sexta-feira, julho 06, 2012

Coronel Sarney - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 06/07

Gois na Flip. No debate na Casa da Cultura, em Paraty, sobre os cem anos de Jorge Amado, Walcyr Carrasco, que adapta “Gabriela” para a TV, comparou as relações de poder na obra do escritor com o Brasil atual:
— É claro que coronelismo não existe hoje da forma que Amado descreveu. Mas o coronel Ramiro Bastos lembra um pouco o... Sarney.

Lula ou Maluf?...
Mais Gois na Flip. Fernando Gabeira, ontem, numa das vezes em que foi aplaudido na mesa sobre autoritarismo, em Paraty, falou do “colapso da política brasileira, onde ninguém sabe quem é quem, Lula ou Maluf.”

Remédio para alma...
Ainda Gois na Flip. Frei Betto, ontem, na festa do livro que homenageia Drummond, contou que o grande poeta, na juventude, chegou a trabalhar três meses na Farmácia Americana, de seu avô, em Belo Horizonte:
— Mas o poeta foi demitido. Não levava jeito para o ofício de vendedor de remédios...

Noêmia pelada
Camila Morgado, a Noêmia de “Avenida Brasil”, da TV Globo, negocia com a “Playboy”.

A volta de Crô
Crô Valério, o personagem criado por Aguinaldo Silva para Marcelo Serrado na novela “Fina estampa”, da TV Globo, vai virar filme, em 2014, produzido pela querida Paula Barreto.

Calma, Alcione
Do escritor e dramaturgo Al-cione Araújo numa palestra na Academia Mineira de Letras, em Belo Horizonte:
— São Paulo não tem literatura, não tem escritores! Todos os escritores paulistas são do Paraná, do Amazonas, do Nordeste!

MORADORES DA
 Tijuca reclamam de uma obra que a prefeitura fez no fim de maio na Praça Dulce, no bairro. Veja na foto. É que os bancos das mesinhas tombaram com menos de um mês de uso. A vizinhança diz que o trabalho não foi feito direito. A Fundação Parques e Jardins prometeu começar segunda agora uma nova reforma na praça, com a troca destes bancos por modelos de madeira. Todos serão presos numa base de concreto para evitar que caiam outra vez. Vamos torcer, vamos cobrar

Voo AF 447
A Air France fechou ontem um acordo de R$ 30 milhões com parentes de 15 vítimas do voo Af 447.
O valor, segundo o advogado João Tancredo, das famílias, também considera a culpa da Airbus, fabricante do avião que caiu no mar em 2009.

Troca de comando
Wagner Abrahão deixou a presidência do grupo Águia. Passará ao posto de presidente do conselho de acionistas.
Assumirá seu lugar Paulo Castelo Branco, ex-TAM.

O voto das crianças
Veja que legal: 801 meninos e meninas do país todo participarão, com poder de voto, da 9+ Conferência Nacional dos Direitos da Criança, que começa quarta que vem, em Brasília, organizada pela Secretaria de Direitos Humanos de Dilma.

Vovô viu a vaga
Eduardo Paes sancionou ontem lei do vereador Carlos Eduardo que cria um cartão de gratuidade para motoristas acima de 65 anos nos estacionamentos das ruas do Rio.

Geladinho doce

O carioca parece enjoado de sorvete de iogurte, moda até outro dia. A Tutti Frutti fechou as portas no Downtown, na Barra.
E a Yogoberry também está de saída do Rio Design Barra e do Downtown.

Fla x Flu, o filme
A produtora Sentimental foi autorizada pelo MinC a captar R$ 400 mil para um documentário sobre o Fla x Flu.

O bom filho à casa...
Quase um ano e meio depois, Arlindo Cruz, o sambista,vol-tará à quadra do bloco Cacique de Ramos, no Rio, dia 22.
Receberá uma homenagem.

Medicina solidária

Equipe do Into-RJ viaja segunda ao Amapá para operar 30 vítimas de traumas ortopédicos.

Jorginho se deu bem

Christina Hendricks, a ruiva americana toda boa eleita a mulher mais sexy do mundo pelas revistas “Esquire” e “Elle”, vem ao Rio na próxima semana.
Estrela do seriado “Mad Men”, foi contratada para badalar uma festa do uísque Johnnie Walker, dia 11, com Cauã Raymond, o Jorginho de “Avenida Brasil”.

Digitais tucano-petistas - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE 06/07

A largada de hoje da eleição municipal ganha contornos nacionais em São Paulo, Belo Horizonte e Recife. Em São Paulo, Lula e Dilma jogam tudo no sentido de reduzir a influência do PSDB. Na capital de Minas Gerais, a ordem do PT é tentar tirar fôlego do maior líder político do estado, o senador Aécio Neves, hoje o principal nome do PSDB rumo à Presidência da República. E, Recife, como já foi dito ao longo de toda a semana, é o governador, Eduardo Campos, tentando se firmar como alternativa de poder no cenário nacional.
A tentativa de reduzir o oxigênio de Aécio em Minas não foi apenas privilégio da presidente Dilma Rousseff, a quem o PT recorreu em busca de ajuda para arregimentar o PSD à campanha de Patrus Ananias contra Márcio Lacerda. A manobra tem, nos bastidores, uma participação especial de José Serra, pré-candidato tucano a prefeito de São Paulo. Quem investigou a interferência de Kassab em Belo Horizonte não deixou de perceber as digitais do tucano. Aécio, entretanto, perguntado numa roda, disse, sorrindo, não acreditar nessa hipótese. Kassab também tira Serra dessa história. 
Mas nem Aécio nem tampouco o PSDB. Os pessedistas não engolem o fato de o PSDB ter patrocinado a ação no Supremo Tribunal Federal para tentar lhes tirar o direito a tempo de TV e Fundo Partidário. O PT, não. Portanto, magoados, consideram que quem trabalhou para sufocá-los não pode agora querer desfrutar dos minutos do PSD na tevê. Como a árvore que balançou forte depois da decisão do STF foi a de Belo Horizonte, Kassab aproveitou a onda na cidade para punir os tucanos, ao ponto de decretar a intervenção para obrigar o partido a seguir com os petistas. 
Mas o raciocínio de outros tucanos é o de que o caminho de Kassab rumo a 2014 começa a apresentar sinalizadores em várias direções. Não fosse isso, seguiria com Lacerda, dentro do que desejava seu próprio partido. Kassab é aliado do PSDB em São Paulo, tem laços com Eduardo Campos, presidente do PSB, do prefeito Márcio Lacerda. Por que, então, Kassab jogaria com o PT em Belo Horizonte? Para muitos políticos, está claro que Kassab começa ali um jogo triplo em sinais trocados. Faz um afago à presidente Dilma e deixa transparecer que dentro do PSDB seu jogo é apenas com José Serra. Quanto ao PSB, se Eduardo Campos se viabilizar, ok. Mas não se pode esquecer de que Kassab, em várias entrevistas, não rejeitou apoio à presidente Dilma daqui a dois anos, se ela for a candidata e estiver em condições de vitória. 

Por falar em candidata...
Dentro do PT está cada vez mais claro que o nome é mesmo Dilma e, para quem pretendia manter a presidente longe, não deixará terreno livre para Aécio jogar com desenvoltura. Ontem, por exemplo, o Ministério das Cidades se mobilizava no sentido de dar mais visibilidade ao Minha Casa, Minha Vida. O governo tem detectado que, em vários municípios, os prefeitos têm recebido recursos do governo federal do Minha Casa, Minha Vida, mas, na hora de inaugurar as casas ou colocar a placa na obra, o nome em destaque é o do programa estadual, como o “casa paulista”, em São Paulo, ou o “morar carioca”, do Rio. A presença da presidente Dilma Rousseff hoje no Rio de Janeiro, além de reforçar a candidatura do aliado Eduardo Paes, tem ainda o objetivo não declarado de selar a inauguração das casas como uma obra da sua lavra, e não do prefeito. 
Nesse período, vale lembrar, Dilma, enquanto presidente da República, não está proibida de inaugurar obras federais, nem de andar pelo país apresentando as benesses de seu governo à população. E ela não deixará de fazê-lo. Para desespero daqueles que esperavam ver a presidente, hoje bem avaliada, trancada no Planalto e cuidando apenas das contas públicas, ela começa a campanha fora da toca. 

Por falar em contas...Nem todos os políticos vão receber Dilma com muita festa nos próximos dias. Tudo por causa do cancelamento de R$ 2,8 bilhões em restos a pagar não processados de 2010. Ela está cada vez mais empenhada em acabar com a sangria de receitas por conta de orçamentos de anos anteriores pendentes de pagamento. A sorte dela é que a revolta da base só deve se materializar em agosto, quando os parlamentares retornam do recesso e voltam a turbinar a CPI de Carlos Cachoeira com a presença de Luiz Antonio Pagot, o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte, que o Planalto não queria ver de jeito nenhum lépido e falante na CPI. Mas essa é outra história. 

Diplomacia aparelhada do PT - ROBERTO FREIRE

BRASIL ECONÔMICO - 06/07


O governo Dilma, em desrespeito aos princípios constitucionais de não intervenção e autodeterminação dos povos, não só apoiou a suspensão do Paraguai no Mercosul até que haja novas eleições, como aproveitou a suspensão para aprovar a entrada da Venezuela no bloco, em desacordo com o tratado do combalido Mercosul, que exige que a aprovação de todos os parlamentos dos países membros para adesão de novo sócio.

O Paraguai, até a suspensão, não havia aprovado a entrada da Venezuela.

O impeachment do então presidente Lugo preocupa por sua celeridade, que segundo nossa legislação poderia configurar cerceamento de defesa.

No entanto, a Corte Suprema do Paraguai confirmou a constitucionalidade da decisão do Parlamento. As instituições do Paraguai continuam em pleno funcionamento e as eleições marcadas para abril de 2013 estão mantidas.

Portanto, não houve rompimento da ordem democrática que ensejasse uma pena tão alta como suspensão do Mercosul baseada na cláusula democrática do bloco.

Pior ainda é aproveitar o momento de suspensão do Paraguai para desconsiderar a necessidade de aprovação do nosso vizinho e sócio fundador do Mercosul para aprovar a adesão da Venezuela - esse sim um país em que a democracia é questionável, onde as instituições são manipuladas pelo presidente que se mantém no poder há quase 14 anos e que ainda disputa a reeleição, e onde há perseguição política à imprensa.

Estive presente em Montevidéu na segunda, dia 2 de julho, para mais uma sessão ordinária do Parlamento do Mercosul, que foi aberta e logo finalizada por falta de quórum.

As chancelarias da Argentina e do Uruguai solicitaram aos seus parlamentares que não fossem ao encontro, convocado pelo presidente do Parlamento, o deputado Ignácio Mendoza, do Paraguai.

Defendi a permanência do Paraguai no Parlasul que é a representação dos povos do bloco e não dos governos, e me solidarizei com o país vizinho.

Considero que a manutenção do calendário eleitoral paraguaio e a não ingerência externa são as melhores maneiras para solucionar a crise política que passa o Paraguai.

O episódio no Parlasul onde tanto o governo argentino quanto o uruguaio defendiam a exclusão do Paraguai daquele Parlamento lembrou-me a Conferência ocorrida em 1962, também, no Uruguai, em que os Estados Unidos conseguiram, com o apoio dos países de sua zona de influência, a expulsão de Cuba da OEA.

O diplomata brasileiro San Tiago Dantas, na época, reagiu à proposta e sustentou o princípio da autodeterminação dos povos e não intervenção, que são hoje bases fundamentais da nossa política externa e encontram-se inscritos no incisos III e IV do art. 4° da nossa Constituição.

Essa política imperialista de uma Tríplice Aliança "bananeira" e déjà vu se assemelha na prática aquilo que os americanos, tendo como instrumento a OEA, utilizavam para intervir no que consideravam o seu quintal.

A diplomacia brasileira hoje não se comporta como representação do Estado brasileiro, mas como instrumentos da ideologia do PT.

O legado nefasto que os governos de Lula e Dilma deixarão para nosso país é a evidente falência do projeto de integração regional baseada no multilateralismo que agora não passa de mais um instrumento da política externa de Chávez.

Passou de 60 - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 06/07


RIO DE JANEIRO - Foi em 1970. Meu colega Alvaro Cotrim, Alvarus, caricaturista, colaborador da histórica "Careta" e amigo de J. Carlos, entrou tiririca na Redação da revista em que trabalhávamos, na avenida Presidente Vargas. Acabara de ler a manchete de um jornal pendurado na banca: "Ancião é mordido no nariz por seu papagaio". Seguia-se a notícia: "Fulano de Tal, português, 65 anos...".

Em plena era beatle, Alvarus era um egresso da belle époque. Tinha bastos bigodes retorcidos, como os do barão do Rio Branco, usava gravata-borboleta e cheirava a talco francês. Mas sua indignação era justa. O homem tinha 65 anos, sua exata idade, e fora chamado de ancião. "Quer dizer que, apesar de nunca ter sido mordido por um papagaio, também sou ancião?", esbravejou Alvarus. Logo ele, que só pensava em mulher.

Hoje, o politicamente correto impediria que se usasse essa palavra. Mas a que a substituiu não ajuda muito: idoso. E está o tempo todo na mídia. "Idoso assaltado sobrevive quatro dias, nu, em matagal no entorno de Brasília", saiu outro dia. O idoso tinha 61 anos. Significa que, se eu próprio, aos 64, for encontrado nu num matagal em Brás de Pina, subúrbio carioca, também entrarei na categoria de idoso?

Ou: "PF prende idoso com fitas e vídeos de pedofilia no Paraná". O gajo tinha 60 anos. Ou: "Idoso engasga com asa de frango na Bahia e morre" -62. Ou: "Bombeiros resgatam idoso que subiu em árvore no Rio e não conseguiu descer" -63. Enfim, tanto quanto os jovens e os homens de meia-idade, os chamados idosos vivem se metendo em encrencas pelo Brasil. Mas não se veem manchetes como "Homem de meia-idade é flagrado assaltando pipoqueiro em SP".

Segundo o IBGE, passou de 60 já é idoso. Com direito a andar de graça em ônibus, pagar meia-entrada no teatro e o dobro do preço no plano de saúde.

Mensagem muito positiva - RODOLFO LANDIM

Folha de S. Paulo - 06/07

A disposição da diretoria da Petrobras de debater os assuntos ligados à gestão é um excelente recomeço

Na semana passada a diretoria da Petrobras iniciou seu périplo de divulgação do detalhamento do seu Plano de Negócios para os próximos cinco anos.

A data da primeira apresentação, ainda no Brasil, coincidiu com o primeiro dia de negociação das ações após a divulgação do aumento da parcela de remuneração da empresa nos preços de venda de gasolina e óleo diesel, algo que ficou aquém das expectativas do mercado.

Mas a realidade é que houve uma reação geral negativa, e o resultado foi a queda, naquele momento, do valor das ações da empresa. Contudo, o que se viu foi muito positivo.

Em primeiro lugar, em se tratando de companhia controlada pela União, foi bastante corajosa a abordagem envolvendo a análise de indicadores econômico-financeiros e operacionais da empresa que tiveram resultado ruim a partir de 2003.

A resolução de um problema passa pela sua correta identificação e pelo tratamento de suas causas. Não é varrendo sujeira para debaixo do tapete que isso se torna possível.

Foram várias as boas notícias. O novo plano plurianual da Petrobras, apesar de prever volume total de investimentos muito semelhante ao anteriormente aprovado, contempla aumento significativo do percentual de recursos destinados à área de E&P (exploração e produção), de longe aquela cujos projetos apresentam maiores retornos de capital.

Além disso, os compromissos de conteúdo local reassegurados pela companhia irão certamente proporcionar a melhoria da qualidade e da oferta de bens e serviços no mercado nacional.

Também deixou ótima impressão a abordagem quanto aos pilares que irão nortear as metas da companhia. Além de ter sido assumido o compromisso de rigoroso acompanhamento dos planos de implantação dos novos projetos e de adoção de ações corretivas diante de eventuais desvios, foi dado foco a aspectos importantíssimos ligados à rotina de operação.

A grande queda sofrida na eficiência dos projetos de E&P nos últimos anos realmente sugere que um trabalho estruturado voltado à melhoria do gerenciamento da rotina operacional deverá trazer ganhos de produção sobre a base de projetos já implantados.

Os custos operacionais também não foram esquecidos. A grande alta no preço do barril de petróleo, a partir do início deste século, permitiu que o lucro da Petrobras crescesse significativamente, mas com ele também seus custos. O compromisso de forte atuação no sentido de otimizá-los e, com isso, permitir que sejam reduzidas as necessidades de capital para financiar o audacioso plano de investimentos da companhia também chega em boa hora.

Outro aspecto positivo foi o retorno do contato direto dos gestores com o mercado. O processo de capitalização da companhia pela União, ocorrido em outubro de 2010 e associado à cessão onerosa de blocos do pré-sal, foi mal absorvido por grande parte da comunidade de investidores.

Como confiança é algo fácil de perder e difícil de readquirir, seria realmente de esperar que esses encontros estivessem envoltos em clima de críticas e comentários espinhosos. Mas a simples disposição da diretoria de debater os assuntos ligados à gestão da empresa defendendo suas convicções, olho no olho, é um excelente recomeço, diz muito sobre o comprometimento e a segurança dos expositores e é um primeiro degrau a subir no sentido de recobrar a fé e a esperança neles depositadas.

Isso se reveste de grande importância, até porque a afirmação, feita pelo diretor financeiro, de que o novo plano é autossustentável, sem a necessidade de novas chamadas de capital dos sócios para a sua consecução, poderia assim afastar um grande fantasma que assombra o mercado.

O maior indicador de valor de uma companhia de petróleo é o volume de suas reservas, e isso a Petrobras tem e vem continuamente demonstrando competência para aumentar. A existência de uma diretoria técnica, motivada e trabalhando em equipe, com foco e com prioridades orientadas para o essencial, é sempre muito boa notícia.

Suspiro - SONIA RACY


O ESTADÃO - 06/07

Vitória na Justiça para quem depende de respirador artificial. Depois de um caso em SP e outro em Minas, o TJ de Brasília deu liminar que obriga a Secretaria de Saúde do DF a comprar e implantar marca-passo no diafragma do garoto Lucas, de 10 anos. Que vive atrelado a 100 quilos de aparelhos – a serem substituídos por 540 gramas.

O governo alegou não ter dinheiro para comprar o equipamento de R$ 330 mil, segundo o advogado Frederico Damato, que representa a família.

A liminar deve ser cumprida imediatamente.

Tapas e beijos
Mais um capítulo da novela “Eleição OAB-SP”. Antônio Cláudio Marizde Oliveira e Luiz Flávio D’Urso, que já foram adversários, aliados, adversários de novo, agora caminham para… aliança.

Têm se encontrado para discutir ideias e cargos.

Mensagem de fé
Levado por Mário Gobbi para conversar com os jogadores do timão momentos antes da decisão da Libertadores, anteontem, AndrésSanchezcobrou e depois assoprou. Apontou a responsabilidade que cada um tinha e, em seguida, pediu tranquilidade.

Logo depois da vitória corintiana, saiu em prantos da numerada do Pacaembu.

Babador
Celso Russomanno vai bater perna este fim de semana. E não é caminhada política não. Vai gastar sola para comprar o enxoval do seu bebê, antes que a campanha aperte.

Babador 2
O apresentador, aliás, enfrenta impasse com sua mulher quanto aos pormenores do nome escolhido para a filha: Katherine. Ela defende apenas um “n”. O candidato, dois, à imagem e semelhança da sua graça.

Em tempo: Russomanno já tem um filho chamado Celso.

Mensalão
Alberto Toron, que defende João Paulo Cunha no caso do mensalão, indagou a Carlos Ayes Britto, do STF, sobre a possibilidade de utilizar o power point na defesa oral. Está esperando resposta.

Flip
A primeira noite da Flip, anteontem, foi marcada pela… vitória do Corinthians. E mesmo Paraty sendo no Rio de Janeiro, a Praça da Matriz foi tomada por torcedores: “É campeão”. Muitos, aliás, trocaram a festa literária pela final da Libertadores.

Fogos e rojões se estenderam pela madrugada ensurdecedora.

Flip 2

Quem nada sabia sobre o Corinthians era Jennifer Egan (ganhadora do Pulitzer 2011). A moça revelou que seu best-seller, Torreão, foi vendido para ser adaptado para o cinema.

Será dirigido por Peter Weir, o mesmo de Sociedade dos Poetas Mortos e O Show de Truman.

Flip 3

De papinho para o ar, no almoço promovido pela Flip para os escritores, estavam os dois colegas Teju Cole e Suketu Mehta. Ambos, que já se conheciam, confessaram adorar uma caipirinha.

Flip 4

Já no quesito “Brasil centro do mundo” quem chama a atenção é a equipe da revista Monocle. A publicação tem feito um diário online das notícias da Flip. Diretamente para a… Inglaterra.

DIRETO DA FLIP
MARCOS DE PAULA
Pouco antes do show de abertura da Flip, Leninerecebeu a coluna no camarim – uma simpática casa à beira do rio em Paraty. Empolgado, falou sobre música e literatura.

Como surgiu o convite?

Me senti honrado. Entendo como um reconhecimento do meu trabalho. O fato de associar a festa com o que eu faço só mostra que a palavra é fundamental.

Seu disco se chama Chão. É uma palavra da qual você gosta muito. Por que?

Tenho paixão por esse monossilábico nasal, onomatopeico e pela questão do som. O “ão” existe só no Brasil com essa profundidade sonora. Nem os portugueses conseguem pronunciar. Antes de ter as canções feitas, eu já sabia que o disco ia se chamar chão.

As histórias das músicas do disco são interligadas, como em um romance?

Isso é uma analogia que eu sempre fiz – da música com literatura. Sempre achei que um disco de um “cantautor” é uma coletânea de contos. Uma antologia. E Chão eu reivindico como um romance. Foi uma canção única. O disco não tem nenhuma repetição de letra e nem de refrão, tudo foi criado com um relevo. Na verdade, tem um discurso ali.

O homenageado da Flip esse ano é Carlos Drummond de Andrade. Você é fã do poeta mineiro?

Eu sou um fã da palavra. No universo da poesia quem popularizou o verso livre foi Drummond. Você entende muito mais um Vinicius depois de compreender um Drummond./MARILIA NEUSTEIN

O dilema da CPI - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 06/07

Os integrantes da CPI do Caso Cachoeira travam intensa luta sobre os rumos da investigação. Uma ala quer ir para cima da organização criminosa do contraventor Carlos Cachoeira. Outra quer abrir uma nova linha que coloque as empreiteiras no banco dos réus. Essa vertente venceu ontem quando a CPI decidiu convocar para depor Fernando Cavendish (Delta), Luiz Antônio Pagot (Dnit), Paulo Preto (Dersa) e Adir Assad (Rock Star).

Fazer, funcionar já e não deixar roubar
Num evento para industriais, anteontem, a presidente Dilma foi taxativa: "Vamos virar o jogo!" Sua afirmação pública está relacionada às reuniões que manteve, durante toda a semana, no Planalto, sobre aeroportos (segunda-feira), portos (terça-feira), ferrovias e energia elétrica (quarta-feira), e rodovias (prevista para hoje). A presidente quis saber dos ministros dessas áreas como andam as coisas, pediu para acelerar obras, recomendou que eles sejam rigorosos com o descaminho e cobrou planos de investimentos setoriais para o Orçamento de 2013. Os debates foram acompanhados por assessores da Fazenda.

"Não vamos cair na armadilha de trazer 2014 para 2012. O que está em jogo é o futuro das pessoas de BH” —Aécio Neves, senador (PSDB-MG), sobre o apoio dos tucanos à reeleição de Marcio Lacerda (PSB)

ALIENADO. O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), não foi à sessão da CCJ que votou por cassar o mandato de Demóstenes Torres (GO) e, se pudesse, não iria à sessão do Senado. Agripino, segundo seus amigos, age como se nada disso estivesse ocorrendo e não esconde de ninguém seu desgosto. Nem todos estão desolados, tem gente no DEM que quer a cabeça de Demóstenes. Não o perdoam por ter batizado de "mensalão do DEM" o escândalo José Roberto Arruda (DF).

Para Fora
O PT vai expulsar o prefeito de Palmas (TO), Raul Filho. Os deputados petistas pressionam a Executiva Nacional para levá-lo de uma vez ao Conselho de Ética. Avaliam que é preciso resolver logo, para não ficar sangrando aos poucos.

Novo rito
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), antes de fazer perguntas, a partir de agora, vai desfiar o rol de denúncias contra o depoente e depois perguntará: "O(a) senhor(a) quer se defender?" Só então ele poderá ser dispensado.

Comissão interamericana
O Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Chile vão criar uma Corte civil de investigação e julgamento de atos de violação dos Direitos Humanos desde a época da Operação Condor aos dias atuais. A expectativa é que outros países, como Panamá, Equador e Bolívia, participem do que está sendo chamado de "Tribunal Russell da América do Sul". A decisão foi tomada ontem, durante seminário sobre o tema, na Câmara, e anunciado pela deputada Luiza Erundina (PSB-SP).

No forno
A presidente Dilma deve nomear, nos próximos dias, Ivan Ramalho, ex-secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, para a função de alto representante-geral do Mercosul. Substitui o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.

O que é isso?
Enérgico e inclemente com os erros de quadros de outros partidos, o PSOL está devagar no caso do vereador Elias Vaz, de Goiânia. Vaz, numa conversa por telefone com o contraventor Carlos Cachoeira, chamou-o de "companheiro".

O DEM não se conforma com a ação do presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), e com a inação do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Os tucanos lançaram candidato próprio no Recife, isolando o candidato do DEM, Mendonça Filho.

O VICE-PREFEITO de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, nega que tenha fomentado noticiário negativo contra o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento): "É meu amigo pessoal."

O PRESIDENTE do PDT, Carlos Lupi, explica que a Executiva, no caso de Recife, adotou posição da comissão local provisória, de aliança com o PSB.

Obras e consumo serão as bases de 2013 - CLAUDIA SAFATLE

VALOR ECONÔMICO - 06/07



O crescimento econômico de 2013 terá que partir da expansão dos investimentos públicos, do crédito e do consumo, na avaliação do governo. A presidente Dilma Rousseff não guarda mais ilusões de que o setor privado vai retomar seus investimentos enquanto forem grandes as incertezas no mundo. Não há mais o que fazer a tempo de deslanchar a atividade econômica neste ano. "Para nós, o ano de 2012 já acabou. Agora, temos que criar as condições para o crescimento do próximo ano", disse uma fonte próxima à presidente.

De fato, a performance para 2012 está dada. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) será baixo. Não há como descartar a hipótese de ele ficar ao redor de 1,5%, abaixo, portanto, das mais recentes estimativas oficiais (2,5%). A aguardada reação da atividade no segundo trimestre, segundo analistas do setor privado, não ocorreu. As vendas de automóveis, por exemplo, cresceram após a redução do IPI, mas não o suficiente para aumentar a produção. A esperança é que o terceiro trimestre seja melhor e que, dados os estímulos monetários e fiscais já concedidos, o país chegue ao último trimestre do ano com crescimento anualizado de 4%, como prevê o Banco Central.

Para que o país possa crescer em 2013 a presidente pretende se concentrar na viabilização do investimento público e, nesse sentido, vai ampliar e acelerar as concessões nas áreas de infraestrutura aeroportuária, rodovias e portos. O crescimento do crédito e do consumo é limitado e depende de uma melhora da inadimplência.

Cálculos de analistas privados indicam que a taxa de inadimplência da pessoa física, hoje de 8%, deve cair 1 ponto percentual nos próximos cinco meses. É pouco, mas ajuda.

Dar como encerrado, na economia, este segundo ano de governo e preparar melhor o próximo exercício foi a decisão amadurecida pela presidente depois da reunião do G-20 em Los Cabos, no México, no mês passado. Após a conversa com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, Dilma voltou ao país mais pessimista e com sinais claros de que a Europa continuará em recessão pelos próximos dois a três anos, com efeitos prejudiciais sobre as economias emergentes. Portanto, a fonte de dinamismo econômico dada pelas atividades de comércio exterior também estará seca. Resta refazer os prognósticos internos e se dedicar à execução dos investimentos públicos, enfatizam assessores.

Uma das revisões mais bruscas do último relatório de inflação do BC se refere à expectativa de crescimento dos investimentos neste ano, que era de 5% e caiu para 1%, nível ainda acima do que prevê o mercado, que é menos da metade disso. A pretensão do governo, no início deste ano, de elevar o investimento público, está mais uma vez se frustrando.

Dilma começa a preparar o crescimento de 2013

Como que "encantado", o investimento público não sai do lugar, segundo têm mostrado seguidas matérias publicadas pelo Valor. Há uma endemia de irregularidades e práticas de corrupção flagradas nas obras públicas pelos órgãos de controle (TCU, AGU), que as paralisam. Sanar as irregularidades e dar execução a essas obras desafia as mais legítimas intenções de Dilma. A agenda da presidente, nesta semana, foi dedicada a reuniões com ministros para tratar desse tema e ver como desobstruir esses projetos.

A recessão na Europa será mais prolongada do que imaginava o governo brasileiro. Seus efeitos devem contaminar todo o mandato da presidente Dilma.

A desvalorização do real - moeda que mais se depreciou nos últimos meses - não trará resultados relevantes para as exportações, já que os principais mercados de produtos brasileiros estão em recessão ou em desaquecimento. Mas pode dar uma contribuição importante para a substituição de importações.

Embora o governo demonstre contentamento com o dólar cotado a R$ 2,00, esse é o patamar em que estava a taxa de câmbio no ano 2000 e nesses 12 anos a inflação média no país foi da ordem de 6%. A taxa de câmbio real, considerando uma cotação da ordem de R$ 2,10 agora, está no mesmo patamar de 1994, após a edição do Plano Real (ver gráfico). Não é essa taxa de câmbio, portanto, que vai reverter a recessão na indústria.

Na avaliação de assessores da presidente, porém, a tendência do dólar é continuar se valorizando e o fluxo de capitais para os países emergentes será mais ralo. O real, portanto, pode se desvalorizar mais no curto prazo. Mas há uma vasta gama de medidas de restrição (IOF sobre empréstimos externos) que pode e deverá ser desmontada pelo governo mais à frente.

Chama a atenção, em todo esse processo, a resistência da inflação. Após a quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008, a economia brasileira saiu de um crescimento de 5,17% para uma retração de 0,33% em 2009, mas a inflação apenas cedeu de 5,9% para 4,31%. Desta vez a projeção de PIB despencou, mas o IPCA custa a convergir para o centro da meta de 4,5%. Em ambos os períodos os cortes na taxa Selic foram substanciais. Em 2008/09, de 500 pontos base, saindo de 13,75% para 8,75%. Desta vez o corte foi mais lento, de 400 pontos até agora. A Selic saiu de 12,5% para 8,5% e as expectativas, no governo, são de que encerre o ano entre 7% e 7,5%.

Marginais - FERNANDA TORRES

FOLHA DE SP - 06/07


Não tinha nada a ver com reivindicação social, era o mal-estar da sociedade em pessoa, pegando um ônibus



Em 1996, passei uma curta temporada em Graz, na Áustria. Fui visitar Gerald Thomas, que dirigia uma ópera para o teatro municipal da cidade.

Uma manhã, ao embarcar em um impecável ônibus articulado lotado de senhorinhas europeias, dei de cara com três jovens, dois meninos e uma menina, refastelados no banco comprido para mais de três pessoas. Pareciam astros de rock não muito afeitos a banho, e destoavam por completo da placidez do restante do coletivo.

Um dos rapazes e a moça se beijavam em um duelo de línguas digno de "Alien, o Oitavo Passageiro". Ela abriu a braguilha dele e meteu a mão cueca adentro. Era o preâmbulo de um coito agressivo que prometia acontecer ali, diante de nós.

Uma velhinha se levantou, devia ser o ponto dela, e se viu obrigada a cruzar a bacanal. O moleque que não estava possuindo a ninfeta barrou a passagem. Com três palmos a mais do que a anciã austríaca, ele se curvou sobre ela como um general nazista e descarregou um rosário de impropérios naquele idioma que xinga como nenhum outro.

Os passageiros se fizeram de mortos, reféns da furiosa insatisfação juvenil. Eu fugi. Desci no ponto com a velha dama. Não arrisquei ficar para assistir a orgia.

A limpeza das ruas, a excelência do transporte público, a paisagem bucólica, todas as dádivas do império Austro-Húngaro iam de encontro ao desassossego espiritual dos guris. Não tinha nada a ver com reivindicação social ou posicionamento artístico, era o mal-estar da sociedade em pessoa, pegando um ônibus, em uma manhã de sol no Tirol.

Me lembrei do ocorrido ao ler a declaração do curador da Bienal de Berlim, Artur Zmijewski, depois de ser acertado por um balde de tinta amarela, atirado pelo pichador brasileiro Cripta Djan.

Durante um workshop, o grupo de Djan pichou as paredes da igreja centenária que servia de sede para o evento. Não era o combinado, os artistas deveriam se ater aos tapumes instalados pela curadoria.

Segundo, Zmijewski, "O objetivo final dos pichadores é autopropaganda de políticas da pobreza e da luta da classe baixa contra os ricos no Brasil. A igreja é propriedade de uma sociedade civil, cujo objetivo é coletar dinheiro para renovar prédios históricos e abri-los para distintas atividades culturais do público".
A bem-intencionada associação da qual faz parte a igreja estaria fora do suposto alvo de ataque dos brasileiros: o capital maligno gerado pela burguesia paulista.

Em uma entrevista dada à Folha, pouco antes de embarcar para a Alemanha, Djan foi bem claro a respeito das motivações que o norteiam.

"Esse movimento da pixação com 'x' começou mesmo com os punks, tá ligado? A galera tinha esse lance de protestar, esse cunho político [...] Não era aquele político da época da ditadura, mas o punk tinha uma linha de anarquia e tal, sempre protestando e questionando. A motivação dos caras é a disputa. É essa busca existencial, sabe? O cara não era porra nenhuma... Na pichação, ele encontra uma forma de ser reconhecido sem a questão do dinheiro, né?"

Zmijewski acertou ao falar em autopropaganda de políticas da pobreza, mas errou em achar que esses grupos fariam diferença entre os bons e os maus ricos. É anarquismo, Bakunim. São bandos, gangues, marginais no sentido heroico de Hélio Oiticica.

Esperar do Cripta outra atitude que não aquela, é querer domar o que os move.

Da mesma forma, achei oportuna a intervenção de Caroline Pivetta da Mota na Bienal de São Paulo, pichando o vazio da arte que a mostra pretendia discutir. Botaram a polícia em cima. Tinham mesmo que botar, caso contrário, a atitude de Caroline ficaria incompleta.

Manifestações artísticas desse tipo forçam a mais liberal, social e sacra das instituições para a posição do poder castrador. Se isso não acontecer, o ato é falho.

Não importa o tamanho do seguro-desemprego, o trio do "busum" austríaco tem parentesco com o pessoal de Barueri. "Todo mundo tem um vazio dentro de si", diz Caroline. O curador é que acha que a luta de classe é a única forma de insatisfação legítima do lado de baixo do Equador.

Que seria de nós sem eles? - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 06/07


Desde a queda do Muro de Berlim o mundo discute o assunto a sério, mas a última gargalhada foi de Paulo Maluf, depois do seu histórico encontro com Lula: "Não existe mais isso de esquerda e direita".

Assim como o patriotismo é o último refúgio dos canalhas, Maluf e Lula sabem que no Brasil malandro de hoje a ideologia se tornou o melhor abrigo para a preguiça, a incompetência e a ladroagem. Tudo pela causa, mas primeiro quero o meu.

Já a direita, coitada, não tem causa, só efeitos e defeitos: nada que contraria a esquerda pode ser bom. Um Brasil dividido entre os justos da esquerda e os malvados da direita é o fruto podre da ignorância e da propaganda.

Há 40 anos diziam que a esquerda comia criancinhas. Hoje é a direita que come. Lula e Zé Dirceu continuam culpando-a por tudo de ruim que acontece no Brasil e querem que acreditemos que tudo de bom foi obra deles. Para eles, e para Maluf, não há mais conservadores, liberais e radicais na política: como nas tribos pré-históricas, renascidas no primitivismo das torcidas organizadas, agora é tudo no "nós contra eles", como nas guerras sindicais.

O Brasil teve grandes avanços econômicos e sociais nos últimos tempos, mas empobreceu dramaticamente nos seus quadros políticos. Enquanto os representados melhoraram, os seus representantes, com cada vez menos exceções, só pioraram. E o País cresce, apesar deles.

Mas vamos ser sinceros: o que seria de nós, cronistas, sem eles? Quantas gargalhadas os leitores perderiam? Quantas histórias constrangedoras de personagens ridículos não seriam contadas? Quanta sordidez humana ficaria escondida? Porque eles são a crônica viva de nosso tempo para as futuras gerações.

Quando os meus netos e bisnetos lerem, ouvirem ou assistirem no cinema em 3D a história política, social e policial de Paulo Maluf, dos seus anos dourados na ditadura e queda do muro do Jardim Europa ao lado de Lula, entenderão melhor o Brasil da geração do seu avô e o que legamos para eles. Sentirão vergonha e repugnância, mas vão se divertir muito com as cenas de comédia e os shows de cinismo do satânico doutor Paulo.

A Matrix da Fiel - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 06/07


A previsão é de que, a partir de 2040, computadores serão muito mais inteligentes do que o técnico Tite


O ESPETÁCULO terminou em eu­foria nunca vista. Peter Higgs, 83, teórico da Univer­sidade de Edimburgo que previu a existência do bóson em 1964, enxu­gou as lágrimas e pegou o microfo­ne. "Gostaria de agradecer ao elen­co por esta conquista magnífica", disse. "Não pensei em minha exis­tência que veria o Corinthians ser campeão da Libertadores".

Pois aí está. Em um mesmo dia em 2012 vimos a lua virar um gi­gantesco suflê de mercúrio e con­centrar todo o seu brilho sobre o Pa­caembu, onde o Timão desmasca­rou um argentino gordoto e mar­rento que se fazia passar pelo Todo-Poderoso. E o Deus verdadeiro, aquele sem aditivos oriundos da Bolívia ou de algum quintal da Vila Fandango, confirmou que Eins­tein, para variar, estava certo: Ele não joga dados com o universo.

São Jorge também fez vigília. Do meu bairro, pude perceber como submeteu o dragão à lâmina de sua espada e presenciei o momento exato em que ele espetou o mons­tro na bunda e o entocou num bu­raco do mar da Tranquilidade.

Mas se há uma história capaz de ofuscar tudo o que aconteceu em termos de emoção em São Paulo nos últimos dias é a possibilidade de que o cósmos poderia caber em uma partícula localizada na sola do chinelo de um torcedor qualquer que esteja caminhando, neste exa­to momento, pelo subúrbio de um bairro igualzinho a Itaquera. Só que em uma realidade paralela.

Há quem estude como o cérebro humano está se reconfigurando a partir do impacto causado pela in­ternet. Mudanças de paradigmas como as propostas por Galileu, Newton, Darwin, Einstein e Freud acabam alterando a forma de o cé­rebro processar (fisicamente) as ideias. A internet está ocasionando esse tipo de reengenharia e isso vem sendo mapeado. Imagine se não tivesse sido condicionado a considerar o pecado, como você to­maria decisões? Seria outra a fiação elétrica do seu cérebro, não?

A confirmação da existência do bóson de Higgs adianta a vida de quem formula a grande questão: "Quem somos, de onde viemos e para onde vamos?"

A ideia de Matrix, teorias de complexas estruturas de universos paralelos são agora reforçadas pela confirmação de que tudo funciona como definido no Modelo Padrão. Eu sei. Einstein, que era espiritua­lizado, embora não fosse religioso, estabeleceu a física quântica e de­pois fugiu dela como o Diabo da cruz. Seu determinismo só o fazia aceitar teorias comprováveis.

Mas, veja: pela Lei de Moore (comprovada) o poder computa­cional dobra a cada 18 meses. A pre­visão, portanto, é de que, até 2020, os computadores serão mais inteli­gentes do que os humanos. E, a par­tir de 2040, muito mais inteligen­tes até do que o Tite.

E tem mais: para onde vão as par­tículas subatômicas e a antimatéria quando se juntam? Opostos, no ca­so, se aniquilam. Mas antimatéria não é universo paralelo?

Será que a confirmação da exis­tência do bóson não significa que outras dimensões, de fato, estão convivendo conosco agorinha mesmo? Que tal dar um google na Teoria das Cordas antes que os ro­bôs do Isaac Asimov venham cap­turar o seu micro?

Começo a crer que Maradona, o grande matemático, foi quem criou o primeiro acelerador de partículas lá em Stonehenge. Pois é, bem-vin­do à Matrix.

É de se perguntar se o Corinthians já não ganhou a Libertadores antes, em algum universo paralelo.

Triunfo do método - HÉLIO SCHWARTSMAN


Folha de S.Paulo - 06/07


SÃO PAULO - É de 99,99995% ("cinco sigmas") a probabilidade de que cientistas tenham detectado o bóson de Higgs -também conhecido como "partícula de Deus"- ou pelo menos algo muito parecido com ele. Se confirmada, é a mais importante observação no campo da física de partículas dos últimos 40 anos.
Escarafunchando suas propriedades, cientistas creem que poderão vislumbrar fenômenos desconhecidos e propor novas teorias, avançando para além do Modelo Padrão, às vezes chamado de "teoria de quase tudo", já que explica quase tudo que existe no Universo: matéria, energia e suas principais interações. As notáveis exceções são certos aspectos da gravidade e a energia escura.
O interessante na provável descoberta do bóson de Higgs é que ela consagra não só o Modelo Padrão como também o método científico.
Durante cinco décadas, essa partícula existiu apenas como previsão do modelo teórico, sem nenhuma corroboração empírica. Baseava-se em alguma matemática e muita fé dos cientistas na correção do Modelo Padrão em suas linhas gerais. A partícula de Deus, exceto por detalhes de forma lógico-matemática, era indistinguível de uma peça de literatura fantástica ou de um juízo religioso.
O problema é que o ser humano é uma espécie excessivamente criativa. Experimentos neurológicos mostram que, quando fatos desconexos são apresentados, o cérebro tende a uni-los por meio de narrativas. Elas não têm de ser verossímeis nem coerentes. Embarcamos nelas porque essa é a forma pela qual pensamos.
A moral da história é que devemos nos acautelar contra nossas ideias. Aí entra o método científico. Ele as mantêm sob eterna suspeita. Nada é mais que uma hipótese até que tenha sido corroborado por evidências empíricas. E, mesmo depois, torna-se no máximo uma verdade provisória, sujeita a ser falseada a qualquer instante. Ao menos em teoria, o método científico é o oposto do dogma.

As razões da impunidade - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 06/07


Levantamento da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), divulgado recentemente, mostra que a polícia vem prendendo mais, mas os inquéritos não são conclusivos, os crimes mais violentos continuam não sendo esclarecidos e a maioria das investigações é arquivada. A Enasp é uma parceria entre o Ministério da Justiça, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Até a formação dessa parceria, o Executivo, o Ministério Público e o Judiciário não tinham conhecimento do número de inquéritos criminais existentes no País. Após a criação de um banco nacional de dados, a Enasp passou a estabelecer metas de produtividade para as procuradorias-gerais de Justiça e para as varas de execução criminal.

No ano passado, foram fixadas cinco metas. O relatório recém-divulgado trata da Meta 2, cujo objetivo era concluir, em abril de 2012, todos os 92 mil inquéritos sobre assassinatos instaurados no País até 31 de dezembro de 2007 e ainda pendentes. O levantamento da Enasp revela que só 32% da meta foi atingida. Mesmo assim, o resultado foi comemorado pelo Ministério da Justiça, pelo CNMP e pelo CNJ. Antes da Meta 2, o índice de conclusão dos inquéritos de homicídio doloso abertos até 2007 variava entre 5% e 8%.

Segundo o levantamento, dos 135 mil inquéritos relativos a homicídios dolosos instaurados até dezembro de 2007, apenas 43 mil foram concluídos. Destes, só pouco mais de 8 mil foram convertidos em processos judiciais. O estudo também mostra que mais de 80% dos inquéritos relativos a homicídio doloso - em que há intenção de matar - foram arquivados. O arquivamento decorreu da prescrição dos crimes, da falta de identificação de autoria, da falta de provas e da morte dos assassinos. "Muitos inquéritos incluídos na Meta 2 sequer tinham o laudo cadavérico feito. Colocá-los para andar já é motivo de comemoração", diz Taís Ferraz, conselheira do CNMP, coordenadora do Grupo de Persecução Penal da Enasp e uma das responsáveis pelo aperfeiçoamento do Inquerômetro 2.0. Trata-se de um sistema eletrônico desenvolvido pelo Ministério Público de Rondônia e pelo CNMP que permite o acompanhamento, em todo o País, do andamento, das diligências pendentes e da conclusão dos inquéritos criminais. Com um banco de dados alimentado mensalmente por informações enviadas pelos Estados, o Inquerômetro 2.0 também divulga um ranking estadual com relação ao cumprimento de metas de produtividade fixadas pela Enasp.

Graças a esse sistema se pode verificar que em Alagoas foi extraviado mais de mil dos 4.180 inquéritos instaurados entre 1990 e 2007. "A Polícia Civil não conseguiu informar onde estão e qual o destino que tomaram", diz a promotora Karla Padilha. Segundo o Mapa da Violência do Ministério da Justiça, Alagoas é o Estado mais violento do País, com 66,8 homicídios por 100 mil habitantes.

Pelas estatísticas do Inquerômetro 2.0, Alagoas também é o Estado nordestino com pior desempenho em matéria de conclusão de inquéritos criminais. Durante a Meta 2, a polícia alagoana só conseguiu concluir 14,9% dos inquéritos desse tipo instaurados até 2007. O Estado que registrou a produtividade mais baixa foi Minas Gerais, onde foi concluído apenas 1,9% dos inquéritos relativos a esse tipo de crime. Somente o Acre atingiu os 100% da meta fixada pela Enasp. Em São Paulo, o índice foi de 46,7%.

Segundo os coordenadores da Enasp, o alto índice de arquivamento dos inquéritos sobre homicídio doloso se deve a vários fatores. Por exemplo, 12 Estados não preenchem há anos os cargos vagos da Polícia Civil; em 14 faltam equipamentos para perícia; em 15 as delegacias não têm condições mínimas de trabalho; e em 5 elas não têm computadores e acesso à internet, o que obrigou o CNMP a fazer contagem manual dos inquéritos parados em delegacias. O próximo relatório da Enasp, que será divulgado em outubro, versará sobre as metas relativas à pronúncia dos réus e ao julgamento das ações penais.

Não tem preço - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 06/07

A Câmara dos Deputados decidiu adotar cartões corporativos -foco de um dos maiores escândalos do governo do ex-presidente Lula- a partir do segundo semestre. Em uma portaria assinada pela diretoria-geral da Casa, em maio deste ano, a Câmara autorizou o uso de cartão para despesas emergenciais, relações públicas e gastos em viagens internacionais do presidente, inclusive para locação de veículos e alimentação. O limite de compras será estipulado por atividade.

Quase... Ao dar publicidade aos salários de seus servidores, o Supremo Tribunal Federal omitiu a divulgação dos vencimentos no órgão de origem dos funcionários que estão cedidos à corte.

...transparente O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, afirma que, por sua iniciativa, o CNJ aprovou anteontem "modelo ampliado" de divulgação da remuneração de pessoal do Judiciário que fará esta adequação.

É com ela Professores em greve tentaram estabelecer linha direta com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), mas Dilma Rousseff preferiu que a interlocutora do governo seja Miriam Belchior (Planejamento).

Bando de loucos Ao lado de Miriam, Alexandre Padilha (Saúde) e Lula, todos corintianos fanáticos, Dilma passou o dia ontem no ABC paulista aturando as extasiadas comemorações do inédito título da Libertadores.

Coro A exemplo do irmão Ciro Gomes, o governador Cid Gomes (PSB-CE) atribui a José Dirceu a versão segundo a quale o PSB agiria para "aniquilar'' o PT. "Ele está se excedendo, é o porta-voz dessas intrigas. Confunde situações pessoais com partidárias."

Como está Sobre 2014, Cid defende apoio do PSB a Dilma, mesmo que Ciro queira ser candidato. "Vou defender que ele não seja."

Muy amiga Com seu aval à articulação que lançou Patrus Ananias (PT) em Belo Horizonte, Dilma frustra as pretensões eleitorais de Fernando Pimentel (Desenvolvimento), amigo de longa data. Adversário de Patrus, Pimentel defendia parceria com Marcio Lacerda (PSB) como forma de viabilizar seu nome à sucessão estadual em 2014.

PTtube Para enfrentar a subexposição na TV até agosto, Fernando Haddad põe no ar hoje site oficial com extensa galeria de vídeos que martelam o slogan da renovação. Padrinho da candidatura, Lula gravou saudação à militância para inaugurar a página, cujo endereço é www.pensenovotv.com.br.

Caixa Rubens Jordão, colega de Gilberto Kassab na Poli e um dos organizadores de sua vitoriosa campanha em 2008, presidirá o comitê financeiro de José Serra.

Indoor O tucano cancelou a caminhada que faria hoje pelo centro de São Paulo. Optou por reunião no edifício Joelma onde anunciará os integrantes de seu QG.

Belezura Obcecado com os números do "Cidade Limpa" em ano eleitoral, Kassab criou metas semanais de limpeza de publicidade irregular nas subprefeituras. A ordem é priorizar áreas de visibilidade, como a avenida Paulista.

Tabelinha Milene Rodrigues (PTB) será candidata a vereadora em São Paulo. Ao lado dos ex-jogadores Zé Elias (PPS), Dinei (PDT) e Marcelinho (PSB), a "rainha das embaixadinhas" tentará vaga na bancada da bola.

Visita à Folha João Paulo Cunha (PT-SP), deputado federal e candidato à Prefeitura de Osasco, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Vladimir Soares, Angela Chaves e Doca de Oliveira, assessores de comunicação.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"Foi um erro monumental. Minas tem um jeito diferente de fazer política e um projeto nacional para resgatar o que nos é de direito."

DO DEPUTADO FEDERAL MARCOS MONTES, presidente do PSD em Minas, sobre a decisão do partido de apoiar o petista Patrus Ananias em Belo Horizonte.

contraponto

No divã da dialética

Terminada a a última reunião da Executiva Nacional do PSB antes das eleições, o vice-presidente do partido, Roberto Amaral, falava com os jornalistas sobre a decisão de indicar candidatos próprios em Recife e Fortaleza, rompendo alianças locais com o PT.

Um deles, então, perguntou se o dirigente socialista não estava preocupado com os protestos manifestados publicamente pelos petistas sobre o teor dessas decisões. Ex-ministro de Lula, Amaral respondeu:

-Na política eu me socorro de Marx, não de Freud. A política não sobrevive de mágoas, minha filha.

Convicções de última hora - ROGÉRIO L. F. WERNECK


O Estado de S.Paulo - 06/07


Assustado com as dimensões da onda de instabilidade que poderá advir da crise europeia, o governo agora promete mudar de vida. Quer que o País esqueça as práticas dos últimos seis anos e acredite no novo e inabalável compromisso de Brasília com uma política fiscal séria e austera sem apelo a mágicas e truques de qualquer tipo.

É natural que tais promessas tenham sido recebidas com ceticismo. Afinal, trata-se da mesma equipe econômica que jamais conseguiu mostrar convicção sobre a necessidade de manter uma política fiscal consequente. O que, diga-se de passagem, nunca chegou a surpreender quem se lembrava de que, um ano e meio antes de tomar posse como ministro do Planejamento, Guido Mantega ainda se sentia completamente à vontade para alegar na mídia que a meta de superávit primário de 3% do PIB era "exagerada e suicida". E para acusar o governo de ter posto em primeiro plano a garantia dos credores.

Durante os três primeiros anos do governo Lula, Mantega jamais escondeu sua insatisfação com a política que vinha sendo conduzida por Antonio Palocci no Ministério da Fazenda. E, seja como ministro do Planejamento ou como presidente do BNDES, sempre esteve claramente alinhado às forças que, dentro do governo, se batiam pelo afrouxamento da política fiscal. E, como era de esperar, foi exatamente isso que passou a patrocinar quando, em 2006, se viu à frente do Ministério da Fazenda.

A crise mundial de 2008, já no segundo mandato do presidente Lula, foi o pretexto que faltava para que o governo rompesse de vez com os cânones da política macroeconômica que havia sido mantida por Palocci. Especialmente grave foi a montagem, à luz do dia, de gigantesco orçamento fiscal paralelo no BNDES, fartamente alimentado por transferências diretas do Tesouro, feitas por fora do orçamento e sem contabilização nas estatísticas de resultado primário e de dívida líquida. Mais de R$ 300 bilhões de recursos do Tesouro, advindos da emissão de dívida pública, já foram transferidos ao BNDES desde 2008, para serem alocados ao livre arbítrio do governo.

Ao final de 2009, com a rápida recuperação da economia brasileira, já não havia mais racionalização possível para uma política fiscal mais frouxa. Mas isso não impediu que o governo fizesse de 2010 um ano de memorável farra fiscal. E, quando os indicadores fiscais pioraram, a equipe econômica fez o que podia e, especialmente, o que não podia, para "manter as aparências". Para evitar que os excessos ficassem evidenciados nas contas públicas, em toda sua extensão, não relutou em recorrer a truques contábeis grosseiros, ao arrepio do penoso esforço de construção de credibilidade e transparência no registro das contas públicas, que já havia atravessado vários mandatos presidenciais.

A desconstrução institucional não parou por aí. Basta lembrar a lei de superindexação do salário mínimo, as novas permissões de ampliação do endividamento dos governos subnacionais e a restauração, com pompa e circunstância, do amplo acesso dos governos estaduais ao crédito dos bancos públicos federais.

Enquanto isso, continua intocado o regime fiscal que vem requerendo aumento sem fim da carga tributária para que as contas públicas sejam mantidas sob controle. As reformas que poderiam contribuir, em prazo hábil, para alteração desse regime foram sistematicamente deixadas de lado nos últimos anos. É tendo tudo isso em perspectiva que se deve agora avaliar como encarar o recém-estreado compromisso de Mantega e sua equipe com a manutenção da solidez fiscal. E a verdade é que, tendo em conta uma folha tão extensa de desserviços à agenda de consolidação fiscal no País, é muito difícil levar a sério o novo discurso da equipe econômica. A súbita conversão da equipe da Fazenda apenas denota a extensão de sua preocupação com as dimensões da onda de instabilidade que poderá advir da crise europeia. Como bem notou Samuel Johnson há mais de 200 anos, não há nada que concentre mais a mente do que a visão do cadafalso.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 06/07

Montadora faz hora extra para atender demanda

O impulso da redução do IPI, que elevou as vendas das montadoras em junho, fez com que a Honda retomasse seu patamar pré-tsunami.

O desastre prejudicou os negócios devido a problemas de logística e abastecimento de peças após o terremoto que atingiu o Japão em 2011.

A companhia começou a fazer mais de duas horas extras diariamente para atender a demanda após registrar queda significativa do nível de estoques nos últimos meses, segundo Roberto Akiyama, diretor da empresa.

Somados todos os modelos, foram vendidos 15.026 unidades no mês passado.

O Civic, que em maio teve 4.509 unidade vendidas, atingiu 6.039 em junho.

"Além do IPI, a renovação de todos os modelos contribuiu para o aumento", diz.

"Antes do tsunami, tivemos participação de mercado de 4,4%. Em dezembro de 2011 estava em 1,8%. Agora voltou a 4,4%."

Na Toyota, foram vendidos 10.063 no mês passado, alta de 21% ante maio. Na comparação com junho do ano passado, quando o mercado sentia impactos no abastecimento de peças, o crescimento é de mais de 60%.

Em junho, a Fiat vendeu 75.240 automóveis e comerciais leves, e atingiu participação de 22,1%, aumento de 26,5% em relação aos resultados de maio de 2011, segundo a empresa.

Nos últimos meses montadoras como GM, Volkswagen, Scania e Volvo anunciaram ajustes, como programas de demissão voluntária, redução de jornadas e suspensão temporária de trabalhadores.

15.026 foi o volume de unidades vendidas pela Honda em junho

4,4% é a participação de mercado

2,5 é o número de horas extras

Reforma para Estrangeiro

Publicidade... A agência gaúcha SPR comprou quatro contêineres para expandir sua operação. O tempo de instalação foi 20% do necessário para uma obra similar de alvenaria.

...naval Com as aquisições, que representarão cerca de 200 metros quadrados a mais, a empresa de publicidade espera ter alta de 30% no faturamento deste ano.

Vulnerabilidade

Riscos de mercado estão entre as principais fontes de volatilidade para as empresas em todo o mundo, segundo pesquisa da EIU encomendada pela Sungard.

Reformas regulatórias também preocupam as companhias norte-americanas (40%) e europeias (45%), enquanto, na América Latina, elas são citadas por 29% dos entrevistados. Para os latinos, falhas de tecnologia da informação, como a perda de dados, oferecem maior risco.

Foram ouvidos 500 executivos do setor financeiro.

Primeiros Dias

Ontem, em seu quarto dia de trabalho na Gol, o novo presidente da companhia, Paulo Kakinoff, viajou a Minas Gerais com Constantino Junior para visitar o centro de manutenção de aeronaves de Confins. No local, encontrou-se com 800 trabalhadores.

Kakinoff repetiu a atividade que havia feito no dia anterior, quando foi apresentado para 1.200 funcionários no hangar do aeroporto de Congonhas.

Até o fim de setembro, 20 viagens para bases operacionais estão previstas.

"A ideia é realizar ao menos um voo por semana. Receber sugestões e críticas", diz Kakinoff, que está focado principalmente em dar maior agilidade à Gol.

"Esse é o principal desafio para uma companhia aérea em um mercado volátil, com variação de câmbio e de taxas aeroportuárias."

Durante os três primeiros meses à frente da empresa, Kakinoff estará acompanhado de Constantino Junior na maioria de seus compromissos.

Gestão... A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) fechou convênio com o Sebrae para melhorar a gestão de micro e pequenas empresas.

...de pequenas Com vigência até 2014, o projeto deve desenvolver indicadores e atualizar a metodologia de análise da qualidade de gestão.

Salário... Entre os empresários brasileiros que pretendem elevar salários nos próximos doze meses 63% farão em linha com a inflação e 25%, acima, segundo a Grant Thornton.

...alto Entre os que mais pretendem elevar estão Argentina e Turquia (96%), África do Sul (92%) e Hong Kong (90%).

Crise do Mercosul - MÍRIAM LEITÃO


O GLOBO - 06/07


Houve um momento em que os governantes do Cone Sul se entendiam muito bem. Eles trocavam informações, equipamentos e tecnologia de tortura e morte de adversários políticos. Houve um momento em que Brasil e Argentina duvidavam tanto um do outro que os dois países tinham defensores do desenvolvimento de armas nucleares. Nessa hora de grave crise no Mercosul é um alívio pensar que já foi muito pior.

Não é para consolar, mas para que não se perca a perspectiva histórica de que, no passado, os governos dessa região erravam quando entravam em acordo e erravam quando estavam em conflito. Fizeram pactos sobre a inaceitável manutenção da ordem autoritária a ferro e fogo. Trocaram favores, prendendo e matando num país, opositores dos governos de outros países. Não se sabe ainda hoje toda a verdade sobre os crimes executados sob a capa de acordos de cooperação militar.

No domingo, este jornal publicou reportagem da jornalista Junia Gama mostrando que no governo do general Ernesto Geisel o Brasil "esmerilhou" armas para enviá-las a Augusto Pinochet. As ordens eram estas e a palavra "esmerilhar" significava tirar os símbolos da República brasileira nas armas enviadas por Geisel para ajudar Pinochet a "manter a ordem interna". Ela foi mantida à custa de 3 mil mortes. Quantas foram com armas brasileiras "esmerilhadas"?

Ao mesmo tempo em que cooperavam para cometer crimes, desconfiavam uns dos outros. Entre Brasil e Argentina a tensão era alimentada por quem queria, aqui e lá, desenvolver tecnologia de artefatos nucleares. Um dos passos importantes que precederam o Mercosul foi o acordo de cooperação nuclear entre Brasília e Buenos Aires, permitindo que um país fiscalizasse o programa do outro. O segundo passo para a pacificação foi o acordo sobre o aproveitamento energético dos rios que os países compartilham.

O Mercosul permitiu o aumento exponencial do comércio, dos negócios, das parcerias entre os países do grupo. A cláusula democrática nasceu das feridas que tinham ficado dessa cooperação macabra da Operação Condor e outros pactos. Os países se dispunham daquele momento em diante a reduzir as barreiras comerciais entre os mercados do bloco, a negociar novos campos de integração e a manter, como base de tudo, a ordem democrática.

Os episódios das últimas semanas mostraram que esses valores foram relativizados por uma parte da opinião pública e pelos governos do bloco. Basta estar escrito na Constituição de um país, que qualquer barbaridade passa a ser democrática. Já a indignação dos governos é seletiva. Brasil e Argentina ficam indignados com o que acontece no Paraguai, mas aceitam as violações, o que ocorre com frequência na Venezuela. Já o Uruguai aceita a pressão dos grandes e depois se afunda numa crise interna. A partir dessa assimetria de tratamentos, o bloco entrou numa grave crise política que terá novos desdobramentos.

O Mercosul acaba de completar 21 anos. Em duas décadas, o comércio do Brasil com os países do bloco saiu de US$ 4,5 bilhões para US$ 47 bilhões. Multiplicou por dez. Houve um aumento enorme de cooperação, associações empresariais, crescimento do turismo.

Esses claros sinais de sucesso, no entanto, não apagam o fato de que há uma grave crise no Mercosul. Como disse o embaixador José Botafogo Gonçalves na edição de ontem deste jornal: o Mercosul pode acabar se não for levado a sério.

A Argentina criou barreiras tarifárias e não tarifárias para os países do bloco; a pior delas foi o fim da licença automática de importação. Negócios entre empresas do setor privado estão congelados pela arbitrariedade com que são liberadas as licenças de importação. Brasil e Argentina têm opiniões opostas sobre a China. A Argentina quer um acordo do Mercosul com os chineses e o Brasil eleva as tarifas de importação de alguns produtos.

Mais importante do que divergências de opinião, que sempre ocorrerão em qualquer parceria, é o fato de que o Mercosul não sabe o que quer ser. Essa falta de projeto está minando as bases do bloco. A crise política provocada pela entrada da Venezuela, se não for resolvida, pode ser o começo do fim.

Ueba! Timão Rumo a Tóquio! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 06/07


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Timão Campeão da Libertadores! Timão Rumo a Tóquio! Os manos já começaram a cavar o túnel! Já imaginou o voo dos manos pro Japão? Pendurados nas asas e com as canequinhas batendo na janela? Rarará!

Sushi eles vão pensar que é macumba! E aquele barco de flores e sushis? Ebó pra Iemanjá! E diz que quando o bando de loucos descer em Tóquio, os japoneses vão pensar que é outro tsunami. Coitados! E a manchete do CornetaFC: "Corintiano empolgado coloca gorro de maloqueiro na taça!". Rarará!

E o traje, dress code pra comemorar a taça: bermuda e moletom de capuz! E um cara no meu Twitter escreveu: "Deviam dar o nome 'Corinthians Campeão da Libertadores' a um cometa. Porque só passa a cada cem anos! Rarará!"

As piadas com o Corinthians não acabaram. Apenas começaram! E o Corinthians continua virgem. Ninguem perde a virgindade pela Boca! E o jogo em si? Boca Murcha X Meia Boca! O jogo foi mais chato que o programa do Bial . E o juiz devia ter dado 40 minutos de acréscimo. E o goleiro do Corinthians é a cara do Quico do "Chaves"!

E eu vou ficar com saudades do técnico do Boca. Com aquela cara de Frankstein atropelado! E tô surdo até agora! Com os mano comemorando! Gastaram todo o dinheiro da mistura em rojão. Rojões, gritos, sirenes. Começou o TITEroteio em Sampa! E aí os fogos acabaram e partiram pra buzina.

E um vizinho meu comprou um megafone! Megafone não precisava! Eu não tenho culpa se o Corinthians levou cem anos pra ganhar o titulo! Não foi um apocalipse, foi um abocalipse! Parecia Bagdá! Aí, durante o jogo, eu fiquei dando o Plantão Incor: 97 manos infartaram. E uma vizinha gritou: "Arredonda pra cem , três acabaram de ir pra UTI!".

E sabe quem foi a autora do grito "Vai, Corinthians"? Clarice Lispector! É verdade! Eu tenho a foto dela gritando "Vai, Corinthians!". Vai ser tema de discussão na Flip!

É mole? É mole, mas sobe! A Hora do Chupa! Chupa Cristina Kirchner! Essa foi a semana do Chupa! Anteontem, Chupa Boca. Ontem, Chupa Coxa. E hoje é Chupa Peito? Rarará! E o antipredestinado do dia. No "Fala Brasil", da Record, apareceu um corintiano comemorando: José Antonio Palmeira! Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Acordos espúrios - ANTONIO MESQUITA GALVÃO


ZERO HORA - 06/07



Depois que Brizola (+ 2004) afirmou que para ganhar a presidência da República faria "aliança até com o diabo" a história dos acordos políticos no Brasil parece que jogou a ética e a fidelidade partidária pela janela. O que chocou a opinião pública recentemente foi um acordo entre Lula e Paulo Maluf (PP-SP), para apoiar Fernando Haddad para a Prefeitura de São Paulo. Dirigentes do PP afirmam que o deputado Maluf quer participar da formulação do plano de governo do petista. Maluf e Lula eram inimigos ou adversários até o momento da convergência atual de seus objetivos. A busca do poder não cansa de propugnar esse "vale tudo".

Esses acordos, ou conchavos políticos não são de hoje. O Partido Social Democrático (PSD) foi um partido político brasileiro fundado em 1945, formado sob os auspícios de Getúlio Vargas de caráter liberal-conservador, reunindo as elites. Getúlio era um latifundiário. Ideologicamente oposto, surgiu, na mesma época o PTB, também sob a inspiração de Getúlio, seu maior líder e no bojo do queremismo, movimento popular cuja divisa era queremos Getúlio e que propunha uma Assembleia Constituinte com Getúlio na presidência da República. Se a ideologia do PSD era de apoio ao empresariado e ao latifúndio, o ideário do PTB favorecia o operariado, o homem do campo e os sindicatos.

Durante a ditadura (64-85), os militares inventaram os mandatos "biônicos" (senadores e governadores) para obterem poder de governabilidade. Antes disto, a política do café-com-leite foi um acordo firmado entre as oligarquias estaduais e o governo federal durante a "República Velha" (1898-1930) para que os presidentes da República fossem escolhidos entre os políticos, mesmo adversários, de São Paulo (café) e Minas Gerais (leite), alternadamente.

O móvel de tantas alianças está primeiramente na caça aos eleitores. Por mais desacreditado que esteja, no concerto político nacional, o prestígio de Maluf é capaz de canalizar alguns milhares de votos decisivos para Haddad. Depois da eleição, só as alianças podem garantir a governabilidade, pois sem maioria no Legislativo ninguém governa.

Nos países adiantados, onde a democracia é fato consumado, depois de corrido o pleito, vencedores e vencidos fecham campanha em favor do país, esquecendo ódios e picuinhas do período eleitoral. No Brasil, com essa pífia vocação que temos para a democracia e um golpismo latente, os perdedores não só torcem como também fazem o possível para que o governo eleito não dê certo, para dar razão aos seus argumentos e preparar um retorno mediato.

Fantasmas no caminho - FERNANDO GABEIRA


O ESTADÃO - 06/07


A imprensa vê nuvens cinzentas e o governo, céu azul. O que vejo eu, com tão precários instrumentos de observação?

Num intervalo de meus compromissos visitei um shopping center em São Paulo. As lojas estavam vazias. Eram 14 horas. Os compradores já se foram ou ainda não chegaram, pensei. Nos restaurantes os garçons perfilavam-se à espera do primeiro visitante para cercá-lo de todo o excedente de atenção que as circunstâncias permitiam. Alguma coisa estava acontecendo com o consumo. Li que o índice de inadimplência atingira o nível mais alto dos últimos tempos e as famílias brasileiras comprometem um quinto de sua renda com dívidas. Um articulista do Financial Times vê uma bolha de crédito e alerta para o perigo de estourar. Será que havia relação entre alguns dados e o que eu via nas lojas desertas?

O olho pode enganar. O governo reduziu impostos de carros, lançou um pacote de compras, continua apostando no estímulo ao consumo, como em 2008. Os limites vão sendo empurrados para a frente. Podem ser mais elásticos do que parecem. O governo não estaria, como costumam fazer alguns generais, travando hoje a batalha da guerra passada?

Vejo nuvens cinzentas no céu azul. Será que vai chover? O otimismo político traz-me insegurança em certos momentos.

A Petrobrás, por intermédio de Graça Foster, admitiu a necessidade de tornar mais realistas os seus planos estratégicos. Com isso reconheceu ser preciso pôr os pés na terra. Alguns observadores acham que nem na terra ainda ela pôs os pés, só se aproximou dela. O ex-presidente José Sérgio Gabrielli já se prepara para disputar eleições. Na nova profissão vai poder sonhar à vontade: construir uma nova Bahia, meu rei. O bilionário Eike Batista também sentiu o frio na barriga com a queda de sua empresa da área do petróleo. Só que Eike é o dono da empresa e tem de segurar a onda.

Saí de São Paulo com medo do fantasma da bolha e encontrei em Goiás o fantasma da casa - a casa do governador Marconi Perillo, que teria sido comprada por Carlinhos Cachoeira. Nos quatro dias em que convivi com os goianos na bela cidade de Cora Coralina duvidei, de novo, dos meus olhos. É que levava de São Paulo a impressão que me passou um editor de jornais de TV: quando entra a CPI do Cachoeira, cai a audiência. Achava natural. A maioria da CPI joga como um time que não quer jogar, dando chutões para cima e muita bola para a lateral. São aqueles jogadores que parecem nos dizer: "Olha, o jogo já acabou, é melhor ir saindo porque você não vai perder nada, não corre o risco de ouvir um grito de gol já no ponto do ônibus".

Em Goiás, quando entra a CPI do Cachoeira, quase todos se aproximam da TV. Isso diz respeito à vida de um dos Estados mais importantes do Brasil. Nas telas há um fantasma da casa, povoada de inúmeros fantasminhas vestidos de cheque bancário. Eles passam e voltam, mas os espectadores estão atentos. A casa e os cheques envolvem o governador do Estado.

O impacto do escândalo Cachoeira pegou Goiás em cheio. Quem conheceu o senador Demóstenes Torres ou votou nele ficou chocado, até mesmo com o tom subalterno com que tratava Cachoeira. Goiás merecia um bom trabalho do Congresso. Como merece o País, sobretudo após a divulgação de que sete empresas fantasmas receberam R$ 93 milhões da Delta.

Nesse mundo povoado de fantasmas a realidade vai penetrar, como o fez na economia. Num jogo de futebol é possível retardar a partida, truncá-la até o apito final. Mas na CPI do Cachoeira não haverá apito final. Uma parte da audiência pode ter-se perdido, porque o jogo é muito feio. Goiás, Tocantins, Brasília tendem a ficar de olho, mesmo se os congressistas continuarem jogando a bola para a lateral, mesmo que caia a audiência da CPI nos jornais noturnos.

É simples assim: muita gente no País sabe que está sendo roubada, gostaria de saber quanto roubaram, quem será punido e como devolver o dinheiro aos cofres públicos. Se isso for negado, viveremos numa bolha de outra natureza, que só um movimento popular pode estourar. O limite de endividamento foi atingido, por que não o seria o da paciência? A estrutura política, além de ostensivamente dispendiosa, recebe milhões de reais em propinas. E, ainda por cima, retorna muitos milhões de dinheiro público para retribuir a quem a suborna. Esse mecanismo perverso não pode durar. É uma ilusão esperar que seja um fato natural, aceito como a sucessão das estações do ano.

Talvez eu me tenha iludido com o que vejo ou mesmo sido levado a pensar assim por causa do percurso São Paulo-Brasil Central, do centro econômico às bases de operação de Cachoeira. Nuvens cinzentas ou apenas um relâmpago no céu azul? País fantástico ou fantasmagórico? Chega um momento em que é preciso contar com os próprios olhos: a decadência política e o aparente esgotamento de um modelo econômico são muito volumosos para passarem despercebidos. O enlace dos dois e os filhos que vão gerar são apenas a intuição da viagem.

Em 2014 o golpe militar fará meio século. Será o ano da sétima eleição direta para presidente. Melhorou muito a situação do nosso povo mais pobre. Mas a realidade eleitoral aprisionou o processo político e o levou a amplo descrédito. A maioria dos políticos seguirá vendo a história como uma eleição depois da outra. Um expoente como Lula, que conheço desde o meio da década de 1980, não elabora sobre os caminhos nacionais, dispõe-se a morder a canela dos adversários na eleição paulistana.

Às vezes, no exílio, julgava estar delirando. O amigo Francisco Nelson me confortava: "Você está lúcido". Chico Nelson, infelizmente, morreu há alguns anos. Será que estou vendo mesmo o homem reputado internacionalmente como um estadista mordendo canelas numa eleição municipal? Saudades do Chico Nelson. Chegamos juntos do exílio, em 1979. Nesses momentos aparece para mim, confirmando a frase de um escritor francês: não visitamos os mortos, eles é que nos visitam.

Fora do ar - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 06/07

Os empresários que tiveram seus jatos apreendidos pela Receita Federal há algumas semanas devem pedir ao órgão permissão para que as aeronaves, de até US$ 50 milhões, façam sobrevoos em São Paulo. Eles temem que, paradas, elas "morram", como ocorre com carros que ficam estacionados por muito tempo numa garagem.

FORA DO PAÍS

Os aviões sequestrados pertencem a executivos e banqueiros como Leo Kryss, Marcelo Kalim, sócio de André Esteves no BTG Pactual, e Tom Freitas Valle, ex-banco Garantia. A Receita investiga a razão de as aeronaves estarem registradas no exterior e não no Brasil. Os empresários alegam que elas estão em nome de empresas estrangeiras e só são usadas em viagens fora do país.

PALAVRA FINAL

A polêmica sobre jatos particulares, que quando são registrados fora do país não pagam imposto no Brasil, é antiga. Desta vez, foi parar na Justiça e será analisada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

DIETA ELEITORAL

Obrigados a dividir espaço com PSD, DEM e PR, tucanos devem lançar cerca de 40 candidatos a vereador em SP -antes do "chapão", eram quase 80. Não pesa tanto, para a cúpula do partido, quem ficou de fora da lista. "Água de salsicha", resumiu um dirigente sobre o cacife eleitoral do grupo. O problema, aí sim, está no cálculo de que a bancada perderá ao menos três vereadores. Em 2008, o partido elegeu 13.

NO RITMO DO SOUL

O cantor francês Ben L'Oncle Soul será a atração principal do festival Popload Gig, em São Paulo.

O evento está marcado para acontecer no dia 5 de setembro, no Cine Joia.

CLAQUETE

Caio Blat, finalista do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro por sua atuação em "Broder", dirigirá seu primeiro longa. Será uma adaptação do romance "Juliano Pavollini", de Cristovão Tezza. Cássia Kiss Magro (nova assinatura da atriz global) será a protagonista.

PENÉLOPE CHARMOSA
A americana Charlotte Free, 19, esteve em São Paulo para fotografar uma campanha da Santa Lolla. A americana disse ter ficado impressionada com o trânsito da cidade. Ela mesma é quem tinge os fios de cabelo cor de rosa. Fã de rock, avisa que planeja montar uma banda. E que quer voltar ao Brasil para conhecer a Amazônia.

MELHORES DO ANO

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, apostou em melhora na produção industrial brasileira ao discursar na cerimônia de premiação do especial "Melhores e Maiores", da revista "Exame", anteontem, no clube Atlético Monte Líbano. O presidente da Totvs (software), Laércio Consentino, recebeu o prêmio de empresa do ano. Também estiveram no evento os presidentes da Vale, Murilo Ferreira, da Telefônica, Antônio Carlos Valente, e do Banco Fibra, Ricardo Steinbruch.

LOUCOS POR TI, CORINTHIANS

O ex-jogador Gamarra era um dos mais assediados no espaço da Federação Paulista de Futebol, anteontem, no Pacaembu, durante a partida do Corinthians pela final da Libertadores. O cantor Luan Santana e o vice-presidente do Timão, Luis Paulo Rosenberg, também estavam na torcida.

SOCO NO AR

Um convidado da Federação Paulista de Futebol impressionou até os mais fanáticos corintianos que estavam nas cadeiras cativas reservadas pela entidade -como os deputados Edinho Silva (PT-SP) e Baleia Rossi (PMDB-SP). Ele chutou bancos, tirou e rasgou a camiseta do Timão e se arranhou no rosto e nas costas. A mãe tentava acalmá-lo. Em vão.

SÓ POR HOJE

E na área VIP do Timão as estrelas eram os cantores sertanejos Luan Santana e Gusttavo Lima -que torce para o Flamengo. "Mas hoje tô Corinthians", dizia ele.

SOU RICO

O republicano Mitt Romney é o candidato mais rico que já disputou o comando da Casa Branca: seu patrimônio chega a US$ 230 milhões. É quase 40 vezes maior do que os US$ 6 milhões de seu rival na eleição americana, o democrata Barack Obama. O levantamento será publicado pela revista "Forbes Brasil" no fim do mês.

CURTO-CIRCUITO

Marcio Aquiles lança amanhã o livro "Delírios Metapoéticos Neodadaístas" na Livraria da Vila da alameda Lorena, nos Jardins, das 16h às 19h.

O cantor Guilherme Arantes se apresenta hoje, amanhã e domingo no Tom Jazz, às 22h. Classificação etária: 14 anos.

Roberta Campos lança o disco "Diário de um Dia" com show, hoje, às 21h, no teatro do Sesc Vila Mariana. Classificação: 12 anos.

A festa Arola Sound Sessions com o DJ Roque Castro acontece hoje no restaurante Arola 23 do hotel Tivoli Mofarrej, às 22h. Classificação: 18 anos.

A Unibes (União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social) promove no domingo bazar beneficente.

com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA