sexta-feira, novembro 08, 2013

Ele foi o rei da pamonha --ups, errei! - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 08/11

Rei do W.C. --ups, errei de novo!--, Alexander foi um Papai Noel fora de hora para paulistanos nesta semana


O primeiro mandamento do "rei do camarote" é ser uma florzinha enrustida com sorriso de porcelanato da C&C.

Não! Não! Não! Que zona é essa? Peço mil desculpas, tenho andado esquisita, há algo errado com meu segundo chacra, vamos começar tudo de novo.

Alô, prefeito Haddad! Queria su­gerir que São Paulo entregasse uma comenda a um cidadão que nesta semana proporcionou alegrias à ci­dade como há muito não se via.

Refiro-me, é evidente, ao singelo Alexander Augusto de Almeida, ocupação: não importa, denomina­do pela revista "Veja São Paulo" de "rei do camarote" e indivíduo que usa a mesma régua para medir longo prazo que a liderança do grupo Procure Saber.

Alexander irrompeu a semana fa­zendo a felicidade da própria revis­ta que o perfilou. Acelerando sua Ferrari lá da zona leste em direção à fama, ele fez com que o site da pu­blicação, que andava meio na som­bra, ganhasse 2 milhões de acessos em apenas quatro dias.

Ele capturou o coraçãozinho do paulistano sem fazer nenhum es­forço extra, além daquele de que já se empenha cotidianamente, que é garantir o pão de cada dia na mesa das profissionais a quem contrata, digo, seduz, com seu charme traba­lhado no plástico do cartão de cré­dito.

Alô, prefeito Haddad? O Senhor continua me ouvindo? É que a liga­ção do meu celular da Cielo parece estar falhando. Deve ser o meu Visa que está dando pau. Melhorou?

Então, para quem viu o vídeo, uma das trocentas paródias feitas a seu respeito ou leu a capa da tão co­mentada "Vejinha" do último do­mingo, o Alexander conseguiu um feito inacreditável.

Ele fez com que cada um de nós, comuns mortais, nos sentíssemos lindos, gostosos, satisfeitos com o que temos e, sobretudo, super bem-comidos. O cara funcionou como um Papai Noel que chegou antecipado. O senhor não entende­ria nada sobre esse assunto, prefei­to Haddad, porque já nasceu boni­tão, mauricinho e abençoado e nunca precisou camelar para pegar ninguém. Mas posso lhe dar dois exemplos para esclarecer melhor o que estou tentando dizer.

Conversei sobre o Alexander nes­ta semana com o rapaz que conser­ta meu computador, um garoto de 22 anos que não é exatamente um Cauã Reymond ou ganha salário de executivo. Ele disse o seguinte: "Ué? Eu vivo pegando mulher no banheiro da balada e só preciso pa­gar o preço da entrada".

Em outra conversa, no percurso entre Interlagos e os Jardins no congestionamento monstro da úl­tima quarta, o motorista do táxi ra­ciocinou comigo: "Dos R$ 50 mil que o Alexander gasta numa noite, eu guardaria R$ 49 mil para trocar meu carro, daí fecharia minha rua, gastaria R$ 1 mil comprando muita cerveja e carne para churrasco, fa­ria uma festança que duraria um fim de semana inteiro e ainda apro­veitaria para pegar quatro vizinhas que eu acho que são a fim de dar pa­ra mim".

Sentiu a parada, prefeito? Nosso Alexander merece uma medalha. Camarada ainda por cima é humil­de à beça. Consegue ir na Armani, Gucci e Burberry's do shopping e sair de lá vestido como se tivesse passado por um outlet de Kansas City. É um verdadeiro São Francis­co em matéria de despojamento. Quem de nós não gasta bem menos e se veste mil vezes melhor?

Só falta agora o pessoal da Receita "instagramar" o momento do pente fino na declaração de renda dele, né, prefeito? Hashtag glamour.

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