segunda-feira, novembro 12, 2012

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 12/11

São Paulo 2020
Para sediar a Expo 2020, a Prefeitura da cidade prevê a construção de um grande centro de convenções. Mas não espera lucro com o evento

Projeto do centro de convenções que receberá a Exposição Universal em oito anos se São Paulo for a cidade escolhida

A Prefeitura de São Paulo estrutura uma PPP (parceria público-privada) para erguer em três fases os 715 mil m² de um novo centro de convenções, em uma área de 5,7 km² (mais de três vezes o tamanho do parque Ibirapuera).

"Na PPP, será criada uma sociedade de propósito específico, na qual participarão o vencedor da licitação para ser sócio da prefeitura e a SPTuris, que terá 49%", afirma o secretário municipal Marcos Cintra (Desenvolvimento Econômico e Trabalho).

Além de R$ 2,2 bilhões em investimentos apenas para a construção da primeira fase do centro, será necessário um aporte público de cerca de R$ 1,5 bilhão para obras de acesso da Rodovia Bandeirantes, saneamento, despoluição, além de desapropriações.

"Não são gastos, mas um legado que fica para SP, e que estariam fora da PPP."

Se São Paulo for eleita, a organização da Exposição Universal 2020 demandará outros recursos, da ordem de R$ 5,9 bilhões, públicos e privados, diz o secretário.

Para obras de infraestrutura, como as do metrô, irão outros R$ 18 bilhões.

"Temos o apoio imprescindível dos governos estadual e federal." Uma outra área será disponibilizada para a construção de pavilhões dos países, restaurantes, parques e uma torre ambiental.

A expectativa é atrair 30 milhões de visitantes, em seis meses. Xangai (China) obteve mais de 70 milhões na feira de 2010.

"Prevemos receitas de cerca de R$ 6,1 bilhões com patrocínios e venda de 21 milhões de ingressos", diz.

"A ideia não é dar lucro. Se sobrarem, serão apenas R$ 200 milhões. E, nesse caso, baratearíamos os ingressos estimados em cerca de R$ 71."

As obras em Milão (Itália), para o evento em 2015, estão em cerca de R$ 10 bilhões.

Para Cintra, a Expo acelerará investimentos na área.

"Além disso, o setor de eventos, uma vocação de São Paulo, é dos que mais crescem. E as instalações para feiras, como o Anhembi, estão obsoletas e insuficientes."

ELEIÇÃO EM PARIS
O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab e o seu sucessor, Fernando Haddad, vão participar de reuniões de apresentação da candidatura da cidade para sede da Exposição Universal 2020, entre os dias 20 e 22, em Paris.

Na comitiva, estarão também representantes da Abdib (associação de infraestrutura) e de empresas interessadas no projeto.

A cidade concorrerá com Dubai (Emirados Árabes Unidos), Esmirna (Turquia), Ayuthaya (Tailândia) e Iekaterinburgo (Rússia).

As duas primeiras são consideradas as candidatas de maior potencial para vencer.

A eleição para sediar o evento, que reúne dezenas de países durante seis meses, está marcada apenas para o ano que vem.

GIGANTES DO ORIENTE
O Brasil pode deixar de exportar apenas commodities para a China e passar a vender produtos industrializados, segundo o sócio-sênior da consultoria BCG (Boston Consulting Group) Michael Silverstein, que esteve no Brasil na última semana.

"Mas o governo tem de ajudar com capital e treinamento, e as empresas devem criar suas oportunidades", diz. "Os negócios da [rede de fast food americana] KFC na China passaram de US$ 500 milhões para US$ 5 bilhões em dez anos. Mas a companhia criou seu espaço, com serviço 24 horas e entrega feita com bicicletas."

A Índia é outro país em que o Brasil precisa prestar atenção, sugere. Com o ritmo de crescimento de sua população, "tem potencial para ser o principal do mundo entre 2020 e 2030."

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