sexta-feira, dezembro 16, 2011

Classe C no avião - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 16/12/11


Veja como a classe C, cada vez mais, viaja de avião. Tem feito tanto sucesso o quiosque aberto em novembro pela Gol na gare da Central do Brasil, no Rio, que, acredite, já compete em vendas com o balcão da voadora no Aeroporto Santos Dumont.

Respeitável público

O espetáculo circense “Muriqui”, da Unicirco, de Marcos Frota, foi autorizado a captar R$ 4.236.810 pela Lei Rouanet.

Já...

O espetáculo “Macbeth”, com Marcello Antony, José Wilker e outros, foi autorizado a captar R$ 843.496 para uma turnê por oito cidades do país.

Funk do Sílvio

Um duelo entre Sílvio Santos e o funkeiro MC Leozinho movimenta a 15a- Vara Cível do Rio. Leozinho obteve ontem liminar que proíbe o SBT de exibir o programa “Se ela dança, eu danço”, refrão de conhecido funk dele. Segundo o advogado Sydney Sanches, do funkeiro, se a emissora descumprir, pagará multa de R$ 500 mil a cada veiculação do programa.

Tendler no mercado

A distribuidora Caliban, do cineasta Sílvio Tendler, vai ampliar suas operações e passar a lançar filmes de outros diretores. O primeiro será o documentário “Hotxuá”, que marca a estreia na direção da atriz Letícia Sabatella e do artista plástico Gringo Cardia. A Caliban só distribuía filmes de Tendler. “Hotxuá” chega aos cinemas dia 17 de fevereiro.

O pai de Cora

A José Olympio prepara a volta às prateleiras do livro “Pois é”, de Paulo Rónai. A editora vai relançar também “A tradução vivida” e “Escola de tradutores”, ambos do grande escritor brasileiro nascido na Hungria.

ESTE ATOBÁ foi resgatado ainda bebê pela ONG SOS Aves e Cia. e, agora, crescido e forte, será devolvido às Ilhas Cagarras, de onde havia se perdido. Trata-se de ave sociável, que voa em bando, e, ao cair da tarde, sempre ruma em direção às ilhas para pernoitar. Espécie considerada romântica, no período de reprodução, faz saliência de dia e de noite. Que Deus o proteja, e a nós não desampare

Fedorenta é a...
A 7a- Câmara Cível do Rio confirmou a sentença que condena a Sony a indenizar em R$ 1,2 milhão entidades de mulheres negras que se sentiram ofendidas pela música “Essa negra fede”, do hoje deputado Tiririca. A Sony já depositou R$ 600 mil. “É a maior indenização por racismo no Brasil”, diz Humberto Adami, advogado das ONGs.

Aliás...

No início da ação, o advogado das negras era o atual ministro Joaquim Barbosa, do STF.

Lei das biografias

A Comissão de Educação e Cultura da Câmara aprovou projeto que devolve a autores e editores o direito de publicar biografias não autorizadas. A proposta vai agora para a Comissão de Constituição e Justiça. Pode evitar problemas como o de “Roberto Carlos em detalhes”, de Paulo César de Araújo, que o Rei conseguiu censurar.

Ai, que susto
Glória Perez levou um susto ontem ao ser acordada por helicópteros sobre seu prédio, na Praia de Copacabana. Pensou que fosse incêndio, e já ia correr, quando soube que a PF invadia o apartamento do vizinho da cobertura, o... “banqueiro” Anísio Abraão David.

Tintim!...

Aliás, horas antes de serem procurados pela polícia, Anísio, Luisinho Drummond e Helinho de Oliveira brindavam juntos. Foi na confraternização de fim de ano na sede da Liesa, na Av. Rio Branco, quarta à noite.

‘Craconha’ avança

O zirrê, mistura de crack e maconha, chegou à Região Serrana do Rio. Terça, 182 trouxinhas foram apreendidas no Morro da Coreia, em Teresópolis. O Grupo de Combate ao Crime Organizado do MP descobriu que as pedras da droga, também chamada de “craconha”, foram levadas por traficantes da Favela do Mandela, Zona Norte do Rio.

No estaleiro

Mart’nália se prepara para uma cirurgia nas cordas vocais. Se fizer, não vai desfilar na Vila Isabel, como todos os anos.

Cena carioca

Ontem à tarde, um trem da SuperVia teve as portas do vagão das mulheres travadas depois da estação de Madureira. Nem uma passageira apelidada de “Pereirão” conseguiu romper o vidro que protegia o botão do alarme. Um homem invadiu o vagão e levou três estações para conseguir. Ainda bem que não era incêndio a bordo.

PONTO FINAL

No mais
Será que o empresário Robson Andrade pagaria do seu bolso R$ 1 milhão para ouvir Fernando Pimentel? O dinheiro da tal consultoria verbal, como se sabe, saiu da Federação das Indústrias de Minas Gerais, que toca a banda com a minha, a sua, a nossa grana. Com todo o respeito.

A cabeça do militante - HÉLIO SCHWARTSMAN


FOLHA DE SP - 16/12/11

SÃO PAULO - É dura a vida do militante. Frequentemente, ele prega ao vento. Mesmo quando advoga por uma causa universalmente simpática -como evitar a violência contra crianças ou direitos iguais para mulheres, homossexuais, animais etc.-, enfrenta dificuldade para converter a disposição favorável do público em recursos e mobilização.
É natural, portanto, que o ativista tente compensar isso buscando dar a maior materialidade possível a suas ações. Quatro de cada cinco grupos escolhem atuar no front legislativo. Para eles, aprovar uma leizinha é sinônimo concreto de vitória.
Não haveria o que criticar nessa atitude se leis fossem meras declarações de intenção que recebem aval da sociedade ao ser aprovadas pelo Congresso. O problema é que elas também geram consequências sociais que tendem a ser ambíguas.
É o caso da Lei da Palmada. Embora castigos físicos contra crianças sejam desnecessários e até mesmo contraproducentes na esmagadora maioria das situações, torná-los ilegais tem um custo: reduz a autonomia e viola a intimidade das famílias.
Até poderíamos argumentar que esses direitos são menos importantes que a integridade física das crianças. A questão é que tanto o Código Penal como o ECA já oferecem remédios jurídicos para o Estado atuar nos casos mais graves. Invadir a privacidade dos lares para coibir palmadas às vezes tão leves que não se distinguem de linguagem corporal dificilmente é uma boa ideia.
Para progressistas que consideram a autonomia coisa menor, vale lembrar que é o direito à privacidade na relação entre mulher e médico que serviu de argumento jurídico para a legalização do aborto nos EUA.
Maus-tratos contra crianças são um problema. Seria mais eficaz enfrentá-los treinando médicos e professores para identificar situações de risco e denunciá-las do que aprovando novas e mais sufocantes leis, como quer a cabeça do militante.

Investidor toma risco à espera do "Messias" - EDUARDO CAMPOS

Valor Econômico - 16/12/11

As perspectivas são sombrias, os dados econômicos de meio mundo são decepcionantes e governos e órgãos multilaterais fazem comentários cautelosos. Ainda assim, esse cenário não parece estar refletido no preço dos ativos.

O mercado, esse ente que transparece ser frio e 100% técnico em sua tomada de decisões, parece cada dia mais agarrado à esperança.

Em um verdadeiro exercício de fé, espera que o pior cenário não vá acontecer, pois "alguém" não vai deixar. Seja o Federal Reserve (Fed), banco central americano, Banco Central Europeu (BCE), a China, o Brasil ou uma coalisão criada do nada.

"Parece que o mercado está com uma percepção de risco um tanto distorcida em função dessa ideia de que o pior será evitado pela interferência de um ente divino", diz o sócio da Teórica Investimentos, Rogério Freitas.

Ter fé não é o problema no mercado. A questão é que quando se acredita que alguém ou alguma coisa vai evitar o pior cenário possível, não se avalia corretamente os riscos.

"Ao pensar dessa forma o mercado está avaliando o risco de maneira equivocada", diz.

Esse raciocínio é sintoma claro de risco moral ("moral hazard"). "O pior não vai acontecer porque todas as autoridades do mundo não querem repetir 2008", esse é um exemplo de tal raciocínio.

Segundo o especialista, a atuação do Fed durante a crise de 2008, resgatando instituições indiscriminadamente, criou uma cultura de não mais se analisar risco.

Como essa análise de risco não está sendo bem feita, se o pior cenário virar realidade muita gente será pega "de pé trocado".

"Existem enormes riscos no cenário atual. Apesar dos sofisticados modelos de risco utilizados, nenhum deles pode antecipar eventos que nunca ocorreram. Acreditamos que eventos impensáveis anteriormente podem acontecer com maior frequência nos dias de hoje. Temos visão de que a qualquer momento um evento de cauda, acontecimento raro com forte impacto nos preços dos ativos, pode ocorrer", diz Freitas.

Para o especialista, não é necessária uma ruptura do sistema financeiro como a falência do Lehman Brother. O pano de fundo da economia mundial aponta para um aumento significativo da probabilidade desse "pior cenário" se concretizar.

"O mundo está entrando em um período de forte desaceleração com alto risco de recessão e deflação de preços. Nesse sentido, a diferença dos dois cenários seria apenas a velocidade da queda dos mercados", pondera Freitas.

Dentro desse ambiente, a parte saudável da economia global começa a ser contaminada. Uma recessão na zona do euro, invariavelmente pega a China e os Estados Unidos. E a surpresa maior será com o crescimento, ou falta dele, no mundo emergente, em função das expectativas otimistas.

Ainda de acordo com o especialista, a "receita" adotada para salvar a zona do euro gera um ciclo vicioso. A Alemanha quer impor o ajuste via corte de salários e queda de preços dentro de países problemáticos.

Só que a queda nos preços e salários, em meio a uma recessão, cria esse ciclo perverso, de redução na arrecadação pública e piora ainda maior na relação dívida/PIB.

A resposta mais adequada, na visão de Freitas, seria a união fiscal, com capacidade de cobrar a todos os países da união monetária, mas com mecanismos automáticos de transferência de renda entre os estados.

Ou seja, o exato oposto do plano apresentado recentemente, que apresenta estritos limites de déficits e de endividamento, sem medidas de compensação para estimular a demanda em outra parte da zona do euro.

Trazendo a análise para o campo doméstico, Freitas aponta que e em vista da desaceleração mundial, o Banco Central (BC) deve continuar com o processo moderado de ajuste na taxa básica de juros e o governo também continuará adotando medidas de estímulo.

"Ainda assim, acreditamos que a expansão da economia nos próximos trimestres surpreenderá de forma negativa os agentes novamente", diz Freitas.

E dentro desse cenário de desaceleração global, com risco de deflação, o especialista avalia que as commodities sofrerão quedas adicionais, os termos de troca brasileiros serão corrigidos de maneira substancial e os investimentos estrangeiros diretos no país desacelerarão significativamente.

"Concordando ou não, é nesse ambiente de investimento em que vivemos e é nele que temos que procurar opções de investimento com relação risco/retorno atraente", diz Freitas, apontando que o dólar é o melhor ativo nesse ambiente.

A avaliação completa de Freitas está disponível em www.teorica.com.br - cartas mensais.

Não era tudo verdade - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 16/12/11


Economia dos EUA se recupera de vez da crise? Falta dólar no Brasil? Os salários não iam explodir?


HÁ UMA GOTA de sangue em cada poema, dizia o título do livro juvenil e ruim de Mário de Andrade. Há um pouco de lorota e/ou um lobby em cada gota de notícia econômica simples e, simples assim, errada.
"Os Estados Unidos estão saindo da crise." "Está faltando dólar no Brasil." O imposto sobre derivativos cambiais era "impagável e incalculável". Depois dos reajustes salariais "enormes" de setembro, haveria "descontrole inflacionário" no Brasil. Etc. Não era tudo verdade.

EUA DESPIORAM?
A economia americana, parece, está despiorando. Parece. "Despiorando", não melhorando.
Melhor assim, claro. Houve grande e exagerado zunzum em meados do ano sobre os EUA adernarem de novo em recessão. Mas o que temos de novo na economia deles, se é que temos algo de muito novo, se descontados os efeitos das vendas e contratações de final de ano?

Os pedidos novos de seguro-desemprego agora andam na casa de 388 mil por semana (na média das últimas quatro semanas). Os pedidos chegaram a 600 mil por semana no fundo do buraco da recessão, entre 2008 e 2009. Antes do começo da crise (em 2007), a média semanal era de 300 mil.
Mas dá para confiar nos dados do período de festas? Não. Decerto seria muito pior descobrir que, mesmo com Dia de Ação de Graças, Natal e juro negativo, os pedidos estivessem acima de 400 mil. Ainda assim, a situação ainda é incerta.

O desemprego caiu da casa de 9% para 8,6%? Melhor. Mas repita-se o argumento sobre o final de ano e note-se que metade da queda da taxa se deveu ao aumento do desalento -mais gente desistiu de procurar trabalho. Cabe lembrar também que o Fed, o banco central dos Estados Unidos, prevê desemprego médio de justamente 8,6% no ano que vem. Ou seja, se o Fed estiver certo, para o bem ou para o mal, o desemprego vai ficar na mesma.

Por fim, e para não entrar nos detalhes ainda horríveis sobre salários e distribuição de renda nos EUA, considere-se que o crescimento americano no ano que vem deve ser MENOR que o deste ano (mais ou menos 1,6% neste ano, em torno de 1,4% no ano que vem).

Previsões econômicas são o que nós sabemos -pode dar tudo errado. Talvez para pior -tomara que não. Mas é preciso ponderar que: 1) O Congresso americano, enlouquecido pelo Partido Republicano, pode talhar incentivos fiscais e reduções de impostos vigentes ou propostos por Barack Obama; 2) Os governos municipais, estaduais e o federal ainda vão cortar empregos em 2012; 3) A Europa vai entrar em recessão, muito provavelmente, afora as confusões financeiras -os EUA não vão ficar imunes.

Tomara, claro e ressalte-se, que dê tudo certo. Mas a situação ainda é de dar medo. Por eles e por nós.

NO BRASIL
O real vinha perdendo as estribeiras nestes dias, indo ao chão -o dólar vinha subindo para o nível nervoso de R$ 1,90. O motivo básico é o tumulto europeu, que nestas semanas desencadeou também uma liquidação de commodities e ativos de risco. Não se trata de "seca" de dólares aqui. Pelo menos, não ainda. O Banco Central foi ontem ao mercado oferecer dólar. O mercado não quis comprar. Sobra dólar?

Vidas passadas - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 16/12/11


Boas relações entre Executivo e Legislativo dependem, para começo de conversa, de uma adequada compreensão, pelos dois poderes, das prerrogativas e obrigações de um e de outro.
Um dos direitos do Congresso - pode-se dizer também, uma das obrigações - é fiscalizar a atuação dos ocupantes de cargos no governo, o que inclui, quase sempre, a convocação de ministros e outros altos funcionários, para explicarem suspeitas ou responderem a denúncias explícitas de mau comportamento. E é direito óbvio do governo defender-se, o que costuma fazer de duas maneiras: 
mandando os acusados para casa ou para o Congresso. Na segunda hipótese, obviamente, se há certeza - ou, pelo menos, forte esperança -- de que saberão se defender satisfatoriamente.
O governo Dilma Rousseff enfrentou esta semana acusações de tráfico de influência, em 2009 e 2010, contra o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, do PT. Antes dele, outros ministros, de outros partidos aliados do Planalto, preferiram ir ao Congresso para se defenderem de denúncias igualmente pesadas. Pelo visto, saíram-se bem e se mantêm nas suas pastas.
A história é outra com relação a Pimentel. Há contra ele suspeitas - o que sugere indícios, mas não provas - de ter traficado favores, em 2009 e 2010. O que lhe teria rendido aproximadamente R$2 milhões. No seu caso, a presidente Dilma bateu o pé: argumentou que ele não deveria ir ao Congresso - a não ser que desejasse - porque não tinha cargo público na época em que teria cometido o feio pecado de tráfico de favores em áreas do governo.
Obedecendo ao pé da presidente, a bancada governista do Senado derrubou o pedido de convocação de Pimentel. Pelo visto, prevaleceu a tese inédita de que ministros não têm biografia pela qual possam ser avaliados. A não ser, é óbvio, se a vida pregressa for impecável. E isso o Congresso tem o dever de conferir. Só a presidente não acredita nisso. Ela deixou isso bem claro, ao afirmar: "É estranho que o ministro preste satisfações no Congresso da vida pessoal passada dele." Note-se que nenhum Senador manifestou qualquer interesse por intimidades da vida pessoal do ministro.
É preciso ficar claro: a tal "vida pessoal passada", corretamente definida e limitada, deve ser, e é em qualquer país politicamente maduro, fator decisivo na escolha de qualquer servidor do Estado, ainda mais no caso dos altos escalões do Executivo.

GOSTOSA


Energia em ascensão - MARCIA PELTIER

JORNAL DO COMMÉRCIO - 16/12/11
A energia nuclear vem se mantendo, nos últimos doze meses, no segundo lugar como fonte de geração de eletricidade do país. Em novembro, as usinas Angra 1 e Angra 2 produziram, juntas, 1.953 MW médios – o que representa 3,44% do mercado de energia elétrica nacional. Em 2010, as usinas fecharam o ano com participação de 3,06%, em terceiro lugar. Em primeiro lugar permanecem as hidrelétricas, responsáveis por 90% do total de energia fornecida ao Sistema Interligado Nacional. Segundo dados do ONS, a produção nucleoelétrica também liderou a geração térmica no Brasil, ultrapassando o gás (2,83%) e o carvão (1,52%).

Versão legal
Moradores de todo o bairro de São Conrado podem festejar. A habitual queima de fogos de artifício na virada do ano, que acontecia no alto da Rocinha e era bancada por traficantes nos últimos anos, se tornará evento oficial e patrocinado pela Prefeitura do Rio. Serão 10 minutos de céu colorido. Os foguetes pirotécnicos serão acesos no terraço do antigo Hotel Nacional. Piscina com bolas para crianças será montada na principal praça da comunidade.

Qualidade garantida

Os filhos de Dias Gomes – a saber, Guilherme, Denise e Alfredo, do casamento com Janete Clair, e Mayra e Luana, com Bernadeth Lyzio – fecharam nesta quinta-feira, com a Globo, a continuidade da cessão de direitos dos roteiros e textos de várias obras do grande autor. O que significa que a emissora poderá promover o remake de novelas que marcaram época, como Saramandaia e Roque Santeiro.

Inédita

No pacote também entraram as peças de teatro O Rei de Ramos e O Santo Inquérito e o roteiro de uma minissérie de 1982 nunca exibida, feita em parceria com Ferreira Gullar, Um Tiro no Coração. Os herdeiros foram representados pelos escritórios Carlos de Laet e Denis Borges Barbosa.

Para todas

As pequenas e médias empresas brasileiras contarão com um novo programa de inovação tecnológica em 2012. O acordo, firmado entre a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e a ABDI, irá aproximar empresas brasileiras do mercado alemão, por meio de missões a centros de tecnologia e negócios do país europeu. A parceria prioriza os setores de automação, autopeças, petróleo, energias renováveis e tecnologia médica e hospitalar. O acordo será assinado nesta sexta-feira.

Revolucionário
O jovem sérvio Andrej Pejic, sucesso mundo afora pelo estilo andrógino, acaba de se tornar o primeiro modelo masculino a estrelar uma campanha de lingerie feminina. Nas fotos, ele aparece vestido com o sutiã push up, da marca holandesa Hema. A publicidade do produto visa passar a mensagem de que o sutiã é tão bom que consegue garantir uma aparência curvilínea e natural até para quem não tem seios.

‘The sad end’

Ernesto Neto se aventurou, pela primeira vez, no campo das ilustrações de um livro. A tarefa de traduzir graficamente a versão bilíngue de Triste Fim de Policarpo Quaresma foi difícil no início. “Estava achando a leitura bem cansativa, mas depois me empolguei com os dilemas do protagonista, muito contemporâneos”. O artista produziu no computador ícones como o índio, o violão e os livros nacionais, que representam o patriotismo exagerado do herói de Lima Barreto. “A bandeira brasileira aparece sempre como pano de fundo, alterada, como se fosse um campo de batalha existencial”, explica.

Uma pena

O livro, traduzido por Mark Carlyon, será lançado segunda-feira, às 18h30, no Museu da República. Pertence à série patrocinada pela Light River of January – o Rio de Janeiro visto pelos seus escritores. A coleção teria 10 títulos, mas será encerrada agora com o clássico de Lima Barreto, o quarto e último.

Anti-extravio

Grife suíça de malas, mochilas e acessórios, a Victorinox Travel Gear, presente em 90 países, lançou a Triomphe, que cairá no gosto de executivos que passam a maior parte do tempo em viagem de negócios. A mala traz um número de identificação e um telefone para contato, disponível 24h. Em caso de perda da bagagem, basta a quem a encontrar, ligar para uma central informando os dados. A marca localiza e se encarrega de entregar a bagagem ao proprietário em qualquer parte do mundo.

Nas ruas

Os designers brasileiros vão receber um incentivo e tanto para que seus trabalhos sejam mais conhecidos durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Um acordo entre os ministérios da Cultura e do Desenvolvimento vai mapear oportunidades de utilização do nosso design em mobiliário urbano – paradas de ônibus, bancos de praça, postes – e nos sistemas de transporte das cidades-sede das disputas. A secretária de Economia Criativa, Cláudia Leitão, irá tocar o projeto.

Livre Acesso

A Firjan inaugura, neste sábado, mais três bibliotecas em comunidades pacificadas: Borel, São Carlos e Tabajaras. Elas se somam às sete unidades abertas este ano e três em 2010, no total de dez espaços. Para 2012, a entidade pretende instalar mais dez bibliotecas dentro das UPPs, todas com acesso à internet e um acervo de dois mil títulos entre livros, periódicos, gibis, CDs e DVDs.

Um mutirão de coleta seletiva vai mobilizar mais de 100 voluntários, este sábado, na comunidade Santa Marta, em Botafogo, das 9h às 13h. A iniciativa faz parte do projeto Estou Seguro, da CNseg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros) e do IETS (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), e visa promover entre os moradores conceitos de gerenciamento de riscos e prevenção de doenças e de acidentes pessoais.

O empresário Hélcio Hime festeja os 27 anos da Hime Systems recebendo para coquetel, este sábado, no seu apartamento em Copacabana. Foi sugerido aos convidados doar brinquedos para as crianças do Lar de Narcisa e INCA.

Nesta sexta-feira, às 18h30, a cantora Tiê, neta de Vida Alves (atriz que protagonizou o primeiro beijo da TV brasileira), faz show na Sala Funarte.

A Casa da Suíça está lançando o seu prato da Boa Lembrança, que o cliente pode levar para casa ao degustar o dourado estrelado, elaborado pelo chef Volkmar Wendlinger.

A artista plástica Denise Araripe abre, nesta sexta, mostra na Galeria da Universidade Candido Mendes de Ipanema. O tema é Tintim, o personagem de Hergé, recolocado em várias situações – como a queda das Torres Gêmeas.

A Expresso do Ocidente, de Luiz Redinger, assumiu a gestão comercial do jornal O Terminal, que distribui 40 mil exemplares/dia em Niterói, São Gonçalo, Macaé e Petrópolis.

De peito aberto - NELSON MOTTA


O Estado de S.Paulo - 16/12/11


Que Praça Tahir que nada, Ocuppy Wall Street é passado, que indignados conseguem chamar mais atenção para suas causas? Entre as novas formas de manifestações e protestos na era digital, a mais sensacional é o coletivo ucraniano Femen. Mulheres lindas, louras e nuas, ou quase, protestando em via pública pelas mais variadas causas, não necessariamente feministas. De peito aberto, elas gritam contra a corrupção, as fraudes eleitorais, a violência contra mulheres, a prostituição, e ganham espaços espetaculares na mídia planetária. Os policiais encarregados de reprimi-las ficam nervosos e cheios de dedos, elas esperneiam e gritam enquanto eles tentam cobrir a nudez ultrajante com a manta da hipocrisia. Epa! Nudez ultrajante? Manta da hipocrisia? Menos, colunista, menos.

As manifestações começaram em Kiev, mas as garotas do Femen ficaram tão famosas que até já atuaram como protestantes-convidadas na Rússia. Se continuarem tão requisitadas para manifestações na Europa, em breve poderão programar uma turnê internacional de protestos. Hoje elas são cerca de 300 militantes na Ucrânia, mas a tropa de choque que vai para as ruas tem 40 ativistas, não por acaso as mais bonitas e com melhores atributos para a missão. Logo se abriu outra discussão entre as feministas, sobre a ausência de barangas no núcleo duro, ou macio, das manifestações. Elas negam e dizem que já houve até uma sexagenária topless. Mas é exceção, a tática é mesmo escalar as mais gatas para chamar a atenção. É um bom uso para a beleza.

Feministas americanas históricas como Betty Friedan e Germaine Greer ficariam histéricas diante das lourinhas e louraças do Femen e seus corpos avassaladores. Não se discutem os méritos das suas causas, mas a eficiência dos seus métodos e práticas, as reações que provocam. Elas invertem o jogo de mulheres nuas como objetos sexuais dos homens, e exercem seu poder exibindo o corpo, não como oferta ou sedução, mas como um veículo de suas vontades. São elas que estão em controle, aos homens resta ficar olhando e desejando - mas terão delas apenas as suas palavras de ordem e seus slogans.

Clima - para onde vamos só com boas intenções? - WASHINGTON NOVAES


O Estado de S.Paulo - 16/12/11



O mundo das palavras é sempre muito fértil, costuma permitir interpretações diferentes para o mesmo objeto descrito - às vezes, até contraditórias entre elas. Quando esse mundo das palavras adentra o território da diplomacia, os resultados podem ser ainda mais surpreendentes - e este é o caso do desfecho da reunião da Convenção do Clima, no último domingo, em Durban. Como as negociações continuavam emperradas, a linguagem diplomática encarregou-se de superar as últimas resistências a uma declaração de intenções, considerada por muitos participantes e representantes de governos - inclusive o brasileiro - como um "documento histórico", em que "todos os países convergiram para o mesmo objetivo".

E aonde se chegou, afinal? Exatamente ao que estava previsto há meses e foi registrado em artigo neste espaço: por falta de consenso entre os participantes - que impossibilita aprovar documentos que tornem obrigatórias as decisões -, ficar-se-ia apenas numa declaração de intenções, em que os países anunciariam o desejo de chegar até 2015 (ou 2020) a um documento "vinculante" (obrigatório), com os signatários se comprometendo a reduzir, a partir daí, suas emissões de gases poluentes que intensificam mudanças climáticas. A declaração de Durban foi mais longe ao não estabelecer sanções para quem não cumprir o prometido.

Paralelamente, aprovou-se uma prorrogação, até 2017 (como queriam os países-ilhas, União Europeia e Brasil propunham 2020) do Protocolo de Kyoto, pelo qual, em 1997, se estabeleceu que os países industrializados reduziriam suas emissões em 5,2%, calculadas sobre as de 1990. Até hoje essa decisão não foi cumprida, os países industrializados aumentaram suas emissões. Mas era importante ter em vigor um documento como o de Kyoto, porque a ele está vinculado o Mecanismo do Desenvolvimento Limpo, pelo qual um país industrializado (ou uma de suas empresas) pode financiar em outro país projeto que leve à redução de emissões e contabilizar essa redução em seu balanço próprio. E hoje há um "mercado mundial de carbono" que já envolve muitos bilhões de dólares; como ficaria sem o protocolo? Então, Kyoto continua. E com todos fechando os olhos para a ausência de Japão, Rússia, Canadá e para a falta de consenso.

Será cumprida a intenção aprovada nesse roteiro de Durban? Os antecedentes não levam a muito otimismo. Em 2008, na Indonésia, aprovou-se o chamado "roteiro de Bali", pelo qual se desenhou o caminho que deveria levar em 2009, na reunião da convenção em Copenhague, a um acordo com obrigações de redução de emissões. Mas na Dinamarca a diferença de posições entre EUA e países industrializados, de um lado, e os "emergentes", de outro, fechou as portas a um acordo - com os emergentes lembrando que a obrigação mais antiga e maior de reduzir emissões era dos industrializados e os industrializados dizendo que sem os emergentes de nada adiantaria a decisão, já que estes são hoje os maiores emissores (China, Índia e Brasil estão entre os cinco maiores). Com o impasse em Copenhague, transferiu-se a decisão para 2010 em Cancún. Mas ali o impasse também persistiu.

Agora, aprovada a declaração de Durban, incluídos os emergentes, pergunta-se: o Congresso dos EUA aprovará a redução de emissões no país, desbloqueando o caminho - ao contrário do que tem feito até agora? E se os EUA ou outro país não cumprirem, o que acontecerá? Não há sanções previstas. A primeira proposta de texto dizia que ele teria força legal, mas o impasse levou a uma redação que tornou tudo mais vago, ao ser modificada para "um resultado acordado, com força legal", que possa ser aprovado em 2015 e entre em vigor em 2020, com metas obrigatórias de redução de emissões para todos os países. Também se aprovou a criação do fundo que porá US$ 100 bilhões anuais de contribuintes industrializados à disposição de outros países para enfrentarem os problemas do clima. Mas não se definiu quem contribuirá e com quanto. Nem com que tecnologias.

Curiosamente, o Brasil, depois de receber de ambientalistas o troféu "Fóssil do Dia", pela proposta de novo Código Florestal, recebeu também elogios do secretário-geral do Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Achim Steiner, pois, a seu ver, o País não deve ser criticado por causa desse projeto, "porque nenhum país fez o que o Brasil fez para combater emissões nos últimos dois anos". É discutível, se considerados os compromissos de redução como "voluntários" e verificáveis só quando possível confrontá-la com o que seriam esses poluentes em 2020.

Além disso, há outros estudos a demonstrar que o País continua emitindo acima de dez toneladas anuais de carbono por habitante, segundo estudo do renomado Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial. A própria redução de emissões na área do desmatamento precisa ser encarada com cautela, uma vez que tomou como base de comparação anos de desmatamento muito mais alto e grande parte da redução coincidiu com a crise econômica de 2008-2009 e queda das vendas de produtos amazônicos. De qualquer forma, ainda é um desmatamento alto, acima de 6 mil quilômetros quadrados anuais, sem levar em consideração áreas cobertas por nuvens (que impedem o registro por satélites) ou onde o desmatamento é seletivo, sem corte raso de toda a vegetação.

Para completar: cientistas dizem que para não haver uma expansão dramática nos "eventos climáticos extremos" não se devem ultrapassar 2 graus Celsius no aumento da temperatura da Terra (já subiu 0,8 grau) - e para isso as emissões não podem superar 32 bilhões de toneladas anuais de carbono (mas com aumento de 6%, em 2010 elas já chegaram a 30,6 bilhões de toneladas). Superado esse ponto, a temperatura poderá aumentar entre 3,5 e 5 graus neste século. Iniciar só em 2020 o cumprimento das intenções de Durban é compatível com essa advertência?

Balas na agulha - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 16/12/11

Não se consumou o leilão direto de dólares que o Banco Central realizou nesta quinta-feira.

Nos últimos 30 meses, o Banco Central só comprou moeda estrangeira, não vendeu. De lá para cá, as reservas externas saltaram de US$ 209 bilhões para US$ 351 bilhões. Desde abril de 2009 não se realizava um leilão desse tipo. Por que, então, esse deu chabu? E por que o Banco Central sentiu necessidade de atuar agora na ponta da venda de dólares?

O leilão não se completou porque o Banco Central achou baixa demais a remuneração oferecida pelos interessados. Mas isso não significa que o leilão tenha fracassado. Muito provavelmente o objetivo não foi produzir um fornecimento de dólares, mas avisar o mercado de que as autoridades da área cambial estão dispostas a intervir para suprir eventual escassez de moeda estrangeira. "O Banco Central tem muita bala na agulha" – já advertiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

A rigor, se completada com repasse de dólares, a operação desta quinta deveria ter sido como um empréstimo de curto prazo de moeda estrangeira. Foi um leilão com cláusula de recompra. Nos dias 18 de janeiro e 16 de fevereiro de 2012, os tomadores de dólares deveriam devolvê-los ao Banco Central.

Alguns observadores vinham reclamando da falta de moeda estrangeira no mercado. E há, em princípio, algumas razões para isso. No final de cada ano, começa a temporada de intensificação das remessas ao exterior de resultados obtidos pelas filiais de empresas estrangeiras sediadas no Brasil. Para isso compram dólares no câmbio interno. O momento poderia ser, também, de mais procura por financiamentos externos, num ambiente de quase estancamento do crédito no exterior. Mas, nesta quinta-feira, ficou demonstrado o baixo interesse por dólares no câmbio interno.

Mas há outra maneira de avaliar o leilão aparentemente pipocado desta quinta. Até há alguns meses, o objetivo da compra de dólares pelo Banco Central havia sido impedir a excessiva valorização do real (baixa do dólar no câmbio interno). Ou seja, foi para isso que, de abril de 2009 para cá, o estoque de reservas externas aumentou 67%. Se, de uma hora para outra, os dirigentes reverteram seu jogo, ficou claro também que o interesse agora passou a ser de conter a excessiva desvalorização do real. A partir de setembro, a cotação do dólar subiu nada menos que 16,8%. (veja gráfico).

Se essa interpretação estiver correta, o Banco Central manobrou para evitar a atuação conjugada de dois fatores: os aumentos de custos do setor produtivo brasileiro, causados pelo encarecimento de insumos, peças, componentes, conjuntos e capitais importados; e o repasse dessa elevação para os preços internos. Ou seja, o Banco Central começou a se preocupar com os efeitos inflacionários da escalada do dólar.

Embora seus dirigentes repitam que o Banco Central não trabalha nem com pisos nem com tetos para o câmbio, isso também sugere que uma cotação acima de R$ 1,85 por dólar começa a preocupar.

Confira

Não é um desastre. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, tem feito declarações confusas sobre perspectivas de rebaixamento da qualidade da dívida de seu país. Declarou que agências de classificação de risco não merecem credibilidade. Outras vezes, que a perda do triplo A (grau máximo) atiraria a França na correnteza. Nas últimas duas semanas, Sarkozy preferiu dizer que a eventual perda do triplo A dificultaria a administração da dívida, mas não seria uma catástrofe.

GOSTOSA


Melhor para os mensaleiros - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 16/12/11


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski não conta propriamente uma novidade ao dizer que, "sem dúvida nenhuma", alguns dos crimes de que são acusados os réus do mensalão estarão prescritos quando o processo for julgado. O tempo joga a favor principalmente dos réus primários, que poderão deixar de cumprir as penas a que forem condenados, conforme a sua severidade. Incumbido de revisar o parecer do relator do caso, Joaquim Barbosa, Lewandowski afirmou à Folha de S.Paulo que dificilmente o julgamento ocorrerá em 2012. Não há previsão para o término do trabalho de Barbosa. O relator licencia-se frequentemente para tratar de um crônico problema ortopédico. Há pouco, por exemplo, viajou aos Estados Unidos para exames. E o ministro revisor, por sua vez, diz que terá de começar "do zero" quando receber o processo de 130 volumes, com mais de 600 páginas de depoimentos.

O mensalão - o suborno sistemático de deputados federais para agir de acordo com os interesses do governo, no primeiro mandato do presidente Lula - foi denunciado em junho de 2005 pelo cacique petebista e então deputado Roberto Jefferson, numa clara represália à revelação de maracutaias na cúpula dos Correios, controlada por ele. Em abril de 2006, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pediu ao STF abertura de processo contra 40 envolvidos no escândalo, entre eles o próprio Jefferson e, notadamente, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, apontado como "chefe da organização criminosa" que operou e se beneficiou do esquema. Jefferson e Dirceu tiveram cassados os seus mandatos parlamentares. Em agosto de 2007, enfim, o Supremo fez história ao acolher a imensa maioria das denúncias do procurador sobre formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, evasão de divisas, peculato e gestão fraudulenta.

Os ministros, como se ressaltou à época, não aprovaram a abertura de processo apenas porque os gritantes indícios coletados pelo procurador impediam a impronúncia sumária dos acusados. No seu voto, Joaquim Barbosa, por exemplo, definiu o mandachuva petista José Dirceu como "comandante supremo da trama". No entanto, as esperanças de que a ação - sem prejuízo do devido processo legal - teria um curso comensurável com o peso sem precedentes do escândalo e com a força das evidências levadas à Corte foram se transformando em frustração com a demora em começar o julgamento dos 38 réus remanescentes. É inegável também que o mensalão foi saindo, como se diz, do radar da opinião pública, pela tediosa reprodução de ilícitos cometidos por figuras carimbadas da política. Nos ensaios de protestos públicos contra a leva de denúncias de corrupção no governo Dilma, o maior de todos os casos parece ter sido esquecido.

Contra esse pano de fundo, a admissão do ministro Lewandowski de que uma parcela indeterminada de mensaleiros deixará de cumprir algumas das penas a que for condenada, em virtude da prescrição dos seus crimes, teve o efeito paradoxal de devolver à cena a inaceitável lentidão do Supremo Tribunal em levar a matéria a um desfecho - lentidão que equivale a uma forma de impunidade. No limite, isso é mais danoso para a imagem da Justiça e para a infusão de um mínimo de decência nos costumes políticos nacionais do que seria uma inimaginável absolvição dos principais protagonistas da operação que expôs as entranhas do governo Lula. Não por outro motivo, decerto, o presidente do STF, Cezar Peluso, pediu ao relator Barbosa que repasse os autos em versão digital aos colegas para não "retardar ainda mais" a decisão do caso e evitar os "riscos inerentes à delonga do processo". A rigor, o pedido é supérfluo: os ministros podem solicitar a qualquer momento acesso aos autos dos processos em tramitação na Corte.

Não se entende, aliás, por que o revisor Lewandowski depende de receber o parecer do relator para "começar do zero", ou seja, examinar os volumosos autos do caso. Tampouco se entende por que Barbosa, prejudicado no seu papel por uma dolorosa condição clínica que já limita a sua atividade no colegiado, não abre mão da relatoria - para que se faça Justiça a tempo.

Ideias que tiveram um mau ano - MOISÉS NAÍM

FOLHA DE SP - 16/12/11


Este ano a ideia de que a desigualdade econômica é inevitável e é preciso tolerá-la sofreu fortes reveses

Esta é minha última coluna deste ano, e, portanto, é própria uma revisão do que foi mais importante em 2011. Não vou fazer um apanhado de notícias, mas identificar cinco ideias que tiveram um mau ano.
Primeira: a tolerância em relação à desigualdade. Este ano a ideia de que a desigualdade econômica e a injustiça social são inevitáveis e que é preciso tolerá-las sofreu fortes reveses. A crise econômica enfatizou informação que já existia, mas não havia adquirido a força política que ganhou neste ano: os números das disparidades de renda estão na cabeça de todos.
E a nova intolerância não diz respeito unicamente à disparidade econômica. Também aponta para a injustiça e o tratamento indigno. Milhões de pessoas no mundo árabe saíram às ruas, quando eliminaram a ideia de que seu futuro estava destinado a ser como seu passado. A desigualdade e a injustiça não vão desaparecer. Mas em 2011 ficou muito mais difícil defendê-las.
Segunda: o respeito pelos que mandam, sabem ou têm. Este ano foi ruim para a reputação de políticos, economistas e ricos. Descobrimos que muitos governantes não possuem o poder de tomar decisões fundamentais, que cada economista famoso tem uma explicação e uma solução diferente para a crise, e que os ricos (tanto empresas quanto indivíduos) que contribuíram para a debacle econômica não estão sofrendo as consequências de seus atos. Em 2011, a legitimidade de governantes, especialistas e líderes empresariais caiu. Não acreditamos nem confiamos neles. E para ter autoridade é preciso ter legitimidade.
Terceira: a rivalidade política não deve levar à paralisia governamental. Tanto nos EUA como na Europa, os políticos não conseguem colocar-se de acordo para tomar decisões urgentes. E é um fenômeno global. Da Tailândia ao Japão, da Bélgica à Índia e da África do Sul ao México, a polarização política se transformou em paralisia. Faz tempo que não vai bem a ideia de que existem interesses nacionais acima das ambições eleitorais. Em 2011, ela continuou a ir mal.
Quarta: o ambiente se encontra em estado de emergência. A ideia de que é preciso agir urgentemente para evitar que o planeta continue a se aquecer até tornar-se inabitável desapareceu da agenda. Não pôde competir com as dificuldades econômicas, o crash financeiro, o desemprego, os fracassos repetidos em resolver a crise, o assassinato de Bin Laden, a Primavera Árabe e Justin Bieber. Enquanto isso, as informações mais recentes e inquestionáveis mostram que a temperatura média da superfície do planeta subiu somente 1°C nos últimos 50 anos.
Quinta: é melhor não possuir bombas atômicas. Em 2011, os tiranos do mundo tomaram nota do destino de Muammar Gaddafi e do norte-coreano Kim Jong-il. O primeiro renunciou à ideia de ter um arsenal nuclear e o segundo não abre mão de suas bombas atômicas. Os ditadores confirmaram que sua sobrevivência depende de contar com bombas atômicas que os protejam da intervenção externa e um exército que os proteja de seus povos.
Esta é uma lista obviamente incompleta. Convido-os a propor outras ideias que tiveram um mau ano, no Twitter@moisesnaim. Um 2012 muito feliz. Retorno em janeiro.

Calor do Nordeste - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 16/12/11


Os hotéis da Praia de Boa Viagem neste fim de semana estavam lotados. Um deles, no qual fiquei, teve que mudar o local do café da manhã para caber os 600 hóspedes. E era um fim de semana normal. O Nordeste continua com sinais de forte crescimento. De 1995 a 2009 foi a região que mais cresceu sua participação no PIB: de 12% para 13,5%.

Os dados divulgados na quarta-feira pelo IBGE mostram como o Brasil é concentrado: cinco cidades têm 24% do PIB. Só a cidade de São Paulo é quase um Nordeste inteiro. Renda, crescimento e PIB concentrados, o Brasil sempre teve. O fenômeno interessante dos últimos anos foi o crescimento mais forte de regiões como o Centro-Oeste ou o Nordeste. A crise tirou um pouco do gás, produziu alguns números negativos, mas quem vai lá sente que o clima ainda é de crescimento.

Ele é generalizado. Acontece em vários segmentos, às vezes por um investimento específico, às vezes pelo desempenho dos setores. O setor de serviços nordestino passou a representar 14,1% dos serviços brasileiros. Era 12,4% em 1995. O comércio foi de 13,2% para 15,5%, a indústria saiu de 10% para 12,2%. Na produção e distribuição de serviços públicos - água, gás, esgoto, limpeza urbana - a participação do Nordeste saltou de 12,4% pra 19,3% do total brasileiro. Na agropecuária, caiu de 22,9% para 18,2%; enquanto o Centro-Oeste saía de 11,4% para 19,5%.

Quando se conversa com empresas, principalmente do setor de consumo, o entusiasmo fica claro. As Lojas Americanas estão executando o plano de abrir 90 lojas de 2010 a 2013. Quando elas estiverem todas implantadas, a região vai significar 22% do faturamento da empresa. Antes era 13%. A B2W, que reúne Americanas, Submarino e Shoptime, inaugurou em novembro um centro de distribuição em Recife, Pernambuco. A Oi acaba de criar três unidades regionais com mais autonomia, quer inaugurar mais 23 lojas até 2012 e ampliar em 30% a rede de distribuição.

A Nestlé inaugurou uma fábrica em Feira de Santana na Bahia. Em 2008, a fábrica recebeu novos investimentos para triplicar a produção original. Em 2010, outra fábrica foi inaugurada em Garanhuns. A Nestlé conta que fazem sucesso no Nordeste os Produtos Popularmente Posicionados (PPP): com preços baixos e embalagens menores. A crise econômica fez com que a empresa levasse essa estratégia de vendas para outras partes do mundo. Segundo a empresa, esses produtos já são 13% do faturamento mundial e a meta é chegar a 20%.

Outro setor que tem crescido muito é o de construção civil. Cresceu muito no Brasil todo, mas o Nordeste era 15,8% do setor no Brasil e agora é 17,5%, de 1995 a 2009. O presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco), Cláudio Conz, diz que o crescimento no Centro-Oeste, puxado pelo agronegócio, é diferente do que acontece no Nordeste.

- No Centro-Oeste há um crescimento concentrado. Um grande fazendeiro tem uma renda enorme anual. No Nordeste é mais disseminado, cresce o setor de serviços, as pousadas, os hotéis, o turismo. O dinheiro circula mais.

Para o pesquisador Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, a educação é o principal fator para o crescimento da região, mais até do que as políticas de transferência de renda. Ele explica que a renda per capita no Nordeste cresceu 41,8% de 2001 a 2009. No Sudeste, a alta foi de 15,75%. O aumento da escolaridade corresponde a 31,8 pontos do crescimento da renda, e os programas sociais, 5,4 pontos.

- A elevação do nível educacional é o fator principal desse desempenho. Ele sempre foi muito baixo, então com uma pequena melhora, já houve um prêmio grande nos salários. Há um efeito líquido dos programas sociais, mas principalmente a qualificação do trabalhador é que elevou a renda. O principal da educação foi feito nos anos 1990 para se colher os frutos nos anos 2000. As mudanças na educação não acontecem de um dia para o outro, tem um tempo grande de defasagem - disse Neri.

O gerente de Contas Regionais do IBGE, Frederico Cunha, concorda. Ele também acha que a educação é o principal fator de indução. Cunha também cita as agências públicas de fomento, que foram reformuladas e aumentaram os investimentos, e a guerra fiscal, que levou empresas para a região, atraídas pelos incentivos:

- As políticas de transferência de renda foram importantes porque garantiram uma proteção social e exigiram a presença dos filhos nas escolas. O aumento da escolaridade, no entanto, puxou o rendimento salarial. A guerra fiscal no final dos anos 1990 levou para o Nordeste várias indústrias e isso beneficiou a região também.

Apesar dos dados divulgados esta semana mostrando a concentração do PIB em poucas cidades, o panorama mais geral continua sendo a tendência de disseminação do crescimento. É que o Brasil é tão concentrado que tornar o país um pouco menos desigual leva tempo e exige persistência nas políticas. Se em relação à guerra fiscal há muita controvérsia, sobre a elevação da educação não há dúvida. Ela é fundamental para sedimentar um novo ciclo de desenvolvimento no país, seja em que região for.

O dinheiro sem carimbo e os partidos - MARIA CRISTINA FERNANDES


Valor Econômico - 16/12/11


Deputado cassado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson é réu no inquérito do mensalão. Responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Policial Militar no Distrito Federal, João Dias está preso. Agrediu um sargento que tentava contê-lo no Palácio do Buriti onde entrou com um pacote de R$ 159 mil em espécie.

Jornalista e ex-assessor da campanha petista em 2010, Amaury Ribeiro Jr. foi indiciado pela Polícia Federal por quatro crimes: violação de sigilo fiscal, corrupção ativa, uso de documentos falsos e oferta de vantagem a testemunha.

Com a denúncia de que o governo Luiz Inácio Lula da Silva pagava mesada a sua base parlamentar, Jefferson provocou um dos escândalos políticos de maior repercussão da história da República. Com a acusação, da qual voltaria atrás na defesa apresentada por seus advogados no Supremo, Jefferson pôs em risco o mandato de Lula e levou 40 réus a serem arrolados no Supremo Tribunal Federal.

Pela denúncia de que recursos públicos destinados a um programa de formação de núcleos esportivos em escolas públicas estavam sendo desviados para Ongs ligadas ao PCdoB, Dias precipitou a queda do titular do Ministério dos Esportes, Orlando Silva, um ex-presidente da UNE que estava no cargo havia cinco anos.

Jefferson e Dias denunciaram esquemas ilícitos dos quais foram participantes. A valoração, pela Justiça, de depoimentos de suspeitos e até criminosos condenados, deu curso ao instituto da delação premiada.

A suspeição que recaía sobre ambos não impediu que os depoimentos de Jefferson e Dias, com ampla divulgação nos meios de comunicação, tivessem desdobramentos políticos e jurídicos significativos.

É com base nesses precedentes que cresce, na internet, a indignação com os escassos desdobramentos nos jornais e nos meios políticos das denúncias publicadas pelo jornalista Amaury Ribeiro no livro "A Privataria Tucana" (Geração Editorial, 344 páginas).

Contratado como elo da assessoria de comunicação da campanha petista e o universo da arapongagem, o jornalista foi indiciado no inquérito que apura a violação do sigilo fiscal de dirigentes tucanos e familiares do ex-candidato à Presidência, José Serra.

O livro é uma compilação de documentos que sugerem lavagem de dinheiro da privatização. O autor revela vínculos entre muitos dos personagens que estiveram ligados à venda das estatais, às campanhas do PSDB e à família de Serra, mas, apesar da farta documentação, não encontra carimbo no dinheiro lavado. Talvez pela simples razão de que o jornalismo não é dotado de meios policiais e jurídicos para identificar o carimbo.

Muitos personagens dos governos do PSDB e do PT que enriqueceram às custas de tráfico de influência e informação privilegiada passaram incólumes pela imprensa porque embolsaram dinheiro lavado. Uma única operação da Polícia Federal apurou que entre 1996 e 2002, no auge das privatizações, evadiram-se U$ 30 milhões pelas chamadas contas CC5, criadas pelo Real para liberalizar o fluxo de capitais.

Muito mais fácil do que identificar o carimbo nesse dinheiro é descobrir e, com toda razão publicar, a história de um ministro que um dia teve duplo emprego.

A indignação de internautas questiona por que os jornais que já execraram a família de Lula não se ocupam em seguir as pistas dos familiares de Serra que o livro revela.

Num tempo em que se derrubam ministros como quem preenche uma cartela de bingo talvez esteja fora de moda lembrar que o jornalista pode achar que apura como um promotor e julga como um magistrado, mas o jornal não tem como abrigar plenamente o direito de defesa e, por isso, não substitui a Justiça.

Isso não desmerece a reportagem. Muito pelo contrário. O valor do jornalismo investigativo está em identificar os interesses em disputa e revelá-los ao público. Propagar unicamente a munição que vem de um dos lados é partidarismo.

O livro é menos partidário do que o uso que se faz - e não se faz - dele. Depois de ter chegado às livrarias na última sexta-feira, teve sua primeira edição esgotada em 48 horas. O espaço que lhe dedicam os blogs é inversamente proporcional à centimetragem impressa. No fosso entre uma e outra abordagem está a constatação de que face às chances de se identificar o dinheiro carimbado, tanto tucanos quanto petistas preferiram deixar as lavanderias funcionando.

Boa parte da documentação de que se vale o livro é originária da CPI do Banestado, instalada no primeiro ano do governo Lula. Se houvesse real interesse em pôr freio à lavagem, ali teria sido o momento.

O volume de informações fiscais, bancárias e telefônicas levantado por aquela comissão foi mais do que suficiente para se fechar o ralo. Mas o relator (José Mentor), petista, ocupou-se em tentar incriminar o ex-diretor do BC, Gustavo Franco, pela liberação da remessa de recursos para o exterior sem a identificação do remetente. Deparou-se com o presidente da comissão (Antero Paes de Barros), tucano, disposto a sugerir o indiciamento do então presidente do BC, Henrique Meirelles, por ter se utilizado de uma conta de doleiros para transferir U$ 50 mil para o exterior. O resultado é que dois relatórios foram apresentados e nenhum foi aprovado.

Nos documentos da CPI já se viam as digitais do Rural, o que não impediu que o banco fosse o escolhido para a lavanderia do mensalão. Visadas, as agências de publicidade pouco a pouco foram cedendo espaço aos escritórios de advocacia na intermediação do dinheiro que a política busca esquentar.

No projeto de lei sobre lavagem de dinheiro que tramita no Congresso, a OAB faz pressão contra o artigo que obriga os advogados a revelar a origem dos recursos com que seus clientes pagam os honorários advocatícios. E encontra defensores de PT a PSDB.

Mesa de ontem no Casserole, centro de São Paulo, reunia o ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, um dos principais personagens do livro, o ex-ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso, Clóvis Carvalho, e o advogado José Carlos Dias.

Fênix - SONIA RACY

O ESTADÃO - 16/12/11


Orlando Silva abriu espaço no silêncio adotado desde sua saída do governo Dilma para admitir à coluna que sairá candidato a vereador de São Paulo pelo PC do B. “Pouco para mim? Não, será minha primeira disputa eleitoral”, justifica o ex-ministro.
E faz um aceno: “Se tivesse um cabo eleitoral como o Lula, eu sairia até para presidente”.
Alô, alô, Lula?

Fênix 2
Time que não joga não tem torcida. Com este argumento, Silva garante que Netinho de Paula não se coligará no primeiro turno. “Se estão de olho no nosso tempo de TV, nós estamos no deles.”

Cada qual
Ao saber que há gente no governo Dilma sugerindo que militares voltem a gerenciar os aeroportos brasileiros, fonte da Aeronáutica reagiu: “Assinamos convênio com a Infraero, colocando à disposição para 2014, se necessário, os aeroportos militares. E só”.

Fim de ano
Indagado durante reunião de conselho do Pão de Açúcar, quinta-feira, sobre como estão suas relações com JeanCharles Naouri, do Casino, Abilio Diniz respondeu: “Como nos tempos antigos...”.

Ano novo
Consta que Michael Klein estaria tentando nova costura para sua posição na Globex.

Arigatô
Shakira, namorada de Gerard Piqué – um dos astros do Barcelona–, está feliz e saltitante pelo Japão.
Além de postar fotos com os “sogros” no Twitter, a cantora anda escrevendo no microblog frases como “eu amo o Japão”. Em... japonês.

Barragem
O Dia de Luta Contra Belo Monte, marcado para amanhã, promete manifestações no Brasil inteiro.
Em SP, terá como ponto de partida o Masp. A equipe de André D’Elia, do longa Belo Monte, Anúncio de uma Guerra, filmará o protesto na capital.

Barragem 2
A Avaaz também cerrou fileiras contra Belo Monte: disparou, segunda-feira, petição na internet para colher 100 mil assinaturas. E, nas primeiras 72 horas, já contava com 50 mil.

Casa no campo
Donos de casas no Terras de São José, em Itu,terão vizinho ilustre. Ronaldo está construindo um recanto no condomínio fechado.

Livre
Asne Seierstad, autora de O Livreiro de Cabul, foi absolvida esta semana de acusação feita pela família Sultan Khan, que a abrigou em 2001. A jornalista foi acionada por invasão de privacidade ao relatar o dia a dia da casa.
Cabe recurso.

Estadista
Bruna Lombardi compareceu, anteontem, ao lançamento do livro sobre os 80 anos de FHC. Questionada sobre o ex-presidente,foi além: “Gosto muito dele e do Lula. Tive a honra de subir no palanque com um de cada lado nas Diretas Já”.

Estadista 2
FHC só deu uma passada no evento. Preferiu deixar a caneta para Hubert Alquéres, o autor.
Antes de partir, o ex-presidente tirou fotos com Serra e Gabeira.

Merecido
Fim de ano exaustivo, Guilherme Afif aproveita para descansar uns dias no SPA 7 Voltas, interior de São Paulo. Na companhia de Tato Gabus Mendes e Giulia Gam, já perdeu dois quilos.

Na frente
O bom clima das prévias abriu espaço para churrasco entre tucanos. Amanhã, no diretório estadual do PSDB. Com direito a samba.
Ontem, Paulo Skaf se tornou o segundo brasileiro a ter uma Medalha de Matignon. O presidente da Fiesp recebeu a comenda das mãos de François Fillon, premiê francês. A primeira pertence a Lula.
Dante Marcello Clara-monte Gallian palestra hoje, ao lado de Leandro Karnal e Rafael Ruiz, na Casa do Saber do Itaim. E, em seguida, lança livro.
Rubens Barrichello é o anfitrião do Rally de São Paulo – Desafio dos Campeões. Amanhã e domingo, no Parque São Jorge.
A O2 Filmes pilota festa de 20 anos. Hoje, na produtora.
Gabriel Chalita lança livro. Hoje, na Cultura do Conjunto Nacional.
O principal trendtopic do Twitter no Brasil, ontem, foi a decisão do Mundial da Fifa, entre Santos e Barcelona. O segundo? Os 104 anos de Oscar Niemeyer.

O governo levou - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 16/12/11


Os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) se recusaram ontem a receber uma comitiva de parlamentares que pretendia incluir no Orçamento do ano que vem uma verba de R$1 bilhão para aumentar o salário do Judiciário. Diante disso, o relator da Comissão do Orçamento, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), informou aos partidos que, sem o patrocínio do governo, não pode incluir esse gasto em seu relatório.

Ruído do Planalto com Marco Maia
O governo atribui ao “corpo mole” do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), parte da responsabilidade pelo adiamento da votação do Fundo de Previdência Complementar dos Servidores. Além de sindicalista, a avaliação do Planalto é que ele quis marcar posição, mais uma vez. A convicção no governo é que a obstrução prometida pela oposição não seria obstáculo suficiente para impedir a votação do Fundo, se esta fosse a disposição do conjunto dos aliados na Câmara. Essa posição causou ainda maior espanto depois que a área econômica aceitou contribuir com 8,5%, como querem os sindicalistas.

"Estamos tentando produzir um acordo, mas nada à vista até agora” — Arlindo Chinaglia, deputado federal (PT-SP) e relator da Comissão de Orçamento, sobre o reajuste salarial para o Poder Judiciário

IMPUNIDADE. A bancada feminina na Câmara entregou anteontem ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) um manifesto cobrando o fim da impunidade no caso da deputada Ceci Cunha (PSDB), de Alagoas, assassinada há 13 anos. O ex-deputado Talvane Albuquerque, seu suplente, é acusado de mandar matá-la para que ele pudesse assumir o mandato. “Queremos Justiça já”, cobrou a deputada Janete Pietá (PT-SP).

Pressão
Os militares estão fora do projeto que cria o fundo de previdência para o funcionalismo e coloca em prática o teto do INSS para os servidores. O governo avaliou que, se fossem incluídos, seria impossível aprovar o projeto no Congresso.

Tropa
O PT indicou os membros da comissão da Câmara que discutirá a redistribuição dos royalties do petróleo. Dos estados produtores, farão parte Edson Santos (RJ), Benedita da Silva (RJ), Carlos Zarattini (SP) e Newton Lima (SP).

PSDB é contra a carteirinha
A Juventude do PSDB vai divulgar amanhã, ao final de seu primeiro congresso nacional, a Carta de Goiânia. Nela, os tucanos vão pedir o fim da carteira de estudante, que dá direito à meia-entrada em cinemas, teatros e shows. As carteirinhas são emitidas pela UNE e pela Ubes, que usam o dinheiro que recebem para custear suas atividades. O PSDB quer que a meia seja garantida aos jovens via carteira de identidade.

Recado do recado
Quando o presidente do DEM, senador José Agripino (SC), disse no programa de TV do partido que “alguns fraquejaram e outros continuam firmes em suas convicções”, seu alvo foi o último presidente do PFL, Jorge Bornhausen.

De saída
Apesar do movimento pela recondução, o presidente do Cade, Fernando Furlan, afirma que seu mandato se encerra em 18 de janeiro. Ele está na França, onde foi assinar um acordo de cooperação na área da defesa da concorrência.

FOI DADA A LARGADA para a procissão de fim de ano em busca de liberação e empenho de emendas do Orçamento da União. A Secretaria de Relações Institucionais fará plantão até as 20h do dia 31.

VOANDO. Os deputados tucanos Fernando Francischini (PR) e Marchezan Junior (RS) assinaram a CPI da Privatização na gestão FH, proposta pelo deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP).

O EX-DEPUTADO Raul Jungmann (PPS) está possesso com o PSDB. Ele é candidato a prefeito do Recife. O PSDB apoia o deputado estadual Daniel Coelho.
ILIMAR FRANCO com Fernanda Krakovics, sucursais e correspondentes

GOSTOSA


O outro lado de uma tragédia brasileira - PAULO TARSO RESENDE


 O Estado de S.Paulo - 16/12/11


A sociedade brasileira sempre acreditou que as condições precárias das rodovias seriam as maiores responsáveis pelo altíssimo índice de acidentes de trânsito, com recordes mundiais de mortes, cerca de 40 mil por ano. Pelo fato de mais de 60% dos trechos rodoviários estarem em estado ruim ou péssimo, supunha-se uma conexão direta com a infraestrutura, não importando o tipo de usuário dessas estradas. Pesquisa do Núcleo CCR/FDC de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, porém, apresenta outro elemento dessa equação vergonhosa, cujo impacto equivale ao ligado à parte estrutural das rodovias: o comportamento humano. De maneira contundente, a pesquisa indica que os motoristas brasileiros, em geral, têm um comportamento inadequado, independentemente do estado de conservação das estradas.

Os acidentes mais comuns em trechos em boa ou ótima condição são saída de pista, capotamento e colisão traseira. Essas ocorrências têm alta correlação com veículos em alta velocidade, o que indica que os motoristas, ao se depararem com uma boa estrada, tendem a pisar no acelerador. Por outro lado, o tipo mais comum de acidente em trechos ruins é a colisão frontal - aliás, é o que provoca o maior número de mortes. Isso significa que o motorista brasileiro, julgando-se "conhecedor" da estrada, tende a adivinhar que outro carro não está vindo na direção oposta, o que resulta em tragédia. A probabilidade de um acidente com vítimas de morte aumenta mais ainda quando os veículos são mais antigos e, portanto, a tecnologia de proteção ao motorista e ao passageiro contra o impacto é praticamente inexistente.

Todos os dez trechos com maior índice de acidentes analisados pela pesquisa apresentaram movimentos com características urbanas. Quando esse fato é associado a um acúmulo de 40% das ocorrências nos fins de semana, e mais de 60% dos acidentes com vítimas de morte entre a meia-noite e as 6 da manhã, infere-se uma altíssima correlação com o uso do álcool nas periferias das grandes cidades, onde esses trechos estão situados. É uma mistura perigosíssima de comportamento inadequado associado ao alto volume de tráfego em horários definitivamente incompatíveis com a alta velocidade. Além disso, há uma mescla de tráfego de longa distância, próprio de viagens mais extensas, com deslocamentos curtos característicos do movimento urbano, promovendo assim uma combinação perigosa. O propósito da viagem é um elemento importante na constituição das características de deslocamento.

Os investimentos permanentes em equipamentos de segurança, principalmente nas rodovias concedidas, têm-se mostrado eficientes, pois nelas o número de acidentes fatais diminuiu 50%, mesmo com o aumento expressivo no volume de tráfego. Sendo assim, mesmo que porventura haja um aumento no número de acidentes, os recursos para segurança minimizam a gravidade. Muito mais do que pensar em pedágio, é chegada a hora de uma discussão voltada para a preservação da vida, e não para a relação custo-benefício puramente focada no paradigma financeiro. Infelizmente, no Brasil ainda se dá mais importância à discussão de quanto se paga para usar uma rodovia do que quanto se perde em vidas pela falta de investimentos em segurança viária.

Não obstante os recursos destinados à segurança viária, a análise de 120 mil casos de acidentes, coletados para o banco de dados da pesquisa entre 2005 e 2009, indica que o caminho que o Brasil está percorrendo é o de banalizar essa tragédia, tanto pelo lado da irresponsabilidade social do indivíduo que dirige um veículo quanto do gestor público que fecha os olhos para as possíveis ações de mitigação. As colisões frontais, por exemplo, muitas vezes têm o componente do veículo velho, principalmente nas ultrapassagens em aclive, onde a aceleração se transforma em elemento vital para evitar o choque. Muitos desses veículos nem deveriam estar no sistema, mas a discussão técnica é substituída pelo "vale tudo pelo social", inclusive a transgressão de regras de trânsito, que põe em risco a vida de quem, muitas vezes, é vítima do acaso por estar no caminho do beneficiado social.

Outro ponto é a fiscalização absolutamente precária. Durante a pesquisa de campo, vários depoimentos de policiais rodoviários indicaram até falta de combustível nas viaturas para atendimento aos acidentados em rodovias. Ou seja, o número de vítimas de morte poderia ter sido consideravelmente reduzido com socorro mais rápido. É até o caso de perguntar se esses profissionais são as primeiras vítimas das estradas. Além disso, depoimentos de motoristas deram um contorno claro do sentimento de impunidade, lamentavelmente apontando para uma sensação de irresponsabilidade diante da tragédia ocorrida ou prestes a ocorrer. Entre tais depoimentos, os pesquisadores puderam constatar que muitos motoristas não se preocupavam sequer com as vidas ceifadas por seus atos de irresponsabilidade, chegando a pôr a culpa no destino, com alguns dizendo lamentarem o fato de as vítimas estarem no lugar errado no momento errado.

A pesquisa mostra, lamentavelmente, que os acidentes de trânsito no Brasil têm dois grandes componentes: a rodovia e o motorista. Se o País precisa de muito mais investimentos em infraestrutura, sabe-se que o limite da disponibilidade de recursos financeiros está no princípio do sentimento de cada indivíduo sobre sua responsabilidade social no trânsito. Não adianta o Brasil criar o melhor sistema rodoviário do mundo se as pessoas que o utilizam não desenvolverem uma atitude de compartilhamento de riscos e deveres com todo o conjunto de variáveis que dá forma ao sistema. E o que os dados inferem até agora é que o brasileiro pode até ser um excelente piloto, mas, sem sombra de dúvida, é um péssimo motorista, com altíssimo grau de individualismo e desprezo pela vida alheia.

Suspeição - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 16/12/11

A previsão do ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski de que alguns tipos de crime, como formação de quadrilha, poderão prescrever antes que o processo do mensalão se encerre, é preocupante por duas razões: a declaração, sem o menor constrangimento, parece ter sido dada para preparar a opinião pública para um fato já consumado; e revela a incapacidade de nossa mais alta Corte de Justiça de tomar decisões em tempo hábil.
Conformar-se com a prescrição de alguns crimes, quando o processo está com o Supremo desde 2005, é uma confissão de desleixo impressionante.
Todo mundo sabe que o processo é complicado do ponto de vista formal, pois são 38 réus, cerca de 130 volumes com mais de 600 páginas de depoimentos. Sobretudo, é o processo de maior importância política da História recente do país.
Por isso, causou estranhamento entre os ministros do Supremo a declaração peremptória de Lewandowski, praticamente definindo uma situação que ainda pode ser alterada, como ressalvou o ministro Marco Aurélio Mello também em entrevista.
Se os ministros, sabendo de toda a complexidade do processo e de sua importância, não tomaram todas as providências possíveis para evitar que o processo fosse retardado a ponto de prescreverem alguns crimes de que estão sendo acusados os réus, é no mínimo uma falta de sensibilidade que espanta.
Inclusive porque essa admissão pode ser entendida como uma ajuda aos réus, e logo por parte de Lewandowski, que já esteve envolvido em outra polêmica em relação ao mensalão e a José Dirceu.
No mesmo dia em que o julgamento terminou, em 28 de agosto de 2007, com a decisão de abrir ação penal contra os 40 réus (hoje são 38, porque o ex-deputado federal José Janene, do PP, morreu, e o petista Silvio Pereira admitiu a culpa e fez acordo com a Justiça para prestação de serviços comunitários), a repórter Vera Magalhães, da "Folha de S. Paulo", ouviu uma conversa por celular do ministro com seu irmão, Marcelo, em um restaurante de Brasília.
Ele reclamou do que classificou de "pressão da imprensa", afirmando que a tendência do tribunal era "amaciar com o Dirceu", mas que todos acabaram votando "com a faca no pescoço".
Lewandowski, por sinal, foi o único que votou contra o relator com relação a José Dirceu, alegando que não havia indícios suficientes para acusá-lo de formação de quadrilha.
O relator, ministro Joaquim Barbosa, manteve a acusação do procurador-geral da República de que Dirceu era "o chefe da organização criminosa" do mensalão, no que foi seguido pela maioria do plenário.
Na mesma conversa telefônica com o irmão, Lewandowski deu a entender que pretendia discordar do relator em outros pontos, mas desistiu pela "pressão" da imprensa.
Agora, ele terá condições de exprimir todo o seu pensamento na revisão que fará do voto do relator, que ainda não foi proferido, mas já está adiantando sua posição ao anunciar que alguns crimes poderão prescrever, entre eles o de formação de quadrilha, do qual queria livrar o ex-ministro José Dirceu.
Este é um recurso muito usado por criminalistas, para evitar o julgamento, e tudo é feito sob a alegação de garantir o direito de defesa, quando o objetivo real é impedir que o julgamento se realize.
Nesses casos, "a prescrição é a absolvição", define o jurista Joaquim Falcão, diretor da Faculdade de Direito da Fundação Getulio Vargas do Rio.
O presidente do Supremo, ministro Cezar Peluso, tomou uma providência, depois da repercussão negativa das declarações de Lewandowski, que já poderia ter sido tomada há pelo menos um ano: a fim de facilitar a elaboração do voto, e evitar "riscos inerentes à inevitável delonga do processo", ele pediu que o relator, ministro Joaquim Barbosa, coloque à disposição dos colegas a íntegra dos autos, inclusive peças sigilosas.
O ministro Joaquim Barbosa ainda prepara seu relatório, mas está em mais uma de suas muitas licenças médicas, e não se sabe quando terá condições de distribuir os autos, muito menos quando apresentará seu voto.
Se não tem condições físicas para um trabalho tão penoso - e pelas suas últimas aparições parece que não tem mesmo, pois tinha que ficar em pé nas sessões devido a problemas de coluna -, o ministro Joaquim Barbosa deveria ter passado a tarefa para outro juiz, a fim de não atrasar ainda mais o processo.
O ministro Lewandowski disse na mesma entrevista outra coisa surpreendente: que terá que começar do zero ao receber o voto de Barbosa.
Como do zero, perguntam-se todos os que conhecem os procedimentos do Supremo. Se tivesse interesse em apressar os trabalhos, Lewandowski poderia ter pedido ao relator que lhe enviasse todos os documentos relativos ao processo, e acompanharia passo a passo a feitura do relatório, para ganhar tempo. Ainda dá tempo.
O ministro Joaquim Barbosa tomou, é verdade, algumas decisões que apressaram o andamento do processo.
Deu vistas coletivas, digitalizando todos os documentos, a fim de que os advogados dos 38 réus pudessem ter acesso ao mesmo tempo ao processo.
Outra medida para evitar protelações foi mandar ouvir as testemunhas em vários tribunais regionais, sem centralizá-los em Brasília.
Mas muitas outras medidas podem ser tomadas para acelerar o processo, e, depois da entrevista de Lewandowski, o Supremo está na obrigação de tomá-las e dar publicidade a elas.
Qualquer que seja o resultado do julgamento, se algum dos envolvidos na formação de quadrilha, ou outro crime que porventura prescreva na realização do julgamento, for condenado à pena mínima - condição para a prescrição da pena -, ficará a sensação na opinião pública de que tudo não passou de um conchavo para dar uma satisfação ao clamor popular sem ameaçar o condenado com a cadeia.
O melhor seria que o julgamento ocorresse em tempo hábil, sem que houvesse a ameaça de prescrição. Assim, a decisão dos juízes, seja ela qual for, poderá ser criticada, mas nunca colocada sob suspeição.

Migração da violência é tragédia nacional - EDITORIAL O GLOBO


O Globo - 16/12/11


Comparar estatísticas de violência no Brasil com o número de vítimas em guerras e conflitos armados em outros pontos do mundo é artifício recorrente quando se quer chamar a atenção para a barbárie nossa de cada dia. Mas não é possível evitar essas comparações toda vez que surgem novos levantamentos sobre a séria crise de segurança pública por que passa o país pelo menos desde o início da década de 80.

Como sempre, os dados impressionam: nos últimos 30 anos, aproximadamente 1,1 milhão de pessoas foram assassinadas, algo como toda a população de São Gonçalo, ou dez vezes as vítimas nos mais de oito anos da Guerra do Iraque, e tanto quanto os mortos no meio século de conflitos no Oriente Médio entre Israel e palestinos. No ano passado, 137 foram mortos por dia, pouco mais que a lotação de um Boeing da Ponte Aérea. As informações, contidas no Mapa da Violência, elaborado pelo Instituto Sagari, são o atestado da derrota do Estado brasileiro, em todas as suas instâncias, diante dessa selvageria. No período de três décadas, a população total cresceu 60%, enquanto os assassinatos, 258%. Num limite estatístico extremo, os brasileiros serão exterminados por eles próprios.

Não há apenas más notícias no levantamento - embora elas sejam abundantes. O mapa identifica avanços substanciais no Rio de Janeiro e em São Paulo - no passado, sinônimos de violência sem controle, principalmente o estado fluminense, com a Grande São Paulo não ficando muito atrás.

Políticas de segurança adequadas, inclusive inspiradas em projetos bem-sucedidos aplicados no exterior, conseguiram o que parecia impossível: na última década, a taxa de homicídios no Rio de Janeiro chegou a 51 por grupo de 100 mil habitantes - dez é o índice máximo aceitável pela Organização Mundial da Saúde -, o segundo mais elevado do país, mas retrocedeu para 26,2, o 17º maior, nível da média nacional; e a taxa de São Paulo caiu para 13,9 depois de ter chegado aos 42,2. Era o quarto estado mais violento, passou para vigésimo quinto. UPPs no Rio e, em São Paulo, trabalho integrado entre polícias, projetos sociais no ABCD, construção (e ocupação) de presídios, entre outras ações, têm sido essenciais.

A violência, porém, migra para o Nordeste. O despreparo dos aparatos de segurança pública na região torna o problema ainda mais sério. E não preocupa só a previsível migração de criminosos de onde a repressão se tornou eficiente. Também a chegada do crack com mais força em todo o país potencializa a crise de segurança nas cidades fora do Sul-Sudeste. Alagoas, com 66,8 mortes por 100 mil habitantes, lidera o ranking. Mas na Bahia, hoje sétimo estado mais violento, os assassinatos parecem aumentar sem controle, assim como em Pernambuco, quarto estado com mais homicídios.

A urgente tarefa do poder público é conter esta migração. É preciso replicar nos estados mais atingidos pela violência, com as devidas adaptações, as políticas seguidas com sucesso no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mais do que no passado, a participação ativa da União no combate à criminalidade é imprescindível. O papel do Executivo federal tem sido chave na pacificação do Rio, por exemplo. Falta, no mínimo, uma ação efetiva de coordenação do Executivo federal nessa transferência de técnicas para os setores de segurança do Nordeste. Caso contrário, as comparações com guerras ficarão cada vez mais dramáticas.

Nos olhos dos outros - RENATA LO PRETE

FOLHA DE SP - 16/12/11


Com o Planalto sinalizando que prefere entrar em 2012 sem Orçamento a vê-lo aprovado cheio de "bondades", parlamentares entraram em campo para tentar resolver rapidamente as principais pendências, convencidos de que sofrerão mais do que o Executivo se a votação não acontecer até a próxima semana.

Em ano eleitoral, contratos só podem ser firmados até 30 de junho. Quanto mais tarde a peça for aprovada, menos tempo haverá para atender demandas de deputados e senadores. "O que vamos dizer para nossas bases sem Orçamento?", pergunta o senador Walter Pinheiro (PT-BA). "Seria um tiro no próprio pé".

Menos... O Planalto avalia que as declarações de Robson Andrade, ex-presidente da Fiemg e atual da CNI, para explicar as consultorias de Fernando Pimentel mais atrapalham do que ajudam o ministro do Desenvolvimento.

...menos O próprio Andrade está desgostoso com seu envolvimento no caso.

Pedala Ao desembarcar hoje de Genebra, Pimentel se reúne com empresários em evento fechado seguido de almoço na Fiesp. Para tentar se contrapor à agenda negativa, o ministro assinará cooperação com a União Europeia.

Correria 1 Fechou o tempo na bancada do PSDB com as assinaturas de Fernando Francischini (PR) e Marchezan Jr. (RS) em favor de CPI proposta por Protógenes Queiroz (PC do B-SP) para investigar o conteúdo do livro "A Privataria Tucana", recheado de acusações a José Serra. Ambos se disseram "desafiados" pelo autor do pedido, que, em troca, subscreveu a CPI da Corrupção -esta, contra o governo, tem escassas chances de prosperar.

Correria 2 Tucanos procuraram Marco Maia (PT-RS). O presidente da Câmara os teria tranquilizado com o argumento de que a CPI carece de objeto específico, não podendo, assim, ser criada.

É festa! O PMDB comemorou em grande estilo a vitória de Jader Barbalho, autorizado pelo Supremo a assumir sua vaga no Senado. No cardápio do jantar, realizado na bela casa do senador Eunício Oliveira, à beira do lago Paranoá, risoto de lagosta e vinho Tignanello, cuja garrafa beira os R$ 500.

Vamos ver Jantaram no Palácio do Jaburu, na quarta, o pré-candidato Gabriel Chalita (PMDB) e o presidente do PSC, Pastor Everaldo. Com a bênção de Michel Temer, trataram da união das duas siglas na eleição paulistana. Falta combinar com o prefeito Gilberto Kassab (PSD), amigo do peito do PSC.

Trégua Detrator da aliança com o PSD, o tucano Bruno Covas foi só elogios ontem a Kassab na assinatura do protocolo que veta sacolas plásticas em supermercados.

Última instância Sem alarde, a Prefeitura de São Paulo recorreu anteontem ao pleno do TJ-SP contra a decisão do desembargador José Roberto Bedran. Ele manteve a exigência de nova licitação para a inspeção veicular ante a suspeita de fraude no contrato com a Controlar.

Contramão A base de Geraldo Alckmin rachou na investigação dos acidentes e congestionamentos na Imigrantes e no Rodoanel. Campos Machado (PTB) impediu a convocação dos representantes das concessionárias Ecovias e CCR, proposta pelo líder tucano, Orlando Morando, à Comissão de Transportes da Assembleia paulista.

Exponencial A Coordenadoria de Infância e Juventude do TJ-SP, que havia reagido aos míseros R$ 10 a ela reservados no Orçamento de 2012, receberá uma suplementação de R$ 10 milhões. O acordo foi fechado ontem entre líderes partidários.

Visita à Folha Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço.

com LETÍCIA SANDER e FÁBIO ZAMBELI

tiroteio

"A volta de Jader Barbalho apequena o Senado e aumenta a pressão sobre o STF. Se a Ficha Limpa não for validada, a sociedade terá razão em se queixar da Justiça."

DO DEPUTADO RUBENS BUENO (PPS-PR), sobre a autorização do Supremo para a posse do senador, cuja candidatura em 2010 foi impugnada porque, nove anos antes, ele se valeu da renúncia ao mandato para escapar da cassação.nove anos antes.

contraponto

Desafinado

Em jantar para festejar a aprovação da "PEC da Música", Fábio Ramalho (PV-MG) animava os deputados:

-Fiquem! O Fagner vai cantar!

Mas, quando este pegou o violão, Sílvio Costa (PTB-PE) tomou-lhe o instrumento e começou a cantar, afugentando os colegas. Mais tarde, o cantor até conseguiu recuperar o violão, mas então já quase não havia ninguém para ouvi-lo.