sexta-feira, julho 27, 2012

O Mercedes-Benz - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 27/07

A organização criminosa de Carlos Cachoeira tinha relações especiais com o desembargador Júlio César de Brito (TRT-GO). Num grampo da PF (17/06/2011), Gleyb Ferreira da Cruz, operador do contraventor, empresta um Mercedes-Benz para Júlio. Noutra gravação (29/6/2011), Gleyb diz que está levando para Júlio aquele "negocinho" (dinheiro, segundo o inquérito). O desembargador já se afastou da vice-presidência do Tribunal em junho devido ao escândalo.

Mensalão: defesa bate cabeça
Juristas, com experiência na área criminal, consideram que os advogados dos réus do mensalão cometem "erro primário" ao não adotarem a mesma tese na defesa de seus clientes. Avaliam que a falta de coordenação será "fatal" para todos. Tratam como "burrice" a tentativa de envolver o ex-presidente Lula, pois isso já foi rejeitado pelo STF. Dizem ser "mortais" as divergências entre os clientes e seus advogados. Citam os casos de Delúbio Soares e Arnaldo Malheiros (cumprir ordens da direção do PT) e de Roberto Jefferson e Luiz Francisco Barbosa (Lula ordenou o mensalão).

"A CPI não tem braços nem terá tempo para analisar todos os contratos da Delta. Vamos enviar as informações para o Ministério Público nos estados, para que eles façam a investigação” — Odair Cunha, deputado (PT-MG) e relator da CPI do Caso Cachoeira

LERO. No dia 4, o PSD pediu ao TSE que fosse depositado o fundo partidário de julho, à luz da decisão do Tribunal de 29 de junho que garantiu ao partido receber parcela dos 95% divididos entre as siglas com bancada na Câmara dos Deputados. A presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, indeferiu o pedido alegando: "O pedido não comporta pronto deferimento pela atuação monocrática desta presidência, pois veicula tese de retroatividade que não foi decidida..." Ou seja, rejeitou o pedido usando como argumento o que não foi pedido: "a retroatividade".

"Tô" na boa
O DEM foi quem se deu bem com a postura do TSE de não aplicar, este mês, sua decisão sobre a divisão do fundo partidário. O partido recebeu R$ 1,7 milhão. Um de seus dirigentes disse que o partido vai entrar com outra ação no TSE contra o direito do PSD.

Na contramão
Muita irritação no STF com a decisão do TCU sobre o caso Visanet. Os ministros, que vão julgar o mensalão, dizem que isso não vai livrar o ex-vice-presidente de Marketing do BB Henrique Pizzolato. Ele ainda terá de explicar a comissão de R$ 326 mil.

A fazenda da Andressa
O contraventor Carlos Cachoeira adquiriu este ano uma propriedade rural, no entorno de Brasília, para a mulher, Andressa Mendonça. Trata-se da fazenda Santa Maria, próxima à cidade-satélite do Gama, de 32 hectares. Cachoeira adquiriu metade da área com a promessa de pagamento de R$ 20 milhões. Ele deu como sinal do negócio carros e imóveis. Ele fez o negócio com o proprietário, e a transação ainda não foi efetivada, pois envolve um processo de usucapião. Essa informação foi enviada à CPI do caso Cachoeira pela PF.

Corporativismo
Os integrantes da CPI do Caso Cachoeira estão começando a ficar preocupados com a futura decisão da Câmara no caso do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). Eles têm recebido informes de que há um forte movimento suprapartidário para evitar a cassação de seu mandato.

Para lá e para cá
Num dia, o PSDB entra na Justiça questionando a veiculação de publicidade de bancos públicos em blogs e sites críticos aos tucanos. Noutro, o partido protesta contra a intenção do PT de impedir que seus adversários veiculem na campanha eleitoral cenas do julgamento do mensalão.

INTEGRANTES da CPI vão propor mudanças na legislação da delação premiada. Em debates com integrantes do Ministério Público, eles chegaram à conclusão de que a atual legislação não é tão vantajosa para quem quiser colaborar com a polícia e a Justiça.

OS QUATRO computadores apreendidos na casa do araponga Idalberto de Araújo, o Dadá, que trabalhava para o contraventor Carlos Cachoeira, ainda não foram analisados pela Polícia Federal.

BANCOS que não enviaram informações à CPI argumentam que é praxe não responder aos pedidos de dados feitos pelo Banco Central quando os nomes listados não têm relação com a instituição.

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