sexta-feira, outubro 04, 2013

Tragédia que rouba o futuro - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 04/10
Pesquisa divulgada pela Codeplan mostra que o Distrito Federal vive tragédia similar à das demais unidades da Federação. A educação continua em crise. Talvez crise não seja a palavra mais adequada. De tão longa, a agrura perdeu o caráter agudo. Tornou-se crônico. Sem resposta oportuna, os problemas se ampliam, se agravam e dificultam a solução.
Pior: criam estoque de cidadãos derrotados pelo descaso sem possibilidade de recuperação futura. O infortúnio começa na primeira infância. Faltam creches para 76,9% das crianças de até 3 anos. Mesmo as pedras conhecem a importância da atenção dada a meninos e meninas desde a mais tenra idade. Ali eles fincam a base que lhes sustentará os passos seguintes.

Sem os alicerces, faltará solidez ao edifício que se construirá ao longo dos anos. Dificuldades vão se arrastando e desembocarão nos níveis mais avançados. A reprovação no ensino fundamental, embora tenha níveis inferiores aos nacionais (13,3% contra 22,6%), está muito aquém dos exigidos internacionalmente, que não ultrapassam 3%. Os que prosseguem carregam na bagagem as deficiências que pesarão mais à frente.

As falhas acumuladas respondem por ato importante do drama em que se transformou o nível médio. Evasão e reprovação atingiram índices inaceitáveis - 9,9% e 23%, respectivamente. Em consequência, a distorção idade-série chega a 35,5%. Além de currículos sobrecarregados, desinteressantes, voltados para o passado e incapazes de responder às expectativas dos rapazes e moças, a defasagem acumulada nos anos precedentes contribui para a interrupção precoce dos estudos.

Fugir do sistema tem preço alto. De um lado, empurra os ex-estudantes para o exército do crime organizado. Não se deve ao acaso o perfil da População carcerária brasileira - jovens com baixa escolaridade. De outro, perpetua a pobreza. A educação é a única escada apta a promover democraticamente a ascensão social. Ela dá acesso às universidades de ponta e aos empregos com remuneração cobiçada. Ao falhar, rouba o futuro de gerações.

O prejuízo é abrangente. Perde o indivíduo. Perdem as famílias. Perde o país. No mundo globalizado, o conhecimento distingue vencedores e derrotados. Nação incapaz de contar com elite inovadora e mão de obra competitiva condena-se ao subdesenvolvimento. Nenhum país atingiu o status de desenvolvido com educação subdesenvolvida.

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