quinta-feira, julho 26, 2012

OAB: bem comum ou projetos individuais - ANTONIO CLÁUDIO MARIZ DE OLIVEIRA

Folha de S. Paulo - 26/07


A advocacia passa por uma grave crise de valorização, de respeito e de credibilidade marcada pela incompreensão sobre o seu papel institucional e social.

A sociedade desconhece a razão de ser da advocacia; a mídia propositadamente a confunde com o cliente e há quem lhe impute responsabilidade até pelas mazelas do Poder Judiciário. Como participantes da administração da Justiça, parece que nós advogados apenas somos tolerados porque nosso mister tem previsão constitucional.

Não obstante, imploram a nossa presença e a reconhecem como indispensável quando estão às voltas com conflitos individuais ou quando as prerrogativas inerentes às suas instituições estão em risco.

Apesar do grande empenho de inúmeros e destacados líderes para a plena revalorização da profissão, a crise perdura e cresce.

Note-se que alguns dirigentes da OAB se satisfizeram em ostentar os respectivos cargos, mas consideraram o seu exercício um fardo insuportável e nada fizeram. Outros os transformaram em um palco propício à exploração midiática e à promoção pessoal. Ademais, há dirigentes preocupados exclusivamente com temas distantes daqueles de interesse da advocacia, que ficam relegados ao esquecimento.

Cumpre à OAB o trabalho de revalorização da profissão. Para que ela possa cumprir esse papel, é preciso que seus diretores, conselheiros e membros das comissões estejam imbuídos do ideal de servir, com desprendimento e olhos postos nas reais necessidades da advocacia.

Assim, a OAB não pode ser vista ou tratada como um clube recreativo ou social, como mera ação entre amigos ou como um espaço para conquistas no campo profissional.

A postulação aos cargos se justifica dentro dos limites traçados pela vontade de servir e pela coerência com ideias e ideais. Sem a exposição sincera de um ideário claro e objetivo, deve-se desconfiar das intenções daquele que postula.

Aprendi a fazer política de classe em uma época em que se acreditava na advocacia como agente transformador da sociedade, como uma via de aperfeiçoamento do Judiciário e como um instrumento eficaz para a construção de um país melhor.

Esforços não eram poupados por nós, como porta vozes dos anseios, das aspirações e das angustias de uma profissão já em crise e de uma sociedade carente de canais transmissores de suas reivindicações.

Éramos meio quixotescos, inconformados, rebeldes, insatisfeitos, perseguíamos utopias para transformá-las em sonhos, em realidade.

Nos dias de hoje, embora muitos militantes da política de classe se conduzam daquela forma, parece haver uma tendência ao individualismo e ao pragmatismo.

O apoio a uma das chapas em disputa fica na dependência do cargo oferecido. Pouco importam o programa de gestão e as soluções propostas para os problemas específicos. Inúmeras questões relevantes não são consideradas, desde que os interesses individuais sejam satisfeitos.

Não se trata de pessimismo, trata-se de uma análise realista, mas não derrotista.

Sua reversão vai depender, de um lado, do desprendimento e do espírito público daqueles que se dispuserem a dirigir a OAB e, de outro, dos eleitores, que deverão discernir e escolher os que estiverem efetivamente comprometidos com o bem comum da advocacia. Será preciso colocar o joio bem distante do trigo.

O lulismo e os salários federais - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 26/07


O governo federal vai inflar de novo os gastos salariais, com aumentos generosos para professores das universidades e também para servidores do Executivo. Mais uma vez a presidente Dilma Rousseff recuou, depois de tentar, por um breve período, exibir uma imagem de austeridade. Agravou-se a crise internacional, a economia brasileira está em marcha lenta e a previsão da receita fiscal foi reduzida. Todos esses fatos bem conhecidos e inegáveis tornam aconselhável um manejo muito cauteloso das finanças públicas. O governo tentou argumentar com base nesses dados, mas sem sucesso. Acostumado à política de mão aberta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o funcionalismo civil - incluído o pessoal das universidades - rejeita qualquer ideia de parcimônia governamental.

O movimento dos professores é apenas o mais barulhento. Também há paralisação em outros setores da administração, com elevados prejuízos para empresas e para os cidadãos pagadores de impostos. A operação-padrão da Receita Federal e a greve do pessoal da Anvisa têm dificultado seriamente a liberação de mercadorias em portos e aeroportos e até a movimentação de navios recém-chegados ao Brasil. Empresas recorreram à Justiça e conseguiram liminares para facilitar a liberação de mercadorias em alguns portos.

O governo propôs aos professores, inicialmente, um reajuste salarial escalonado a partir de 12%. Diante da resistência dos grevistas, a presidente autorizou uma proposta muito mais amigável, com variação de reajustes entre 25% e 40%. O governo conseguiu resistir pelo menos à pretensão de mudança no plano de carreira. O esquema em vigor, já muito generoso, deve ser mantido. Pelas regras atuais, um docente federal pode chegar ao quarto nível, o de professor associado, sem mestrado ou doutorado. Só o quinto e último nível, o de professor titular, é reservado a doutores. Na Universidade de São Paulo, nem o doutorado permite o acesso à posição de professor associado. É necessário passar por mais um exame, o de livre-docência.

O governo deve ceder ainda mais para pacificar o funcionalismo. Segundo fontes da administração federal, um aumento linear para servidores de categorias básicas do Executivo será proposto nas próximas semanas, provavelmente depois da apresentação de mais um pacote de estímulos econômicos. O benefício, de acordo com a primeira informação, será destinado preferencialmente a categorias com vencimentos "mais achatados". Falta ainda conferir se as demais categorias aceitarão um aumento restrito a alguns grupos. Afinal, o funcionalismo foi acostumado, durante longo tempo, a uma farta distribuição de vantagens salariais.

Entre 2003 e 2011, a despesa média com os funcionários ativos do Executivo federal aumentou 123,2%, em termos nominais, enquanto a inflação chegou a 52%. Houve, portanto, um enorme ganho real para os servidores, muito maior que o obtido no setor privado pela maior parte das categorias profissionais. O crescimento da despesa total foi maior porque houve contratações e o número de funcionários passou de 809,9 mil em 2002 para 984,3 mil em 2011.

O governo enfrentará dificuldades muito sérias, no próximo ano, se a economia crescer menos que o previsto e a arrecadação federal decepcionar. Essa hipótese é perfeitamente razoável, apesar das projeções de reativação econômica neste semestre e de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) igual ou superior a 4% em 2013.

Em junho, a arrecadação de impostos e contribuições - R$ 81,1 bilhões - foi 6,5% menor que a de um ano antes. Pouco antes de divulgado esse número, o Ministério do Planejamento havia anunciado uma nova revisão, para baixo, da receita estimada para 2012. Ao mesmo tempo, foi oficializada a nova projeção de crescimento econômico - 3% em vez dos 4,5% anteriormente calculados. O Banco Central, menos otimista, prevê 2,5%. Mesmo com perspectiva de alguma reativação econômica, muito mais prudente seria evitar novos aumentos de salários. Mas a prudência é posta em xeque por dois fatores - os interesses eleitorais e o peso da herança lulista, ainda dominante em Brasília.

Negligência - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 26/07

O TSE distribuiu na terça-feira, dia 24, a cota deste mês do fundo partidário aos partidos políticos. Surpreendentemente, o PSD, a despeito da decisão adotada no dia 29 de junho pelo pleno do próprio tribunal, continuou a receber parcela como se fosse um partido nanico. Pela lei, 5% do Fundo são divididos entre todos os partidos, e 95%, entre os que têm representação na Câmara dos Deputados. O Tribunal alegou motivos burocráticos para não dar o que é de direito ao partido. Quando a Justiça tarda, ela falha.

A burocracia derrota o direito
A falta de agilidade do TSE em assegurar o direito do PSD começa a prejudicar o partido também nos estados. Dirigentes regionais reclamam que vários TREs não incluem o partido no cálculo da distribuição do tempo no horário eleitoral na televisão e no rádio. Os juízes eleitorais alegam que não receberam comunicado do TSE para incluir o PSD nos cálculos do horário eleitoral. Isso, mesmo o STF tendo enviado ofício à presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, sobre a decisão do processo 4.430, relatado pelo ministro Dias Toffoli.

“ O contraventor Carlos Cachoeira tinha muita força no governo de Goiás porque o ex-senador Demóstenes Torres tinha muito prestígio —Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB e deputado (PE), falando em defesa do governador Marconi Perillo

TERCEIRA VIA? Especialistas em marketing eleitoral, baseados em pesquisas qualitativas, acreditam que há chances de uma terceira via em São Paulo. Argumentam que há um desgaste da situação, com José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (PSD); e da oposição tradicional, com Fernando Haddad (PT). Há pesquisas, não registradas, que relacionam os partidos dos candidatos, registrando um equilíbrio maior entre Serra, Haddad e Celso Russomanno (PRB), na foto.

A conta-gotas
A presidente Dilma vai anunciar as novas medidas econômicas de agosto até a véspera das eleições municipais. No dia 7, anuncia a redução da energia elétrica para a indústria e mudanças no PIS/Cofins. A segunda leva trata de infra-estrutura viária e aeroviária.

Coisas de Terceiro Mundo
O governo brasileiro não consegue completar uma ligação para a comitiva da presidente Dilma, que está em Londres para a abertura das Olimpíadas. As linhas da capital inglesa estão congestionadas. Nem mesmo o wi-fi funciona, segundo assessores do Planalto. A comitiva oficial brasileira está arrancando os cabelos com o trânsito. Só quem consegue se deslocar com rapidez é o carro que leva a presidente Dilma e o veículo da sua segurança, que tem permissão para trafegar na Olimpic Line. A experiência é alerta para o Rio.

Pai e filha
O governador Tarso Genro (PT-RS) esteve no Rio e declarou apoio à reeleição do prefeito Eduardo Paes (PMDB). O PSOL vai dar o troco e trazer a filha de Tarso, a ex-deputada federal Luciana Genro, para manifestar-se a favor da candidatura de Marcelo Freixo.

Escanteado
O grupo de 30 empresários que se reúne com a presidente Dilma assumiu o lugar do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, criado pelo governo Lula. O Conselhão não foi ouvido antes do lançamento dos programas Brasil Maior e Brasil Carinhoso.

Tipo exportação
O marqueteiro da presidente Dilma, João Santana, está fazendo a campanha pela reeleição do presidente angolano, José Eduardo dos Santos (MPLA), em Angola. Trabalhando na mesma empreitada, o cientista político Ricardo Guedes, do Instituto Sensus (MG).

BUSCANDO a renovação de seus quadros, o PT terá nestas eleições 10% de seus candidatos a vereadores com menos de 30 anos. Serão 3.815 candidatos com até 29 anos, de um total de 39.615 candidaturas às Câmaras Municipais.

AS MINISTRAS Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) tiraram três e dois dias de férias, respectivamente. Já os ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Guido Mantega (Fazenda) tiraram 15 e sete dias, respectivamente.

DIANTE DO SILÊNCIO do contraventor Carlos Cachoeira na Justiça, o presidente da CPI, senador Vital do Rego (PMDB-PB), desabafou: “Quando ele optou por não falar na CPI, fomos tachados de ineficientes. O que os críticos vão dizer agora?”

Cultura do biombo - DORA KRAMER


O Estado de S.Paulo - 26/07


Antes da aposentadoria em novembro, quando também termina seu curto período na presidência doSupremo Tribunal Federal, o ministro Carlos Ayres Britto gostaria de deixar formatado um compromisso de esforço entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário para assegurar a aplicação de três leis consideradas por ele essenciais no combate à "cultura do biombo" em vigor desde que o Brasil se entende por gente.

Duas delas são recentes, a Lei da Ficha Limpa e a de Acesso à Informação, mas uma já completou 20 anos e ainda não "pegou": a Lei da Improbidade Administrativa, de 1992, que define punições para agentes públicos por enriquecimento ilícito, imposição de prejuízos ao Erário e infração aos princípios de transparência, probidade, impessoalidade e moralidade que regem a administração pública.

Os escândalos recorrentes e a impunidade decorrente deles dão notícia do vácuo entre a existência da legislação e sua utilidade prática.

"Tudo o que colide com uma cultura arraigada encontra resistências que precisam ser vencidas a fim de que o interesse público prevaleça sobre a inércia das velhas práticas", diz o presidente do STF, que atualmente está no meio de um embate com tribunais de Justiça de vários Estados para fazer cumprir a determinação do Supremo de divulgação dos salários do Judiciário nos termos da Lei de Acesso à Informação.

O que ele chama de "cultura do biombo" é desequilíbrio entre os deveres cobrados ao cidadão e os direitos devidos à sociedade pelo Estado no tocante à prestação de contas de maneira eficaz e transparente.

Ayres Britto considera ideal o momento em que o Supremo tem tomado decisões relativas a mudanças de costumes para se organizar uma ofensiva institucional com a finalidade de quebrar resistências a leis que, por contrariarem práticas culturalmente arraigadas, correm o risco de cair no vazio.

A ideia dele é obter a anuência dos chefes dos Poderes Legislativo e Executivo para fazer dessas três leis objeto da terceira fase do Pacto Republicano, cujas edições anteriores resultaram da reforma do Judiciário, em 2004, e no reforço das prerrogativas no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2009.

A conferir se haverá tempo e, sobretudo, interesse de adesão à proposta.

Olho vivo. Um grupo de advogados de São Paulo oficializou pedido ao Tribunal Superior Eleitoral para que os ministros tenham especial atenção ao uso de denúncias envolvendo partidos e políticos nos programas eleitorais.

É uma preocupação do PT por causa do julgamento do mensalão, mas é tema de inquietação também no PSDB que tem o governador Marconi Perillo na mira da CPI do Cachoeira.

A intenção não é impedir a abordagem desses assuntos no horário eleitoral, até porque seria impossível dada a inexistência de controle prévio dos programas.

O objetivo dos advogados é alertar a Justiça Eleitoral para o risco de possíveis distorções que possam induzir o eleitor a conclusões sobre investigações e processo em que não foram estabelecidas condenações ou absolvições.



Nisso se enquadram a CPI e o julgamento no STF, cujos cursos coincidem com a campanha eleitoral.

Sorte lançada. Em tese conta pouco ou quase nada a sustentação oral que os advogados de defesa farão logo após a manifestação da Procuradoria-Geral da República no julgamento do mensalão.

Todas as alegações de defesa e acusação já estão "no papel" desde junho do ano passado e, com base nelas e mais o relatório entregue pelo revisor Ricardo Lewandowski no mês passado, os ministros do Supremo prepararam seus votos.

Mas, na prática do rito judicial, a manifestação oral é a oportunidade de os réus, por meio de seus advogados, se dirigirem diretamente ao colegiado, o que até então fizeram apenas ao ministro revisor Joaquim Barbosa.

Contra o consumidor, de novo - CARLOS ALBERTO SARDENBERG


O Globo - 26/07


Ao manter a suspensão da venda de novas linhas de celulares, o juiz Thales Krauss Queiroz, da 4 Vara Federal de Brasília, escreveu: "O consumidor, legitimamente, quer pagar menos e falar mais. E quer um serviço de qualidade."

Bom e barato. O juiz acrescentou que a Constituição garante ao consumidor a prestação de serviços de qualidade.

Não custa lembrar, porém, que a mesma Constituição estabelece ser obrigação do poder público oferecer as condições adequadas, o marco regulatório, por exemplo, para a correta prestação dos serviços.

Mas o consumidor quer mais ainda, como me dizia um ouvinte da CBN, de Maricá: "Nós, moradores, tomamos, há muito tempo, nossas precauções para evitar que nossas praias e matas virem paliteiros; antena, aqui, só com a aprovação dos moradores."

No município paulista de Itapetininga, não precisa disso, mas a lei determina que a base de sustentação das torres (de antenas de celulares) esteja distante pelo menos 110 metros das divisas do imóvel. Ou seja, só pode em terreno de 14 mil metros quadrados, no mínimo. Em outro município paulista, Piracicaba, a exigência é um pouco menor, áreas de no mínimo 12 mil metros quadrados.

Casos extremos, claro, mas são comuns as legislações estaduais e municipais cujas regras exigem terrenos desproporcionalmente grandes; distâncias grandes entre torres; distância das antenas em relação a hospitais, escolas e áreas populosas; prestação, por parte das companhias, de contrapartidas vagamente definidas e a serem negociadas com prefeituras ou associações de moradores.

Há, aí, uma preocupação com a saúde. Celular daria câncer ou seria uma ameaça ao futuro da Humanidade? - como se disse numa decisão da Justiça paulista. A Organização Mundial de Saúde e órgãos associados apresentam estudos segundo os quais campos eletromagnéticos de radiofrequência da telefonia móvel têm menos probabilidade de causar câncer que a luz solar. Além disso, existe uma legislação federal, de 2009, que fixa os níveis tolerados de emissão, com base em órgão de assessoria à OMS. Leis estaduais e municipais, entretanto, se baseiam em outros parâmetros.

A outra preocupação tem a ver com urbanismo e, digamos claramente, tirar alguma vantagem das teles. Como são grandes, ricas e lucrativas - tal é o argumento - devem pagar por isso e entregar alguma coisa em troca do direito de instalar as antenas. Ou seja, começa-se com o argumento de que a antena causa câncer ou estraga as cidades e se termina negociando um prêmio pela instalação. O que, aliás, abre espaço para a corrupção.

Tudo considerado, há uma clara falha de governo, de regulação. Como as legislações se atropelam, resulta daí um enorme custo operacional e jurídico. Os procedimentos para a construção das torres e instalação das antenas passam por diversas fases burocráticas e, brincando, levam mais de ano.

Mas como há legislações diferentes, licenças concedidas e antenas instaladas são objeto de contestação nos tribunais, pois inevitavelmente vão contrariar alguma regra federal, estadual ou municipal. Há centenas de ações de Ministério Público, prefeituras, órgãos estaduais e associações de moradores pedindo a retirada de equipamentos.

Esse embrulho jurídico poderia ter duas abordagens. A primeira seria a pacificação do caso pelo Supremo Tribunal Federal. Há uma ação direta de inconstitucionalidade contra a lei paulista de 2001, que exige terrenos de pelo menos 3.600 metros quadrados para a instalação das torres. O julgamento poderia dar um parâmetro para as demais legislações. Mas a ação está parada no Supremo há mais de nove anos. Isso mesmo, nove anos.

A outra solução depende do Ministério das Comunicações e da Anatel. É deles, sem dúvida nenhuma, a organização do setor e, pois, as normas nacionais para todo o processo, do pedido de concessão até a instalação das antenas e a fiscalização prévia da capacidade e da qualidade do sistema.

Nenhum desses problemas é novo. A solução, ou pelo menos o encaminhamento, seria muito mais efetivo para o ganho de qualidade do que a suspensão das vendas de novas linhas. Mas atacar esse custo Brasil dá trabalho, exige um enorme esforço de coordenação e, pior, não dá barulho na imprensa.

Autoridades de Brasília dizem agora que a venda de linhas pode ser autorizada em 15 dias. Ou seja, em alguns dias, as operadoras montaram os amplos planos de investimentos que o governo estava cobrando e, em ainda menos dias, o governo analisa tudo e dá seu ok. E olha que estamos falando de programas de investimentos que chegam à casa da centena de bilhões, no país inteiro.

Como conseguem ser tão rápidos nisso e tão lentos para desatar o embrulho da regulação?

SENSÍVEL - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 26/07

Letícia Sabatella ganhou perfil escrito por Paulo Betti na "Lola" de agosto; ela diz que a sensibilidade é "ônus e bônus" e que teve taquicardia ao viver uma psicopata: "Todos temos graus de manipulação. Psicopatia, nunca pensei"

CANTA, ZÉ PEQUENO
"Cidade de Deus" vai virar musical em 2014, pelas mãos de Charles Möeller e Claudio Botelho. A dupla, que já dirigiu espetáculos como "Hair" e "Um Violinista no Telhado", fechou contrato nesta semana com Hank Levine, que detém os direitos do filme dirigido por Fernando Meirelles em 2002.

GIRO
Para o elenco, eles querem "a mesma coisa que fizeram com o filme", diz Möeller: "Descobrir muita gente. Em 2002, 90% da equipe era formada por atores negros e novatos". Serão promovidas audições pelo Brasil em busca de atores-cantores.

DEUS DE TODO MUNDO
A ideia é estrear no Rio e depois em SP. Um giro mundial está nos planos, com parada na Broadway. Em 2013, Möeller e Botelho já pretendem lançar outro musical nos EUA: "Orfeu Negro".

LEÃO SOLTO
A Leão Leão, empresa de coleta de lixo de Ribeirão Preto, está à venda. Deve ser incorporada nos próximos dias por uma gigante do setor. Ela se tornou célebre por ter sido acusada de participar de uma "máfia do lixo" quando Antonio Palocci foi prefeito da cidade. Ele foi inocentado pela Justiça.

NO BREU
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em SP, ficou 50 minutos sem luz na segunda. "Os geradores funcionaram e nenhum equipamento foi desligado. Houve escuridão, mas nenhum paciente foi prejudicado", afirma José Henrique Fay, superintendente do hospital.

EM CASA
José Dirceu decidiu que não vai a Brasília para acompanhar o julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal.

Prefere ficar em São Paulo, em local discreto, para evitar o assédio da imprensa.

NA BEIRA DO RIO
O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, estava ontem à beira do rio Poxim, em Aracaju (SE), "tranquilo, vendo as canoas, debaixo das águas". Ele tirou três dias de descanso antes do julgamento do mensalão.

PALAVRAS
E Britto diz que orientou a equipe a não mais divulgar notícias chamando o julgamento de "mensalão". "É cacoete que deve ser evitado, parece pré-julgamento. Pedi que só seja usada a referência técnica 'ação penal 470'."

NOVELA
Sobre a conversa com a presidente Dilma Rousseff a respeito de aumento salarial para o judiciário, Britto afirma que ela "não fechou" as portas ao reajuste de juízes. "Nem abriu", completa.

"As conversas continuam, de forma respeitosa", diz o presidente do tribunal.

ATÉ O FIM
O ator José de Abreu esclarece: Nilo, seu personagem em "Avenida Brasil", da Globo, não vai morrer. "Só no último capítulo, quando todos os personagens 'morrem', já que a novela acaba", diz.

SUSPENSE
O segredo em torno das cenas entre Carminha (interpretada por Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabella) é tão grande que os atores de "Avenida Brasil" têm recebido capítulos em que elas estão cortadas. E nos estúdios da Globo só entra quem é identificado por pulseiras de cores específicas que dão acesso a diferentes lugares.

DESCE UMA LOIRA
Wanessa Camargo voltará a ter madeixas loiríssimas. A cantora, sem poder pintar o cabelo na licença maternidade (seu filho nasceu em janeiro), será anunciada amanhã garota propaganda de uma marca de tintura agenciada pela 9ine, de seu marido, Marcus Buaiz, e Ronaldo.

Ó, COITADA
A atriz Gorete Milagres, criadora da personagem Filó de "A Praça É Nossa" (SBT), volta aos palcos de São Paulo. Ela estará na comédia "Chá com Limão", dirigida por Alexandre Reinecke, que estreia no dia 17 de agosto no Teatro Geo.

DIGA "XIS"
A exposição do fotógrafo João Musa foi inaugurada anteontem na galeria Luciana Brito. No coquetel, Musa também lançou as publicações que levam o nome dos ensaios "24 x 36" e "Vila Prudente". As artistas plásticas Sofia Borges e Mariana Galender circularam pelo vernissage.

ANIMA SÃO PAULO
O 20º Anima Mundi teve abertura em SP anteontem, no Memorial da América Latina. O diretor Jay Grace e Léa Zagury, uma das criadoras do festival, estavam lá.

CURTO-CIRCUITO

Dill Casella lança hoje, às 19h, o livro "Atitude e Altitude" na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

Rosana Chiavassa, candidata à presidência da OAB-SP, ganha ato de apoio hoje, no Círculo Militar.

Carlos Alberto de Nóbrega e Jacqueline Meirelles inauguram hoje ateliê de semijoias em Perdizes.

Mr. Catra faz show na festa Royal Funk, no Clube Royal, hoje, à 0h. 18 anos.

Onde está Batman? - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 26/07


Dizem que Batman fez falta em Aurora, Colorado; mas talvez ele estivesse lá, disfarçado de espectador


O filme "O Cavaleiro das Trevas" estreia amanhã. Pelo trailer, entendi que Batman reaparece em Gotham City, que precisa dele, desesperadamente. O novo vilão que assola a cidade é Bane, vestido de colete à prova de balas e máscara antigás.

Na madrugada do dia 20, em Aurora, Colorado, um tal James Holmes, 24, vestido à la Bane e armado de rifle, espingarda e duas pistolas, atirou na plateia que assistia à pré-estreia do filme. Ele matou 12 pessoas e feriu dezenas. Por sorte, a arma mais letal, o rifle, travou no meio da matança.

Na noite do massacre, a frase que pipocava na tela era: "Where is Batman when we need him?", onde está Batman quando precisamos dele?

Entre os espectadores sobreviventes, vários vestiam a camiseta com o logo do morcego. Alguns talvez estivessem completamente a caráter, pois existe, nos EUA, o hábito de comparecer a uma estreia vestindo o figurino de um personagem do filme. Ora, os espectadores disfarçados de Batman não supririam a falta de Batman. Em compensação, é possível que tenha acontecido o inverso: talvez Batman tenha comparecido lá, em Aurora, disfarçado de espectador.

Jon Blunk, Matt McQuinn e Alex Teves jogaram suas namoradas no chão e as protegeram dos tiros com seu corpo: eles se sacrificaram, e elas se salvaram. E Jarell Brooks, 19 anos, no meio daquele inferno, empurrou na sua frente e levou até à saída Patricia Legarreta com suas duas filhas pequenas, que ele encontrou perdidas no escuro e nos disparos. Patricia e as meninas se salvaram. Jarell não morreu, mas, ao amparar as três como um escudo, foi baleado nas costas.

Fazer a coisa certa não é um automatismo: o marido de Patricia e pai das meninas, por exemplo, desorientado no meio do massacre, encontrara só a saída, não a mulher e as filhas, que ficaram por conta.

Em suma, talvez Batman estivesse naquele cinema de Aurora, disfarçado de Jarell Brooks, Jon Blunk, Matt McQuinn e Alex Teves.

Infelizmente, além de Batman em vários disfarces, no cinema de Aurora, havia também seus (e nossos) inimigos -James Holmes estava disfarçado de Bane e com os cabelos do Curinga.

A moral dessa história é que os "ruins" se vestem de Bane ou de Curinga: eles querem se destacar, mostrar ao mundo que eles são únicos e confirmar seu "glamour" graças ao nosso olhar -admirativo ou apavorado, pouco importa, contanto que fiquemos vidrados neles.

Em tese, a mesma coisa poderia ser dita de Batman, que, apesar de não revelar sua identidade, é tão espalhafatoso quanto qualquer Curinga. Só que Batman não esteve em Aurora. Em Aurora, nossos heróis, os "bons", ao contrário do assassino, foram quase invisíveis.

Como explicar o que aconteceu aos nossos filhos? Acharia bom lhes dizer que o que aconteceu (ou algo parecido) vai acontecer sempre; e, quando acontecer, não poderão contar com a chegada de Batman, mas poderão, isso sim, descobrir se há um Batman neles, ou não.

Nota. Barbara Gancia continua discutindo com uma coluna misteriosa, que eu nunca escrevi. Cito Marcius Lepick, um dos leitores que me comunicaram seu e-mail para Barbara: "Oi Barbara, li seu artigo em que critica o texto do Contardo Calligaris (...), acho que você teve dificuldades em compreendê-lo, (...) lendo seu artigo parece que o colunista desmerece o AA, na verdade ele diz exatamente o oposto: 'Se você precisar se desfazer de um desses hábitos, procure encorajamento em qualquer programa que o leve a encontrar outros que vivem o mesmo drama e querem os mesmos resultados que você'. (...) Quando ele diz que 'Deu certo, mas, depois de um tempo, houve uma recaída brutal', foi você quem tomou a expressão 'Dar certo' como significar uma cura permanente, (...) está claro no texto do Contardo que ele respalda sua tese, e do AA, de que não há cura definitiva para esses casos, e sim uma luta diária. (...)

Quanto à internação, em nenhum momento Calligaris a defendeu, apenas disse que o grupo respaldou a ideia, Calligaris não fez nenhum juízo de valores sobre o fato, se a internação vai contra a filosofia do AA, talvez valha a ti tentar descobrir qual grupo, e em que circunstâncias isso ocorreu, agora o que não procede é criticar o colunista, pois ele nem remotamente defendeu a ideia, apenas relatou um fato, sua intenção era apenas apresentar um caso que ensejasse a discussão que lhe interessava, cuja conclusão coincide completamente com o seu ponto de vista e do AA.

Bom recomendo uma nova leitura do texto do Calligaris, e boa sorte na sua luta dentro do AA".

Brasil x Egito! Telão no Habib's! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 26/07

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Rumo a Londres!

É hoje! Brasil x Egito! Só vai ter piada de múmia e pirâmide! Diz que o Egito vem com dez múmias e o Sarney no gol! Rarará!

O Sarneymon vai ser goleiro do Egito! Piada com Egito tem que ter múmia, e piada com múmia tem que ter o Sarney!

E a verdadeira seleção do Egito: Haddad, Maluf, Chalita, Kassab e Alckmin! Telão no Habib's!

E o Neymar com aquele topete Pônei Maldito? Troca-se um pônei maldito por dez camelos! E o Brasil vai jogar com Egito, Belarus e Nova Zelândia. Ou seja, não vai jogar!

E esta: "Chinês diz que teve o pênis roubado". Compra um pinto pirata na 25 de Março! Ué, não é chinês? E a polícia diz que não encontrou os suspeitos. Não são suspeitos, são suspintos! Rarará!

E um jornal do Acre inventou um novo verbo: "Eletricitários grevam por tempo indeterminado". Greve já tem até verbo: eu grevo, tu grevas e a Dilma grita. Rarará!

E o Santos que contratou um argentino chamado Patito?! Ganso e Patito. A Granja do Muricy: Ganso, Patito e a crista de galo do Neymar!

E a novela? Gritaria Brasil! Quem gritar mais tem a imagem congelada no final. Prêmio! E o slogan do Leleco: "Ou Vai ou Viagra!".

E rola uma montagem hilária no Facebook. Um cara perguntando pra um motorista de ônibus: "Passa na avenida Brasil?". "Passa, sim!" "Então manda um beijo pra Carminha!" Rarará!

E um cara escreveu no Twitter: "Acabou meu estoque pra inventar senha, será que existe um personal senha?".

Sugestões: "Que tal meu ovo direito, meu ovo esquerdo?". Ou então: "cenoura&%$#@". Ou então: "Pegue seu corrupto mais querido, veja que número equivale a cada letra do nome. Pronto. Maluf não vale!". Rarará!

É mole? É mole, mas sobe!

A Galera Medonha! A Turma da Tarja Preta! A Micareta dos Picaretas! Direto de Suzano: Marcos Mandioca, João Sabugo, Mulher Feia, Edna Abençoada, Lady Laura e Stallone Cabeleireiro!

Ufa! Quase que eu não consigo escrever cabeleireiro. As duas palavras mais difíceis da língua portuguesa: cabeleireiro e salsicha. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

As armas do vazio mental - JANIO DE FREITAS

FOLHA DE SP - 26/07

A conveniência militar alheia não é um problema a ser resolvido pelo Brasil

MAIS DUAS explicações estão lançadas em socorro à recusa do governo brasileiro, agora mesmo na ONU, de votar a favor da transparência no comércio internacional de armas.
Diz um dos dois argumentos que já está em prática, na indústria bélica, a inscrição indelével, a laser e em cada arma e projétil, indicando sua procedência. Assim será possível saber, quando de violações das normas internacionais e transgressão dos direitos humanos, o país que forneceu as armas em uso.
Belo e carinhoso consolo, sem dúvida, para as crianças que perderem seus pais e para os pais que perderem seus filhos estilhaçados por armamentos, agora sim, de procedência inapagável. Para usufruir do consolo, porém, resta ainda um pequeno problema que a inventividade dos engenheiros da matança, por certo, vai resolver.
Fatos atuais ajudam a expor a questão pendente. Há 24 horas noticia-se, inclusive com fotos e vídeos, o recurso do ditador sírio Bashar Assad ao bombardeio aéreo de cidades do seu país. É um reforço mais drástico e preciso aos tiros de canhões, no entanto continuados. E às metralhas pesadas e também canhões dos tanques.
A população civil vê e ouve os aviões, e vê as bombas em direção a suas casas, suas famílias, à vizinhança. Não vê os canhões e não é certo que ouça os seus estrondos, mas ouve o silvo fino e feroz de suas balas cortando o ar. Todas essas peças assassinas com sua procedência devidamente identificada. Ainda a tinta ou talvez já a laser.
A população vê e ouve os sinais do sofrimento e da morte. Mas lerá a inscrição dos petardos em seu voo? E depois de bombas, balas e foguetes destruídos por sua própria explosão, onde estarão as inscrições para a comprometedora "identificação de quem os forneceu"? É provável que parte deles até ostentasse o nosso "made in Brazil". Impossível afirmar ou negar: sabemos estar entre os exportadores de bombas terríveis, mas estamos proibidos de saber para quem as exportamos.
Não se sabe se o outro argumento foi criado pelo mesmo vácuo mental que invocou a "inscrição identificadora", ou se foi um dos prodígios intelectuais que a adotam no Itamaraty, nas Forças Armadas, no jornalismo. A suposição de que os outros também padecemos de idiotia é a mesma, nos dois argumentos.
Eis o segundo: o sigilo das exportações de armas é necessário porque os compradores querem segredo do tipo e quantidade de seus armamentos.
Antes de tudo: nem sempre. Com a ideia fixa (da qual emanava certo cheiro de charuto cubano) de que os Estados Unidos usariam a Colômbia para atacar a Venezuela, Hugo Chávez tratou de alardear suas grandes compras militares. Se houve, o risco arrefeceu e foi silenciado pelo novo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, mais lúcido do que o antecessor Uribe.
Acima de tudo, a conveniência militar alheia não é problema a ser resolvido pelo Brasil. Ainda mais se o pretendente a comprador é uma ameaça a relações normais com seus vizinhos ou à liberdade e aos direitos humanos em seu país.
Esta regra essencial no Estado de Direito é transgredida pelo Brasil, com suas exportações de bombas condenadas e outras armas para o Oriente Médio e para ditaduras africanas. E ainda em operações triangulares: a exportação para a ditadura de Robert Mugabe, do Zimbábue, no governo Fernando Henrique, foi tornar mais feroz a terrível guerra civil no Congo. Mas, nas organizações internacionais, e em casa mesmo, o governo brasileiro mostrava-se muito condoído com o genocídio congolês.

Só pensam naquilo - CELSO MING

 
O Estado de S.Paulo - 26/07


Se há um desvio de mentalidade em certos líderes empresariais brasileiros é o de que só pensam naquilo, como se não houvesse problema mais grave. Eles só pensam no câmbio.

O presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, é um deles. Sexta-feira, ao sair de encontro promovido pela sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), afirmou que a indústria brasileira está "no bico do corvo em consequência do câmbio adverso". E insistiu: "A palavra hoje é câmbio".

O diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Gianetti da Fonseca, também tende a empurrar para a conta do câmbio todas as complicações pelas quais vem passando a indústria. "Os produtos importados avançam não por causa da sua melhor qualidade, mas porque o câmbio facilita o ingresso de produtos estrangeiros", declarou na terça-feira.

Esse ponto de vista produz o desserviço de tirar o foco das verdadeiras questões de fundo - que estão na forte queda da competitividade do setor produtivo brasileiro e não somente da indústria, como desdobramento da elevação dos custos.

Desde o início do processo de substituição de importações, em meados da década de 1940, o governo brasileiro, qualquer um deles, tratou de compensar com "mais câmbio" o baixo poder de competição da indústria nacional. Nunca, como acontece também hoje, havia o que chegasse. Fosse qual fosse a cotação do dólar em moeda nacional, "o câmbio sempre está defasado em pelo menos 30%" - conforme declaração atribuída na década de 1980 ao empresário Laerte Setúbal, da Duratex. Essa predisposição a resolver tudo por meio de ajeitações cambiais, não por reformas e redução de custos, criou empresários viciados em câmbio. Se não tomam seu trago, começam a ver bicho, como os alcoólatras.

Essa compensação cambial já não pode ser dada como antes por um punhado de razões. Uma delas é haver um limite para desvalorização do real. Passou desse nível, muitas distorções tomam conta da economia. Isso significa que o custo Brasil tem agora de ser atacado tal como ele é. E não mais pelos seus disfarces.

A indústria de máquinas, por exemplo, enfrenta problema de desempenho, porque o empresário brasileiro deixou de investir - embora tenha à sua disposição pujante mercado interno de consumo. E não está investindo porque tem de enfrentar incertezas e custos cada vez mais altos. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, voltou a advertir também terça-feira que, "se colocada no Brasil, a empresa mais competitiva do mundo perde imediatamente competitividade, num ambiente de altos juros, alta e complexa carga tributária, alto custo da energia e falta de infraestrutura".

Isso não quer dizer que o câmbio esteja imune a desalinhamentos. Esses só não têm todo o peso atribuído por essas lideranças. A CNI divulgou ainda na terça-feira sua mais recente Sondagem Industrial. Lá está relatado que câmbio e juros já não são mais as grandes preocupações do setor. Câmbio é somente 14.ª prioridade das pequenas empresas; a 9.ª, das médias; e a 6.ª, das grandes. Ou seja, o diagnóstico das mazelas do setor produtivo está mudando até mesmo nas suas bases e, no entanto, alguns dirigentes seguem martelando em ferro já esfriado e se esquecem do principal problema que empurrou a indústria para o bico do corvo.

A sombra presente - MIRIAM LEITÃO


O GLOBO - 26/07

Não direi que um fantasma ronda a Europa. Ele já chegou. Não assombra apenas a Zona do Euro, atinge também o Reino Unido. Os ingleses tiveram o terceiro trimestre de encolhimento do PIB e temem a perda da classificação de triplo A. A Espanha admite que o inevitável bate à porta: o país vai quebrar pela falência múltipla das regiões autônomas. Sem qualquer autonomia de voo, elas pedem socorro à União, que também pede socorro .

As partes da Espanha querem ser financiadas pelo Estado espanhol, que está sendo socorrido pelo comando da Zona do Euro. Até agora, o socorro não é direto. Tentou-se a ficção da ajuda aos bancos, que foi aprovada no final de junho, mas ainda não implementada. Agora, com as dificuldades das suas partes, é a própria Espanha que está totalmente encrencada .

O Reino Unido comemorava o fato de estar livre do peso da moeda comum e fazia admoestações à Alemanha por erros na condução da crise. Mas também tem alto endividamento, também tem gastos excessivos e, ontem, foi anunciado o terceiro trimestre de queda do PIB, confirmando a recessão. O número de -0,7% para o segundo trimestre do ano foi maior do que o previsto e provocou vários debates no país, além de elevar os temores de que a nota de risco possa ser rebaixada .

Mas existem diferenças. A Inglaterra sofre a crise em forma de recessão. O governo conservador vive a ironia de governar um país menor do que o que recebeu dos trabalhistas, aos quais tanto acusou de não saber administrar a crise. O que acontece na Espanha é uma crise de confiança, o risco da insolvência. Ontem, José Antonio Herce, sócio da consultoria AFI (Analistas Financeiros Internacionais) e professor de Economia da Universidade Complutense de Madri, admitiu em conversa com Valéria Maniero que a crise espanhola passou para uma nova fase. O momento atual foi consequência da demora das decisões, da piora da recessão econômica e do pedido de socorro das regiões autônomas.

- O risco mais grave é de uma estagnação da atividade e do emprego que dure anos. Isso é o que aconteceria se o Tesouro precisasse ser resgatado, e há probabilidade alta de que isso aconteça - disse Herce .

Ele acredita que com o colchão de liquidez que tem, o país aguenta até o outono - que começa no fim de setembro, mas não mais do que isso. A tentativa - aparentemente inútil - de evitar o resgate do país é para não submeter a Espanha a medidas de cortes ainda mais severas. As atuais já levaram o país a dois anos de recessão. O fantasma agora é de novos e mais profundos ajustes determinados pelos credores, através da chamada troica, que fiscalizariam as contas em caso de resgate. A Espanha tem pouquíssima chance - se é que tem alguma - de evitar o resgate pela Zona do Euro .

Ontem, a empresa espanhola Telefônica anunciou em Madri que vai suspender o pagamento de dividendos e cortar uma parcela dos salários dos altos executivos como parte do processo para se proteger da crise do país.

A Catalunha tem 7,5 milhões de habitantes, representa 16% da população espanhola, 18,7% do PIB, mas é a região mais rica. A renda per capita é 17% superior à do conjunto da Espanha. É a mais endividada, 21% do PIB, acima de Valência e Castilla-La Mancha, por exemplo. A importância econômica da Catalunha para a Espanha é enorme .

O que Patricia Gabaldón, do IE Business School, escola de Negócios de Madri, contou ilustra bem como são esses eventos. Há sempre um círculo vicioso. No caso: a crise fez com que a capacidade de arrecadação das regiões caísse e elas tiveram dificuldade de cumprir seus compromissos financeiros; como a falta de confiança dos mercados eleva o custo da dívida, essas regiões ficaram sem capacidade de se financiar .

- Ao pedir financiamento ao Fundo de Liquidez, as comunidades autônomas terão que enfrentar condições orçamentárias duras. Uma parte importante do ajuste espanhol é transferida para as regiões. Dado o nível de dívida que já tinham, não são capazes de fazer frente aos compromissos - diz Patricia Gabaldón.

Não há solução de curto prazo para nenhum desses países em dificuldade. A Grécia caminha para sair da Zona do Euro. Hoje, os economistas se dividem apenas sobre em quanto tempo isso ocorrerá. A maioria das apostas é para o ano que vem. Isso, que antes parecia ser um grande problema, já se dá hoje como favas contadas .

A complicação da Espanha é que o país é grande, o quarto maior, já vinha adotando medidas de austeridade que não funcionaram e está com um quadro social dramático pela dimensão do desemprego .

- A verdadeira tragédia para a Espanha e para a Europa seria deixar que as coisas chegassem ao ponto extremo em que estivesse comprometida a própria sobrevivência do euro. Isso é algo que as futuras gerações teriam o direito de censurar na atual geração de líderes europeus, que estão se mostrando dramaticamente incapazes de controlar os problemas - disse José Antonio Herce .

O fantasma da crise econômica profunda que, por contágio, atinge vários países já é uma realidade entre os europeus. O que ainda ronda a região é o do colapso da experiência de uma moeda comum .

China afeta menos o Brasil - ALBERTO TAMER


O Estado de S.Paulo - 26/07


A economia chinesa está desacelerando. Deve crescer menos de 8% este ano, como admitem os analistas, o FMI e até mesmo o governo em gesto de excepcional transparência e franqueza. Mas o Brasil será menos atingido por essa forte retração do que os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão porque 84% das vendas para a China se concentram em produtos básicos, e apenas 16% de industrializados. Mas a China não é importante para o comércio exterior brasileiro? Afinal, ele disputa o primeiro lugar na pauta das exportações. Para nós, sim; para ela, nem tanto porque a importação de produtos primários representa apenas 17,4% das importações chinesas. Ao mesmo tempo, as importações chinesas de produtos manufaturados representam nada menos que 72,6%! Essa concentração também se repete no que diz respeito às exportações. No primeiro semestre do ano, as exportações chinesas de produtos manufaturados representaram nada menos que 95,8% do total, com destaque para produtos mecânicos e elétricos (44,2%) e produtos de alta tecnologia (22,4%).

Se a China passar a importar menos, como vem fazendo, será não de produtos primários ou básicos, que pesam pouco, mas de industrializados dos Estados Unidos, da União Europeia e do Japão. Não vai afetar tanto o comércio exterior e o crescimento da economia brasileira. A realidade é que as exportações de produtos primários e básicos são importantes para o Brasil, mas nem tanto para a China.

Os dados surpreendem, chocam, mas são oficiais. Referem-se ao primeiro semestre do ano e foram divulgados neste mês pelo Escritório de Estatísticas Aduaneiras da China, um órgão do governo. Para surpresa geral - principalmente em Brasília -, ele informa a corrente comercial da China com o mundo, inclusive o Brasil, não se concentra em commodities ou básicos, mas em produtos industrializados.

As estatísticas oficiais, por produto, setor por setor, podem ser encontrados no site do Conselho Empresarial Brasil-China ( www.cebec.org.br), entidade que vem realizando um excelente trabalho de aproximação entre empresários e governos dos dois países. Merece todo apoio. Seu site é extremamente informativo.

Quem perde mais. Quais as consequências mais graves de uma desaceleração ainda maior da economia chinesa? Sabe-se que os canais de contaminação podem ocorrer pela via financeira, onde a China está mais bem preparada para enfrentar novos desafios. Tem reservas de US$ 3,2 trilhões que podem ser usados para sustentar seu sistema financeiro. Sabe-se também que o grande canal de contágio é o comercial. O que ela importa e exporta, o que vende e compra do mundo, dos Estados Unidos, da Europa, do Brasil e o que acontecerá se reduzir drasticamente suas importações? Para avaliar os desdobramentos deste último cenário, é importante ver o peso da China no comércio mundial. No primeiro semestre, a corrente comercial da China com o mundo foi de US$ 1,84 trilhão. Houve um aumento de 8% ante a igual período de 2011. Mas, importante, as exportações, US$ 954 bilhões, aumentaram 9,2% e as importações, US$ 885 bilhões, cresceram apenas 6,7%.

As consequências? Uma análise desses dados oficiais mostra que uma desaceleração mais forte da China pode afetar mais a economia dos Estados Unidos e da Europa do que a do Brasil, pouco dependente nessa área de vendas de produtos de maior valor agregado para o mercado chinês. Nossa dependência das commodities cria distorções, incomoda, sim, mas pesará menos no crescimento econômico. A contaminação viria a médio prazo, pois uma retração chinesa vai afetar as exportações dos Estados Unidos e da Europa, essencialmente de produtos industrializados. E, crescendo menos de 2% ou à beira da recessão, esses dois blocos certamente vão importar menos do Brasil.

É serio? A médio prazo, sim. Os Estados Unidos registram um déficit comercial com a China neste semestre de US$ 117 bilhões, todo ele concentrado na compra de industrializados, e a União Europeia, mais de US$ 184 bilhões. Déficits que só tendem a aumentar porque a China mantém sua moeda desvalorizada, importa basicamente produtos industrializados, protege seu mercado e subsidia fortemente sua indústria e as exportações, com OMC ou sem OMC.

A China quer o que todos, inclusive o Brasil, querem. Só que ela age. Os outros, não. E quando agem, são chamados de "protecionistas", como a União Europeia acusou o Brasil.

Fica, Toffoli - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 26/07

Advogados do mensalão vão recorrer caso o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, alegue a suspeição de José Antonio Dias Toffoli no julgamento. Segundo parecer baseado no Código de Processo Penal e na jurisprudência, o prazo para o Ministério Público tentar excluir o ministro acabou nas alegações finais. Toffoli foi advogado-geral da União e defendeu o PT e José Dirceu, réu no caso. Sua namorada, Roberta Rangel, atuou na defesa do petista Professor Luizinho.

Fosfosol Para refrescar a memória dos ministros, Márcio Thomaz Bastos redistribuiu ontem no STF sua questão de ordem arguindo falta de competência constitucional da Corte para julgar 34 réus sem foro especial.

Trunfo O advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, entregou ontem nos gabinetes do relator, Joaquim Barbosa, e do revisor, Ricardo Lewandowski, quatro acórdãos do Tribunal de Contas da União que consideram legais contratos entre bancos e agências de publicidade.

Somos teu A revelação dos encontros entre Paulo Okamotto, braço-direito de Lula, e Marcos Valério não surpreendeu petistas. "Eles bebiam cachaça desde sempre'', diz um observador. Valério também se reuniu reservadamente com Delúbio Soares, João Paulo Cunha e Valdemar Costa Neto (PR).

Bumerangue De um petista sobre a reação do PSDB à petição de advogados para barrar o mensalão no horário eleitoral: ''Se acatada, será um favor aos tucanos. A gente não vai poder usar na TV imagens do Paulo Preto nem do mensalão mineiro''.

Alfândega O presidente da Embratur, Flávio Dino, passou apuros ao desembarcar em Londres, para evento de promoção dos destinos brasileiros. Suas malas foram extraviadas pela TAP. Depois de 12 horas, a companhia portuguesa resgatou a bagagem perdida em Lisboa.

Em outra Alheia à campanha de Fernando Haddad, Marta Suplicy (PT-SP) deve encontrar hoje o senador Humberto Costa para discutir a relatoria PEC 34, que trata do sistema nacional de cultura. A tendência é que a proposta fique sob cuidados de Marta, já que Costa se dedicará à disputa em Recife.

Isca O PT monitora a aproximação de José Serra e Celso Russomanno, que tende a dificultar o avanço de Haddad nas pesquisas. Se a parceria prosperar, o partido vai questionar o PRB, instalado na Esplanada. "O que o ministro acha disso?", pergunta um petista, referindo-se a Marcelo Crivella (Pesca).

Tira-teima O teste para ver se vingou o pacto de não-agressão entre os líderes da disputa paulistana será o debate do dia 2, na Band.

Infantaria Ainda mantendo agenda de rua enxuta, Serra mandou confeccionar santinhos e banners para os 183 candidatos a vereador de sua coligação. Produzido para motivar os postulantes à Câmara na caça aos votos para o tucano, o material começa a circular no dia 1º e foi apelidado de "kit ternura".

O alvo A preocupação de Lula com a eleição em Manaus atende pelo nome de Arthur Virgílio. Com ligeira vantagem sobre Vanessa Grazziotin (PC do B) nas pesquisas, o tucano, desafeto do ex-presidente graças à derrubada da CPMF, pode ir ao segundo turno. Serafim Corrêa (PSB) é o fiel da balança.

#prontofalei Twitter da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo anunciava ontem: "Parabéns às polícias Civil e Militar". O texto remetia às estatísticas da criminalidade no primeiro semestre, entre elas o aumento nos homicídios dolosos e roubos.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

TIROTEIO

"Enquanto professores fazem maratona e ginástica por reajuste, Mercadante pratica fuga olímpica, nova modalidade do PT."

DO DEPUTADO VANDERLEI MACRIS (PSDB), sobre a ida do ministro da Educação para Londres, em meio à greve das universidades federais

CONTRAPONTO

Penitência parlamentar


Durante sessão da Câmara, no início do mês, deputados aguardavam quorum para votação, no final da tarde, com o plenário vazio. Cansado da sequência de longos discursos, Onofre Santo Agostini (PSD-SC), cobrou de Rose de Freitas (PMDB-ES), que comandava a Mesa, o encerramento da sessão. A peemedebista respondeu:

-Há uma estratégia montada nesta Casa. É um cabo de guerra: um lado resistindo ao outro.

O catarinense, irritado, interveio:

-Se eu tinha algum pecado, paguei hoje. Ouvir discurso das 9h até agora é para matar qualquer cidadão!

Romona - LUIS FERNANDO VERISSIMO

O GLOBO - 26/07

Para comprar armas no comércio tradicional um americano se submete a algumas formalidades, tão inócuas quanto hipócritas. Há várias maneiras de driblar as formalidades. Nas feiras de armas onde os fabricantes expõem seus produtos você pode sair com uma bazuca embaixo do braço sem nenhuma restrição. E – como mostrou o último maluco a entrar atirando – hoje não há material bélico que você não possa comprar pela internet, sem qualquer controle. Tanto o Barack Obama quanto o Mitt Romney se manifestaram, no passado, contra esta liberalidade insana mas agora se limitam a lamentar os mortos. Nenhuma palavra dos dois que pudesse contrariar o lóbi das armas, a poderosa National Rifle Association, seus membros e simpatizantes, ainda mais num ano eleitoral.

Os filmes que Hollywood deixa para lançar nas férias de verão da garotada são chamados de blockbusters, arrasa-quarteirões. São feitos para render o máximo na semana de estreia, o que garantirá ótima bilheteria no resto da temporada. Ainda não deu para saber como a chacina em Aurora afetará a renda do último Batman, que pode se tornar um filme maldito. Há muitos anos um filme chamado Romona (ou era Ramona?) ganhou notoriedade porque alegavam que ele dava azar. Um cinema tinha ruído numa projeção de Romona e logo se espalhou o boato de que outros cinemas que exibiam Romona também tinham caído, que qualquer cinema que exibisse Romona estava ameaçado de cair. Tornou-se comum bater na madeira toda vez que se mencionasse o título do filme. Não sei do que se tratava Romona. Não sou supersticioso, mas nunca entrei num cinema para ver.

REENCONTRO

Seria ótimo que existisse um céu para ateístas e comunistas. Assim daria para imaginar o encontro no além de Alexander Woodcock – que morreu há dias – e Cristopher Hitchens, que morreu não faz muito. Os dois concordavam em algumas coisas e discordavam em outras, e seus desacordos eram muito mais divertidos. Woodcock era irlandês, Hitchens era inglês, mas os dois fizeram carreira como ensaístas e críticos nos Estados Unidos. Ambos surpreenderam com algumas posições tomadas: Hitchens defendeu até o fim a invasão do Iraque, Woodcock mantinha que o movimento ecológico e a campanha contra o aquecimento global eram coisas do lóbi nuclear. Mas estavam certos na maioria das suas causas e escreviam muito bem. Talvez a perspectiva de terem que conviver pela eternidade amenize o reencontro, e os dois se dediquem a nos gozar do alto. Ou de baixo: quem sabe para onde vão os ateístas e os comunistas? 

CLAUDIO HUMBERTO

“Virei um leproso jurídico”
Bicheiro Carlinhos Cachoeira, durante depoimento à Justiça Federal de Goiânia

DEFESA DE DUDA MENDONÇA NEGA TESE DO MENSALÃO

Advogado do publicitário Duda Mendonça no processo do mensalão, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que defenderá “veementemente”, durante julgamento no Supremo Tribunal Federal, que o “mensalão” não existiu. Segundo ele, no caso do marqueteiro, acusado de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, a defesa será estritamente técnica: “Sou crítico da politização do julgamento”.

DÍVIDA ANTERIOR

A defesa justificará que o contrato firmado para campanha de Lula, em 2002, foi reconhecido pelo MP e que a dívida é anterior ao “mensalão”.

‘PEGAR OU LARGAR’

Os advogados vão reforçar que Duda abriu conta, em seu nome, no Bank Boston, Miami, por exigência do grupo para receber o dinheiro.

TUDO À MOSTRA

A outra parte da dívida foi recebida por Zilmar Fernandes, que assinou recibo no banco: “Não houve ocultação nem dissimulação”, diz Kakay.

SEM SAÍDA

Para desespero de quem nega o chamado mensalão, o termo, criado por Roberto Jefferson “pegou”, e até STF assim denomina o processo.

PANDORA: EMPRESA ENROLADA TEM BENS BLOQUEADOS

Uma das sete empresas de informática comprometidas na Operação Caixa de Pandora, da PF, a CTIS tem outro grave problema a resolver na Justiça Federal: seu patrimônio foi bloqueado judicialmente pela família do ex-sócio, Elias de Queiroz, que exige do atual dono, Avaldir de Oliveira, metade do empreendimento. A CTIS vai atuar muito no Superior Tribunal de Justiça, com recursos, para retirar o bloqueio.

INVESTIGAÇÃO, NÃO

O PT tentou, mas o PSDB impediu a CPI de investigar a CTIS por supostas fraudes em licitações no governo de José Serra, em SP.

O GATO COMEU?

A oposição denunciou que não chegaram às 4 mil escolas paulistas os 25 computadores adquiridos à CTIS para cada uma, no governo Serra.

DNA TUCANO

Ligada aos tucanos, a CTIS recrutou dois deles: Martus Tavares, ex-ministro, e Fernando Wellisch, ex-secretário de governos do PSDB.

INCONTESTÁVEL

Pesquisa divulgada pelo jornal ABC Color, do Paraguai, revela que 84,1% dos paraguaios consideram ilegal o ingresso da Venezuela no Mercosul sem terem sido consultados e 67,7% se sentiram ofendidos com o tratamento dos países vizinhos após a destituição de Lugo.

MISSÃO IMPOSSÍVEL

Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), é “muito difícil” o procurador-geral, Roberto Gurgel, investigar iniciativa ilegal do Brasil de aprovar o ingresso da Venezuela no Mercosul: “Sabemos que ele terá cautela”.

PROVOCAÇÃO

O ex-deputado Roberto Jefferson anda pondo lenha na fogueira no Twitter contra os envolvidos no mensalão. Sem se incluir no meio, ele diz que “a imprensa divulgará o mensalão, quer o PT queira ou não”.

LONGE DEMAIS

O Conselho Federal da OAB solicitou ao STF uma nova sala de apoio para os advogados do processo do mensalão “nem que seja no subsolo”. A atual fica em outro anexo, longe do tribunal.

MALA PESADA

Tem cheiro de encrenca a licitação do ministério da Justiça para a maleta de negociação (gerenciamento de crises) da marca Berkana à polícia do Paraná, comprada nos EUA por empresa de São Paulo.

JÁ GANHOU

“Dilma do Leite” é candidata à vereadora na Paraíba. Semianalfabeta, estaria eleita com o apelido “Dilma das Bolsas”. Já “Bagaço” (AC) e “Bira da Moita Redonda” (SE) apostam que o apelido dará sorte. Há candidatos “Burrinho”, “Gato”, e até “Rato”, que acabou renunciando.

E NA COPA?

Dilma se espantou com o engarrafamento do aeroporto ao hotel em Londres, às vésperas da Olimpíada: afinal, lá existe o primeiro metrô do mundo (1863) e a tal mobilidade urbana começou há uns 50 anos.

BRIGA SINDICAL

O governo teme greve em alfandegados de fronteiras, aeroportos, portos e Anvisa prejudicando importações e exportações em momento delicado da economia. Os servidores compraram briga com a CUT e a “pelegada petista”, que “faz média com o governo, de olho em 2014”.

PENSANDO BEM...

...Quando bancos começam a reclamar de prejuízo, é hora de procurar o iceberg.

PODER SEM PUDOR

BOMBARDEIO AÉREO

No governo José Sarney, o líder baiano Roberto Santos era o ministro da Saúde e o filho do então ministro da Aeronáutica era titular da Secretaria de Vigilância Sanitária. Os dois brigaram por causa de um caso de contaminação de sucos de frutas. Sobrou para o rapaz, sumariamente demitido. Mas ele se vingou, promovendo atos do mais genuíno terrorismo à brasileira: piloto de ultraleve, fazia voos rasantes sobre a casa de Santos, na Península dos Ministros, em Brasília. Megafone em punho, berrava:

- Vou jogar suco na sua piscina!

QUINTA NOS JORNAIS


Globo: Rumo ao julgamento do mensalão – Delúbio vai dizer que só fazia o que PT mandava
Folha: Homicídios sobem 22% na cidade de SP no 1semestre
Estadão: União prepara nova rodada de apoio aos Estados
Correio: Grileiros já invadem área da torre digital
Valor: Petrobras cobra conta de R$ 2,4 bi da Eletrobras
Jornal do Commercio: Planos de saúde sob pressão
Zero Hora: Pardais e lombadas já multam em 42 pontos das estradas federais