sexta-feira, outubro 07, 2011

ANCELMO GOIS - Resende, o novo ABC



Resende, o novo ABC
ANCELMO GOIS
O GLOBO - 07/10/11

A alemã MAN, que comprou a fábrica de caminhões e ônibus da Volkswagen em Resende, RJ, vai ampliar a produção de 70.000 para 150.000 veículos/ano.
O investimento será de R$ 2 bilhões.

ALIÁS... 
A região de Resende/Porto Real está se transformando numa espécie de ABC fluminense, pela concentração de indústrias automobilísticas.
Além da Peugeot/Citroën e da MAN, a região vai abrigar, como se sabe, nova fábrica da Nissan.

VIVE LA FRANCE! 
O que se diz é que a Tokio Marine chegou tarde, e a parte da ING na seguradora SulAmérica ficará com a francesa Axa.

MORTE DO GÊNIO 
A LeYa vai imprimir  mais 40 mil exemplares do livro Inovação, a arte de Steve Jobs, de Carmine Gallo.
Lançado aqui em junho, já vendeu mais de 35 mil cópias no país.

ILEGAL? E DAÍ? 
A prefeitura do Rio embargou obras irregulares em três grandes shoppings da cidade.
A saber: Rio Sul, Shopping da Gávea e Tijuca Shopping.

DONA INFLAÇÃO VOLTOU 
No Sorvete Itália, o preço do picolé pulou R$ 1,50 para R$ 2.

NO MAIS 
É como dizia Steve Jobs:
– Para se ter sucesso, é necessário amar de verdade o que se faz.

NEIL YOUNG EM LIVRO 
A Globo Livros comprou os direitos de publicação no Brasil da autobiografia do “rockstar” canadense Neil Young.
O livro, Waging heavy peace, ainda sem título em português, será lançado mundialmente em 2012.

PETROBRAS: US$ 1 BI 
Parece que a novela acabou, e a Venezuela será sócia na refinaria em Pernambuco. À Petrobras, que era contra, resta o consolo de embolsar US$ 1 bi da PDVSA até 30 de novembro.
É que, até agora, só a estatal brasileira tinha coçado o bolso.

GUEDES, O EDITOR 
O mercado editorial brasileiro ganhará uma nova graúda.
HSM Educação (leia-se Paulo Guedes) e Grupo RBS lançam este mês uma editora de livros voltados para executivos. Quer ser a maior do segmento no País.

MIRIAM LEITÃO - Fonte da ruptura


Fonte da ruptura
 MIRIAM LEITÃO
 O Globo - 07/10/2011

Com Steve Jobs o mundo teve sua chance de reencontro com o verdadeiro sentido da economia: alguém que, do nada, cria riqueza, empregos, inovações, produtos. Jobs mudou o cotidiano, anteviu necessidades ainda não sentidas, produziu criaturas sobre as quais nos perguntamos como foi possível a vida sem elas. É difícil imaginar uma área não afetada por esse furacão chamado Steve.

Jobs é daquelas pessoas que aparecem raramente. Sua capacidade de inovação, genialidade e intensidade estão sendo objeto de reflexão neste momento de perda. Ao pensar nele a gente vai se dando conta do quanto ele comandou as mudanças pelas quais passamos.

Steve Jobs criou conceitos novos, ampliou o existente. O smartphone não foi invenção dele, mas o iPhone levou adiante as possibilidades do telefone inteligente; o tablet não foi criatura da sua empresa, mas o iPad redefiniu e ampliou o conceito. Ele não ficou só nos artefatos, porque o iTunes e o iPod redefiniram a indústria da música. A Pixar, de laboratório de efeitos especiais de George Lucas, virou o centro do novo cinema gráfico.

A imprensa está hoje repleta de reflexões inteligentes sobre a inteligência de Jobs e como isso alterou cada atividade econômica. É impossível separar, por exemplo, Steve Jobs do jornalismo como nós o conhecemos hoje. O especialista em mídia digital Jeff Sonderman publicou, na época da renúncia de Jobs, um artigo republicado agora no "Poynter." Na sua visão, nos últimos anos, a Apple de Jobs conseguiu ao mesmo tempo ajudar, transformar e criar uma ruptura na mídia. O título é um bom resumo da tese: "Como Steve Jobs mudou (mas não salvou) o jornalismo."

O jornalismo vive o desconforto das revoluções que ao mesmo tempo destroem conceitos, criam novos, e ampliam incertezas. A travessia nos últimos anos foi pontuada pela presença das infernais e geniais criaturas de Jobs. "O iPhone e o iPad criaram tendências inescapáveis. Eles não são apenas artefatos, mas toda uma nova categoria de produtos da economia do conteúdo", escreveu o especialista.

É avassaladora a presença dele em inúmeras áreas, sem dúvida, mas o interessante é também o fato de que ele incorpora uma figura indispensável à economia e ao capitalismo: o criador de eventos, produtos, necessidades e transformações. Sua ausência vem no meio de uma profunda crise econômica e num momento em que os Estados Unidos precisam reencontrar sua capacidade de criar inovadores. Em décadas passadas a economia americana permitiu o aparecimento de gênios que encubaram revoluções em garagens. Essa é a parte mais brilhante do país.

Hoje a economia mundial vive os danos causados pelas criaturas perigosas e tóxicas nascidas no mercado financeiro. Faz pouco sentido demonizar o mercado; as inovações e produtos financeiros permitiram geração de poupança, sustentaram negócios da economia real, protegeram iniciativas em todas as áreas produtivas. Mas é inegável que a crise está drenando as forças da economia americana e mundial. É lá que riquezas desaparecem e os bancos são salvos com dinheiro público em nome do bem coletivo.

A Apple afundou no período "jobless": quando seu fundador se afastou da empresa. Prejuízo, perda de capacidade inovadora, queda de valor de mercado foram o final daqueles anos sem Steve Jobs. Sua volta produziu o melhor momento da companhia. Curioso é que a Apple não foi ao governo americano pedir para ser socorrida alegando ser um símbolo nacional. Fez o mais racional: chamou seu mago de volta. Steve Jobs voltou melhor do que saiu. É como se no período em que esteve ocupado com efeitos especiais, toy stories da Pixar e os softwares da NeXT uma parte do seu cérebro estivesse voltada para a Apple, vendo-a de fora. E assim, ao voltar, ele soube entender melhor a natureza da empresa que criou, e ela, como nunca, passou a oferecer complexidades simples para o usuário. O que era sofisticado tecnologicamente tinha que virar algo capaz de ser entendido por uma criança. Meu neto Daniel, de um ano e meio, está convencido de que o melhor brinquedo do mundo é o iPad de seu pai. Os adultos descobrem todas as outras dimensões do brinquedo.

As lições do evento da queda e ascensão da Apple, do período com e sem Jobs, ensinam um pouco sobre a economia de mercado, como ela deve ser. A teia protetora do Estado, que no Brasil - mas não só aqui - salva empresas quando elas se enfraquecem, impede a saída encontrada pela Apple. Se a empresa sobreviverá ao desaparecimento da sua figura central é menos importante. O relevante é entender que será vitoriosa no futuro a economia que permitir inovações que promovam rupturas. O capitalismo mostrou mais capacidade de fazer isso ao longo da história dos saltos tecnológicos recentes, mas até nisso é preciso cuidado. "Não se deixe cair na armadilha dos dogmas, o que pode significar viver com o resultado do pensamento do outro", disse Steve Jobs, certa vez.

A história de Jobs mostra que é preciso liberar a força criativa na economia. E que o medo do fracasso - como o que rondou a Apple - pode ser o melhor impulso para o salto. Saber, como os bancos sabem hoje, que todos serão salvos ao final pelo Fed ou pelos Fundos de Estabilização não faz bem à economia.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Bieber e confusão
SONIA RACY
 O Estado de S.Paulo - 07/10/2011

Justin Bieber e Selena Gomez ficaram decepcionados, segunda à noite, com a “falta de profissionalismo” no Galeão. Kenny Hamilton, segurança nº 1 e amigo do cantor, classificou a experiência como“ a pior já vivida em um aeroporto”. A queixa foi parar no gabinete de Eduardo Cardozo, da Justiça. O relato descreve cerca de 50 crianças, em área restrita da imigração, que o fotografavam sem serem incomodadas pelos agentes. No guichê, funcionários nas cabines prosseguiram com o assédio digital. Ao reclamar, Hamilton teria sido ameaçado de deportação e/ ou prisão.

Outro lado
A PF reconhece a tietagem das crianças, mas informa que elas desembarcaram no mesmo horário do ídolo. Por isso estavam na área restrita. Mas não confirma o assédio por parte dos funcionários.

Indiscreto 
Cesare Battisti foi assunto vetado, anteontem em Roma, durante almoço oferecido por Gianfranco Fini, presidente da câmara italiana, a um pequeno grupo de políticos italianos e brasileiros. Entre os comensais,Marco Maia, presidente da Câmara, e Ricardo Tripoli, líder do Grupo Parlamentar Brasil/Itália. A certa altura, um assessor de Fini entregou-lhe papéis com um menu de assuntos. Num deles lia-se “Battisti”. O italiano retrucou: “Questo no”. E, assim, preservou o bom clima da conversa.

Butim da Mônica 
A revista Alfa, que chega hoje às bancas, traz trecho inédito do livro O Cofre do Dr. Rui, de Tom Cardoso. Sobre o assalto ao ex-governador paulista Adhemar de B arros,em1969, revela que Dilma organizou a partilha do butim, cuidando da distribuição de armas, munição, documento se dinheiro.

Butim 2 
O estilo “gerentona” da moça de 22 anos agradou o capitão Carlos Lamarca, líder do VAR-Palmares. Ele logo a apelidou de... Mônica, personagem então recém-criada por Mauricio de Sousa.

Pela causa
Plínio de Arruda Sampaio mostrou-se resistente na estreia do Théâtre du Soleil, no Sesc Belenzinho, anteontem. Enfrentou fila para pegar ingresso e quatro horas de peça. Tudo para assistir ao espetáculo comunista Os Náufragos da Louca Esperança.

Numa só 
As prévias tucanas na cidade de São Paulo devem ser decididas em turno único. O diretório municipal do partido não vai acatar resolução do PSDB estadual, que prevê segundo turno.

Água de coco 
Embora os ministros do STF pleiteiem salários de Suprema Corte americana, o ritmo de trabalho em Brasília está light. Nada de palpitante deve ser incluído na pauta até quinta-feira, em razão de viagem de Gilmar Mendes e da licença médica de Joaquim Barbosa. Sem falar na vaga de Ellen Gracie, aposentada, que continua aberta.

Moviola 
João Daniel Tikhomiroff saiu satisfeito da Mipcom, em Cannes. Apresentou projetos de sua Mixer a diversos produtores, que gostaram das séries Julie e os Fantasmas e Escola para Cachorros.

GOSTOSA


ILIMAR FRANCO - Expondo Dilma


Expondo Dilma
ILIMAR FRANCO 
O GLOBO - 07/10/11

O governador Sérgio Cabral e os parlamentares do Rio vão continuar puxando a presidente Dilma para o centro do debate dos royalties. É tudo o que ela não quer. A presidente gostaria de atravessar a polêmica como se nada tivesse com isso. Não quer comprometer os 60% de votos que teve no estado em 2010. Os políticos do Rio dizem que elegeram Dilma pensando que o governo Lula ia continuar, mas que agora a realidade é outra.

A Fazenda dá a palavra final Os senadores do Rio relatam que já teriam chegado a um acordo sobre a divisão dos royalties entre produtores e não produtores, não fosse a interferência do Ministério da Fazenda. Os senadores Francisco Dornelles (PP-RJ) e Wellington Dias (PT-PI) fizeram uma proposta que tinha como base o aumento dos royalties de 10% para 20%. O secretário-executivo da Fazenda,Nelson Barbosa, vetou,dizendo que o governo não aceitava nada que atingisse a Petrobras. Desde então, a equipe do ministro Guido Mantega, único autorizado pela presidente Dilma a negociar, monitora os passos do relator, senador Vital do Rego (PMDB-PB).


O Sérgio Cabral não é um bom interlocutor. A Dilma tem ciúme dele com o Lula. Além disso, o Lula convidou o Cabral para ser vice da Dilma e ele não aceitou" - Marcelo Crivella, senador (PRB-RJ)

COMEÇOU BEM. Pré-candidato oposicionista à Presidência da Venezuela, Leopoldo López, na foto, ao centro, veio ao Brasil pedir o apoio do DEM à sua empreitada. O partido sobrevive a duras penas, depois de perder quadros para o novo PSD, criado pelo prefeito Gilberto Kassab (SP). Na foto, López aparece com o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), e a única governadora demista, Rosalba Ciarlini (RN).

Expondo DilmaO governador Sérgio Cabral e os parlamentares do Rio vão continuar puxando a presidente Dilma para o centro do debate dos royalties. É tudo o que ela não quer. A presidente gostaria de atravessar a polêmica como se nada tivesse com isso. Não quer comprometer os 60% de votos que teve no estado em 2010. Os políticos do Rio dizem que elegeram Dilma pensando que o governo Lula ia continuar, mas que agora a realidade é outra.

A Fazenda dá a palavra finalOs senadores do Rio relatam que já teriam chegado a um acordo sobre a divisão dos royalties entre produtores e não produtores, não fosse a interferência do Ministério da Fazenda. Os senadores Francisco Dornelles (PP-RJ) e Wellington Dias (PT-PI) fizeram uma proposta que tinha como base o aumento dos royalties de 10% para 20%. O secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, vetou, dizendo que o governo não aceitava nada que atingisse a Petrobras. Desde então, a equipe do ministro Guido Mantega, único autorizado pela presidente Dilma a negociar, monitora os passos do relator, senador Vital do Rego (PMDB-PB).

Não colouAs mudanças admitidas ontem pelo relator da reforma política, deputado Henrique Fontana (PT-RS), não resolvem o impasse. "Não tem a menor condição. Não sai do canto", disse o líder do PMDB, deputado Henrique Alves (RN).

No scriptAliados da senadora Marta Suplicy (PT-SP) reconhecem que a candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo "ganhou corpo". Isso enfraquece Marta e o deputado Carlos Zarattini. Mas alertam: "O jogo não está jogado".

O PMDB COMEMORA. Os senadores emplacaram Fernando Passos na diretoria Financeira do Banco do Nordeste e o deputado Isidro Moraes de Siqueira na diretoria de Controle e Risco.

PARLAMENTARES mineiros estiveram ontem com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), reforçando a indicação da desembargadora Assusete Magalhães para o STJ.

O PT vai transformar a comemoração de seu aniversário, em fevereiro, em uma conferência eleitoral com vistas às eleições municipais. Reunirá os pré-candidatos e atuais prefeitos.

Suando a camisaEm obstrução para tentar impedir a votação da redistribuição dos royalties do petróleo, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) pediu verificação de quorum da votação de uma Medida Provisória. O presidente do Senado, JOSÉ SARNEY (PMDB-AP), disse que não, porque não havia o intervalo mínimo de uma hora desde a verificação anterior, o que é exigido pelo regimento. "Tinha visto a votação às 17h45m. São 18h46m", contestou Lindbergh. E Sarney: "O computador nosso dá 17h47m57".

Apoio da oposiçãoO líder da Minoria no Congresso, deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), sai em defesa da proposta Dornelles para a redistribuição dos royalties do petróleo: "Ela tira mais da União e distribui melhor os recursos entre os estados".

A Fazenda é contraO PT quer aumentar de 7,5% para 9% a contribuição da União para o Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público.
E que a União entre com até 3% no caso de servidor que ganha menos do que o teto do INSS.

MARIA CRISTINA FERNANDES - Pela grelha de alumínio do Ibirapuera

Pela grelha de alumínio do Ibirapuera
MARIA CRISTINA FERNANDES
VALOR ECONÔMICO - 0710

Os paulistas escolheram a principal data da política regional para nomear o prédio da Assembleia Legislativa. Concebido em 1961, é o projeto de um Brasil que se modernizava que acabou sendo inaugurado - e batizado - sete anos depois sob a regência do AI-5.
O Palácio Nove de Julho abriga os presidentes estaduais de quatro partidos, PT (Edinho Silva), PSDB (Pedro Tobias), PMDB (Baleia Rossi), PTB (Campos Machado) e o nacional dos petistas, Rui Falcão.
Esta elite política estadual foi forjada na tradição, celebrada na revolução constitucionalista de 1932, de que São Paulo, por ter se desenvolvido em contraposição à tutela colonial, é o berço da democracia liberal tupiniquim.

Crise na Assembleia revela cisma na base política de Alckmin
Do bloco envidraçado recoberto por uma grelha de alumínio, avista-se o Ibirapuera, mas o parque não tem qualquer integração com a Casa. Poucos lembram que passaram pela chancela da Assembleia políticas que afetam diretamente o dia a dia dos paulistas.
Foi lá que, nos anos 1990, se autorizou a venda das energéticas paulistas, dando início à política nacional de privatização do setor elétrico, e do maior banco estatal até hoje posto à venda no país (Banespa). Sem as estatais, São Paulo passou a falar mais fino na Federação.
O PSDB fez esta transição sem largar o osso. Do vozerio que se ouve na Assembleia Legislativa, reporta-se um ativo comércio de emendas parlamentares, mas é da permanência do PSDB no poder que se trata.
O mensalão petista prosperou em meio à luta interna do partido com a ampliação da base lulista.
As denúncias em curso no Legislativo paulista têm menos chance de prosperar porque em duas décadas de tucanos no poder nunca houve CPI digna desse nome. A maioria governista e o regimento interno da Casa da democracia liberal paulista favorecem a que CPIs fictícias bloqueiem investigações propostas pela oposição.
Ainda que frustrada a CPI, as denúncias revelam mal-estar crescente que ameaça a base do governador Geraldo Alckmin e pode acabar engordando as hostes do prefeito Gilberto Kassab.
Não é uma ameaça desconhecida para Alckmin. Em 2005, quando governava o Estado pela segunda vez, enfrentou uma grande derrota na eleição para a Presidência da mesa diretora da Assembleia. Perdeu para o DEM que, no ano anterior, havia colocado Kassab na chapa de José Serra à Prefeitura de São Paulo.
O confronto prosseguiu na sucessão municipal seguinte quando Alckmin se apresentou contra a reeleição de Kassab que havia sido deixado no posto de prefeito por Serra.
Ao se apresentar para voltar, pela terceira vez, ao governo do Estado, Alckmin tratou de costurar com o DEM, dando ao partido a vaga de vice (Guilherme Afif) na chapa e convidando estrelas do partido, como o deputado que o havia derrotado na mesa da Assembleia, Rodrigo Garcia, para seu secretariado.
O que não parecia estar no roteiro era a força adquirida por Kassab com o novo partido. Talvez não seja uma coincidência que o PTB, partido mais ativo na contestação judicial do PSD, também seja a filiação de Roque Barbiere, o deputado que, contratado para assar o leitão, ameaça atear fogo à Casa.
Aliado de primeira hora de Alckmin, o PTB alveja os poderes do presidente da Assembleia, Barros Munhoz, um tucano que continua a defender a competitividade de José Serra na eleição presidencial de 2014.
Se tem algo que Alckmin já deixou claro nessa sua volta ao Bandeirantes é que não haverá colisão entre seu projeto e o da presidente da República.
No final do mês, Dilma Rousseff deve voltar pela terceira vez ao Palácio dos Bandeirantes - onde Luiz Inácio Lula da Silva não pisou enquanto Alckmin foi governador- para lançar uma parceria na área de habitação.
Foi-se o tempo em que o presidente da República ouvia gritos de "Alckmin presidente" em eventos com o empresariado paulista como aconteceu com Lula. Centenas de canteiros de obras de conjuntos habitacionais terão, lado a lado, as placas do "Minha Casa Minha Vida" e do "Casa Paulista", programa lançado por Alckmin para selar parceria com Dilma no setor.
Por isso, não parece haver dúvidas no seu entorno de que o governador pretende ficar onde está em 2014.
Enquanto o adversário é o PT, as disputas têm sido mornas. O único segundo turno paulista de que o PT participou foi em 2002 com José Genoino.
O momento mais delicado da renovação das duas décadas dos tucanos em São Paulo se deu justamente contra o bloco de forças que hoje se reagrega em torno de Kassab.
Foi em 1998 que Paulo Maluf pôs mais de um milhão de votos à frente de Mário Covas, que só reverteu a disputa no segundo turno porque Marta Suplicy despejou 3 milhões de votos no seu palanque.
O xadrez de Alckmin também tem petistas e os herdeiros do malufismo que se abrigam no PSD.
PT e PMDB já fizeram um acordo de apoio mútuo no segundo turno que recebeu publicidade inversamente proporcional à sua importância para 2012.
O prefeito é o eleitor potencialmente mais forte de sua sucessão, mesmo com uma popularidade arranhada como a de Kassab.
Se o PSDB não conseguir convencer Serra a disputar, Kassab deverá optar por Guilherme Afif, que, além do peso da máquina municipal, tem competitividade testada na eleição ao Senado.
Como vai disputar o mesmo eleitorado dos tucanos na capital, é improvável que PSD e PSDB se confrontem no segundo turno. Dado que os quatro pré-candidatos tucanos não impressionam pelo histórico eleitoral, não se deve desprezar as chances de Afif.
Alckmin pode vir a ter que escolher entre o palanque de Haddad/Chalita de um lado, e o do PSD, ameaça potencial a seus planos de 2014, no outro. Não é difícil imaginar por qual optaria.
Esse xadrez não facilita a coesão da base do governador que assiste à fratura do campo político em que colhe votos.
Não deixa de ser uma ironia que o PSD, partido que está amplificando o vozerio do escândalo das emendas parlamentares na Casa do nativismo paulista, se filie às hostes federais. É isso que se avista pela grelha de alumínio do Ibirapuera.

RAYMUNDO COSTA - Fux entra na lista de padrinhos que disputam indicação ao STF


Fux entra na lista de padrinhos que disputam indicação ao STF
RAYMUNDO COSTA
VALOR ECONÔMICO - 07/10/11


A presidente Dilma Rousseff deve indicar nos próximos dias o nome do substituto da ministra Ellen Gracie no Supremo Tribunal Federal (STF), que pediu aposentadoria em agosto. Dilma quer uma mulher para a vaga. A definição do nome do novo ministro e sua recomendação ao Senado era esperada para o fim de setembro, mas a presidente decidiu esperar por ainda não ter segurança sobre o nome a ser escolhido, segundo informação que circula no PT e nos meios jurídicos de Brasília.
Há muitas candidatas ao cargo, mas também muitos padrinhos atuando nos bastidores. Entre os mais conhecidos, tentam influenciar a decisão da presidente o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, o ministro do STF Luiz Fux e o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Advogados que atuam nos tribunais superiores avaliam que o Supremo se ressente de um ministro mais especializado em matéria penal.
Duas ministras do Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma do Superior Tribunal Militar (STM) e uma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) frequentam todas as listas e seguramente estão sendo consideradas por Dilma: Fátima Nancy Andrighi e Maria Thereza de Assis Moura, do STJ, Maria Cristina Peduzzi, vice-presidente do TST, e Maria Elizabeth Rocha, do STM.
Nos últimos dias, um novo nome passou a circular no Judiciário: Heloisa Helena Barbosa, professora de Direito Civil na Universidade do Rio de Janeiro, colega de turma e coautora de trabalhos com o ministro do STF Luiz Fux. O ministro do Supremo é um dos principais defensores da indicação da colega para a cadeira de Ellen Gracie, vaga desde agosto.
Outra ministra do TST, Rosa Maria Weber, gaúcha - Ellen Gracie, apesar de ser carioca fez carreira jurídica no Rio Grande do Sul - também passou a ser mencionada como candidata à vaga, com o apoio do governador do Estado, Tarso Genro.
O ex-marido da presidente Dilma Rousseff, Carlos Araújo, também teria aderido à candidatura da ministra trabalhista. A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho também divulgou nota de apoio à gaúcha.
No governo, a informação é que a presidente Dilma pretende indicar um nome de reconhecida formação jurídica, de sólidos conhecimentos técnicos. Isso ocorreu em fevereiro passado, quando foi indicado Luiz Fux. Ou seja, um juiz de formação técnica e não política. Esse fato, no entanto, não diminui as chances da ministra Maria Elizabeth Rocha, do STM, que trabalhou com a presidente na Casa Civil da Presidência da República, pois também é considerado um nome técnico e de boa formação jurídica.
Ellen Gracie foi a primeira mulher no Supremo Tribunal Federal, indicada em 2000 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ela também presidiu o STF, em 2006. Em agosto deste ano, Ellen Gracie decidiu antecipar sua aposentadoria, prevista para ocorrer somente em 2018, deixando a Corte com apenas 10 ministros.

RAQUEL ULHÔA - Senador capixaba compara guerra dos royalties ao nazismo



Senador capixaba compara guerra dos royalties ao nazismo
RAQUEL ULHÔA
VALOR ECONÔMICO - 07/10/11


Em discurso da tribuna, o Senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) disse que os Estados produtores de petróleo estão sendo "esmagados" no embate em torno dos royalties. Comparou a articulação dos não produtores para mexer na distribuição atual da receita, hoje concentrada no Rio de Janeiro e Espírito Santo, a uma ditadura da maioria e ao nazismo. Ele vê um "clima perverso" de guerra federativa.
"Quando a maioria se arvora ao direito de esmagar a minoria, saímos, então, do terreno da democracia para o terreno da ditadura, da simples tirania. Tomemos como exemplo extremo o caso da Alemanha nazista, onde a maioria apoiou a perseguição, o massacre de judeus, negros e homossexuais", disse.
Segundo ele, a minoria não pode ser "atropelada e esmagada pelo rolo compressor de uma maioria que, circunstancialmente, está ignorando direitos previamente pactuados". O capixaba referiu-se à proposta, em negociação no Senado, de alterar a distribuição dos royalties e participação especial dos campos já licitados, cuja arrecadação hoje faz parte da receita dos Estados produtores.
O Senador criticou a concentração de poderes e de recursos tributários no governo federal, que, na sua opinião, distorce o pacto federativo, por comprometer a receita e a autonomia dos Estados. Disse que desigualdades regionais não serão combatidas "desorganizando a economia dos Estados produtores".
Ferraço lembrou que a Constituição estabelece compensação financeira para Estados e municípios, pela exploração de petróleo ou gás natural, recursos naturais, recursos hídricos para fins de geração de energia no seu respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva. Compensação, segundo ele, pelos impactos sociais, econômicos e ambientais provocados pela operação.
Para o Senador, "a ambição da maioria" faz com que os não produtores esqueçam que o artigo 155 da Constituição determina que o ICM sobre energia elétrica, petróleo e derivados seja cobrado no Estado de destino e não no de origem, como é regra. Ou seja, Estados produtores ficam com a maior fatia de royalties, mas abrem mão da receita do ICMS do petróleo e derivados.
Ferraço afirmou que qualquer mudança isolada e "casuística" na partilha de receitas tributárias geraria desequilíbrio sistêmico e quebra do princípio federativo, além de causar insegurança jurídica. "O que a maioria quer impor à minoria é a mudança das regras do jogo em pleno jogo. É rasgar contratos juridicamente perfeitos, que estão em pleno vigor, o que compromete de maneira assustadora e perversa o equilíbrio fiscal e os programas de investimento já em curso de Estados e municípios produtores."
Ferraço disse que o Senado, como "guardião da unidade nacional", tem que buscar um caminho equilibrado nas negociações até dia 19 de outubro, data prevista para a votação do projeto no Senado.

MONICA B. DE BOLLE - Pecadores, imperitos e impiedosos



Pecadores, imperitos e impiedosos
MONICA B. DE BOLLE
O Estado de S. Paulo - 07/10/2011



O pecador corre para a pedra, mas a pedra não pode escondê-lo. Corre para o rio, corre para o mar, mas ambos fervem e sangram. Corre para o Senhor e suplica pela sua ajuda, mas o Senhor ordena que procure o Diabo. O Diabo já o aguardava (Sinnerman, Nina Simone).

Os bancos. De novo. Mas desta vez na Europa, que não é o centro do sistema financeiro internacional, ao contrário dos EUA. Isso não quer dizer que uma corrida contra os bancos europeus não possa causar estragos consideráveis no sistema financeiro global, ainda que sejam, potencialmente, de menor magnitude do que os provocados pela falência das grandes instituições americanas.

Diferentemente de 2008, desta vez os culpados pela turbulência bancária são conhecidos. Não são ativos exóticos que ninguém sabe precificar, cujo risco é opaco e praticamente imensurável. São títulos de dívida soberana, em alguns casos, impagáveis, resultado da gula insaciável de certos governos europeus. Estão nos balanços dos bancos não porque esses pecaram pela avareza, como as instituições americanas, mas porque cometeram um erro de julgamento. Acharam que o risco de carregar esses títulos era baixo, seja pelo fato de os países emissores pertencerem à zona do euro, seja por acreditarem que uma crise de dívida devastadora não se materializaria.

A crise bancária/fiscal da zona do euro está ganhando força, pois, na avaliação dos investidores, os líderes da região continuam a pecar pela preguiça e negligência. E os mercados são impiedosos com a letargia. Os problemas bancários que hoje afligem a eurozona são o reflexo de uma crise mal resolvida. Já que em 2008 os bancos europeus não estavam no centro da crise, os líderes não se sentiram compelidos a tomar atitudes mais drásticas, como fizeram as autoridades americanas. Ainda que, naquela altura, alguns bancos, como o franco-belga Dexia, que agora será reestruturado, tenham tido problemas sérios, os europeus resolveram enfrentar a crise com uma abordagem pontual, concentrando-se só nas instituições mais frágeis. Mas com a crise fiscal plenamente instalada na Europa essa estratégia já não é mais possível. É preciso adotar uma abordagem sistêmica, abrangente.

Como? Há diversas propostas em circulação. Mas, curiosamente, não surgiram, como ocorreu em 2009, planos de estatização bancária com a criação de um veículo para abrigar os títulos soberanos problemáticos. No caso europeu, os recursos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef), com alguma ajuda adicional do FMI e do Banco Central Europeu (BCE), poderiam ser usados para fazer uma grande operação de saneamento bancário nos moldes do que fez a Suécia nos anos 90. Criar-se-ia um veículo para administrar os ativos que geram grande desconfiança dos investidores em relação à higidez dos bancos. Uma vez que esses ativos tenham sido retirados dos balanços dos bancos mais frágeis, os governos que ainda tiverem espaço para emitir títulos estatizam e recapitalizam suas instituições. Os que não tiverem essa capacidade se submetem às condições estabelecidas pelo Feef e pelo FMI para acessar os recursos para recapitalizar bancos e/ou conseguir que eles comprem títulos soberanos nos mercados secundários.

No fim, todas as instituições com graves problemas de capital seriam, integralmente ou não, estatizadas pelos governos. O mecanismo é muito parecido com as propostas discutidas em 2009 para resolver a crise americana. Na época, a ideia foi rechaçada pelas autoridades dos EUA, pois a perspectiva de estatizar o sistema bancário era politicamente inviável. Mas na Europa é diferente. Muitas das instituições sob intenso escrutínio dos mercados já têm participação estatal, como o Dexia.

É imperativo que os políticos europeus façam como o pecador e comecem a correr. E também que deixem de procurar pedras para se esconder, pois os mares e os rios dos mercados já estão sangrando. Não é impossível evitar a reprise de 2008, desde que haja perícia, ousadia e alguma piedade dos mercados. Piedade, neste caso, é sinônimo de paciência.

GOSTOSA


CELSO MING - Operação blindagem



Operação blindagem
CELSO MING
O ESTADÃO - 07/10/11


Os dirigentes europeus, tão lentos e pouco empenhados em encontrar soluções para o endividamento dos Estados e para consertar o euro, passaram a dar regime de urgência à necessidade de providenciar a recapitalização de seus bancos.

Cresceu o risco de crise de confiança bancária. Nesta semana, o Dexia teve de receber uma transfusão dos governos da França e da Bélgica. Há três meses, esse foi o 12.º mais bem classificado entre os 91 bancos submetidos a teste de estresse pelas autoridades encarregadas da supervisão bancária. Três meses depois, está quebrado. A partir daí cabem duas perguntas: (1) de que valem esses testes de estresse; e (2), se foi assim com o 12.º colocado, o que será dos outros 90?

Não é só a perspectiva, ainda que parcial, de calote grego (dívida de 350 bilhões de euros) que ameaça os bancos europeus de naufrágio. Se a Grécia tomar esse rumo, fica bem mais difícil evitar que outros países da periferia do euro (sobretudo Portugal, Irlanda, Itália e Espanha) façam o mesmo.

Os bancos mantêm um equilíbrio delicado entre passivos (depósitos e aplicações dos clientes) e ativos (empréstimos e financiamentos). Devem a curto prazo e dão créditos a mais longo. Se correntistas correrem em massa para buscar seu dinheiro, boa parte emprestada, não estará lá e voltará apenas a prazo e, geralmente, em suaves prestações mensais. Por isso, os bancos têm de trabalhar com forte estrutura de capital para aguentar o tranco em tempos de crise de confiança, como a que começa a pintar agora.

Quando quebrou, em setembro de 2008, o Lehman Brothers provocou tamanho estrago que por pouco não levou para baixo, em abraço coletivo de afogados, uma penca de instituições dos dois lados do Atlântico.

Os tais testes de estresse divulgados em julho indicavam que somente oito bancos precisavam ser capitalizados e, ainda assim, com quantias que não passavam de 2,5 bilhões de euros.

Há duas semanas, quando avisou que os bancos europeus careciam de 200 bilhões de euros em reforço de capital, o Fundo Monetário Internacional (FMI)foi duramente questionado. Agora, líderes europeus, como a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Barroso, já admitem que os recursos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) - inicialmente restritos ao socorro de Tesouros de Estado - também devem ser usados para recapitalizar os bancos.

Como tanta coisa nesta crise, o problema começa como se fosse um tantinho, mas logo se transforma em tantão. Os tais 200 bilhões de euros para capitalizar os bancos, como indicou o FMI, levam jeito de ser uma conta destinada apenas para início de conversa. Só o Dexia tinha 180 bilhões de euros em "lixo tóxico". E, no entanto, o EFSF será dotado de somente 440 bilhões de euros.

Até agora, França e Alemanha relutavam em acudir os bancos, ainda mais às vésperas das eleições. A população tem dificuldade em aceitar que, em tempos tão duros e de dinheiro tão apertado, centenas de bilhões de euros do contribuinte tenham de ser despejados para escorar os bancos. A rapidez com que, apesar disso, a opinião dos dirigentes está mudando é outro indício do tamanho da encrenca.

CONFIRA

Não é tudo. A recapitalização dos bancos europeus que, provavelmente, será estendida também aos americanos, não basta. Se corretamente aplicada, apenas completará o capital necessário dos bancos para dar cobertura à sua atual carteira de ativos. Não eleva sua capacidade de financiamento. Logo, crédito novo que implique expansão dos ativos precisaria de mais capital.

Efeito paliativo. Se bem feitas, a recapitalização dos bancos europeus e a recompra de títulos da zona do euro pelo EFSF apenas apagarão focos localizados de incêndio. Não removem as causas da crise atual. Elas exigirão tanto o saneamento dos Estados excessivamente endividados como a refundação da moeda única, o euro.

Deixou de ser. A professora da Fundação Getúlio Vargas e economista Vera Thorstensen pede uma retificação no texto da Coluna passada: há um ano e meio não integra mais a missão do Brasil na Organização Mundial do Comércio, em Genebra.

HÉLIO SCHWARTSMAN - Gulash parlamentar



Gulash parlamentar
HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 07/10/11 

SÃO PAULO - O vínculo entre emendas parlamentares e maus hábitos políticos não é novo nem uma exclusividade paulista ou brasileira.
Nos EUA, elas são conhecidas como "pork barrel", numa referência ao barril de porco com o qual proprietários rurais de vez em quando presenteavam seus escravos.
Na Suécia ganham o nome de "valfläsk" (promessas eleitorais) e, na Finlândia, "siltarumpupolitiikka" (política de esgoto). Para os romenos, elas são "pomeni electorale" (esmolas eleitorais). Mais afeitos a seus estômagos, poloneses as chamam de "kielbasa wyborcza" (salsicha eleitoral), e tchecos, de "predvolebni gulash" (gulash pré-eleitoral).
Os nomes mudam, mas a ideia central é uma só: políticos se valem de dinheiro público para auferir vantagens eleitorais para si próprios.
Apesar de disseminada, a prática é deletéria. Para começar, ela favorece a corrupção, como agora nos ensina o deputado estadual paulista Roque Barbiere. Mas, mesmo que ninguém desviasse um centavo, ainda sobrariam distorções indesejáveis.
É um contrassenso econômico dispersar em milhares de projetos paroquiais recursos que produziriam resultados mais palpáveis se investidos em planos coerentes de longo prazo.
Igualmente grave, a utilização de verbas públicas em favor de candidaturas privadas introduz uma perversão no sistema representativo, conferindo aos atuais parlamentares uma enorme vantagem eleitoral em relação a seus potenciais adversários.
Não acredito muito em deuses, bruxas ou reforma política. Mas, se existe uma medida simples que ajudaria a aprimorar os hábitos parlamentares do país, seria colocar em prática os dispositivos constitucionais que já obrigariam legisladores a apontar a origem dos recursos para as despesas que criam.
O deputado até pode patrocinar aquela pontezinha que lhe rende votos, mas terá de definir se vai financiá-la cortando dinheiro da saúde, da educação ou do leite das crianças.

ELIANE CANTANHÊDE - Steve, "the killer"



Steve, "the killer"
ELIANE CANTANHÊDE 
FOLHA DE SP - 07/10/11

BRASÍLIA - Ao inventar a família iPod, iPhone e iPad, Steve Jobs de certa forma assassinou todo o resto, do relógio às filmadoras, e se tornou uma ameaça autofágica ao próprio laptop. Logo ele, o pai do computador pessoal, aquele que ganha formas personalizadas, apesar de ter a mesma base para todos.
Você não precisa mais ter relógio, nem de pulso nem de parede, a não ser como enfeite ou símbolo de status. O iPhone já tem relógio, que se atualiza automaticamente onde quer que você esteja, seja em Brasília, seja em Caracas, seja em Washington.
E a internet, com o mundo inteiro à sua disposição, acorda, almoça, janta e dorme com você. E para você. Ninguém precisa também de câmera e de álbum de fotos. Nem de filmadora. Nem de calculadora. Nem de rádio. Nem de gravador. O iPhone já tem. E a TV que se cuide! Só sobrevive pelo tamanho da tela. Por ora.
Ainda não comprou GPS? Nem compre. O iPhone tem. Previsão do tempo? Agenda de telefone? Agenda de compromissos? Calendário? Nada disso. O iPhone já tem.
O iPad, como a Apple diz, "é o iPhone sem o Phone". E ambos estão deixando o próprio laptop para trás, com seu peso, sua mochila, seu abre e fecha... Em pouco tempo, você não vai precisar de laptop para pesquisar, escrever, arquivar. O iPhone faz. E o iPad, melhor ainda.
Steve Jobs foi um gênio que uniu inteligência vibrante, senso prático, design, marketing, empreendedorismo. O danado ainda tinha carisma e se dava ao luxo de combinar um temperamento difícil com enorme charme pessoal.
Como gênio, foi visionário. Como visionário, revolucionário. Como revolucionário, subversivo. Nos seus 56 anos de vida, desbravou, dominou, avançou, deu um pulo no tempo. E deixou um rastro de obsoletismo precoce.
Sem exagero, o mundo não é mais o mesmo depois de Steve Jobs, o inventor, e de Steve Jobs, "the killer".

GOSTOSA


MERVAL PEREIRA - Velhos e moços



Velhos e moços
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 07/10/11
O Brasil é o único lugar do mundo onde se fica jovem até mais tarde e se envelhece mais cedo. Em todo lugar do mundo é idoso quem tem mais de 65 anos, mas no Brasil a velhice chega aos 60 anos, graças a pressões sindicais. Por outro lado, também por interesses políticos e da UNE, a juventude se estende até os 29 anos.
O Estatuto da Juventude aprovado no Congresso dá direito a meia-entrada em espetáculos e meia-passagem em transportes a "jovens" de 15 a 29 anos. E essas especificidades brasileiras entravam, tanto quanto a falta de aeroportos e estádios, a realização da Copa do Mundo de 2014.
A Fifa, como todos sabem, tem seus patrocinadores, seus interesses econômicos, e o governo brasileiro, que assinou o compromisso de aceitar as regras da Fifa, coloca a soberania brasileira no meio da discussão sobre a meia-entrada e a venda de bebidas alcoólicas.
Esse patriotismo tosco é o retorno do complexo de vira-lata do Nelson Rodrigues. Ou você quer realizar o evento e aceita as regras, ou chega à conclusão de que não vale a pena e não aceita sediar a Copa do Mundo, que no final das contas não passa de um negócio, um grande negócio, que movimenta bilhões e bilhões de pessoas e de dólares em todo o mundo.
É bom para a Fifa que se realize aqui, no país do futebol, único pentacampeão mundial. As imagens que as televisões transmitirão para todo o mundo certamente serão das mais belas já mostradas, mas nos pareceu ser também um bom negócio para o país, porque atrai turistas, lança mais uma vez a imagem do país no mundo, e, se Deus ajudar na construção dos estádios e dos aeroportos, mostrará não apenas as belas paisagens mas a capacidade de realização do país, um dos componentes do Brics - outro deles, a África do Sul, recentemente incluída no grupo, realizou a Copa de 2010 com grande sucesso.
Ao mesmo tempo em que batem no peito alegando defender os "interesses nacionais", as autoridades brasileiras cometem erros básicos, como, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff discutir detalhes da organização dos jogos com o secretário-geral da Fifa, Jerome Walker.
Se o presidente da entidade, Joseph Blatter, não pôde ir à reunião na Bélgica, que Walker conversasse com o ministro dos Esportes, Orlando Silva, sobre questões como meia-entrada para idosos e venda de bebidas alcoólicas nos estádios.
E a discussão sobre esses pontos controversos pode ser mais simples do que está parecendo. Proibir venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol faz parte de uma legislação federal, o Estatuto do Torcedor, e sua suspensão no período da Copa do Mundo tem que ser negociada com o Congresso.
Mas é uma negociação de fácil resolução, já que não temos razões de fundo religioso nem cultural para proibir venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol.
Trata-se de uma medida preventiva, para evitar brigas e confusões entre as torcidas, que pode ser substituída naquele mês da Copa por outras. Difícil seria para a Fifa resolver essa questão em certos países árabes.
O fato é que quando se candidatou a sediar a Copa do Mundo - ninguém obrigou o país a fazer isso -, o Brasil sabia dos interesses econômicos da Fifa, e se comprometeu a acatá-los.
Ou as autoridades brasileiras que acertaram a realização da Copa do Mundo não avisaram que temos nossas especificidades, e agora terão que arcar com os prejuízos decorrentes.
O prefeito Eduardo Paes definiu bem a situação da meia-entrada para idoso, que agora também abarcará os "jovens" de 15 até 29 anos: se a legislação brasileira obriga a venda de meia-entrada, então prefeituras e governos estaduais terão que subsidiar os ingressos, com o apoio do governo federal.
A aprovação do Estatuto da Juventude colocou em foco o descompasso entre políticos do mesmo partido, no caso o PCdoB. O ministro dos Esportes, Orlando Silva, do PCdoB, está negociando com a Fifa a questão da meia-entrada para os idosos, e agora terá que negociar também a meia-entrada para os jovens de até 29 anos, lei proposta por uma deputada também do PCdoB, que transformou uma questão estadual em problema federal.
Chegamos a uma situação tal que o cidadão e a cidadã brasileiros só têm que pagar suas obrigações integrais dos 30 aos 60 anos, pois cada grupo corporativo vai protegendo os seus, sem pensar nos efeitos que cada benesse dessas provoca no País como um todo.
A meia-entrada, por exemplo, atribuída a tantos grupos, prejudica as companhias de transportes, os teatros, os cinemas, a classe musical e artística de maneira geral. É por isso que os preços dos espetáculos no Brasil são caríssimos, para compensar a perda de receita.
O texto do Estatuto da Juventude diz que no caso da meia-entrada em transportes não pode haver aumento de tarifa para compensar, e prevê que o prejuízo das companhias de transportes seja coberto por subsídio do Estado.
Ao mesmo tempo, a base aliada do governo, capitaneada pelo PT, se rebela pelo pedido de urgência para a regulamentação do sistema de previdência complementar para o serviço público, enviado para o Congresso em 2007 e que até hoje não entrou em funcionamento.
A limitação, no mesmo nível do INSS, das aposentadorias dos novos servidores públicos, é rejeitada pelos políticos governistas, sem levar em conta a inviabilidade no médio prazo do sistema de aposentadoria integral do nosso sistema público.
São novos sintomas de um mal já conhecido, consequências do Estado provedor que, nas palavras do acadêmico e ex-ministro da Educação Eduardo Portella, "traz, dentro de si, as ameaças do Estado autoritário, sem os benefícios do Estado previdência. Enquanto isso, o país se apresenta como forte candidato à medalha de ouro na olimpíada internacional da sobrecarga tributária".

JOSÉ SIMÃO - Uau! Dilma provoca turco-circuito!

Uau! Dilma provoca turco-circuito!
 JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 07/10/11

E eu digo que Steve Jobs não morreu, foi lançar o iFUI! Ou então ele fez um upload e foi lançar o iGod!
Buemba! Buemba! Macaco Simão urgente! O esculhambador-geral da República! Adivinha como se chama o diretor do Instituto de Seguridade dos CORREIOS? Sinecio Jorge GREVE! Rarará!
E as últimas do futebol! Tão dizendo que a zona de rebaixamento do Brasileirão tá parecendo Guarapari: só dá mineiro. Rarará!
E essa: "Homem Picanha diz que namora jogador do Corinthians". Conclusão: só assim pra corintiano comer picanha. E outra: "Santos cai duas posições e Corinthians despenca pro 171º lugar". 171? É carma!
E a Dilma Rouchefe? Da Pitbulgária foi para a Turquia! Provocar um turco-circuito. Dilma desembarca na Turquia e provoca um turco-circuito! Vai aumentar o IPI da esfiha! Rarará! E a manchete do Sensacionalista: "Humoristas pedem que Dilma vá a países mais fáceis de fazer piada do que a Bulgária".
Concordo! Por que o pai dela não nasceu no Peru? Ia ter um monte de trocadilho! Rarará!
E o Steve Jobs!? O Eramos6 diz que o Steve Jobs não morreu, fez um upload. Foi lançar o iGod!
E o Kibeloco diz que o Steve Jobs não morreu, basta pressionar os botões home e sleep ao mesmo tempo que ele volta! E digo que o Steve Jobs não morreu, foi lançar o iFUI!
E olha o que um cara escreveu no meu Twitter: "Uns viveram na era de Jesus Cristo, outros viveram na era de Beethoven, eu vivi na era do Steve Jobs!". Verdade!
O filho de um ano de um amigo passa o dia com o dedinho empinado. Quer tocar na tela do iPad, na tela do iPhone, é a geração touch.
O único no mundo que é antitouch é o Kassab. São Paulo tem tanto buraco que, quando estou no banco do carona, vou pressionar alguma coisa na tela, buraco, aí você pula e o dedo vai parar em outro lugar.
Você quer pressionar o "tempo", aí buraco, PUF, o dedo pressiona "abrir e-mail!". Não dá pra jogar nada andando de carro em São Paulo! O Kassab é antitouch! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
O brasileiro é cordial! Mais uma placa do Gervásio na empresa em São Bernardo: "Se eu descobrir quem é o potoqueiro daqui que anda falando que eu só funciono com a pílula azul de levantar defunto, vou pegar esse árvore do mal e operar a fimose dele num apontador de lápis elétrico. Conto com todos. Assinado: Gervásio".
E um amigo disse que, sem Viagra, não levanta nem falso testemunho. Nóis sofre, mas nóis goza! Que vou pingar meu colírio alucinógeno!

MÔNICA BERGAMO - PESOS E MEDIDAS


PESOS E MEDIDAS
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 07/10/11

A reação à tentativa de diminuir os poderes do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) deve resultar em proposta radical na Câmara: deputados da Frente de Combate à Corrupção vão propor, na emenda constitucional para fortalecer o conselho, que ele tenha poderes até para decretar que magistrados envolvidos em desvios percam definitivamente seus cargos.

PIJAMA
A proposta deve gerar polêmica: hoje, juízes e desembargadores são no máximo aposentados compulsoriamente. E com vencimentos integrais, como se ainda estivessem na ativa.

BALANÇA
A emenda, do deputado Francisco Praciano (PT-AM), determina ainda o aumento do número de conselheiros do CNJ -de 15 para 17. Detalhe: os novos integrantes não poderiam vir da magistratura. Outra proposta, que tem apoio de associações de juízes, também prevê o aumento do conselho, de 15 para 23 membros. Neste caso, todos viriam de tribunais.

COMES E BEBES
A nova Arena Palestra Itália, estádio do Palmeiras, terá um restaurante de alto padrão e um clube de baladas com capacidade para cerca de 3.000 pessoas. A WTorre quer vender os direitos de exploração do nome do lounge por até R$ 2 milhões ao ano.

DIA E NOITE
O complexo da arena poderá abrigar até 192 eventos por ano -60 no anfiteatro, 12 no estádio e 120 no centro de convenções.

PEÇA DE CARRO
As Satyrianas, festival de teatro que acontecerá de 11 a 14 de novembro, terá a participação do projeto Auto Peças. São pequenas encenações que acontecerão em carros parados ou circulando pela praça Roosevelt, com atores como Ivam Cabral, Rachel Ripani, Germano Pereira e Cléo De Páris.

ESCRITO NO MURO
A cineasta Georgia Guerra-Peixe, ganhadora do prêmio de melhor documentário no Festival de Vancouver com "O Samba que Mora em Mim", filmará "O Amor É Importante... Porra!", em 2012. O nome faz referência à frase pichada em um muro de SP que se propagou na web. O longa, diz, mostrará a morte de uma maneira positiva. E deverá ter 50% das cenas em um cemitério.

EXPORTAÇÃO
Três obras da Fundação Nemirovsky foram levadas para o festival cultural Europália, em Bruxelas: Antropofagia e Distância, de Tarsila do Amaral, e Bordel, de Di Cavalcanti.

OLHO NO LANCE
O júri do prêmio de fotografia BESphoto, do Banco Espírito Santo, indicou dois finalistas brasileiros para a edição de 2012: Rosangela Rennó e Cia de Foto, que concorrem com um português e um moçambicano.

LIÇÕES MÉDICAS
O oncologista Paulo Hoff lançou anteontem o livro "Como Superar o Câncer", no Hospital Sírio-Libanês, ao lado da filha Isabella. A secretária estadual Linamara Rizzo Battistella, o empresário Ricardo Steinbruch e os médicos Roberto Kalil Filho e Paulo Chap Chap passaram por lá.

À MESA COM ESTILO
Marcela Cimino foi ao jantar em homenagem ao estilista Phillip Lim, organizado por Li Camargo e Mariana Penteado, do site The Boutique, anteontem, no restaurante Parigi.

RAP MINEIRO
O rapper Flávio Renegado, 28, conta que seu nome artístico "vem de ancestrais negros que sempre foram renegados". Em miniturnê na Austrália, o mineiro lança seu segundo CD, "Minha Tribo É o Mundo", no dia 13. No trabalho, produzido por Plínio Profeta, o músico buscou "amplificar a simplicidade, fazendo músicas com temáticas cotidianas". Ele acredita que seu estilo musical está cada vez mais conquistando reconhecimento no país. "Estamos assistindo à profissionalização do rap."

SEM DIVISA
O Icesp (Instituto do Câncer do Estado de SP Octavio Frias de Oliveira) vai dar hoje e amanhã treinamento gratuito em câncer de próstata para urologistas de outros Estados. O hospital realizou 3.000 procedimentos em três anos. E anuncia que, seis meses depois da cirurgia, 95% dos pacientes não têm problemas de incontinência urinária e 50% mantêm a ereção preservada (contra 80% e 20%, respectivamente, do resto do país).

LARANJINHA
O ator Malcolm McDowell, de "Laranja Mecânica", de Stanley Kubrick que completa 40 anos, deu entrevista à "Cult". Ele compara a atuação das gangues do filme com distúrbios recentes em Londres. "É basicamente a mesma situação", diz.

CURTO-CIRCUITO

A exposição e leilão "Bordando Design" será inaugurada no dia 11, às 20h, na galeria Vermelho.

O Museu TAM promove durante o mês de outubro a exposição "Santos-Dumont", com 50 peças do acervo de Fábio Farah, em São Carlos.

A nova ala da Creche Anglicana Morumbi será inaugurada amanhã.

A festa SuperTrash terá hoje como tema o cantor Justin Timberlake e a série "True Blood". 18 anos.

Os vinhos Aurora, Basso, Casa Valduga, Miolo e Salton passam a ser vendidos nas lojas do El Corte Inglés na Espanha.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO



Brasil recicla 20% do plástico usado, diz pesquisa
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 07/10/11



Pouco mais de 19% dos plásticos consumidos no país foram reciclados no ano passado, segundo estudo da consultoria especializada MaxiQuim. No ano anterior, a parcela era de 17,9%.
O Brasil fica abaixo de países como Alemanha (34%), Suécia (33,2%) e Bélgica (29,2%). O índice brasileiro não chega a ser considerado baixo porque se refere à reciclagem mecânica, que é a transformação para reaproveitamento do produto.
O que deixa a desejar é a reciclagem energética, em que o produto é reutilizado para geração de energia. "A energética usa o plástico que não se pode limpar. Há muitos países na Europa onde ela supera a mecânica. No Brasil, nem temos esse tipo de reciclagem. Precisamos avançar na regulação do setor", afirma Solange Stumpf, da MaxiQuim. A capacidade instalada da indústria de reciclagem, de 64,5%, ilustra o potencial do país, na esteira da Política Nacional de Resíduos Sólidos sancionada pelo governo no ano passado.
Menos de 10% dos municípios brasileiros, porém, possuem coleta seletiva estruturada, segundo o presidente da Plastivida (associação do setor), Miguel Bahiense.
"Depende de outros fatores, além da preparação da indústria, como a consciência da população e a coleta das prefeituras", diz. Materiais como latas de alumínio têm índices acima de 90%, segundo Stumpf. Entre os setores que mais consomem estão têxteis, produtos domésticos e calçados.
TRÊS EM UM
A construtora Conasa investirá R$ 160 milhões em um empreendimento com hotel, apart-hotel e salas comerciais. Serão erguidas três torres na via Dutra, entre São João de Meriti e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Essa é a primeira investida da empresa em um projeto que reúne hotelaria e negócios. Até então, a construtora se dedicava a edifícios residenciais ou comerciais.
Outras duas obras semelhantes à da via Dutra estão em estudo. Elas devem ser realizadas em cidades próximas ao Rio de Janeiro. "Estamos mudando um pouco nosso foco. A Copa e a Olimpíada alavancaram às áreas de comércio e de hotéis", diz o sócio da empresa, Roberto Antunes. As obras devem começar entre maio e junho de 2012, e a previsão é que durem 30 meses. As três torres serão comercializadas. A Conasa ficará como incorporadora apenas de um espaço que incluirá academia, restaurantes e centro de convenções.
SEGUROS E DESCARTADOS
Até coleta de aparelho velho entra na disputa de seguradoras por clientes. O Seguro Residencial Itaú passa a oferecer a coleta de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e móveis quebrados ou usados da clientela. Segundo a companhia, o material será descartado com cuidados ambientais e até 90% dos componentes poderão ser reutilizados.
Apenas quem comprar ou renovar suas apólices a partir deste mês terá direito ao novo serviço. A Porto Seguro, por sua vez, recolhe os equipamentos portáteis segurados por contrato e que forem descartados pelos clientes.
Temaki A rede de culinária japonesa Gendai abrirá seis lojas até o final deste ano e outras 15 em 2012. Em 2011, serão quatro unidades no Estado de São Paulo, uma no Rio de Janeiro e a outra em Campo Grande, a primeira da companhia no Mato Grosso do Sul.
Fast-food O McDonald's inaugura nesta semana seu primeiro restaurante em Chapecó (SC). A rede, que também abriu recentemente sua primeira unidade em Jaraguá do Sul (SC), conta com 616 restaurantes no Brasil, distribuídos em 23 Estados.
CRITÉRIO DE INVESTIDOR
Regulação excessiva, burocracia e protecionismo estão entre os aspectos que os investidores mais relevam ao colocar recursos no exterior. Os critérios se equiparam à preocupação com o grau de competitividade dos mercados, segundo levantamento da BDO International com 5.146 executivos financeiros no mundo.
FUSÃO EM LABORATÓRIO
O laboratório brasileiro Bioagri está com sotaque francês. O grupo Mérieux NutriSciences desembolsou R$ 70 milhões para adquirir 70% da empresa brasileira. O Bioagri atua com análises para setores como farmacêutico e de agronegócio. O laboratório nacional dobrou de tamanho nos últimos quatro anos. Hoje tem 16 unidades e 1.000 funcionários, com faturamento de R$ 100 milhões ao ano.
A expectativa é que, com a entrada dos franceses, a expansão se acelere. Segundo o presidente do Bioagri, Álvaro Vargas, a previsão é fechar a compra de dois laboratórios no Brasil até o fim do ano. Em 2012 e 2013, serão consideradas oportunidades na América Latina, na Europa e nos EUA. O laboratório também espera dobrar o faturamento em seis anos. O endosso europeu deve elevar os contratos internacionais de 8% para 20% da receita total. "O maior lucro da Mérieux NutriSciences virá do Brasil e dos EUA [nos próximos anos]", diz Vargas.
com JOANA CUNHA, VITOR SION, LUCIANA DYNIEWICZ e GABRIEL BALDOCCHI