quinta-feira, março 08, 2012

Rumores de guerra - KENNETH MAXWELL


FOLHA DE SP - 08/03/12
A revista "Foreign Affairs" está conduzindo um debate sobre se os EUA deveriam ou não realizar um ataque militar preventivo para destruir as instalações nucleares do Irã.

Na edição de janeiro/fevereiro, Michael Kroenig, pesquisador de segurança nuclear do Conselho de Relações Exteriores e ex-assessor especial da Secretaria de Defesa norte-americana sobre estratégia de defesa e relações com o Irã, argumentou a favor de um ataque dos EUA cuidadosamente administrado contra o Irã. Ele afirmou que isso representaria um risco menor do que o de tentar conter a república islâmica caso esta venha a desenvolver armas nucleares.

A edição de março/abril trouxe uma resposta de Colin Kahl, professor da Universidade Georgetown, em Washington, e ex-secretário-assistente de Defesa para assuntos do Oriente Médio. Kahl disse que, dados o alto custo e as incertezas inerentes de um ataque militar, os EUA não deveriam se apressar em usar a força antes que todas as demais opções sejam exauridas: "Até lá, a força é, e deveria continuar sendo, um último recurso, e não a primeira escolha".

Os EUA e Israel não são tão polidos. Em visita à capital americana, o premiê israelense interpretou o que o jornal "Ha"aretz" definiu como "sua imitação de Churchill". Ele declarou, em um evento do Aipac (The American Israel Public Affairs Committee), grupo com enorme influência nos EUA, e diante do Congresso, que "esperávamos que a diplomacia funcionasse; esperávamos que as sanções funcionassem; nenhum de nós tem como esperar por muito mais tempo".

Ele mostrou cópias de uma carta de 1944, do Departamento da Guerra norte-americano, negando o pedido do Congresso Mundial Judaico de que fosse realizado um bombardeio sobre Auschwitz.

Netanyahu disse praticamente a mesma coisa a Obama em suas conversas privadas na Casa Branca. Ele acha que a janela de oportunidade para um ataque militar preventivo contra as instalações nucleares do Irã seja curta.

Os EUA e o Irã não contam com meios confiáveis de comunicação e sentem forte desconfiança mútua. Segundo Kahl, um ataque militar não teria precisão "cirúrgica" e haveria consequências imprevisíveis. O governo Obama acredita que sanções e diplomacia sejam a melhor opção. O presidente criticou a "retórica da guerra". A opinião em Israel também está dividida.

Mas, em um ano de eleição, todos os pré-candidatos republicanos, excetuando o isolacionista Ron Paul, defendem uma opção militar. Os iranianos também estão fazendo ameaças. Os tambores de guerra estão batendo. Os próximos meses serão perigosos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI

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