sábado, junho 16, 2012

Uma visita imperdível - ZUENIR VENTURA


O GLOBO - 16/06
Nem que eu esgotasse meu arsenal de adjetivos, não conseguiria dar conta do que senti visitando esta semana a exposição montada dentro do espaço Humanidade 2012, no Forte de Copacabana. É de matar de inveja os representantes dos mais de cem países que aqui estarão e que, com certeza, não dispõem de nada igual onde vivem. Atravessando umas 15 salas e ambientes, realiza-se uma deslumbrante viagem ao centro da aventura humana na sua relação com a natureza. Graças à genialidade da cenógrafa Bia Lessa, conceitos abstratos como Biodiversidade e desenvolvimento sustentável são transformados num espetáculo sensorial de formas, cores, imagens e sons, que funcionam ao mesmo tempo como divertimento, prazer estético, advertência e material para reflexão.
O visitante é introduzido na mostra por uma ala cercada de espécies da Mata Atlântica e da floresta amazonica. Em seguida, começa a subir a rampa que o leva à sala "Mundo em que vivemos", que tem como finalidade apresentar a realidade do planeta tal como se encontra nos dias de hoje, através de máquinas, desenhos, luz e som. A próxima parada é "Mundo dividido", onde se revela o processo de acumulação de bens e produtos. Mostradores digitais registram em tempo real, por meio de números que vão rolando, a quantidade do que está sendo consumido naquele momento no mundo, de celulares a drogas.

O centro do projeto é a enorme "Capela, espaço da humanidade", onde está exposta uma biblioteca, disponível para consulta, formada pelos 10 mil livros que foram recomendados por 120 personalidades brasileiras. "O homem e suas conexões" e "Brasil contemporâneo" constituem as salas seguintes. Depois vêm "Biodiversidade brasileira" e "Diversidade humana brasileira", dois dos espaços mais extasiantes do ponto de vista sensorial. No primeiro, com um pé direito de cinco metros, anda-se no meio de uma "floresta". O segundo é inspirado num texto do antropólogo Darcy Ribeiro sobre o Brasil: "No que ele pode ser, vai ser, há de ser e de tudo que ele ainda não é." A viagem termina num imenso terraço que lembra o convés de um transatlântico, tendo de um lado o mar, e do outro a Praia de Copacabana, compondo uma das mais deslumbrantes vistas do mundo. É difícil selecionar preferências e é impossível transmitir a emoção que a viagem provoca. Só vendo. Uma coisa apenas a lamentar. Essa estrutura que usou 500 toneladas de armação numa área de 7000m2, que mobilizou recursos, esforços e criatividade, e que até ontem atraiu 60 mil pessoas por dia, incluindo centenas de alunos das escolas públicas, vai ser desmontada logo depois da Rio+20. É incompreensível. Se a exposição não pode ser permanente, como seria desejável, por que não permanecer aberta por pelo menos alguns meses a mais?

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