quarta-feira, setembro 04, 2013

Marina e a floresta - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 04/09

A ex-senadora Marina Silva está prestes a viabilizar o seu partido, a Rede Sustentabilidade. Seria um espanto não conseguir legalizar a agremiação por causa da burocracia dos cartórios eleitorais. Dos nove estados nos quais precisa se estabelecer para obter o registro, já garantiu sete: Santa Catarina, Tocantins, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia, Acre e Mato Grosso do Sul. Oito aguardam decisão da Justiça Eleitoral.

Pelo andar do processo, apesar das dificuldades, conseguirá viabilizar sua candidatura a presidente da República em legenda própria. Ou seja, com um partido zero-quilômetro, em sintonia com muitos dos corações e mentes que ocupam as ruas das cidades brasileiras e que estão contra quase tudo o que está aí na política.

Marina Silva é uma ex-seringueira acreana que enxergou a floresta. Metabilizou as manifestações que se multiplicaram pelo país. Graças a isso, muito mais do que pelo recall das eleições passadas, ocupa posição eleitoral privilegiada no campo da oposição. Sem tempo de televisão, nem arco de alianças políticas, muitos analistas calculam que não conseguirá manter a atual posição — 26% de intenções de voto — quando começar pra valer a campanha eleitoral. Essa é uma aposta lógica de quem vê a eleição de 2014 como uma “guerra de posições”, polarizada pela tevê. Essa pode ser uma avaliação equivocada numa “guerra de movimento” pautada pelas redes sociais. Eis a grande incógnita das próximas eleições.

Filiações
Das 492 mil fichas de filiação da Rede Sustentabilidade entregues à Justiça Eleitoral, 330 já mil foram aprovadas. Sem contar as recusadas, aguardam validação nos cartórios 250 mil

O que fazer?
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), classificou como mera especulação o ingresso do tucano José Serra (PSDB-SP) na legenda até amanhã. Muito pressionado pelos aliados, o ex-governador paulista disse-lhe que ainda não decidiu seu destino. Amanhã, haverá reunião da Executiva da legenda em Vitória, para decidir o rumo que o PPS irá tomar.

Frente da Reforma// Foi lançada ontem a Coalizão Democrática por Reforma Política e Eleições Limpas, na sede da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com participação de 100 organizações não governamentais. É liderada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Cautela
O Palácio do Planalto baixou o tom contra os Estados Unidos, pelo menos até a conversa de Dilma Rousseff com o presidente americano, Barack Obama, no encontro do G-20, em São Petersburgo, na Rússia. Ontem, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (foto), evitou comentar a nota do Departamento de Estado dos EUA, que explica que “colhe inteligência estrangeira do tipo coletado por todas as nações”.

Go home
Foi instalada ontem no Senado a CPI da Espionagem. Estava articulada desde junho pelo PT e pelo PCdoB. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) preside a comissão. O partido dela tem relações históricas com o PC chinês e vê os Estados Unidos como o inimigo principal.

Dissenso
A relação entre uma ala do PMDB e o líder Eduardo Cunha (RJ) está complicada. Na tarde de hoje, quando a reunião da bancada estava no fim, Esperidião Amin (PP-SC) entrou fazendo graça: “Com licença, posso usar a palavra ali, deputado?”, disse, dirigindo-se a um peemedebista que estava mais perto da porta. O dissidente disparou: “Vai lá, estamos precisando mesmo de um novo líder”.

Mais Médicos
A bancada do jaleco no Congresso não chega a um acordo sobre a medida provisória do governo que criou o Programa Mais Médicos. Relator do texto, o deputado Rogério Carvalho (foto), do PT-SE, é pressionado pelo Ministério da Saúde e pela Frente de Defesa da Saúde. A maioria dos deputados médicos, porém, discorda da posição do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre a contratação de profissionais cubanos.

Multiplicação/ A MP nº615 foi aprovada ontem na Comissão Mista, depois de muitas idas e vindas ao Palácio do Planalto do relator Gim Argello (PTB-DF). Foi ampliado de 16 para 52 o número de artigos, passando de três para 35 assuntos, com destaque para a reabertura do prazo do Refis da crise, para empresários endividados com a União.

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