quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Filhos do crack - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 28/02

Os abrigos para crianças no município do Rio estão superlotados. Terça, a juíza Ivone Caetano, da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso do Rio, recebeu seis recém-nascidos, mas não tinha para onde levá-los. Ela diz que o número de bebês abandonados aumentou muito depois do crack: — Eu não posso pendurar essas crianças nas minhas orelhas. Elas não são brincos, nem brinquedos.

Vetada de novo 
Ontem à noite, o Conselho do Country, pela segunda vez, negou o pedido de ingresso em seu quadro social da atriz Guilhermina Guinle.

Reza forte
Cinco jovens de Brasília criaram, domingo, o site Unidos pelo Conclave (www.1conclave.com). É para registrar orações e sacrifícios feitos pelos fiéis para os cardeais que vão escolher o novo Papa. Em três dias, foram oferecidos, acredite, 67 mil pai-nossos, 233 mil ave-marias, 39 mil missas, 24 mil jejuns e 40 mil terços.

Melhor assim
Depois da nota publicada aqui, a Câmara de Comércio Brasil-EUA retirou o nome do BNDES entre os patrocinadores da festa, em Nova York, da entrega do título Homem do Ano a Luciano Coutinho, o presidente do banco.

A entidade reconheceu o erro. O banco não desembolsou qualquer centavo. Foi Luciano quem reservou, pagando do próprio bolso, uma mesa para sua família.

Vitória de Landim
A 14ª Câmara Cível do Rio julgou procedente a ação do executivo Rodolfo Landim contra Eike Batista e o Itaú.

Landim ganhou o direito de vender 5.540.900 ações que recebeu da OGX, no período em que trabalhou no grupo.

Aliás...
O prédio que Eike Batista pretende construir na Marina da Glória, no Rio, coleciona desafetos.
O deputado Marcelo Freixo vai recolher, amanhã, no Aterro, assinaturas de populares contra a obra. E hoje, às 16h, em frente ao Hotel Glória, está previsto um panelaço.

Jogou a toalha
O professor Mario Theodoro pediu exoneração do cargo de secretário-executivo da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do governo Dilma.
Saiu por divergência com a ministra Luiza Bairros.

Arco-íris
O MinC autorizou a Somos, do RS, a captar R$ 1.029.522,23 para produzir o Prêmio Cultural LGBT.
Vai distribuir R$ 800 mil em prêmios.

Sinal dos tempos
Durante anos, a OSB e a Petrobras Sinfônica disputaram a primazia no cenário carioca da música clássica. Este ano, a OSB disparou, e a Petrobras está magrinha.
Deve ser a tesoura de dona Graça.

A nova "vila autódromo"
Veja só como vai ficar a área de lazer do Parque Carioca, condomínio residencial que a prefeitura do Rio e o programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, estão construindo, em Jacarepaguá, para doar aos moradores que serão removidos da Vila Autódromo. A favela, como se sabe, fica ao lado do futuro Parque Olímpico e será extinta. Ao custo de R$ 105 milhões, serão erguidos 900 apartamentos - 45 deles adaptados para receber pessoas com necessidades especiais - de dois e três quartos, que devem ser entregues até fevereiro de 2014. O Parque Carioca terá creche, escola, clube com piscina, quadras de esporte, área verde, além de espaço gourmet igual ao dos condomínios da vizinha Barra da Tijuca. Vamos torcer, vamos cobrar

Os segredos de uma chaminé abandonada - FERNANDO REINACH

O Estado de S.Paulo - 28/02

Fiquei pensando: o que faria se tivesse de limpar uma chaminé abandonada, repleta de lixo? Por sorte quem tinha de limpar não era eu, mas um dos 450 cientistas amadores da Kingston Field Naturalists, de Ontário, Canada. Amante dos pássaros, Christopher Grooms, técnico de laboratório, sabia que muitas espécies de pássaros fazem seus ninhos em chaminés e foi investigar a história da chaminé antes de limpar seu conteúdo.

Foi fácil descobrir que a chaminé quadrada, com dezenas de metros de altura e um vão interno de 1,2 por 1,2 m não era utilizada desde 1928 e que seu orifício superior só havia sido tampado em 1992. Uma visita à biblioteca foi revelou que entre 1930 e 1940 e novamente em 1970 havia registros históricos da presença de uma população de andorinhões-migrantes (Chaetura pelagica) habitando a chaminé.

Ao coletar e examinar no microscópio uma amostra da pilha de 2 m de lixo no fundo da chaminé, Christopher descobriu que 99% eram exoesqueletos de insetos. Eram restos não digeridos das fezes dos pássaros que habitaram a chaminé entre 1928 e 1992. Será que, analisando cada camada de exoesqueletos, seria possível reconstituir a dieta dessas aves ao longo da segunda metade do século 20? Cientistas de seis especialidades se juntaram para fazer essa análise.

O primeiro passo foi cavar um túnel vertical no lixo, da parte inferior da chaminé ao topo da pilha. A superfície desse túnel passava por todas as camadas do lixo, da mais antiga (no fundo) à mais recente (no topo). A pilha de lixo foi fatiada horizontalmente, como um pão de forma. Mais de 200 amostras, cada uma com 1 centímetro de espessura, foram coletadas e enviadas aos diversos laboratórios envolvidos na pesquisa.

Primeiramente, os cientistas determinaram o ano em que cada amostra havia sido depositada na pilha. Para isso, analisaram a quantidade de césio-137. Antes de 1940, quando os EUA iniciaram as explosões de bombas nucleares na atmosfera, praticamente não existia césio-137 na atmosfera. Entre 1940 e 1963, quando esses testes foram interrompidos, a quantidade de césio-137 que contaminou o ambiente subiu e desceu diversas vezes, dependendo do número de bombas testadas. Os insetos devorados pelos pássaros durante esses anos ingeriram alimentos contaminados por césio radioativo, que permaneceu em seus exoesqueletos.

Analisando as camadas, os cientistas identificaram as depositadas a partir de 1940 e as depositadas nos anos subsequentes. Esse primeiro estudo permitiu datar o ano em que cada camada foi depositada. Em um segundo estudo, os cientistas analisaram a quantidade de DDT, inseticida usado de 1945 a 1963 - quando foi proibido. E descobriram que o DDT podia ser encontrado nas camadas de 1950, atingia um pico de concentração nas de 1955 e depois diminuía gradativamente até 1970. Estudar a quantidade de DDT permite averiguar se a presença do inseticida alterou as populações de insetos e a dieta dos pássaros.

Finalmente, o dado mais importante. Especialistas na identificação de insetos examinaram os exoesqueletos em cada camada, identificaram a que espécies pertenciam e fizeram um censo da frequência de cada tipo de inseto em cada fatia da pilha. Com isso, inferiram o que as aves da chaminé comiam a cada ano.

O resultado é espantoso. Antes da introdução do DDT (até 1950), elas comiam coleópteros (a família dos besouros). Dos exoesqueletos, 90% eram de coleópteros. Com o aumento da quantidade de DDT, os coleópteros passaram a representar cerca de 40% da dieta e os hemípteros (a família das joaninhas) subiram para até 80%. Essa tendência foi revertida entre 1970 e 1992.

Os coleópteros são mais ricos em calorias que os hemípteros. Essa mudança na dieta dos pássaros, forçada provavelmente pela ação preferencial do DTT sobre os coleópteros, sugeriu aos cientistas que, durante o período em que o DDT estava em uso, os pássaros tinham maior dificuldade de se alimentar. Isso foi comprovado ao ser medida a quantidade total de dejetos acumulados a cada ano. Logo após o pico de uso do DDT, a quantidade de fezes acumulada a cada ano caiu, indicando uma redução na quantidade de pássaros que utilizavam a chaminé.

Esse estudo é um dos primeiros a reconstituir a dieta de uma comunidade de pássaros de maneira consistente e fidedigna ao longo de toda a segunda metade do século 20. Ele comprova que a introdução do DDT realmente afetou a dieta desses pássaros, forçando os animais a se adaptarem a uma dieta mais pobre. Também reforça a ideia de que essa mudança forçada de dieta colaborou para a diminuição da população dos andorinhões-migrantes. Nada mau para um estudo que foi iniciado por um cientista amador encarregado de limpar chaminés.

Os primeiros movimentos no tabuleiro de 2014 - RICARDO GALUPPO

BRASIL ECONÔMICO - 28/02

Entre as pessoas que não têm o direito de reclamar da intenção do PSDB de antecipar a campanha presidencial de 2014 estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus aliados.

Político de rara sensibilidade eleitoral, Lula transmite a impressão de que nunca desceu do palanque (a não ser no breve período em que se recolheu para cuidar da saúde).

Quem puxar pela memória recordará que a campanha por sua própria reeleição começou no dia 1º de janeiro de 2003, quando ele assumiu o primeiro mandato.

E que começou a trabalhar para fazer seu sucessor quatro anos depois, quando assumiu o segundo. Fez isso com extrema competência, é bom que se registre.

Mas também contou com o fato de ter, de um lado, uma oposição cabisbaixa. E, do outro, uma imprensa disposta a repercutir suas palavras e seus gestos.

Por mais que Lula e seus aliados se queixem do tratamento que ele e seu partido, o PT, recebem dos meios de comunicação, a verdade é que nunca foi negado espaço não só para o autoelogio como para as críticas aos adversários - e de um modo particular a seu antecessor Fernando Henrique Cardoso.

A comparação com os anos FHC é tão frequente no discurso de Lula que a impressão que se tem é a de que o PT está apenas começando a governar o país (e não a de que já está no Planalto há dez anos).

Portanto, ao criticar recentemente a presidente Dilma Rousseff, durante um evento em Belo Horizonte, Fernando Henrique sabia que Lula sairia em defesa de sua sucessora - e que, ao fazer isso, aumentaria a sobrevida da crítica nas páginas da imprensa.

Fernando Henrique disse que Dilma era "ingrata" e que "cuspiu no prato em que comeu" por não reconhecer a herança que recebeu de seu governo.

Lula reagiu dizendo que seu antecessor deveria "ficar quieto". Rusgas entre os dois sempre existiram.

A diferença desta última foi que, ao contrário do que aconteceu nas três eleições que houve desde que deixou a Presidência, o PSDB não está tentando esconder o ex-presidente e seu legado numa campanha presidencial.

Ao contrário: está se apoiando nele para aumentar a projeção do senador mineiro Aécio Neves, lançado por FHC para disputar o Planalto.

Aécio assumirá nos próximos dias a presidência nacional do PSDB - e nesse posto poderá dizer o que pensa sobre os problemas do país. Isso é fundamental.

Tirando a ideia do choque de gestão (que funcionou em Minas Gerais), pouca gente sabe o que Aécio pensa a respeito da política fiscal, da política externa, dos programas de inclusão social e de um punhado de bandeiras que, pelo lado de sua adversária, a presidente Dilma, são mais do que claras.

O palanque está armado e ninguém descerá dele. Dilma é favoritíssima. Quanto a Aécio, tudo o que pode ser dito é que ele teve um bom começo - mas que, para vencer, precisa de mais clareza.

O Brasil na ONU e Yoani Sánchez - FÁBIO FELDMANN

BRASIL ECONÔMICO - 28/02

A viagem da blogueira Yoani Sánchez ao Brasil evidenciou claramente que muita gente ainda vive no século passado marcado pela Guerra Fria: um mundo bipolar.

Esta visita me lembrou uma reunião que tive com Marco Antônio Mroz, atual presidente do PV, durante a Assembleia Nacional Constituinte, com uma delegação cubana que visitava o Congresso Nacional.O assunto era energia nuclear, monocultura, enfim, Cuba.

Como a maior parte dos presentes era formada pela "esquerda" do Congresso, nossos comentários acerca da monocultura da cana e do uso nuclear na ilha geraram enorme desconforto. Esses temas, nos países capitalistas, seriam motivo de censura. Mas está última não se aplicaria no mundo socialista...

Parte desta esquerda sempre se aliou a sua equivalente na direita, possuindo como fio condutor a intransigente defesa da soberania nacional, sob cujo manto se defendia o projeto da bomba atômica brasileira, a ocupação a qualquer preço da Amazônia e o endosso à tese conspiratória de que interesses estrangeiros estariam por detrás dos ambientalistas e dos direitos indígenas.

Aí se identificam os discursos de Aldo Rebelo e de Kátia Abreu. E na Assembleia Nacional Constituinte, a defesa do PC do B do direito do Brasil construir sua bomba atômica.

O combate à violação dos direito humanos e a tortura, onde quer que seja, a defesa intransigente da liberdade de expressão, o pacifismo e a luta pela sustentabilidade planetária são bandeiras que devem ser desfraldadas, sem hesitação, por todos.

Lembrando que não admitem esforços de relativização sob quaisquer circunstâncias. A condenação à violação dos direitos humanos em Cuba não significa desqualificar avanços obtidos pelo regime cubano em relação à saúde e educação. Muito pelo contrário.

Algumas de suas experiências bem-sucedidas devem servir de exemplo para outros países. Nem tampouco devemos deixar de criticar severamente o embargo norte-americano, exigindo do presidente Obama a decretação do fim deste resquício ilegítimo da Guerra Fria.

Yoani representa, nesse contexto, a possibilidade real de uso das novas tecnologias na defesa dessas bandeiras. Assim como na China o artista plástico Ai Weiwei representa a resistência ao autoritarismo do governo chinês, que defende que os direitos humanos no país devem ser diferentes dos demais.

O importante é que se mantenha o esforço permanente de respeito aos direitos humanos e que esta bandeira seja item obrigatório da política externa dos países.

Nesse sentido, o Brasil, que acabou de voltar a integrar o Conselho de Direitos Humanos da ONU, tem um papel relevante, sendo que todos os partidos políticos deveriam apoiar uma posição firme da diplomacia brasileira.

Ou será que aqueles que foram torturados na ditadura, como a Presidente Dilma, devem se curvar às circunstâncias geopolíticas?

Enfim, a presença de Yoani Sánchez trouxe à baila a timidez da diplomacia brasileira em relação à ditadura cubana. Mais do que isso, há necessidade de reafirmarmos que o respeito aos direitos humanos faz parte da construção desta cidadania planetária, que hoje engaja cidadãos, governos e até mesmo empresas.

Yoani e as falsas alternativas - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 28/02

Para acabar com a fome na ilha, não era necessário acabar com nenhuma das liberdades dos cubanos


Deveríamos recusar todas as alternativas -sempre, por princípio. Imagine que alguém diga "Se você pega o preto, perde o branco, e, se você pega o branco, perde o preto" e insista: "Então, qual será? Preto ou branco?". Quase sempre, eu responderia que existem, no mínimo, 50 tons de cinza e imediatamente devolveria a pergunta: "Por que razão escusa você tenta me acuar a escolher entre preto e branco?".

Somos crédulos, queremos acreditar que, a cada encruzilhada, exista sempre uma saída mais malandra, pela qual nos daremos bem. Em sua maioria, as alternativas nos seduzem e funcionam, justamente, quando elas exaltam nossa falsa fé em soluções que não sejam totalmente perdedoras.

Jacques Lacan, o grande psicanalista francês, para ilustrar nossa "alienação" diante das "escolhas forçadas" (palavras dele), recorria ao exemplo do assaltante que nos mandaria decidir: "A bolsa ou a vida!".

Basta pensar um instante para constatar que a alternativa é furada, visto que, se eu decidir ficar com a bolsa, não vou perder só a vida -vou perder também a bolsa, pois o assaltante não vai deixá-la com meu cadáver.

De maneira tristemente engraçada, a outra possibilidade é igualmente furada no Brasil. Aqui, se escolhermos ficar com a vida e entregarmos a bolsa com docilidade, há uma boa chance que mesmo assim o assaltante nos mate, pegando, com a bolsa, nossa vida também.

Em suma: escolha zero. No exterior, "A bolsa ou a vida!" significa "Passa a bolsa, e ponto". E, no Brasil, considere-se sortudo que não signifique "Passe a bolsa E a vida, E ponto" -como dizem os bandidos, "Você perdeu geral".

O exemplo de "A bolsa ou a vida" sugere (com pertinência) que qualquer um que tente nos impor uma escolha forçada seja provavelmente um bandido, interessado sobretudo em afirmar e consolidar seu poder sobre nós.

A política, na segunda metade do século passado, alimentou-se de uma alternativa desse tipo, uma alternativa bandida e falsa, segundo a qual deveríamos escolher entre, de um lado, as ditas liberdades burguesas (liberdade de opinião, de culto, de ir e vir pelo mundo, de ter nossa privacidade respeitada etc.) e, do outro lado, uma nova justiça social, que acabasse com miséria e fome.

Eu mesmo já pertenci a essa bandidagem. Quando me mostravam que os países ditos socialistas esmagavam as liberdades básicas, eu respondia "E a liberdade de não morrer de fome, hein?". Como se, para se livrar da fome, renunciar às liberdades burguesas fosse o preço necessário e, portanto, aceitável, se não módico.

Isso aconteceu, entre outras coisas, porque não escutei direito ao meu pai. Giustizia e Libertá (justiça e liberdade) era o nome do movimento no qual ele se reconhecia, nos anos 1930. Era um movimento socialista, antifascista e anticomunista, para o qual justiça e liberdade não podiam constituir uma alternativa.

Em geral, quem nos diz que só teremos liberdade sem justiça é um aproveitador econômico e social (quer ser livre de perseguir seus interesses sem ter que se preocupar com os outros). E quem nos diz que só teremos justiça sem liberdade é um aproveitador político (quer que abandonemos nossas liberdades de modo que ele possa se eternizar no poder sem oposição). Essas duas espécies de aproveitadores se valem.

A alternativa "liberdade ou justiça" é tão falsa quanto "a bolsa ou a vida". Em particular, a troca da liberdade pela justiça produziu mundos sem liberdade (isso era previsto) e (isso não era) totalmente injustos, corrompidos por burocracias apenas interessadas em se manter no poder.

Ora, na ocasião da chegada ao Brasil da blogueira cubana Yoani Sánchez, houve pessoas para ressuscitar essa falsa alternativa: como pode ela criticar a falta de liberdade em Cuba, quando o regime acabou com a fome na ilha?

O fato é que, para acabar com a fome na ilha, não era necessário acabar com nenhuma das liberdades dos cubanos.
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Nota. Muitos leitores debateram comigo por e-mail a coluna da semana passada, "Para que serve a tortura?". Ontem, Marcelo Coelho, em sua coluna nesta página, comentou meu texto e o tema. Anteontem, Vladimir Safatle, na página 2 da Folha, fez a mesma coisa sem citar minha coluna (sei lá por quê). Seja como for, contribuirei ao debate na próxima quinta.

O som do silêncio - PEDRO RYCHTER

O GLOBO - 28/02

A posse na presidência do Senado de Renan Calheiros, que já havia sido afastado do mesmo cargo por denúncias de corrupção em 2006, não é crível em um país que se orgulha de ter construído uma democracia sólida. Mais incrível ainda é o modo que usou para se esquivar dessas denúncias - apresentando notas fiscais "frias". O silêncio com o qual o Senado trata o movimento de 1,6 milhão de assinaturas articulado pela internet pelo impeachment de Renan é ensurdecedor.

Já a festa de dez anos do PT no poder trouxe de presente ao país uma cartilha aparentemente saída da máquina de propaganda de Stalin - o que não é de assustar, a julgar pelos entorpecentes discursos de Rui Falcão. O teor fascista e de divisão do país entre o "nós" e o "eles", além da total incongruência de críticas à gestão tucana de FHC (imprescindível esta para os grandes avanços empreendidos desde 2003), demonstra um governo cuja preocupação é o projeto de poder, e não o país.

Em meio a tudo isso, a blogueira cubana Yoani Sánchez vem ao Brasil buscando espaço para fazer aquilo que não pode fazer em sua terra natal - exercer seus direitos e expressar sua opinião - e é impedida por manifestantes selvagens, que não aceitam ouvir críticas a um regime ditatorial apenas pelo fato de ser socialista.

Os três episódios podem parecer distintos e aparentemente isolados. Entretanto, existe entre eles um fio condutor que nos permite compreender - infelizmente - bem as tristes perspectivas do Brasil atual. Temos um Congresso alheio aos clamores populares pelo valor mais básico da democracia - a ética -, uma máquina governista montada para manter o status quo de seu partido, e um ex-presidente que se considera chefe de Estado e que lidera uma facção intolerante, atrasada e ideológica que dá as cartas no país - e que condecora, ainda por cima, criminosos condenados pelo STF.

Mas não temos ninguém para ir às ruas contra esse estado de calamidade ética. Quem vai às ruas hoje é para cercear a liberdade de expressão de uma cidadã cubana cujo único pecado foi ser contra uma ditadura. Onde estavam esses manifestantes quando da palestra de Zé Dirceu, chefe de quadrilha, na ABI? Onde estavam quando da entrega da petição pela renúncia de Renan no Congresso? Onde estavam, onde estão todos? Como estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro, me pergunto: onde está a UNE, que no passado era a primeira a se manifestar contra os descalabros? Também faz parte da máquina do governo?

Em meio às frequentes perversões morais e à subversão de valores no seio da nossa jovem democracia, os únicos protestos que ocorrem no país são de cidadãos que nem ao menos foram a Cuba, para calar uma voz contrária ao regime esquerdista da terra de Fidel. Com o seu barulho, deixaram o recado claro: o fato de ser de esquerda justifica a ditadura. Com seu silêncio, deixam outro: o fato de ser de esquerda justifica Renan, justifica o mensalão, justifica o PT.

Viagem a um mundo novo - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 28/02

Em torno da renúncia do papa Bento 16, há mais dúvidas, passadas e futuras, do que certezas


ROMA - Em meio século de jornalismo, que completo este ano, jamais acompanhei um evento tão estranho quanto tudo o que cerca a renúncia do papa Bento 16.

Começa pelo ineditismo de um papa participar de sua própria despedida pública, como o fez ontem Bento 16. Todos os demais papas estavam mortos quando o público se reuniu para dizer adeus ou, então, foram forçados à renúncia, perdendo direito às homenagens e pompas que só a realeza e algumas igrejas, como a católica, são capazes de produzir em um mundo cada vez mais informal.

Continua com o fato de que Joseph Ratzinger, que se tornou Bento 16 ao ser eleito papa em 2005, não volta a ser só Ratzinger, mesmo tendo renunciado ao papado que lhe deu o novo nome. Continua a poder ser chamado de Bento 16, agora com o título inédito de papa emérito.

Mais complicado, do ponto de vista de quem está habituado a conviver com as conspirações mundanas, é o fato de que tampouco perde o direito a ser chamado de Sua Santidade. Como o seu sucessor também será Sua Santidade, teremos convivendo nos escassos 0,44 km² do Vaticano duas Santidades.

Um dos papas, o novo, terá a obrigação de comandar a vida da igreja, como é óbvio, mas o papa que se tornará emérito disse ontem que "continuará a acompanhar a vida da igreja", orando.

Estou contaminado pelas intrigas mundanas? Provavelmente sim, mas convenhamos que o fato de que o Anel do Pescador, um dos símbolos do papado, será destruído (em cerimônia privada) assim que Bento 16 formalizar a renúncia, diz alguma coisa sobre intrigas eclesiais.

A destruição da peça, que contém 35 gramas de ouro, é uma tradição destinada a evitar que o, digamos, selo papal possa continuar a ser usado por quem deixou de ser papa. Uma lembrança de que a vida da igreja ao longo dos séculos esteve prenhe de conspirações.

E não estou me referindo a um passado remoto. O chamado Vatileaks, o vazamento de documentos do papa, demonstra claramente que conspiradores têm acesso ao apartamento papal. Terão acesso também ao aposento do papa emérito quando ele se instalar de volta no Vaticano, depois da estada em Castel Gandolfo, a residência de verão dos papas.

A sacudida na igreja representada pela renúncia de Bento 16 poderá ser um freio de arrumação na divisão da igreja, que o próprio papa reconheceu, na sua homilia da missa de Cinzas?

Como consequência desse ambiente, um jornal da terra do papa -"Die Tagszeitung"- teve a coragem de tascar uma manchete chocante no dia da renúncia: "Gott sei Dank" (Graças a Deus). Pura iconoclastia, assim justificada: "É bom que Bento 16 se vá, porque nada funciona nem no Vaticano nem no resto do mundo católico".

Esse tipo de atitude fecha o meu circuito de estranhezas, porque sou de uma geração que pisava em ovos para falar do papa. Como bem notou Janio de Freitas dias depois da renúncia, ela foi uma espécie de "liberou geral" para tratar desabridamente de temas da igreja. É, pois, navegar num mundo estranho.

FÁBIO EM AÇÃO - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 28/02

Fábio Assunção retornou aos palcos paulistanos em nova temporada da peça "Adultérios", dirigida por Alexandre Reinecke, no Tuca. Na televisão, o ator voltou a gravar nesta semana o seriado "Tapas & Beijos", da TV Globo.

VIDA REAL
O MEC (Ministério da Educação) vai discutir a implantação de estágio social obrigatório para estudantes de direito. Antes de se formar, eles teriam que fazer "residência", prestando serviços gratuitos em lugares em que praticamente não existem advogados -como os presídios brasileiros.

REAL 2
A ideia foi levada anteontem ao ministro Aloizio Mercadante (PT-SP) pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Mercadante afirma que vê a proposta com simpatia e que aprofundará o tema na discussão sobre a limitação na criação de cursos de direito.

VEM, GENTE
A caneta do prefeito Fernando Haddad (PT-SP), que funcionou para demitir cerca de 400 funcionários no Carnaval, foi acionada também para uma batelada de nomeações. Da sexta-feira da folia até ontem, 380 novos servidores foram indicados para os mais diversos cargos.

MAPA
Só ontem foram 72 nomeações -66 para a Secretaria de Educação e seis para o Theatro Municipal.

AO LADO
E anteontem também Haddad promulgou lei aprovada pela Câmara Municipal que cria 360 cargos de assistente de diretor de escola.

MAÇÃ
Yoani Sánchez ganhou um iPhone 5 e um iPad 3 durante sua passagem por SP. Foram presentes de um empresário e admirador, cujo nome será mantido em sigilo, segundo o editor Jaime Pinsky, que a hospedou. O fã também deu a ela sapatos e roupas para enfrentar o frio na Europa.

GAIOLA DAS POPOZUDAS
A torre Eiffel teve a segurança reforçada nesta semana por causa de uma funkeira brasileira. Valesca Popozuda filmou no cartão-postal de Paris cenas de seu documentário "O Funk da Favela para o Mundo". A cantora, que está em turnê pela Europa, recebeu 45 mil euros para se apresentar em oito países.

BABY BOY
Grávida de três meses, a modelo Carol Trentini espera um menino. O bebê nascerá no Brasil.

JÁ TÁ ELEITO
O governador Eduardo Campos (PSB-PE) critica publicamente o lançamento de candidatos à Presidência. Mas, em Pernambuco, seus emissários dizem que ele até já "preparou" Dilma Rousseff, na base do "olho no olho", sobre a possibilidade de enfrentá-la nas urnas. "Para depois ninguém dizer que ele não avisou", segundo declaração de um "eduardista" à "Folha de Pernambuco".

QUANTO PIOR
A data da decisão já está definida: o fim do segundo trimestre do ano. Se o PIB do país crescer, Campos negocia com Lula e Dilma. Caso contrário, acelera a pré-candidatura contra o PT.

VIRGEM VALENTINA
O leilão da "virgindade" de uma boneca inflável, na internet, havia recebido oferta de R$ 30 mil até a tarde de ontem -o lance mínimo era de R$ 5.000. "Valentina", importada dos EUA por R$ 40 mil por um site de buscas de produtos eróticos, será exposta na 1ª Mostra Internacional de Bonecas Infláveis, de 6 a 9 de março, no Brooklin. O comprador vai ganhar jantar à luz de velas, banho aromático e noite em suíte presidencial de motel.

PURPURINA
Walério Araújo escolheu as drag queens como tema de sua próxima coleção. As criações do estilista serão apresentadas na Casa de Criadores, em abril.

MOLDURA FRANCESA
O francês Raphael Zarka inaugurou sua primeira exposição individual no Brasil, anteontem, na galeria de Luciana Brito, na Vila Olímpia. O artista Caio Reisewitz conferiu as obras que estão na mostra "Gramática e Coletânea".

MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
Os músicos Lucas Santtana, Cascadura e Curumin fizeram show no Studio SP, no Baixo Augusta, no fim de semana. A apresentadora Marina Person e a cantora Pitty estavam na plateia.

É DEVAGAR, DEVAGARINHO
Os 45 anos de carreira do sambista Martinho da Vila foram tema de bate-papo no fim de semana. Os cantores Filipe Catto, Zeca Baleiro, Badi Assad e Fabiana Cozza participaram da conversa na Fnac de Pinheiros.

CURTO-CIRCUITO
A mostra "Verso" abre no Sesc Pinheiros às 10h30.

O chef americano Jorge Gonzalez realiza um jantar na Amoreira, às 20h30.

O escritório Leite, Tosto e Barros Advogados ganhou ontem, em Londres, o prêmio ILO Client Choice.

O Iate Clube de Higienópolis promove happy hour, hoje, às 19h.

O promotor Roberto Livianu participa de júri simulado amanhã na USP.

GOSTOSA


GOSTOSA



Não é a chuva - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 28/02

Enterrar a fiação, o que evitaria a maior parte dos problemas, é mais caro e complicado. Sabe como é: tem que fazer o projeto, edital, licitação, tocar a obra... E assim tudo cai, digamos, na normalidade do caos



Tem saído nos jornais: chuvas deixam São Paulo no caos. É verdade que os moradores estão sofrendo além da conta, quer estejam circulando pela cidade com seus carros ou nos ônibus e metrô, quer estejam em casa ou no trabalho. Três fatores criam a confusão: semáforos desligados; alagamentos nas ruas; falta de energia. Então, tudo culpa da chuva, certo?

Errado.

Semáforos, por exemplo. Eles poderiam ter a fiação enterrada ou a fonte de energia e os sistemas de controle automático protegidos por caixas blindadas. Isso não é nenhuma maravilha da tecnologia, algo revolucionário. Existe em qualquer cidade organizada. E tanto é acessível que já há projetos para a instalação desses equipamentos em São Paulo, e isso faz tempo. Se não avança, é culpa dos administradores — não da chuva.

Quanto aos alagamentos, ocorrem por falta de algum serviço ou obra, esta já prevista. Podem reparar. Sempre aparece alguma autoridade municipal ou estadual dizendo que a enchente aqui será resolvida com um piscinão, ali com a canalização de um córrego, em outra rua com a simples limpeza dos bueiros, e assim vai. De novo, sabe-se o que é preciso fazer, mas não se faz. Também não é culpa da chuva.

A falta de energia é outro estrago. Caem postes, desabam árvores, fiações são destruídas, transformadores pifam. Um amigo conta a situação na sua rua: os galhos de uma árvore cresceram muito e encostaram no transformador; quando chove com vento, os galhos vão batendo no transformador, já molhado, até desligá-lo. Sempre acontece isso.

Ora, por que não podam a árvore? Porque é preciso uma autorização formal da prefeitura, o que significa uma solicitação formal, um trâmite formal, a visita pessoal de um fiscal. Não sai antes da próxima chuva.

Podem reparar: em toda queda de árvore, sempre aparece um morador para dizer que aquilo era esperado, que já havia sido solicitada a poda ou a retirada.

De novo, não tem nada a ver com a chuva.

E, convenhamos, qual a dificuldade de cortar uma árvore, além da incompetência dos administradores públicos? Claro que é preciso ter controle, mas do jeito que é a burocracia, funciona assim, como dizem as pessoas: se quiser fazer tudo dentro da lei, não consegue nunca. Já quem vai por fora, só é apanhado se der o azar de o fiscal estar passando ali ou se fizer um estrago muito grande. A multa é pesada, mas os administradores não são punidos por não terem feito o que deveriam.

Enterrar a fiação, o que evitaria a maior parte dos problemas, é mais caro e complicado. Sabe como é: tem que fazer o projeto, edital, licitação, tocar a obra. É verdade que já existem projetos para se fazer isso em várias regiões da cidade, mas, veja bem, só chove forte mesmo em algumas semanas, por que gastar tanto dinheiro e tanta energia nisso? Um dia a mais ou um dia a menos de caos não mata a cidade.

E assim tudo cai, digamos, na normalidade do caos. Chover é da natureza, não é mesmo? Então...

Os moradores estão se virando. Na última grande chuva, terça passada, aconteceu um milagre. No rush do começo da noite, o trânsito estava livre por toda parte, parecia feriado. Os rádios e as tevês haviam alertado para a chuva e, assim, o pessoal tratou de sair mais cedo, adiou compromissos ou deixou para mais tarde.

Os prejuízos não foram eliminados, mas como não houve sofrimento imediato, os administradores ficaram tranquilos e elogiaram a reação ordenada da população.

Tudo considerado, temos um exemplo acabado do que é atraso e subdesenvolvimento. Sabe-se onde vai dar errado, sabe-se como prevenir, há capacidade técnica e recursos para fazer, e não se faz.

Infelizmente, não acontece só em São Paulo. Ou a seca do Nordeste, por exemplo, é uma surpresa?

Normal

Também deu na imprensa: o Brasil está colhendo safra recorde de grãos. Em consequência, aumentou o preço do frete da fazenda até os portos.

Normal?

Só se for normal esta outra história: a Valec, estatal encarregada da construção de ferrovias que ajudariam a escoar a safra, está sem trilhos para tocar as obras. Problemas na licitação.

Outra: em 2006, a Petrobras pagou US$ 1,18 bilhão por uma refinaria no Texas. Um ano antes, a vendedora, uma companhia belga, havia desembolsado US$ 42,5 milhões pela mesmíssima refinaria.

O Ministério Público está no caso, mas a estatal ainda não julgou necessário vir a público com alguma explicação. Como se tivesse sido um negócio normal.

Slogans - LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

O GLOBO - 28/02

Durante quinze anos trabalhei como redator na MPM Propaganda. No fim dos quinze anos sabia tanto sobre como funciona ou deixa de funcionar a publicidade quanto no meu primeiro dia. Amiúde (sempre quis usar a palavra “amiúde”!) me surpreendia com o resultado de uma campanha publicitária ou de marquetchim. Não entendia como, muitas vezes, boas campanhas não davam resultado enquanto outras, medíocres, tinham efeito imediato. Mas mesmo sem, literalmente, saber o que eu estava fazendo durante os quinze anos, foram quinze anos, e alguma coisa eu aprendi.

Aprendi, por exemplo, que o bom slogan publicitário é o que com poucas palavras tem mais de um sentido. Quando eu estava lá a MPM ganhou a conta da Riocel, uma empresa de celulose que, do outro lado do Guaíba, o rio que não é rio, mandava maus odores sobre Porto Alegre, revoltava a população e provocava críticas ferozes da imprensa. Dependendo da direção do vento o cheiro de ovo podre era mesmo insuportável. Para se defender, a Riocel começou a instalar um sistema antifedor – filtros, ou coisa parecida – e contratou a MPM. Para melhorar a sua imagem. Bolamos uma campanha convidando os portoalegrenses a visitarem a fábrica e descobrirem o que estava sendo feito para acabar com o mau cheiro e ouvir as explicações dos seus técnicos. O slogan da campanha era “Conheça o outro lado”. O outro lado do Guaíba e os argumentos contra os ataques que a Riocel sofria, o outro lado da questão. Hein? Hein? Está bem, não era genial. Mas funcionou.

Se alguém me pedisse (ninguém pediu) um exemplo perfeito do duplo sentido que vende, eu responderia sem hesitar: o nome do xampu anticaspa “Head and Shoulders”, ou “Cabeça e ombros”. Como sabe quem tem, a caspa não é um problema só dos cabelos, é também dos ombros, quando se esta vestindo roupa escura. E em inglês, quando se quer dizer que alguma coisa é muito superior a outras, se diz que está cabeça e ombros acima das outras, “head and shoulders”. O xampu vende sua eficiência contra a caspa nos cabelos e nos ombros e ao mesmo tempo a sua superioridade sobre as outras marcas, com um sutil autoelogio.

Isto tudo é para comentar o slogan – se é que é um slogan para durar e não uma frase de ocasião – do PT, “O fim da miséria é apenas um começo”. Não sei se o slogan acabará como exemplo de propaganda enganosa ou se a realidade vai confirmá-lo, mas de um ponto de vista puramente publicitário é ótimo.

Chuvas! Queremos Arca de Noé! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 28/02

E como disse o meu amigo no Twitter: carrinho por trás é estupro e marcação homem a homem é assédio!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

Cuba Urgente! O Raúl Castro é a cara da Palmirinha! O Raúl Castro se parece mais com a Palmirinha do que com o Fidel! Então o Raúl Castro é irmão da Palmirinha!

E atenção! Sucessão de piadas prontas numa única piada pronta: "Time do Peru pretende usar Viagra para amenizar os efeitos da altitude em Cusco". Peru, Viagra e Cusco! Isso não é um jogo, é suruba!

E como disse o meu amigo no Twitter: carrinho por trás é estupro e marcação homem a homem é assédio! E entrada por trás vai dar cartão vermelho ou um jantar depois? Rarará! E o médico que recomendou o Viagra, ainda por cima, se chama Afonso SEGURA! Segura Cusco! Rarará!

E esta outra piada pronta direto do "Correio Popular", de Campinas: secretário da Cultura, Ney Carrasco, indica Rodrigo Morte para a Sinfônica Municipal. Então vão tocar a Marcha Fúnebre! Sinfônica de Carrasco com Morte toca "Marcha Fúnebre"! Rarará!

E num aguento mais chuva! Já tô ficando com cara de ácaro! Chama o Noé! O Brasil tá precisando de uma Arca de Noé! Mas nova! Porque a do Noé deve estar com um cheiro de mofo horrível. Rarará!

O Sudeste virou Chuveste! Chuveste Stallone. Pancada! Chuva porrada. Como diz em Minas: tromba d'água! O Sudeste tá parecendo o WikiLeaks com o VatiLeaks: vaza o teto, vaza a parede, vaza tudo!

E quando passa vista aérea na televisão? Só teto! Só aparece teto. E casa submersa tem que pagar IPTU? Tem! Imposto para Tetos Úmidos! E IPI é Imposto Para Produtos Inundados!

E pra gente se bronzear vai ter que tomar sol no micro-ondas. Liga o aparelho e enfia a cabeça! Passa bronzeador e aperta a opção descongelar!

Queremos barco com isenção de IPI! E Rodoanel é todo mundo com rodo na mão! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!

Os Predestinados! É que tem um veterinário chamado Renan Médico da Silva. Um engenheiro especialista em energia eólica: José Carlos Brisa. E em Curitiba, o funcionário da área de empréstimos da Caixa Econômica Federal se chama Paulo Generoso. Por isso que nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã.

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 28/02

Setor de seguro de pessoas tem alta de 14% em 2012
Em um ano de crescimento pífio da economia brasileira, o mercado de seguros de pessoas pode considerar que teve ótimos resultados.

O setor fechou 2012 com R$ 21,8 bilhões em prêmios (valores pagos pelos assegurados) emitidos -crescimento de 14,45% na comparação com 2011-, segundo dados da FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).

"O mercado de seguros está muito ligado à dinâmica econômica. Apesar do PIB, temos quase pleno emprego e juros baixos. A alta do nosso setor está relacionada a isso", diz o presidente da entidade, Osvaldo Nascimento.

A maior expansão, por exemplo, foi registrada na área dos seguros de viagem (59,3%). "O brasileiro está viajando mais, ancorado pelo aumento da renda e do emprego, o que impactou positivamente a emissão de seguros", afirma Nascimento.

O seguro desemprego e de perda de renda também teve um crescimento significativo (32,7%), com a emissão de R$ 108,7 milhões em prêmios.

"Com mais pessoas empregadas, o sistema de crédito é mais utilizado e há maior procura por proteção para uma eventual perda de renda."

Segundo Nascimento, o segmento de seguro de vida, mesmo sendo o com maior volume em prêmios, é o que mais precisa crescer. "O Brasil ainda não tem costume nessa área. As seguradoras precisam investir em educação do consumidor."

A entidade prevê alta acima de 15% para o setor neste ano.

TERCEIRO SETOR PROFISSIONAL
Quase um anos após profissionalizar sua gestão -com a contratação de um CEO, que substituiu um presidente e 25 diretores voluntários-, a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) está gerando receita para bancar cerca de 83% de seu orçamento.

Antes, o percentual ficava entre 75% e 78%. A meta é atingir 85%. O orçamento anual da entidade é um pouco superior a R$ 300 milhões.

"Agora temos um modelo de organização para garantir o cumprimento de metas, mas não perdemos o caráter filantrópico", diz o CEO da entidade, João Octaviano Machado Neto.

"Estamos nos modernizando tecnologicamente, o que custa dinheiro. Parcerias e doações intelectuais continuam sendo as melhores opções para isso", afirma a presidente do conselho de administração da AACD, a voluntária Regina Helena Scripilliti Velloso.

"[A gestão profissional] tem garantido a infraestrutura e o suporte para os pesquisadores voluntários", diz Machado Neto.

R$ 243 milhões foi a receita da associação em 2011

40% da receita provem de atendimentos do SUS

6 são as fábricas de próteses e órteses e 14 são as unidades de reabilitação da entidade

Dentro D'água
O número de visitantes em parques aquáticos cresceu no país no ano passado.

O Wet'n Wild, localizado na rodovia Bandeirantes entre São Paulo e Campinas, registrou 413 mil visitas em 2012, aumento de 13% em comparação a 2011. O faturamento do parque teve alta de 16% no mesmo período.

O crescimento foi provocado, entre outros fatores, pela instalação de aquecimento em todas as atrações do parque no ano passado, segundo Alain Baldacci, presidente-executivo do empreendimento. Isso permitiu portas abertas durante todo o ano, o que não ocorria até 2011.

"Conseguimos um bom resultado, apesar das últimas temporadas de verão, que foram bastante chuvosas", avalia Baldacci.

O parque aquático do complexo Beach Park, em Aquiraz (CE), teve 850 mil usuários no ano passado, alta de 8,5% em relação a 2011.

O Hot Park, localizado em Rio Quente (GO), contabilizou 370 mil visitantes em 2012, índice 5% maior do que o do ano anterior.

Combustível... O fornecimento de querosene de aviação (QAV) do terminal de Guarulhos da Transpetro para o Aeroporto Internacional de Cumbica registrou recorde no ano passado com cerca de 2,7 bilhões de litros de combustível movimentados.

...de avião Em 2011, foram aproximadamente 2,6 bilhões de litros fornecidos pelo terminal da distribuidora, que abastece também a Base Aérea de Cumbica e os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, Viracopos, em Campinas, e São José dos Campos (SP).

Imagem brasileira
A cobertura sobre o Brasil em meios de comunicação estrangeiros teve crescimento em 2012, segundo a agência Imagem Corporativa.

Foram 5.109 matérias, alta de 3,65% em relação a 2011, nos 15 veículos pesquisados. Segundo o boletim, a ampliação foi impulsionada pela cobertura da Rio+20, conferência da ONU sobre crescimento sustentável e realizada em junho de 2012, com 1.450 menções ao Brasil.

Reportagens negativas tiveram uma redução de 7,32%, passando de 1.311 em 2011 para 1.215 em 2012. Estas representaram 23,78% do total.

De mudança A Montreal, empresa de TI, abre sua nova sede em São Paulo em março. Com faturamento anual de R$ 350 milhões, a companhia investirá R$ 15 milhões para alavancar sua operação na cidade.

No Nordeste A AeC, companhia de call center, inaugura amanhã sua segunda unidade no Nordeste. Localizada em João Pessoa (PB), a operação deve empregar inicialmente 800 pessoas.

FLÁVIA OLIVEIRA NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 28/02

RIO QUER ESTIMULAR GERAÇÃO DE ENERGIA COM LIXO
Projeto na Alerj prevê isentar equipamentos de ICMS. Estado pedirá ao governo federal leilões exclusivos para a fonte

O governo do Rio prepara ações para estimular a geração de energia com a biomassa do lixo não reciclável recolhido no estado. Carlos Minc, secretário estadual do Ambiente, está tocando o pacote com três medidas. Uma delas já está em andamento. As demais dependem da Assembleia Legislativa e do governo federal. Quatro licenças ambientais de novos aterros sanitários (Seropédica, Itaboraí, São Gonçalo e Belford Roxo) já estabelecem prazo para que parte do lixo recolhido seja transformado em eletricidade. "Há três caminhos: captura do gás metano, incineração controlada e geração com biomassa", explica. De outro lado, Minc vai negociar na Alerj a aprovação do Projeto de Lei 3062/2010, que ele próprio apresentou quando deixou o Ministério do Meio Ambiente e reassumiu o mandato de deputado estadual. O texto prevê a eliminação do ICMS dos equipamentos que transformam lixo em energia. Hoje, o Rio já isenta os bens de capital para geração solar e eólica. Por fim, há intenção de convencer o governo federal a promover leilões exclusivos de energia nova gerada com lixo, nos moldes do que já se fez com as eólicas. As conversas com a EPE já começaram.

TÁ FRIO
A Totem estreia em março, em jornais e revistas, a campanha da coleção do inverno 2013, lançada ontem. A meta é vender 20% mais sobre a temporada 2012. Marilia Moreno posou para Yuri Sardenberg. Famosa pelas estampas, a rede tem sete lojas próprias no Rio e vende suas criações para 250 multimarcas de 20 estados brasileiros.

ÍNDIA
A Leeloo põe na rua hoje a campanha de inverno. Vai circular na internet e nos pontos de venda. A modelo 1sabella Melo posou para o fotógrafo Vicente de Paulo. As peças da coleção "Perfume da índiá chega às lojas na quarta. Brindes da marca de cosméticos Darrow serão distribuídos em coquetel para clientes. A grife prevê alta de 20% nas vendas.

Punição
A ANP publica hoje na internet o balanço de multas aplicadas e recolhidas no biênio 2011-12. Só na área de segurança operacional foram recolhidos R$ 56 milhões. Já a divisão de conteúdo local arrecadou R$ 24 milhões. Significa que as empresas de óleo e gás vacilaram nos dois setores.

Combustível
O Brasil elevou em 6,1% o consumo aparente de combustíveis em 2012, diz a ANP. O relatório do ano será apresentado hoje, no Rio.

Agua 1
Eletrobras Furnas pagou R$ 221,3 milhões em royalties pelo uso da água nas hidrelétricas em 2012. Foi alta de 20% sobre os repasses do ano anterior. União, governos estaduais e 146 cidades de MG, SP, RJ, GO, MT e DF foram beneficiados. Só Minas ficou com R$ 48,5 milhões,

Agua 2
John J. Harris, presidente da Nestlé Waters, anuncia hoje o aporte de R$ 117 milhões em fábrica de água mineral em Silva Jardim (RJ). A múlti está de olho no mercado de águas no Rio. A empresa já tem 30% de participação no estado, segundo a Nielsen.

Quem vai
A Piccadilly, de calçados, abre 49 unidade em Miami. Prevê vendas anuais de US$ 950 mil. Até dezembro, terá loja nas Ilhas Reunião, território francês na África.

É seguro 1
A Prudential do Brasil bateu R$ 369 milhões em prêmios no ano passado, alta de 28% sobre 2011. Em dezembro, a companhia tinha 150 mil apólices de seguro de vida em vigor, com R$ 52 bilhões de capital segurado. São 37% mais que um ano antes.

O balanço sai hoje.

É seguro 2
A Mongeral Aegon, holandesa de seguros, fechou 2012 com lucro líquido de R$ 18 milhões no Brasil. Foi alta de 67% sobre 2011. O faturamento subiu 20% no período, batendo R$ 549 milhões.

Os destaques do ano foram os seguros com coberturas de morte e invalidez.

INVERNO
A Estação Leopoldina, no Rio, é o cenário da campanha outono-inverno da Leader.

A rede lança catálogo hoje. Robert Schwenck fotografou Marcelle Bittar e Raphael Laus. A coleção teve quatro inspirações: militarismo, folk, gótico e anos 1960.

0 filme, criação da Artplan, entra no ar 4á feira. A marca espera vender 20% mais sobre a temporada 2012.

UM PUTEIRO CHAMADO PETROBRAS!


Um negócio nebuloso EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S. PAULO - 28/02
A representação contra a Petrobrás apresentada ao Tribunal de Contas da União (TCU) pelo procurador do Ministério Público junto ao TCU, Marinus Marsico, pedindo que seja investigada a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pode ser o primeiro passo de um processo formal a respeito desse negócio tecnicamente injustificável e que, pelas informações disponíveis, e não contestadas pela empresa, pode resultar em prejuízo bilionário para o País.

Além de provocar a ação do Ministério Público, o caso - sobre o qual o Estado vem há tempos publicando reportagens - já vem sendo acompanhado por congressistas, entre os quais o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), que pediu investigação da Procuradoria-Geral da República. Pode, por todas as evidências já conhecidas, tornarse um caso de polícia.

Depois de coletar, nos últimos meses, informações a respeito da compra, pela Petrobrás, de metade do controle acionário da refinaria texana em 2006 e, depois, da totalidade das ações por meio de acordo extrajudicial com a antiga sócia, o procurador Marinus Marsico decidiu encaminhar ao ministro José Jorge, relator da questão no TCU, pedido para que apure as responsabilidades da empresa nesse negócio, de grandes proporções e nenhuma transparência.

Na opinião do procurador houve gestão temerária e prejuízo aos cofres públicos nessa compra. Caso o ministro aceite o pedido, técnicos do TCU examinarão a questão e poderão identificar responsáveis. O relatório técnico será depois julgado em plenário.

Ao anunciar a aquisição da refinaria de Pasadena, a Petrobrás - cujo Conselho de Administração era presidido pela então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff - afirmou que, desse modo, iniciaria sua participação no mercado de refino de petróleo e comercialização de derivados no mercado americano.

A meta então anunciada era de, por meio de novos investimentos, duplicar a capacidade da refinaria, que, na época, podia processar 100 mil barris de petróleo por dia. Era parte de seu plano estratégico, que previa também investimentos em pesquisa e produção de petróleo em áreas do Golfo do México.

Quando se conheceram os números do negócio, porém, o valor "estratégico" da refinaria para a empresa brasileira começou a ser contestado. A refinaria de Pasadena fora adquirida no início de 2005 pela empresa belga Astra Oil Company por apenas US$ 42,5 milhões. Os entendimentos da Astra com a Petrobrás começaram alguns meses depois e foram concluídos em setembro de 2006, quando a estatal brasileira confirmou a compra de 50% da refinaria por US$ 360 milhões.

Ou seja, a Astra - da qual um ex-funcionário da Petrobrás era um dos principais executivos - recebia esse valor pela metade da refinaria, que lhe custara US$ 21,25 milhões. Seu ganho, portanto, fora de praticamente 1.600%. O negócio já seria totalmente injustificado se tivesse ficado só nisso. Mas não ficou.

Desentendimentos entre os sócios levaram a parte belga a recorrer à Justiça americana para obrigar a Petrobrás a comprar sua parte. Depois de perder na Justiça, a Petrobrás decidiu fazer um acordo extrajudicial com os belgas. Fechado em junho do ano passado, esse acordo previu que, para encerrar todos os litígios, deveria pagar mais US$ 820 milhões. Em resumo, a Astra vendeu para a Petrobrás, por US$ 1,18 bilhão, uma refinaria que lhe custara US$ 42,5 milhões.

O plano estratégico de 2012-2016 da Petrobrás prevê a venda de US$ 14 bilhões de ativos, sobretudo no exterior, operação indispensável para equilibrar suas finanças e executar o ambicioso plano de investimentos no pré-sal. A Refinaria de Pasadena estava entre os ativos que a estatal pretendia vender para fazer caixa, mas seu valor de mercado certamente é muito menor do que o desembolsado para adquiri-la.

Vendê-la pelo valor oferecido pelos poucos interessados implicaria à Petrobrás o reconhecimento de pesadas perdas financeiras, razão pela qual a empresa agora diz que fará investimentos para torná-la mais atraente. As perdas poderão aumentar. E quem é o responsável por essas perdas?

Lula e Campos: reaproximação - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 28/02

Em conversa que terá nos próximos dias com o governador Eduardo Campos (PSB), o ex-presidente Lula tentará convencê-lo a não entrar na disputa contra a presidente Dilma. Lula disse a interlocutores que tem "um fio de esperança" que Campos mude de ideia, sob o argumento de que o PSB levaria a disputa para o 2º turno, colocando em risco a continuidade de um governo popular.

Uma UPP para o PDT
Grupo de pedetistas liderado pelo deputado Miro Teixeira tenta acordo para minimizar as brigas entre o presidente do partido, Carlos Lupi, e o ministro Brizola Neto (Trabalho). "O PDT precisa de uma UPP, uma unidade política de pacificação", diz Miro, que almoçou com Brizola semana passada sugerindo entendimento. A conversa foi uma espécie de choque de realidade. Miro afirmou que o partido não pertence a ninguém e que todos os pedetistas estão sendo prejudicados por diferenças pessoais. A ideia é eleger dia 25 de março, na convenção do PDT, um diretório negociado, sem disputa de chapas. Mas Miro avisou que, se houver eleição, apoia Lupi.

Tudo sob controle
A cúpula do PMDB está desarmando rebelião pretendida por radicais na convenção de sábado para confrontar a presidente Dilma. Ela, aliás, apareceu de surpresa em jantar na casa do vice, Michel Temer, em homenagem a José Sarney.

Veta, Dilma!
O ator Paulo Betti, foto, lançou campanha contra a o uso do vale-cultura para pagar TV a cabo. Betti se diz indignado com a ideia da ministra Marta Suplicy e pede veto da presidente Dilma à proposta, apesar de já ter sido sancionada. "Quem vai usar R$ 50 para comprar livros, ir ao cinema ou teatro, se está pagando R$ 45 de TV a cabo?", indaga o ator.

Disputa pela Aneel
As empresas do setor elétrico querem Edvaldo Santana no lugar do diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, que sai dia 12. Dizem elas que pacificaria o setor, derrotado pelo modo como o governo operou a redução da energia.

Campanha? Que campanha?
Sem querer admitir que está em campanha a presidente, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) desembarcará em São Paulo dia 5 de abril para evento da Associação Paulista de Prefeitos, que reúne mais de 300 prefeitos e dois mil vereadores. Fará palestra sobre gestão pública. No dia 6 de abril, o candidato tucano, Aécio Neves, fará o encerramento do evento.

PSOL engrossa com "marineiros"
O PSOL vai esperar até segunda-feira pelas desfiliações de Heloísa Helena, Jefferson Moura, Elias Vaz e Martiniano Cavalcante, que estão indo para a Rede, de Marina Silva. O partido acha a atitude antiética e vai desligá-los se não o fizerem.

Follow me
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) está pagando para o Facebook anunciar sua página na rede social. "Curta a página de Aécio Neves, acompanhe suas ações e conheça sua história", diz o texto da página sugerida.

O PCdoB é o único partido da base considerado fiel à presidente Dilma e comprometido em apoiar sua reeleição sem ganhar nada em troca.


Ordem unida - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 28/02

O apelo do PT para que CUT e MST se integrem às caravanas de Lula tem como objetivo engajar essas entidades à "campanha permanente" de Dilma Rousseff, deflagrada com a antecipação da disputa de 2014. Petistas entendem que precisarão vencer resistências imediatas desses setores à presidente para que eles não criem obstáculos ao projeto de reeleição. Há contenciosos: centrais acham que o governo ignora a pauta sindical, e o ritmo da reforma agrária é considerado lento.

Em casa Mônica Valente, mulher de Delúbio Soares, foi homenageada pela CUT ontem no evento aberto por Lula em São Paulo. O ex-tesoureiro condenado no mensalão foi um dos mais festejados.

Flerte Comitiva da Força Sindical irá a Recife para "visita de cortesia" a Eduardo Campos (PSB-PE) na segunda-feira. O governador fará palestra em encontro da direção da entidade em abril.

Só love Além de confirmar presença na convenção do PMDB no sábado, Dilma recebe hoje os líderes Eduardo Cunha (Câmara) e Eunício Oliveira (Senado). Na solenidade do fim de semana, a presidente deve discursar e dividir as conquistas do governo com o principal aliado.

Âncora O Planalto determinou ontem que a condução da medida provisória dos portos passe ao Congresso. O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), deve coordenar negociação com as centrais sindicais.

Pressa Em conversa com Braga, ontem, Dilma pediu agilidade na aprovação do projeto que cria o Ministério da Micro e Pequena Empresa, que deverá ser entregue ao PSD de Gilberto Kassab.

Asas A cobiça de PSD, PR e PMDB pela Secretaria de Aviação Civil se justifica pelo fundo de R$ 7,3 milhões que financiará a construção de pequenos aeroportos regionais. O dinheiro virá da outorga de terminais concedidos pelo governo federal.

Canelada Setores do PT voltaram a se movimentar para puxar o tapete de Aldo Rebelo e assumir o Ministério do Esporte, empurrando o aliado para a coordenação política. A sinalização do Planalto, no entanto, é que a presidente não mexerá na pasta.

Adeus Dilma enviará hoje uma carta de despedida a Bento 16. Será a primeira vez que a presidente se manifestará após o anúncio da renúncia do papa, no dia 11. Ela retoma, assim, as relações com o Vaticano, frias desde a campanha de 2010.

Brinde Luís Inácio Adams foi saudado no jantar oferecido ontem pelo vice-presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu, ao qual chegou junto com Dilma. A derrubada da liminar que obrigava a análise dos vetos presidenciais em ordem cronológica ajudou a restabelecer o prestígio do titular da AGU.

UPP Jaques Wagner entregou a Joaquim Barbosa carta em que manifesta interesse da Bahia em abrigar a Universidade Mundial de Segurança e Desenvolvimento Social, parceria da ONU com o governo brasileiro. Caberá ao STF definir a sede do projeto, aprovado no Fórum de Bellagio, na Itália, em 2011.

Oremos Servidores do Tribunal de Justiça de São Paulo terão palestra motivacional do padre Fábio de Melo, campeão católico de vendagem de livros e CDs.

Bandeira branca Barros Munhoz, presidente da Assembleia paulista, visitou ontem Márcio Elias Rosa, procurador-geral da Justiça. Em meio à guerra de deputados e promotores pela tramitação da PEC que limita investigações do Ministério Público, o tucano quis reafirmar "respeito institucional".

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"Como líder, expresso a opinião do meu partido. Infelizmente, outros expressam a opinião que serve a outras legendas."
DO SENADOR RODRIGO ROLLEMBERG (PSB-DF), sobre Cid Gomes ter dito que ele é um dos que mais estimulam Eduardo Campos a se candidatar ao Planalto.

contraponto

Love is in the air


Em viagem à Espanha, o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) telefonou anteontem para a mulher, Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff.


-Tudo certo com você e as crianças? Estou saindo para os últimos compromissos e depois vou ao aeroporto. Chego amanhã cedo.

A ministra respondeu:

-Pensei que chegaria hoje! Então não vamos nos ver? Lembrando que Gleisi viajaria a Londres, onde participará do road-show de obras do governo, Bernardo disse:

-Vamos sim! Se ficar atenta, na travessia do Atlântico.

Não se preocupe, embaixador - DEMÉTRIO MAGNOLI

O GLOBO - 28/02

Corre o rumor de que Havana pretende substituí-lo por de incompetência funcional.Eles lhe devem uma medalha



A Carlos Zamora Rodríguez, embaixador de Cuba no Brasil:

Circulam rumores de que a passagem da blogueira Yoani Sánchez pelo Brasil terá efeitos desastrosos para sua carreira diplomática. Escrevo para acalmá-lo. À luz dos critérios políticos normais, qualquer um dos quatro motivos mencionados como causas possíveis de sua queda seria suficiente para fulminar um diplomata. Contudo, os governos de Cuba e do Brasil não se movem por critérios normais.

Comenta-se, em primeiro lugar, que o Planalto solicitaria sua remoção em reação à interferência ilegal da Embaixada nos assuntos internos do país. De fato, é ultrajante reunir militantes do PT e do PCdoB na representação diplomática cubana para distribuir um CD contendo calúnias contra uma cidadã em visita ao Brasil. Mas não se preocupe. Sob Lula, quando prendeu e deportou os pugilistas cubanos que tentavam emigrar, o governo brasileiro violou a Carta Interamericana de Direitos Humanos para atender a um desejo de Havana. Dilma Rousseff só precisa ignorar a violação de leis nacionais para encerrar o “caso Yoani”.

Em segundo lugar, corre o rumor de que Havana pretende substituí-lo por razões de incompetência funcional. A causa seria o vazamento para Veja das informações sobre a reunião na Embaixada, que contou com a presença de Ricardo Poppi Martins, auxiliar do ministro Gilberto Carvalho – uma notícia depois confirmada pela própria Secretaria-Geral da Presidência. Certamente, as agências de inteligência de seu país não apreciaram a condução desastrada da operação, mas duvido que o governo de Raúl Castro desconsidere os fatores atenuantes: a inconveniência representada pela liberdade de imprensa e os “dilemas morais pequeno-burgueses” de militantes de esquerda não submetidos ao centralismo do Partido Comunista Cubano.

Um terceiro motivo para seu afastamento residiria nas implicações lógicas das acusações difundidas pela Embaixada contra a blogueira. O CD qualifica Yoani como “mercenária financiada pelo governo dos EUA” para “trabalhar contra o povo cubano”. Afirmar isso, porém, significa dizer que, mesmo dispondo das provas da atuação de uma agente inimiga em seu território, o governo de Cuba optou por não prendê-la e processá-la, colocando em risco a segurança do país. O raciocínio, impecável, destruiria um diplomata de um país democrático, mas não arranhará sua reputação perante o regime dos Castro: o discurso totalitário não almeja a persuasão racional, não se deixa limitar pela regra da consistência interna e não admite o escrutínio da crítica.

Afigura-se mais grave a quarta razão que apontam como ameaça à sua carreira. Ao estimular a perseguição movida por hordas de militantes organizados contra Yoani, a Embaixada amplificou a voz e o alcance da mensagem da blogueira, produzindo um efeito contrário ao desejado por Havana. Construído no terreno de um cínico pragmatismo político, o argumento parece irretocável, mas não creio que deveria alarmá-lo. Na perspectiva do regime cubano, as repercussões da visita sobre a opinião pública são o preço a pagar pela afirmação de um princípio inegociável do totalitarismo: os dissidentes nunca estão a salvo da violência real ou simbólica do “ato de repúdio”.

O “ato de repúdio” é o equivalente político do estupro de gangue. Na China da Revolução Cultural, onde alcançou o apogeu, a prática chamava-se “assembleia de denúncia”. Segundo o relato de Jung Chang, uma jovem chinesa que testemunhou aqueles tempos, a Universidade de Pequim realizou sua pioneira “assembleia de denúncia” a 18 de junho de 1966, quando o reitor e dezenas de professores sofreram espancamentos e foram obrigados a permanecer ajoelhados durante horas em meio à multidão histérica. “Enfiaram à força em suas cabeças chapéus cônicos de burro, com slogans humilhantes” e “derramaram tinta em seus rostos para deixá-los negros, a cor do mal” (Cisnes selvagens: três filhas da China). A matriz chinesa, nós dois sabemos, inspirou a ditadura cubana, cujos “atos de repúdio” excluem a tortura mas não a violência física moderada, a intimidação direta e uma torrente de insultos.

Yoani relata no seu blog o primeiro “ato de repúdio” que assistiu, quando tinha cinco anos (“As pessoas gritavam e levantavam os punhos ao redor da porta de uma vizinha”), e um outro, do qual foi vítima junto com as Damas de Branco (“as hordas da intolerância cuspiram em nós, empurraram e puxaram o cabelo”). No “ato de repúdio”, o “inimigo do povo” deve ser despido de sua condição humana e convertido em joguete da violência coletiva. A agressão física é um corolário último desejável, mas não é um componente necessário do ritual – e, dependendo das circunstâncias políticas, deve ser prudentemente evitada. Estou convicto de que sua embaixada levou isso em conta quando indicou o caminho dos atos contra Yoani.

Seu conhecido Breno Altman, um quadro político do PT, defendeu os “atos de repúdio” contra a blogueira em debate televisivo, alegando que “ninguém saiu ferido”. De fato, apenas em Feira de Santana chegaram a empurrar Yoani e a puxar-lhe o cabelo. Na mesma cidade e em São Paulo, gangues de vândalos a insultaram em público, cassaram-lhe o direito à palavra, ameaçaram pessoas que queriam escutá-la, provocaram o cancelamento de eventos literários e cinematográficos. Tudo isso caracteriza constrangimento ilegal, um crime contra as liberdades públicas e individuais.

No Brasil, a palavra de Yoani desmoralizou a ditadura cubana. Mas, nessa particular guerra de princípios, sua embaixada venceu: a polícia não interferiu, os “intelectuais de esquerda” silenciaram, a editora que publica Yoani eximiu-se da obrigação de protestar e uma imprensa confusa sobre a linguagem dos valores democráticos qualificou os vândalos como “manifestantes”. Por sua iniciativa, o “ato de repúdio” fincou raízes no meu país. Creio que lhe devem uma medalha.

Exemplos - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 28/02
"Eu acho que o Fernando Henrique Cardoso deveria, no mínimo, ficar quieto. O que ele deveria fazer é contribuir para a Dilma continuar a governar o Brasil bem, ou seja, deixar ela trabalhar." Nessa curta frase do ex-presidente Lula está expressa sua ideia de democracia e, sobretudo, a visão que tem sobre o que é fazer oposição. Desde que Lula chegou à Presidência da República, criou-se um mito no Brasil: falar mal do ex-operário que chegou ao poder pelo voto é proibido, revela o preconceito social de quem o faz.

Fazer oposição ao governo popular que chegou para nos redimir só pode ser coisa de direitistas raivosos, de reacionários a serviço dos piores interesses. Ao contrário, basta que alguém adira ao governo petista para se transformar imediatamente em pessoa respeitável, sobre quem nada pode ser dito sem que uma crítica signifique tentativa de desestabilizar o tal governo popular.

Reputações são lavadas em segundos, passados são esquecidos, muitos se tornam esquerdistas tardiamente. Quantos parentes de presos políticos que nunca levantaram um dedo para repudiar a ditadura agora posam de esquerdistas em defesa da memória de seus queridos e aproveitam para tirar um benefício do governo?

Por que Fernando Henrique deveria "no mínimo ficar quieto", se, tanto quanto ele, os ex-presidentes que nos restam atuam politicamente com intensidade? E por que Fernando Henrique deveria deixar Dilma trabalhar em paz se ele é o principal nome da oposição e, como o nome diz, tem como função principal se opor ao que está aí no governo?

O que fazia o PT quando estava na oposição? Deixava Fernando Henrique governar com tranquilidade ou tentava por todos os meios boicotar sua administração? Logo no início do governo Lula, quando ele assumiu surpreendentemente como tarefa de seu governo prosseguir a reforma da Previdência, conversei com o então presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha - hoje condenado pela participação no mensalão - e perguntei a ele por que o PT se batera tanto contra a reforma quando o PSDB estava no governo se agora se mostrava favorável a ela.

Ele, candidamente, respondeu: "Luta política". Simples assim. A "luta política" justificava tudo, até mesmo trabalhar contra medidas que eles consideravam acertadas. Enquanto ainda era presidente, Lula reclamava da ação de Fernando Henrique, dizendo que ele tinha que aprender a ser ex-presidente. Houve momento em que petista graduado disse que o ex-presidente tucano deveria ir para a casa "cuidar dos netinhos".

Lula prontificava-se a fazer isso, ao mesmo tempo em que prometia voltar a fazer churrascos para os amigos, sem se meter em política. Ensinaria a Fernando Henrique o que é ser um ex-presidente. Sabemos muito bem o que ele fez desde o primeiro momento em que deixou a Presidência. Faz questão de demonstrar sempre que quem está no comando é ele, a ponto de, na reunião do PT para comemorar os dez anos de poder do partido, ter feito discurso em que tratou a presidente Dilma Rousseff como se fosse um oposicionista. Como ele sempre é o centro de suas próprias falas, Lula fez brincadeira com sua conhecida vaidade. Disse que gostava tanto dele mesmo que sempre votou em si próprio para presidente da República, e que, quando não pôde mais fazê-lo, votou num "poste".

O "poste" em questão estava ali a seu lado, era a presidente da República, que foi classificada assim durante a campanha eleitoral pelos críticos de sua escolha. Para aliviar o ambiente, Lula deu um fecho generoso à sua piada de mau gosto, dizendo que o "poste" Dilma estava iluminando o Brasil.

Todas essas atitudes de Lula fora do poder podem ser perfeitamente aceitáveis para seus correligionários e eleitores, que costumam não ver seus defeitos. Mas não é possível que críticas aos governos petistas, ou mesmo à sua pessoa, sejam consideradas demonstrações de reacionarismo político, ou tentativa de boicotar as ações do governo popular que chegou para redimir o país, sem dever nada a ninguém, sem ter herdado nada, tendo construído tudo. Lula alimenta essa bobajada.