sexta-feira, julho 19, 2013

O próximo bilhão - RODRIGO VIDIGAL

O GLOBO - 19/07

Recentemente, o IDC divulgou indicadores que apontam que houve no Brasil um aumento de 85,7% na venda de smartphones no primeiro trimestre de 2013, chegando a 5,4 milhões de unidades comercializadas no período. Sem dúvida, trata-se de um crescimento importante para o segmento, que demonstra que o caminho em direção à popularização da tecnologia não tem volta e aponta ainda para grandes transformações no futuro. É curioso observar, no entanto, que o País registra um percentual de penetração de smartphones de apenas 18%, abaixo da média global, de 48% no ano passado, de acordo com dados da pesquisa realizada pelo Conecta e pela Worldwide Independent Network of Market Research (WIN).

O índice brasileiro é mais tímido até mesmo entre os registrados em países da América Latina, como o Chile e a Argentina. Para se ter uma ideia, informações do portal chileno Universia dão conta de que seis em cada dez usuários de conectividade móvel daquele país possuem smartphones. Ao mesmo tempo, autoridades projetam que, para 2016, o mercado de dispositivos inteligentes crescerá mais de 18 vezes entre os andinos. Mas qual seria o motivo que levou o Brasil, sexta economia do mundo e fabricante de celulares, a não alcançar um melhor posicionamento nesse aspecto e nem mesmo a liderança da região? A resposta pode estar atrelada a dois fatores importantes, entre eles, o preço dos smartphones, que até há pouco tempo era superior ao valor que o brasileiro poderia gastar com tecnologia. Esse cenário vem mudando, graças à chegada de uma geração de aparelhos com boas especificações e a preços acessíveis. Aliado a essa tendência, vale destacar que o governo federal desonerou, no primeiro trimestre de 2013, a venda de smartphones com valor de até R$ 1.500 de PIS e Cofins. Trata-se de uma iniciativa positiva, que impacta no preço final dos aparelhos, com produtos mais baratos para os consumidores.

O receio dos consumidores de investir em um plano de dados representa, sem dúvida, um obstáculo para a democratização desse serviço e tem origem no perfil cultural do brasileiro. Esse contexto, aos poucos, pode ser mudado, à medida que os novos usuários de smartphones adquiram planos com valores mesmo que modestos e, a partir daí, passem a identificar o nível de serviço de dados de que realmente precisam durante o mês, de maneira planejada e sustentável.

Cabe a nós, fabricantes, assumirmos a responsabilidade de captar as necessidades do mercado e trazer produtos cada vez mais inovadores, não somente em termos de atributos técnicos, mas, sobretudo, na verdadeira transformação do dia a dia das pessoas. A tecnologia tem essa capacidade e precisa ocupar este espaço na sociedade.

A quantidade de smartphones ativos no mundo já ultrapassou 1 bilhão de unidades em 2012, e agora o grande desafio está em potencializar a popularização da tecnologia móvel e tornar possível a chegada do próximo bilhão de telefones inteligentes e de qualidade às mãos dos consumidores.

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