quarta-feira, janeiro 19, 2011

ALON FEUERWERKER

A herança
ALON FEUERWERKER
Correio Braziliense - 19/01/2011
A operosidade exibida pela presidente acontece em lacunas deixadas pelo endeusado presidente que se foi. Não poderia ser diferente. O grupo que a elegeu está no poder já faz oito anos. Ela mesma está no Planalto há quase seis. Falta só cair a ficha.
A presidente da República está diante do desafio colocado aos grandes jogadores em bolsa, ou nos demais ramos de mercado. Depois de faturar na alta, dar um jeito de acumular também na baixa.
Em linguagem figurada, Dilma Rousseff adquiriu as ações do governo anterior baratinho, assumiu a Casa Civil no vórtice da grande crise de 2005.
Ocupou inteligentemente os espaços e chegou à cadeira mais ambicionada da política nacional. Seu principal combustível foi o apoio de um governo bem avaliado no momento decisivo. Especialmente de um presidente muito bem avaliado.
O antecessor tinha um estilo bastante peculiar. Eventuais problemas recebiam, na preliminar, tratamento destinado a preservar a figura do chefe e desqualificar a crítica e os críticos.
Ou eram produto da torcida contra, de quem não se conformava com o sucesso de sua excelência, ou eram factoides colocados no caminho de um país em marcha irreversível para o grande destino. Ou, no mais das vezes, ambas as coisas.
O comportamento até agora da sucessora é de um contraste brutal. Por temperamento ou convicção, ou talvez pelo desejo de implantar um modus operandi próprio, antes de acusar adversários pelos problemas ela parece tratar de buscar alguma solução. O país agradece.
Mas tudo na vida tem um custo. A operosidade exibida pela presidente acontece obrigatoriamente em lacunas deixadas pelo endeusado presidente que se foi. Não poderia ser diferente. O grupo que a elegeu está no poder já faz oito anos. Ela mesma está no Planalto há quase seis. Falta só cair a ficha.
O governo do PT não foi inventado em primeiro de janeiro de 2011.
Para o antecessor, as críticas à gestão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) eram movidas pelo desejo de que não desse certo. Mas hoje, depois de mais uma trapalhada em sua área de atribuições, foi exonerado o presidente do Inep, o órgão federal responsável.
Esta semana, um grupo de ministros reuniu-se, por determinação da presidente, e começou a trabalhar para o Brasil daqui a quatro anos estar dotado de um sistema confiável de alerta para desastres climáticos.
Aqui também a aritmética é soberana. Oito é maior do que quatro. Se o PT está no poder há oito anos, se o país precisa de um sistema assim e se implantá-lo leva quatro anos, por que não foi feito entre 2003 e 2010?
Um argumento é que só agora se comprovou a prioridade. Não é bem assim. É verdade que a tragédia da serra fluminense tem uma dimensão acima de outras recentes. Mas houve outras recentes.
Esta semana o Comitê de Política Monetária reúne-se num cenário complicado. A inflação galgou um degrau, ou alguns degraus, ao longo de 2010. O remédio de praxe é subir os juros.
Mas essa subida complica a situação por outro lado, ao estimular uma valorização maior ainda da moeda brasileira. Que insiste em ignorar as medidas anunciadas com pompa e estrondo para emagrecê-la.
Está evidente a cada dia que o Banco Central cometeu um erro grave na passagem de 2008 para 2009, perdendo a oportunidade de reduzir fortemente os juros num cenário de demanda tendendo a zero. Como resultado, as taxas agora vão subir de um patamar já elevado.
Enquanto isso, o ministro do Desenvolvimento, talvez a figura mais próxima da presidente hoje em Brasília, quebra a cabeça para encontrar um jeito de proteger as exportações e a indústria brasileiras sem criar um ambiente tão protegido que desestimule a competição, a inovação e a produtividade. Não é trivial.
Nas comunicações e nos direitos humanos, os titulares tateiam caminhos para evitar que contenciosos deflagrados no período passado se tornem minas explosivas no caminho inicial de um governo que, por enquanto, parece contar com boa vontade geral.
Não que os projetos tenham sido completamente abandonados. Apenas tenta-se fugir da armadilha do confronto a qualquer custo, outra criação do período que acabou.
E tem o imbróglio dos direitos humanos no Irã. Assunto em que o ex-presidente nos meteu sem nenhuma necessidade.
Em termos práticos, por enquanto Dilma só tem conseguido lidar com problemas herdados. Há, é certo, o programa de erradicação da miséria. Mas não chega a ser novidade verdadeira.
O que Dilma estaria dizendo da herança que recebeu se o governo que acabou em 31 de dezembro fosse da hoje oposição?

JOSÉ SIMÃO

Ueba! É o Insensaco Coração! 
José Simão
FOLHA DE SÃO PAULO - 19/01/11

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Manchete do Sensacionalista: "Depois das reuniões às sextas e proibição de celulares, Dilma vai fiscalizar se ministros escovaram os dentes após as refeições". A nossa Supernanny! E a próxima exigência: que os ministros transem com suas esposas uma vez por semana. Se não forem casados com as ministras dela. Aí é uma vez na vida. Rarará! Novelha nova na Globo! Insensato Novelão! Insensaco Coração! Já teve até sequestro de avião. O cara sequestrou o avião com um canivete! Vai exportar know-how pro Bin Laden! E o avião? Deve ser sucata da Vasp! A Globo não usou um avião da Gol porque o voo foi cancelado. E o voo da TAM chegou atrasado. Tamo Atrasado Mesmo! E sabe qual o maior medo de um terrorista? Que o avião NÃO caia! Rarará!
E a Deborah Secco continua marrom. Tomou sol no microondas. E ficou com aquele bronzeado ovo de Páscoa. E o Paredão do Big Podre Brasil? Uma trans, uma biba e uma negra! Uns disseram: o paredão do preconceito. Outros perguntaram: isso é paredão ou uma ONG? Eu acho a cara do Brasil. Paredão Brasil! E a trans? O Brasil pagou pau pra operada? Diz que a operada já foi cabo. O quê? Então ela cortou o passado! Literalmente! E já imaginou se, na hora da saída, em vez dum selinho no Bial, ela grita: "Eu quero o meu pinto de volta!" Rarará.
E um leitor quer saber se a trans bota a perereca pro lado esquerdo ou pro lado direito? E de onde vieram aqueles rinocerontes de sunga? Da OGROLÂNDIA! É um país dentro do Brasil chamado Ogrolândia.
E um cara escreveu no twitter: "Eu não entendo quem fala mal do Big Brother e depois escreve: "tô indo pra academia'". E por que todas essas BBBs tem voz do Pato Donald?
E a justificativa dos BBBs pra votar: "Eu adoro ela, mas não tenho afinidade". Por que não ser sincera e falar logo: "Eu vou votar nela porque ela é uma vaca sem carisma". Eu não acho que o mundo vai acabar. O mundo TEM que acabar!
O Brasileiro é Cordial! O Gervásio entrou em erupção! Mais um cartaz do Gervásio na empresa em São Bernardo: "Se eu pegar o mão leve que anda sumindo com as minhas canetas, vou fazer o larápio psicografar Allan Kardec com um pincel atômico socado no nariz". Xi, eu acho que o Gervásio andou assistindo "Nosso Lar" e "Chico Xavier". Rarará. Nóis sofre mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MÍRIAM LEITÃO

Inflação climática
MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 19/01/11


O economista José Roberto Mendonça de Barros resume a conversa sobre os eventos que pressionam a inflação com uma frase: "eu nunca vi tanta complicação climática com tantos produtos em tantos lugares ao mesmo tempo." Mas, além das secas e inundações, há outros motivos permanentes e temporários para a alta dos preços. Neste clima, o Copom se reúne.

O trigo foi castigado em novembro por uma seca forte na Ucrânia e na Rússia. E agora é atingido pela inundação na Austrália.

- Do trigo produzido na Austrália, 60% foram rebaixados para ração porque não foram considerados apropriados para consumo humano - diz José Roberto.

A soja surpreendeu todo mundo. Apostava-se na queda e o produto está em alta. Além de quebras de safra, há agora a seca na Argentina. O milho, como é cultura complementar à soja em muitos lugares, também está com redução da produção. O café enfrentou furacões na América Central e redução de produção na Colômbia. No algodão, houve redução da produção nos Estados Unidos porque os preços estavam baixos. Problemas climáticos no Paquistão também afetaram a cana-de-açúcar.

- É mais fácil dizer que produto não tem problema. O arroz tem boa produção e uma oferta abundante, mas na maioria dos produtos há uma mistura de choques de oferta com baixos estoques - explica o economista da MB Associados.

Os baixos estoques não são eventuais. É que há algum tempo a política agrícola de todos os países vem abandonando a prática de manter altos estoques dos produtos. É caro manter o produto guardado. Assim, qualquer choque de oferta pode produzir uma elevação dos preços:

- Este ano é um extraordinário exemplo dos extremos climáticos e como eles produzem choques de oferta. Isso se soma à demanda crescente na Ásia por todos esses produtos e mais a atuação dos fundos financeiros nos mercados futuros de commodities.

Segundo o economista, os fundos financeiros não criam tendências, mas as aceleram. Quando o movimento é de alta, a especulação eleva ainda mais a alta.

Só esse lado das commodities agrícolas já mostra que esta inflação não é simples. Mas não é o único fator de pressão de preços.

- A mãe dos problemas é a demanda excessivamente aquecida, que faz com que os aumentos de preços se espalhem. O setor de serviços está com preços acima do teto da inflação há muito tempo e vai continuar assim. O aumento de gastos do governo aumenta ainda mais a pressão da demanda - afirma José Roberto.

Outros economistas ouvidos repetem que a demanda aquecida tem elevado salários e custos de serviços e que parte dessa demanda aquecida é o gasto excessivo do governo.

- O Copom decidirá a taxa de juros sem saber qual será o corte de gastos do governo. O Banco Central também tem um dilema. Não pode subir muito os juros porque isso vai atrair mais capital especulativo e derrubar mais o dólar -- alerta Carlos Thadeu de Freitas, da Confederação Nacional do Comércio.

Além da volatilidade da oferta agrícola, pelos eventos climáticos, e da demanda aquecida no Brasil, há também alta nos preços das commodities metálicas.

- O aço não estava subindo muito, mas a inundação da Austrália provocou a paralisação da produção de carvão metalúrgico. Como são minas subterrâneas, pode demorar meses para que elas voltem a produzir. Diante desse cenário, os preços do aço subiram - relata José Roberto Mendonça de Barros.

Como se tudo isso não bastasse, há outro problema.

- O petróleo vai superar a marca dos US$100 - prevê o economista.

Há vários motivos para isso: o inverno prolongado e extremo no hemisfério Norte, a demanda na Ásia, o começo de recuperação americana.

- Além disso, a produção subiu pouco. Nas projeções da Agência Internacional de Energia, o Brasil seria o terceiro país que mais aumentaria a produção, e simplesmente não houve esse aumento. Outros países também não conseguiram aumentar a produção - diz José Roberto.

O Departamento de Estudos Econômicos do Bradesco e a RC Consultores não veem espaço para queda nos preços das commodities no curto prazo, por uma combinação de fatores: crescimento dos países emergentes; recuperação dos desenvolvidos; especulação nas bolsas com o dinheiro farto e barato que circula pelo mundo.

- Por enquanto, não há elementos mais sólidos que permitam pensar em queda dos preços das commodities nos próximos dois a três meses. Não é só os alimentos que estão subindo de preço, são as commodities em geral e mais o petróleo. Esse movimento de alta não chegou ao fim. Temos muita liquidez no mundo com juros baixos, o fim do movimento especulativo ainda não está no radar - afirma Fábio Silveira, da RC Consultores.

Esse cenário faz com que a inflação não seja problema exclusivo do Brasil. Ela tem voltado também em outros emergentes. China, Coreia do Sul e Tailândia já subiram juros. Na China, os preços fecharam 2010 em 5,1%. Na Rússia, em 8,8%, no Uruguai, em 6,9%.

- Há duas razões para a inflação nos emergentes: choque de commodities e atividade em alta. Nos desenvolvidos, percebe-se apenas o choque de commodities, por isso a inflação nesses países está mais baixa - diz Elson Teles, da Máxima Asset.

Tudo isso mostra que o quadro sobre o qual o Copom decide hoje, nesta primeira reunião do governo Dilma Rousseff, não é como o que está sendo traçado no Ministério da Fazenda. Lá, na Fazenda, se diz que é uma simples inflação de alimentos, sazonal, e que vai ceder. Não parece fácil desatar tantos nós criados pelo clima, demanda alta, quebras de safras e, no caso brasileiro, os excessivos gastos públicos.

GOSTOSA

ROBERTO DaMATTA

Em redor do Amor
Roberto Damatta 
O Estado de S.Paulo - 19/01/11

Faz tempo. Depois num baile, um rapazinho tímido e elegante foi agraciado com uma promessa maravilhosa. A mocinha que ele amava com um amor de fazer doer o coração perguntou depois de um longo e delicioso beijo: o que você quer de mim? "Queria que você gostasse de mim para sempre!", disse o moço encostando a perna no muro cúmplice do apoio que precisava para outros abraços. Selaram o juramento com um segundo e um terceiro beijo. Uma estrela cadente confirmou a eternidade da promessa.

Naqueles tempos antigos, a gente não dizia que amava. A gente dizia que gostava. O amor era uma palavra muito forte e tão removida das coisas do mundo diário que requeria controle e dava vergonha. Escrevíamos sobre o amor, mas usávamos o gostar nas nossas declarações. O amor era para os deuses, para as igrejas cheirando a vela e incenso e para as telas dos cinemas. O gostar era para aqueles rostos deliciosamente humanos, vermelhinhos de tesão e vergonha. Nas telas chatas dos cinemas, eles falavam um trivial "I love you"; nós falávamos tremendo: "Eu gosto muito de você!" Uma outra coisa: só víamos o rosto das nossas namoradas. Quando sentíamos seus corpos, era um atrapalho. A pressão dos seios, o arredondado das coxas e o sentimento do monte que margeava o vale e a fonte que desconhecíamos eram intrusos a serem imediatamente agasalhados nos abraços reveladores do maravilhoso desejo de se confundir com o outro.

É possível um amor eterno? Um amor infinito? Um gostar com perenidade inabalável pelo tempo cujo papel é desmascarar a nossa transitoriedade e a nossa finitude? Quantas vezes me fiz essa pergunta e quantas vezes eu me achei abençoado pelo amor? Um lado meu que, como dizia Shakespeare, eu não sei se é o lado que pergunta ou o que pretende ter uma resposta, diz: o amor eterno dribla a nossa mortalidade. Somos enterrados, mas o amor triunfa nos seus impulsos que tocaram os que conhecemos. Neles fica essa memória do amor que trás de volta um encontro precioso da alma com o corpo (jamais contra ele), tornando essa convivência uma bênção porque, finalmente, eles não estão mais em guerra ou negociação. No amor, um precisa do outro e um se realiza por meio do outro.

O que esperamos do amor e no amor? No amor físico há uma etiqueta e por isso ele seria, digamos, cordial na sua grata selvageria e milagrosa avidez. Todos experimentamos, como indicam os melhores pesquisadores dessa área - os grandes poetas e cantores -, uma coercitiva curiosidade própria do amor erótico. Esse amor que se prova a si mesmo na medida em que se vai realizando. Daí o sentimento que ele é, simultaneamente, céu e terra; fogo e água; pele e coração; suspiro e estertor. No amor eterno, que nada pede porque simplesmente deseja ter tudo, não há limite nem etiqueta. O outro é tudo e nele estamos perdidos com a intensidade do desejo que uma criança tem por um sorvete ou um político, por um cargo. Como regular um amor que sempre leva a perda e a resignação porque não pode se concretizar em rotinas? Pois a prova do amor não é o clímax, mas o dia a dia que transforma o beijo sequioso no beijinho suave com o qual o marido e a esposa dizem "boa noite" um para o outro. Esses beijinhos dados na porta do supermercado ou na hora de ir para o trabalho são o fim ou são a prova de um elo amoroso?

No recalque do amor pelos códigos morais e religiosos, há uma disputa entre o amor incondicional devido ao Criador, ao Partido ou ao Mantenedor da Vida, e o amor pronto a ser vivido na carne. Esse amor personificado em uma criatura. Dir-se-ia que a segunda forma é uma deformação da primeira, mas pode-se perfeitamente inverter o argumento. O amor a Deus é um substituto do amor sensual que estamos sempre dispostos a sentir, mas que passa muito depressa. A teoria de um amor eterno (ausente em muitas sociedades, diga-se logo) compensa essa velocidade dos encontros com o ser amado, sempre fugazes e muito breves porque o corpo limita e aprofunda aquilo que a mente estende aos céus e às estrelas.

Fly me to the moon - canta o poeta.

Leve-me para a lua e deixe-me "tocar" entre as estrelas.

Eis, na simplicidade enganadora da música popular, a fórmula que meus pais e tios usavam, quando falavam da visita a um dantesco "sétimo céu". Essa subida aos céus usando o próprio corpo e não a alma ou uma nave espacial sem morrer e, muito pelo contrário, sentindo o coração pulsar com intensidade inusitada, compete com os deveres coletivos, sobretudo com as tarefas mais duras que os cotidianos requerem. Amar ou cortar lenha? Beijar na boca ou estudar? Escrever ou sentir o corpo do outro junto ao nosso? Que relação pode haver entre prazer e dever, senão o do conflito, do recalque e do combate?

Uma última pergunta: por que raios estou eu a escrever estas mal traçadas, quando todo mundo fala de política e de economia, dizendo sempre o mesmo do mesmo? Não sei. Só sei que essas questões fazem de mim um "homem humano", como dizia Setembrini, aquele habitante de uma certa montanha mágica inventada por Thomas Mann.

DORA KRAMER

Na rota do Torto
Dora Kramer 
O Estado de S.Paulo - 19/01/11

Se, como disse a presidente Dilma Rousseff na primeira reunião ministerial, "ética e competência" se equivalem e isso significar um lema de governo, ela não está sendo coerente com a pregação que vem fazendo em todas as suas manifestações desde a eleição.

Primeiro chamou atenção a esfuziante recepção a Erenice Guerra na festa da posse, a mesma a quem tinha se referido durante a campanha como uma "ex-assessora" por cujas malfeitorias não poderia se responsabilizar.

Depois, deixou passar em nebulosas nuvens as acusações - comprovadas e assumidas - dos então indicados ministros do Turismo, Pedro Novais, e da Pesca, Ideli Salvatti. Ambos pegos em flagrante delito de malversação da verba extraordinária da Câmara e do Senado.

Novais gastou o dinheiro numa festa de motel e Ideli recebeu em dobro: auxílio-moradia e diárias de hotel em Brasília. Tomaram posse alegadamente pelo entendimento de que haviam cometidos erros contábeis. Só corrigidos depois de denunciados.

Nesta semana, não impôs reparo à defesa do feudo na Funasa feita pelo vice-presidente Michel Temer, a propósito do sumiço de R$ 500 milhões sob a administração do PMDB.

Pour mémoire: quando assumiu a Presidência, em 2003, o PT revogou decisão do governo anterior que vedava a fundação de saúde ao loteamento político.

Ontem, João Domingos e Cristiane Samarco fizeram saber aos leitores do Estado que o governo fechou acordo para apoiar a candidatura de José Sarney agora e de Renan Calheiros, daqui a dois anos, à presidência do Senado.

Dois notórios protagonistas de escândalos por desvio de conduta. Um foi obrigado a renunciar para não perder o mandato e outro foi salvo pelo gongo sempre alerta de Lula.

É cedo para julgar? Se não imprimir correspondência entre suas intenções e seus gestos, não demora será tarde para a presidente fazer críveis suas palavras.

Carga pesada. Vamos aos fatos: para que serve mesmo o MST, a não ser para lembrar à sociedade que a lei não é igual para todos e que o governo obriga o Brasil a conviver com a transgressão consentida sustentada com dinheiro público?

Para promover a reforma agrária, já se viu que não é; para patrocinar um ambiente arejado de relações entre o poder público e os movimentos sociais, tampouco; para levar ao governo demandas da sociedade muito menos; para firmar o contraditório social ante as autoridades, também não.

Então, para que serve um movimento sem representatividade, sem reconhecimento por parte do conjunto dos cidadãos, sem identidade legal e, sobretudo, sem objetivo claro?

Só para lembrar que o governo, a despeito do discurso legalista da presidente, apadrinha e alimenta a subversão ao Estado de Direito consagrado no preceito constitucional da inviolabilidade da propriedade pública e privada.

Bela viola. Quase tão chocante quanto a desproporção entre a natureza do desastre e as consequências em número de mortos, desabrigados e desassistidos é a desfaçatez das autoridades do Rio de Janeiro ao dizer que não é hora de críticas, mas de socorro à vítimas.

Seria assim se o poder público fizesse a sua parte. Não tendo feito, não é o momento de tirar o corpo fora; é hora, sim, de a sociedade criticar e cobrar.

O governador Sérgio Cabral soube tirar proveito de sua aliança com o governo federal. Mudou de partido, de opinião, fez do Rio um palco permanente para suas performances marqueteiras com o presidente da República nos últimos quatro anos.

Não obstante, ignorou um problema devidamente diagnosticado - a incapacidade do Estado de fazer frente a calamidades -, mas que não se incorporava à lógica festivo-eleitoral de sua gestão.

Reconheça-se a opção de Cabral pela seriedade na escolha do comando da área de combate ao crime, mas lamente-se que o mesmo conceito não tenha se aplicado à segurança do público como um todo e cobre-se a falha em títulos de resgate eleitoral.

NÃO TEM

ILIMAR FRANCO

Entre a vontade e a realidade
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 19/01/11

A reforma política virou um mantra dos parlamentares. O Instituto FSB Pesquisa ouviu, em dezembro, 307 deputados e 33 senadores, entre reeleitos e novos, e 87% deles disseram que gostariam de votar uma reforma política no primeiro semestre deste ano. O problema é que os partidos não têm uma proposta comum do que mudar. Na última tentativa de fazer mudanças na legislação partidária e eleitoral, uma ala do PT derrotou a proposta do próprio partido. O segundo item que os parlamentares gostariam de votar, 78%, é uma reforma tributária. Esta pode ir adiante, pois o governo Dilma vai apresentar propostas de mudança.

Porta da rua

O PMDB da Bahia se reúne hoje para decidir se abre processo de expulsão do prefeito de Salvador, João Henrique. Ele não apoiou a candidatura de Geddel Vieira Lima ao governo do estado e, na reforma do secretariado, excluiu o partido. 

Tem o simbolismo
. A presidente Dilma Rousseff e eu não aceitamos ser derrotados na primeira votação” — Luiz Sérgio, ministro das Relações Institucionais, sobre as eleições para a presidência da Câmara.

Adesão

A bancada do Rio anunciará apoio à candidatura do deputado Marco Maia (PT-RS) à presidência da Câmara em jantar no dia 27. Entre os que participarão do anúncio estão o governador Sérgio Cabral e o prefeito do Rio, Eduardo Paes. 

Mabel e a pauta social

A bancada empresarial é a principal entusiasta da candidatura do líder do PR, Sandro Mabel (GO), à presidência da Câmara. Está preocupada com a pauta sindical, que inclui a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e a concessão de novos direitos para os trabalhadores terceirizados. Com a candidatura inviabilizada, Mabel tentou até ontem receber um apelo pessoal da presidente Dilma Rousseff, que ficaria lhe devendo um favor, para não concorrer.

Pé no acelerador

O governo federal vai baixar um decreto mudando as regras de licenciamento ambiental para a exploração de petróleo. O licenciamento passará a ser concedido por campo, e não mais como é hoje, por poço perfurado. O objetivo é agilizar o processo e reduzir os entraves para a exploração do pré-sal. Os técnicos da área ambiental que preparam a mudança argumentam que o modelo atual, de analisar cada poço, é uma “deformação”.

A mudança na Sabesp

Embora o governador Geraldo Alckmin já estivesse propenso a nomear a ex-secretária de Saneamento e Energia Dilma Pena para a presidência da Sabesp, a inundação da cidade de Franco da Rocha acelerou a mudança. Na sexta-feira, a Agência Nacional de Águas reclamou que o problema teria sido provocado por razões comerciais. Segundo a ANA, a Sabesp deveria estar liberando desde novembro a vazão de água do sistema de represas da Cantareira. 

CANDIDATO a líder do DEM, o deputado Marcos Montes (MG) reage à divulgação de sua condenação pelo Tribunal de Justiça mineiro: “Estou assustado. A briga pela liderança ganhou uma proporção”.

SE DEPENDESSE do ministro Fernando Haddad (Educação), Joaquim Neto continuaria na presidência do Inep, apesar dos sucessivos problemas no Enem e agora no Sisu. Mas Joaquim não aguentou a pressão.

A MINISTRA dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, vai hoje à Região Serrana do Rio verificar denúncias de adoção ilegal de crianças.

MERVAL PEREIRA

A busca da eficiência
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 19/01/11


Em conversa recente, a presidente Dilma Rousseff fez uma análise bastante realista de suas habilidades para exercer o cargo para o qual foi eleita. Comparando-se a seus antecessores mais imediatos, reconheceu que não tem nem o preparo intelectual de Fernando Henrique nem o carisma de Lula, mas entende que tem sobre eles a vantagem de ser uma especialista em gestão, o que pretende que seja a marca de sua passagem pela Presidência da República.

Temos visto nesses primeiros dias de governo uma clara tentativa da presidente de reorganizar o funcionamento da máquina pública, embora as condicionantes políticas, que foram fundamentais para a sua eleição, continuem em pleno vigor, principalmente a divisão dos cargos entre os partidos da base aliada, com destaque negativo especial para a disputa entre PT e PMDB.

Mas não há dúvida de que as linhas gerais do pensamento da presidente Dilma sobre gestão pública vão na direção de uma organização mais enxuta do ministério, e uma gestão moderna, que não evita a privatização e dá metas e objetivos definidos para a execução orçamentária.

Muito diferente, pelo menos na teoria, do que era defendido no governo Lula, quando o Estado forte e intervencionista em caráter permanente era considerado a grande mudança de paradigma econômico.

É verdade que os antecedentes gerenciais da presidente Dilma Rousseff não são dos mais eficientes, seja na implantação do sistema energético do país, seja na execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apresentado em 2007 como o grande programa de infra-estrutura do governo Lula, e que serviu de base para o lançamento de sua candidatura à Presidência como a grande gestora do governo.

Levantamento da ONG Contas Abertas, que faz pesquisas no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), mostra que até 25 de dezembro do ano passado, dos R$96,3 bilhões previstos no Orçamento dos últimos quatro anos, só R$25,3 bilhões foram pagos - 26,28% do total.

O próprio balanço oficial do PAC admite que 17,6% das obras, que somam R$115,6 bilhões, só serão concluídas depois de 2010.

No ano passado foram gastos R$8,1 bilhões do Orçamento do ano e outros R$12,2 bilhões de restos a pagar de anos anteriores. Do total de obras planejadas, avaliadas em R$656,5 bilhões, apenas 46,1% delas foram totalmente executadas.

O governo acabou misturando financiamento para obras de infra-estrutura com os financiamentos da casa própria para cumprir o orçamento que estava previsto.

Os principais problemas que dificultam o desenvolvimento do país são, de acordo com diversos estudos, entre outros, a burocracia, que prejudica o ambiente de negócios e inibe o empreendedorismo; baixos níveis de escolaridade e de capacitação da população, influenciando negativamente a produtividade; baixo nível de investimentos em infra-estrutura; elevada carga tributária combinada com forte expansão e má qualidade do gasto público.

Com relação à infraestrutura, um estudo da consultoria Macroplan já dissecado aqui na coluna indica que há uma forte demanda de investimentos para a recuperação, a melhoria e a expansão da infraestrutura de transportes, que se intensifica em proporção direta do crescimento econômico.

O estudo da Macroplan adverte que, sem novos investimentos, não somente os gargalos existentes serão acentuados como a competitividade do país estará comprometida, colocando em risco a sustentação do crescimento.

O maior desafio é acelerar e mudar a escala desses investimentos, e para tanto não faltariam fontes, especialmente pela grande abundância de recursos financeiros no mundo à procura de oportunidades atrativas e seguras.

A grande restrição, destaca a análise dos técnicos da Macroplan, reside na baixa capacidade do setor público (governos federal, estaduais e municipais) para planejar, projetar e gerir investimentos.

Os principais problemas gerados são atrasos nos prazos, frequentes e substanciais aumentos nos custos de execução de obras, legislação relativa a licitações e execução de investimentos rígida e inadequada, falta de projetos e deficiências técnicas e gerenciais na área pública.

Tudo o que se está vendo em relação às obras para a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Rio.

Um estudo recente, da Goldman Sachs, destaca uma diferença básica entre as economias dos Estados Unidos e as de demais países.

Quando o governo se envolve no controle de empresas, como aconteceu na recente crise financeira desencadeada em 2008, tanto as empresas quanto o governo tentam se separar o mais rapidamente possível.

A ideia de que as empresas pertencem aos acionistas privados é fundamental na economia americana, destaca o estudo.

Eles exemplificam com a rapidez com que instituições financeiras devolveram o capital investido pelo Tesouro americano, a intensidade com que a seguradora AIG está procurando devolver o capital nela investido pelo governo para seu salvamento, e os esforços da montadora GM para se recuperar.

Com os "desinvestimentos" já realizados, a Goldman Sachs estima que o governo americano atualmente tem apenas 2,2% de participação na economia americana, que no auge da crise chegou a 3,7%.

Em comparação com os principais mercados emergentes, o estudo da Goldman Sachs estima que de várias formas (direta ou indiretamente) a participação dos governos nas empresas chega a 67% na China, a 35% na Rússia, a 29% na Índia e a 14% no Brasil.

GOSTOSA

CELSO MING

Problema bom
Celso Ming 
O Estado de S.Paulo 19/01/11

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, está comemorando mais um recorde: a criação de cerca de 2,5 milhões de empregos novos com carteira assinada em 2010, tal como apontado por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Dia 27, o IBGE, que mede o nível de ocupação no Brasil (e não apenas as relações de trabalho), deverá confirmar essa forte melhora na situação do emprego. Em novembro, o desemprego já havia desabado para 5,7%. Em dezembro, mês em que normalmente mais gente é contratada para dar conta do aumento da demanda das festas de final de ano, esse número deve ter melhorado. Os dados do Caged acusaram em dezembro o aumento de 58 mil novas vagas em relação às existentes em novembro.

Nada menos que 39,9% ou 1 milhão de postos de trabalho foram criados no setor de serviços. Enquanto isso, o comércio contribuiu com outros 602 mil e a construção civil, com 329 mil (veja o Confira). É natural que a indústria perca espaço como grande contratadora. Foi e está sendo assim nas economias mais desenvolvidas e é inevitável que aconteça também no Brasil. Isso não significa que o País esteja sendo atacado pela desindustrialização, como insistem alguns dirigentes do setor.

E é preciso prestar mais atenção ao que está acontecendo nos serviços. Até mesmo especialistas em Política de Trabalho continuam presos por padrões do passado que atribuíam à indústria a criação de empregos de mais qualidade. Há um grande número de atividades novas ganhando corpo na informática, na assistência técnica, segurança, turismo, moda e educação física. A área de telemarketing, por exemplo, tem apenas 30 anos e, no entanto, emprega, somente no Estado de São Paulo, 400 mil pessoas. É um segmento ainda em fase incipiente, marcado pela alta rotatividade e por salários relativamente baixos, que, no entanto, passa por forte expansão.

O governo conta com a criação de mais 3 milhões de postos de trabalho em 2011. É cedo para garantir o sucesso dessa meta, porque as projeções apontam para alguma freada na atividade econômica. Ainda assim, em 2011, o PIB deverá crescer algo em torno dos 5%. Parece inevitável que o nível de quase pleno emprego seja mantido. Somente a Petrobrás está anunciando 14 mil novas vagas até 2014 com concurso público. Ela tem hoje 77 mil funcionários.

A boa fase na área do emprego tem dois custos. O primeiro deles é mais geral. Um nível de desemprego inferior a 7% no Brasil deixa de ser neutro na formação de preços. Isso quer dizer que tende a pressionar por aumentos salariais acima dos índices de produtividade da economia.

Já faltam engenheiros, pedreiros, eletricistas, soldadores, mecânicos e tantos profissionais mais. A escassez de mão de obra deve aumentar e acrescentar mais custos à atividade econômica. As empresas não terão outra opção senão a de recrutar pessoal nas camadas de mais baixa qualificação. Em consequência disso, esbarrarão em outra enorme deficiência do País que é a baixa qualidade do ensino e a falta de níveis médios de capacitação. É o que levará a um aumento inevitável dos custos com treinamento e preparação.

Em todo o caso, se há um bom problema para ser resolvido é esse aí: o de escassez de mão de obra.

Steve Jobs

Parece importante sinal dos tempos o que aconteceu no noticiário econômico dos jornais brasileiros de ontem. A matéria publicada por todos eles e que apareceu com mais ênfase foi o afastamento, por licença médica, do presidente da Apple. O fascínio provocado pelo iPad e pelas novas engenhocas eletrônicas passou a exigir que fatos dessa ordem sejam objeto de amplas análises.

ANCELMO GÓIS

Longe da Galp
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 19/01/11

Por duas vezes, o Conselho de Administração da Petrobras desaconselhou informalmente a diretoria da estatal a comprar os 33% que a Eni italiana tem na Galp portuguesa. A Galp tem 10% do Campo de Lula (nome novo do Tupi).

Assim....
Se, ainda assim, o negócio sair é porque terminou prevalecendo a posição do governo brasileiro de atender um pleito do governo português.

Aliás...
A eventual entrada da Petrobras no capital da Galp lembra um pouco a novela sobre a participação da venezuelana PDVSA na refinaria de Pernambuco. A Petrobras adoraria se ver livre da empresa de Chávez e tocar o projeto sozinha. Mas a opinião de Brasília é outra.

Os solidários
Domingo, o carro de uma equipe da Caarj e da OAB-RJ que levava alimentos para doação em Friburgo atolou a poucos metros da 151ª DP. No que, acredite, um carcereiro e 20 detentos saíram para ajudar a desatolar o veículo. Feito o serviço, todos os presos voltaram para suas celas. Há testemunhas.

Voz de Roma
No Vaticano, discute-se a transferência do cardeal-arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, para a Arquidiocese de Brasília. Muito habilidoso, ele é tido como o melhor prelado para criar uma linha de comunicação com o Palácio do Planalto.

Alemão no circuitão
O recém-inaugurado CineCarioca Nova Brasília, na favela do Complexo do Alemão, entra para o circuitão. Sexta agora, estreia lá “Zé Colmeia — o filme”, lançamento da temporada de férias da Warner Bros.

Tropa de Elite gaiata

Começa em abril as filmagem de “Totalmente inocente”, do estreante Rodrigo Bittencourt. É uma comédia sobre três trapalhões que querem chefiar o tráfico numa favela carioca.

Segue...

A paródia em cima de sucessos como “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite” tem como produtoras Iafa Britz, de “Nosso lar” e Marisa Leão da comédia “De pernas pro ar”. A paródia em cima de sucessos como “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite” tem como produtoras Iafa Britz, de “Nosso lar”, e Marisa Leão, da comédia “De pernas pro ar”. As duas juntas levaram mais de sete milhões de espectadores ao cinema.

Cine marketing
Lucas Salles e Vitor Thiré, atores de “Desenrola”, encontraram uma nova forma de promover o recém-lançado filme de Rosane Svartmann.

Convidam os fãs, pelo Twitter, a assistirem junto com eles à obra em determinado horário e sala de cinema. 

Elza Soares é madrinha de Tiãozinho da Mocidade no lançamento de seu CD no Rival com a bateria da escola, hoje, às 19h30m.

É hoje, às 19h, a festa no Espaço Tom Jobim dos 80 anos de Ítalo Rossi, com lançamento de fotobiografia do artista, de Ester Jablonski e Antonio Gilberto.

Alice Tamborindeguy toma posse na BPW-RJ, dia 26, na Alerj.

Regina Navarro Lins estará no “Hora do Blush”, programa da jornalista Isabella Saes, na rádio SulAmérica Paradiso.

A Apolo Produções Artísticas teve todos os seus projetos aprovados pela Lei Rouanet de 2011.

Marco Rodrigo lança seu primeiro CD, “Rock’Bossa”, dia 25, na Fnac da Barra. Entrada franca.

Retratos da vida

O Friburguense, clube de futebol da cidade vitimada pela chuva, está de luto. Abriu o Ginásio Helena Deccache para receber donativos. Só que, diz o secretário Carlos Minc, há três anos o clube conseguiu impedir a obra para melhorar o escoamento das
águas do Córrego Dantas, área das mais devastadas da cidade. A alegação, à época, era de que a reforma tomaria um pedaço do seu terreno.

Agora...
A obra sai... claro.

Solidariedade
Ontem, pela primeira vez em sua história, o HemoRio estava mandando os doadores para casa porque os estoques estão cheios.

Ajuda dos Correios
Wagner Pinheiro, presidente dos Correios, cedeu o antigo centro de treinamento da empresa em Petrópolis, de 4 mil m², para abrigar vítimas da chuva.

Museu Villa-Lobos
O maestro Wagner Tiso, que esteve cotado para representar a ministra Ana de Hollanda no Rio, assumirá o Museu Villa- Lobos.

Caso médico
Zito, o prefeito de Duque de Caxias, RJ, submeteu-se a cirurgia na coluna. Passa bem.

Mudança na cozinha
A Galeria Gourmet, que está deixando o Downtown, na Barra, vai para o vizinho Cittá América, onde fica o Hard Rock Café.

MALUCO

MÔNICA BERGAMO

DESPEJO LENTO
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 19/01/11

As ações de despejo levam, em média, de oito a 12 meses em tramitação na Justiça. É o que revela um levantamento do Cofeci (Conselho Federal de Corretores de Imóveis), em nove Estados e no Distrito Federal, sobre o impacto da nova Lei do Inquilinato, que completa um ano de vigência em 25 de janeiro. "A lei foi um avanço, mas o volume de ações e o número de recursos possíveis no Judiciário ainda fazem com que, na prática, os processos continuem muito lentos", afirma o presidente do Cofeci, João Teodoro da Silva, com base em informações prestadas pelo mercado. A nova lei estipula o prazo de 15 dias para ordem de despejo, e de 30 dias para o inquilino inadimplente sair do imóvel.

NA FONTE

O Creci-SP espera o fim das férias forenses para realizar um levantamento oficial junto a 22 comarcas, da capital e do interior, sobre o cumprimento dos prazos da lei.

EM NOVAS MÃOS
O oncologista Paulo Hoff, médico da presidente Dilma Rousseff e do ex-vice-presidente José Alencar, será o novo diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira. Ele substitui Giovanni Cerri, que se tornou secretário de Saúde do governo de Geraldo Alckmin.

APRECIANDO
Dos 288 pedidos de habeas corpus encaminhados à presidência do Supremo Tribunal Federal durante o recesso, o ministro Cezar Peluso distribuiu 192 para relatores, por falta de urgência. Em 37 casos, ele despachou que não cabiam recurso, além de não conceder liminar em outros 21 pedidos. Sempre sem entrar no mérito da ação. Considera que os casos podem esperar para ser julgados a partir de 1º de fevereiro.

CONTA NO EXTERIOR
O Itaú lança no sábado uma campanha internacional para fortalecer sua marca nos mercados americano e europeu. A atriz Alice Braga, o artista plástico Vik Muniz e o jogador de polo argentino Nacho Figueras são as estrelas dos anúncios, que devem sair na revista "The Economist", no jornal "Financial Times" e no site do "The Wall Street Journal". Eles foram fotografados em Nova York pelo americano Tom Munro.

TODO OUVIDOS
O Ministério Público de SP fará, no dia 28 de fevereiro, eleição para escolher seu primeiro ouvidor. A votação eletrônica será restrita aos 300 procuradores de Justiça -os promotores não participam.

BRUNCH
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, vai participar de um café da manhã no Hospital Sírio-Libanês, em SP, no dia 28. Depois do encontro com médicos e empresários do setor, ele segue para o Hospital das Clínicas para um almoço.

SAPATILHA CARIOCA
Thiago Soares, brasileiro que integra o Royal Ballet de Londres, foi escolhido pela francesa Sylvie Guillem para dançar com ela na estreia do balé "L'Histoire de Manon", de Kenneth MacMillan, no dia 27, no Scala de Milão.

LULA RONDON
Rui Ricardo Dias, que interpreta Lula em "Lula o Filho do Brasil", está cotado para ser o protagonista de uma série de cinco capítulos baseada na vida do marechal Rondon. A produção deve começar em abril.

JURAS DE AMOR

Henri Castelli embarca, no fim do mês, com Fernanda Vasconcellos para Las Vegas. Pegam carona na lua de mel de um casal de amigos, do qual serão padrinhos. Ele aproveita para revolver pendências do seu "green card".

ENCONTRO MUSICAL
A Orquestra Imperial fez, anteontem, show pelo aniversário de 70 anos do compositor Jorge Mautner, com participação de Gilberto Gil e Caetano Veloso, no Circo Voador, no Rio. Os músicos foram cumprimentados por Luiz Carlos Barreto. Chamava a atenção a semelhança, de perfil, entre Flora Gil e a namorada de Caetano, a bailarina argentina Natália.

ORIENTE-SE
O diretor do Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, Marcelo Mendonça, recebeu convidados, anteontem, para a abertura da mostra "Islã - Arte e Civilização". Ricardo Ohtake e Maria Lucia Segall compareceram.

CURTO-CIRCUITO


A Cia. São Jorge de Variedades fará na terça, aniversário de SP, uma festa com sambas paulistas e brincadeiras, em frente à sua sede, na rua Lopes de Oliveira, 342 (Barra Funda).

A dupla João Bosco & Vinicius se apresenta no sábado, às 22h, no Credicard Hall. Classificação: 14 anos.

O clube Josephine faz festa de inauguração para convidados, hoje, às 23h. 18 anos.

A festa Sub, de João Gordo, terá sua terceira edição na próxima segunda, véspera de feriado, no clube Alley. Classificação etária: 18 anos.

O DJ Henry Carvalho se apresenta na sexta no clube de praia da Mokai, no Guarujá. Classificação: 18 anos.

O shopping Pátio Higienópolis fará até o dia 30 a oficina "Cake Yourself", de cupcakes.

com ELIANE TRINDADE (interina), DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

ROLF KUNTZ

O novo e o velho no governo
Rolf Kuntz 
O Estado de S.Paulo - 19/01/11

O Brasil vai conhecer nesta quarta-feira a nova cara do Banco Central (BC). A mudança, se houver alguma, será muito limitada, segundo a avaliação dominante no mercado financeiro. A maior parte dos analistas aposta numa alta dos juros, para conter a inflação e reconduzi-la, gradualmente, ao centro da meta, 4,5%. Esse aumento foi quase prometido no último relatório trimestral do BC, divulgado em dezembro. A ideia de continuidade tem parecido natural, porque o novo presidente, Alexandre Tombini, já era da equipe e, além disso, participou da implantação do sistema de metas em 1999. Os primeiros grandes lances da autoridade monetária, neste ano, foram na área cambial e respeitaram os padrões em vigor. Corresponderam, portanto, à expectativa de continuidade. Se o roteiro for mantido, porta-vozes da indústria e do comércio continuarão tratando o BC como um saco de pancadas. O ritual de malhação será repetido depois de cada reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária.

Sinais de mudança - alguns positivos - apareceram, por enquanto, em outras áreas do governo. São, até agora, apenas sinais e podem resultar em nada. Mas não se deve, neste momento, menosprezá-los. O primeiro indício importante foi a promessa de um forte ajuste nas contas públicas.

Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, será definido em breve um corte definitivo - algo muito mais sério que bloqueio temporário, ou contingenciamento, adotado em todo começo de ano. Se a promessa for cumprida, será uma novidade de peso, especialmente se o corte for calculado para garantir um superávit primário pelo menos equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

Melhor, ainda, se esse for o primeiro passo para uma ampla arrumação das contas públicas, submetidas por vários anos a uma festiva gastança. Falta conferir se o governo será capaz de manter um compromisso com a austeridade e com a qualidade do gasto - promessa da presidente - ou se tudo não passou de um surto passageiro. As pressões políticas são contrárias a qualquer esforço de seriedade fiscal. Os congressistas tomaram a dianteira, inflando os gastos do Legislativo. Neste ano, a folha do Congresso consumirá R$ 6,2 bilhões, R$ 860 milhões a mais que em 2010, em salários e encargos sociais. Todo esforço de mudança será confrontado com obstáculos desse tipo.

Quanto aos partidos da base, dificilmente apoiarão qualquer política efetiva de seriedade fiscal. O próprio PT nunca aceitou esse tipo de compromisso e jamais deixou de participar da farra das emendas e de apoiar o aparelhamento e o empreguismo. O governo Lula aumentou de 18,4 mil para 21,8 mil os cargos de livre nomeação nos ministérios e órgãos subordinados ao Executivo e elevou o salário médio dos ocupantes, ampliando o bolo destinado ao banquete dos companheiros e aliados. Para cumprir suas promessas de seriedade fiscal e de valorização do profissionalismo, a presidente Dilma Rousseff terá de seguir o caminho oposto e renegar, portanto, a promessa de continuidade.

Mas a presidente já se mostra mais cautelosa em relação aos anúncios de mudanças. Em apenas duas semanas, abandonou o compromisso de reformas apresentado no discurso de posse. Segundo a reavaliação oficial, grandes projetos de reformas envolvem custos políticos muito maiores que os benefícios. Segundo esse raciocínio, é mais prático tomar o caminho das alterações parciais.

Pode ser, mas grandes inovações foram realizadas nos anos 90 porque o governo se dispôs a enfrentar negociações complicadas. Assim se impôs disciplina a Estados e municípios, assim se resolveu o problema dos bancos estaduais, assim se restabeleceu a política monetária, assim se aprovaram as leis de responsabilidade fiscal - tudo isso, naturalmente, contra uma resistência feroz do PT.

Mas, se a presidente estiver mesmo disposta a fazer algo importante, mesmo sem grandes projetos de reformas, ainda enfrentará muitos adversários. O primeiro pacote de mudanças deverá ser proposto em breve, segundo o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. O pacote incluirá medidas para elevar a competitividade das empresas. O começo talvez seja suave. Mas a oposição aumentará, quando o governo quiser mexer, por exemplo, nos custos trabalhistas ou nos impostos estaduais. Se os propósitos forem realmente sérios, o teste será cada vez mais difícil. O resultado, nesse caso, será a descontinuidade, a negação do governo das facilidades mantido nos últimos oito anos.

GOSTOSA

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Santo de casa
RANIER BRAGON  - interino

FOLHA DE SÃO PAULO - 19/01/11

Às vésperas do primeiro encontro do partido sob o governo Dilma, o PT tenta administrar o "caldeirão" interno de insatisfações. Embora ninguém admita em público, parcela considerável de petistas está descontente com a atuação dos ministros da legenda. Congressistas reclamam que a composição do segundo escalão não atende às bancadas. Reforça o mal-estar o fato de o presidente da sigla, José Eduardo Dutra, estar distante do núcleo decisório do governo.
Na Câmara, a escolha de Marco Maia (RS) para disputar a presidência da Casa deixou sequelas que prometem esquentar o início da nova legislatura. Por lá, o partido está dividido em duas alas.

Barulho no ar 1 
A Justiça autorizou o avião presidencial a furar o bloqueio que restringe a casos excepcionalíssimos o uso do aeroporto de Congonhas entre 23h e 6h. Moradores da região -zona sul da capital paulista- travam antiga batalha judicial contra o barulho causado pelas aeronaves durante a madrugada.

Barulho no ar 2 
A decisão foi tomada pelo presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, Roberto Haddad, em ação da AGU (Advocacia-Geral da União). Ele baseou a sentença, entre outros argumentos, na "supremacia do interesse público sobre o privado".

Teoria e prática 
Dias depois de Miriam Belchior (Planejamento) enviar recados aos ministros para reduzirem as nomeações de assessores devido ao iminente corte orçamentário, o "Diário Oficial da União" trouxe ontem decreto seu congelando 98 cargos de direção e assessoramento em várias pastas.

#terceiro
turno
 
O perfil "dilmanarede", uma das ferramentas pilotadas por Marcelo Branco na campanha petista, continua ativo no Twitter, inclusive com a foto da presidente. Ontem foram postados comentários sobre eventos da feira digital Campus Party, da qual Branco é colaborador assíduo.

Equipe 

O jornalista Márcio Aith, que chefiou a assessoria de imprensa da campanha de José Serra (PSDB), assumirá a Comunicação do governo de SP, agora com status de subsecretaria.

Fora do ar 
Geraldo Alckmin suspendeu a campanha publicitária para esclarecer os contribuintes sobre o calendário do IPVA. As peças para rádio e jornais já haviam sido preparadas, mas caíram no corte de despesas.

Agenda 

O governador recebeu ontem no Bandeirantes o publicitário Duda Mendonça, cuja agência cuida da conta do metrô.

Boas maneiras 
Os 39 corregedores que fiscalizam os 9.300 contratos terceirizados em SP passarão a interagir regularmente com o funcionalismo. O secretário Sidney Beraldo (Casa Civil) planeja confeccionar cartilhas para orientar os servidores sobre as práticas irregulares mais corriqueiras.

Foice 
Marcos Montes (MG) atribui a rivais na disputa pela liderança do DEM na Câmara a informação de que a condenação por improbidade ameaça sua posse. "Lamentavelmente a disputa ultrapassa as barreiras da Câmara." Ele diz ter ouvido de advogados que seu recurso suspenderá a eficácia da punição até o julgamento.

Veja bem 
Sobre a informação de que se atrasou para um encontro com Alckmin, a presidente do Sindicato dos Bancários de SP, Juvandia Moreira, diz que o horário foi antecipado e que, além disso, enfrentou congestionamento devido à quebra de um ônibus.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

Tiroteio


"Dilma lavou as mãos. Não quer responder pelo que não foi feito em oito anos e já criou vacina para cobranças nos próximos quatro."
DO DEPUTADO JUTAHY JÚNIOR (PSDB-BA), sobre o Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais, conjunto de medidas anunciado anteontem pelo governo, e que só deve estar completamente operante no fim de 2014.

Contraponto

Dieta de campanha

Após ter sua foto doando sangue divulgada na internet, Alexandre Padilha (Saúde) foi ironizado no Twitter por causa dos quilos adquiridos no final do ano. Um dos comentários trazia a sugestão de que o ministro se candidatasse a "Zé Gotinha" da campanha de vacinação contra a pólio. Padilha, porém, disse ter encontrado silhuetas mais talhadas para a função: a do colega das Comunicações e a do presidente do PT:
-Estou gordo, mas nem tanto. Vou convidar o Paulo Bernardo e o Zé Dutra para serem os "zé gotinhas".