sexta-feira, maio 04, 2012

A parte do Leão - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 04/05/12



As novas regras mantêm a caderneta de poupança isenta do IR. O Leão deixa de arrecadar por ano uns R$ 2,3 bi. Há quem ache que a colher de chá só teria de beneficiar o pequeno poupador, até, digamos, R$ 100 mil ou R$ 1 milhão.

Luma e o bombeiro

A 5+ Câmara Cível do Rio negou pedido de indenização feito pelo fotógrafo Márcio Affonso Gomes em ação contra Luma de Oliveira e José Albucacys. Segundo Gomes, Luma e o bombeiro o acusavam de ser o autor de mensagens publicadas sobre suposto romance deles.

Cultura brasileira

O Conar decidiu ontem tirar do ar o comercial da Sky contra a Ancine, por causa da lei que a obriga a exibir meia hora por dia de conteúdo brasileiro. Manteve só na mídia impressa.

Diário de Justiça

Segue a disputa milionária numa tradicional família carioca. Joanita Geyer, de posse de um laudo do Instituto Del Pichia, diz que falsificaram a assinatura de sua mãe numa transferência de R$ 1 milhão para uma irmã.

Meu, seu, nosso

Charles Möeller e Cláudio Botelho, os diretores, avisam que saíram da Aventura, produtora autorizada a captar para o musical “Rock in Rio” R$ 10.608.186. Tocam a empresa hoje os empresários Luiz Calainho e Aniela Jordan.

Choro feliz
Eduardo Paes publica hoje no Diário Oficial um decreto que declara o choro — gênero musical carioquíssimo, surgido no Rio nos saraus do fim do século XIX — patrimônio imaterial da cidade. Eu apoio.

ESTA PROFUSÃO
de seios, fotografados separadamente, seráa imagem oficial da nova campanha de prevenção ao câncer de mama da Sociedade Brasileira de Mastologia. Este ano, a entidade decidiu não ter uma madrinha famosa. A ideia é fazer com que todas as brasileiras
participem. Basta tirar uma foto dos próprios seios e postá-la em sbm.org.br. Por ano, mostram pesquisas, 11 mil brasileiras morrem por causa da doença, e surgem 50 mil novos casos. O combate é simples: o autoexame — e, principalmente, a mamografia a partir dos 40 anos.

Dor da perda
Bruno Gouveia, do Biquíni Cavadão, representado pela advogada Vera Assad, entrou ontem com ação de bloqueio dos bens do empresário Marcelo Mattoso de Almeida, piloto do helicóptero que caiu na Bahia, ano passado, matando sete passageiros. Entre eles, Gabriel, de 2 anos, filho de Bruno, e Fernanda Kfuri, sua ex-mulher.

Aliás...

Bruno luta pela conclusão da ação criminal, aberta na Bahia. Desde agosto de 2011, os controladores de voo que autorizaram a decolagem do helicóptero sumiram e não responderam nem à carta precatória do delegado do caso, Ricardo Feitosa.

Em tempo...

Foi neste acidente que também morreram a irmã de Fernanda, Jordana Kfuri, mulher do empreiteiro Fernando Cavendish, e Mariana Noleto, namorada de um filho de Cabral.

Domingo no Maraca
Na final do campeonato carioca, domingo agora, o Fluminense vai entrar com uma faixa do tema social da Copa de 14: “Por um mundo sem armas, drogas, violência e racismo.” A ideia é que o Rio saia na frente e festeje um ano da Campanha Nacional de Desarmamento Voluntário.

Sem palco

O grupo teatral Os Arteiros terá de sair do imóvel que ocupa na Cidade de Deus, no Rio, onde há cinco meses faz um trabalho social e cultural. É que a Fundação Leão XIII, dona do espaço, pediu o imóvel de volta.

Xuxa é vip

Ontem, às 11h30m, a apresentadora Xuxa entrou na fila do Consulado Americano, no Rio. Mas logo recebeu tratamento vip e foi levada para uma sala.

Bem na foto

Ontem, tocou o telefone da Federação de Futebol do Rio. Do outro lado da linha, uma pessoa disse ser emissária da “Playboy” e pediu o telefone da gandula Fernanda Maia, aquela que bateu um bolão na final da Taça Rio deste ano.

Retratos da vida

São tantos os atrasos e paradaspor causa de sinalização precária no ramal de Saracuruna, no Rio, que os passageiros, para passar o tempo, decidiram organizar o... 1, Campeonato de Baralho no Trem.

O MAIOR CORRUPTO DO BRAZIU! NUNCA ANTES...


Suicídio, modo de usar - BARBARA GANCIA


FOLHA DE SP - 04/05/12


A humilhação constante, do tipo praticado pela internet, tende a transformar o jovem em um indivíduo deprimido


NOSSA MOLECADA está doente. Sabemos que o drama maior é o homicídio, que extermi­na os jovens da periferia em pro­porções epidêmicas, mas agora de­mos também para ver aumentar nossos índices de suicídio.

Nos últimos tempos, até as escolas particulares, que educam nossas crianças mais bem amparadas, fo­ram castigadas pelo drama. Con­tam-se um, dois, três suicídios se­guidos -ou mortes que aparenta­ram ser propositais- nas escolas mais tradicionais da cidade.

De 1980 a 2000, no grupo dos 15 aos 24 anos, o suicídio cresceu im­pressionantes 1900%. E os índices continuam subindo. Por quê?

Bulimia, anorexia, automutila­ção, dependência, violência do­méstica, abuso físico e sexual, have­ria uma série de argumentos para explicar o fenômeno. O dr. Jair Ma­ri, professor titular da Escola Pau­lista de Medicina e pesquisador da Unifesp é especialista em doenças mentais e está preparando um es­tudo a respeito. Diz ele que o país só dedica 2% do orçamento da Saúde às doenças mentais (como depressão, dependência química, alcoolismo, esquizofrenia e bipola­ridade), enquanto outros países, como Inglaterra e Canadá, reservam 11% de seu budget para tratar e estudar esses males. "Cerca de 75% dos problemas mentais começam a se desenvolver entre os 12 e os 24 anos", diz. "E nós não estamos prestando atenção".

Em Campinas, SP, um estudo constatou que 17% da população ad­mitiu em algum momento ter tido uma ideação suicida. Dos pesquisa­dos, 5% chegaram a elaborar um plano e 2% tentaram chegar às vias de fato. O dr. Jair não concorda com a assertiva de que o bullying deve ser tratado como fato da vida, algo que sempre existiu e que certo ní­vel de agressividade faz bem ao de­senvolvimento. "A humilhação constante, especialmente agora com as redes sociais, tende a trans­formar o jovem vulnerável em um deprimido", diz.

Um estudo epigenético observou dois grupos de ratos. Uma mãe com filhotes que cuidava deles e outra que não olhava para os seus. Cons­tatou-se que o sistema neuroendócrino dos ratinhos que foram pro­tegidos desenvolveu-se melhor, prova de que o ambiente é um fator determinante no desenvolvimento mental.

Isso vem diretamente de encon­tro com o grave problema da gravi­dez na adolescência e das políticas que adotamos para enfrentar a gra­videz indesejada. Ainda assim, isso não bastaria para explicar o au­mento do suicídio entre as camadas mais amparados da sociedade.

Pois recentemente o FDA (Food and Drug Administration, órgão que regula a venda de medicamen­tos nos Estados Unidos) começou a questionar a efetividade de se mi­nistrar antidepressivos a pacientes jovens. O assunto é polêmico e está gerando rebuliço.

O que se discute é que em uma po­pulação mais propensa a compor­tamentos de risco, a retirada do medicamento depois de um perío­do de uso prolongado pode ter con­sequências. De uma hora para a ou­tra, aquele jovem vulnerável que estava amparado da dor pelo medi­camento ficará muito mais exposto à falta de estrutura para lidar com a frustração.

Teria sido melhor não dar a ele ne­nhum antidepressivo em primeiro lugar? A discussão lá nos EUA está aberta. Conversa que deveria estar mais do que encerrada por aqui é aquela sobre a de gravidez indese­jada. A corajosa ministra Eleonora Menicucci bem que poderia voltar a tocar no assunto. Caminhada ini­ciada, que se dê o segundo passo.

BANDIDOS NO STF...


Pânico de vazamento - TUTTY VASQUES


O ESTADÃO - 04/05/12

O psicanalista de Fernando Collor anda tentando discretamente, sem que ele perceba, mandar recados aos demais membros da CPI do Cachoeira. Pede que não contrariem o senador alagoano quando que ele entrar em pânico com supostos "vazamentos" de qualquer natureza. O sintoma tem se manifestado a cada sessão deliberativa da Comissão.
Parlamentares governistas e de oposição reunidos para a abertura do inquérito logo perceberam algo de estranho na obsessão do ex-presidente pelo sigilo nos trabalhos. Collor ameaça cotidianamente seus pares e a imprensa: se pegar uma mísera informaçãozinha escorrendo pelos cantos da CPI para os jornais, o "responsável terá punição pelo rigor da lei".
Vamos combinar que uma sala cheia de gente empenhada em quebrar sigilos uns dos outros é o pior dos mundos para um homem atormentado com a possibilidade de toda espécie de vazamento. 
É bem provável, inclusive, que essa angústia o acompanhe desde a mais tenra infância, coisa que o terapeuta do senador não comenta por questão de ética profissional.
Seja como for, não custa nada todo mundo dar um desconto às coisas que o Collor diz na CPI.

Entrada francaCaetano Veloso não devia ter deixado divulgar a reuniãozinha que vai promover em sua casa no próximo sábado com o pré-candidato do PSOL a prefeito do Rio, Marcelo Freixo. O que tem de artista no calçadão dizendo "pinta lá" pros amigos, capaz de rolar até confusão na porta!

Cabral+20A Polícia Federal decidiu fazer no Rio uma reconstituição da célebre festinha protagonizada pelo governador Sérgio Cabral e pelo empreiteiro Fernando Cavendish em Paris. Será no Copacabana Palace assim que chegarem da França os guardanapos de linho branco improvisados pela comitiva como lenços de cabeça na dancinha após o jantar. 

Ter mãe é...O novo iPad chegará ao Brasil na sexta-feira da semana que vem! A tempo, portanto, de você passar a noite na fila para fazer bonito no almoço do Dia das Mães. Que Deus me perdoe, mas eis aí um bom motivo para quem não tem mãe não ficar se lamentando na data!

A regra é claraZagueiro do Guarani já sabe como marcar Neymar: "Vou entregar a Deus!" - confessa Domingos. Não há nada, salvo engano, sobre carrinho por trás nos 10 Mandamentos.

Queda festejadaEnfim uma boa notícia para quem sofre com engarrafamentos: a indústria automobilística brasileira botou nas ruas em março menos 28.072 carros em comparação com o total de veículos comercializados no País no mesmo período de 2011.

Levado da brecaO ministro Guido Mantega está naqueles dias! Propôs à presidente Dilma unir o útil ao agradável: "Eu seguro o câmbio e você mexe com a poupança!" Danadinho!

Imposto a restituir - RUY CASTRO


FOLHA DE SP - 04/05/12



RIO DE JANEIRO - Diante do suplício por que passamos há dias para preencher o Imposto de Renda -uma ciência que o Ministério da Fazenda elevou à categoria de arte-, fico imaginando as piruetas do contador de Carlinhos Cachoeira para fazer a declaração do empresário. Pessoa física ou jurídica, não importa, deve ser a declaração mais complicada do Brasil.

É só ver com quantas pessoas e instituições Cachoeira fez negócios no ano fiscal de 2011. Em sua lista de beneficiários constam ministros de Estado (e seus assessores e chefes de gabinete), juízes, governadores, prefeitos, partidos políticos, deputados, senadores, funcionários da Receita Federal, policiais, advogados, empreiteiros, apontadores de jogo do bicho, cantadores de bingo e até um ex-jogador de futebol em atividade. Todos foram mimoseados com simpáticas doações, diretas ou por intermediários, que Cachoeira, por mais generoso, precisará declarar se quiser fazer jus a um abatimento em seu imposto.

O contador do empresário preferirá a declaração completa, em que são relacionadas todas as doações legais, desde que comprovadas? Sim, mas, e se o grosso das doações for exatamente o das não tão legais, constrangedoras se comprovadas? Uma saída seria jogar o dinheiro nos itens ajuste anual, dívidas e ônus reais, contribuições de campanha, impostos de ganho do capital e participação de Cachoeira como titular, sócio ou acionista no quadro societário de empresas, mesmo que inativas -alguém confere essa patafísica fiscal?

Quanto aos gigantescos rendimentos tributáveis, vindos de obras federais e estaduais contratadas pelos mesmos e gentis ministros e governadores que receberam os mimos, um contador que seja digno de seu sal os converterá milagrosamente em isentos.

De repente, Cachoeira terá até imposto a restituir.

May Day, 'mayday' - MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE


O ESTADÃO - 04/05/12


May Day é o Primeiro de Maio, em inglês. O Dia Internacional do Trabalho. Sem o espaço entre may e day, a palavra designa a chamada de emergência, o grito de socorro quando um navio está prestes a afundar. O May Day na Europa foi marcado por protestos contra as medidas de austeridade. Clamores de 'mayday, mayday' foram ouvidos nas principais capitais. Socorro, diz a população. Nossos países estão afundando, nossas economias serão afogadas no mar de austeridade.

Doze países da União Europeia (UE) estão em recessão. Isto é, ao longo de ao menos dois trimestres consecutivos a atividade econômica encolheu. Entre eles, há nove da zona do euro: Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Chipre, Holanda, Bélgica, Eslovênia e Irlanda. Em nenhum prevalece a perspectiva de melhora. Ao contrário, diante do novo Compacto Fiscal, o acordo firmado entre os diversos países que prevê um forte ajuste das contas públicas ao longo dos próximos dois anos, o mais provável é que a recessão que os assola esteja apenas em seus estágios iniciais. Um 'estágio inicial' que, em alguns casos, mais parece o fim do mundo. A Grécia é o símbolo mundial da desolação e da devastação econômica. Mesmo tendo executado a maior reestruturação de dívidas soberanas da história, a economia continua em frangalhos, os bancos estão quebrados, o Estado não tem como auxiliar a população. A situação do país é resultado, sim, de sucessivos governos perdulários. Mas é também a consequência mais visível do perigoso vórtice do ajuste-recessão-ajuste-recessão imposto pelos líderes da eurozona e pelo FMI.

A Espanha, uma das maiores economias da união monetária, aproxima-se perigosamente do vórtice grego. A taxa de desemprego de quase 25%, os bancos encalacrados com dívidas imobiliárias contraídas nos anos de bonança e, agora, depois das duas rodadas de LTRO do Banco Central Europeu - os empréstimos de três anos para as instituições financeiras -, estão também abarrotados de títulos públicos do país. Títulos cujos rendimentos não param de subir, já que a confiança dos investidores na solidez do país não para de cair. A classificação de risco da Espanha foi há pouco rebaixada pela agência S&P. A dos bancos também, afinal a simbiose entre bancos e país soberano é quase plena. Por essas razões, cogita-se, publicamente, um plano de resgate aos bancos espanhóis, possivelmente financiado pela UE. Apesar disso, não se pensa em abandonar a austeridade tempestiva. O governo insiste em que cumprirá a meta fiscal programada para 2012, um déficit de 5,3% do PIB. O esforço equivale a um ajuste de mais de três pontos porcentuais do PIB, já que o rombo de 2011 foi de 8,5%, o que é um esforço significativo. Ajustes fiscais rápidos e intensos demais quebram países, como mostrou a Grécia. Mas parece que ninguém aprendeu essa lição.

Recentemente, os alemães suavizaram um pouco o discurso da austeridade. Angela Merkel mencionou a possibilidade de usar certos fundos da Comissão Europeia e recursos do European Bank for Reconstruction and Development (EBRD) e do European Investment Bank (EIB) para impulsionar o investimento nos países mais afetados pela crise. Afirmou ainda que, na reunião de cúpula de junho, quando deverão ser definidos os próximos passos na implantação do Compacto Fiscal, serão discutidas medidas para motivar a expansão da atividade. Será mesmo que a Alemanha está ouvindo os gritos de socorro de seus vizinhos?

Uma propaganda do curso de idiomas Berlitz (http://www.youtube.com/watch?v=rD4roXEY8h) ilustra as dificuldades de comunicação que ainda assombram a Europa: é madrugada na costa da Alemanha. Um novato está sentado em frente ao painel de monitoramento marítimo, enquanto seu chefe sai para tomar um café. Chega uma chamada por rádio: Mayday, mayday, we are sinking, we are sinking! ('Socorro, estamos afundando!') O novato não sabe o que fazer. Fica nervoso, até que responde: What are you sinking (sic) about? ('No que vocês estão pensando?') May Day, mayday. Será que a Alemanha está escutando corretamente?

O controverso - SONIA RACY

O ESTADÃO - 04/05/12



Batido o martelo. Nova biografia de Carlos Marighella, mais importante guerrilheiro brasileiro, sai em agosto, pela Cia das Letras. Escrita por Mário Magalhães, após nove anos de preparação.
Título? Marighella – O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo.

O controverso 2O autor revela, por exemplo, que Joan Miró, pintor catalão, deu alguns de seus esboços para a Aliança Libertadora Nacional leiloar na Europa. Luchino Visconti, cineasta italiano, doou dinheiro para a organização armada, durante a ditadura militar.
E em sua Casa de Vidro, em SP, Lina Bo Bardi abrigou reuniões ultrassecretas entre Marighella e Carlos Lamarca – antes de o capitão abandonar o Exército, em janeiro de 1969, e se incorporar à Vanguarda Popular Revolucionária.

O controverso 3O livro é resultado de entrevistas com 247 pessoas e consulta a 50 mil páginas de documentos – a maioria secreta – no Brasil, EUA, Rússia e República Tcheca, entre outros países.
Vai dar o que falar.

Your highnessAo manifestar que queria abrir uma conta fora do País, Demóstenes Torres recebeu conselho de Cachoeira.
Procurar pela filial do banco da Rainha da Inglaterra em Genebra, o Coutts&Co. Onde trabalha uma goiana amiga.

Sol quadradoPergunta no ar entre os que auxiliam na defesa de Cachoeira. Preso, como ele atenderá à convocação para depor no Congresso, dia 15 de maio?
Novo pedido de habeas corpus deve ser julgado pelo STJ na terça-feira.

Treino profissaKaká é titular… do miCoach, jogo cuja missão é acabar com o sedentarismo.
No game, coproduzido pela Adidas, o brasileiro ensina diversos exercícios – ao lado de José Mourinho, Ana Ivanovic e muitos outros.

Censura?Post no Twitter de moradora do Centro de SP bateu forte no desabamento, segunda, de escola que está sendo demolida pela Brookfield – parte do projeto do novo hotel Ca’d’Oro.
A incorporadora enviou à internauta ofício exigindo a retirada do post do ar. Procurada, a assessoria da empresa informou que o intuito da ação é “trazer tranquilidade aos vizinhos do empreendimento”.

Bola de cristalAlém do Bintang, há outro fundo de investimento fechado cujo gestor deve ser um homem de grande visão de futuro. Trata-se do Bordeaux FI Multimercado Crédito Privado IE, custodiado pelo Citibank.
Nos últimos 12 meses, registrou alta de 765,2%.

Sonhando de péCorre pelo mercado que um banqueiro, ao dar ordem peso-pesado de compra de opções atreladas ao resultado do Copom, justificou junto a seus subordinados com uma frase: “Tive um sonho”.

Ossos do ofícioQuem foi ao show do Duran Duran – anteontem, no Credicard Hall – viu de tudo. Fila de cambistas “invadindo” carros à procura de clientes em plena Marginal Pinheiros, pessoas barradas na catraca com ingresso falso e Simon Le Bonerrando a letra.
Ponto alto: Le Bon e Fernanda Takai cantando Ordinary World.

Ossos 2Os dois se conheceram, sábado, no show de Brasília, quando Fernanda foi até o camarim presentear o grupo com seu DVD, que tem uma regravação da música. Le Bon gostou tanto que a colocou no palco na mesma hora para cantar a seu lado.
A parceria acabou se repetindo no Rio e em São Paulo.

Na frenteAbatido, de bengala, Lula foi ovacionado, ontem, ao passar pela sala VIP do BNDES, no Rio. Quase todos os presentes deram parabéns por sua ótima aparência. Fonte da coluna afirma que o ex-presidente não gostou nadinha da forçação de barra.

Adriana Chamlian e Mario Pantalena pilotam a Private 2012. Dia 10, no Morumbi.

Fause Haten fechou parceria com a Shoes4you.

A Wilvale De Rigo lança óculos Carolina Herrera. Terça, no Emiliano.

Rita Lobo comanda bate-papo e sessão de autógrafos do livro Panelinha – Receitas que Funcionam. Amanhã, na Saraiva do Shopping Morumbi.

Ana Prata abre mostra no Tomie Ohtake. Terça.

E o cãozinho que emocionou público e crítica em O Artista ganha livro de… memórias. Uggie, a Minha História contará bastidores dos filmes de que o pequeno terrier participou.

Lixos e luxos - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 04/05/12


Por que cargas d'água uma grande empreiteira, com obras milionárias em todo o Brasil, especializada em construção civil e sem nenhum know how ou experiência no ramo, vai se interessar em recolher o lixo de uma cidade? Por que tanta voracidade para abocanhar um trabalho tão sujo? Claro, feito pelos lixeiros e varredores que eles alugam para as prefeituras e limpam a sujeira alheia. Ganhar o contrato é o trabalho deles, sujo também, mas os lixos são diferentes: um é físico, o outro moral.

Nos contratos da Delta para limpar Brasília e Anápolis, nas sujeiras da coleta de lixo em Santo André que podem ter levado ao assassinato do prefeito Celso Daniel, nos rolos da Leão & Leão com a Prefeitura de Ribeirão Preto na administração de Palocci, o metafórico se mistura ao explícito e se espalha, pestilento e insalubre, pelas prefeituras do Brasil. Paradoxal e ironicamente, há cada vez mais sujeira na limpeza pública, com o lixo urbano pagando o luxo mundano de empresários, políticos e funcionários. Mas só Freud pode explicar por que, com tantas formas mais fáceis de roubar dinheiro público, como obras, aditivos e convênios, a opção preferencial deles, a atração fatal, é logo pelo lixo.

Não por acaso, durante décadas, tanto em prefeituras democratas como republicanas, a coleta do lixo de Nova York foi um monopólio da máfia. Em 2011, na Itália, um confronto entre a Camorra napolitana e o Estado deixou montanhas de lixo apodrecendo durante meses nas ruas de Nápoles, em imagens fétidas que correram o mundo.

Falando em lixo, há um bom tempo não se via uma novela tão boa como Avenida Brasil, de João Emanuel Carneiro, que tem um de seus principais núcleos no mundo dos lixões, com os que vivem dos restos e dejetos da sociedade consumista em contraste com uma nova classe popular que começa a consumir.

Entre o lixo material que os catadores vendem para viver e o lixo moral que a sociedade rejeita para conviver, a novela recicla e atualiza ancestrais paixões humanas no dilema da protagonista: viver o luxo do grande amor, ou o lixo da grande vingança.

O poder na mão - LUIZ GARCIA


O GLOBO - 04/05/12


Na Grécia antiga - aquele pedacinho de terra lá nos cafundós do Mediterrâneo - nasceu o sistema político que viria a ser considerado o mais adequado para tomar conta das nações bem- intencionadas que apostarem na tal de democracia. Não é uma aposta impossível; não se pode negar que nas regiões mais prósperas do planeta a democracia é, digamos assim, uma campeã de popularidade. Quem tem, não quer largar, quem não tem, sonha com ela - a não ser nos lamentáveis casos em que a demagogia, a força e a pura malandragem conseguem manter no poder regimes chamados como "de exceção". O que é uma forma delicada de definir a imposição da vontade de poucos sobre os direitos e as necessidades de muitos.
Às vezes, dá certo. Quase sempre - pelo menos em regimes democráticos que se mantêm vigilantes para não deixar de sê-lo - os muito espertos dão com os burros na água, como se dizia antigamente. No momento, foi o que aconteceu com recente projeto político - lá nas vizinhanças de Brasília - de um grupo comandado pelo próspero bicheiro (o adjetivo é quase desnecessário: quem já ouviu falar em bicheiro remediado?) Carlinhos Cachoeira.
Como sabido, a cachoeira secou - pelo menos por algum tempo. Mas é bom não esquecê-la. O projeto de Cachoeira, documentado em gravações de telefonema, era eleger prefeito de Goiânia o senador Demóstenes Torres (que saiu do DEM e ainda não encontrou legenda com cara de pau suficiente para aceitá-lo). Foi uma vitória significativa para os políticos de ficha limpa. O que fica bem claro com uma frase de um vereador aliado dos espertalhões: "Nós temos que ter alguém com o poder na mão." Dizem que em alguns países escandinavos dizer uma coisa dessas já dá cadeia.
Considerando-se, com algum otimismo, que Goiânia ganhou, com estas revelações, pelo menos uma chance razoável de eleger um prefeito razoavelmente honesto, podemos esperar que a turma do "poder na mão" entre em recesso por algum tempo. É uma pequena vitória para os homens honestos do Brasil Central. Quem sabe, temos o direito de sonhar com outras. Razões para isso não faltam.

Dilma, a mãe das mães - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 04/05/12

Se Dilma conseguir fazer com que a população entenda ser necessário mexer na remuneração da poupança para baixar ainda mais os juros, inclusive os do cartão de crédito, não restará aos partidos aliados outra saída senão obedecer à chefe



Parece incrível, mas os políticos ainda conseguem ficar boquiabertos com algumas reações da presidente Dilma Rousseff. Ontem, foi um desses dias. Ao reunir o conselho político, ela colocou os objetivos com os quais pretende marcar seu governo e falou dos nós que pretende desatar no país. Reclamou das “tarifas estarrecedoras dos bancos”, dizendo que “isso é roubo”. Disse ainda que a taxa do cheque especial “é uma vergonha”, bem como as taxas dos cartões de crédito. Falou ainda sobre as mudanças da poupança — a reunião era para isso. O que não estava no script eram as “broncas”.

Para aliviar o olhar meio desconfiado da turma da base aliada com as mudanças na remuneração da caderneta de poupança, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, arriscou falar sobre projetos da presidente: “Mas, para compensar, vem aí o novo combate à miséria e…”. A reação foi imediata: “Para, Arlindo! Não fala! É segredo ainda, não está fechado! Vou lançar no Dia das Mães. Não é para falar agora!”

O líder recolheu os flaps. A partir daí, ninguém mais colocou senões às mudanças na remuneração da poupança, à exceção de Francisco Dornelles, ex-ministro da Fazenda, que disse que era preciso ir com cuidado nessa seara. Renan Calheiros concordou com tudo. Henrique Eduardo Alves não abriu a boca a reunião inteira. E assim, o Conselho, sempre falante no governo Lula, entrou mudo e saiu calado. Mais por medo de levar um passa fora público do que por qualquer outro motivo.

Por falar em medo…A sensação entre os políticos é a de que discordar da presidente da República ou contrariá-la em público soa sempre como o detonador de uma bomba. Como crianças que se intrometem nas conversas dos adultos, os líderes levam logo um passa fora. A impressão que eles têm é a de que se trata daquela mãezona que se impõe mais pelo medo do que pelo diálogo direto com os filhos.

Até aqui, eles não têm sequer argumentos para discordar dela em público. Até porque a popularidade presidencial está lá em cima. A forma como Dilma enquadra e deixa sem ação as experientes raposas da política rende a ela e a seu governo pontos que se superam a cada pesquisa de opinião. E ela está surfando na onda de enquadrar quem lhe passa pela frente. Ontem, por exemplo, saíram os políticos, entraram os banqueiros, prontos para ouvir: “No que se refere às taxas que vocês cobram dos correntistas, está na hora de baixá-las”.

Por falar em sensações…
Os líderes voltaram ao Congresso meio cabisbaixos. Sabem que, se Dilma conseguir fazer com que a população entenda que precisa mexer na remuneração da poupança para baixar os juros, não restará a esses partidos outra saída, senão obedecer. Afinal, com a popularidade que ela tem, Dilma está com a bola toda. E, se ela conseguir somar à queda dos juros uma baixa nas taxas cobradas pelos bancos a seus clientes, certamente, as mudanças na caderneta de poupança não vão afetar a relação dela com o eleitorado.

No momento, ela só está desgostando mesmo a classe política. O PT inclusive. Os petistas ficaram furiosos na semana passada ao saber que o nome escolhido para diretor de Engenharia da Petrobras foi Richard Olms, técnico da preferência da Graça Foster, e que não passou pela aprovação do partido. O PP também não gostou de perder a Diretoria de Abastecimento da estatal. Ontem, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, falou que falta mudar dois diretores, Almir Barbassa, da área financeira, e Jorge Zelada, da área internacional. Zelada ficará mais um mês. Barbassa esteve com um pé fora da diretoria, mas Lula intercedeu em seu favor.

Até o ex-presidente acha que Dilma está criando frentes demais. O problema é que, ao abrir tantas frentes com os políticos, Dilma corre o risco de, se escorregar numa casca de banana qualquer, não ter um líder para lhe estender a mão. Sobrará então o povo. Não por acaso, vem aí mais um novo programa de combate à miséria voltado às mães. É com a ajuda delas e de seus filhos que Dilma tem colocado os “meninos da política” de castigo. Até agora, deu certo. Não por acaso, tem entre eles o apelido de “mãe das mães” ou “dona da pensão”.

Controle disfarçado - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 04/05/12


Se a "Maré Vermelha", lançada pela Receita Federal em março como "a maior operação contra fraudes no comércio exterior da história", fosse o que se anunciou, certamente estariam ganhando os produtores nacionais, que se veriam livres de bens contrabandeados, subfaturados na origem, falsificados ou que entraram no País por outros meios ilegais ou em desacordo com as regras internacionais. Os resultados práticos da operação, porém, têm sido muito diferentes, com prejuízos e transtornos para o setor produtivo e para os consumidores.

A intensificação do controle alfandegário decorrente da "Maré Vermelha", mais do que uma medida de combate a fraudes e ilegalidades, está se transformando numa manobra administrativa de caráter protecionista. Setores da indústria que dependem de componentes e insumos importados e consumidores, sobretudo os que utilizam os meios eletrônicos para comprar no exterior bens de pequeno valor, encontram cada vez mais dificuldades para liberar suas importações. Em alguns casos, a demora para a liberação do produto pode chegar a quatro meses, como mostrou reportagem de Raquel Landim publicada pelo Estado (30/4). A medida poderá ser questionada na Organização Mundial do Comércio (OMC) sob a alegação de que fere as normas do comércio internacional.

"Inconformados com a atual situação injustificada de demora e incerteza na entrega de mercadorias internacionais, ocasionada pela Receita Federal do Brasil e pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT)", usuários dos serviços de comércio eletrônico elaboraram um abaixo-assinado endereçado ao ministro da Fazenda, ao Ministério Público Federal, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, à Corregedoria-Geral da Receita Federal e ao presidente da EBCT, no qual pedem a apuração de irregularidades na operação e a transparência das ações do Fisco.

Além da demora na entrega dos pacotes internacionais, os signatários do abaixo-assinado apontam irregularidades como a taxação indiscriminada de produtos de valor não superior a US$ 50 (incluído o frete), que por lei são isentos de tributação se enviados de pessoa física para pessoa física, e o extravio de mercadorias.

Em 2011, foram 4,78 milhões de operações de importações por via postal, geralmente feitas por pessoas físicas. Essas operações são estimuladas pelo baixo preço do produto no mercado de origem e pela isenção tributária, conforme o valor ou o destino dado ao bem (se for para uso próprio e não para comercialização no mercado interno).

Grandes importadores também se queixam dos prejuízos em que estão incorrendo em razão do atraso na liberação do produto importado. Em alguns casos, o prazo médio, que era de dois dias, agora chega a seis dias, o triplo. Isso implica custos adicionais do contêiner, do transporte (o caminhoneiro recebe pelos dias parados) e, especialmente, financeiros. Afinal, a mercadoria já foi paga ao fornecedor, mas o importador só receberá o valor quando entregar o produto ao comprador.

A demora na liberação das importações provoca o aumento do número de contêineres nos principais portos do País, muitos dos quais, como o de Santos, operam praticamente no limite de sua capacidade, o que afeta ainda mais sua eficiência e encarece todas as operações de comércio exterior.

A operação ganhou o nome porque produtos cuja entrada era liberada quase automaticamente, no "canal verde", estão sendo transferidos para o "canal vermelho", onde estão sujeitos à fiscalização física e documental mais rigorosa.

Ao anunciar o início da "Maré Vermelha", a Receita justificou-a citando entre seus objetivos "o aumento da presença fiscal e da percepção de risco para os fraudadores", o que, em tese, representa uma proteção para os importadores e para os contribuintes em geral que cumprem suas obrigações tributárias, pois afasta parte da concorrência desleal. Mas, ao transformar essa operação numa verdadeira maré, que não tem condições nem estrutura para controlar e fiscalizar, em vez de assegurar a lisura do comércio internacional, prejudica o País.

Hollande, antídoto a Merkel - GILLES LAPOUGE


O Estado de S.Paulo - 04/05/12


A três dias do segundo turno das eleições presidenciais, o socialista François Hollande continua o favorito. No entanto, prudência! Numa eleição tão passional, um imprevisto de último minuto pode sempre ocorrer.

Para vários vizinhos da França a vitória do socialista já está prevista. E é igualmente desejada. Por que? O fato é que o candidato socialista é visto como o antídoto de Angela Merkel. O que se espera é que ele solte a camisa de força com a qual Merkel e Sarkozy prenderam o corpo extenuado da Europa, com o risco de sufocá-la.

A Grécia é a primeira da fila dos partidários de Hollande. Segundo o jornal To Ehtnos, as primeiras fissuras já aparecem no muro da retórica orçamentária alemã. Bastou Hollande apresentar um programa econômico para se tornar o líder da "Europa do Sul".

No jornal El País, de Madri, José Ignacio afirma estar farto de ver a França de Sarkozy se dobrar diante dos diktats alemães. "Chegou a hora de dar um 'basta' a Berlim." Na Grã-Bretanha, Michael White, no Guardian, segue na mesma linha. "A vitória de Hollande não será uma revolução. Se for bem gerida, ela poderá ser um passo na boa direção para nós." Poderíamos nos alongar nessa antologia dos partidários europeus do candidato socialista. Claro que a maior parte inclui jornais ou políticos de esquerda. Mas o interessante não é o fato de a esquerda europeia tomar partido de Hollande. A novidade é que essa esquerda é unânime na crença de que o socialista poderá pôr fim aos programas de austeridade que fazem com que a Europa enfraqueça a passos largos. Sem dúvida é conceder ao candidato um grande poder.

O fato é que o remédio prescrito por Merkel e Sarkozy está em vias de "matar o doente" (segundo os gregos, os espanhóis e outros) e as pessoas se agarram a Hollande para que o Velho Continente mude de partitura. E se ofereçam meios de "crescimento" em vez de orquestrar a "deflação".

Esse desejo de crescimento não é novo. Há vários meses uma pequena música tenta substituir a sinfonia alemã. E o que diz essa música? Em vez de se consagrar exclusivamente à redução do endividamento e dos déficits, a Europa deve buscar o "crescimento" que, sozinho, alimentará as receitas fiscais e eliminará as dívidas.

Os que são contrários a Merkel dispõem de um argumento simples. Apesar dos planos de rigor, aplicados com heroísmo pelos europeus, a situação não melhora, mas piora. Europa, Grécia, Itália e mesmo Irlanda ou Holanda, enfim, por todo o lado, a austeridade tem tido efeitos medonhos.

Há cerca de dois anos, vários prêmios Nobel, dirigentes do FMI, editoriais do Financial Times, especialistas respeitados como Joseph Stiglitz, Paul Krugman e Dominique Strauss-Kahn vêm fazendo prognósticos. No New York Times, Paul Krugman escreve: "Em março, os dirigentes europeus assinaram um pacto orçamentário impondo a austeridade. Qualquer estudante de economia poderia prever o resultado; isso somente agravará a recessão". Hollande anunciou que, se eleito, exigirá uma renegociação desse pacto e quer completá-lo adicionando um componente: crescimento.

Merkel e Sarkozy já rejeitaram a ideia. Se for o caso, Hollande poderá impor mudanças, apesar de tudo? Não devemos ter ilusões: se é verdade que a austeridade insana imposta à Grécia é uma calamidade, nada garante que uma ação em favor do crescimento, que significa criar novos déficits, não produzirá outros danos igualmente perniciosos. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

O pastel para a criança que não nasceu - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO


O Estado de S.Paulo - 04/05/12


Dirce acariciava a barriga e sorria. Morena, quase mulata, de dentes brancos, todo seu rosto brilhava. Sábado de sol, a feira da rua fervia. Ou, como dizem no interior, era um fervo só. Dirce e sua amiga Juliana estavam indecisas diante da barraca de pastel. Carne, queijo, frango com catupiri, pizza, palmito ou o especial, um pastel imenso que vale por um almoço e leva tudo dentro, carne, azeitonas, ovo. Dirce comentou: "Se pudesse, comia todos. Quando passo pela barraca, minha filhinha chuta a barriga, deve sentir o cheiro". Transferia para a filha os desejos dela, grávida.

- É para quando? - perguntou o senhor que tomava caldo de cana, apoiado numa bengala envernizada, antiga.

Nas feiras, os caldos são gelados, muito doces, devem elevar as taxas de glicemia aos céus. Como resistir a um pastel de feira e um copo de garapa, como dizem os caipiras? Garapa com limão ou abacaxi. Irresistível.

- Para daqui a dois meses, respondeu Dirce com um sorriso maior ainda. Estava curtindo, não parava de acariciar a barriga.

Dirce era conhecida minha, tinha estudado na Unesp em Araraquara, aluna de Eleieth Saffioti, socióloga e feminista ferrenha, boa gente. O marido de Dirce era bibliotecário e conhecido por emprestar livros a todo mundo. "Devolvem, Pancho?", indagavam aqueles preocupados com a "posse" de livros que acabam ficando parados nas estantes. "Devolvem, para poder levar outros", explicava Pancho, sem preocupação.

Dirce comeu seu pastel de palmito e olhava ainda com gula para um de carne. Carne com pimenta, delícia. Ah, se te pego, pensava. O senhor da bengala percebeu a intenção.

- Posso te oferecer um pastel?

- Me oferecer?

- Vi que está com vontade. Deve comer. Se não, pense só com que cara a criança vai nascer.

- Não acredito nessas coisas! Acho que não devo comer outro, estou fora do peso.

- Então, leve um para a criança. Ela já ganhou muito presente?

- Bastante.

- Mas ninguém ainda deu um pastel para ela. Deu?

- Não, claro que não.

- Quero ser o primeiro a dar um pastel. Para que ela saiba como é bom.

Dirce riu muito, achou a ideia original. Só que a criança nasceria em dois meses. Como guardar o pastel? No freezer? Não importa, o velho já estava pedindo ao barraqueiro que suava em bicas diante da imensa frigideira de óleo fervente:

- Me dê um de queijo.

- Tudo bem, vou levar para Maristela.

- Vai se chamar Maristela? Pois leve o pastelzinho e diga que foi presente do Floriano, o amolador de facas e tesouras, aposentado.

Mal entregou o pastel a Dirce, seu Floriano caiu. O coração parou de repente, infarto fulminante. "Tinha 97 anos", disse o barraqueiro, "e nunca deixou de vir comer meu pastel. Sempre presenteava uma criança com um, fazia bem a ele. Deve ter morrido feliz, imagine, dar um pastel a uma criança que ainda não nasceu!" Depois que o resgate levou seu Floriano, Dirce e Juliana passaram no vidraceiro, explicaram a situação e pediram:

- Encontre um modo de emoldurar este pastel.

Maristela tem hoje 8 anos e no seu quarto, numa estante, há uma caixinha vedada por um processo a vácuo, de maneira que o pastel parece fresco como naquela manhã de sábado. Dirce redigiu um letreirinho contando a história. É uma sensação. Único detalhe: Maristela detesta pastel. Comeu um, uma vez, e nunca mais.

As chances de ser uma CPI verdadeira - EDITORIAL O GLOBO


O GLOBO - 04/05/12

Consideradas um instrumento da minoria, as comissões parlamentares de inquérito, demonstra a já longa experiência brasileira no ramo, costumam ser instaladas sob controle cerrado da maioria. Se as rédeas palacianas serão
sempre firmes, vai depender das revelações. Munição de alto poder de destruição na luta político-partidária, CPI tanto pode dar contribuições efetivas a aperfeiçoamentos para evitar os problemas que justificaram sua criação, como corre o risco de nada fazer, paralisada pelos interesses do governo.

A CPI do Cachoeira, cujo plano de trabalho para os 180 dias de funcionamento foi apresentadoquarta-feira, precisará esquivar-se de muitos interesses para poder de fato ser uma radiografia fiel, e identificar os respectivos responsáveis, do avanço do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira em delinquências de colarinho branco para muito além das fronteiras do estado de Goiás. O crucial é que a comissão aproveiteo vasto material levantado por operações da PF em torno do grupo do Cachoeira, para mapear a infiltração do crime organizado nos poderes da República. A CPI precisa aproveitar a vantagem de pouco ou nada ter de investigar, pois tudo parece já ter sido levantado.

Ela começa com os interesses de varejo de sempre. Há tentativas de acerto de contas pessoais de políticos com veículos de imprensa, pressões sobre a mídia profissional por motivos ideológicos, brigas políticas regionais, oposição em choque com situação em ano eleitoral etc. O fato de a base parlamentar do governo ser fluída, mudar de consistência em função da agenda do momento, pode ajudar a CPI a ir adiante no levantamento das articulações de Cachoeira, ajudado, entre outros, pelo seu representante VIP em Brasília, o senador Demóstenes Torres, ex-DEM.

O relator da comissão, Odair Cunha (PT-MG), já não conseguiu teleguiar a agenda de trabalho. Se dependesse dele, seria tratada apenas a atuação de Cachoeira no Centro-Oeste. Dessa forma, poderia ficar de fora um tema importante:a forma de a empreiteira Delta, ligada ao bicheiro, agir dentro do PAC, no qual é a maior dona de contratos. Ou era até surgir o escândalo.

A área de atuação do grupo goiano é muito ampla, demonstram os constantes vazamentos de grampos legais feitos pela PF. Tudo gira em torno de negócios de interesse do bicheiro. Há de manobras para a aprovação do jogo à disputa de concorrências públicas, até mesmo com o encaminhamento de demandas junto ao Poder Judiciário e MP. Os subterrâneos financeiros da política parecem estar presentes o tempo todo.

A CPI do Cachoeira reúne ingredientes que a tornam, em potencial, a mais abrangente de todas as já realizadas. A dos Anões jogou luz nos esquemas no Congresso de manipulação do Orçamento; a do PC/Collor serviu para fundamentar o histórico impeachment do atual senador com assento na CPI; e duas outras (Mensalão/ Correios) ajudaram a embasar o encaminhamento do processo do mensalão ao STF pelo MP, o maior esquema de corrupção de compra de apoio parlamentar, efetuado pelo PT, de que se tem notícia. Caso a CPI escape da armadilha de ser apenas instrumento de guerra política, há chance de dar grande impulso à faxina na vida pública. A Lei da Ficha Limpa terá sido apenas o início.

Risco de fratura no Estado de Direito - NELSON CALANDRA


FOLHA DE SP - 04/05/12


Tornar enriquecimento ilícito crime nada resolve. Pune-se juiz, servidor e político, mas não os grupos privados líderes do desvio do dinheiro público
Volta e meia, mandamos a bola na trave e não gritamos gol, porque ficamos na periferia dos problemas e, por essa razão, não acertamos o chute. Alterações legislativas, como a que pretende criminalizar parcialmente o enriquecimento ilícito em nome do combate à corrupção, nada resolvem.
Nós vivemos em um país democrático. A exigência é que para, punir alguém, haja previsão legal, e o encarregado de provar a culpa deve ser o Estado e não o réu.
Na medida em que se cria uma ferramenta de exceção, com o mote de punir pessoas, em uma situação em que elas tenham que demonstrar que são inocentes, abre-se uma brecha no sistema processual penal e no sistema de garantia constitucional que pode gerar uma fratura no Estado de Direito.
Não é possível criar uma lei dizendo que "nós não temos a menor competência para combater a corrupção; é permitido roubar o Estado, só que, dez ou 15 anos depois, aquele que acumulou fortuna a custa do erário, se ainda estiver vivo, tem de mostrar que não é culpado".
Assim, se ele não provar que é inocente, depois de décadas, será punido como culpado. Isso é uma declaração de falência do próprio sistema processual e penal brasileiro.
A proposta inverte, na verdade, o ônus da prova. Se a mudança for feita sem alterar a Constituição e o elenco de garantias fundamentais, será inconstitucional. Se for alterada por meio de emenda constitucional, também será inconstitucional, porque se trata de uma cláusula que não pode derrogar as garantias do sistema.
Em vez de seguir tendência mundial, a proposta nos põe na contramão da história ao punir apenas o servidor, o político e o juiz, ao contrário do que assistimos hoje, quando grupos privados comandam rede criminosa de desvio do dinheiro público.
Talvez a grande modificação necessária não esteja dentro da legislação penal, mas na órbita do Poder Legislativo.
Por exemplo, é necessário repensar algumas regras ligadas às CPIs. Uma vez instaladas, elas são conduzidas por pessoas que, embora ilustres, não têm vivência no campo das ações penais ou da investigação processual.
O risco que se corre é produzir uma densa documentação que, muitas vezes, não vem calcada nas boas técnicas processuais penais, que nós, juízes e promotores, somos obrigados a observar no dia a dia.
O que reduz a corrupção é um sistema legal que funcione, penas cumpridas efetivamente e um Ministério Público e uma Polícia Federal equipados para combater delitos financeiros. Sem isso, não há a menor condição.
Fazer o quê? Primeiro, é preciso se preocupar em evitar esse tipo de dano. Depois, tem que haver um debate com toda a sociedade.
Frequentemente, todos se perguntam por que ainda não foi feita a reforma política, a chamada mãe de todas as reformas, para conter o descrédito e a desmoralização constante e crescente.
Enquanto ela não vem, o financiamento de campanhas eleitorais, por exemplo, chega a ser público e também privado, mas nunca aberto. Permanece encoberto sob o manto da vergonha. Aí, o mal ganha o nome de corrupção, caixa dois, e contamina ora o setor público, outra vez, o privado, muitas vezes os dois simultaneamente.
Há uma relação perversa e sadomasoquista que, vez ou outra, adoece o país. Conhecemos de sobra nossos problemas, desde os primeiros sintomas até os casos mais agudos, bem como o remédio para esses males. Para minimizar a necessidade de cura, banalizamos a moléstia, sem perceber que ela chegou a um estado de epidemia antiética e que não temos à mão as vacinas necessárias para evitar o mal que nos assola nem sua reincidência.
NELSON CALANDRA, 66, é presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB)

Festa no interior - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 04/05/12


A estratégia de defesa da Delta na CPI será jogar toda a responsabilidade pela relação com o grupo de Carlinhos Cachoeira nas costas do ex-diretor preso Cláudio Abreu e isentar o dono, Fernando Cavendish.

A empreiteira vai usar a conclusão da própria Polícia Federal -de que Abreu era "sócio oculto" de Cachoeira- para sustentar que o ex-diretor no Centro-Oeste estava lesando a Delta em benefício próprio. A triangulação com empresas do grupo do acusado de contravenção será usada como prova de que Abreu praticava sonegação fiscal. Depois de uma auditoria em curso na empresa, a Delta pode até processar seu ex-diretor.

Seletivo A Procuradoria-Geral da República afirma que Roberto Gurgel só recebeu o material referente a pessoas com foro privilegiado e que a íntegra da Operação Monte Carlo permanece na 11ª Vara Federal de Goiânia. Ali estariam as conexões entre a Delta e Cachoeira.

Devassa A Delta, no entanto, sabe que enfrentará uma operação específica da PF sobre a empresa, com investigações já em curso em Goiânia e no Distrito Federal.

Bonde Mais um empresário com contratos com o governo e a Prefeitura do Rio aparece nas fotos da festa de Sérgio Cabral em Paris. Trata-se de Marco Antonio de Luca, filho de um dos sócios da Milano, fornecedora de refeições para escolas e hospitais.

Pendura Em diálogo do inquérito, Cachoeira reclama com um aliado do corte de água na casa em que a mulher, Andressa, morava e que a PF suspeita ser de Marconi Perillo (PSDB-GO). "R$ 40, rapaz, casa do governador, e emite-se um papel de corte? Demite todo mundo lá", diz.

Álibi A defesa questiona ponto do relatório de Humberto Costa (PT-PE) que pede a cassação de Demóstenes Torres. Diz que ele faltou a uma sessão da CCJ que discutiu sobre bingos pois estava em missão oficial na ONU.

Consulta O novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, reuniu-se na véspera da posse com o ex-ministro José Dirceu para tratar de alianças municipais. Dirceu quer apoio do PDT a Marcio Pochmann (PT) em Campinas.

Freio Parte do governo e do Congresso ficaram alarmados com as críticas de Dilma Rousseff ao setor financeiro. Argumentam que, com popularidade alta, a presidente não precisa comprar briga com bancos em ano eleitoral, e atribuem ao marqueteiro João Santana a decisão de elevar o tom no pronunciamento do 1º de Maio.

Tour Fernando Haddad faz uma pausa na pré-campanha para se encontrar com Lula e Dilma no Rio de Janeiro. Se terá a vantagem de uma foto com os padrinhos, terá de se esquivar de posar ao lado de Sérgio Cabral, chamuscado no Cachoeiragate.

Martelo O novo secretário de Regulação do Ensino Superior do Ministério da Educação será o advogado pernambucano Jorge Messias. O antecessor, Luiz Massonetto, irá integrar a campanha de Haddad à prefeitura.

Milhas O presidente nacional do PT, Rui Falcão, já foi a todas as capitais do país, com exceção de Florianópolis (SC), negociando alianças. No total, incluindo cidades do interior, o dirigente percorreu 164 mil km articulando as chapas do partido.

De saída Um dos principais nomes do PSOL no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (AP) disse a aliados que está desconfortável no partido e estuda migrar para PDT, PPS ou PCB.

com SILVIO NAVARRO e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"Na minha terra existe o seguinte ditado: sacrifica o boi cansado para a boiada se salvar. É esse o plano de trabalho dessa CPI, pelo que foi feito até aqui."

DO DEPUTADO FEDERAL JULIO DELGADO (PSB-MG), sobre as primeiras impressões da CPI do Cachoeira que, para ele, vai mirar em Demóstenes Torres (sem partido-GO) e livrar demais políticos e empresas envolvidos.

contraponto

No fio do bigode

Após participar da cerimônia de posse do novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, ontem, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) foi cercado por jornalistas.

Um deles quis saber sobre sua recusa à proposta da Gillette, que ofereceu R$ 200 mil para que ele raspasse o bigode, sua marca registrada.

-Eu não raspo!, insistiu o ministro.

Em seguida, ele brincou:

-Mas por esse valor pode ligar para o Romero Jucá que ele aceita! E para o Sarney também!

Primeiros acordes - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 04/05/12


Embora seja impossível ainda dizer com precisão qual o rumo da CPI, nesse começo é possível identificar na atitude da maioria a disposição de firmar compromisso com a seriedade.

Ninguém quer ser responsável pelo enterro das investigações. Ou pelo menos não deseja assim parecer para a opinião pública.

Na reunião que aprovou o roteiro de trabalho prevaleceu o equilíbrio de forças e, noves fora um ou outro caçador de holofotes, o ambiente foi favorável ao exercício civilizado do contraditório.

O bom andamento dos trabalhos deveu-se em parte à condução desapaixonada e partidariamente isonômica do presidente Vital do Rêgo, mas também à atuação firme de parlamentares que conseguiram evitar equívocos que levariam a CPI a causar má impressão logo de início.

Basicamente três: a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a restrição das investigações sobre os negócios da construtora Delta à Região Centro-Oeste e a limitação de depoimentos a servidores de governos estaduais.

Todos atendiam aos interesses explicitados pelo PT.

Quais sejam o de criar constrangimentos ao procurador e de transformar a comissão em uma CPI periférica, sem alcance nacional.

A tentativa de convocação não decorreu da falta de informação sobre o impedimento legal, mas do desejo de fazer uma figuração para não falar na possível má-fé para torná-lo impedido de exercer a titularidade da ação junto ao Supremo Tribunal Federal e enfraquecê-lo na mesma função no processo do mensalão.

No caso da Delta, o plenário da CPI deixou patente a correlação de forças favorável a que a empreiteira seja investigada em todo o País e conseguiu incluir servidores federais e municipais no rol de possíveis convocados. Ficou faltando acertar a convocação de Fernando Cavendish, o mandachuva, e de todos os governadores citados, mas o assunto não ficou fora da pauta como seria o ideal na visão radical do uso da CPI para fins de desforras políticas.

O bom começo garante um bom transcurso? Não necessariamente. Tudo vai depender do resguardo do equilíbrio de forças na CPI, do faro fino dos parlamentares interessados exclusivamente nas investigações e no olho vivo da opinião pública.

O fiscal. Por enquanto, pares de Fernando Collor na CPI veem com condescendência seus ataques de nervos. Acham que está em busca de destaque quando insiste na convocação do procurador-geral da República e investe no papel de bedel do sigilo dos dados em poder da comissão.

Mas, a depender do comportamento do ex-presidente da República, afastado do cargo em decorrência do trabalho de uma CPI que desvendou esquema de corrupção em seu governo, poderá sofrer constrangimentos nos embates entre parlamentares.

Há quem esteja preparado para lembrar-lhe alguns exemplos ilustrativos dos efeitos saneadores da transparência.

Foi mediante os chamados vazamentos que a sociedade ficou sabendo durante os trabalhos da CPI de 1992 que Ana Acioli, secretária particular do então presidente, recebia em sua conta depósitos de Paulo César Farias, o operador do esquema, e de laranjas titulares de contas movimentadas pela organização.

O documento definitivo, um cheque para a compra de um Fiat Elba para Rosane Collor, divulgado pelo repórter Jorge Bastos Moreno de O Globo, chegou ao conhecimento do País pelo mesmo caminho.

Aquele que atende aos preceitos constitucionais da liberdade de imprensa e da aplicação do princípio da publicidade à administração pública.

Nada no front. A nomeação de Brizola Neto para o Ministério do Trabalho não muda nada no PDT. Ele ganha força interna, mas o presidente Carlos Lupi - contrário à indicação - não perde.

Quem dá as cartas no partido chama-se Paulo Pereira da Silva, deputado e presidente da Força Sindical. Ligado a Brizola e a Lupi, já trabalha pela aproximação dos dois.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 04/05/12


Para elevar ocupação, hospital amplia gestão de leitos

Após iniciar a construção de novas unidades para ampliar a quantidade de leitos, os hospitais investem no gerenciamento das vagas já existentes, segundo a Anahp (que reúne hospitais privados).

Medidas como o uso de medicamentos menos agressivos, tecnologias cirúrgicas que reduzem o tempo de internação e agilidade nas altas elevaram a ocupação das instituições.

"Com o aumento da faixa etária dos doentes, espera-se que suba o tempo de internação, mas temos conseguido manter isso em uma média de quatro dias", diz Denise Schout, executiva da Anahp.

No Santa Isabel, o gerenciamento de leitos, que antes era mais focado no departamento de internação passou a agregar o trabalho de profissionais de enfermagem.

"Reduzimos de 41 transferências para apenas uma transferência externa de pacientes por falta de vagas entre janeiro e março. A renda do hospital subiu considerando a mesma quantidade de leitos há um ano", diz Kely Gonçalves, enfermeira.

A taxa de ocupação subiu de 76% em janeiro para 84% em março, segundo ela.

O Hospital São José, após passar por investimentos em oncologia, registrou um aumento da demanda.

"O avanço da saúde suplementar também eleva a demanda. Temos obras, mas levam mais tempo", diz o superintendente Julio Neto.

Medidas como a antecipação do atendimento aos pacientes que receberão alta foram tomadas, o que reduziu o intervalo em que o leito permanece livre.

Com o uso de robótica e convergência tecnológica os procedimentos ficaram mais eficientes, segundo Claudio Lottenberg, do Albert Einstein. "Uma internação que necessitava de dez dias, pode hoje levar apenas dois."

NÚMERO

4 dias é a média de tempo de internação, segundo a Anahp

TUBO PARA O PRÉ-SAL

A empresa alemã Butting, que produz tubos para exploração do pré-sal, vai construir sua primeira fábrica no Brasil.

A planta demandará € 30 milhões (cerca de R$ 75 milhões) em investimentos e será instalada em Barra Velha (SC).

"[A companhia] decidiu fabricar no Brasil por questões logísticas e de conteúdo nacional", afirma o diretor da Butting no país, Rolf Hartmann.

Hoje a empresa tem escritório em Blumenau e importa as mercadorias.

Há planos para exportar os tubos para a África e para a América Latina. A fábrica começa a operar em 2015.

OLHAR DO ORIENTE MÉDIO

A Qatar Mining (de mineração) quer investir no Brasil e já sabe com que parceiro: o grupo EBX, de Eike Batista, segundo informação de um alto executivo da estatal do Oriente Médio que participa das conversas.

O interesse tem precedente no Golfo Pérsico.

No dia 26 de março, o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, dos Emirados Árabes Unidos, país vizinho ao Qatar, fez seu primeiro investimento no Brasil.

O fundo comprou 5,63% de participação na holding de Eike por US$ 2 bilhões.

O empresário brasileiro, por sua vez, esteve no mês passado no Qatar.

No começo de abril, o fundo soberano daquele país registrou participação de 6,5% na mineradora Xstrata, que tem sede na Suíça, tornando-se um dos maiores acionistas da companhia.

A Qatar Holding, que é um braço do fundo soberano do país do Golfo, dono da loja de departamentos londrina Harrods, vem manifestando interesse em investir não apenas em minérios, como também em metais, com destaque para o ouro.

Coração... As vendas do comércio atacadista de tecidos no Estado de São Paulo registraram alta de 2,2% em abril, na comparação com março, segundo o sindicato do setor.

...de mãe O sindicato prevê movimento mais expressivo em maio, em razão da comemoração do Dia das Mães, uma das datas que mais alavancam as vendas do setor.

SAÚDE EM ALTA

A Bradesco Saúde e a Mediservice, sua controlada, atingiram juntas faturamento de R$ 2,2 bilhões no primeiro trimestre de 2012. O aumento foi de 15,7% ante o mesmo período do ano passado.

O segmento SPG (Seguro para Pequenos Grupos) foi destaque, com alta de 33% em relação aos primeiros três meses de 2011.

Na SulAmérica, a carteira de seguro saúde teve prêmios de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre, 20% a mais que no mesmo período de 2011, com destaque para a linha para pequenas e médias empresas.

DINHEIRO ESCONDIDO

Há dois anos no comando da filial brasileira da Porsche Consulting, o executivo alemão Jürgen Lochner acredita que os empresários brasileiros ainda "pensam pequeno" quando se trata de busca por produtividade.

A empresa, braço de consultoria da montadora alemã, presta serviços para 30 companhias de diferentes setores no país.

Segundo Lochner, ao iniciar um projeto, os empresários visam reduzir de 10% a 20% os custos -mas, na maioria dos casos, as chances são de até 50%.

"Em uma indústria de autopeças, conseguimos cortar pela metade o tempo de estoque das peças", diz o diretor. "Isso é dinheiro escondido."

Lochner afirma que problemas como o câmbio valorizado e a alta carga tributária não deveriam ser a primeira preocupação dos empresários.

"É preciso olhar pra dentro antes de esperar que os problemas externos sejam resolvidos."

Internet para os ricos e os demais - MOISÉS NAÍM

FOLHA DE SP - 04/05/12


O jornalismo de qualidade será pago, o que nos dividirá ainda mais. É urgente combater isso


Duas das principais tendências atuais são o acesso cada vez maior da população mundial à internet e o acirramento das desigualdades socioeconômicas. No futuro, essas duas tendências vão convergir.
Existirá uma internet para os que possuem mais e outra para os demais. Isto não significa que haverá duas "redes" diferentes, ou que a internet para os internautas com renda mais baixa deixe de oferecer as possibilidades maravilhosas que a rede abriu a todos nós, sem distinções de idade, nível econômico ou nacionalidade. De fato, a popularização da internet vem servindo para contrabalançar, de alguma maneira, a concentração de riqueza, renda e poder em muitos países.
Mas o problema é que aqueles que possuem menos serão mais vitimados por meio da internet que aqueles que têm meios para proteger-se.
Todos nós já fomos vítimas dessa internet "má": vírus, spams, hacking, cracking e perda de privacidade. As transações fraudulentas e o "roubo de identidade" são delitos em ascensão. Em 2012, os prejuízos sofridos em nível mundial chegarão a US$ 114 bilhões.
Desde esse ponto de vista, não é arriscado prever que a experiência com a internet que terá um usuário de baixa renda no Brasil, na Itália ou no Canadá, por exemplo, será muito diferente daquela de um internauta que possua meios para comprar as maiores proteções que o mercado oferece.
O "desnível digital" entre países pobres e ricos vai se reproduzir no interior de cada país: os usuários pobres viverão num mundo de internet mais perigoso que o dos ricos.
Isso acontece porque será necessário gastar valores altos com proteções e barreiras tão sofisticadas quanto os programas muito avançados que envenenam a rede. Se organismos de inteligência, grandes bancos, empresas e instituições de todo tipo são atacados regularmente por cibercriminosos, é natural que os indivíduos sejamos vulneráveis.
John Brennan, o principal assessor da Casa Branca para o antiterrorismo, afirma que, "num dia útil qualquer, empresas em todos os setores da economia são submetidas a uma enxurrada incessante de ciberataques.
São roubados sua propriedade intelectual, os desenhos de novos produtos ou as informações pessoais de seus clientes. Os dados mais delicados sobre sistemas de defesa e armamentos também estão em risco. No ano passado houve mais de 200 ciberataques, alguns bem-sucedidos e outros fracassados, contra os sistemas de controle de nossas redes elétricas, sistemas de transporte, aquedutos e refinarias -cinco vezes mais que em 2010".
Mas a desigualdade na internet não decorre apenas dos criminosos.
Também haverá desníveis entre quem pode pagar por conteúdos jornalísticos da mais alta qualidade e quem acede apenas à informação gratuita que circula pela rede. Desta última -informação gratuita- continuará a haver cada vez mais.
De conteúdos que ajudam a entender objetivamente o que significa essa informação, haverá muito menos. O jornalismo de qualidade será pago, e isso nos dividirá. É urgente combater essas tendências

Separar o joio - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 04/05/12

A CPI do Caso Cachoeira, a despeito de críticas da oposição, adiou a convocação dos governadores por prudência. Para o comando da CPI, Marconi Perillo (GO), Sérgio Cabral (RJ) e Agnelo Queiroz (DF) não estão no mesmo balaio: uma coisa é fazer acordo com a organização criminosa de Cachoeira, outra é ter contratos com a Delta. Se o tema fosse submetido à votação, no plenário da CPI, o único a ser chamado seria Perillo. Os tucanos protestaram, mas foram os beneficiários.

Dilma: "não aguentava mais..."
Os líderes governistas saíram ontem do Palácio do Planalto impressionados com a determinação e a empolgação da presidente Dilma em sua cruzada para pressionar os bancos a reduzir os juros. Na reunião, Dilma usou repetidas vezes as expressões "não estou aqui para vender facilidades" e "não esperem resultados de curto prazo". A presidente relatou ainda, que decidiu comprar a briga com os bancos privados depois de percorrer o país e se deparar sempre com a mesma cobrança. Dilma disse: "não aguentava mais viajar pelo país afora e ouvir as pessoas reclamando dos juros. Decidi que tinha que acabar com isso."

"Tem Cachoeira, tem Delta do rio... Vai dar uma pororoca danada, porque a cachoeira é das grandes: uma catarata!” — Chico Alencar, líder do PSOL na Câmara (RJ), sobre o trabalho da CPI do Caso Cachoeira

ELE EVOLUIU. Na reunião do Conselho Político, ontem, um dos líderes lembrou que o ex-presidente Lula tentou mudar a remuneração da poupança em 2009 e não teve o apoio da base aliada, como acontece agora. A presidente Dilma então olhou para o ministro Guigo Mantega e brincou: "Tá vendo como você evoluiu de 2009 pra cá?" Aliás, o Planalto recomenda que os líderes não usem a expressão "mexer na poupança", pois poderia sugerir semelhança com o confisco de Collor nos anos 90.

Conselho
A presidente Dilma recomendou ao novo ministro Brizola Neto (Trabalho) que mantenha certa distância do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), da Força Sindical. E que não deixe ele interferir nas suas decisões no ministério.

Feras feridas
O líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), não foi a posse do novo ministro do Trabalho. Ele está incomodado com Brizola Neto desde que este disse, numa reunião da bancada, que votaria a favor do Funpresp. O PDT foi contra.

A presidente encheu a bola do trabalhismo
No discurso na posse de Brizola Neto no Ministério do Trabalho, a presidente Dilma rasgou elogios ao trabalhismo e a seus líderes. Citou os ex-presidentes Getulio Vargas e João Goulart, o ex-governador Brizola e o ex-senador Darcy Ribeiro. Afirmou que "o trabalhismo está na memória dos brasileiros porque está gravado numa longa trajetória de conquistas". E dizer que o PT foi criado para combater o velho trabalhismo.

Despolitizar a água
Para evitar o uso político da distribuição de água para as vítimas da seca em ano eleitoral, o governador Eduardo Campos (PE) pediu ao governo Dilma que o Exército assuma a tarefa de distribuir água com caminhões-tanque.

Nova forma
O ministro Gastão Vieira (Turismo) apresentou ao ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o novo sistema de monitoramento da liberação de recursos para obras. Os usuários podem acompanhar os repasses de R$ 6,3 bilhões.

O SINDICATO da Construção Pesada do Pará tentou impedir a imprensa de cobrir reunião com a Comissão de Trabalho da Câmara sobre Belo Monte.

A PROPÓSITO de diálogo do vereador Santana Gomes (PSDB) com o contraventor Carlinhos Cachoeira, em relatório da Polícia Federal, o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), "reafirma não ter mantido qualquer tipo de contato com Carlinhos Cachoeira".

O DEPUTADO Arnaldo Jordy (PPS-PA) divulgou nota sobre "suposta gravidez" relatando que pediu "exame de DNA para comprovar a paternidade" e que "sendo positivo, assumirá todas as responsabilidades".