sexta-feira, abril 12, 2013

Inflação dos alimentos castiga os mais pobres - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 12/04

Uma das grandes conquistas da sociedade brasileira nos últimos 20 anos, o controle da inflação está seriamente ameaçado pela irresponsabilidade que marca o atual governo na área econômica. Apesar do discurso falacioso da presidente Dilma Rousseff de que a prioridade de sua gestão é o combate à pobreza, é justamente a população de menor renda que vem sentindo no bolso os efeitos perversos da escalada no preço dos alimentos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo de alimentação e bebidas teve alta inflacionária em todos os meses desde agosto de 2011, com elevação de 16,5% no período. Por outro lado, em escala mundial, de acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a deflação acumulada chega a 9%, o que escancara a incompetência da gestão petista. No mundo, os preços dos alimentos estão em queda desde outubro de 2012, com deflação de 2,6% no período, enquanto no Brasil houve alta de 5,5%.

Os bolsos do trabalhador e da dona de casa têm sido tão castigados que, vejam só, o tomate virou item cada vez mais raro nas listas de compras. Segundo o IBGE, o preço do alimento subiu 105,89% nos últimos 12 meses, embora a inflação tenha ficado em torno de 6,5%. A farinha de mandioca é outro item que apresentou alta estratosférica, de acintosos 140,57%. Um levantamento divulgado esta semana pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que os preços dos alimentos essenciais subiram em 16 de 18 capitais brasileiras pesquisadas no 1° trimestre.

Para piorar, como consequência do processo inflacionário no setor alimentício, as vendas do varejo começaram a ser fortemente atingidas. Números divulgados pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apontam que o faturamento real do setor caiu 4% em 12 meses, provavelmente porque o consumidor teve de reduzir suas compras diante da disparada dos preços.

A Dilma que adota o discurso da defesa dos pobres, mas se mostra leniente com a inflação que tanto os castiga, é a mesma que anuncia a desoneração da cesta básica como se fosse iniciativa de sua autoria, escondendo que meses antes vetara emenda de teor idêntico apresentada por um parlamentar da oposição. É a mesma que edita uma medida provisória ampliando o limite para as empresas declararem imposto de renda pelo lucro presumido, plagiando escandalosamente outra proposta feita por um deputado oposicionista. É a mesma Dilma, afinal, que escala um de seus ministros para negar que os órgãos de inteligência do governo tivessem espionado portuários e sindicalistas no Porto de Suape, em Pernambuco, e horas depois acaba desmentida por documentos da própria Abin revelados pela imprensa.

Como se vê, a propagada preocupação do governo Dilma com os brasileiros de menor renda é facilmente desconstruída pelos fatos. Enquanto a presidente e seus ministros traçam um cenário fantasioso sobre nossa economia, a inflação já é realidade nas prateleiras de qualquer supermercado do país. E o pobre trabalhador, que a presidente diz defender, é quem mais sofre ao fazer as compras do mês e não ter dinheiro sequer para o tomate.


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