quinta-feira, julho 11, 2013

Fome de elefante - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 11/07

A presidente Dilma Rousseff prometeu, ontem, destinar R$ 3 bilhões aos municípios para gastos com a saúde e a educação. Ao final do discurso, recebeu uma vaia da maioria dos 4 mil prefeitos que participaram da 16º Marcha dos Municípios. Os petistas e alguns aliados bem que tentaram encobrir a vaia com aplausos, mas já era leite derramado. Dilma estava acompanhada de 20 ministros e foi vaiada porque quis matar fome de elefante com alface, para usar uma comparação zoológica.

Por uma diferença de poucas horas, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), também recebeu vaias, ontem, e pelo mesmo motivo. A platéia era formada por secretários de saúde e lideranças do Movimento Mais Saúde, que recolheram 1,5 milhão de assinaturas para um projeto de iniciativa popular que destina 10% do orçamento da União para a área.

As centrais sindicais estão convocando uma greve geral para hoje. A adesão mais maciça está sendo dos sindicatos de professores, que não estão nem aí para os esforços do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, no sentido de obrigar os acadêmicos de medicina a dois anos de residência médica compulsória nas periferias e nos grotões. Querem 10% do PIB e 100% dos royalties para a educação, além da homologação do piso nacional.

Chocolate
O dinheiro anunciado por Dilma Rousseff no encontro com prefeitos será destinado ao pagamento de médicos e professores, além das demais das despesas de custeio com saúde e educação. A primeira parcela será em agosto e, a segunda, em abril de 2014. É muita alface, mas os prefeitos querem é chocolate: a redivisão do bolo tributário, a devolução dos recursos retirados pelo desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a 13ª parcela do Fundo de Participação dos Municípios e o repasse efetivo dos recursos dos programas federais e demais transferências da União.

2 milhões
É o número estimado de trabalhadores que participarão da greve geral convocada para amanhã, em várias cidades do país, pelas centrais sindicais. A estimativa é do deputado Paulinho da Força (PDT-SP).

Plano B
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (foto), retomou suas andanças pelo país e volta a mobilizar os militantes do PSB para a sua pré-campanha. Sábado, promove um encontro de deputados federais e militantes no Rio de Janeiro, “para debater a atual realidade do país e fazer uma análise de conjuntura do momento ímpar que o Brasil está passando, através da participação popular”. Campos posiciona-se para ser o Plano B do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2014.

Centralismo
Foi por solidariedade, e não por convicção política, que a bancada do PCdoB na Câmara embarcou na proposta de colher assinaturas para a apresentação de um decreto legislativo convocando o plebiscito já. O presidente da legenda, Renato Rabelo (foto), em encontro com a presidente Dilma Rousseff, comprometeu-se com o apoio a proposta da presidente da República, e baixou o centralismo nos deputados federais.

Mais uma/ O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), aprontou mais uma cama de gato para a presidente Dilma Rousseff: colhe assinaturas para a redução do número de ministérios. Enxugar a Esplanada seria a maneira de forçar uma reforma ministerial e negociar duro com Dilma.

Desaparecidos/ A presidente Dilma Rousseff sancionou, ontem, a lei que permite às empresas de telecomunicações utilizar suas redes de telefonia móvel para a localização de pessoas desaparecidas. A matéria foi relatada no Senado por Walter Pinheiro (PT-BA), está prevista na Lei 12.841, e altera a Lei Geral de Telecomunicações.

Desfusão/ O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), convocou uma reunião da executiva nacional da legenda para segunda-feira. Na pauta, o fim da fusão com o PMN, que pressiona o PPS para formalizá-la imediatamente. Freire aguarda uma janela para a migração de deputados que queiram trocar de legenda.

Telhado
A candidatura do senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) a presidente da República subiu no telhado. Sua insistência em ir ao encontro da presidente Dilma Rousseff (PT) no Palácio do Planalto pegou muito mal no PSol. Randolfe está de olho é no governo do Amapá.

Cases
Embora não deixe de tocar no tema das manifestações populares, o programa do PV, que vai ao ar hoje à noite, dedica-se sobretudo às boas experiências do partido em cargos executivos. São casos na Bahia, em São Paulo (capital e Osasco) e em Brasília. Dirigido por Luís Jorge Natal, a opção foi encarar os protestos com mais reflexão e calma, apesar das bandeiras do PV coincidirem com a maioria das reivindicações.

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