domingo, março 03, 2013

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 03/03

Governo precisa fortalecer setor de autopeças, diz Abeiva

Prestes a decidir pela construção da primeira fábrica no Brasil, o presidente da Jaguar/Land Rover para a América Latina e da Abeiva (associação brasileira das empresas importadoras de veículos), Flávio Padovan, defende mais competitividade e inovação para as autopeças.

Para ele, o governo inverteu a aplicação do Inovar-Auto -programa que dá desconto no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para empresas automotivas que investirem em inovação tecnológica- ao beneficiar só as montadoras, quando também deveria fortalecer as autopeças.

O programa, segundo Padovan, vai aumentar a demanda por peça, pois incentiva a instalação de fábricas no Brasil. O temor é que alguns equipamentos possam faltar.

Um dos gargalos é o da indústria de airbags. A partir de 2014, todos os veículos, obrigatoriamente, terão de sair de fábrica com o equipamento de segurança. Mas os fabricantes ainda são poucos.

No caso da Land Rover, devido à alta tecnologia de seus veículos, o fornecimento de peças pode ficar prejudicado no que diz à exigência de conteúdo nacional.

O segmento de autopeças, por sua vez, registrou deficit de US$ 5,8 bilhões na balança comercial do setor em 2012. Já a queda no faturamento foi de 13,5%, segundo dados do Sindipeças (sindicato da indústria de componentes para veículos).

IPI

Na Abeiva, Padovan defende os interesses de 29 importadores associados. Durante 13 meses (setembro de 2011 a outubro de 2012), eles pagaram 30 pontos percentuais a mais no IPI para trazer os veículos ao Brasil.

A medida foi encarada pelos associados como lobby das montadoras nacionais e derrubou as vendas dos importados em 35,2% no último ano, um duro golpe para quem quase dobrou as vendas em 2011.

Sob o novo regime do Inovar-Auto, 14 das 29 importadoras apresentaram projeto de fabricar no Brasil e ganharam autorização para importar com IPI reduzido, mas na cota de 4.800 unidades.

Para conseguir o abatimento dos 30 pontos percentuais, elas têm de realizar seis -das 12 doze- etapas fabris da produção no Brasil, depois aumentar esse número para sete (em 2014) e oito (2016).

No caso da marca inglesa, a cota auxilia a não impactar os preços dos veículos com o IPI maior sobre o excedente. Em 2012, foram comercializados 8.180 unidades -queda de 0,2% ante o ano anterior.

Segundo Padovan, a decisão para instalação da fábrica da Land Rover no Brasil deve ser tomada até o final do primeiro semestre deste ano.

Pacote Federal em estudo

O governo federal ainda não chegou a conclusão de como criar um programa de estímulo às autopeças com o objetivo de desenvolvê-las mais rápido para atender às demandas dos fabricantes de veículos instalados no país.

Estudos estão sendo realizados por uma equipe do Ministério do Desenvolvimento, mas sem definição das regras que serão adotadas.

O programa deverá incluir formas de financiamento para investimento, programas de qualificação a empregados e medidas para alavancar as exportações.

Outro problema também preocupa o governo: o fim do acordo automotivo entre Brasil e Argentina em 2014.

As autopeças argentinas querem vender mais para o Brasil, mas não conseguem e acreditam que o Inovar-Auto possa prejudicá-las. Em retaliação, a entrada dos produtos brasileiros no comércio local também está difícil.

A Argentina é o principal destino das autopeças fabricadas no Brasil. Cerca de 36% das exportações do ano passado foram para o país. Porém, as vendas caíram 12%, segundo dados do Sindipeças (sindicato da indústria de componentes para veículos).

O negócio da arte
Taxas de juros baixas transformam obras em ativos mais atraentes para investidores

Um setor ainda sem dados oficiais no Brasil, mas que, de acordo com estimativas de especialistas, movimenta mais de R$ 200 milhões por ano.

Informações concretas, somente do volume de exportações do mercado primário: US$ 60 milhões (cerca de R$ 120 milhões) em 2011, de acordo com dados da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

Apenas as empresas que trabalham nesse mercado primário do setor cresceram 44% em 2010 e 2011.

Esse é o perfil do mercado de arte brasileiro, que se consolidou na última década.

"Em 2004, passava 30 dias sem que entrasse alguém na galeria. Você conhecia todos os compradores. Hoje aparece gente que você não conhece e todo dia tem visitação", diz Alessandra d'Aloia, sócia da galeria Fortes Vilaça.

A arte se expandiu e ultrapassou a esfera cultural, transformou-se em investimento.

"Com a queda dos juros, muita gente está vendo a arte como uma reserva de valor. Existe, sim, esse movimento, e ele é internacional", diz o advogado Pierre Moreau, sócio da Casa do Saber, que organiza um curso sobre o mercado de arte.

O setor, porém, tem incertezas como a Bolsa: há ativos com maior ou menor liquidez e sobe e desce de preços.

"Artistas modernos costumam desvalorizar menos, pois a crítica já estabilizou sua opinião. Pode ser uma opção para quem quer uma reserva de valor", afirma Moreau.

"As [opiniões sobre] obras contemporâneas estão sendo formadas e os trabalhos podem sofrer grandes valorizações, mas também desvalorizações. Isso tudo ainda sofre alterações. Não podemos colocar como definitivo", diz.

"Não é um negócio tão simples para investir. O mercado não tem liquidez imediata. Tem que estar envolvido com galeristas e conhecer os profissionais. Os trabalhos de um artista, por exemplo, precisam estar em galerias importantes para que uma determinada obra dele ganhe rentabilidade", diz d'Aloia.

O leiloeiro Aloísio Cravo, especializado em pintura brasileira, porém, afirma não conhecer um investidor de arte "como figura fria".

"Ele sempre tem alguma relação com a obra. Não é verdade que alguém compra uma obra só porque é um bom negócio. Primeiro, a pessoa se interessa pela arte, depois, como ela é um ativo, ele vai perguntar sobre como é o mercado", diz Cravo.

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