sábado, maio 04, 2013

Eles transformam a Educação - CLAUDIA COSTIN

O GLOBO - 04/05
Um relatório da pesquisadora Mona Morshed sobre redes de escolas públicas revelou que os sistemas educacionais têm tarefas distintas, dependendo do estágio em que se encontram. Ou seja: o que é necessário para a Coreia ou a Finlândia é bem diferente do que deve ser feito pelo Brasil. Segundo Morshed, caberia à Coreia, depois de ter avançado muito ao priorizar a Educação, descentralizar para fomentar maior criatividade e inovação. No caso brasileiro, ainda faltaria um grande projeto nacional, com um currículo claro, critérios precisos de formação e certificação de professores, melhora expressiva na alfabetização, entre outros.

No Rio de Janeiro, a situação não é diferente. Assim, decidimos implantar um projeto de transformação que passasse por dois movimentos aparentemente contraditórios: voltar ao básico e, ao mesmo tempo, inovar. Inicialmente, estabelecemos um currículo único e claro. Para apoiar o professor, criamos um material estruturado, elaborado por docentes do próprio município. Definimos que nossa rede alfabetiza aos 6 anos e preparamos nosso livro de alfabetização. Ao final de cada bimestre, provas unificadas, de Português, Matemática, Ciências e Redação, para que cada escola possa perceber sua evolução frente à média da rede. Para alunos que aprendem em ritmos diferentes, um sistema forte de reforço escolar.

Aperfeiçoamos também a seleção e a formação de professores, inclusive com prova didática e uma Escola de Formação de Professores. Estas tarefas, próprias de uma escola tradicional, significam um passo para trás para que se possa dar um salto na qualidade da Educação. Mas, enquanto este esforço é feito, a inovação precisa acontecer, para não termos uma escola que forma adequadamente para o século XIX!

Neste sentido, criamos um portal de aulas digitais, a Educopédia. Estas aulas, que seguem o currículo e podem ser projetadas em sala, contêm material para a preparação do professor, vídeos e jogos. Outra inovação é a criação de novos modelos de escola, como os Ginásios Experimentais. São escolas de tempo integral de 7º a 9º anos, com ênfase em excelência acadêmica e protagonismo juvenil, onde o aluno é convidado a, junto com um professor tutor, elaborar seu projeto de vida futura. O Gente (Ginásio Experimental de Novas Tecnologias) foi lançado este ano para permitir que possamos personalizar o processo de aprendizado, sem perder a ideia de cooperação.

O que faz com que estes experimentos não virem ilhas de excelência é justamente a agenda anterior: todas as escolas têm o mesmo currículo básico como referência, a mesma Educopédia e uma ênfase grande em formação de professores. Afinal, são eles que, em cada escola, transformam a Educação!

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