terça-feira, fevereiro 15, 2011

BENJAMIN STEINBRUCH

A batalha dos alimentos
BENJAMIN STEINBRUCH
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/02/11

As duas graves insurreições que eclodiram no norte da África recentemente, na Tunísia e no Egito, têm a ver com problemas políticos, naturalmente, porque ocorreram por conta de descontentamentos com governos que perderam sua representatividade popular depois de longos anos no poder.

Mais do que isso, porém, segundo os analistas internacionais, essas revoltas foram construídas por populações jovens atingidas ao mesmo tempo pela falta de oportunidades de trabalho e pelo forte aumento dos preços dos alimentos. Revoltas populares de menor vulto se deram também em países como Marrocos, Argélia, Iêmen e Jordânia, sempre tendo como pano de fundo os preços dos alimentos.

O Brasil é um dos países beneficiados por esse movimento de preços, porque é grande produtor e exportador agrícola. Mas, embora beneficie o Brasil, não se pode negar que o problema do custo da alimentação é crucial para o mundo de hoje e exige atitudes corajosas por parte das autoridades mundiais. Essas intervenções, porém, não podem ser conduzidas para colocar a conta nos ombros dos produtores de alimentos.

A reação europeia, por exemplo, tem sido muito forte. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, na presidência do G-20, está defendendo a criação de um mecanismo para evitar a volatilidade dos preços das commodities, com a formação de estoques reguladores de alimentos.

A sugestão é boa, desde que não introduza artificialidades no mercado e seja voltada a evitar ações especulativas no comércio global de alimentos. Mas ela merece uma pergunta e uma ressalva. A pergunta: por que nunca partiu do Primeiro Mundo a ideia de criar estoques reguladores durante os longos anos em que os preços das commodities agrícolas estavam em baixa?

A ressalva: a alta dos alimentos advém da escassez e do extraordinário aumento da demanda de alimentos no mundo, muito acima da oferta. Além disso, decorre de um movimento cíclico na produção mundial, bastante influenciado pelas condições climáticas. Nessas condições, não havendo excesso de produção, é muito difícil pensar em formar estoques reguladores.

Em 2008, quando os alimentos também haviam subido bastante, um funcionário da ONU disse que os culpados pela alta eram os produtores de biocombustíveis e os responsabilizou pela fome no mundo. Chamei, então, essa afirmação de ‘despautério', porque havia fatores muito mais importantes que explicavam e ainda explicam a elevação dos preços dos alimentos.

O primeiro aspecto, atualmente, é a quebra das safras mundiais de grãos, fator muito mais importante do que a ação dos especuladores na formação de preços. O volume de produção se torna ainda mais insuficiente quando se observa a crescente população mundial e a ascensão dos milhões de cidadãos de países emergentes à condição de consumidores na cadeia alimentar global.

O segundo aspecto tem a ver com a distorção provocada pelos bilionários subsídios oferecidos pelos EUA e por países da Europa, em especial a França, para produtores ineficientes de alimentos.

Esses doadores de subsídios forjam, há décadas, a formação de preços irreais que impedem países pobres de desenvolver culturas que poderiam colaborar para o aumento da oferta mundial de alimentos e para a redução de preços.

Para países paupérrimos da África, esses subsídios representam uma concorrência desleal criminosa, porque sufocam qualquer tentativa de desenvolver produções agrícolas locais.

Mas o continente depende de políticas globais de ajuda técnica e financeira, além das mudanças no sistema de subsídios à agricultura do Primeiro Mundo, que não podem ser bruscas para não provocar um colapso produtivo.
Alimentação será o tema do ano no G-20, uma batalha que começa nesta semana, em Paris, e termina na reunião de chefes de Estado, em outubro. O Brasil não pode se omitir.

VINICIUS TORRES FREIRE

A oposição se desmancha
VINICIUS TORRES FREIRE 
FOLHA SÃO PAULO - 15/02/11

Individualismo rudimentar e mudança climática na política brasileira ameaçam existência de PSDB e de DEM

A AGONIA dos partidos de oposição é evidente desde 2010. Há tempos doentes de dengue programática e anorexia social, partidos como PSDB e DEM parecem agora ter se entregue à autoamputação.
Gilberto Kassab, prefeito de SP, pode causar hemorragia de um terço dos quadros do seu DEM, a caminho que está de algum outro partido, qualquer partido que lhe dê a legenda para o governo paulista em 2014 e boas relações com o petismo.
Caso se confirme a migração de Kassab, o DEM será um partido nanico, mas sem nacos de poder que alimentam os nanicos agregados ao petismo no poder.
José Serra talvez apenas ameace cortar braços e pernas de PSDB, dada a disputa que trava com Geraldo Alckmin e Aécio Neves, mas o fato mesmo de que sugira a cisão ilustra o baixo nível da discórdia tucana.
O desarranjo da oposição ficara evidente na derrota inglória de 2010, quando o PSDB fizera uma campanha desnorteada, sem programa, sem apelo ou base social e que descambava ora para a demagogia, ora populista ora direitista.
A desorientação tornou-se manifesta na conversa fiada da “refundação tucana”. Aécio e Alckmin passaram a procurar um verniz partidário mais adequado aos novos tempos de hegemonia petista. Deram de falar sobre a importância de “políticas sociais”, de se “aproximar” do “povo” e de sindicatos. Deram de pregar “oposição responsável” a Dilma, “cooperação” com o governo federal. Tudo isso é também um outro modo de fritar Serra, desafeto radical do petismo.
O motivo mais imediato da crise é o fato de que a coligação sudestina de PSDB-DEM tem quatro candidatos (Aécio, Alckmin, Serra e Kassab) para dois cargos em 2014 (governo paulista e presidente). Mas há mais. Kassab pensa em se bandear para um partido associado ao governo petista. Alckmin, como já se disse, é diplomático com Dilma Rousseff, e há mesmo setores do alckmismo ideológico que já se agregaram ao governismo, como Gabriel Chalita.
Há uma mudança climática na política, em parte resultado do sucesso do petismo-lulismo, do “desenvolvimentismo” e as várias derrotas ideológicas, políticas, eleitorais e morais de ideias ligadas à “modernização tucana”. Tais reveses erodiram a base ideológica do tucanato e encolheram ainda mais sua base social-eleitoral.
Há os defeitos intrínsecos da oposição. O PSDB era o partido de certa elite sulista, escovada em universidades americanas, gente mais ilustrada da finança, da grande empresa e parte da universidade “modernizante” e de representantes mais “modernos” de elites regionais.
Os quadros ideológicos se foram, para ganhar a vida no mercado. A base social organizada jamais existiu. A grande finança aceita conviver com o PT, desde que não barbarizem demais o Banco Central e as contas públicas. A grande empresa foi cativada com subsídios. Os quadros políticos restantes do PSDB, sem projeto coletivo, se matam em nome de suas carreiras individuais. O DEM era um resquício de eras passadas, apenas.
Se a mudança é duradoura, não se sabe. Mas o sucesso acidental ou não do petismo ameaça explodir os partidos de oposição. Caso a agonia termine em mortes, estaremos diante da maior mudança partidária em quase um quarto de século.

VLADIMIR SAFATLE

O século 21 começa

VLADIMIR SAFATLE 

FOLHA DE SÃO PAULO - 15/02/11

No início do século 19, Napoleão enviou tropas à colônia do Haiti. O objetivo era retomar o poder da mão de escravos rebelados comandados por Toussaint Louverture e, com isso, reinstaurar a escravidão. Num estudo clássico, Cyril James conta o momento em que os soldados franceses, imbuídos dos ideais da Revolução Francesa, ouvem a "Marselhesa" ser cantada por seus oponentes, os negros.
Desnorteados, os franceses se perguntam como era afinal possível ouvir suas próprias vozes vindas do outro lado da batalha. Afinal, contra quem eles estavam lutando, a não ser contra seus próprios ideais? Aquela experiência foi decisiva para quebrar-lhes o espírito de combate. A derrota foi uma consequência natural.
Esse pequeno fato histórico nos ensina o que acontece quando uma ideia encontra seu próprio tempo. Ela demonstra que estava presente em vários lugares, à espera do melhor momento para dizer claramente seu nome.
Quando os franceses ouvem suas próprias músicas vindas do campo inimigo eles, no fundo, descobrem que não são os verdadeiros autores de tais músicas. Quem as compôs foi uma ideia que usa os povos para se expressar. Quando isso fica evidente, então um momento histórico se abre impulsionado pela efetivação de exigências de universalidade.
Por isso, talvez seja o caso de dizer que, enfim, assistimos o começo do século 21.
Um fato como o 11 de setembro nunca poderia servir de marco para uma época, já que ele era um contra-acontecimento que serviu apenas para realimentar os piores preconceitos, medos e arcaísmos que deveriam ter sido há muito ultrapassados. Durante esses dez últimos anos, vivemos em um tempo morto e suspenso.
O verdadeiro fato que tem a força de inaugurar uma nova época são as revoltas no mundo árabe. O desespero de alguns analistas em lê-las através de esquemas e dicotomias velhos de mais de 30 anos, em tentar ressuscitar o fantasma da fracassada revolução iraniana, apenas demonstra como eles não estão preparados para enxergar o novo.
Como disse bem o sociólogo Olivier Roy, o que estamos vendo nesses países é a subida em cena de uma "geração pós-islâmica", que, tal como os escravos haitianos, se deixaram mobilizar por valores que precisavam, há muito, se deslocar para outros campos a fim de mostrar sua verdadeira força.
Que 84% dos jovens egípcios digam querer "democracia" é uma prova de novidade que só o preconceito xenófobo de alguns é incapaz de enxergar.
É claro que tais revoltas ainda estão longe da democracia liberal. Melhor assim. Já está na hora de livrarmos a democracia de suas amarras vindas do liberalismo. Talvez essa se transforme em uma das grandes tarefas deste século 21 que enfim começa.

JOSÉ SIMÃO

Ueba! FICA RONALDO! 
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/02/11

Ronaldo não consegue mais jogar. É que ainda não inventaram Viagra pra bola. Só pra duas. Rarará
!

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Campanha FICA RONALDO! Como bola oficial do Timão! Rarará!
Olha o site Manourbano: "Campanha Fica no Curinthia Bola Oficial. Aviso pros torcedores: vai passando dés reau pa manter o nosso hídolo em campo nem que seje como bola. A grana será usada no rango pra manter a bola cheia e pra pagá as despesa na buate Bananas".
E adorei porque o Ronalducho anunciou a aposentadoria na hora do almoço: 12h40! A folha de pagamento do Corinthians vai emagrecer uns 120 quilos.
A cozinha vai se aposentar junto! Dispensa o Ronaldo e dispensa a dispensa. Com a aposentadoria do Ronaldo: A DISPENSA ESTÁ DISPENSADA!
E o Mubarak, hein? Sabe o que Bial gritou pro Mubarak? "Com 99% dos votos, vem oprimir aqui fora, Mubarak!".
E sabe como o Mubarak ficou milionário? Deu o golpe da pirâmide. Rarará! "Como o senhor conseguiu US$ 70 bilhões?" "Ah, dando o golpe da pirâmide."
E o Sensacionalista fez uma observação: "Antigamente o Egito só era lembrado em samba-enredo!". Agora é lembrado pela juventude.
Sensacional, um país famoso pelas múmias ficou famoso pela juventude. Rarará!
E adorei esta declaração do Neymar: "Eu não sabia que tinha fama até no Peru". Rarará! O Peru não é um país, é um trocadilho. Já pedi pra eles trocarem o nome do país pra Perereca! Pra gente variar no trocadilho!
E adorei a frase do Ronaldo: "Penso numa jogada, mas não consigo mais executá-la". Faz tempo! É o problema de todo aposentado: pensa num coisa, mas não consegue executar. E ainda não inventaram Viagra pra bola. Só pra duas.
O Brasileiro é cordial! Mais uma do Gervásio! Placa em empresa de São Bernardo: "Se eu ouvir alguém aqui falando mal do meu time querido, vou fazer esse filhote de cruzamento do Neto com o Casagrande engolir a bandeira da Argentina, com mastro e ouvindo tango. Conto com todos. Assinado: Gervásio".
E já tem leitor reclamando que o Gervásio já encheu o saco. Mas é um sucesso. Já virou até bloco em São Bernardo: Corre que o Gervásio Vem Aí! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã.

TUTTY VASQUES


A rave da Praça Tahrir
TUTTY VASQUES
O Estado de S. Paulo - 15/02/2011



Agora que a vida vai voltando à normalidade no Egito, capaz de as pirâmides ficarem às moscas por um bom tempo. Todo turista que desembarcar na cidade do Cairo vai querer conhecer primeiro o grande palco das manifestações populares que derrubaram o faraó Mubarak. Não à toa, ontem, o ponto continuava sendo disputado a tapas por gente disposta a manter permanente a rave da Praça Tahrir.
Os 18 dias de agito no Egito transformaram o local em um dos endereços mais conhecidos no mundo. Ir ao Cairo e não pôr os pés na Praça Tahrir é como passar o domingo no Vaticano e não ver o papa na Praça de São Pedro. Não tem a Piccadilly Circus em Londres, a Piazza Navona em Roma, a Praça Vermelha em Moscou, a Place de la Concorde em Paris, a Praça da Paz Celestial em Pequim? Pois, então, no Cairo - quem não sabe? - tem a famosa Praça Tahrir.
Como em toda jovem democracia, logo surgirão por lá camelôs, engraxates, malabaristas de cruzamento, seguradores de placas, flanelinhas de camelos, desocupados, parada gay, marcha da maconha, enfim, a festa da democracia está só começando no Egito.
Dúvida cruel
Amigos de Ronaldo Fenômeno questionam entre si, discretamente, se ele não deveria continuar ao menos treinando três vezes por semana no Corinthians? Parar de jogar engorda, né?!
Overdose de verve
Onde quer que tenha sido alcançado pelo noticiário sobre a aposentadoria de Ronaldo, Armando Nogueira deve estar orgulhoso com a quantidade de herdeiros que deixou na crônica esportiva e, ao mesmo tempo, preocupado com o delírio literário frequentemente praticado por seus discípulos no adeus ao Fenômeno. A turma anda exagerando na poesia, repara só!
Eu, hein!
Ronaldinho Gaúcho não entendeu a decisão do xará Fenômeno. Ele também parou de jogar faz tempo, mas nem por isso largou o futebol.
Troca de aliança
Chega a ser comovente a disposição de Gilberto Kassab para encontrar um bom partido que o queira. O prefeito não quer ficar pra titio no DEM!
Vida de celebridade
Ainda não ficou muito claro por que a lindíssima modelo Isabeli Fontana submeteu-se em laboratório de São Paulo a procedimento de retirada de células-tronco, mas, se uma gota do material recolhido for a leilão na internet, capaz de render uma fortuna.
Nada é pra já
Chico Buarque anda dizendo por aí que começa a trabalhar seu novo CD em estúdio a partir de abril. O pessoal da gravadora desconfia que seja primeiro de abril.
Ô, raça!
Tinha torcedor do Corinthians que dia desses atirou pedra no ônibus do clube chorando copiosamente na despedida do Fenômeno.

JOSÉ PASTORE


Sindicatos e salários na China

JOSÉ PASTORE
O Estado de S. Paulo - 15/02/2011



Os salários na China vêm aumentando em ritmo meteórico. No setor industrial, o aumento médio em 2010 foi de aproximadamente 9%. Em muitas cidades, o salário mínimo subiu 20%. Em vários setores há falta de mão de obra.
Na nova conjuntura, os trabalhadores estão se tornando mais exigentes. Os sindicatos começam a flexionar seus músculos. Será que a conjugação da falta de mão de obra com uma maior pressão sindical criará uma nova realidade salarial na China? Isso afetará a competitividade das empresas chinesas?
A máquina sindical do país é bastante complexa. No nível mais alto, está a Confederação Nacional dos Sindicatos Chineses, com mais de 200 milhões de filiados e operando como uma simples correia de transmissão do governo central com o objetivo de levar adiante os programas do Partido Comunista. Seus recursos são imensos, pois provêm de 2% da gigantesca folha salarial da China. Pela via da distribuição do numerário para entidades regionais e locais, essa confederação exerce forte controle da base sindical do país.
Mas essa situação está mudando. As federações e os sindicatos regionais e locais começam a ganhar independência. A redução do número de empresas estatais e o aumento das privadas (ou mistas) estão estimulando os sindicatos a falar mais alto.
Mudanças expressivas estão ocorrendo nos sindicatos ligados às multinacionais. Foram eles que deflagraram as greves no setor automobilístico em 2010 e que forçaram as empresas a conceder aumentos salariais expressivos - em alguns casos (Honda) de até 30%.
Estaria aí a semente que vai minar a competitividade das empresas chinesas, que sempre contaram com a vantagem do trabalho barato?
A pressão do mercado e dos sindicatos no campo salarial não deve ser superestimada por três razões. Em primeiro lugar, porque, apesar dos expressivos aumentos, as diferenças entre os salários da China e do resto do mundo desenvolvido ou emergente continuam brutais. Um operário chinês ganha 20 vezes menos do que seu colega americano ou europeu e sete vezes menos do que o brasileiro. E as despesas de contratação para as empresas chinesas são reduzidíssimas. A previdência social ainda é um luxo e, na maioria dos casos, as empresas nada pagam nesse campo.
Em segundo lugar, é bom considerar que, apesar dos movimentos recentes, a grande maioria dos sindicatos ainda vive num sistema de cooptação. As empresas usam as entidades sindicais para levantar a moral dos trabalhadores e avançar nos programas de qualidade e produtividade. Muitas empresas apoiam os sindicatos com programas assistencialistas que agradam aos operários e arrefecem os movimentos de reivindicação. Em muitos casos, os chefes fazem isso da diretoria dos sindicatos. A literatura cita exemplos em que o diretor financeiro da empresa é o presidente do sindicato (Mingwei Lu, Union Organizing in China: Still a Monolithic Labor Movement?, Industrial and Labor Relations Review, outubro de 2010).
Em terceiro lugar, e mais importante, está o fato de que a produtividade do trabalho tem aumentado muito mais do que o salário na maioria das indústrias chinesas. Ou seja, apesar dos recentes aumentos, o custo unitário do trabalho está diminuindo e a competitividade, aumentando.
O que isso tem que ver com o Brasil? Ao lado de tudo isso, é inegável que o poder de compra da grande maioria dos chineses está aumentando rapidamente. Forma-se naquele gigante uma classe média colossal e que já é o maior mercado consumidor do mundo. Trata-se de uma excelente janela de oportunidades para os países que têm o que vender para a China.
No caso do Brasil, as vantagens comparativas têm se limitado às exportações de commodities. Para avançar no campo das manufaturas, temos de superar os conhecidos desafios da modernização da infraestrutura, reduzir o custo Brasil e melhorar a produtividade do trabalho - um substancial salto na qualidade da educação.

GOSTOSA

NELSON VASCONCELOS - Conexão Global

McLuhan na ativa
NELSON VASCONCELOS - Conexão Global
O GLOBO - 15/02/11

O canadense Marshall McLuhan certamente estaria se divertindo com a permanente e já velha discussão sobre o futuro da indústria da mídia em tempos de internet. Foi ele o primeiro sujeito a declarar, por exemplo, que "o usuário é o conteúdo"- como bem sabem os sites hoje. E escreveu isso há mais de 40 anos, bem antes de a internet existir tal qual a conhecemos. 
McLuhan morreu em 1980. Voltar a ele neste momento tem tudo a ver, não só porque a situação obriga, como também porque estamos no ano em que se comemora seu centenário de nascimento. Data nobre.
De tempos em tempos,seus livros voltam a ser discutidos - embora estejam longe de ser leitura fácil. São herméticos, e a gente finge que os entende.
Ou só os entende quando são filtrados por gente como Douglas Coupland, que acaba de lançar lá fora "Marshall McLuhan: You know nothing of my work!" ("Você não sabe nada sobre meu trabalho"), ainda sem perspectiva de ser publicado
aqui. É uma pequena biografia do professor canadense, ótima distração para quem está de molho ou fugindo do calor - ou ambos. Douglas Coupland é romancista, habilidade que poderia ter deixado de lado em alguns trechos do livro, que só tem 200 páginas. Mas vá lá. Por trazer de volta o fantasma do McLuhan, está valendo a encomenda. O canadense costumava dizer que moldamos as ferramentas e, em seguida, elas nos moldam. As pessoas, no fim das contas, são reinventadas pelas tecnologias.
Tudo a ver com nossa dependência da internet, ou não? A ver também com nossa relação com a informação e com o entretenimento (se é que existe diferença entre essas duas coisas). Ou, ainda, com o jeito com que a Wikipedia modificou as pesquisas escolares das crianças... E as redes sociais? E o jeitão colaborativo da internet, que está modificando as relações de trabalho?
Esse McLuhan , por mais que fosse meio maluco, ainda vai longe. Mesmo com suas idiossincrasias, ele só queria que a Humanidade fosse um pouco melhor, ao entender como a mídia a influencia. E vice-versa. 
A propósito de dizer que "o usuário é o conteúdo": a hagiografia de Arianna Huffington começa a ser reescrita pelos seus inúmeros blogueiros.
Agora que o HuffPost está por cima da carne seca, eles querem ser remunerados pelo que escrevem. Há anos o fazem de graça, por amor à causa. Mas não lhes parece justo que trabalhem de graça também para a AOL, sua nova "empregadora".
Tem a ver. O que era um projeto virou um negócio pesado. Quem o fez crescer saudável merece a recompensa. Só que, pelo jeito, Arianna não pensa bem assim. Haverá uma dissidência? Em breve, cenas dos próximos capítulos...

@SARNEY Começou a circular pela rede, sábado, o simpático apelo de uma americana que, por capricho do destino, assina-se @SARNEY no Twitter. Diz a mensagem dela, em inglês: "Povo do Brasil, pelo amor do doce menino Jesus, eu não sou José Sarney.
O nome dela mesmo é Sarah Law Wu. Vive no Colorado. No perfil, escreveu em português um aviso para os brasileiros: "Eu não sou José Sarney!". E explicou para os gringos "I am not José Sarney, a lawyer, or a Brazilian lawyer. I know its confusing."Pelo jeito, consultou a Wikipedia, onde consta que o Sarney é advogado. Não sabe de nada.
Sarah tem sofrido com o assédio de tuiteiros brasileiros com suas mensagens supostamente direcionadas para o nosso eterno presidente do Senado - que, por sinal, deve ignorar completamente o Twitter e qualquer rede social. Diz ela em outra mensagem:
"Tenho sido confundida com ele (Sarney) há muito tempo, mas piorou com a crise do Mubarak. Parece que todo mundo o odeia intensamente".
Mas nem tudo é sofrimento. Ontem ela resumiu as mensagens que recebeu no fim de semana, após repentina fama no Twitter brasileiro:
"Um pedido de casamento, um convite para o samba, e um monte de abraços e beijos dos meus novos amigos no Brasil".
É disso que o povo gosta. 

ConveniênciaHá três semanas comentei aqui que a arrogância pode ser um pecado fatal para as grandes empresas (assim como para qualquer sujeito que está no poder).
Citei que Nokia e Microsoft, por exemplo, estavam caindo nesse erro ao não reconhecer que deveriam sair do conforto de sua liderança e mudar o quanto antes - já que o mercado assim exige. Demorou, mas resolveram fazer algo. Estão de namoro firme, na luta contra seus inimigos Google e Apple. Só que é um casamento de conveniência. Não tem química ali. Isso costuma gerar um desgaste que ainda provocará muito chororô. E este já começou, aliás. Funcionários da Nokia estão reclamando do fato de a empresa adotar o Windows Phone 7, deixando de lado seu velho Symbian. Uma pena. O Symbian foi bom enquanto durou, mas parece que ficou mesmo para trás. O negócio é saber se seu substituto conseguirá pegar os concorrentes numa indústria tão dinâmica 

MARCO ANTONIO VILLA

A falácia da reforma agrária
MARCO ANTONIO VILLA
O Globo - 15/02/2011

O tema da reforma agrária dividiu o país durante décadas. Desde os anos 1940 foi um dos assuntos dominantes do debate político e considerada indispensável para o desenvolvimento nacional. Diziam que a divisão das grandes propriedades era essencial para a industrialização, pois ampliaria, com base nas pequenas propriedades, o fornecimento de gêneros alimentícios para as cidades, diminuindo o custo de reprodução da força de trabalho e acabando com a carestia. 

Por outro lado, o campo se transformaria em mercado consumidor das mercadorias industrializadas. Ou seja, o abastecimento dos centros urbanos, que estavam crescendo rapidamente, e o pleno desenvolvimento da indústria dependiam da reforma agrária. Sem ela não teríamos um forte setor industrial e a carestia seria permanente nos centros urbanos, além da manutenção da miséria nas áreas agrícolas. E, desenhando um retrato ainda mais apocalíptico, havia uma vertente política da tese: sem a efetivação da reforma agrária, o país nunca alcançaria a plena democracia, pois os grandes proprietários de terra dominavam a vida política nacional e impediam a surgimento de uma sociedade livre. Era repetido como um mantra: o Brasil estava fadado ao fracasso e não teria futuro, caso não houvesse uma reforma agrária.

Os anos se passaram e o caminho do país foi absolutamente distinto. A reforma agrária não ocorreu. O que houve foram distribuições homeopáticas de terra segundo o interesse político dos governos desde 1985, quando foi, inclusive, criado um ministério com este fim. Enquanto os olhos do país estavam voltados para a necessidade de partilhar as grandes propriedades - marca anticapitalista de um país que não admira o lucro e muito menos o sucesso - o Centro-Oeste foi sendo ocupado (e parte da Amazônia), além da revolução tecnológica ocorrida nas áreas já cultivadas do Sul-Sudeste.

O deslocamento de agricultores, capitais e experiência produtiva especialmente para o Centro-Oeste ocorreu sem ter o Estado como elemento propulsor. Foram agricultores com seus próprios recursos que migraram principalmente do Sul para a região. Como é sabido, falava-se desde os anos 30 em marcha para o Oeste, mas nada de prático foi feito. E, quando o Estado resolveu fazer algo, sempre acabou em desastre, como a batalha da borracha, nos anos 1940, ou, trinta anos depois, com as agrovilas, na Amazônia.

O épico deslocamento de agricultores do Sul para o Centro-Oeste até hoje não mereceu dos historiadores um estudo detalhado. De um lado, devido aos preconceitos ideológicos; de outro, pela escassez ou desconhecimento das fontes históricas. Como todo processo de desbravamento não ficou imune às contradições - e isto não ocorreu apenas no Brasil. Foram registrados sérios problemas em relação ao meio ambiente e aos direitos humanos, em grande parte devido à precariedade da presença das instituições estatais na região.

Com a falência do modelo econômico da ditadura, em 1979, e a falta de perspectiva segura para a economia, o que só ocorrerá uma década e meia depois, com o Plano Real, as atenções do debate político ficaram concentradas no tema da reforma agrária, mas de forma abstrata. O centro das discussões era o futuro dos setores secundário e terciário da economia. O campo só fazia parte do debate como o polo atrasado e que necessitava urgentemente de reformas. Contudo, a realidade era muito distinta: estava ocorrendo uma revolução, um fabuloso crescimento da produção, que iria mudar a realidade do país na década seguinte.

Entretanto, no Parlamento, os agricultores não tinham uma representação à altura da sua importância econômica. Alguns que falavam em seu nome ficaram notabilizados pela truculência, reforçando os estereótipos construídos pelos seus adversários. É o que Karl Marx chamou de classe em si e não para si. Os agricultores, na esfera política, não conseguiam (e isto se mantém até os dias atuais) ter uma presença de classe, com uma representação moderna, que defendesse seus interesses e estabelecendo alianças com outros setores da sociedade. Pelo contrário, sempre estiveram, politicamente falando, correndo atrás do prejuízo e buscando alguma solução menos ruim, quando de algum projeto governamental prejudicial à sua atividade.

Hoje, o Brasil é uma potência agrícola, boa parte do saldo positivo da balança comercial é devido à agricultura, a maior parte da população vive no meio urbano, a carestia é coisa do passado, a industrialização acabou (mesmo com percalços) sendo um sucesso, o país alcançou a plena democracia e não foi necessária a reforma agrária. A tese que engessou o debate político brasileiro durante décadas não passou de uma falácia.

FERNANDO DE BARROS E SILVA

O mito da "nova classe média" 
Fernando de Barros e Silva
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/02/11

A "nova classe média brasileira" é uma das expressões mais repetidas por aí. Está em jornais, revistas e TVs, foi incorporada à fala rotineira do país. A campanha de Dilma a tratou com triunfalismo. Mas quem são -ou, antes, o que é exatamente essa nova classe?

Estamos falando de cerca de 95 milhões de pessoas, pouco mais de 50% da população, com renda familiar mensal que varia, grosso modo, entre R$ 1.500 e R$ 5.000. Em torno de 30 milhões de pessoas ascenderam a essa condição nos anos Lula. Sim, isso é ótimo, mas é um erro pensar que essas pessoas pertencem à "nova classe média".

Quem diz é o sociólogo Jessé Souza, que as chama de "batalhadoras". Em entrevista à Folha, no domingo, ele lembrou que a noção de classe social não pode se restringir à distribuição estatística da renda. E, disse, com muita razão, que em sociedades desiguais, como a brasileira, a classe média "é uma das classes dominantes porque é constituída pelo acesso privilegiado a um recurso escasso de extrema importância: o capital cultural".

Pense na sua formação, na remuneração e prestígio social a ela relacionados; pense na sua rede de relações pessoais e no colchão social que ela representa; pense no tempo que você teve para estudar (e viajar e vadiar) antes de começar a trabalhar; pense, ainda, na escola particular e no plano privado de saúde.

Os "batalhadores", diz Jessé, na sua esmagadora maioria estudam em escolas públicas de baixa qualidade e trabalham desde cedo, fazendo dupla jornada. A universidade como meta entrou há poucos anos no horizonte dessas pessoas. Se contraem uma doença mais séria, em geral são reféns do SUS.

Sem ignorar a precariedade dos serviços públicos, a rotina extremamente sacrificada e a superexploração do trabalho dessas pessoas que já não são "pobres", essa análise compõe um quadro menos idílico dos avanços e da coesão social do país. Falta muito chão para isso virar uma "middle-class society".

PUPUTA

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Sem choradeira
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/02/11

Não bastasse o esforço para enquadrar os aliados na votação do salário mínimo, amanhã, o Planalto prepara um cerco aos ocupantes da Esplanada, que em breve tomarão ciência do detalhamento do anunciado corte de R$ 50 bilhões no Orçamento de 2011. A ideia, discutida ontem na reunião de coordenação do governo, é que os ministros sofram calados.
Nem todos, porém, poderão ser colocados sob a lei do silêncio. Já existe mobilização para que Dilma Rousseff seja questionada sobre o tema no Fórum de Governadores do Nordeste, que tem encontro marcado para a próxima segunda-feira em Aracaju.

A ver 
De Marcelo Déda (PT-SE), anfitrião do fórum: "Estamos vivendo uma ansiedade com os cortes anunciados. Não sabemos sobre que itens do Orçamento eles vão incidir, que programas vão atingir nos ministérios onde nós temos nossa agenda cotidiana em Brasília. São esses os detalhes que nos deixam em total ansiedade".

Veja bem 
Repercutiu mal no Planalto a declaração do deputado Vicentinho (PT), relator do projeto que reajusta o salário mínimo, de que "seria bom" se houvesse negociação para antecipar parte do aumento previsto para 2012. Na reunião de coordenação do governo, ontem, ele foi bombardeado. Coube ao líder governista na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT), esfriar os ânimos.

Para registro
Dirigentes de partidos aliados não digeriram bem a ameaça de Vaccarezza contra eventuais dissidências na votação. Avaliam que as palavras do petista "só serviram para constranger" a base.

Enviado 
O governo pediu ao secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, que fique à disposição dos partidos hoje para tratar do mínimo. Na véspera da votação, as bancadas buscam "argumentos técnicos" que ajudem a sustentar os R$ 545 defendidos por Dilma.

Classificados 

Ex-ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG) recebeu convite para trabalhar na TIM. Ele ainda prospecta vaga no governo Dilma. Mas não descarta a hipótese de ir para a iniciativa privada.

Muita calma Enquanto o PT paulistano rechaçou qualquer alinhamento a Gilberto Kassab (DEM), a direção estadual petista, reunida ontem, decidiu "avaliar melhor" o destino político do prefeito da capital. Em documento que deve ser aprovado no sábado, defende a composição de um novo campo político com o PMDB.

Santo de casa 
Enquanto persiste o impasse sobre a criação das regiões metropolitanas do Vale do Paraíba e de Sorocaba, propostas pelo PT, Geraldo Alckmin anunciará hoje o envio de projeto à Assembleia que regulamenta o "aglomerado urbano" de Jundiaí, administrada pelo PSDB há 20 anos. O texto dá tratamento diferenciado na captação de verbas às cidades do seu entorno.

Reciclagem 
Renato Viegas, ex-diretor do Metrô, assume a Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano). A estatal terá em seu conselho de administração nomes como José Goldenberg, Marcos Mendonça, Miguel Bucalem, Regina Meyer e Frederico Bussinger.

Antena 

Depois da polêmica contratação da Fundac para produzir o conteúdo da TV legislativa por nove meses, a Assembleia paulista e a Câmara de SP criaram ontem grupo de trabalho que terá como objetivo definir o "melhor modelo" para gestão do canal compartilhado.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio

Não é só no aumento dos apagões que os petistas se destacam. Eles também aproveitam o apagar das luzes para adotar medidas que passaram a vida criticando.
DO LÍDER DO PSDB NA CÂMARA, DUARTE NOGUEIRA (SP), sobre a orientação do Ministério da Educação contrária à reprovação de alunos no ciclo básico.

contraponto

#tetrafeelings


Um grupo de deputados discutia dias atrás a expressiva quantidade de votos em branco registrada na eleição para os postos da Mesa Diretora da Câmara. Em busca de uma explicação para o fenômeno, o primeiro-secretário, Eduardo Gomes (PSDB-TO), apontou para o colega e ex-craque que circulava pelo plenário:
-O problema está ali. As pessoas se confundiram. Em vez de votar no Romário, optaram pelo Branco. Os dois foram muito bons de bola.

ANCELMO GÓIS

O novo Canecão
ANCELMO GÓIS
O  GLOBO - 15/02/11

O lugar onde funcionou o Canecão vai voltar a abrigar grandes shows de música. A UFRJ, dona do imóvel, procura um caminho legal para que isto ocorra. A decisão foi anunciada domingo à noite pelo reitor Aloísio Teixeira em reunião com professores da universidade e profissionais ligados à atividade artística do Rio. 

Mas...
A casa de espetáculos terá outro nome. É que o título Canecão pertence ao antigo proprietário, Mário Priolli. 

Estado paralelo

Líderes comunitários das favelas de Santa Teresa e do Morro de São Carlos, que ganharam UPPs, procuraram Rodrigo Neves, secretário de Assistência Social de Sérgio Cabral. Estavam preocupados com 300 famílias que recebiam cestas básicas... do tráfico.

Lula em Manhattan
Dia 13 de maio, o filme “Lula, o filho do Brasil”, de Fábio Barreto, estreia em seis cinemas de Nova York. 

Almoço

Dilma recebeu ontem para almoço os empresários Otávio e Luís Frias do jornal “Folha de S Paulo”

No mais
Além de um craque fenomenal, Ronaldo é uma pessoa querida e digna. A turma da coluna deseja a ele muitas vitórias nesta nova fase.

Livro de Falabella
Miguel Falabella, o ator e diretor, assinou contrato com a editora portuguesa Leya para lançar, ainda no primeiro semestre, uma seleção de seus principais textos nos últimos dez anos. O livro deve sair em abril pelo selo Lua de Papel.

Pochmann fica
Dilma não vai trocar o comando do Ipea, hoje nas mãos do economista Márcio Pochmann. A saída de Pochmann foi especulada por causa da vinculação do órgão ao ministro Moreira Franco, da Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Cerveja no fogo

A Skol, por causa do incêndio na Cidade do Samba, suspendeu um comercial de carnaval que mostrava um tonel da cerveja perto de uma alegoria de dragão, que cuspia fogo. Os personagens se chamuscavam ao salvar a cerveja e eram confundidos com mulatas.

Com todo o respeito
O governador de Roraima foi cassado porque usou uma rádio do governo na campanha. Parece um exagero diante do que se viu Lula fazer por seus candidatos na última eleição.

Como diria Stanislaw Ponte Preta, “ou restaura-se a moralidade, ou todos se locupletam”. 

Na chapa de Renaldo Bussiere, as-sumiu a diretoria da Escola de Notários e Registradores do Rio de Janeiro José Antonio Teixeira Marcondes, titular do 5º RGI da Capital.

A galeria do século XIX do MNBA será reaberta ao público dia 18.

Hoje, no Rio Scenarium, será lan-çado manual na festa “Sem medo de ser feliz”, do site Solteiros e Solteiras.

O designer Jair de Souza está na cu-radoria do TEDxRio, hoje, no Vivo Rio.

Cacau Medeiros é um dos responsáveis pelo enredo da Beija-Flor, sobre Roberto Carlos.

CasaShopping sedia o seminário Casa Brasil, quinta, no Espaço Casa.

Chapelaria Alberto faz 118 anos.

Nilze Carvalho lança seu novo CD, quinta, no Lapinha, na Lapa.

Rio 2014 e 2016

Hoje, Sérgio Cabral e Eduardo Paes se reúnem com Dilma no Palácio do Planalto. Na pauta, as Olimpíadas de 2016 e a Copa de 2014.

Segue...

Dilma, Cabral e Paes têm de estar afinados em relação às Olimpíadas. Afinal, à Autoridade Pública Olímpica (APO), que deve ser comandada pelo ex-presidente do BC Henrique Meirelles, cabe coordenar os investimentos do governo federal, mas também os do Estado e os da prefeitura. 

Retratos da vida

Waldir Onofre, 75 anos, o cineasta e ator, diretor de “As aventuras amorosas de um padeiro” (1975) e coadjuvante, entre outros, de Sônia Braga em “A dama do lotação” (1978), está desaparecido. Portador de Alzheimer, perdeu-se ao sair de casa, em Campo Grande, no Rio.

Baixou as portas

Fechou a Hobbylândia, loja tradicional de brinquedos que funcionava no Edifício Avenida Central, no Centro do Rio. No lugar, vai abrir uma loja de computadores.

Chame o Dicró!
Já se ouviu falar de atraso de noiva, de noivo e até de padre. Mas, sábado, um casamento marcado para 18h30m na Igreja de N. S. das Dores, em Niterói, só começou às 20h30m por causa do atraso da... sogra da noiva. É que o noivo esperava a mãe sair do salão de beleza. Quando, enfim, chegou com a “atrasilda”, o padre, já impaciente, celebrou a cerimônia em 15 minutos.

GOSTOSA

ARNALDO JABOR

Egito: a revolução sem líderes

ARNALDO JABOR
O ESTADO DE SÃO PAULO - 15/02/11


Estou no Egito, em 1995. Arrasto-me por dentro de um túnel estreito, em direção ao remoto fundo da pirâmide, o túmulo de Quefrem. São 50 metros a percorrer nesse buraco de tatu milenar.

Um mendigo rasteja atrás de mim gemendo "batkisk, batkish!" - que quer dizer "esmola". Sou tomado pelo pânico da morte, mas não tenho volta. Há que se rojar na pedra suja até a cripta do faraó, com o coração disparado, o suor frio na alma, o terror de não ter escape a não ser cair no túmulo do rei, lugar onde a morte se abrigou há 4.000 anos.

O mendigo me implorava ajuda até quando chegamos à cripta vazia: "Batkish"! Eu e o mendigo me olhando no buraco do fim. Ele rosnava uns lamentos melódicos e eu pensei que fosse enlouquecer, mas fui salvo por uns norte-americanos, que chegaram bufando do túnel.
A sensação de pequenez, de insignificância, era letal, debaixo de milhões de toneladas de pedras amontoadas.

Eu me sentia uma metáfora da vida de hoje, arrastando-me para longe da miséria, em busca de uma revelação frustrada na tumba e na vida - não havia luz no fim do túnel.

Voltei de quatro como um verme para o deserto e minha angústia aumentou quando saí ao sol e vi (juro que é verdade) um pobre cameleiro de camisola suja e com um boné do Banco do Brasil na cabeça que me sorriu: "Brasil? Bebeto e Romário".

O irreal me tomou de vez, quase desmaiei entre camelos, na vertigem de fatos simultâneos, tudo ao mesmo tempo sem linearidade, sem continuidade: Bebeto, Romário, Quefrem e a Esfinge me olhando. Não havia tesouros ou resposta e me senti como o mendigo, pedindo a esmola de algum sentido.

Em torno das pirâmides, vivi o Egito bem antes do 11 de Setembro, antes da internet e das redes sociais. Eu vi o Egito como o grande museu de uma paralítica sociedade, as casas do Cairo com o lixo no teto, os gritos dos "muezzins" nas mesquitas, os rostos da miséria, a zona geral do país sem rumo sob a ditadura; eu vi a espantosa civilização de milênios no Vale dos Reis seis meses antes de um grupo terrorista degolar 60 turistas alemães em frente à casa da faraó-mulher Hatshepsut, onde estive.

Eu fui ao templo de Ramsés II em Abu Simbel, e vi sua mulher, Nefertari, num baixo-relevo rendado e vi que era a Naomi Campbell, uma núbia negra, deslumbrante, e tudo começou a pesar na minha cabeça, tudo misturado, a manequim de 4.000 anos, o milênio junto com a modernidade, e tudo pesou como uma pedra que cresce e me lembrei do conto de Camus com esse nome, "A Pedra que Cresce", no Brasil, Iguape, onde se passa o relato misterioso de uma situação absurda e reveladora.

REVOLUÇÃO ONLINE

Foi aí que, nesse exato momento do texto que você lê, caro leitor, chegou-me a notícia de que o Mubarak tinha renunciado. E dos milênios antes de Cristo, pulei para 2011.
Na TV, milhões de pessoas celebram o feito extraordinário: um povo sem líderes fez uma revolução sozinho e, sem lênins ou guevaras, mudou a história de 6.000 anos.

Há muito tempo esperamos uma boa notícia, alguma imagem de vitória, neste mundo empacado em impasses, no Oriente, na crise financeira na América e Europa, na falta de solução para o terror. E, de repente, essa notícia gloriosa diante de mim. Creio que a visão de uma revolução ao vivo, online, vai influir muito além do Oriente Médio; talvez chegue até aqui perto, para temor de tiranetes vagabundos como Chávez ou guerreiros gagás como Fidel.

Volto a dizer: no Egito e Tunísia, o "novo" foi uma vitória sem líderes. A revolta e a luta vieram de dentro dos corpos, insuflados por um grande ser sem nome, que vive e respira dentro das redes sociais, na internet - a sociedade não está mais sozinha, há um link entre os cidadãos do mundo.

A tecnociência nos trouxe, sem querer, uma porosidade política que vai estreitar o abismo entre o Estado e a sociedade. O poder não deterá o mesmo "poder" de antes. Não mais a "democracia" de invasão que os Estados Unidos tentaram impor ao Iraque e ao Afeganistão.

Claro que já começam as questões: quem vai organizar o regime, será que os islamitas vão dominar o processo? Ninguém sabe, como ninguém sabia também que isso aconteceria no Egito e na Tunísia.

E esse é um desafio mais profundo: a mutante e veloz aprendizagem das massas, a multiplicação infinita dos desejos sociais e individuais. Já percebemos que, diante dessa novidade, só dispomos de fórmulas políticas lentas, que não sabem acolher as rapidíssimas mutações. Essa mistura de demandas e de fatos novos esbarram no arcaísmo de instituições analógicas para populações da era digital.

Comparem a leveza eufórica dos revoltosos com a resistência do atraso nos EUA, do ódio careta dos republicanos que querem impedir ferozmente que Obama reforme a saúde, combata o desemprego e diminua os impostos para os pobres.

Vejam a obtusidade dos escravos de Hugo Chávez, ou a bovina sujeição de pobres diabos a senhores feudais, no grande "maranhão" que querem para o Brasil.

Quando as informações circularem mais e mais na cabeça dos povos, vai ficar difícil a impunidade eterna dos canalhas.

A tecnociência cria novas formas de liberdade social.

Enquanto filósofos puros quebram a cabeça para evitar a "des-humanização" da vida, enquanto procuram um nexo racional de salvação, pode ser que respostas inesperadas sejam "pensadas" sozinhas nos trilhões de sinapses dos computadores.

Pode até acontecer que essa explosão de liberdade árabe, essa festa na velocidade da luz provoque conflitos até mais duros, com Israel por exemplo; mas, mesmo assim, a verdade será bem-vinda, porque é melhor a roda da história girando do que esta época encalacrada em que vivemos.

Democracia empurrada pela garganta dos países árabes ou a aliança de paz espúria com ditadores vão agonizar e morrer. Mesmo que haja desgraças e catástrofes políticas, creio que a verdade da tragédia é melhor do que a continuação dessa ópera bufa.

CHOCADEIRA

MÔNICA BERGAMO

Ronaldo e a mulher, Bia
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/02/11

Sempre discreta, Bia Antony, mulher de Ronaldo, falou ontem com a coluna sobre a despedida do craque. Segundo ela, a decisão de tirar o time de campo já tinha sido tomada pelo jogador há muito tempo -faltava algo "de impacto" para que ele tivesse coragem de dar o passo final. "Ele saiu daqui de casa agora emocionado", afirmou ela horas antes de o craque dar uma entrevista oficializando a sua aposentadoria.

Folha - Como Ronaldo tomou essa decisão? Ele te consultou, vocês conversaram? Bia Antony - Foi uma atitude muito pensada, bastante conversada. Tudo o que eu estou sentindo eu coloquei no Twitter (na página, ela pede que Deus esteja sempre com o jogador e agradece aos que sempre estiveram ao seu lado "na alegria, na tristeza, na saúde e nas lesões").

Você acha que era o melhor a ser feito?
Eu estou sempre do lado dele, para o que der e vier.

As críticas dos torcedores corintianos depois da derrota para o Tolima na pré-Libertadores foram decisivas para que ele deixasse o campo?
De jeito nenhum. Isso foi uma pequena parcela.

As críticas incomodaram a família? Amigos dizem que vocês se sentiram invadidos.
Eu não vejo esse tipo de mídia. Eu não leio, eu não me alimento disso aí que as pessoas têm falado tanto. O que eu posso dizer é que essa decisão [de Ronaldo aposentar as chuteiras] vinha sendo construída.

Sim, ele já falava há tempos que se aposentaria no fim de 2011. Mas essa confusão não foi a gota d'água?

Ele precisava, de uma certa forma, de algo impactante para ter coragem de dar esse passo final. Ele precisava de algo como não ter a Libertadores, de uma coisa grande assim para tomar a decisão. E aconteceu agora.

Como ele está?

Ele está bem. Ele saiu daqui de casa agora emocionado. Ele tem um senso de equipe muito, muito grande. Uma preocupação muito grande com o outro. Então ele saiu daqui como um garotinho que vai se despedir de seus coleguinhas de escola.

BIA DISSE

"Ele precisava de alo impactante para ter coragem de dar esse passo final"

MARCHA LENTA
A venda de cimento no país, que vinha crescendo em ritmo acelerado na década, em especial em 2010, registrou queda em janeiro. Um dos termômetros mais precisos da economia, já que o material é usado tanto em grandes obras como naquela "formiguinha", em que o consumidor amplia seu próprio imóvel, a comercialização sofreu retração de 2,3%.

CORTE
A queda maior foi verificada na região Norte: 12,1%. No Nordeste a queda foi de 2,4%; no Centro-Oeste, de 4% e no Sudeste, de 1,3%. Só a região Sul manteve a alta: crescimento de 0,2% nas vendas em relação a dezembro de 2010.

REFLETOR

Ainda assim, o volume de cimento comercializado foi 33,6% maior que o de janeiro do ano passado.

REINCIDÊNCIA
Os fabricantes do creme Ferodelle Seios serão novamente notificados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por prometerem que o produto aumenta os seios. O creme foi registrado como hidratante e firmador de pele. A propaganda foi interrompida, mas eles mantiveram na internet uma "advertência" de que 70% das mulheres que usaram o cosmético observaram aumento dos seios. Para a Anvisa, o aviso é "ilegal".

OUTRO LADO
Em nota, a Quadrifarma afirma ter "respondido integralmente dentro do prazo" a determinação da Anvisa e que "desconhece a existência de nova notificação".

CÁLCULO

José Serra resiste em ser candidato a prefeito, pois está convencido de que, ganhando ou perdendo, ficará inviabilizado como candidato à Presidência, sonho que ainda alimenta.

SEM RESERVAS

O secretário estadual da Saúde, Giovanni Cerri, reagiu à representação que entidades como o Idec e o sindicato dos médicos devem protocolar hoje no Ministério Público contra a lei que permite que hospitais públicos de SP destinem 25% dos atendimentos a planos de saúde. Diz que a medida não significa reserva de leitos. "Não haverá retenção de vagas, e sim cobrança do atendimento dessas pessoas." Afirma que a secretaria já gasta R$ 468 milhões por ano com os serviços que são prestados a clientes dos convênios.

CAPITÃO DA MATA
O ator Wagner Moura vai dirigir o próximo clipe da cantora Vanessa da Mata, "Te Amo". A gravação será no dia 28, no Rio.

PAISAGEM
Sócios do Palmeiras levaram em média 1h30 para votar no sábado, em São Paulo, nas eleições para o conselho vitalício do clube. O ex-presidente Mustafá Contursi ficou na fila o tempo todo. E foi interpelado por vários eleitores. "Estamos numa festa, olha que lindo, uma confraternização", dizia. Sem convencer muita gente.

MAIS RONALDO
Os corintianos podem dormir tranquilos: a Hypermarcas, que passou a patrocinar o clube depois que Ronaldo foi integrado ao time, vai ficar com o Timão pelo menos até maio de 2012, quando termina o Paulistão.

MAIS RONALDO 2
Já a situação de Ronaldo, também apoiado pela empresa, será reavaliada. A ideia da Hypermarcas é refazer o acordo e patrociná-lo como celebridade.

CASA NOVA

E o craque enfim resolveu os problemas do "habite-se" com a prefeitura e já se mudou para a casa do Jardim Europa que comprou de Pedro Paulo Diniz. Sua cobertura em Higienópolis foi colocada à venda.

TODOS IGUAIS
Os atores Blota Filho e Daniel Alvim foram à estreia da peça "Igual a Você". Rosi Campos e Patrícia Gaspar também estiveram no teatro Raul Cortez. Após a apresentação, o elenco da peça -Camila Morgado, Anderson Muller, Bia Nunnes- e o diretor Ernesto Piccolo foram jantar nos Jardins.

CURTO-CIRCUITO

José Hamilton Ribeiro e José Carlos Marão fazem amanhã, às 18h30, sessão de autógrafos do livro "Realidade Re-Vista", na Livraria Cultura do shopping Market Place.

A Faap inaugura hoje a mostra "Marcas do Expressionismo", com curadoria de José Luiz Hernández Alfonso.

A Daslu apresenta a coleção de inverno com desfile, hoje, às 17h, na Villa Daslu.

O livro "Um Sábado no Paraíso do Swing" será lançado hoje, às 19h, no Melograno, na rua Aspicuelta.

Cristina Nudelman realiza hoje o Bride's Day, na Pandemonium, na rua Augusta.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY