sexta-feira, julho 12, 2013

A terapia do susto - NELSON MOTTA

O GLOBO - 12/07

O governo é vítima de seu excesso de comunicação, contrastado fragorosamente pela realidade das ruas



Estamos vivendo dias de espanto, com Renan Calheiros se tornando o paladino das forças do bem, ávidas para atender prontamente as reivindicações populares, mesmo cortando na carne do Senado, e com o apoio de Sarney! Estamos dependendo da independência, da grandeza, da integridade e do espírito público do PMDB de Henrique Alves e Eduardo Cunha para evitar desastres armados pelos estrategistas do Planalto e apoiados pelo PT e o PCdoB, como o plebiscito de araque. Que fase!

Seguindo orientação de Lula, 25 governadores, 37 ministros, a base parlamentar aliada e os movimentos sociais foram recebidos pela presidente, filmados e fotografados, mas não falaram nada e nem foram consultados nas propostas e decisões do governo, só ouviram em silêncio, remoendo sua raiva, frustração e impotência. Os prefeitos pelo menos vaiaram.

Pela primeira vez na história deste país, prefeitos recebem dinheiro de um governo e vaiam. Mas todo mundo entendeu que eles não querem um jabá, mas negociar democraticamente a distribuição do Fundo de Participação dos Municípios e depender menos do poder imperial de Brasília. Com o povo de suas cidades bufando nos seus cangotes, os prefeitos querem mostrar serviço, como nunca na história deste país.

Quando 81% dos brasileiros avaliam os políticos como “corruptos ou muito corruptos”, para conter sua voracidade, associada a empresários inescrupulosos e funcionários venais, são criados incontáveis mecanismos de controle, e de controle do controle, aumentando o poder da burocracia e atrasando os projetos e investimentos públicos. Criando mais dificuldades para vender novas facilidades, aumentam a corrupção. São mais mãos a serem molhadas, mas o custo é sempre repassado aos consumidores finais: nós.

Mas o presidente do PT atribui as dificuldades do governo a falhas de comunicação, como se o governo não gastasse mais de um bilhão de reais por ano em triunfais campanhas publicitárias de João Santana vendendo o Brasil Maravilha de Lula e Dilma. Pelo contrário, o governo é vítima de seu excesso de comunicação, contrastado fragorosamente pela realidade das ruas.

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