sábado, fevereiro 09, 2013

Quem manda no Banco Central? - MAÍLSON DA NÓBREGA

REVISTA VEJA
"Ao construir a autonomia do Banco Central (BC), o Brasil granjeou reputação interna e externa. A partir de 2006, com a saída de Palocci, iniciou-se uma ação sistemática para reverter esse status, sem sucesso. Lula não o permitiu. Desta vez deu certo. A percepção de que o BC é submisso ao governo se espalhou aqui e no exterior"
Pode até não ser, mas há sinais de que o Banco Central recebe ordens de cima. A presidente Dilma dá a entender que a queda da taxa de juros foi decisão sua e não do Comitê de Política Monetária (Copom). Seus auxiliares na Fazenda repetem que a medida é parte de ações do governo, como a desvalorização forçada da taxa de câmbio e as desonerações tributárias. O senso comum apoia isso. Afinal, imagina-se, se ela foi eleita para governar, pode muito bem mandar diminuir os juros e, assim, impulsionar o investimento e o consumo. Artigos e editoriais elogiaram a decisão.

Acontece que não é correto submeter uma agência reguladora como o BC ao comando do governo da hora. Não existe na experiência internacional êxito duradouro de tal interferência. Nos países dotados de boas instituições, o banco central é organização do estado e não do governo. Seus dirigentes são escolhidos pelo critério de mérito e sujeitos a aprovação pelo Legislativo. Não podem ser demitidos antes do término do mandato, em geral não coincidente com o do chefe do governo. Submetem-se ao controle democrático, mediante ampla prestação de contas, principalmente ao Parlamento.

Nos anos 1870, os Estados Unidos e a Inglaterra criaram as primeiras agências reguladoras, para assegurar a competição em ferrovias e energia elétrica. Hoje, em todo o mundo, elas regulam atividades econômicas em que regras de mercado não funcionam adequadamente e em áreas sociais como educação, saúde e saneamento. Sua autonomia operacional - característica de instituições do estado - decorre da complexidade de suas funções. Isso assegura a estabilidade das regras e, assim, a segurança para o investimento de longo prazo, cujo retorno se dá no decorrer de muitos períodos de governo. Cabe também às agências defender interesses dos consumidores.

Entre o fim das guerras napoleônicas (1815) e o da Primeira Guerra (1918), o padrão-ouro assegurava o controle da inflação. A emissão de moeda dependia do estoque de metais preciosos, e não do governo. Com o término do padrão-ouro, tornou-se necessário confiar a defesa da estabilidade da moeda a uma instituição autônoma, capaz de proteger a sociedade contra ações inconsequentes dos governos. Por gerarem efeitos defasados no tempo, emissões de moeda e mudanças nos juros não podem ser orientadas pelos ciclos eleitorais. Decisões pautadas pelo voluntarismo propiciam ganhos ilusórios e muitos aplausos hoje, mas podem redundar em inflação amanhã, em prejuízo das classes menos favorecidas e do desenvolvimento.

O Brasil começou a construir a autonomia do BC com os avanços institucionais dos anos 1980 e com o Plano Real, o que lhe granjeou inédita reputação interna e externa. A partir de 2006, com a saída de Antônio Palocci do Ministério da Fazenda, iniciou- se uma ação sistemática para reverter esse status, sem sucesso. Lula não o permitiu. Desta vez deu certo. A percepção de que o BC é submisso ao governo se espalhou aqui e no exterior.

Felizmente, a queda da taxa de juros, de início uma aposta altamente arriscada, foi corroborada por uma dura realidade econômica interna e externa, em relação à qual não havia, de antemão, como ter muita segurança. Menos mau. O dano se limitou à credibilidade do BC. Agora, no entanto, as pressões inflacionárias se tomaram mais preocupantes, apesar de ainda encobertas por controle dos preços da gasolina e por desonerações tributárias. Mudanças normais na estrutura do índice que mede a inflação oficial também ajudaram.

Ainda é tempo de restabelecer a credibilidade e a autonomia operacional do BC. mesmo porque isso será forçosamente necessário se a inflação ameaçar fugir do controle. Na ata de sua última reunião, o Copom se mostrou preocupado. Distanciou-se do diagnóstico do governo, apontando a insuficiência da oferta, e não da demanda, como causa do baixo crescimento econômico. Dilma poderia aproveitar para deixar de jactar-se da queda dos juros. Isso agrada a correntes que criticam o BC, mas afunda a imagem do banco. O silêncio tem seu simbolismo. Seus auxiliares deveriam calar-se sobre o tema e parar de acusar de ter saudade dos juros altos quem deles diverge. Isso é. no mínimo, uma tolice.

Os prejuízos da politização da Petrobras - EDITORIAL REVISTA ÉPOCA


REVISTA ÉPOCA
Em novembro passado, quando a Ambev, empresa de bebidas que vende cerveja e refrigerante, ultrapassou a Petrobras em valor de mercado, com base no preço das ações negociadas na Bolsa de Valores, os problemas de gestão da estatal do petróleo ficaram evidentes. O julgamento dos investidores nos pregões das Bolsas costuma ser implacável. As empresas mais eficientes, com foco nos resultados, são premiadas. Suas ações despertam a cobiça geral, e as cotações de seus papéis sobem, de acordo com a lei da oferta e da procura. Em contrapartida, as companhias que não seguem os mandamentos da boa gestão costumam ser punidas. Os investidores fogem de seus papéis, e as cotações desabam. Na semana passada, o valor de mercado da Petrobras regredira ao patamar de 2009. Representava apenas 65% de seu patrimônio, a pior relação desde 1999.

Isso ocorreu porque aquilo que já se imaginava ruim se revelou ainda pior com a divulgação do balanço da Petrobras em 2012. Símbolo do nacionalismo econômico no Brasil, ela teve no ano passado seu pior desempenho desde 2004.0 lucro líquido caiu 36% em relação a 2011, a produção caiu 2% e a dívida líquida chegou a R$ 147,8 bilhões (203% maior do que em 2008). Esses resultados negativos são uma consequência de uma gestão politizada e sem foco na eficiência, cujo ápice talvez tenha ocorrido no período em que ela esteve sob o comando de José Sérgio Gabrielli durante o governo Lula. Sob a gestão do PT, a Petrobras, entre outros desvios, voltou a ser usada pelo governo como instrumento de política econômica. Mesmo com o recente reajuste na gasolina e no diesel, os preços dos combustíveis têm sido mantidos artificialmente baixos em relação ao mercado internacional para não elevar ainda mais a inflação.

Essa política cobra um custo alto da empresa - não só porque a Petrobras é obrigada a vender mais barato no Brasil, mas também porque ela passou a importar combustível para suprir a demanda crescente. Os preços desatualizados dificultam, ainda, o programa de investimentos da Petrobras, que promete desembolsar R$ 97,7 bilhões neste ano para finalmente tentar destravar a exploração do petróleo nas camadas de pré-sal. O modelo adotado pelo governo para o pré-sal sobrecarregou a empresa. Ela deverá participar da exploração de todos os campos e é obrigada a comprar de fornecedores com, no mínimo, 60% de conteúdo nacional. Com isso, o governo pretende estimular a indústria brasileira. No fim, a Petrobras acaba pagando mais pelos mesmos produtos - alguns de qualidade inferior, como sondas petrolíferas vendidas por estaleiros que nem tinham habilitação para produzi-las.

Quando a presidente da Petrobras, Graça Foster, foi guindada ao cargo, há um ano, sua nomeação gerou a expectativa de que a empresa voltaria a se guiar por parâmetros mais profissionais. Ao reconhecer que a Petrobras ainda terá um ano difícil em 2013, Foster adota uma elogiável postura de transparência que contrasta com seu antecessor. Mas uma mudança de rumos na empresa só se confirmará com resultados concretos. Os péssimos números de 2012, aliados à conhecida proximidade de Foster com a presidente Dilma Rousseff, aumentaram o ceticismo de que tal guinada possa ocorrer.

Por que os homens mentem? - IVAN MARTINS

REVISTA ÉPOCA

Talvez porque muitas mulheres gostem de ouvir mentiras



Outro dia uma moça me perguntou, no meio de uma festa, por que os homens “mentem tanto”. Achei a pergunta agressiva, mas resolvi discutir com ela da forma mais objetiva possível, para entender.

Pedi que ela me contasse sobre a mentira que a incomodava, e a resposta veio na forma de uma história bastante comum: no começo, o sujeito fala e se comporta como um homem totalmente apaixonado. Uma semana depois, ele nem atende mais o telefone. “É isso que eu chamo de mentira”, ela resumiu.

A moça estava obviamente ferida, e tinha suas razões. Na história dela, do ponto de vista dela, houve uma mentira. Ela acreditou em sentimentos que não existiam ou que deixaram de existir em tempo recorde. Tinha o direito de estar indignada.

Admitido esse fato, a situação que ela conta tem nuances – e essas merecem ser discutidas tanto quando a suposta vocação masculina para a mentira, que eu acho um tema pertinente na relação entre homens e mulheres.

Quando se considera a distorção amorosa, é possível que a moça não tenha sido assim tão enganada. Ela pode ter levado uma cantada banal e recebido um grau de atenção protocolar, mas, movida pelos seus próprios sentimentos, acreditou estar sendo intensamente cortejada. É muito comum que, nessas situações, a pessoa que se sente enganada apresente como “evidências” frases e atitudes do outro que, vistas por alguém de fora, não pareçam evidência de coisa alguma além de um triste auto-engano. Essas coisas acontecem.A primeira nuance no caso da moça é adistorção amorosa.

Esse é o nome que eu dou ao estado de confusão mental em que a gente se encontra quando está muito interessado por alguém. Basta a pessoa nos olhar, basta falar conosco para que a gente acredite – com todas as forças, e nenhuma justificativa – que nossos sentimentos são correspondidos. É patético, mas é humano. A gente deseja tanto que enxerga apenas aquilo que quer ver.


Outra nuance importante na história da moça diz respeito ao papel de homens e mulheres no jogo de sedução.

As mulheres ainda não são responsáveis por tomar a iniciativa. Muitas fazem isso, mas, normalmente, ainda cabe aos homens o ônus de vencer a própria timidez e avançar com elegância os vários sinais colocados entre ele e o seu desejo. As meninas ficam lá, lindas e passivas, enquanto os caras se empenham em parecer engraçados, inteligentes, sensuais... Não pensem que é fácil.

É natural que quem está nessa posição de vendedor de si mesmo fale demais. E nem sempre diga a verdade. Cada sujeito que está por aí já descobriu, em algum momento da vida, qual é o papo dele que cola com as mulheres. Para alguns, será aquela conversa agressiva de macho questionador e indiferente, que deixa as garotas inseguras. Para outros, funciona uma postura mais contida, quase tímida, que demonstra os sentimentos menos pelas palavras e mais pelos olhares.

Há tipos diferentes de atitudes masculinas de sedução, mas a mais comum costuma ser o ataque direto e sem tréguas ao ego da moça. O cara diz que ela é a mais linda do mundo. Jura que quando olhou para ela percebeu que o tempo tinha parado. Sugere, de todas as formas possíveis, que se ficar com ela será o homem mais feliz do planeta. Às vezes o sujeito garante, meia hora depois de conhecer a moça, que ela é a mulher da vida dele. Oferece, nas palavras imortais de um amigo meu, “casa, comida & roupa lavada”.

Que mulher resiste a esse tipo de avalanche? Mas, ao mesmo tempo, que mulher com mais de 20 anos não sabe que esses exageros não passam de fogos de artifício?

Esse é o contexto, eu acho, para localizar a queixa da moça no mundo real.

No dia em que as mulheres tiverem de assumir o papel dos homens no jogo da conquista, talvez descubram que não é fácil ser ao mesmo tempo sedutor e verdadeiro. Talvez elas percebam que é muito difícil, para a maioria dos seres humanos, evitar dizer coisas que o outro deseja ouvir. Precisa ter muito integridade para estar carente diante de uma mulher bonita e não usar as palavras que provavelmente o levarão para dentro do quarto dela – mesmo sabendo, lá no fundo, que você talvez não devesse.

Os homens sabem que as mulheres costumam ser mais sentimentais do que eles e (até inconscientemente), procuram agradá-las. Depois somem, muitas vezes por vergonha. As mulheres, do lado delas, sabem que os caras têm urgência em transar e, às vezes, fingem ser mais safadas e menos românticas do que realmente são. No dia seguinte, sentem vergonha ou cobram do sujeito atenções que não estavam no contrato invisível firmado na noite anterior.

Para evitar esses desencontros, melhor seria tratar as coisas pelos seus verdadeiros nomes.

Um homem que está com tesão não deveria esconder o seu desejo por trás de uma embalagem de romantismo. As mulheres, ouvindo a verdade, poderiam escolher se querem ou não – e muitas diriam sim, porque sexo desencanado também é bom. Num mundo assim, menos mulheres se sentiriam enganadas e um número menor de caras faria papel de mentiroso. E a moça da festa talvez não estivesse com tanta raiva.


Não brinquem com o PMDB - LEONARDO ATTUCH

REVISTA ISTO É


O movimento de Henrique Alves em relação ao STF pode ser uma só de várias traições
Um dos quadros mais sensatos da política brasileira, o governador de Sergipe, Marcelo Déda, foi uma das poucas vozes, no PT, a explicitar seu desconforto com as vitórias de Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) nas eleições recentes do Senado e da Câmara dos Deputados. Segundo Déda, seria melhor para o País, e para o próprio Congresso, que houvesse maior pluralidade nas duas casas legislativas. Hoje, um único partido conduz a agenda parlamentar.

Nos seus primeiros movimentos, tanto Renan quanto Henrique surpreenderam. O senador alagoano, alvo de uma intensa campanha acusatória nitidamente dirigida, uma vez que colocada às vésperas da disputa, fez uma defesa enfática da imprensa livre. Henrique Alves, que, como candidato, defendia a prerrogativa da Câmara na polêmica questão de cassar ou não parlamentares, adotou um novo discurso como presidente eleito
da Casa e disse que é nula a possibilidade de confronto institucional com o Supremo Tribunal Federal.

De repente, como num passe de mágica, Renan e Henrique, que vinham apanhando todos os dias, podem vir a ter todos os seus pecados esquecidos. Podem até ser transformados em heróis se forem capazes de afastar o PMDB da aliança petista e aproximarem o maior partido do País de outros possíveis projetos de poder, como o de Eduardo Campos, do PSB, e também o de Aécio Neves, do PSDB.

Na definição de Marcelo Déda, o PMDB é o "centro móvel" da política brasileira. Portanto, se "la donna è mobile", não há nenhuma dificuldade para que isso ocorra. Renan já é, por natureza, independente. Estará sempre pronto a apoiar qualquer projeto. Mas, se perguntarem a Henrique Alves por quem realmente bate seu coração, não é por Dilma Rousseff, e sim por Aécio Neves, de quem é amigo pessoal, assim como seu pai, Aluizio Alves, foi um dos melhores companheiros do velho Tancredo.

Portanto, a aparente mudança de lado do presidente da Câmara no caso que envolve os mandatos de José Genoino (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP) talvez seja apenas a primeira de uma série de várias traições. E o PT, que tanto comemorou as eleições dos dois peemedebistas, corre o risco de passar o Carnaval de ressaca. Sem perspectiva de melhora na Quarta-Feira de Cinzas. Com o PMDB,
não se brinca.

Depois da tragédia - WALCYR CARRASCO

REVISTA ÉPOCA

Houve o previsto: um choque de fiscalização. Mas e a corrupção em todos os níveis de órgãos públicos?



Estamos em pleno Carnaval, mas a tragédia de Santa Maria ainda ecoa nos corações. Entre um ziriguidum e outro, de repente alguém lança um olhar no salão superlotado e pergunta a si mesmo:

– E se pegar fogo?

Esperei para falar do assunto. Queria avaliar a atuação dos órgãos públicos. Aconteceu o previsto: um tsunami de fiscalização inundou o país. No Rio de Janeiro, fecharam até espaços públicos. No centro de São Paulo, em pleno Carnaval, casas noturnas tradicionais não funcionam mais. E daí?

Falou-se muito sobre um choque de fiscalização. É importante, claro. Mas queria ouvir sobre uma reestruturação mais profunda. Explico: você, em São Paulo, já tentou legalizar uma obra? A reforma de uma casa? Conseguir o carimbo de “Habite-se”? Eu já.

Certa vez, comprei uma casa no Morumbi. Enviei a planta da reforma, que nem aumentava a área já existente. Durante um ano, trabalhamos munidos apenas de um protocolo, porque a autorização não saía. Mudei. Mais um ano e ainda não conseguira legalizar a casa. Recebia avisos de “Comunique-se”. A cada um, nova exigência. Quando comparecia, eu pedia somente que todas as exigências fossem feitas de uma vez, para cumpri-las. Impossível. Gastei uma fortuna em plantas, sempre refeitas. Finalmente capitulei. Contratei um sujeito especializado no processo de aprovação de plantas. O que ele fez, eu imagino. Em 15 dias, saiu o “Habite-se”.

Imagino o que passa alguém que queira legalizar uma casa noturna. Ou teatro. Em São Paulo, é impossível legalizar um carrinho de cachorro quente. Juro. Um amigo certa vez botou na cabeça que se tornaria milionário montando uma rede de hot dog. Tipo Nova York, onde há um carrinho em cada esquina. Tentou uma licença por todos os meios. Impossível. Finalmente, o encarregado na prefeitura aconselhou:

– Desista. Isso não é para um sujeito como você. Vai ter de enfrentar muita barra-pesada.

Outra tragédia pode acontecer a qualquer momento. Vamos nos chocar. Chorar. Lamentar. Mas a mudança estrutural nem foi cogitada. É mais lucrativo deixar como está, até a próxima lágrima.O futuro empresário teimou. Comprou uma van e estacionou numa esquina com seus hot dogs. Foi ameaçado de morte por vendedores que já estavam por lá. Combinados com fiscais que vigiavam a área, o expulsaram. O hot dog é ilegal, mas os fiscais não enxergam os carrinhos quando interessa. Finalmente, meu amigo desistiu. Repassou o financiamento da van a outra futura empresária. Fez contrato de gaveta porque, legalmente, não conseguiu transferir. A compradora não pagou as prestações e ainda atropelou alguém. Ele queria fazer tudo de acordo com a lei. Mas ficou com o nome sujo, dívida nas costas e ainda respondeu a processo criminal, como proprietário oficial do veículo.

Imagino o que é montar uma casa noturna! Espaços são abertos com protocolos na mão. Inclusive restaurantes elegantes. O sujeito comprou o ponto, paga aluguel, vai esperar dois anos pela vistoria? Mais fácil se haver com fiscais que topam facilitar. O negócio começa a funcionar, e os fiscais continuam fazendo vista grossa. Vale para qualquer classe. Alguém já viu policial pagar conta em bar? O dono do estabelecimento prefere oferecer. Vai que tem alguma coisa errada? Quando acontece a tragédia, vem o choque. Por que a surpresa? Todo mundo está farto de saber que há corrupção em todos os níveis dos órgãos públicos. Convivemos com isso. Os encarregados de fiscalizar em Santa Maria responderão por homicídio? Duvido. Houve só uma gritaria, devido à pressão da imprensa. Sinceramente, nem sei se a lei permite processar o sujeito que fechou os olhos. E seus superiores, responsáveis em instância maior.

Resolver seria possível. Por exemplo: se todo o processo fosse informatizado, a planta seria entregue pela internet. Se cumprisse as especificações, o interessado poderia tirar o alvará da obra em algumas horas. A imensa cadeia de carimbos existentes para a aprovação perderia o sentido. Da mesma forma, ocorreria com as outras exigências. O alvará de funcionamento, sim, dependeria de visitas dos técnicos responsáveis, que fiscalizariam o cumprimento das regras. Se conseguiram informatizar o Imposto de Renda com tanta perfeição, por que não fazem o mesmo em relação a outras áreas?

A resposta até dói de tão simples: não interessa.

Muita gente ganha com as dificuldades. A ilegalidade se tornou regra porque dá grana.


Vidas secas - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 09/02

No voo da TAM que saiu de Fortaleza e pousou no Rio, às 15h de ontem, um pequeno viajante abriu todo animado a bandeja do almoço. Mas encontrou apenas um biscoito, um pedaço de bolo mixuruca e um queijo sem graça.

Reclamou com o comissário da empresa chileno-brasileira e ouviu um lamento: “Desculpe, meu amiguinho. Eu mesmo estou trazendo marmita de casa”.

A CONFERIR

A bateria da Escola de Samba Unidos da Tijuca ensaia para dar, amanhã na Sapucaí, três paradinhas.

EFEITO SANTA MARIA

O bloco do AfroReggae, ao contrário do que saiu aqui ontem, obteve autorização da Prefeitura do Rio de Janeiro para desfilar segunda-feira, às 10h, no Posto Nove.

O problema dele e de outros blocos são certas exigências dos bombeiros.

VEJA SÓ...

Os bombeiros exigem para blocos com mais de 300 mil foliões 12 ambulâncias, três postos médicos com 25 leitos, 25 médicos e 300 maqueiros.

SEM SUJEIRA

Será lançado no desfile do bloco “Me beija que sou cineasta”, na Quarta-feira de Cinzas, no bairro da Gávea, o confete que... some. Feito com um papel especial, ele, que é biodegradável, desintegra-se em contato com a água.

É obra de O Boticário.

ISTO É BOSSA NOVA

O Simpatia é Quase Amor, cujo enredo é o centenário de Vinicius, vai inovar no desfile de amanhã. Quando o bloco passar em frente à Rua Vinicius de Moraes, os foliões vão parar e cantar Garota de Ipanema e Chega de saudade.

NO MAIS

Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar o seu valor no carnaval.

PIB DO CARNAVAL

O cantor sul-coreano Psy, aquele da música Gangnam style e que está no Brasil para o carnaval, vai receber R$ 1,5 milhão para ser garoto-propaganda da P&G na folia.

VEM LOGO, SEAN

FH e Aécio gravaram, ontem, vídeo para campanha “Vem, Sean Penn”.

É aquele esforço coletivo criado pelo ator Ariel Goldenberg, que tem Síndrome de Down. Ele quer porque quer que seu ídolo Sean Penn venha à estreia de seu primeiro filme, Colegas, dia 1º de março.

ALIÁS...

Fernando Feliz Que Nem Pinto No Lixo Henrique passará a folia no Rio.

JÁ...

Aécio vai ficar entre o carnaval do Rio e o descanso, no Sul da Bahia.

INSENSATO CORAÇÃO

Veja como as novelas brasileiras estão dominando o mundo. Em maio, a global Fina estampa estreia no Canadá, substituindo a Passione.

As maldades de Tereza Cristina (Christiane Torloni) já tinham eletrizado uruguaios e equatorianos.

FALANDO NISSO...

A novela que mais rodou o mundo em 2012 foi Insensato coração.

A trama brasileira de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, dirigida por Dennis Carvalho, foi vendida para mais de 60 países.

NO MAIS

As ativistas da Femen que, ontem, no Galeão-Tom Jobim, protestaram contra o turismo sexual devem ter ficado um pouco decepcionadas.

Mulher, no carnaval carioca, exibir os seios não chega, digamos, a chocar. Ao contrário

do que deve ocorre na Ucrânia ou no Vaticano. Com todo o respeito.

MADAME D

Megan Fox, a atriz e modelo americana que vai passar o carnaval no Brasil, vai ganhar uma coleção ousadíssima de lingerie da Duloren.

Entre as peças, diversas calcinhas fio dental da coleção Madame D.

A SOMBRA DE GIL

Dina El Wedidi, cantora egípcia, de 26 anos, chegou sexta a Salvador.

Durante um ano, ela vai grudar em Gilberto Gil. Ele será seu mentor no projeto da Fundação Rolex. Em março, farão um show juntos no Cairo.

LIBERA AÍ

Magda Chambriard, a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) não liberou o ponto facultativo ontem.

Todo mundo trabalhou. Pode ser maldade. Mas a rádio corredor diz que foi retaliação porque a superexecutiva não gostou do samba do Regula, Mas Libera, o bloco dos servidores da agência.

É QUE...

Um trecho da letra sobre o fim da escravidão diz assim: “tira a chibata do meu pé”. Mas a leitura dentro da ANP é que era uma queixa bem-humorada ao controle do ponto, que ficou muito mais rígido depois que Magda Chambriard assumiu a direção da agência.

Ao longo do passado, teve funcionário trabalhando aos sábados para cumprir a carga horária.

Os jovens estão chegando! - DOM ODILO P. SCHERER

O ESTADÃO - 09/02

Faltam poucos meses para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Rio de Janeiro, que ocorrerá de 23 a 28 de julho. Ainda que não esteja sendo matéria especial de notícia, já existe uma grande movimentação para preparar a Jornada carioca: com certeza, ela movimentará no Brasil todo, especialmente no Rio de Janeiro, uma multidão bem maior de visitantes do que os grandes eventos esportivos programados para 2014 e 2016.

As Jornadas Mundiais da Juventude foram iniciadas no pontificado do papa João Paulo II, de maneira despretensiosa, no Ano da Juventude de 1985. Na celebração final, em Roma, com a participação de dezenas de milhares de jovens, o papa entregou-lhes uma cruz de madeira, simples e despojada, recomendando que a levassem ao encontro de outros jovens em todo o mundo, falando-lhes de Jesus Cristo. O êxito daquele gesto foi surpreendente e suscitou as Jornadas, que passaram a ser realizadas, em média, a cada três anos, sempre em países diferentes.

Buenos Aires, Santiago de Compostela, Czestochowa, Denver, Manila, Paris, Roma, Toronto, Colônia, Sydney e Madri ja sediaram esses encontros. Todas as Jornadas Mundiais da Juventude contaram com a participação do papa. É ele que convoca os jovens para esses eventos, concebidos como peregrinações. Multidões de jovens têm correspondido ao convite. Em Madri, superando todas as previsões, foram cerca de 2 milhões; em Manila, mais de 5 milhões!

Nas Jornadas há atividades religiosas, culturais e sociais, marcadas por alegria e entusiasmo juvenis. Mais que tudo, porém, as JMJs propiciam às novas gerações uma peregrinação interior, atrás de respostas para as suas interrogações existenciais, e que a Igreja lhes oferece a partir do Evangelho de Cristo e de sua experiência bimilenar. Os jovens têm a oportunidade de interagir e se confrontar com os seus coetâneos, originários das mais diversas culturas e que trazem no coração os mesmos sentimentos. Em julho de 2011, em Madri, havia participantes de quase 200 países. A JMJ tornou-se uma impressionante manifestação global da família humana!

Nesse convívio, os jovens expressam de muitas maneiras a sua fé comum nas celebrações religiosas, em iniciativas culturais e artísticas e em reflexões de partilha sobre os valores comuns que os orientam nos mais diversos contextos em que vivem. Num tempo de grande pobreza espiritual, como o nosso, comparado pelo papa Bento XVI a um "deserto espiritual", os jovens continuam querendo saciar sua sede de verdade, valores e beleza; com frequência são conduzidos a fontes secas e frustrantes, quando não envenenadas, que não lhes dão esperança nem motivos para viver e apostar suas energias de maneira construtiva. As Jornadas da Juventude são um convite para se aproximarem de Jesus Cristo, que a fé da Igreja Católica reconhece como "o caminho, a verdade e a vida" e que proclamou: "Aquele que vem a mim nunca mais terá sede!".

Ao encerrar a Jornada da Espanha, o papa Bento XVI entregou a uma delegação de jovens brasileiros aquela mesma cruz de madeira, simples e despojada, que já percorreu vários países do mundo, recomendando que a levassem ao encontro da juventude no Brasil. Desde 18 de setembro de 2010, quando ela foi acolhida em São Paulo, a cruz está peregrinando por centenas de cidades, sendo acolhida com emoção pelos jovens, enquanto se preparam para a próxima JMJ. Também havia sido acolhida por uma multidão de jovens na cidade de Santa Maria (RS), poucas semanas antes do trágico incêndio numa casa noturna em que perderam a vida mais de 230 pessoas, sobretudo jovens.

O Rio está se preparando para sediar o grande evento da juventude em julho próximo. O Cristo Redentor já espera todos de braços bem abertos e a Cidade Maravilhosa se dispõe a expandir ao máximo sua simpatia e sua cordialidade. Entre os peregrinos estará também o papa Bento XVI, que manifestou mais de uma vez o seu desejo de estar com os jovens no Brasil.

Antes de se dirigirem ao Rio de Janeiro, porém, muitos jovens estrangeiros participarão das "pré-jornadas", promovidas em numerosas cidades do Brasil de 16 a 20 de julho. Serão acolhidos por paróquias, colégios e várias outras organizações da Igreja; famílias também abrirão suas casas, num gesto de hospitalidade que se vai tornando sempre mais raro. Todos virão com recomendação e inscrição feita, acompanhados de religiosos, padres e bispos de seus lugares de origem.

Os jovens de longe poderão conhecer algo da nossa riqueza cultural e religiosa e realizar uma interessante troca de experiências com os jovens daqui. Temos muito a oferecer, mas também muito a aprender.

O enorme fluxo de viajantes, que passarão pelos nossos aeroportos e rodovias, ainda parece um fato hipotético, ignorado ou menosprezado. No entanto, será bem superior ao que se espera para a Copa do Mundo e a Olimpíada. Muitos desejam vir dos mais distantes recantos da Terra: além da motivação própria da JMJ, o fascínio da Cidade Maravilhosa é bem conhecido e atrai. Mas serão, sobretudo, os jovens brasileiros que afluirão aos pés do Cristo Redentor para essa experiência humana, religiosa e cultural, que tem surpreendido cada vez, até mesmo os mais críticos e céticos.

No dia 13 de fevereiro, Quarta-Feira de Cinzas, a Igreja Católica no Brasil vai abrir mais uma Campanha da Fraternidade. O tema não podia ser outro: Fraternidade e Juventude. Os jovens trazem no coração um anseio de fraternidade, que tem que ver com solidariedade, amor, justiça, dignidade e paz. Enfim, desejo de um mundo bom para todos. Com os jovens, e por amor a eles, vale a pena investir em laços de profunda fraternidade entre todos os membros da grande família humana, que mostrará mais uma vez seu rosto jovem na Jornada do Rio de Janeiro.


Hiperativos - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 09/02


Enquanto Lula prepara a retomada de suas caravanas, Fernando Henrique Cardoso será protagonista de seminários tucanos em Minas Gerais e São Paulo. No dia 25, o ex-presidente falará aos mineiros em ato visto como lançamento informal da candidatura de Aécio Neves ao Planalto. Em março, fará exposição aos paulistas durante congresso. O ex-presidente tem dito que sua reinserção na vida partidária tem como objetivo "esquentar a discussão sobre a agenda do PSDB".

Pode crer Petistas aumentarão o cerco a Michel Temer após o Carnaval. Querem sinalizar que é para valer a ideia difundida por Lula de ceder a cabeça de chapa na eleição para governador em São Paulo ao PMDB. O vice-presidente tem se mostrado refratário à proposta.

Geladeira Tucanos entendem que eventual ingresso de José Serra em secretaria do governo paulista restringiria a atuação do ex-governador ao Estado, afastando-o da cena política nacional para 2014. "É tudo o que Aécio deseja", resume um serrista.

Deixa comigo Entusiasmado com a repercussão do novo modelo de abordagens da PM no trânsito, que prevê fiscalização do consumo de álcool e drogas ao volante, Geraldo Alckmin discutia ontem com sua equipe uma inspeção "in loco" nas primeiras blitze em São Paulo.

Na passarela 1 A Secretaria Nacional dos Direitos Humanos instalou balcão de sua ouvidoria no sambódromo do Anhembi. A ideia da ministra Maria do Rosário é captar denúncias durante o Carnaval. O posto funciona até a madrugada de amanhã.

Na passarela 2 Estatísticas à disposição do governo federal mostram que os relatos de violação aos direitos humanos feitos ao "disque 100" crescem 77,6% no Estado durante os quatro dias de folia. No país, as queixas sobem 68,5% no período.

Oremos A CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) aderiu ao lobby de prefeitos em favor da regulamentação do trabalho de profissionais de medicina formados em outros países. Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da entidade, vestiu a camiseta da campanha intitulada "Cadê o médico?".

Redução... O Planalto prepara ofensiva após o Carnaval para neutralizar os ataques das centrais sindicais à medida provisória que trata da concessão dos portos para a iniciativa privada.

... de danos A ideia é que a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) convoque empresários, com auxílio de Jorge Gerdau, para encampar movimento em defesa do plano.

É assim? Dirigentes da Força Sindical afirmam que, se não forem contemplados na agenda, pretendem paralisar os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) em março.

Sem mágoas Após abraçar a candidatura de Gustavo Fruet (PDT), ex-algoz dos condenados no mensalão, petistas cogitam lançar Osmar Serraglio (PMDB-PR) para vice de Gleisi ao governo do Paraná em 2014. Serraglio foi relator da CPI que investigou o esquema de corrupção.

Prospecção Peemedebistas sondaram o empresário José Batista Júnior, filiado em 2011 ao PSB de Goiás.

Abatedouro Irmão de Joesley Batista, do frigorífico JBS-Friboi, o político goiano é uma das apostas de Eduardo Campos (PE) para ampliar seu palanque regional.

X-Tudo O governo de Tião Viana (PT) publicou aditivo no contrato para o fornecimento de 10 mil sanduíches a policiais militares que fazem patrulha ostensiva no Acre. Cada lanche sairá, segundo o edital, por R$ 9.

Tiroteio
Não acredito que críticas a Chalita partam de Mercadante. Ele, embora tenha sido ministro da Ciência e Tecnologia, não era um cientista.

DO DEPUTADO LÚCIO VIEIRA LIMA (PMDB-BA), sobre o alegado movimento do ministro petista na comunidade científica para vetar o deputado na pasta.

Contraponto


Imperador Maia


Fernando Gabeira (PV-RJ) foi entrevistado no "Roda Viva", da TV Cultura, em 20 de dezembro, véspera do "fim do mundo" no calendário maia. Questionado nos bastidores sobre o que pretendia fazer, respondeu:

-Acho que vou acabar pedindo asilo político ao Marco Maia na Câmara...

Diante da surpresa dos jornalistas, Gabeira explicou sua tese a respeito do ex-presidente da Casa:

-A Câmara é poder autônomo, abriga até mensaleiros. Não aceita ordens do Executivo, do STF e de qualquer outro maia que não seja o Marco.

Beijo do desprezo - CRISTOVAM BUARQUE

O GLOBO - 09/02

O abandono de nossas escolas não mata diretamente, mas dificulta o futuro de cada criança que não estuda



Não é difícil perceber como as manchetes das revistas do último fim de semana se referem à tragédia humana da boate Kiss de Santa Maria: “Quando o Brasil vai aprender?”, “A asfixia não acabou”, “Tão jovens, tão rápido e tão absurdo” e “Futuro roubado”. É também uma tragédia que pode ser associada às escolas de todo o Brasil. É como se a boate de Santa Maria fosse uma metáfora da escola brasileira.

Na primeira delas, os jovens perderam a vida por inalar um gás venenoso; na outra as crianças perdem o futuro por não inalarem o oxigênio do conhecimento. A imprevidência de proprietários, músicos e fiscais levou à morte por falta de ar; a de políticos, pais e eleitores leva a uma vida incompleta por falta de educação. A tragédia despertou para os riscos que correm nossos jovens em seus fins de semana em boates, mas ainda não despertou para o que perdem nossas crianças e jovens no dia a dia de suas escolas.

Estamos fechando boates sem sistemas de segurança, mas ainda deixamos abertas escolas sem qualidade. Os pais começaram a não deixar seus filhos irem a boates inseguras, mas levam confiantemente suas crianças a escolas que não asseguram o futuro delas. Exigimos que as boates tenham portas de emergência, mas não exigimos que as escolas sejam a porta para o futuro das crianças.

A tragédia de Santa Maria provoca a percepção imediata da fragilidade vergonhosa na segurança de boates, mas a tragédia de nossa educação, apesar de suas vítimas, não é percebida. Isto porque ela é uma tragédia à qual nos acostumamos e nos embrutece, ou porque são crianças invisíveis pela pobreza, ou ainda porque somos um povo sem gosto pela antecipação, só ouvimos o grito de fogo e vemos a fumaça depois que matam. Por isso fechamos os olhos à tragédia da educação que hoje devasta a economia, a política e o tecido social do Brasil.

O abandono de nossas escolas não mata diretamente, mas dificulta o futuro de cada criança que não estuda. Se as escolas fossem de qualidade para todos, teríamos menos violência urbana, maior produtividade, mais avanços no mundo das invenções de novas tecnologias e um país melhor.

Por isso, ao mesmo tempo em que choramos as trágicas mortes dos jovens de Santa Maria, choremos também pelo futuro das crianças que não vão receber a educação necessária para enfrentar o mundo. Choremos pelos que perderam a vida na boate ao respirar o ar venenoso, e pelos que não vão receber nas escolas o ar puro do conhecimento.

Não vamos recuperar as vidas eliminadas na boate Kiss, podemos apenas chorar e nos envergonhar. Mas podemos evitar o desperdício das vidas que estão hoje nas “Escolas Kiss”: metáfora que une boate e escola, sobretudo, quando lembramos que a boate se chamava Kiss, nome que também deveríamos dar às nossas escolas de hoje: beijo do desprezo. Desprezo pelas vidas de jovens ou pelo futuro de nossas crianças.

PROGRAMAÇÃO ESPORTIVA NA TV - 09/02


10h45 - Tottenham x Newcastle, Inglês, ESPN Brasil

12h - Bordeaux x Toulon, rúgbi, Bandsports

12h30 - B. M'gladbach x Leverkusen, Alemão, ESPN Brasil

12h30 - Judô, Grand Slam de Paris, Esporte Interativo

12h30 - B. Dortmund x Hamburgo, Alemão, ESPN

12h30 - Escócia x Itália, rúgbi, ESPN +

13h - Chelsea x Wigan, Inglês, Fox Sports

14h - St. Etienne x Montpellier, Francês, SporTV

15h - Juventus x Fiorentina, Italiano, Fox Sports

15h - França x País de Gales, rúgbi, ESPN +

15h30 - Bayern x Schalke, Alemão, ESPN Brasil

15h30 - Southampton x Manchester City, Inglês, ESPN

16h - Mali x Gana, Copa Africana de Nações (disputa do 3º lugar), SporTV

16h20 - Guarani x São Paulo, Paulista, Band e Globo (para SP menos Campinas)

16h20 - Corinthians x São Caetano, Paulista, Globo (para Campinas)

17h - Levante x Málaga, Espanhol, ESPN +

17h - Ajaccio x Bordeaux, Francês, SporTV 2

17h45 - Lazio x Napoli, Italiano, Fox Sports

17h45 - Vitesse x PSV, Holandês, ESPN

19h - Kansas x Oklahoma, basquete universitário, ESPN +

19h30 - Ituano x Ponte Preta, Paulista, SporTV

20h15 - Boca Juniors x Quilmes, Argentino, Fox Sports

20h30 - Torneio de Viña del Mar (semifinais), tênis masc., Bandsports

21h - Pittsburgh x Cincinnati, basquete universitário, ESPN +

Bagunça geral na política econômica - ROLF KUNTZ

O ESTADO DE S. PAULO - 09/02

Inflação alta e estragos na Petrobrás são sinais da confusão de metas, políticas e ferramentas

Não dá para separar. O estrago na Petrobrás, a inflação disparada, a indústria emperrada e a maquiagem das contas públicas são sintomas do mesmo problema. O governo conseguiu bagunçar tanto a economia quanto a caixa de ferramentas da política econômica. O estrago da caixa é o mais grave. Gasta-se muito tempo discutindo se a presidente Dilma Rousseff e sua troupe de trapalhões ainda levam a sério os três princípios adotados no fim dos anos 90 - meta de inflação, meta de superávit primário e câmbio flutuante. Não se vai muito longe com esse requisitório. O governo pode responder positivamente a todas as perguntas, com as ressalvas de sempre. Tem de haver certa margem de erro para a inflação, o resultado fiscal é sujeito a imprevistos e nenhum regime cambial é estritamente isento de intervenções. Tudo isso parece razoável, mas a conversa oficial é uma embromação. É possível embromar, nesse caso, porque as questões realmente importantes são outras, a começar pela importância atribuída, de fato, às condições básicas de estabilidade. Esse teste permitiria comparar o governo brasileiro com os de outros países latino- americanos. A semelhança mais notável seria, certamente, com a administração da presidente Cristina Kirchner, sobrando uma diferença muito mais de grau que de vocação. Se o governo brasileiro se importasse realmente com a inflação, a meta seria muito mais baixa, como em outras economias, tanto desenvolvidas quanto em desenvolvimento. Desde 2005 houve mudanças no Brasil e no cenário externo, mas a meta de 4,5% foi mantida, sem nenhum benefício para o País. A tolerância à alta de preços jamais proporcionou à economia brasileira maior eficiência, dinamismo ou competitividade.

Além disso, as autoridades têm agido como se o alvo real fosse qualquer ponto na margem de variação. As ações são conduzidas como se um resultado final de 6,5% fosse perfeitamente aceitável. O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, chegou a classificar como desconfortável o número acumulado até janeiro - 6,15% em 12 meses. Reiterou, no entanto, a disposição de apostar numa acomodação dos preços no segundo semestre. Mero sangue-frio?

A tolerância à inflação permitiu, no ano passado, conciliar a redução de juros desejada pela presidente Dilma Rousseff e a manutenção de uma política fiscal frouxa. Uma gestão mais séria das contas públicas deveria compensar o relaxamento da política monetária a partir dos meses finais de 2011, segundo explicaram, há cerca de um ano emeio, os dirigentes do BC. Essa condição jamais se realizou. O recurso a artifícios para maquiar as contas públicas no fim de 2012 foi um desdobramentos dessa história. Mas esse é apenas o dado mais pitoresco.

O resultado concreto foi uma economia brasileira um tanto mais torta. O combate à inflação por meio da política monetária foi suspenso, enquanto a expansão do crédito continuou alimentando a demanda, principalmente de consumo. Essa demanda foi alimentada também por incentivos fiscais concedidos a alguns setores pelo Executivo. Esses incentivos serviram ainda para a redução temporária de alguns preços, com efeito benéfico de curtíssimo prazo nos indicadores de inflação. O desajuste entre a demanda e a capacidade de oferta da indústria nacional criou um vazamento nas contas externas. Sem o aumento da importação, o efeito inflacionário teria sido maior. A produção industrial encolheu porque as fábricas foram incapazes de competir, e o investimento diminuiu.

Sem distinguir objetivos de curto e de longo prazos, desafios conjunturais e problemas estruturais, o governo colheu inflação elevada, estagnação econômica e contas públicas mais frágeis. Ao mesmo tempo, bagunçou a política econômica e seus instrumentos. O BC deixou de combater a inflação, a política de juros foi decidida no Palácio do Planalto, deficiências estruturais foram tratadas como problemas de conjuntura e os preços foram contidos por meio de intervenções tópicas. A redução do imposto sobre os automóveis e outros bens duráveis e a contenção das tarifas de combustíveis entram nesse capítulo. A insistência da presidente em reduzir as contas de energia elétrica, a partir de agora, é uma continuação dessa trapalhada. É uma imprudência tratar o preço final da eletricidade como questão isolada, sem levar em conta os programas de investimento e os vários componentes de custos, incluída a tributação em todos os níveis.

Os danos impostos à Petrobrás são em parte explicáveis por essa confusão de objetivos e políticas, tão característica do governo atual. Mas decorrem também da subordinação da estatal aos interesses político- partidários do Palácio do Planalto, da peculiar diplomacia terceiro mundista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da conversão da empresa em instrumento de política industrial. Em vez de cuidar de seus objetivos empresariais e especialmente do enorme desafio da exploração do pré-sal, a companhia foi forçada a atender a uma porção de outras solicitações. Os resultados são indisfarçáveis.

Mas o governo parece impermeável à maior parte dessas lições. O Ministério da Fazenda dispõe-se a adotar novos artifícios para encenar o cumprimento da meta fiscal. Tudo se passa, de fato, como se o resultado real das contas públicas fosse muito menos importante que a sua representação contábil. Sem medidas típicas de política monetária, o BC tem atuado no mercado cambial para desvalorizar o dólar, em mais uma tentativa de influenciar indiretamente a inflação. A conta será parcialmente paga, é claro, pelos setores prejudicados pela valorização do real. De vez em quando, num surto de lucidez, o governo leva em conta as consequências mais amplas de suas decisões. Exemplo disso é a disposição de rever os termos das novas concessões no setor de transportes. Mas surtos desse tipo têm sido raros e brevíssimos e a confusão do voluntarismo volta a se impor.

As várias pressões - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 09/02

O quadro inflacionário preocupa pela união de várias pressões. A política fiscal é expansionista e alimenta expectativas de descontrole; a política monetária está frouxa; autoridades estimulam bancos a emprestarem mais, num cenário de inadimplência alta; o mercado de trabalho está com muita demanda; os eventos climáticos continuam fazendo vítimas em safras de outros países.

A grande esperança do BC é de que a produção agrícola este ano seja tão boa que evite a elevação dos preços de alimentos. A maior parte dos alimentos é commodity e, portanto, os preços daqui e do mundo estão interligados. A nossa boa safra é insuficiente numa conjuntura de baixo estoque, na qual tem havido eventos climáticos na Austrália e nos EUA.

Na Austrália, as previsões de trigo são de queda de 8% neste início de ano, mas o plantio está 26% menor do que nesta safra. Choveu muito no oeste do país, a maior região produtora, que é o segundo maior exportador de trigo. O algodão da Austrália foi prejudicado pelas enchentes do ano passado e pela seca deste ano. A seca nos EUA está cedendo, mas as previsões do governo são de que a produtividade do trigo será afetada e a qualidade também. Como o preço está elevado, a previsão do Departamento de Agricultura americano é de exportação recorde, não em volume, mas em valor. A safra de trigo da Argentina foi menor, e as exportações da Rússia devem encolher. No Canadá, também as expectativas em relação ao trigo não são boas.

Em alguns casos, os fatos não são climáticos, mas derivados de outros problemas. Na Argentina, a incompetência que perdura por anos no relacionamento com produtores de carne derrubou a capacidade do país de produção, que hoje é um terço do que produzia em 1990. A Argentina deixou de ser um grande fornecedores mundial de carne. Como o Texas tem sofrido muito com eventos climáticos, o rebanho americano também despencou. No caso do trigo, soja e milho, a dramática quebra de safra dos EUA reduziu os estoques, tornando os preços mais vulneráveis a qualquer choque de oferta.

Dois dos instrumentos de manutenção da inflação sofreram avarias. Na área fiscal, não há mais credibilidade. A excessiva utilização das manobras contábeis convenceram analistas que os números das contas públicas não valem o que está escrito. A Fazenda tem sido uma fonte de expansão de gastos, quando em outras equipes foi a fonte de contenção de despesas. Na área monetária, a despeito do declarado compromisso do BC com a manutenção da inflação dentro da meta, há um temor de que ele não possa usar sua principal ferramenta se necessário: a taxa de juros.

A tentativa de aquecer o consumo através de endividamento é uma fórmula esgotada. Mesmo assim, esta semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi dizer aos banqueiros que o crédito está crescendo muito devagar para o gosto dele. Cresceu a 16% em 2012. O país, a continuar nesse ritmo, corre o risco de overdose de crédito com tudo o que isso significa de perigo.

O quadro internacional está mais tranquilo e isso contém a volatilidade dos ativos, própria de períodos de muita turbulência e incerteza. Mas, se houver uma recuperação mais forte, um ponto que não está no cenário pode entrar: a elevação dos preços de commodities. E isso é imediato: ontem de manhã saiu notícia do saldo comercial chinês acima do esperado e imediatamente o petróleo começou a subir.

O mercado de trabalho aquecido - que é uma ótima notícia para os trabalhadores e para o consumo - representa custos para as empresas. A indústria encolheu no ano passado, mas o valor da folha de pagamentos no ano subiu 4,3% em termos reais.

O quadro inflacionário está batendo na atividade. A inflação reduz poder de compra e não ajuda a recuperação. O Itaú soltou relatório analisando que a recuperação está mais lenta do que previa, e por isso está revendo o PIB de 2013 para 3%, e o de 2014, para 3,5% .

Tudo muito esticado - CELSO MING


O ESTADO DE S. PAULO - 09/02

Depois de alguma vacilação, o governo deu nesta sexta-feira indicações sobre até que ponto pretende usar o câmbio como âncora dos preços. Falta saber até onde poderá trabalhar com esses novos parâmetros - ou com outros.

A inflação já dava mostras de que estava solta demais. No dia 28, o Banco Central antecipou a rolagem de contratos de compra de dólar no mercado futuro (swap cambial), indicando que não lhe interessava o dólar acima dos R$ 2. Assim, o câmbio passou a ser usado para conter a alta de preços, ao menos no segmento de mercadorias que podem ser importadas e que, com um dólar mais baixo, desembarcariam mais baratas em reais por aqui.

Mas veio essa inflação de 6,15% em 12 meses. Como o Banco Central não tem autorização para derrubar os juros, passou a usar o câmbio como freio.

Na quinta-feira, quando o câmbio oscilava em torno de R$ 1,96, em entrevista à agência Reuters, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avisou que não deixaria que o dólar caísse para abaixo dos R$ 1,85. Muita gente entendeu que aí estava o novo piso agora admitido. Como as cotações estavam perto de R$ 1,96, o mercado desconfiou de que o governo toleraria uma baixa para perto de R$ 1,85. Foi quando o Banco Central interveio com nova de compra de moeda estrangeira no câmbio futuro, o que desfez essa aposta.

O governo está "desconfortável" com esse novo patamar da inflação, que deverá permanecer acima de 6% ao ano, ao menos neste primeiro semestre, com risco de que sobrevenha novo fator inflacionário, como essa inflação dos cigarros, do tomate, do arroz e do feijão em janeiro. Em outras palavras, o momento é de inflação em 12 meses mais perto do teto da meta (6,5%) do que em recuo.

Falta saber que mecanismos o governo está disposto a usar para o contra-ataque à inflação. Aparentemente, nem o Banco Central nem as autoridades da Fazenda têm clareza sobre isso. Uma saída seria levar mais a sério a disciplina das contas públicas. Menos despesas equivaleria a menos contribuição dos governos para a demanda e, assim, menos pressão sobre os preços. Mas as últimas indicações do ministro Mantega vão na direção oposta. Declarou que vai cumprir do jeito dele o superávit primário de 3,1% do PIB em 2013. A proposta inicial implicaria separar cerca de R$ 155 bilhões da arrecadação para pagamento da dívida. Mas Mantega disse que vai mudar os critérios desses cálculos, que, na prática, reduzirão o superávit.

A questão de fundo está em saber até quando o governo Dilma pode seguir com tantos resultados ruins e até que ponto esses resultados terão impacto sobre seu projeto mais importante que é o de garantir a reeleição em 2014.

Se o Banco Central não pode voltar a puxar os juros para cima; se tampouco pode derrubar demais o câmbio; e se a Fazenda não pretende cumprir à risca a meta do superávit primário, estamos sem saber como a inflação será controlada. Todas as políticas estão esticadas demais, sujeitas a imprevistos.

Por enquanto, as autoridades se limitam a apostar em que a inflação não salte para além dos 6,5% em 12 meses. Mas isso aí é agir como goleiro já batido, sabedor de que não vai alcançar a bola e que fica na torcida para que ela vá para fora.

Com as chuvas, o volume de água estocado nos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste vai subindo e, aos poucos, se distancia do limite de segurança da qual se aproximava perigosamente em janeiro. É o que está mostrado o gráfico.

Areia demais.

A diretoria da Petrobrás esclarece que há uma incorreção na Coluna intitulada Areia demais: a presidente da Petrobrás, Graça Foster, não disse que "resultados ainda piores podem vir em 2013" - como está na no texto. Ela afirmou que "o ano de 2013 é um ano mais difícil do que o de 2012".

A política comercial hiperativa de Dilma - PEDRO DA MOTTA VEIGA E SANDRA POLONIA RIOS

 ESTADO DE S. PAULO - 09/02

O governo Dilma Rousseff chega à metade do seu mandato dando mostras de permanente ativismo na área de política comercial e de política de investimentos e produção. Nosso balanço "de meio de caminho" dessas políticas do governo ressalta cinco características.

A prioridade permanente. A preocupação central dessas políticas foi, em todo o período, o desempenho da indústria. Essa prioridade já havia emergido ao final do governo Lula, mas foi reforçada com Dilma. A estratégia defensiva explicitada pela política de proteção tarifária e não tarifária, o uso das compras do governo como instrumento de política e o ativismo do BNDES no apoio aos investimentos e à produção são manifestações desta clara prioridade.

O diagnóstico mutante. O diagnóstico governamental dos fatores responsáveis pelo fraco desempenho da indústria brasileira evoluiu significativamente. No início, o governo Dilma atribuía ao câmbio a origem dos problemas de competitividade do setor. Desvalorizado o câmbio e não tendo a indústria reagido no plano doméstico, ou nas exportações, o diagnóstico voltou-se para fatores relacionados aos custos de produção da indústria, às deficiências e aos custos de utilização da infraestrutura de transportes e energia, enfim, ao que em outra época se denominava "custo Brasil". A evolução no diagnóstico é muito positiva, mas seus resultados estão muito aquém do desejável, em razão de uma terceira característica da gestão Dilma nesta área de política.

A discriminação como método. Essa terceira característica diz respeito ao fato de que os problemas de competitividade da indústria têm sido atacados por meio de mecanismos e instrumentos cujos traços mais nítidos são o foco setorial e o decorrente caráter discriminatório dos incentivos e da proteção que materializam as políticas. Os exemplos mais notáveis são os incentivos ao setor automotivo e a proteção adicional que beneficiou produtos e setores intermediários, partes e peças e bens de capital, pela elevação da tarifa de importação.

A despreocupação com os custos. A aparente desatenção em relação aos custos das políticas adotadas é a quarta característica do governo Dilma nesta área. As seguidas injeções de recursos do Tesouro no BNDES para que este reduz a taxas de juros - em muitos casos já hoje negativas, em termos reais - parecem ser uma sequência de decisões cujos custos para a sociedade seriam irrelevantes. Além disso, políticas de proteção a setores específicos geram custos elevados para setores usuários dos produtos protegidos e comprometem sua competitividade. Tais custos são ignorados pelo governo.

A desimportância do mundo. A quinta característica do governo Dilma nesta área é a irrelevância da dimensão externa das políticas. Aqui, a novidade é o crescente distanciamento do País das regras comerciais da OMC, cujo melhor exemplo é o novo regime automotivo. Menos nova é a irrelevância atribuída às negociações comerciais no menu de políticas do Brasil. Trata-se aí de herança dos governos Lula: esvaziamento das agendas de negociação comercial, como resultado da submissão destas a objetivos e visões políticas que valorizam as relações Sul-Sul (sem por isso gerar nenhum resultado na esfera das negociações comerciais) e evitam tratativas com os países desenvolvidos.

O que veremos nos dois anos restantes do mandato de Dilma, nesta área de política? Provavelmente,mais do mesmo, se tomarmos como base o quadro atual e a ele agregarmos o fato de que o calendário eleitoral atiçará a criatividade dos formuladores de política.

No atacado, assistiremos muito provavelmente ao encurtamento do horizonte temporal que serve de referência à formulação de políticas: a busca de resultados imediatos se sobre por á mais e mais a preocupações com os efeitos e impactos não imediatos - entre os quais os custos - das políticas adotadas. No varejo, esforços adicionais focados em setores específicos e pautados pelo diagnóstico de que a competitividade da indústria depende de avanços na agenda do custo Brasil, mas dificuldades de implementação desta agenda em função dos compromissos e da visão de política do PT e seus aliados.

Greve contra o futuro - KÁTIA ABREU

FOLHA DE SP - 09/02

O monopólio da contratação de mão de obra no porto público é um cartel de privilegiados


São notórias a ineficiência e a falta de competitividade que dominam os portos brasileiros. Privatizados no governo Fernando Henrique Cardoso, são operados na pretensão de manter a exclusividade eterna, como se fossem um fechado clube de amigos: quem está fora não entra, quem está dentro não sai.

E, nesse modelo, contêineres das mais diversas mercadorias, que circulam com velocidade por todo o mundo, adormecem em navios e portos brasileiros, elevando o preço da carga às alturas.

É explosiva a combinação de burocracia e corporativismo. Isso vale para o setor empresarial, quando não consegue viver sem o Estado, e para a esfera sindical trabalhista, quando faz do bloqueio da livre concorrência a lei de ferro para manter privilégios.

Verdadeira vanguarda do atraso, os dois setores se unem para construir uma reserva de mercado que conspira contra a modernização do processo de movimentação de cargas em nossos portos.

Articulados, hoje pressionam o governo contra essa nova abertura dos portos. "Não mais às nações amigas, mas às forças produtivas do país e à iniciativa privada", como bem disse a presidente Dilma, ao lembrar feito de D. João 6º.

Dois séculos atrás, o rei pôs fim ao monopólio comercial do Brasil com Portugal, desencadeando o processo que culminou com a a nossa independência.

É inegável que a abertura dos portos para o capital privado, prevista na Medida Provisória 595 de 6 de dezembro de 2012, representa significativo avanço, ao eliminar a distinção entre movimentação de carga própria e carga de terceiros.

É isso que tem limitado a exploração de instalações portuárias autorizadas e impedido que empresários se associem para construir e operar novos portos.

O monopólio da contratação de mão de obra no porto público, feito pela mais arcaica organização sindical trabalhista -o Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO)-, é um cartel de privilegiados.

Esse cartório arranca do empresário e do Estado tantas regras que, ali, a exceção é carregar ou descarregar contêineres.

Aqui, o preço para atracar um navio médio (de 20 mil a 30 mil toneladas) atinge a impressionante cifra de US$ 14 mil para uma operação que leva cerca de duas horas.

Já em portos dos Estados Unidos com características semelhantes aos nossos, o preço da atracação não chega à metade.

No Brasil, os práticos que atracam os navios formam uma casta de cerca de 400 milionários.

Recebem salários mensais situados majoritariamente na faixa dos R$ 150 mil a R$ 300 mil, como se habitassem um mundo acima da realidade da economia e da razoabilidade do mercado.

Visto que tudo é transferido ao preço das mercadorias, os exportadores perdem competitividade e os importadores repassam a nossos consumidores a conta do absurdo. Mas nem assim o prático vem à luz do dia se explicar.

A livre contratação de mão de obra sempre foi uma das maiores lutas de trabalhadores mundo afora. Um porto competitivo, além de empregar mais, pode pagar mais a seus trabalhadores.

Os que agora se insurgem contra a MP dos portos são contra o desenvolvimento econômico e a melhoria de vida dos portuários.

É estranho que uma forma nova de gestão em um porto privado incomode tanto um setor que não estará impedido de seguir mantendo a gestão privada e o regime especial de trabalho (OGMO) em um porto público.

Afinal, por mais exótico que pareça, o OGMO está mantido no texto da MP. Além disso, a estrutura fiscalizadora e arrecadadora do Estado estará presente nos dois modelos, igualando os custos fixos de seu funcionamento.

Ao ameaçar greve contra a Medida Provisória, entidades patronais e de trabalhadores que operam os portos públicos ameaçam fazer greve contra o futuro. E não escondem a realidade.

Como não se constrói um porto da noite para o dia, o atual monopólio que a MP derruba reage, em verdade, contra sua única possibilidade de justificação: a obrigação de ser melhor que a concorrência que quer evitar.

Inflação preocupante - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S. PAULO - 09/02

Com os preços em disparada, o ano começou mal para as famílias brasileiras e com sinais agourentos para o governo da presidente Dilma Rousseff. Nenhum outro país emergente vem enfrentando, como o Brasil, a combinação de custo de vida em alta e produção estagnada, uma das grandes marcas da economia nacional nos últimos dois anos. As perspectivas de expansão da atividade parecem melhores em 2013 do que no biênio anterior, mas as pressões inflacionárias continuam preocupantes, embora as autoridades apostem, pelo menos oficialmente, numa melhora gradual do quadro. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 0,79% em dezembro para 0,86% em janeiro e atingiu a maior variação mensal desde abril de 2005, segundo informou na quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta acumulada em 12 meses chegou a 6,15% e continuou a distanciar- se da meta fixada pelas autoridades de 4,5%. Não há ainda sinal, no entanto, de uma política anti-inflacionária mais firme que a adotada a partir de agosto de 2011, quando o Banco Central (BC) passou a reduzir os juros.

A hipótese de um aumento de juros já foi considerada nos mercados, depois de o presidente do BC, Alexandre Tombini, descrever o quadro atual como desconfortável, mas ainda é tratada como improvável. Os dirigentes do BC reafirmaram no fim de janeiro, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a expectativa de uma acomodação dos preços ao longo de 2013. Reiteraram também a disposição de manter a atual política por um "período suficientemente prolongado".

Esse é um jogo de alto risco. A experiência já desmentiu no ano passado algumas das previsões mais importantes do Copom. A inflação, segundo o pessoal do BC, vinha sendo impulsionada principalmente pelos preços internacionais dos produtos agrícolas. A crise global derrubaria esses preços. Oscilaram, de fato, mas voltaram a subir. O governo cumpriria a meta fiscal e isso também ajudaria a conter as pressões inflacionárias. Também essa projeção foi errada. No fim do ano, o Ministério da Fazenda recorreu a uma porção de truques para maquiar o resultado das contas públicas. Além de tudo, outros fatores, além dos preços internacionais das commodities, alimentaram fortemente a inflação. Os fatos, portando, desmentiram tanto o diagnóstico quanto os prognósticos oficiais.

Os fatos continuam desmentindo a avaliação oficial dos técnicos e dirigentes do BC. A alta dos preços das matérias-primas é apenas um dos componentes do quadro. Os números mostram um cenário mais complexo e um problema bem mais grave. Em dezembro, aumentos de preços foram registrados em 70% dos itens componentes do IPCA. Bastaria isso para desmentir a tese de uma inflação associada a uma classe única de fatores. Em janeiro esse indicador de difusão chegou a 75%, denunciando um alastramento ainda mais amplo.

É fácil entender esse quadro quando se levam em conta o alto nível de emprego, a expansão da massa de rendimentos, o rápido aumento do crédito e a expansão do gasto público, apesar das dificuldades orçamentárias em fase de estagnação econômica. Curiosamente, o próprio Copom, em sua última ata, menciona "a maior dispersão" dos aumentos de preços ao consumidor, a "estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho", as perspectivas de uma demanda interna ainda robusta e, afinal, a "posição expansionista das contas públicas".

Alguns desses fatores haviam sido apontados em documentos anteriores do Copom. No entanto, as decisões sobre a política monetária foram tomadas, ao longo do ano, como se esses problemas devessem esgotar- se nos meses seguintes, sem deixar marcas no sistema de preços. Esse otimismo, até agora contrariado pelos fatos, parece manter-se. O governo continua confiando em medidas tópicas, destinadas a conter este ou aquele preço (da eletricidade, por exemplo), como remédios contra a inflação. Que um governo com inclinações populistas faça isso é até compreensível. Chocante, mesmo, é a passividade do BC.

Improviso e faz de conta - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 09/02


O governo reitera sua disposição para o excesso de criatividade na gestão das contas públicas.

Enviou ao Congresso um projeto para alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias que autoriza reduzir em mais R$ 20 bilhões a meta de superavit primário (economia destinada a pagar a despesa de juros). A nova folga assim obtida se refere a desonerações de impostos.

Além disso, o Planalto já havia lançado mão do desconto de R$ 45,2 bilhões em despesas do Programa de Aceleração do Crescimento. A redução total no esforço para conter gastos governamentais, portanto, é de R$ 65,2 bilhões.

Se toda essa folga contábil for utilizada, a meta atual de superavit primário cairia de R$ 155,9 bilhões (3,1% do PIB) para R$ 90,7 bilhões (1,8% do PIB).

A equipe da presidente Dilma Rousseff, com isso, só faz acentuar a insegurança quanto a seu real compromisso com uma gestão austera das finanças governamentais -não bastasse o vexame do final de 2012, com os malabarismos contábeis de última hora para atingir a meta compromissada.

Beira o surrealismo econômico classificar esse desconto adicional como investimento, pois boa parte do valor a ser abatido proviria de desonerações à indústria de bens de consumo. E a justificativa de que um saldo de 1,8% do PIB permitiria reduzir mais a dívida líquida (que já caíra a 35% do PIB no final do ano), apesar de procedente, faz tábula rasa dos riscos advindos da erosão na credibilidade do governo.

Muitos analistas argumentam que o indicador a vigiar é a dívida bruta (que abrange o passivo de todos os entes de governo, como o BNDES), hoje próxima a 59% do PIB. E ela tem crescido.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, alega que seria pior uma redução explícita da meta, em lugar dos subterfúgios encontrados, pois isso diminuiria a margem de manobra do Executivo quanto ao Orçamento e estimularia no Congresso a tentação de criar novas despesas permanentes. Esta é a única justificativa minimamente razoável para a medida.

Isso só ocorre, contudo, porque a gestão orçamentária está fora do controle da sociedade, que deveria ser exercido por meio de um Congresso responsável e investido dessa função. Hoje, o Orçamento votado é autorizativo, não mandatório, o que contribui para um jogo de faz de conta: o Legislativo aprova uma Lei Orçamentária ficcional, e o Executivo finge que a cumpre.

Soa como ingenuidade, porém, esperar do Congresso que emerja de sua irrelevância na matéria, para além de reivindicar mais espaço para as emendas paroquiais dos parlamentares, e do Planalto que abandone o improviso arbitrário.

Novo ataque de Cristina K. à imprensa independente - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 09/02

Proibição de supermercados e redes de varejo publicarem encartes nos jornais é um novo golpe para inviabilizar veículos críticos do governo



Com um tiro do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno — o congelamento de preços até 1º de abril —, a Casa Rosada quer atingir três alvos: a inflação, as demandas sindicais por salários e, soube-se depois, mais uma vez a imprensa independente. Explica-se: junto com o congelamento veio a proibição de que os supermercados e redes de varejo de Buenos Aires publiquem na imprensa encartes com anúncios e promoções.

As duas questões, inflação e liberdade de imprensa, são tratadas de forma inadmissível pelo autoritário governo de Cristina Kirchner. A Argentina acaba de receber censura formal do FMI por maquiar o índice de preços, o que acontece desde a intervenção de Moreno no Idec (um IBGE), no início do atual governo. A inflação oficial está em 10,8% ao ano, enquanto a real supera os 25%.

O congelamento, sabidamente ineficaz, foi adotado para maquiar a inflação. De quebra, será usado para solapar as reivindicações dos sindicatos, que querem reposições da ordem de 30%, próximos da inflação verdadeira. Porém, a medida mais maquiavélica é a última — a proibição, impossível num país de fato democrático, de que sejam publicadas encartes com ofertas e promoções nos jornais ou anúncios deste tipo nos canais de TV, obstruindo uma das principais fontes de receita dos meios. É apenas a mais recente das ações do governo K para acabar com a imprensa livre na Argentina. Desde o início, isto vem sendo feito com a manipulação das verbas publicitárias: os veículos da rede oficial — que não para de crescer —, e os favoráveis à Casa Rosada, são agraciados com generosos recursos públicos, que deixaram de ir para os que insistem o papel crítico, próprio da imprensa responsável, profissional.

Em seu afã de controlar a informação, o kirchnerismo declarou de interesse público a produção de papel-jornal, ao fazer uma virtual expropriação do controle da empresa Papel Prensa, dos grupos Clarín e La Nación, e da qual o Estado era sócio minoritário. Também com mão pesada, estatizou as transmissões de futebol, transferidas de canais privados (Clarín) para a rede oficial, repleta de altas doses de promoção do governo e ataques aos adversários.

A principal ação do governo foi aprovar num Congresso sob controle a Lei de Meios, destinada a “regulamentar” a mídia. O objetivo é claro: esquartejar grandes grupos de comunicação, que dependem menos de verbas oficiais, em especial o grupo Clarín. Este teria de vender grande parte de seus canais de TV a cabo e concessões de rádios, que certamente acabariam em mãos de empresários favoráveis à Casa Rosada.

Algumas dessas ações autoritárias ainda esbarraram na Justiça, como a da Papel Prensa e a aplicação total da Lei de Meios, também sob exame judicial. O pior é que, à medida que a situação econômica e social do país fica mais difícil, mais agressiva se torna a Casa Rosada. O custo da luta do kirchnerismo para sobreviver está sendo a própria democracia.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

“Ninguém valoriza o timoneiro que só navega por águas calmas”
Ministro Luiz Inácio Adams (Advocacia-Geral da União), especialista em tormentas


FORAGIDO DA JUSTIÇA, VACCARI É ASSÍDUO EM ITAIPU

Réu na Justiça de São Paulo por formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, o ex-tesoureiro da falida Cooperativa Habitacional dos Bancários João Vaccari Neto, tido como em “lugar incerto e não sabido”, pode ser encontrado no escritório da Itaipu Binacional em Brasília, onde bate ponto no conselho da empresa, ganhando R$ 16 mil mensais. Itaipu garante que ele é assíduo.

TOP SECRET

A assessoria de Itaipu não informou a última reunião do conselho com a presença de João Vaccari Neto e quanto ele embolsa.

ESCONDE-ESCONDE

O advogado de Vaccari informou que o ex-secretário de Finanças do PT, “sumido” há dois anos, responderá no prazo.

CAIXA REGISTRADORA

O ex-tesoureiro da campanha de Dilma e o ministro Celso Amorim (Defesa) engordam os contracheques como conselheiros de Furnas.

FIM DE CASO

Aceita pela Justiça, a denúncia do Ministério Público contra a Bancoop envolve empresas como a Caso, do aloprado segurança Freud Godoy.

GOL DÁ PREJUÍZO E AINDA DESRESPEITA CADEIRANTE

O desrespeito das empresas aéreas à clientela atinge níveis absurdos. Há 67 dias, Janaína Aguilera, 23, fez o voo Belém-Brasília-Curitiba e, no destino, soube que a empresa havia quebrado sua cadeira de rodas. Ela e o pai, Paulo Gonzáles Aguilera, tenta desde então resolver o problema, receber a cadeira de volta. Em vão. Só ontem, interpelada pela coluna, a GOL prometeu devolvê-la “na próxima semana”.

A DESCULPA

A GOL danificou a cadeira de rodas de Janaína em 2 de dezembro, e alega que mais de dois meses depois ainda não obteve as peças.

ATLETA PREJUDICADA

Sem cadeira, Janaína Aguilera, atleta de esgrima, está impossibilitada de atender à convocação do Comitê Paraolímpico Brasileiro.

ANAC: COMO PILATOS

Ao receber a queixa de Janaína contra a GOL, a Agência Nacional de Aviação Civil lavou as mãos, mostrando a quem serve.

PORRE FATAL

Em vão, o governador Sergio Cabral tentou convidar Dilma para estar em seu camarote, no Rio, para o desfile das escolas de samba. Além de outros motivos de profilaxia, o porre que Cabral tomou há dois anos ainda escorre na memória dela.

CARGA PESADA

A estatal ferroviária tenta, mas só erra: o Ministério Público da Bahia apreendeu de uma terceirizada 180 veículos pesados com supostas placas clonadas numa obra da Integração Oeste-Leste em Tanhaçu.

BLOCO FORMADO

Dilma recebeu Alfredo Nascimento e Carlos Lupi, dois ex-ministros (Transportes e Trabalho, respectivamente) que colocou no olho da rua com humilhação. Falta receber Wagner Rossi (Agricultura) e Orlando Silva (Esporte), e assim formará o bloco “Olha eu aqui outra vez”.

MIRONGA DO KABULETÊ

O Brasil tem a partir de hoje embaixada no reino de Toga, Pacífico Sul. Na capital Nuku’alofa, onde vivem 30 mil pessoas, há 4 mil moradias, segundo o censo de 2006.

PORTEIRA FECHADA

Softwares incriptados de quarta geração compõem o pacote da empresa V.H. Blackinton, que faz o serviço secreto dos EUA e deverá monitorar a vigilância da Copa no Rio: smart cards e peritos on-line, via GPRS e GSM, impedirão roubo e falsificação de ingressos.

TERRA DE CEGOS

Com bancos de órgãos vazios, importar córneas para transplante no Brasil virou negócio de risco: caducam com a enorme burocracia. Um médico ouviu de uma agente da Anvisa no Rio, tascando o carimbo: “Não precisamos de córneas imperialistas dos EUA”. Incinerou tudo.

MAIS IGUAL QUE OS OUTROS

O médico do aspone Marco Aurélio Garcia, o Top-Top, afirmou em Brasília que ele foi atendido no SUS “como qualquer cidadão”. Qualquer cidadão poderia esperar até durante meses por uma vaga.

MENOS UM, CLARO

Ligações seguidas para a central de atendimento da Claro levaram um leitor a desistir de uma vez dessa operadora. Em uma tentativa, digitou 9 para falar com atendente e esperou uma hora, até cair a ligação.

ME LEVA

O porra-louca Mahmoud Ahmadinejad fará o primeiro voo espacial do Irã. Pelo andar do “Rosegate”, seu amigo Lula pode pedir uma carona.


PODER SEM PUDOR

CENSURA NA FONTE

O comício de Leonel Brizola atraiu uma multidão, em Cruz Alta (RS). "De 10 a 12 mil pessoas", exultou dr. Schmidt, médico e prefeito da cidade, da janela da prefeitura. Mas, de repente, naquela época pré-celular, ouviu uma jovem repórter ao telefone: "...um fracasso, no máximo 1.500 pessoas".

- Não faça isso. A senhora está mentindo. Tem várias vezes mais pessoas.

- A notícia é minha. Mando a que quero.

- Pois o telefone é meu - disse ele, arrancando-lhe o aparelho das mãos - e nele você não manda mentira.

SÁBADO NOS JORNAIS


Globo: Oficiais da PM fizeram guarda ilegal para Liesa
Folha: Mantega fala em piso para dólar e agita mercado
Estadão: TCU vê irregularidades e veta R$ 800 milhões a tribunais
Correio: A inflação está se divertindo nas baladas
Estado de Minas: A nova cara da velha aula
Zero Hora: MP investiga prefeitura e Estado no caso da boate