quinta-feira, setembro 15, 2011

CARLOS ALBERTO SARDENBERG - Estamos, sim, atrasados para a Copa



Estamos, sim, atrasados para a Copa
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO - 15/09/11

O governo diz que está tudo em dia para a Copa, mas não é essa a impressão que se recolhe das conversas com os setores privados diretamente envolvidos. Aqui, há três tipos de preocupação: falta de planos, definições e regulamentações; atrasos em planejamento e obras; e indefinição em relação ao pós-Copa.

Foram justamente esses os pontos destacados por diversos representantes do setor de Telecomunicações e Tecnologia da Informação, reunidos em São Paulo no evento Futurecom, nesta semana. Muitos manifestavam surpresa com a promessa da presidente Dilma de que a tecnologia de celulares 4G, de altíssima velocidade, estará funcionando no Brasil nas cidades da Copa.

Acontece que esse sistema (com o nome técnico de LTE) nem está regulamentado. Com sorte e rapidez, se tudo der certo, o pessoal do setor acredita que o leilão para a concessão de faixas 4G só poderá ser realizado a partir de abril de 2012. Além disso, a implantação exige pesados investimentos, em um momento em que as operadoras ainda nem conseguiram recuperar o que aplicaram nas redes 3G, aliás, não totalmente implantadas.

Disse a presidente que a Telebrás, a estatal do setor, já está autorizada a investir R$200 milhões na infraestrutura das cidades da Copa. Mas esse dinheiro não dá nem para o começo.

Ou seja, a presidente prometeu um sistema para o qual o próprio governo ainda não definiu a regulamentação. Além disso, essas regras dependem de legislação específica, para a qual não há projeto. Obviamente, isso impede qualquer planejamento da parte das (muitas) empresas interessadas no negócio.

Havia dúvidas ali entre especialistas no Futurecom: a presidente Dilma teria se equivocado na sua promessa? Ou teria recebido informações equivocadas? De todo modo, não há como fugir à conclusão de que o governo anda meio perdido no que se refere às telecomunicações para a Copa, que constituem um imenso desafio.

A transmissão dos jogos para TV será por alta definição, em todas as cidades. Milhares de jornalistas, de turistas estrangeiros e brasileiros chegarão aos estádios portando smartphones e câmeras para registrar suas imagens e enviá-las no ato para os amigos. E todos precisarão usar celulares e computadores com banda larga por toda parte, não apenas nos estádios e suas redondezas.

Não precisa ser técnico para imaginar o tamanho do esforço e do investimento. Todo o pessoal do setor diz que dá para fazer, mas que é preciso organizar e definir isso tudo urgentemente.

Todo esse planejamento depende também de se saber como será o pós-Copa. Quer dizer: monta-se uma ampla e avançada estrutura para a Copa; e o que se faz com ela quando o pessoal for embora?

Se não houver demanda doméstica para a utilização desse sistema, é prejuízo na veia. Ora, no momento, não há condições de aparecer essa demanda, porque está tudo muito caro no Brasil, dos equipamentos e aparelhos aos serviços. O sistema vai oferecer a velocidade do 4G, mas os celulares para isso estarão a preços inacessíveis para a classe média, como são caros hoje os aparelhos 3G.

Nesse quadro, as companhias só farão os investimentos se tiverem a garantia de que serão remuneradas pelo governo. É outra coisa que está no ar.

E há precedentes negativos. A operadora dos Jogos Militares, a Tim, antecipou tecnologias, levou rede para locais antes não atendidos e o que aconteceu? Metade dessa infraestrutura está lá, ociosa.

O governo poderia criar demanda doméstica promovendo uma acentuada redução de preços. Como? Reduzindo os pesados impostos que incidem em todo o setor, dos investimentos ao consumo. O governo federal anunciou exoneração e redução de carga para certos investimentos, mas não basta porque os impostos são exageradamente elevados. Além disso, o principal imposto é estadual (ICMS) e os governadores não parecem dispostos a abrir mão da receita.

Sem contar que em Brasília só se fala no contrário - em aumentar impostos. E, então, não é um caso de atraso geral?

De novo, o pessoal do setor insiste que não há nada perdido. Dá para correr, mas fica cada vez mais difícil, mais improvisado e, pois, mais caro.

Por trás dessa história, há uma questão essencial de política e economia. Para qualquer lado que se vá, a situação é a mesma: impostos elevados e juros altos bloqueiam investimentos e consumo. O governo confessa isso toda vez que apresenta um plano de estímulo de algum setor: promete isenções de impostos e juros subsidiados.

Só que isso custa dinheiro, o que leva o governo a buscar recursos em outros setores. Termina que todo mundo paga caro para que alguns possam receber benefícios.

Além disso, é crescente a demanda por mais gasto público, a ser pago com mais impostos.

Não fecha. E, pior de tudo, nem temos uma seleção ganhadora.

ELIANE CANTANHÊDE - Severinos


Severinos
ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 15/09/11 

BRASÍLIA - Pedro Novais, quinta baixa do governo Dilma em nove meses, é um novo Severino Cavalcanti. Não tinha qualificações mínimas para assumir o Turismo às vésperas da Copa e da Olimpíada, assim como Severino jamais poderia ter sido presidente da Câmara. Ambos assumiram sem assumir e caíram como ladrões de galinha.
Enquanto PF, Ministério Público e imprensa remexem desvios de milhões e até bilhões de reais nos Transportes, na Agricultura, no próprio Turismo, Novais cai por usar a Câmara para pagar a empregada e o motorista da mulher, como divulgou a Folha. Assim como Severino caiu por receber "mensalinho" de restaurante do Congresso. São crimes compatíveis com a mediocridade dos criminosos.
Como os jabutis, porém, Novais e Severino não sobem em árvore. A maior culpa é dos que os colocaram onde colocaram, sabendo perfeitamente o que estavam fazendo.
Há, porém, uma diferença. Severino foi eleito pela maioria dos colegas deputados num momento lamentável do Congresso, mas Novais chegou aonde chegou por um processo bem mais tortuoso.
O correligionário e conterrâneo José Sarney indicou (embora negue), o PMDB bancou e a presidente Dilma Rousseff assinou a nomeação de próprio punho, apesar da revelação, constrangedora sob vários aspectos, de que ele pagara festinha em motel com verba da Câmara. Só podia dar no que deu.
Novais e Severino não veem nada de errado no que faziam e se sentem perseguidos pela imprensa. É o mesmo sentimento de Sarney, que acha absolutamente normal nomear a parentada e os afilhados para cargos públicos, usar helicóptero da segurança do Estado governado pela filha para passeios à sua ilha particular e deixar um paciente com trauma encefálico esperando.
Dilma ceder ao PMDB e a Sarney para fazer o sucessor é armar a sexta queda. Que não venha se vangloriar de faxina depois.

CLÓVIS ROSSI - Dilma, Palestina e equilibrismo


Dilma, Palestina e equilibrismo
CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SP - 15/09/11 

Na ONU, o Brasil apoiará a criação do Estado palestino, mas promete defender a segurança de Israel


A presidente Dilma Rousseff vai atender o apelo do embaixador palestino no Brasil, Ibrahim al Zeben, para que ela dê apoio ao Estado palestino em seu discurso da quarta-feira próxima abrindo a Assembleia Geral das Nações Unidas.
Os termos exatos em que se referirá ao assunto não estavam definidos até ontem, até porque ainda está sendo elaborado o pronunciamento com que Dilma se tornará a primeira mulher a abrir uma Assembleia Geral.
Mas a política brasileira para o caso está clara: já reconheceu o Estado palestino, o que será reafirmado em Nova York, mas não acha que seja o fim do processo.
É apenas um meio para retomar negociações com Israel para acordo definitivo que escapa à região há mais de 60 anos. "Não queremos que o Estado palestino seja percebido como um entrave para o diálogo de paz", diz o embaixador Tovar Nunes, porta-voz do Itamaraty.
É uma posição que coincide, quase literalmente, com a que defende Mahmoud Abbas, o presidente da AP (Autoridade Palestina): "Nossa primeira, segunda e terceira prioridades são negociações. Não há outro meio de resolver este assunto. Aconteça o que acontecer nas Nações Unidas, teremos que retornar às negociações", declarou o líder palestino após receber, na semana passada, um enviado especial do governo norte-americano.
Os Estados Unidos ainda tentam convencer Abbas de que não é conveniente pedir o reconhecimento do Estado palestino. Não conseguiram até agora, mas só amanhã é que a AP definirá o caminho a seguir.
Ou pede à Assembleia Geral apenas o reconhecimento do Estado como "observador", status idêntico ao do Vaticano, por exemplo, ou vai ao Conselho de Segurança e reivindica a condição de membro pleno.
Na primeira hipótese, os palestinos já contabilizam 122 países a favor, dos 129 que necessitam. Poucos duvidam de que atingirão o número mágico. Já no segundo caso, os EUA vetarão.
Em qualquer hipótese, o "day after" está assim desenhado, segundo Yossi Alpher, do "Bitter Lemons", empreendimento conjunto de israelenses e palestinos:
"Os palestinos se preparam para celebrar a decisão da ONU com grandes manifestações que, dada a configuração da Cisjordânia, poderão afetar, deliberadamente ou não, os colonos, os assentamentos [judaicos], o muro de segurança e Jerusalém. Israel se prepara para a eventualidade multiplicando os dispositivos de controle de manifestações e alocando forças de segurança na esperança de conseguir conter a massa palestina com mínimo possível de desgaste diplomático".
Nessa nova situação, naturalmente tensa, não está claro o papel que o Brasil pode ou gostaria de desempenhar. O que continua valendo é o desejo de manter-se interlocutor confiável de ambas as partes.
Se apoia o Estado palestino, se ajudou a conseguir apoios entre países latino-americanos, não significa virar as costas para Israel. "Nossa primeira preocupação é com a segurança de Israel, que é um Estado democrático", diz Tovar Nunes.
Como essa interlocução se desenvolverá é questão para depois do voto na ONU.

CONTARDO CALLIGARIS - De 11 a 15 de setembro de 2001


De 11 a 15 de setembro de 2001
CONTARDO CALLIGARIS 
FOLHA DE SP - 15/09/11

O terrorista é atormentado pela tentação de ser "convertido" pelo Ocidente e, por isso, já nasce derrotado


Em 2001, eu morava em Nova York, mas, na manhã de 11 de setembro, estava em São Paulo, atendendo no consultório. Alguém me telefonou dos Estados Unidos: "Ligue a CNN". Passei o dia diante da televisão. Só levantava para me desculpar com os pacientes por não poder atendê-los naquele dia.
Um amigo chegou depois da queda das torres e perguntou: "Você conhecia alguém que estava lá?". Ele me lembrou que eu respondi: "Todos, conhecia todos".
E era verdade: o engraxate, o garçom, o gestor de fundos da Cantor Fitzgerald, o bombeiro, o policial, o advogado, o segurança, a secretária, de todas as nações, fés e classes -eu era capaz de empatia com os sonhos de cada um deles: o imigrante sem documentos querendo "fazer a América"; o "senior partner" esperando pela aposentadoria; o jovem louco para fazer seu primeiro milhão; o outro que já o tinha feito e se perguntava se, casando, ele se mudaria para Westchester ou para Brooklyn Heights; o homem já maduro que acabava de decidir que, no dia de Ação de Graças, levaria o namorado para a casa dos pais, para explicar, enfim, que era homossexual e estava cansado de mentir.
Eles eram minha turma, eu era um deles, justamente pelas razões que os juntaram nas torres do World Trade Center: os anseios básicos da mente ocidental (o sonho de merecer a admiração ou, mais mesquinhamente, a inveja dos outros, a vontade sempre frustrada de não renunciar a suas paixões, a ambição, também frustrada, de escutar só seu nariz e seu foro íntimo).
Sentia culpa por não ter estado em Nova York, com eles, na hora do ataque. Pensava nas palavras de meu pai, quando, na Itália dos anos 70, ele tinha me acompanhado numa manifestação que talvez fosse alvo dos terroristas de direita. Ele tinha dito: "Não vamos deixar que eles influenciem nossa vida simplesmente porque acham que podem decidir o dia de nossa morte".
Se me lembro direito, embarquei no voo para o qual eu já tinha reserva, o AA 950 de sexta-feira, 14 de setembro, que foi o primeiro a sair de São Paulo depois do ataque. Houve aplausos na chegada, para agradecer à tripulação (a dos voos abatidos e a do nosso); lembro-me de que a tripulação nos aplaudiu de volta.
Em Nova York, desci a pé ao sul da Canal Street. Foi o começo de um velório coletivo que durou meses: noites passadas com desconhecidos, sobre a passarela da Chambers Street, olhando em direção ao marco zero e vendo os caminhões que, noite adentro, esvaziavam os escombros, subindo pela West Street.
Pouco tempo depois do ataque, George Bush encorajou todo o mundo a fazer compras, "para sustentar a economia da cidade" -ridículo, mas era também um jeito de declarar que o atentado não alteraria nossa maneira de viver. A melhor resposta ao terror é não deixar que o medo nos modifique. Por isso protestei contra o uso da tortura e contra a prisão em Guantánamo -não por razões humanitárias, mas para não ser transformado pelo terror.
Na segunda-feira seguinte, fui para Boston, de onde escrevi a coluna de 20 de setembro de 2001 ("De Onde Vêm os Terroristas"), na qual expressava ideias que se tornariam óbvias só bem mais tarde.
"Os terroristas que atacaram o World Trade Center e o Pentágono viveram tempos longos no Ocidente. Frequentaram universidades e escolas de pilotagem. Não eram pastores descidos das montanhas. Os comentaristas estranham: 'Como é possível? Moraram entre nós durante tanto tempo e puderam fazer isso? Ou seja, será que nossa sedução não funcionou?'. Justamente: ela funcionou demais. A ponto de eles terem decidido destruir o objeto de seus desejos. A interpretação política de seus atos será sempre insuficiente: as Torres Gêmeas, para eles, eram símbolos não tanto de poder quanto de tentação.
Sua 'guerra santa' foi isso: mataram os infiéis nos quais receavam (e desejavam) se transformar. E mataram a si mesmos para nunca mais serem seduzidos."
O terrorista é atormentado por uma tremenda tentação de ser "convertido" pelo Ocidente. Por isso o terrorismo nasce derrotado -por ser filho de uma inveja que só existe em quem já se vendeu ao suposto inimigo.
Em suma, os terroristas de hoje nos matam por raiva de quererem ser como a gente: traíram sua cultura e estão em busca de redenção.
Nota: o livro de A. Appadurai, que citei na semana passada, existe em português, "A Vida Social das Coisas" (Eduff).

ALON FEUERWERKER - Obsolescência programada


Obsolescência programada
ALON FEUERWERKER
CORREIO BRAZILIENSE - 15/09/11


O Brasil não precisa de uma narrativa oficial sobre os acontecimentos da ditadura. Já há narrativas suficientes. A comissão deveria se propor um trabalho abrangente, documentado, de levantamento factual sobre aquele período da nossa história


A única certeza sobre narrativas oficiais é que elas um dia deixarão de ter o status, serão derrubadas pelo surgimento de fatos. Ou pela hegemonia de um vetor político diferente, portador da sua própria narrativa. 
Esse é o maior risco que corre a comissão proposta pelo governo para verificar os acontecimentos relacionados a violações de direitos humanos na ditadura. O período proposto é mais extenso, mas o foco é nos acontecimentos entre 1964 e 1985. 
O próprio conceito de narrativa é uma deformação, pois supõe que um pedaço da realidade será desconsiderado. Agora mesmo no Oriente Médio vê-se um choque de narrativas, sem qualquer utilidade prática a não ser aguçar as contradições. 
Não fosse a intenção de oficializar interpretações históricas parciais, não seria necessário falar em narrativa. 
Bastaria dizer que a comissão vai repor a história completa do período. 
Mais objetivo e fácil de explicar. E de compreender. 
Narrativas são seres condenados à obsolescência exatamente por não resistirem ao oxigênio das novas descobertas históricas, ou às mudanças políticas. 
Regimes que pretendem impor narrativas produzem apenas pilhas de livros inservíveis. Obras candidatas ao ridículo, em primeiro lugar pelos críticos encarregados de emplacar as narrativas subsequentes. 
Mas se as narrativas são seres de obsolescência programada, têm alguma utilidade no prazo limitado, quando servem como motor em lutas político-ideológicas. Proporcionam à facção conforto e segurança espirituais. 
Depois serão descartadas, mas já terão prestado o serviço encomendado. 
O Brasil não precisa de uma narrativa oficial sobre os acontecimentos da ditadura. Já há narrativas suficientes. A comissão deveria se propor um trabalho abrangente, documentado, de levantamento factual sobre aquele período. 
O que implicaria ouvir todos os lados e, dentro do possível, guardar algum distanciamento. 
Mas aí chegamos a uma contradição em termos. Se distanciamento crítico é difícil até para historiadores profissionais, quanto mais para políticos. 
Acadêmicos buscam (ou deveriam buscar) antes de tudo a perenidade da obra intelectual. Já os políticos buscam acima de tudo a perenidade no poder. 
Uma boa providência na formação da comissão seria garantir pluralidade. Se a neutralidade é impossível, melhor será deixar as diversas narrativas brigarem, os diversos facciosismos disputarem, para ver se sai algum coelho do mato. 
Quanto mais ela conseguir incorporar características plurais, menos datado será o produto do seu trabalho e mais respeito vai angariar. 
Mas não aposto haver razão para otimismo. 

SucupiraDe todas as características ainda remanescentes de subdesenvolvimento político, uma incomoda além da conta: os autoelogios disparados pelas autoridades quando se unem a adversários para gastar o dinheiro do povo. 
Posam de magnânimos, por fazerem o favor de relevar diferenças em prol do suposto interesse público. 
Onde está o traço de subdesenvolvimento? Exatamente na impressão de favor, de magnanimidade, nos salamaleques. 
Pois o dinheiro não é de suas excelências. Os senhores e senhoras apenas o administram, o dinheiro é do povo. E ao se unirem para gastá-lo supostamente em benefício do povo fazem apenas e nada mais que a obrigação.
Tal aspecto deveria dispensar as invariáveis e tediosas sessões de elogios mútuos, autoelogios, piscadelas, etc.
Aliás, nesse tipo de solenidade, são comuns os agradecimentos trocados entre as autoridades.
Mas o que nunca se viu é uma autoridade agradecer publicamente aos que pagaram impostos e permitiram, com esse gesto, que a obra ou serviço se tornasse viável. 

KosovoEntre os assuntos esquecidos da diplomacia brasileira está Kosovo, um novo país que a Sérvia ainda considera província sua. 
Alguém consegue explicar por que até hoje o Brasil não reconheceu Kosovo como nação independente e soberana? 

GOSTOSA


MERVAL PEREIRA - Mudança de critério


Mudança de critério
 MERVAL PEREIRA 
O GLOBO - 15/09/11


O mais importante na demissão de mais um ministro do governo Dilma, o quinto em menos de oito meses - um recorde negativo inacreditável - é a mudança, mesmo que tímida, nos critérios de preenchimento do cargo, que pode sinalizar um avanço na maneira de organizar o presidencialismo de coalizão.
Ao exigir do PMDB o mínimo, ou seja, que o substituto do deputado Pedro Novais fosse um político "ficha-limpa", que possa enfrentar uma entrevista coletiva sem ter que dar satisfações de eventuais malfeitos, a presidente colocou uma premissa que já limita a escolha, e deixou o partido em uma situação embaraçosa.
O deputado federal Pedro Novais é um jabuti em cima da árvore, na velha história política. "Se não foi enchente, foi mão de gente". Isto é, se está lá, é porque alguém o colocou, pois jabuti não sobe em árvores.
Um político sem expressão, Novais foi parar no ministério unicamente pelos defeitos do sistema de repartição política dos cargos públicos, e não por eventuais capacitações para exercer a função.
Ficou provado nesses meses de pouca eficiência e muita denúncia de corrupção que Pedro Novais não passa de um jabuti político, embora nesse momento ninguém apareça para assumir tê-lo colocado em galho tão alto da árvore.
Um dos maiores erros cometidos pela presidente Dilma na organização de seu Ministério, já escrevi aqui, foi ter aceitado que os partidos políticos assumissem integralmente a responsabilidade pela indicação, não apenas do ministro como de todos os demais cargos.
Com essa decisão, ela oficializou os ministérios como feudos partidários, e fez com que os escolhidos tivessem mais compromissos com o líder partidário que os apadrinhou e com a bancada que referendou as escolhas. Os compromissos com os projetos governamentais ficaram em segundo plano.
A presidente tentou dar uma recuada na "faxina ética" que vinha fazendo no governo, passou a não assumir a intenção de fazer uma limpeza, mas vai ter que recuperar rapidamente essa agenda política e assumi-la, porque do contrário a imagem que ficará é a de um governo completamente descontrolado.
Ou ela assume que está fazendo uma mudança de critérios na governabilidade da coalizão, ou vai passar por uma presidente que não tem controle sobre o seu governo, que não sabe quem coloca nos cargos, nos ministérios.
A presidente Dilma, sem dúvida, recebeu uma "herança maldita" do presidente Lula, numa dessas ironias políticas, e teve que aceitar imposições das quais vai se livrando aos poucos, de acordo com o pipocar dos escândalos.
Até mesmo o único dos cinco ministros que saiu sem estar ligado a problemas de corrupção, Nelson Jobim, da Defesa, não era a escolha de Dilma e ficou por injunção do ex-presidente Lula.
A incompatibilidade de gênios, que já existia anteriormente no Ministério de Lula, comprovou-se nos seis primeiros meses do governo, ocasionando sua saída.
Se a presidente Dilma assumir a constatação de que os critérios para montar o governo de coalizão estão superados, corrompidos por maus hábitos enraizados na nossa cultura política, e que ela vai tentar alterar esse comportamento, terá uma agenda política importante pela frente e, sem dúvida, terá o apoio da sociedade, que anseia por uma mudança.
Na verdade ela teve que dar uma recuada porque foi pressionada pelos aliados e pelo próprio ex-presidente Lula, que nunca teve esse comportamento diante dos malfeitos de seus aliados políticos.
(Malfeitos, aliás, é a palavra mais amena que a presidente Dilma encontrou para se referir a corrupção sem ferir os ouvidos sensíveis de seus aliados).
A tendência de Lula sempre foi proteger os seus assessores, mesmo quando apanhados em flagrante delito. A presidente Dilma está se mostrando diferente, e a "faxina ética" chegou a ser cogitada como um mote de campanha de marketing governamental pela boa repercussão na sociedade.
Mas a base aliada ficou incomodada com a pressão do Palácio do Planalto, e o próprio PT alegou que essa campanha passaria a ideia de que o ex-presidente Lula foi leniente com a corrupção (o que é verdade), prejudicando sua imagem popular e o próprio partido.
O deputado Pedro Novais é uma vítima tardia dessa mudança de atitude, e permaneceu no cargo até ontem porque a presidente estava tentando levar questões como a dele em banho-maria até fazer uma reforma ministerial mais ampla, que não atingisse ninguém individualmente.
Ele não resistiu porque foram muitas denúncias simultâneas, todas revelando um arraigado patrimonialismo que é muito comum no Congresso.
Pagar empregadas domésticas com dinheiro público, usar funcionários do gabinete parlamentar para servir de motorista particular, todas essas são práticas corriqueiras num ambiente em que está disseminada a convicção de que o dinheiro público pode ser usado ao bel-prazer do funcionário, sem distinção de postos, hábitos arraigados numa confusão entre o público e o privado que historicamente domina nossa cultura.
Pedro Novais, aliás, não deveria nem ter assumido o Ministério do Turismo diante daquela primeira denúncia de que pagara uma festa em um motel com dinheiro público.
Com a demissão, a presidente retoma o processo de limpeza e terá mais uma vez o apoio da sociedade. Mas ela precisa assumir como uma missão de seu governo a renovação dos critérios para a organização dos governos dentro do nosso sistema de presidencialismo de coalizão.

JANIO DE FREITAS - Tiro ao alvo


Tiro ao alvo
 JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SP - 15/09/11

A matéria humana que os partidos indicam para os governos expõe de que são feitas as legendas nacionais


Alguns, mais endinheirados, recorrem para seu esporte olímpico a armas e equipamentos óticos tão sofisticados quanto uma complexa criação da Nasa. Outros têm que se satisfazer com os parques de diversões e suas espingardinhas malandras. PMs, em grande número deles, não fazem questão de tal ou qual arma, bastam-lhes a oportunidade e o alvo. Este, de preferência negro e sempre de classe social modesta, aquela mesma de onde, em geral, procede o próprio PM.
Os jornalistas têm os ministros. Para variar, a oferta de congressistas é abundante, e por isso mesmo menos atraente. Ao olhar para o ministério, é só não ter pontaria ruim demais, já na percepção do alvo facilitada pela folha corrida que tantos ministros ostentam na testa, como se foram círculos concêntricos.
Nisso criaram-se dois perigos. Um, consumado; outro, incipiente. O primeiro é o tipo de matéria humana que os partidos políticos indicam para compor os governos. O que, por sua vez, expõe o material de que os partidos brasileiros estão compostos em grande proporção. E, de quebra, explica a visão que cada eleito e nomeado leva, para o ministério, do seu país, do seu Estado, da sua cidade, da sua casa.
O outro perigo é o que pode resultar, na sociedade, da comprovação frequente de improbidade política e administrativa. Apatia crescente em relação à política e ao país, individualismo exacerbado, obsessão pelo ganho por qualquer modo -são perspectivas de que há sinais nítidos. Ou esgotamento da passividade, busca de pretensos consertos sem distinção entre os abusos deformantes e as liberdades democráticas -são possibilidades que conhecemos, remotas hoje, mas não extintas da vida. A história muda de forma, mas não se recusa a repetir-se.
Há também um efeito secundário que ameaça, sob estímulo das facilidades, infiltrar-se além dos últimos limites toleráveis. São certos componentes do espírito próprio do policialismo já perceptíveis em algumas produções jornalísticas, seja por decorrência da ânsia denunciante, seja por concessão ao sensacionalismo como método para enfrentar as concorrentes. A apuração factual e documental se afrouxa, a linguagem jornalística desce de nível, e a responsabilidade cede em direção ao vale tudo.
Alvejado em voo Pedro Novais, indicação gloriosa do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, o aliado mais inimigo do governo Dilma? Na fileira dos ministros está, por exemplo, Mário Negromonte, que repete no governo Dilma Rousseff o seu antecessor e conterrâneo Geddel Vieira Lima, distribuidor de verbas federais a granel para seu Estado, como alicerces de uma candidatura ao governo que a sorte dos baianos não deixou ser vitoriosa.

KENNETH MAXWELL - De volta aos anos 30?


De volta aos anos 30?
 KENNETH MAXWELL
FOLHA DE SP - 15/09/11

A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), em uma avaliação das perspectivas de crescimento mundial nos próximos seis meses, reportou que todas as áreas do planeta registram desaceleração.
Os grandes países industrializados do G7 caíram de 102,5 a 102 pontos em junho no índice da OCDE, no qual 100 representa crescimento zero. Os indicadores referentes a Brasil, Índia e China também recuaram.
O motivo central de preocupação é a crise da Grécia, cujos custos de captação dispararam, gerando rumores insistentes de um calote. A renúncia do economista-chefe do Banco Central Europeu, o alemão Jürgen Stark, agravou a crise. Stark defendeu limites para a assistência à Grécia e objetou à compra de títulos públicos italianos e espanhóis pela instituição.
O ministro da Economia alemão, Philipp Rösler, afirmou que para estabilizar o euro pode ser necessária "uma falência ordeira" na Grécia.
Christian Lindner, secretário-geral dos Democratas Livres -parceiros na coalizão governista de Angela Merkel-, foi mais longe. "Em última análise", afirmou, "não se pode descartar a ideia de que a Grécia deve, ou poderia desejar, sair da zona do euro".
O bilionário investidor e filantropo norte-americano George Soros vem dizendo mais ou menos a mesma coisa.
Ele defende a ideia de um título público unificado para a zona do euro, subscrito conjuntamente pelos 17 países usuários da moeda comum.
Mas Merkel se opõe firmemente a um título unificado. A Alemanha tem a economia mais forte da Europa e é a fiadora do futuro econômico do continente. Mas a votação quanto a diversos aspectos dos resgates aos países-membros da zona do euro só acontecerá em 29 de setembro no Legislativo alemão.
A aprovação de um novo pacote para a Grécia deve ocorrer em outubro. Em dezembro, haverá uma votação sobre o tratado que cria um fundo permanente para estabilizar crises na zona do euro.
O problema é que esse calendário político vem sendo atropelado pelas exigências dos mercados em pânico. Já não se trata só da Grécia. Muitos operadores acreditam que um calote grego seria hoje a melhor resposta aos problemas europeus.
Autoridades dos EUA vêm declarando, em foro privado, que o fracasso europeu em combater a crise da dívida responde por dois terços da instabilidade no mercado mundial.
Mas tampouco os EUA começaram a colocar a casa em ordem. O risco é que, com a desaceleração na economia mundial, combinada à paralisia política na Europa e nos EUA, a situação se torne cada vez mais como a dos anos 30.
Tradução de PAULO MIGLIACCI

Brasil manobra, mas Haia julga caso Battisti



Brasil manobra, mas Haia julga caso Battisti 
Felipe Recondo e Lisandra Paraguassu
0 ESTADÃO - 15/09/11

Governo deixa de indicar nome para comissão de conciliação, como havia sido proposto pela Itália, e considera inevitável que corte avalie situação
Felipe Recondo e Lisandra Paraguassu, de O Estado de S.Paulo


BRASÍLIA - O governo brasileiro adotou uma manobra diplomática para retardar um julgamento pela Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia (Holanda), e reduzir o impacto de uma eventual condenação por decidir não extraditar o ex-ativista Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos na Itália.
O Brasil rejeitou a proposta da Itália de criar uma comissão de conciliação para se chegar a uma "solução jurídica amigável". Com isso, o governo tenta manter o assunto no âmbito quase sigiloso dos despachos diplomáticos e evita os holofotes de um tribunal internacional.
A Itália havia pedido ao Brasil que indicasse até esta quinta-feira, 15, um representante para a Comissão Permanente de Conciliação, prevista na Convenção sobre Conciliação e Solução Judiciária, assinada pelos dois países em 1954. Assim, conforme o texto da Convenção, daria por encerradas as tratativas sobre o caso pela via diplomática. Um árbitro neutro, provavelmente indicado pela Corte de Haia, estaria incumbido de propor um acordo entre as partes. O prazo estipulado pela Itália não está expresso na convenção e, por isso, o Brasil não trabalhava com esse limite.
Impasse. Independentemente disso, já havia um entendimento de que o Brasil não indicaria seu representante nessa comissão. A avaliação do Itamaraty é que não há possibilidade de acordo no caso. A única resposta aceitável para a Itália é que Battisti seja extraditado; o Brasil insiste que uma decisão soberana foi tomada pelo Estado brasileiro e recusa-se a entregá-lo.
Assessores jurídicos da Presidência da República e do Itamaraty enfatizam que o caso, de qualquer maneira, chegará à Corte de Haia. Por isso, não veem razão para instalar a comissão.
Rejeitar a interferência dessa comissão teria uma consequência adicional considerada relevante pelo governo brasileiro. A avaliação de assessores jurídicos é de que evitar essa comissão restringe os efeitos e a legitimidade de uma eventual decisão da Corte de Haia contrária à permanência de Battisti no Brasil.
Se aceitasse essa comissão, o Brasil estaria admitindo o julgamento pela Corte de Haia. O texto da convenção estabelece que a falta de acordo entre as partes leva automaticamente o caso para uma decisão final da Corte. Mesmo que a decisão seja contrária ao Brasil, ela tem, na avaliação de diplomatas brasileiros, só efeito moral - que seria amenizado pelo fato de o País não ter reconhecido a ação de uma comissão de conciliação. Não há nada que obrigue o Brasil a acatar qualquer decisão de Haia.
Diplomacia. Na próxima semana, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, deve encontrar o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, em Nova York. Um dos temas a serem tratados é justamente a situação de Battisti. Ao longo dos últimos meses, o embaixador da Itália no Brasil, Gherardo La Francesca, tem-se encontrado com o secretário-geral do Itamaraty, embaixador Ruy Nogueira. As conversas, no entanto, não levam a nenhuma conclusão.
Diplomatas ouvidos pelo Estado afirmam que o governo brasileiro entende a pressão italiana como um caso de política interna muito sensível. Nem por isso poderá ceder, já que o asilo político já foi concedido a Battisti. Quando o caso chegar a Haia, o Brasil contratará um advogado para fazer sua defesa. Antes disso, nada será feito.

EDITORIAL O GLOBO - Uma enciclopédia de corrupção


Uma enciclopédia de corrupção
 EDITORIAL
O GLOBO - 15/09/11

Pedro Novais amplia a lista de defenestrados no governo Dilma Rousseff envoltos em suspeições. São quatro em menos de nove meses de gestão, talvez um recorde na modalidade. Antonio Palocci, indicado por Lula para ser homem forte no Planalto, a partir da Casa Civil, optou por manter em sigilo a lista de empresas às quais prestou consultoria. Teve de sair. Já rastros explícitos de corrupção foram deixados na queda do segundo ministro, Alfredo Nascimento (PR-AM), dono da Pasta dos Transportes, doada a ele e ao partido pelo esquema fisiológico de montagem de governo adotado pelo lulopetismo. Tudo em nome da "governabilidade" - inclusive o mensalão. Depois, veio o peemedebista, como Novais, Wagner Rossi, apeado da Agricultura também pela repercussão do noticiário sobre atos desabonadores do político paulista.
Dilma, ex-mãe do PAC, já devia saber das causas da inflação de custos nos projetos tocados pelos Transportes (Valec incluída), analisados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit), convertido em sinônimo de superfaturamento e caixa dois partidário. Não demorou a executar o que talvez quisesse ter feito quando era ministra-chefe da Casa Civil de Lula. Fez um jogo de cena ao oferecer o cargo de Nascimento a Blairo Maggi (PR-MT), protetor de Luiz Pagot (Dnit), e ungiu ministro quem queria, Paulo Sérgio Passos, do partido, mas sem ligações viscerais com a legenda. Tanto que foi formalmente anunciado que não representa o PR no governo. É bom cartão de visitas.
Com Pedro Novais (PMDB-MA) há uma enciclopédia de corrupção. Não apenas praticada por ele, mas por esquemas que atuam no ministério e, pelo visto, há razoável tempo. Se irão sobreviver à crise, o tempo dirá. Novais, assim como Nascimento e Rossi, era parte do pacote embalado no fisiologismo e despachado por Lula para o governo Dilma. A nomeação do maranhense é exemplar dos valores que pesam quando se monta uma equipe de governo em função do toma lá dá cá. Para tratar do turismo - setor vital num momento em que o país se prepara para sediar grandes eventos esportivos - foi designado alguém sem qualquer experiência na atividade. Pesaram apenas ser Morais do PMDB maranhense e a indicação de José Sarney (PMDB-AP).
O secretário executivo de Novais, Frederico Silva da Costa, foi um dos 33 presos na Operação Voucher, da Polícia Federal, montada para desbaratar um esquema de desvio de emenda parlamentar para pelo menos uma ONG de fachada no Amapá. A autora da emenda, deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), pode vir a ser denunciada pelo MP federal ao Supremo. Novais se sustentou, pois a organização de estelionatários vinha do governo Lula. Mas não resistiu à revelação, feita pela "Folha de S.Paulo", de que, de 2003 ao ano passado, pagara salário de uma empregada doméstica com dinheiro público. Típico de quem confunde dinheiro do contribuinte com o dele. No dia seguinte, ontem, um tiro de misericórdia: o jornal estampou foto da mulher do ministro, Maria Helena de Melo, indo às compras num carro conduzido por um funcionário público. Outro exercício indesmentível de patrimonialismo.
Ocioso discutir se a queda de Novais é "faxina" ou "política de constante combate à corrupção". Ganha a República. Mas é preciso esperar os desdobramentos. Afinal, o Turismo deve continuar a ser uma fazenda de porteira fechada cujo capataz é o PMDB.

BURRO DE CARGA


VINÍCIUS TORRES FREIRE - Dilma, enfim, tem uma meta

Dilma, enfim, tem uma meta
VINÍCIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 15/09/11

Faz algum tempo que vários ministros e economistas graduados do governo dizem nas internas que o país não pode crescer menos de 4% ao ano. Ontem, a presidente disse explicitamente: é isso mesmo. E daí?

Em quase qualquer lugar do mundo, ainda mais neste mundo caótico, meta de crescimento é algo meio quimérico. Mesmo soltando as amarras do gasto público aqui e deixando a inflação escorrer por ali, é difícil acertar o alvo do PIB.

Ainda assim, a meta anunciada de Dilma parece uma assinatura do contrato da "nova política econômica" de seu governo. Trata-se de crescer 4%, de dar uma relaxada com a inflação, mas não deixar que os preços subam mais de 6,5% ao ano, o teto da meta que o BC deve cumprir.

Dado que o BC está reduzindo a taxa de juros por conta, esperando desaquecimento feio da economia do mundo e no Brasil, os instrumentos restantes do ajuste das metas são o gasto público e intervenções localizadas no crédito e manipulações menores, tal como o governo fez com o preço dos combustíveis.

Por que 4%? Economistas do governo dizem a esta coluna que é o crescimento necessário para que a arrecadação de tributos se mantenha num nível suficiente para manter as contas públicas em ordem.

Em ordem significa cumprir a "meta cheia de superavit" fiscal até o final do governo Dilma. Isto é, poupança de 3,1%, 3,2% do PIB até 2014. Seria o bastante, dizem economistas do governo, para auxiliar o Banco Central a manter a inflação "perto da meta" e, também, para continuar reduzindo o tamanho relativo da dívida em relação ao PIB.

Mas é possível manter o salário mínimo indexado, reduzir tributos para empresas (como prometido no "Brasil Maior"), fazer o "Brasil sem Miséria" (ampliação de programas sociais), reanimar o "Minha Casa, Minha Vida" e parar de contar investimento em infraestrutura, como está sendo feito este ano?

Tudo ao mesmo tempo não vai dar, reconhecem os economistas do governo. O que vai dar? Vai se ver mais para a frente, dizem.

Economistas mais certeiros do mercado dizem que tal arranjo tende a resultar em inflação de cerca de 5,5% a 6% no ano que vem, com crescimento de uns 3,5% do PIB em 2011 e em 2012, afora em caso de desastre na Europa, quando essas contas todas serão ainda mais incertas.

Fechem ou não as contas, sabe-se lá com qual inflação, é esse o esquema com que o governo trabalha.

FERNANDO REINACH - Uma 'vacina' contra o câncer


Uma 'vacina' contra o câncer
FERNANDO REINACH
O Estado de S.Paulo - 15/09/11

Desde meados do século 20, quando as vacinas se tornaram uma das armas mais poderosas da medicina, os oncologistas invejam os imunologistas. Não seria fantástico se a capacidade do sistema imunológico de identificar, perseguir e exterminar bactérias e vírus pudesse ser usado para combater células cancerosas?

Apesar da inveja velada, oncologistas e imunologistas passaram os últimos 50 anos colaborando para dirigir o canhão do sistema imunológico contra as células cancerosas. Alguns sucessos, como anticorpos monoclonais capazes de matar células tumorais, foram adicionados ao armamento dos oncologistas, mas até agora não havia sido possível convencer o sistema imunológico a se voltar de modo eficiente contra as células tumorais. Parece que isso vai mudar.

A base do sistema imunológico é sua capacidade de distinguir o que faz parte do nosso corpo (self) do que não faz (non-self) e destruir esses últimos. Quando o sistema imunológico detecta o vírus da gripe, ele "decide" que o vírus não faz parte do "self"e monta um ataque sistemático. Ficamos com febre, os gânglios onde as células do sistema imunológico se dividem incham e após alguns dias o sistema imunológico ataca e destrói o vírus.

O sistema é tão potente que é importante ele não errar, mas quando ele se engana e ataca uma parte do self, provoca doenças autoimunes. O problema que aflige oncologistas e imunologistas é que nosso sistema imunológico, quando detecta uma célula de nosso corpo que sofreu uma ou mais mutações e se transformou em uma célula tumoral, a classifica corretamente como self e não ataca. A célula tumoral continua a se dividir impunemente e o câncer pode se espalhar.

Nas últimas décadas, o mecanismo usado pelo sistema imune para fazer essa classificação foi elucidado. Ele reside em grande parte nos linfócitos T, mais especificamente nos receptores na superfície desses linfócitos. Usando técnicas de engenharia genéticas, imunologistas e oncologistas vêm modificando esses receptores de modo a forçar os linfócitos T a atacar células de tumores. Mas até agora essas células modificadas, quando injetadas nos pacientes, não se dividiam rapidamente e não duravam o suficiente para erradicar o tumor. Agora, parece que os cientistas conseguiram modificar essas células de modo que elas exterminem o tumor.

Nos últimos meses, essa nova estratégia foi testada em três pacientes. Os pacientes sofriam de uma forma avançada de leucemia resistente a todos os tratamentos quimioterápicos. Eles foram internados e amostras de seus linfócitos T foram isoladas. Esses linfócitos foram cultivados fora do corpo durante dez dias. Nesse tempo, foram infectados com um vírus modificado capaz de colocar no genoma dos linfócitos T do paciente uma versão alterada de seus receptores.

Esses receptores haviam sido modificados para garantir que os linfócitos reconhecessem as células cancerosas e que pudessem se multiplicar rapidamente e atacar o tumor. No décimo dia, um pequeno número desses linfócitos transgênicos foi injetados no sangue dos pacientes.

Resultado inesperado. Por uma semana, nada aconteceu, mas em seguida os pacientes começaram a ter febre e outros indícios de que uma resposta imunológica estava ocorrendo. Ela foi tão forte e rápida que os médicos tiveram dificuldade de controlá-la. Após duas semanas, foi possível verificar que os linfócitos T não somente haviam reconhecido o tumor, mas haviam se dividido rapidamente e destruído as células tumorais.

Os cientistas estimam que o sistema imunológico dizimou quase 1 quilo de células tumorais em cada paciente em poucos dias. Os cientistas, que esperavam um sucesso parcial, ficaram espantados: em dois dos três pacientes, nenhuma célula tumoral sobreviveu. E seis meses após o tratamento, eles continuam livres da leucemia.

O mais interessante é que os linfócitos T capazes de combater a leucemia colonizaram os órgãos do sistema imune e permanecem no corpo desses pacientes. Provavelmente eles atacarão novamente se surgirem novas células tumorais. Esses pacientes parecem estar "vacinados" contra este tipo específico de tumor.

Esse resultado mostra que temos tecnologias capazes de manipular o sistema imune de modo a dirigir seu poder de destruição contra o alvo de nossa preferencia. Mas, apesar deste sucesso, nem tudo são flores. Um dos três pacientes não foi curado completamente e nos três, ao matar as células tumorais, os linfócitos T modificados mataram também outras células que possuíam o marcador usado para identificar as células tumorais. E é preciso esperar um tempo mais longo que os seis meses decorridos para saber se a cura foi definitiva.

Nos próximos anos, saberemos se esse procedimento pode ser usado em diferentes tipos de tumor. E teremos uma ideia melhor de sua eficiência quando ele for testado em um número maior de pacientes, em diversos centros.

MÔNICA BERGAMO - ESPELHO ELEITORAL


ESPELHO ELEITORAL
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 15/09/11

O PMDB de São Paulo fez pesquisa qualitativa para testar os candidatos que considera competitivos nas eleições municipais de 2012: José Serra pelo PSDB e Marta Suplicy e Fernando Haddad pelo PT. Avaliou também o próprio candidato, Gabriel Chalita. A conclusão é que o eleitorado enxerga em Haddad e Chalita características parecidas. A coisa desempata quando se informa aos entrevistados que o ex-presidente Lula é padrinho do primeiro.

SER OU NÃO SER
Na enquete, o partido mostrou vídeos dos quatro pré-candidatos aos eleitores. Marta Suplicy é elogiada por grande parte deles, apesar de rejeitada por outra. "No caso dela, é ame ou odeie. Mas ela está forte", diz dirigente do PMDB que viu os relatórios. Serra tem boa imagem. "Mas há grande desconfiança. As pessoas acham que ele não quer ser prefeito de São Paulo e sim presidente do Brasil", diz o mesmo dirigente.

JANELA
Netinho de Paula, do PC do B, não foi testado. O PMDB acredita que, apesar de pontuar bem nas pesquisas, o vereador vai virar candidato "nanico" na campanha por causa do pouco tempo do partido na TV.

PRIMEIRA CLASSE
E Dilma Rousseff convidou Marta Suplicy para viajar com ela no avião presidencial, de São Paulo a Brasília, na terça.

A senadora foi a única parlamentar do Estado a receber o convite. Levou na bagagem um CD de Chico Buarque para dar de presente à presidente.

PELÍCULA
O publicitário Marcos Valério, pivô do escândalo do mensalão, fez rasante em São Paulo para reunião com advogados do caso. E comentou notícias veiculadas na coluna sobre o fato de José Dirceu estar lançando um livro e Delúbio Soares, um CD para internet: "O próximo sou eu: vou fazer o roteiro de um filme de terror".

FORCINHA
O grupo teatral Oficina, que já fez nove apresentações do espetáculo "Macumba Antropófaga", conseguiu agora a liberação do Ministério da Cultura para captar R$ 2,7 milhões via Lei Rouanet para completar 39 espetáculos. "Somos 75 pessoas. Estamos desde março com a peça, sem ganhar nada a não ser um cachê na Flip [onde o Oficina se apresentou em julho]. Tem gente com aluguel pendurado, estamos nos virando", diz o diretor José Celso Martinez Corrêa.

FORCINHA 2
Parte desse dinheiro, R$ 1,2 milhão, segundo Martinez Corrêa, será captado com a Petrobras. "Vamos pagar todas as dívidas que temos", afirma.

DE OLHO
A ambientalista Céline Cousteau, neta do documentarista Jacques Cousteau, vai participar do Festival SWU, em novembro. Vai falar sobre os danos que o desrespeito ao ambiente causam nas populações. E tentará ir ao Vale do Javari (AM), onde esteve há alguns anos, para fazer um documentário. "Um líder indígena me procurou. Me pediu para ajudá-los a contar a sua história."

LÁ VEM A NOIVA
A apresentadora Daniela Albuquerque usará um vestido longo de renda "off white" em seu novo casamento com Amilcare Dallevo Jr., sócio da RedeTV!. Eles renovarão os votos com festa no dia 23, quando completam cinco anos de união.

EM CENA
O músico Branco Mello e a atriz Ângela Figueiredo foram à estreia de "Ridículos Ainda e Sempre". Lúcia Veríssimo assistiu à peça, no Espaço Parlapatões, grupo que comemora 20 anos de palco.

CURTO-CIRCUITO

O secretário José Aníbal faz palestra de abertura da Ecoenergy 2011, hoje, no Centro de Exposições Imigrantes.

O procurador Antônio Carlos Bigonha faz hoje e amanhã, às 21h, shows no Clube do Choro, em Brasília. 14 anos.

Fernando Altério recebe convidados para festa de abertura de "Varekai", do Cirque du Soleil, hoje, no parque Villa-Lobos.

GOSTOSA


MARIA HELENA GUIMARÃES - É cedo para celebrar avanços na alfabetização


É cedo para celebrar avanços na alfabetização 
MARIA HELENA GUIMARÃES
FOLHA DE SP - 15/09/11

Cabe aos mais de cinco mil municípios do país reforçar as ações voltadas para a primeira infância e garantir a qualidade da pré-escola



A Prova ABC, cujos resultados foram divulgados no fim de agosto, chama atenção a um problema bastante conhecido e nada surpreendente: 4,5 crianças em cada dez, ao final do terceiro ano, não têm os conhecimentos necessários em leitura e escrita.

No que tange à matemática, o quadro é mais grave: 56% dos alunos não atingiram os níveis esperados. São enormes as diferenças observadas e mais impressionantes ainda as desigualdades entre o desempenho das escolas públicas e o das particulares.

Não é novidade que o adequado processo de alfabetização, em língua portuguesa e em matemática, deve ser garantido nos anos iniciais do ensino fundamental. Esse é o pressuposto básico para assegurar às crianças o direito de continuarem aprendendo sem acumular deficit que dificultarão seu desenvolvimento cognitivo e emocional.

Trata-se, portanto, do princípio de equidade que deve ser a base do sistema educacional do país. No entanto, a nova avaliação prova o perverso círculo da desigualdade desde o primeiro ano na escola.

A boa noticia é que a média obtida pelos alunos do terceiro ano na Prova ABC em leitura (185,8) é ligeiramente maior do que a média do quinto ano aferida na Prova Brasil 2009 (184,3). Isso significa que, provavelmente, esses alunos chegarão ao final dos anos iniciais mais preparados.

Além disso, as médias obtidas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste se aproximam da meta de 200 pontos -estabelecida pelo movimento Todos Pela Educação- a ser atingida ao final do quinto ano.

São dados que sinalizam tendências de melhora, sobretudo nas redes municipais, que concentram mais de 70% das matrículas nessa etapa. O grande problema continua sendo a falta de equidade dos resultados.

Como obter resultados melhores e mais equânimes se, desde o início, as crianças mais pobres, oriundas de famílias com pouca ou nenhuma escolaridade, já são vítimas de um sistema ineficiente e incapaz de compensar as desigualdades socioeconômicas na etapa essencial para o sucesso escolar? Como reduzir a defasagem sem uma política firme de atenção à primeira infância, de acesso universal à pré-escola de qualidade e sem um sistema competente de alfabetização?

Está nas mãos dos mais de 5.000 municípios a grande missão de construir o futuro do Brasil. Cabe a eles dar consistência às ações voltadas à primeira infância e garantir a qualidade da pré-escola, além de não poupar investimentos no ensino fundamental.

E, para isso, é indispensável consolidar um efetivo regime de colaboração capaz de articular políticas que promovam o fortalecimento técnico e institucional das redes municipais.

Se de fato estamos de acordo sobre a qualidade da educação como prioridade nacional, precisamos construir um acordo estratégico para atingir os objetivos.

Esse acordo passa obrigatoriamente por uma articulação entre Estados e municípios, por políticas educacionais continuadas, por uma completa revisão dos programas de formação de professores, por uma definição das expectativas de aprendizagem e do currículo e por um mapeamento completo das iniciativas locais bem-sucedida -que, aliás, não são poucas e envolvem entidades públicas, privadas e ONGs.

Não há dúvida de que houve avanços na educação brasileira, mas ainda é cedo para comemorar.

A próxima agenda de políticas é complexa, menos visível, não dá voto e nos coloca diante do dilema: é educação ou educação!

MARIA HELENA GUIMARÃES, ex-secretária de Educação de São Paulo e ex-presidente do Inep, é coordenadora da ONG Parceiros da Educação

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Cabra-cega
SONIA RACY
O ESTADÃO - 15/09/11

Com a aproximação do período de chuvas (e decorrentes apagões), profissionais do Fórum Criminal da Barra Funda e de Santana voltam a ficar apreensivos. Ambos, assim como outros da capital de SP, não têm gerador de energia, mas são os únicos a receber réus presos para audiências.

Sem eletricidade, se queixam que as duas casas ficam no breu, já que não há luz de emergência, e a iluminação natural é ruim. Detectores de metais também param de funcionar. Fatos que, além de atrapalhar o trabalho, poderiam facilitar tentativa de fuga ou de resgate dos presos.

Cabra-cega 2

Indagado, o TJ-SP responde que os réus provenientes de prisão têm escolta da PM. Também são revistados na penitenciária e na carceragem do fórum. Por isso, a "eventual falha dos detectores de metal não guarda relação lógica com o agravamento do risco".

O TJ argumenta, ainda, que o expediente é suspenso na hipótese de apagão por um período que possa colocar em risco os ocupantes do fórum. Portanto, a compra de geradores não vale o custo-benefício.

Toma lá...

Em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, anteontem, Saulo de Castro, secretário de Transportes, brincou com a fama de papagaio de pirata de Orlando Morando: "Pô, Orlando, dessa vez você não conseguiu ficar atrás da Dilma e do governador". O líder do PSDB na assembleia retrucou, mas os termos ficam para uma próxima.

...dá cá!

Em seu discurso, Dilma fez questão de citar Zé Aníbal, de quem é amiga. Enquanto Alckmin lembrou Bruno Covas, seu preferido para candidato à Prefeitura de São Paulo.

Panes

A recarga do Bilhete Único nos metrôs de SP apresenta falha constante. Desde a mudança da empresa operadora, no fim de agosto, a rede fica frequentemente "fora do ar". Além do inconveniente, o usuário perde desconto na integração com o ônibus.

O metrô avisa que a implantação do novo sistema se estenderá até o fim de setembro.

Pranchão

Danilo Couto, do cast da 9ine, está de partida para o Havaí. Atual líder do perigoso ranking das maiores ondas do mundo, vai à caça de mais um recorde.

Chico, brasileiro

Como de praxe, Chico Buarque começou, discretamente, a ensaiar nova turnê. Segunda-feira, entrou em estúdio com os músicos para acertar detalhes dos shows que acontecem ainda este ano - e que vão rodar o País.

Tarrafa

A torcida do Santos ganhou uma missão: ajudar as diretoras Kátia Lund e Lina Chamie a completarem a trilogia de documentários sobre o clube.

Elas estão em busca de material de diversas épocas para os longas do centenário do Peixe. A dupla, aliás, vai a Tóquio, no fim do ano, para registrar o eventual jogo contra o Barcelona, na final do Mundial de Clubes.

No, no, no

Nem só de flores é feita a vida de uma princesa. Depois de Dueña Letizia, da Espanha, se tornar alvo de polêmica por sua magreza, é a vez de Kate Middleton. A duquesa de Cambridge virou referência em sites pró-anorexia. Ela, claro, nega qualquer distúrbio alimentar.


Na frente

Miriam Belchior estará em SP, segunda. Debaterá, com empresários do Lide, a infraestrutura dos próximos grandes eventos esportivos no País.

Ricardo Tripoli, pré-candidato à Prefeitura de SP, autografa A Ousadia que Deu Certo. Hoje, na Cultura da Paulista.

Alex Flemming abre a mostra Fotografias. Hoje, na Galeria Penteado.

José Bechara inaugura a individual Líquido do Metal. Hoje, na Galeria Marilia Razuk.

Fabio Góes faz show, hoje, no Teatro da Vila.

É hoje a pré-estreia de Varekai, do Cirque du Soleil. Depois, tem festa para VIPs no parque Villa-Lobos.

Interinas: Débora Bergamasco, Marilia Neustein e Paula Bonelli.

GOSTOSA


DEMÉTRIO MAGNOLI - Palestina mutilada


Palestina mutilada
DEMÉTRIO MAGNOLI 
 O Estado de S.Paulo - 15/09/11

A Assembleia-Geral da ONU votará o reconhecimento de um Estado Palestino nas fronteiras de 1967. A proposição, da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), enfrenta a oposição do governo israelense e não conta com o apoio de Washington, mas implica a renúncia definitiva dos palestinos ao território do Estado judeu, tal como delimitado em 1949. Trata-se, portanto, indireta, mas inegavelmente do tão exigido reconhecimento de Israel pela nação palestina. O pedido de reconhecimento da Palestina como Estado tem, além disso, profundo impacto sobre a natureza do nacionalismo palestino. Quase ninguém fala no assunto, mas é uma Palestina mutilada que emergirá da operação política em curso na ONU.

A nação palestina é reconhecida pela ONU desde 1974. A sua representação oficial é a OLP, que ocupa uma cadeira de membro observador na Assembleia-Geral. A OLP representa todos os palestinos: tanto os habitantes dos territórios ocupados por Israel quanto uma vasta diáspora espalhada pelo Oriente Médio e pelo resto do mundo. Quando se substitui a OLP pelo proclamado Estado Palestino, que ocupará uma cadeira de membro pleno, os palestinos da diáspora são abolidos política e juridicamente. Eles simplesmente desaparecem - não como indivíduos com existência material, mas como um ente do Direito Internacional.

Nações são "comunidades imaginadas", na expressão de Benedict Anderson, que derivam de um "plebiscito cotidiano", como enfatizou o nacionalista Ernest Renan. O seu atributo indispensável é uma experiência histórica compartilhada e a crença comum numa unidade que se projeta rumo ao futuro. "Andaluzia se tornou um lugar perdido; então, Palestina se tornou Andaluzia: perdemos a Palestina assim como havíamos perdido Andaluzia", nas palavras de Mahmoud Darwish, o poeta nacional palestino. A Palestina deriva do sucesso das narrativas sobre um passado de despossessão e das sempre renovadas expectativas sobre o reencontro futuro entre um povo e uma terra. O nakba, data da declaração de independência de Israel, é o dia da "catástrofe" palestina: o êxodo provocado pela derrota na guerra. Nas cerimônias dos 50 anos do nakba, em 15 de maio de 1998, o evento central foi a transmissão das chaves de casas que não mais existem da geração de 1948 para seus netos.

Podem existir nações sem território, como atesta o caso da Palestina, mas o território é atributo indispensável do Estado. O ente geopolítico que a ONU reconhecerá é um fantasmagórico poder soberano palestino referenciado no espaço geográfico delimitado pelas fronteiras de 1967. Pouco importam as solenes declarações dos dirigentes palestinos: o novo Estado não representará os palestinos que residem em países estrangeiros com ou sem documentos de cidadania. A substituição da OLP pelo Estado Palestino equivale a um intercâmbio pelo qual se sacrifica a representação nacional dos palestinos da diáspora em troca do direito de voto na Assembleia-Geral e nos órgãos, comissões e agências das Nações Unidas.

Mas a história não se encerra na supressão dos direitos dos "de fora". Estado é, essencialmente, um governo que exerce poder soberano sobre um território. A modernidade transferiu a prerrogativa de soberania das dinastias para os povos e, com o tempo, difundiu-se a exigência de que os governantes representem democraticamente os governados. Os governos legítimos são os eleitos livremente pelos cidadãos - eis um paradigma que tende a se universalizar. O Estado Palestino será proclamado em meio às revoluções árabes que pedem a substituição de governos tirânicos por governos legítimos. Entretanto, por causa da realidade fática da ocupação israelense, ele não poderá ter um governo escolhido por meios democráticos.

A OLP é um movimento nacionalista, não um Estado. A legitimidade de sua direção emana da história, da tradição. O governo do Estado Palestino, por outro lado, não será legítimo se não surgir do voto livre e universal dos cidadãos que residem no seu território. As eleições para a Autoridade Palestina não são verdadeiramente livres, pois ocorrem sob as condições impostas pela ocupação, e também não são universais, porque excluem os palestinos de Jerusalém Oriental, onde inexiste regime de autonomia. O governo do Estado Palestino, constituído por eleições similares ou por meros acordos entre o Fatah e o Hamas, será o fruto da mutilação dos direitos dos palestinos "de dentro".

A decisão de solicitar à ONU o reconhecimento do Estado Palestino é exibida, tanto pelos palestinos como pelo governo israelense, como um gesto de desafio a Israel. Contudo as declarações e reações oficiais não servem de guia para a decifração da iniciativa da OLP. As revoluções árabes aceleraram a desmoralização das duas correntes dominantes no cenário político palestino. Como admitir a colaboração tácita entre o Fatah e Israel quando nos países vizinhos os povos demandam nas praças liberdades e direitos? Como aceitar a continuidade dos contraproducentes ataques de foguetes Katyusha promovidos pelo Hamas contra civis em Israel quando os árabes comprovam a eficácia da política de massas? Hoje os dirigentes do Fatah e do Hamas temem mais os palestinos do que temem Israel. A iniciativa na ONU é a solução defensiva encontrada por eles para preservar um poder sob ameaça.

Há cinco meses Fatah e Hamas arquivaram suas rusgas crônicas para formar uma coalizão de governo. Agora, na ONU, seus dirigentes buscam resgatar o prestígio perdido, por meio de uma confrontação diplomática com o inimigo, e petrificar o controle que exercem sobre os palestinos, pela edificação de uma entidade geopolítica cujo governo terá forças em armas, mas prescindirá de legitimidade democrática. Se triunfar tal projeto, os palestinos viverão sob dupla ocupação: de Israel e de um governo impermeável à vontade dos governados. Não é bonito - mas é o que é.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA


Batata quente
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SP - 15/09/11

O Planalto considerou um presente de grego o gesto do PMDB de facultar a Dilma Rousseff a escolha de "qualquer um" dos 80 deputados do partido para substituir Pedro Novais no Turismo. A presidente, que acabou optando pelo sarneysista Gastão Vieira, sabia que restrita a esse conjunto, não encontraria nenhum nome com ficha razoavelmente limpa e, ao mesmo tempo, aceitação interna suficiente para não ser contestado pela própria bancada, para não falar em familiaridade mínima com a área de atuação da pasta.
Nessas condições, qualquer que fosse o ministro, a artilharia das facções contrariadas seria contratada.


Por um triz Favorito do líder Henrique Eduardo Alves (RN), o deputado Manoel Júnior (PB) quase chegou lá. Mas o Planalto achou que a acusação de envolvimento em assassinato, a esta altura, era um pouco demais.

Segura aí Na quarta à noite, com o prazo de validade de Novais já nitidamente vencido, expoentes do PMDB da Câmara se movimentavam para tentar mantê-lo no cargo ainda por um par de dias, sob a alegação de que sua queda ofuscaria o evento festivo que o partido promove hoje em Brasília para dar a largada na campanha municipal.

Mudo Na véspera, Dilma procurou Temer por telefone para discutir o caso Novais. Mas teve de desistir da conversa. O vice estava sem voz.

Truque Via emenda de redação, governistas tentarão empurrar para 2014 o início da vigência da emenda 29, que fixa percentuais de gasto público com saúde. Segundo o texto original, União, Estados e municípios deveriam se enquadrar até 2011. A votação na Câmara está agendada para a próxima semana.

Liga pra mim Deputados relatam: o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), queixa-se de que há 15 dias não fala com Dilma.

Cardápio O Itamaraty encaminhou a Dilma uma lista de temas para que dali ela pince os ingredientes de seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, prevista para a próxima quarta-feira. Ao lado de questões como a reformulação das instâncias decisórias internacionais está a defesa da criação de um Estado palestino.

No deserto Registro no Twitter do governador Marcelo Déda (PT-SE), em visita à capital: "Preparado para a batalha com o clima de Brasília: spray nasal, banha de cacau para os lábios, umidificador ligado no escritório".

Não rola Os nomes de Guilherme Afif (PSD) e Alberto Goldman (PSDB), defendidos por uma ala tucana como opções que poderiam unir Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab na sucessão paulistana, não têm respaldo no Palácio dos Bandeirantes. São hipóteses descartadas no entorno do governador.

Cabala Kassab trabalha para atingir na próxima semana a marca de 55 deputados, número de urna reivindicado ao TSE para seu PSD.

Intentona Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) volta à cena como patrocinador da candidatura de Luiza Erundina (PSB) em São Paulo. Para a vice, ele sugere os correligionários Ivan Valente ou Carlos Giannazi. Falta combinar com o partido da ex-prefeita, instalado no governo Alckmin e aliado de Kassab.

Visita à Folha A ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça, visitou ontem a Folha. Estava com Ricardo Cunha Chimenti e Erivaldo Ribeiro dos Santos, juízes auxiliares.

com LETÍCIA SANDER e FÁBIO ZAMBELI

tiroteio

"A peça teatral 'A viagem das malas', que tem como protagonistas velhos conhecidos do mundo político, percorre todo o país. O tema é como transformar em pai o filho do vizinho."
DO DEPUTADO ESTADUAL CAMPOS MACHADO (SP), secretário-geral do PTB, a respeito da disputa que vem travando na Justiça Eleitoral pela sigla PSD, nome do partido criado pelo prefeito Gilberto Kassab.

contraponto

Faça como eu digo


Durante sabatina do diretor-presidente da Anvisa na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, Eduardo Suplicy (PT-SP) levou o plenário às gargalhadas ao introduzir o tema do uso terapêutico da maconha.
-Vou sugerir ao médico com quem conversei que encaminhe à agência o seu conhecimento. Não sou especialista. E não recomendo. Quero dizer, presidente, digo abertamente, já experimentei, mas não recomendo. O que eu recomendo, sim, é realizar exercícios físicos diariamente. Fiz ainda hoje, no Parque da Cidade.

GILLES LAPOUGE - Os países emergentes vão socorrer o euro?


Os países emergentes vão socorrer o euro?
GILLES LAPOUGE
O Estado de S.Paulo - 15/09/11

Para um continente como a Europa, cheio de orgulho e cansado de glórias, uma região que conduziu por tanto tempo e, às vezes, de maneira tão violenta a história do mundo, é o cúmulo da humilhação receber a ajuda de países exóticos, muitas vezes olhados com condescendência e, em certos casos, tratados quase como colônias ou como entrepostos comerciais. Mas é exatamente isto que está ocorrendo.

Ontem, o mundo todo se inclinava na beira do abismo no fundo do qual a Europa se debate. Mas agora mãos compassivas estendem-se para ajudar Bruxelas, Atenas, Roma ou Paris a se reerguer.

Na terça-feira, quando as bolsas europeias enlouqueceram, a China demonstrou que tem bom coração, enquanto Brasília, pela voz de Guido Mantega, anunciava que os países do grupo do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reunirão no dia 22 em Washington, a fim de avaliar de que modo poderão socorrer a Europa cujo corpo, asfixiado pelas dívidas, e exangue, está indo contra a corrente.

Foi o primeiro-ministro chinês em pessoa, Wen Jiabao, que se declarou disposto a "estender uma mão amiga".

Wen se mostrou generoso, compreensivo, indulgente. Mas, em todo caso, não perdeu a oportunidade para distribuir alguns conselhos aos europeus. Seu desejo é que eles "adotem políticas fiscais e monetárias responsáveis, administrem adequadamente as questões do endividamento, garantam a estabilidade das operações de investimento no mercado e preservem a confiança dos investidores em todo o mundo".

A Europa poderia ofender-se e irritar-se pelo fato de os chineses resolverem adotar a postura do mestre bondoso, do sábio que quer ajudar um moleque impertinente desde que este prometa fazer menos besteiras. E que também pede contrapartidas por sua benevolência.

No entanto, não disse nada. Ficou feliz demais com a possibilidade de a rica China correr em sua ajuda, ainda que ao preço de uma boa dose de humilhação.

A Europa teria até desejado que a China não se contentasse com palavras gentis, e que logo colocasse a mão no bolso. Um gesto concreto de Pequim teria, por exemplo, evitado que a Itália tivesse de propor um juro (enorme) de 5,6% para encontrar compradores dos 6,5 bilhões em títulos emitidos no mesmo dia.

O exemplo italiano não foi escolhido ao acaso. Na zona do euro, a Itália ocupa uma posição nevrálgica: ela corre um sério perigo, mas, ao mesmo tempo, é a terceira economia da zona do euro, ou seja, suas dívidas são muito superiores às da Grécia ou de Portugal. Segundo foi anunciado ontem, elas chegam a 1,911,8 trilhão, portanto o seu calote abalaria todo o continente. Um "doente" tão enorme que seria quase impossível salvá-lo, o que provocaria a agonia de toda a zona do euro.

Além disso, Roma tem cortejado os chineses. Uma delegação de Pequim se encontrou na terça-feira com o ministro de Finanças italiano para a aquisição de uma parte da dívida italiana.

Quanto ao Brics, também estudam uma possibilidade de comprar uma parte da dívida da zona do euro. No entanto, a fórmula é vaga e sua tradução na prática não está clara. De fato, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira já recorre à Ásia para grande parte de suas captações de recursos.

É por isso que o anúncio da próxima reunião do Brics em Washington está sendo interpretado aqui, principalmente, como uma mensagem política tranquilizadora. Portanto, não nos resta senão aguardar esse encontro crucial. / TRADUÇÃO ANNA CAPOVILLA

GOSTOSA


MARCIA PELTIER - Política de planície


Política de planície
 MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 15/09/11

O grupo disposto a criar uma nova forma de fazer política no país – e que tem na ex-senadora Marina Silva uma das principais articuladoras – se encontrou pela primeira vez, terça-feira em Brasília, propondo também uma maneira diferente de se reunir . Em vez de uma mesa de destaque para alguns luminares, o que se viu na sala da CNTC foram várias cadeiras em círculos concêntricos, para que ninguém sobressaísse mais que o outro. A vereadora Heloísa Helena (PSOL-AL) acabou não indo, pois está com problemas de saúde. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) avisou, à tarde, que iria, mas acabou fazendo forfait.

Pelas redes sociais 

O esboço de uma Carta de Princípios começou a ser redigido. Nele afirma-se que não há separação real entre homem e natureza e nem entre indivíduo e coletivo. Em outro tópico, está dito: “A disputa de poder pelo poder no Estado ou em qualquer pequena coletividade é um pacto de adoecimento coletivo ”. Também ficou decidido que o Facebook será, por ora, o principal instrumento de discussão e de colocação de propostas em votação. Estiveram lá os senadores Pedro Taques (PDT-MT), Suplicy (PT-SP), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Antonio Reguffe (PDT-DF), entre outros.

Estrutura de peso 
A montagem de mais de 700 contêineres, com uma tonelada e meia cada um, será finalizada na Cidade do Rock esta semana. Os módulos, confeccionados pela MRC, receberão decoração especial e servirão de camarins, restaurantes, centro médico, escritórios e lojas para o evento. O custo operacional ficou em torno de R$10 milhões e segue a filosofia sustentável do festival. Após o término do evento, 500 contêineres serão reaproveitados pela Petrobras, que utilizará as chapas de aço como refeitório e moradia para seus funcionários.

Sem pânico 
Aliás, a marca de chiclete Trident, que terá um camarote também de contêineres no Rock in Rio, contará com o primeiro elevador panorâmico com 7 metros de altura. Com visão privilegiada do evento, vips poderão "ficar presos" no elevador durante uma música inteira para ver melhor seus ídolos.

Momento celebridade
Uma câmera presa em uma bola gigante passará sobre a galera para registrar momentos de descontração do público durante o Rock in Rio. As imagens serão exibidas no telão.

Guitarras 'al mare'

Aliás, já vai longe o tempo em que roqueiro não gostava de mordomias. O Motorcycle Rock Cruise, cruzeiro no navio Zenith com 14 bandas ao vivo, terá uma segunda edição em 2012, com o grupo Raimundos já confirmado. Na última noite acontecerá uma master jam, com a presença da banda Angra e da Hail, formada por integrantes do Megadeth, Judas Priest, Ozzy Osbourne, Testament e Sepultura. O cruzeiro sai de Santos rumo a Búzios, em fevereiro, e custará US$ 883 pelos três dias do evento.

Treinar, rezar, competir 

O padre Kevin Lixey, do Conselho Pontifício para os Leigos, seção esporte, veio do Vaticano especialmente para falar hoje, na Casa Julieta de Serpa, sobre como a religião e o esporte podem se unir para construir um mundo melhor. Desde João Paulo II a Igreja vem usando o esporte como meio de evangelização. No Rio, o padre José Carlos Lino de Souza, da paróquia de Cristo Operário, na Vila Kennedy, há 20 anos realiza um trabalho nessa linha e oferece para as crianças oficinas de judô, caratê, capoeira, futebol, handebol, corrida e até esgrima. Dom Orani Tempesta vai espalhar a prática pelas paróquias do Rio.

DJ do Rio 

Formado em publicidade sem nunca ter exercido a profissão numa agência, o DJ MAM está empolgadíssimo com a oportunidade de unir sua formação com a música. É dele a logo sonora do 4º Congresso Sustentável, que irá reunir os maiores especialistas mundiais em economia verde no Píer Mauá, de 27 a 29. O DJ criou vinhetas baseadas em sua própria composição, O Om & o hómi, rica em solos de berimbau, flauta chinesa, cítara digital e loops de pandeiros. MAM acaba de vencer, com Rodrigo Sha, o concurso para a música símbolo dos 80 anos do Cristo Redentor. E a música Oba Rio, que o secretário de Turismo Antônio Pedro Figueira de Mello distribui em CD como símbolo da cidade, também tem sua assinatura.

Pensamento em bloco 
Líderes mundiais estão em Dalian, na China, até domingo, no segundo maior fórum organizado anualmente pelo World Economic Forum. Em sua quinta edição, o encontro, conhecido como Davos de Verão, deverá reunir cerca de 1.500 líderes mundiais - mais de 400 CEOs - que vão discutir a recuperação e estabilização da economia mundial. Dentre os brasileiros estão por lá Alexandre Baldy, da Hypermarcas, Jaime Câmara, presidente da Organização Jaime Câmara, Hélio Mattar, presidente do Instituto Akatu, e o governador de Goiás, Marconi Perillo.

Livre Acesso

O economista Carlos Lessa e Jorge Castanheira, presidente da Liesa, falam sobre O Samba como economia da cultura em noite de debate no CCBB do Rio, dia 20, em parceria com o Ministério da Cultura.

O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Modesto Jacobino, e o professor titular da Unicamp-SP Carlos Arturo D'Ancona estão entre os especialistas que debaterão os principais avanços da medicina urológica, como técnicas de cirurgia e diagnóstico, durante a 14ª Jornada de Urologia do Hospital Memorial, sábado, no Engenho de Dentro.

A joalheria Göttin utiliza em seu atelier o programa em modelagem tridimensional Rhinoceros. O software permite que o cliente visualize a jóia em 3D e dá uma nova opção para noivas que procuram exclusividade em alianças.

O produtor Paulo Assis Brasil realiza sábado, a partir das 18h, o In Jazz Festival, no antigo Parque dos Patins, na Lagoa, pelos 30 anos de morte de seu irmão, o saxofonista e compositor Victor Assis Brasil. Leny Andrade, o saxofonista Idriss Broudrioua, o contrabaixista Paulo Russo e o pianista Hamleto Stamato participam do show.

O cirurgião plástico Luiz Haroldo Pereira participa da 21ª Semana Internacional de Cirurgia Plástica da Argentina, que termina neste fim de semana. Ele vai falar sobre gluteoplastia e prótese peitoral masculina.

Uma viagem gastronômica pelos países em constantes guerras e conflitos é a proposta da chef Vivian Arab, do restaurante Arab, que oferece, a partir de hoje, o Festival de Fronteira – Comida de Resistência, até dia 25.

O Sesc de Madureira será palco, amanhã, do projeto Gafieira & Graça, um baile gratuito com a banda formada por feras como Carlos Malta, Zé da Velha e Silvério Pontes. Como convidados especiais, Wilson das Neves e Luiza Dionizio.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito