com políticos de todas as laias para viabilizar a governabilidade. Por ser "outsider" do establishment, viu-se obrigado a ceder nacos de poder também aos empresários. Nem vamos começar a falar da pilhagem ao BNDES, não é mesmo?

Pobre Graça Foster, profissional séria, herdou um abacaxi e tanto. A presidente da Petrobras agora luta contra o prejuízo de ter cedido tantos contratos de grandes obras e cargos estratégicos dentro da empresa entre eikes e as mesmas construtoras de sempre, que a tudo canibalizam sem deixar migalhas, como se este país continental fosse o quintal da casa delas.

Mérito de Dilma tê-la colocado lá e de ser ela que resolveu peitar a turma de valentões.

Gasolina vendida a preços mais baratos do que custa para produzir e essa palhaçada de proposta da EBX de Eike Batista que insiste em construir shopping (apoiado pelo Iphan!) na Marina da Glória são só amostras. Não está na hora de dar um basta, tipo pastor Feliciano?


Devemos apoiar e sustentar a CIDH - WILLIAN BURNS

O GLOBO - 22/03

Quando o marido de Maria da Penha atirou em suas costas, deixando-a paraplégica, foi o auge de anos de violência doméstica. Em sua batalha por justiça, ela teve ao seu lado a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão independente fundado em 1959 para proteger os direitos de todos os indivíduos das Américas. Após a comissão avaliar seu caso, o governo brasileiro adotou medidas decisivas: o ex-marido de Maria da Penha foi preso e, em 2006, o país adotou uma legislação que se tornou um marco nos casos de violência contra a mulher.

Durante o último ano, uma minoria de governos tem tentado minar a autonomia e a integridade da instituição, ameaçando os direitos humanos e a dignidade. Em alguns países, líderes populistas impacientes ou frustrados com os processos democráticos passaram a aumentar o controle sobre a mídia, os tribunais e o Legislativo - considerando a CIDH um obstáculo a suas ambições. Em outros casos, governos têm permitido que divergências contra decisões específicas da comissão atrapalhem sua avaliação sobre seu papel no hemisfério. Os EUA entendem que muitos países da região temam um intervencionismo injustificado. Porém, não existe justificativa para solapar uma instituição que tem defendido a causa dos direitos humanos.

Durante a Guerra Fria, a comissão enfrentou líderes militares, documentou desaparecimentos e catalogou o custo humano de guerras civis brutais. Em anos recentes, combateu ameaças contra a liberdade de expressão e se esforçou para lidar com a violência contra as mulheres, direitos indígenas e a discriminação com base na orientação sexual.

Certamente, um órgão de fiscalização forte e independente pode gerar desconforto para governos, inclusive o nosso. Porém, democracias devem promover as melhores práticas em direitos humanos. É por isso que os EUA estão comprometidos em financiar de forma sustentada a CIDH e instam seus parceiros a fazerem o mesmo. Respondemos à comissão quando ela nos questiona sobre assuntos como pena de morte, direitos humanos de migrantes, crianças encarceradas e a situação dos detentos na penitenciária da Baía de Guantánamo. Em todos esses casos, os EUA têm interagido de forma construtiva com a CIDH e a sociedade.

Não resta dúvida de que podemos tornar o sistema interamericano de direitos humanos mais eficaz - mas a reforma não pode reduzir a autonomia, a independência e a integridade da CIDH. Quando as nações das Américas se reunirem na OEA, em Washington, decidirão se seus cidadãos continuarão a ter a seu lado um defensor incontestável e imparcial dos direitos humanos como aconteceu com Maria da Penha. A posição dos EUA nesta questão é clara: devemos nos unir para apoiar e dar o total suporte financeiro a esta CIDH que tanto tem feito pela democracia e pelos direitos humanos.

O ovo da discórdia - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 22/03

SÃO PAULO - O aborto é moralmente justificável? Esqueça essa pergunta. Não chegaremos tão cedo a um consenso. Proponho então analisar a questão sob outro ângulo: mulheres que abortam voluntariamente merecem ir para a cadeia?

Se você respondeu afirmativamente, prepare-se para as consequências. Estima-se que ocorra no Brasil 1 milhão de abortos induzidos por ano (utilizo aqui o número calculado por Mario Francisco Giani Monteiro e Leila Adesse para 2005, o mais recente estudo que encontrei). Para encarcerar toda essa mulherada, como exige a lei, o país precisaria construir, a cada dia, a bagatela de 5,5 presídios femininos (unidades de 500 vagas).

A conta é conservadora porque não considera os médicos, enfermeiras e comadres que mereceriam ser presos na qualidade de cúmplices. Seria também necessário edificar um bom número de orfanatos, para abrigar as crianças que ficariam desassistidas, enquanto suas mães cumprem pena. Também teríamos de criar brigadas médico-policiais especializadas em identificar e processar as criminosas e quem as tenha ajudado.

Imagino que, exceto por empreiteiros de olho nos lucrativos contratos, ninguém deseja uma realidade dessas para o Brasil. E manter uma lei que manda pôr na cadeia pessoas que não queremos ver numa penitenciária é uma boa definição de hipocrisia. Fez muito bem, portanto, o Conselho Federal de Medicina ao dar apoio à proposta de liberalizar a legislação. Médicos, mais do que qualquer outra categoria, devem abster-se de fazer juízos morais sobre o comportamento de seus pacientes.

Independentemente do que se pense sobre o aborto, isso não é matéria para o direito penal. Na verdade, espanta-me a pouca fé dos religiosos que defendem leis duras. Se Deus existe, é onisciente e acha mesmo que interromper a gravidez é um pecado horrível, saberá punir na outra vida quem o cometeu, dispensando-nos de fazê-lo aqui na Terra.

Quem semeia... - PATRICIA BLANCO

O GLOBO - 22/03

Quanto mais ampla a liberdade de expressão, maior o desenvolvimento de uma nação. A tese foi tema de debate na quarta-feira (20/3), em iniciativa conjunta do Instituto Palavra Aberta e da Columbia Global Centers — América Latina. Se visto na perspectiva do presente, o tema se reveste de plena atualidade, mas, numa visão retrospectiva, a ideia ganha contornos de autêntica revolução pela novidade que, no Brasil, passa a representar.

Não faz muito tempo, nos anos 80 para ser preciso, parecia inescapável a conexão entre o dirigismo governamental, leia-se ausência de liberdade de expressão, e o desenvolvimento econômico. Essa costumava ser a imagem associada ao chamado milagre dos tigres asiáticos — Cingapura, Coreia do Sul, Taiwan e Hong Kong —, onde a capacidade aparentemente telescópica do Estado de planejar no longo prazo parecia estar acima do choque de opiniões naturais nas democracias. Foi um modelo que seduziu os países da Ásia entre 1984 e 1997 e, também, vicejou nas autocracias latino-americanas, tanto no chamado “milagre brasileiro”, no fugaz período de 1968 a 1973, como na abertura democrática que com maior ou menor intensidade se projeta no continente ainda nos dias atuais.

O cenário, porém, mudou desde o início dos anos 2000. Foi quando começou a ficar claro que o desenvolvimento humano, e não apenas o econômico, torna o acerto nas decisões mais dependente da livre participação da sociedade do que do virtuosismo do Estado.

No Brasil, duas características tornaram a liberdade de expressão pilar essencial ao desenvolvimento. O primeiro foi o retorno à democracia, com eleições para escolha de governantes em todos os níveis. O segundo se materializou na globalização, ao reforçar a tendência de reeditar no campo político a liberdade consagrada no terreno econômico, onde não mais tem lugar a proteção de industriais para favorecer o crescimento artificial. Sem a conjugação desses dois aspectos, não há possibilidade de êxito, por mais bem intencionados que sejam os planos de combate à miséria anunciados.

Os elementos essenciais dessa conciliação — liberdade de expressão e desenvolvimento — são hoje a liberdade de imprensa, que ampliou os espaços para o questionamento do dirigismo estatal e do modelo de desenvolvimento, e a liberdade de associação, que ampliou os horizontes da sociedade. Sintomático é o conceito de desenvolvimento que deixa de lado o aspecto puramente numérico e passa a incorporar índices de educação e de progresso da cidadania.

Nesse mesmo espírito de valorização da liberdade, passa-se a conceber o desenvolvimento como resultado, também, da incorporação de grandes massas à política e ao consumo. Liberdade democrática significa, acima de tudo, um ambiente de oportunidade. Ao lado da segurança jurídica, implica segurança econômica e também acesso a serviços básicos como saúde, educação, controle da poluição, saneamento básico. Simplificando, liberdade é sinônimo de perspectiva social. Em lugar de privilégios para grupos escassos, o desenvolvimento tornou-se sinônimo de oportunidades iguais para todos. Este é o âmago da questão: a nação que semeia as sementes da liberdade colhe os frutos do desenvolvimento.

Caminhos para enfrentar o Frankenstein urbano - WASHINGTON NOVAES

O ESTADÃO - 22/03

Muitos leitores deste jornal devem ter tomado um susto na quinta-feira da semana passada ao lerem a mais do que contundente entrevista do respeitado arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, dono de um currículo admirável, que inclui, entre muitas criações, a participação no projeto de construção de Brasília, a rede de hospitais Sarah e, com Darcy Ribeiro, a criação do conceito dos centros de educação integral, os Cieps, para manter o aluno na escola durante todo o dia, fornecer alimentação, assistência médica e psicológica, esporte e muito mais - além de um sistema de ensino exemplar.

Lelé foi conciso e contundente na entrevista. "Cidades como São Paulo são um grande Frankenstein", disse ele, apontando o "descontrole geral", a arquitetura "correndo atrás da imagem", com os arquitetos "a reboque dessas pressões".

"Todo mundo quer morar onde convém e o mercado se aproveita disso para fazer um adensamento descomprometido com a cidade." Em sua opinião, "não há mais como planejar", até porque "as cidades estão se desintegrando" e "não oferecem soluções". A seu ver, "o arquiteto deveria ser o (médico) clínico da cidade; no entanto, não tem uma visão global e as obras vivem um Frankenstein. A cidade é o maior Frankenstein de todos".

Assustador o diagnóstico. Mas pode piorar se se lembrar que só nos dois primeiros meses do ano mais de 500 mil veículos saíram das fábricas para as ruas (Estado, 7/3) e que o Brasil já é o quarto maior mercado mundial. Que os espaços públicos urbanos, já congestionados ao extremo, só tendem a piorar com o agravamento das inundações - mais frequentes, mais intensas, mais duradouras. Cada enchente causa prejuízo de até R$ 1 milhão e há 749 pontos de alagamento já catalogados, diz estudo do professor Eduardo A. Haddad, da Faculdade de Economia da USP (Agência Fapesp, 15/3). Chuvas com mais de 80 milímetros eram raras; mas só na primeira década deste século foram nove. A Prefeitura promete quatro novos piscinões e enterrar a fiação dos semáforos para que não se apaguem durante os temporais (10/3). Mas como vai fazer, se toda a fiação elétrica em São Paulo chega a 38 mil quilômetros (só há uns 3 mil km enterrados em Higienópolis e imediações) e o custo seria de R$ 100 bilhões? Nova York tem mais de 150 mil km sepultados; a Alemanha, em três anos, passou a parte enterrada de 4,3% para 75%; a Grã-Bretanha, de 1,4% para 81% (Folha de S.Paulo, 24/2).

Não são as únicas soluções urbanas. No pedágio urbano de Londres o motorista tem de pagar mais de R$ 30 por dia para trafegar na área sob controle, e com isso a circulação ali caiu 25% e aumentou a velocidade dos ônibus. A prefeitura vai instalar 1.300 pontos de recarga de veículos elétricos e reduzir em 40% a emissão, por eles, de carbono. Já há muitos pontos de carros compartilhados, onde o usuário paga por hora e divide o custo com quem quiser. Mas quem quer ouvir falar dessas coisas por aqui e se arriscar a perder os votos dos adversários da proposta - como foi o caso da necessária taxa do lixo, depois renegada pelos criadores e revogada pelos sucessores -, embora seja a fórmula que tem dado certo em toda a Europa?

Que diria, então, de soluções mais radicais, como a da cidade de Drachten, na Holanda, que, com seus 50 mil habitantes, instituiu o espaço urbano sem semáforos, placas de sinalização, quebra-molas, meio-fio, lombadas elétricas, etc., segundo Antenor Pinheiro, da ANTT (O Popular, 10/3). Um espaço compartilhado por pessoas, automóveis, ônibus e motos em baixa velocidade, bicicletas. Em absoluta paz e harmonia, sem acidentes desde 2003, quando foi implantado, apenas com discretos sinais que indicam a mão de direção. Uma ideia do engenheiro Hans Moderman, falecido em 2008, mas que pode ser replicada numa parte do espaço urbano, se for o caso, em qualquer cidade.

Na verdade, caminhos há. Basta consultar a legislação vigente para verificar o quanto o poder constituído deixa de cumprir - gerando e agravando dramas nas cidades. Um bom exemplo é o da legislação em vigor para novos empreendimentos, obrigatória para todos os Poderes e empreendedores, que, se executada, evitaria ou teria evitado a maior parte dos problemas. É o caso, por exemplo, das resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Qualquer administrador público, assim como os Tribunais de Contas da União, dos Estados ou dos municípios, deveria começar seu exame dos processos que lhe chegam à mão pela Resolução n.º 1, de 23/1/1986, que contém uma norma que impediria a execução da maioria das propostas. É o inciso I do artigo 5.º, que obriga o estudo do empreendimento a "contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto". E isso vale para projetos urbanísticos com mais de cem hectares, aterros, rodovias, ferrovias, portos e terminais, oleodutos, gasodutos, emissários de esgotos, projetos agropecuários também com mais de cem hectares. Outras resoluções do Conama incluem o controle de ruídos de indústrias ou veículos e o controle da poluição do ar (que está no centro de uma polêmica paulistana).

Tão importante quanto é o artigo 6.ª dessa Resolução 1/86, que torna obrigatórias "as análises dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas (...), discriminando: os impactos positivos e negativos, diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais". Esta última disposição, por exemplo, quantos benefícios poderia trazer a uma cidade, ajudando a evitar impactos cada vez mais danosos para seus habitantes?

O professor Filgueiras Lima tem razão em suas visões. Mas há como começar a enfrentar o Frankenstein se de fato quisermos.

A dramática queda do investimento na indústria - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 22/03

Como se já não fossem suficientemente preocupantes o baixo índice de crescimento econômico, os repiques inflacionários, a elevada carga tributária e o acelerado processo de desindustrialização que vêm afetando o país nos últimos anos, uma pesquisa de intenção de investimento feita pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) revela que a indústria brasileira de transformação investirá, em 2013, 9,5% menos do que em 2012.

De acordo com o estudo levado a cabo pela entidade junto a 1,2 mil empresas, o valor total de investimentos do setor em nossa economia deverá cair de R$ 218 bilhões para R$ 197,3 bilhões. Os números vêm à tona pouco depois de a presidente Dilma Rousseff anunciar 15 pacotes com medidas para incentivar o setor produtivo, com o alarde e pirotecnia peculiares ao governo petista, incluindo a liberação de R$ 33 milhões para financiar projetos nas áreas de inovação, pesquisa e desenvolvimento. Neste caso, a propaganda não funcionou mais uma vez. Segundo a pesquisa da Fiesp, os empresários ainda têm muito receio em investir e apontam, entre os principais motivos para a insegurança, o peso dos tributos, a baixa expansão do Produto Interno Bruto (PIB), perda de mercado para produtos importados e falta de infraestrutura adequada. Essa situação desconfortável é resultante das opções equivocadas feitas desde o governo Lula, que escolheu o populismo barato ao incentivar o consumismo para fazer crescer o mercado interno e deixou o investimento em segundo plano. Para piorar, o aumento desenfreado do consumo gerou uma pressão inflacionária que já começa a afetar o bolso dos brasileiros.

O descalabro do setor industrial do país infelizmente não é uma novidade.Em 2012, a produção física, que já havia ficado estagnada no ano anterior, caiu 2,8%, e a balança comercial registrou o maior déficit de sua história (US$ 50,6 bilhões).Com isso, a indústria hoje representa apenas 13,3% do PIB brasileiro, o menor percentual dos últimos 50 anos. Só o setor de máquinas e equipamentos deve sofrer uma queda no investimento industrial de 16,4%, passando de R$ 160 bilhões para R$ 133,8 bilhões entre o ano passado e o atual.Um Cenário que já é tão preocupante ganha contornos ainda mais dramáticos quando se tem conhecimento de estudos recentes dando conta de que o nível de investimento do Brasil em relação ao PIB é bem inferior ao de outras nações com economias de perfil semelhante, como China, Índia, Colômbia, México, Peru, Rússia e África do Sul. Continuamos no fim da fila, sem perspectivas de mudança enquanto o governo seguir patinando na condução desastrosa de sua política econômica.

O desapontamento com que dez entre dez economistas do país recebem o resultado da pesquisa da Fiesp é curioso e nos remete à reação dessas mesmas pessoas quando foram feitas as primeiras críticas ao modelo econômico adotado por Lula. Na ocasião, embevecidos por níveis de crescimento que já não semostravam sustentáveis à época, muitos desses especialistas acusavam as vozes dissonantes de torcerem contra o país. Hoje, diante de um cenário desolador, talvez percebam que quem trabalhou contra o desenvolvimento brasileiro foi o próprio governo petista.


Madrugando tarde - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 22/03
Define-se um estado democrático de diversas maneiras. Em geral, o sistema mais prático consiste em I comparar o que é estabelecido e prometido no papel com o que existe na realidade.

O objetivo prático é a comparação entre o que está determinado oficialmente e o que se vê - em geral e, infelizmente, sem muita dificuldade - na realidade.

Não temos qualquer hesitação ao sustentar que o Brasil tem um sistema político indiscutivelmente democrático. Nos chamados anos de chumbo, o regime militar, que, deve-se registrar, começou com as mais puras e elogiáveis intenções, deu no que deu.

Quando esse triste período terminou, demos a questão como resolvida - inclusive pelas belas intenções anunciadas pelos próprios chefes militares. Descreve-se hoje o Brasil como uma democracia de bom nível. Não exatamente uma Suécia, mas nada que mereça a vergonhosa definição de "republiqueta"

Melhoramos um bocado, notícias recentes indicam que podemos estar no bom caminho, mas talvez apenas no seu começo.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - de impecável reputação na sua área - acaba de divulgar números tristes, preocupantes. No seu relatório anual, definido como Pesquisa de Informações Básicas Estaduais, referente ao ano passado, revela-se que 13 dos 27 estados (incluindo o Distrito Federal) dedicam pouca ou nenhuma atenção à questão dos direitos humanos.

A lista dos omissos inclui estados pobres, como Piauí e Amapá, onde não existe qualquer plano ou previsão referente ao assunto. Outros, que incluem o Distrito Federal, prepararam projetos a respeito, mas não há previsão de verbas para começar a enfrentar o problema.

O IBGE tem uma visão otimista a respeito: considera que a existência de planos é avanço considerável - e reza para que comecem a ser aplicados de forma eficiente. Sem nenhum desrespeito quanto aos poderes da fé, lembro que é considerável, quase infindável, a lista dos pleitos que chegam ao andar de cima. Além disso, deve-se respeitar a sabedoria popular: Deus ajuda a quem cedo madruga. No caso, estamos começando a nos espreguiçar.

Chipre: o mal está feito - PAULO RABELLO DE CASTRO

BRASIL ECONÔMICO - 22/03

O Chipre é uma ilha bem em frente ao litoral turco, com população inferior a 1 milhão de habitantes e com um PIB, em euros, inferior a 20 bilhões/ano. Portanto, no Brasil, o Chipre seria uma cidade de porte médio ou apenas um bairro importante dentro da cidade de São Paulo, para fazer cotejo rápido de portes econômicos. Mas há algo grande em Chipre: os depósitos bancários, por ser o país uma espécie de paraíso fiscal. Os depósitos nos bancos cipriotas são mais de gente de fora da ilha, especialmente russos e britânicos, que querem escapar da fiscalização rigorosa em outras praças ou de impostos. Nenhum desses aspectos era novo para as autoridades europeias. Usar o momento delicado das finanças da ilha para tentar "endireitar" o mau uso das vantagens tributárias dadas aos depositantes é uma estupidez completa.

Acontece que o Chipre não tem como saldar sua dívida pública, a chamada dívida soberana. Uma "ajuda oficial" de EUR10 bilhões foi imaginada pela Troika (FMI, BCE e Comissão Europeia) para rolar a dívida de muito mais de 100% do PIB da ilha. Mas, para isso, se imaginou obrigar os depositantes, até então isentos de impostos, a "colaborarem" com um tributo especial de 9,9% ou de 6,75%, dependendo do tamanho do depósito. Não passa de um confisco de surpresa. A alternativa seria aumentar impostos, como argumentou a Troika. Mas o Parlamento cipriota decidiu, na terça-feira, rejeitar tanto o confisco como o pacote, com um detalhe interessante: nenhum voto a favor do que fora proposto. Os parlamentares salvaram a ilha do vexame de cair de joelhos perante os credores. Mas o impasse está criado.

O mais surpreendente no episódio é o total despreparo da Troika em lidar com um problema dessa natureza. Se tivessem consultado a história recente do Brasil (com o bloqueio de depósitos da era Collor/Zélia Cardoso) ou da Argentina (com seus confiscos bancários e corralitos), algo teriam aprendido sobre como fazer, ou melhor, não fazer. Para fazer, a autoridade não pode perguntar, mas, sim, criar o caso consumado, como fez Collor via medida provisória e, em seguida, amargar o altíssimo custo político da medida e, no caso brasileiro, o custo econômico de haver cometido monumental equívoco com o bloqueio, que lhe custou o cargo mais tarde. Melhor não fazer, assim decidiram os deputados cipriotas.

Mas o mal já está feito. A Troika mandou o pior recado possível a todos os depositantes da zona do euro, o de que seus depósitos estariam sujeitos, em situações-limite, a uma perda inesperada. O pior é a inutilidade da medida em si. Façamos conta rápida: com PIB de EUR 18 bilhões/ano e caindo, o Chipre não tem como saldar seus compromissos futuros, com ou sem confisco, que daria uma injeção de EUR 7 bilhões, uma só vez, aos cofres públicos. A Troika escolheu o pior dos mundos: nada resolveu quanto à inevitável renegociação geral das dívidas cipriotas e ainda lançou o vírus da desconfiança sobre 100% dos demais depositantes no restante da atribulada zona do euro.

Depois da porta arrombada - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 22/03

O TCU deu aval ao projeto que simplifica a liberação de recursos para obras de reconstrução em áreas de calamidades. Após a Páscoa, o vice-governador Luiz Fernando Pezão (RJ) e o ministro Fernando Bezerra (Integração) vão pedir ao Congresso que dê urgência às mudanças. O prazo de emergência será móvel, de acordo com a necessidade. Hoje, são seis meses. Pezão diz: “Depois de apanhar tanto, é hora de mudar”.

Ibope: a aprovação de Dilma
O presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, explica por que a avaliação negativa nas áreas da Saúde e da Segurança Pública não abalou o prestígio da presidente Dilma. Relata que, para a população, a gestão da Saúde é compartilhada por União, estados e municípios, e que “o desgaste fica mitigado”. Sobre Segurança, esclarece: “As pessoas identificam segurança com os estados”. Quanto aos juros, diz: “O povão não nota quanto um bem vai custar em 24 prestações. Ele só quer saber se vai poder pagar cada parcela.” E acrescenta: “Cinquenta por cento da população brasileira não têm conta em bancos.”

“(Chávez) governou sempre tendo em vista a emancipação econômica da Venezuela e a melhoria da qualidade de vida de sua gente” Roberto Amaral Vice-presidente nacional do PSB, em artigo em seu site, que tem como lema “pensar Brasil”

Medo!!!
A ministra Ideli Salvatti, num jantar com deputados mineiros na quarta-feira, foi embora à meia-noite. Pediram que ela ficasse mais. Contam que a ministra respondeu: “Senhores, amanhã chega a minha chefe brava e ungida pelo Papa.”

Ele tem a força?
Primeiro ato: o empresário Jorge Gerdau, conselheiro do governo Dilma, criticou o excesso de ministérios. Segundo ato: nenhum partido quer assumir a Secretaria de Assuntos Estratégicos. Terceiro ato: a presidente Dilma pode extinguir a SAE. Quarto ato: o Ipea voltaria para o Planejamento e o Conselhão ficaria com a ministra Ideli Salvatti.

O PTB continua fora
A presidente Dilma receberá o PTB, mas o partido não terá ministério. O partido apoia o governo, mas fez aliança com José Serra (PSB) em 2010 e agora está namorando com a candidatura Eduardo Campos (PSB) para o pleito de 2014.

Força-tarefa tucana
O candidato do PSDB ao Planalto, senador Aécio Neves (MG), está orientando os tucanos a procurar o governador Eduardo Campos (PSB-PE) para pedir que ele não desista de disputar a sucessão presidencial. Os tucanos avaliam que Campos tem que disputar para levar o pleito para o segundo turno.

Novo capítulo da novela O PR voltará a ser recebido por Dilma. Mas os auxiliares da presidente dizem que não haverá mudança do ministro dos Transportes. No Planalto existe uma avaliação de que é ruim devolver ao PR depois de um processo de faxina.

Cláusula pétrea
Sobre a emenda constitucional relativa à divisão dos royalties do petróleo, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) ironiza: “O inciso 36 do artigo 5º diz: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.”

O MINISTÉRIO DA JUSTIÇA vai liberar R$ 2 milhões para o Arquivo Nacional recuperar o acervo histórico danificado pelas chuvas deste mês no Rio.

Turma do barulho - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 22/03

Apesar de rechaçar o papel de candidato à Presidência de oposição ao PT, Eduardo Campos tem articulado com alguns dos mais combativos adversários do partido de Dilma Rousseff e Lula. O encontro secreto com José Serra em São Paulo, na semana passada, foi costurado por Jorge Bornhausen. Dias antes, o governador de Pernambuco já havia se reunido com Roberto Jefferson (PTB), delator do mensalão. Na conversa, Campos disse que definirá sua candidatura em setembro.

Fica assim De Jefferson, Campos ouviu que o PTB está aberto para conversar sobre 2014 e que o senador Armando Monteiro (PE) é o principal "advogado'' de sua candidatura dentro da sigla.

Origem Diante da reação petista à conversa com Serra, aliados de Campos lembram que o avô do pessebista, Miguel Arraes, então prefeito do Recife, ajudou a eleição do tucano para a presidência da UNE, nos anos 60.

Servida? O pernambucano vai reduzir o ritmo de sua costura política. Na segunda-feira, receberá Dilma para um almoço em sua casa, no intervalo da agenda que cumprirão juntos no Estado.

Vale a pena... Tucanos preveem que a tensão no PSDB persistirá até maio, quando Aécio Neves deve assumir o comando da sigla. Embora seja consensual a necessidade de ceder espaço na direção a Serra, a decisão do ex-governador sobre seu futuro político só se dará no prazo limite.

... ver de novo "A tradição é essa, mas, ao contrário de 2006 e 2010, só há um candidato. Aécio precisa virar a página", opina um grão-tucano.

Mãos à obra Candidato à reeleição, Geraldo Alckmin decidiu conferir pessoalmente o andamento das obras viárias que prometeu na campanha. De capacete, subiu em máquinas escavadeiras no início da construção do Rodoanel Norte. Ontem, lançou viga de ponte na Tamoios.

DNA O QG de Fernando Haddad anotou: o único vereador da base do prefeito que não votou o projeto da inspeção veicular foi Jair Tatto (PT). Ele é irmão de Arselino, líder do governo, e Jilmar, secretário de Transportes.

Da casa Manoel Dias, novo ministro do Trabalho, escolheu a Força Sindical para inaugurar seu primeiro périplo pelas centrais. Irá à sede da entidade na terça-feira.

Greve A Força não assinou nota da bancada dos trabalhadores no CRT (Conselho de Relações do Trabalho) em apoio à permanência de Manoel Messias, da CUT, na secretaria do Trabalho. Dias mantém decisão de trocá-lo.

A prazo Pedetistas afirmam que Aloizio Mercadante (Educação) trabalhou pela mudança do ministro do Trabalho em troca de apoio à sua eventual candidatura ao governo de São Paulo. Segundo dirigentes, o ministro está em total sintonia com o presidente do partido, Carlos Lupi.

Revanche Dirigentes das centrais sindicais festejavam ontem cinco alterações acordadas na MP dos Portos. Um deles lembrou que Gleisi Hoffmann (Casa Civil) havia dito que não mexeria "uma vírgula" no texto.

Pelo ar Após o cerco às divisas territoriais, a operação conjunta dos governos paulista e federal contra o crime organizado chegou esta semana aos aeroportos e pistas de pouso clandestinas que são suspeitas de uso pelo narcotráfico na região oeste do Estado. A blitz tem respaldo da PF e da Anac.

Bem na fita O desempenho do ex-senador do PR Cesar Borges (BA) na vice-presidência de governo do Banco do Brasil tem sido elogiado no Palácio da Alvorada.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"Haddad está se mostrando um verdadeiro predador do meio ambiente. Agora, só falta ele tentar acabar com o rodízio de veículos."
DO VEREADOR GILBERTO NATALINI (PV), sobre a aprovação de projeto do prefeito que flexibiliza as regras da inspeção veicular em São Paulo.

contraponto


Ordem dos fatores


Fernando Haddad fazia doutorado em filosofia na USP nos anos 90 e estudava "Economia e Sociedade", de Max Weber. O livro, de mais de 500 páginas, estava cheio de anotações. Um dia, ele ligou para a mulher, Ana Estela:

-Roubaram meu livro do Weber!

Estela, na hora, achou o furto inusitado:

-Quem iria roubar um livro do Weber? Onde estava?

-No carro.... - lamentou-se o doutorando.

-Mas levaram o carro? -alarmou-se a mulher.

- Também... - respondeu Haddad, muito mais pesaroso por perder as anotações do que o veículo da família.

O jogo de Kassab - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 22/03

De passagem por Brasília esta semana, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab comentou com amigos muito reservadamente que pretende concorrer ao governo paulista. A principal justificativa é a velha máxima de que “time que não joga não tem torcida”. Logo, partido que não concorre, não divulga projeto e nem conquista eleitores. Empatado com o PSDB em número de deputados, o PSD se define hoje como a terceira força política do país. Tem raízes no campo, conversa bem com o PSB de Eduardo Campos, mas, para continuar firme no objetivo de se firmar como jogador que tem um diferencial na hora do campeonato, vai continuar com a presidente Dilma Rousseff, em 2014.

Até o momento, seis diretórios do partido já fecharam apoio a presidente, como informa a edição de hoje do Correio: Ceará, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Bahia e Rio Grande do Norte. A ideia da cúpula partidária é fechar todos os estados até o fim do ano, a fim de se apresentar numa convenção nacional como um dos primeiros a fechar formalmente o apoio à reeleição da presidente.

Esse entusiasmo todo do PSD com Dilma traz embutido um projeto de poder. Os pessedistas se preparam para lançar candidatos a governos estaduais em vários estados, de forma a consolidar o partido. Tanto é que Kassab pretende sair candidato para servir de inspiração aos demais. E esses candidatos precisarão de um suporte, ou, pelo menos, de alguém que não atrapalhe seus planos. É aí que entra a parceira Dilma.

O cálculo do PSD é que, como parceiro de primeira hora da reeleição da presidente Dilma Rousseff, ela não poderá negar presença nos palanques desses candidatos do PSD pelo país afora, tampouco aquela famosa foto do santinho eleitoral. Ainda que esses candidatos sejam adversários do PT, reza a norma da boa convivência que Dilma circule com petistas e aliados. E, assim, Kassab pretende usar o PT para mostrar seu partido.

Um exemplo dessa necessidade de boa convivência está em Santa Catarina. O governador Raimundo Colombo, hoje no PSD, é candidato à reeleição e aliado da presidente. Logo, Dilma não poderá se dar ao luxo de permanecer apenas ao lado dos petistas liderados pela ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. O mesmo vale para São Paulo, onde o PT investirá pesado para tomar um nicho de poder tucano, hoje encarnado na figura do governador Geraldo Alckmin.

Enquanto isso, no PT…

Resta saber se os cálculos do PSD vão se confirmar. Conforme dissemos aqui, ontem, a convivência de palanques será o grande teste do PT. Em 2010, os aliados que tentaram essa dupla personalidade da candidata tiveram dificuldade. O exemplo mais notório foi na Bahia. Lá, o então ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, calculou que haveria uma neutralidade de Dilma na campanha, uma vez que ele era aliado. Não deu certo. Os eventos de Geddel com Dilma careciam de emoção e eram todos meio clandestinos. Enquanto isso, a campanha dela com o petista Jaques Wagner era alegre e cheia de energia. Uma questão de afinidade, obviamente, não só de Dilma, muito maior com o seu partido, o PT, do que com qualquer outra agremiação. Veremos como será logo ali.

E o PR, hein…

Frustrada a expectativa do PR de resolver seu espaço no governo esta semana. Assim, Dilma vai cumprindo o script de que, popular, sempre pode ter mais calma para ceder aos aliados, avaliando todos os reflexos de suas atitudes. Agora, tem pelo menos até terça-feira para pensar. Da parte do PR, o roteiro está pronto, a bancada apresentará o nome do deputado Luciano Castro, de Roraima, como o único de consenso.

E o PMDB…

O partido do vice-presidente Michel Temer está contente com a Secretaria de Aviação Civil (SAC) nas mãos de Wellington Moreira Franco, mas reinvidica ainda a Infraero, que continua no lusco-fusco entre o Ministério da Defesa e a SAC. O PMDB deseja, pelo menos, um pedaço da estatal. Até nesses pontos, o PSD promete ser diferente. Kassab tem dito a amigos que, na hora de entrar institucionalmente num hipotético segundo governo Dilma, ela poderá escolher quem quiser para o posto considerar importante. Fica aí escrito para ser cobrado depois.