domingo, dezembro 05, 2010

SUELY CALDAS

Dilma, Lula e o duplo comando
Suely Caldas
O ESTADO DE S. PAULO - 05/12/10

Quem conheceu Dilma Rousseff dos tempos de estudante até seu ingresso no governo Lula garante que ela nunca foi, e provavelmente nunca será, um poste. Personalidade forte, chefe exigente e métodos autoritários no convívio com comandados, Dilma só fraqueja e cede para uma pessoa: o presidente Lula - contrapõe alguém que a conheceu de perto no governo e com ela partilhou inúmeras reuniões com o presidente e ministros.

Compreensível a subserviência. Lula era o chefe e foi quem a inventou e impôs ao PT. Ele lhe deu apoio e ela tratou de retribuir, primeiro substituindo José Dirceu em momento político constrangedor e difícil do mensalão, depois arquitetando planos de governo (o PAC e o Minha Casa, Minha Vida) de resultados questionáveis, mas que serviram para inesgotável exploração política e ajudaram Lula a subir a rampa da popularidade. Os dois são gratos um ao outro.

Estariam quites? Certamente não. A dívida dela é maior. Sem Lula, Dilma não ganharia projeção no governo, muito menos chegaria à Presidência da República. Mas isso concede a ele o direito de interferir e dar a palavra final na escolha dos ministros dela? Certamente não. Dos escolhidos até agora ela só conseguiu emplacar Fernando Pimentel (ainda a ser confirmado) e rejeitar Henrique Meirelles no comando do Banco Central. O resto teve o dedo de Lula.

A partir de 1.º de janeiro sucessos e fracassos, erros e acertos, corrupção ou o contrário serão de responsabilidade da presidente e de seus ministros, não mais de Lula. Os dois precisam acertar já a linha divisória marcando o fim do governo dele e o início do dela. É de Dilma que a população cobrará responsabilidade pela escolha errada de ministros. E, como ela não tem estilo nem vocação política para sair pelo País proclamando discursos de autoglorificação e sem nenhum compromisso com a verdade, ela corre o risco de ouvir a comparação: "nos tempos de Lula não era assim..."

Na reta final de seus discursos diários, Lula vem dando incontáveis indícios de que a saudade do poder vai empurrá-lo para seguir interferindo em decisões de governo e que não pretende ficar bebendo água de coco em São Bernardo do Campo. Se ele tentar e Dilma ceder, esse duplo comando tem tudo para causar estragos no futuro governo. As consequências são conhecidas: fraqueza política da presidente, funcionários sem rumo e a disputa pelo poder instalada encontra campo fértil num governo minado de grupos petistas rivais e de dez partidos aliados defendendo seus próprios interesses (raramente coincidentes com os da população).

A falta de comando da presidente dirigida a uma linha única de governo já começa a fazer estragos antes mesmo da posse. No discurso da vitória, ao reconhecer que a carga tributária inibe novos investimentos, Dilma defendeu e prometeu reduzir impostos. Na semana seguinte ela já falava em recriar a CPMF. Afinal, o que vai valer em seu governo: reduzir ou elevar impostos? É o que perguntam, tontos, aqueles que precisam de definições claras para tomar decisões de investimentos.

O futuro da economia não será fácil para Dilma. Ela assume com a inflação em alta (estimativa de 6% para uma meta de 4,5% em 2011), a inadimplência em ascensão, a dívida pública bruta crescendo e em 60% do PIB, expectativa de agravamento de um déficit externo de US$ 60 bilhões em 2011, exportações prejudicadas pela crise nos países ricos, contas públicas abaladas pelo exagero de gastos do antecessor, investimento público atrofiado pela falta de dinheiro, taxa de investimento privado baixa e agravada por um emaranhado de regras burocráticas que inibem investidores a apostar no Brasil. Reverter tudo isso exige tenacidade, firmeza e segurança da presidente no comando do País, um programa de governo único e bem definido, percebido como competente, transparente e estável, com rumos e metas, que desenhe caminhos para superar dificuldades e atrair novos investimentos e crescimento econômico. Coisas impossíveis de conseguir quando a gestão pública reflete situações de insegurança de duplo comando no poder.

DANUZA LEÃO

Do começo
DANUZA LEÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 05/12/10

Só no Rio o tráfico domina territórios; para a cidade se reerguer, é fundamental a ajuda dos cariocas


O RIO DE JANEIRO continua lindo, mas pensar que a paz reina sobre a cidade é ilusão. Paira no ar um excesso de ufanismo, mas é preciso ser muito ingênuo para achar que os problemas estão resolvidos; longe disso. A cocaína e a heroína davam um bom lucro, mas como o crack é muito mais barato, os empresários estão se sentindo prejudicados, mesmo tendo dobrado os preços. É preciso recuperar o dinheiro que não entra mais.
A droga existe -e vai continuar a existir- em quase todas as grandes capitais do mundo, mas só no Rio o tráfico toma conta de territórios, onde só entra quem os traficantes deixam. Um "Estado" dentro de outro -como o Vaticano dentro de Roma, com todo o respeito.
Mas existem coisas difíceis de entender: por exemplo, como as UPPs conseguiram pacificar alguns morros sem um só tiro, um só morto? Milagre, ou capacidade das nossas polícias? E onde foram parar todos aqueles bandidos que subiram o morro fugindo dos blindados da Marinha? Aliás, uma curiosidade: para que a Marinha tem blindados?
Todos sabemos que a droga, no mundo todo, movimenta rios de dinheiro. Não devem ser esses pobretões que vemos na TV, de sandália de dedo, bermuda e sem camisa que fazem as grandes transações do tráfico. Os que comandam de verdade não moram na "luxuosa" residência triplex, com TVs de plasma -que são vendidas em dez prestações de R$ 99 e que hoje está em todas as casas dos que subiram um degrau na escala social- e com uma piscina de plástico das mais modestas.
Mas ninguém sabe o nome de um só dos verdadeiros chefões da droga, que devem morar na zona sul e jamais pisaram em nenhuma favela, nem dos que fazem a ponte entre os traficantes e os chefões. Essa ponte deve existir, é claro, e o tráfico já está se organizando para sobreviver à guerra. É prudente que as autoridades não subestimem o poder de fogo do inimigo.
O verão está chegando, o Carnaval vem aí, a cidade vai entrar em outro clima, as obras necessárias para abrigar a Copa de 2014 estão atrasadas, e a guerra vai continuar. O governador Sérgio Cabral vai ter que se virar para dar conta de tudo que o Rio precisa para que a cidade não dê vexame, de preferência viajando menos.
Liberdade, abre as asas sobre nós é um lindo samba, mas não corresponde à realidade; a guerra não acabou, e não sei de quem a população tem mais medo: se dos traficantes ou de certos policiais.
A sociedade civil tem que colaborar, é o que se ouve. Mas como? Se todos os usuários de droga parassem de se drogar, o tráfico acabaria. Mas não dá para esperar esse belo gesto de cidadania.
Talvez, para o Rio se reerguer, seja preciso começar do começo, mas para isso é fundamental a ajuda dos cariocas. Corrigindo, por exemplo, um de seus hábitos mais banais, como dirigir falando ao celular. E quando isso acontecer, não tentar se livrar do flagra dando uma cervejinha para o policial. São dois crimes, sendo que o segundo é mais grave, e se chama suborno.
Pensando bem, não conheço uma só pessoa que não faça isso. E também nunca ouvi falar de policial que tenha recusado o "agrado".

GOSTOSA

FERREIRA GULLAR

Justiça complacente
FERREIRA GULLAR
FOLHA DE SÃO PAULO - 05/12/10

Alguém em sã consciência acredita que um rapaz de 16 anos quando rouba ou mata não sabe o que faz?


"VIVEMOS NUM regime democrático, logo os presos têm direito a receber parentes, amigos, advogados e visitas íntimas", afirmou um jurista.
A pergunta é: os traficantes respeitam as normas do Estado democrático? Na verdade, os bandidos dominam as comunidades pobres, impõem a pena de morte a quem não os obedece, expulsam de casa os moradores quando lhes convém, enfim mantêm a comunidade sob terror. Ou seja, não respeitam os direitos de ninguém, mas, quando presos, gozam dos direitos democráticos que não respeitam.
Veja bem, não pretendo que os bandidos presos sejam tratados do mesmo modo que tratam suas vítimas; apenas pergunto se não seria mais equânime e sensato usar de maior rigor para impedir que, através das visitas, passem orientações e decisões que os mantêm atuando criminosamente.
A polícia do Rio encontrou, recentemente, uma carta entregue a uma visita por um preso da penitenciária de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná, dando ordem a seus asseclas para desencadear os atentados que aterrorizaram a população da cidade do Rio. Não seria mais justo para com todos nós impedir que os chefes do tráfico continuem a comandar suas gangues de dentro do presídio?
Sei muito bem que pega mal dizer coisas como essas. Muitos temem opinar contra certas medidas, estatutos e leis que têm, teoricamente, como objetivo fazer justiça a determinados setores da sociedade.
Não faz muito tempo nossa Justiça decidia que o benefício da progressão da pena (cumpri-la fora da cadeia depois de algum tempo encarcerado) deveria ser estendido aos condenados por crimes hediondos, uma vez que a lei deve ser igual para todos. Depois, parece que voltou atrás e fez um remendo nessa decisão desastrosa.
O estatuto do menor é outra peça intocável. Todo mundo sabe que os bandidões usam menores de idade para consumar seus crimes porque para eles, na prática, não há punição. Se um menor, a seu mando, mata alguém, o máximo que lhe acontece é ser internado por três anos numa casa de recuperação, donde foge com a ajuda do próprio mandante. Mas vá dizer que o estatuto deve ser modificado! Será tachado de desumano e retrógrado.
Alguém acredita, em sã consciência, que um rapaz de 16 anos, quando rouba ou mata, não sabe o que faz? Não conheço ninguém que tenha a coragem de afirmá-lo, olho no olho. Mas os defensores do estatuto lançam mão de todo tipo de subterfúgio para mantê-lo intocado.
Agora mesmo, durante essa onda de terror que aterrorizou a população carioca, a polícia constatou que muitos dos autores desses atentados eram menores. Entravam armados nos ônibus, mandavam os passageiros descer, espalhavam gasolina no veículo e ateavam fogo. Tudo isso sem saber o que faziam.
Muitos deles, presos e encaminhados para uma casa de recuperação, de lá foram retirados pelas mães, que chegaram chorando e lamentando terem sido eles desencaminhados pelos traficantes. Em breve, estarão nas ruas tocando fogo em outros ônibus e assaltando, certos de que nada lhes acontecerá.
Semanas antes disso, em São Paulo, um menor atacou um rapaz, batendo-lhe violentamente com uma lâmpada fluorescente no rosto. Pertencia a um grupo de desordeiros que andava pela cidade agredindo pessoas. Quando o rapaz atingido, com o rosto sangrando, tentou revidar, foi espancado brutalmente pela patota e só se safou graças ao vigia de um prédio em frente. A polícia os prendeu, mas, na manhã seguinte, os que eram menores de idade foram soltos para, se o quiserem, voltar a cometer novas agressões.
Durante a tomada pelas forças policiais do Complexo do Alemão, aqui no Rio, foi preso o bandido Zeu, um dos matadores do jornalista Tim Lopes. Cortou-o aos pedaços e o assou num "micro-ondas". Não obstante, condenado, foi agraciado com a prisão-albergue. Saiu e não voltou mais.
Certamente, não se pode achar que todo jovem delinquente seja um bandido em potencial, mas a nossa tolerância com os criminosos é tal que se tenta aprovar, agora, no Congresso, uma lei para proteger os direitos da vítima, já que a legislação em vigor só cuida dos direitos do condenado. Vivemos numa democracia. O termo "demo" vem do grego e quer dizer "povo". Será que o povo está de acordo com uma Justiça que não o protege?

JOSÉ SIMÃO

Drogas! Queimaram o Restart! 
José Simão 
folha de são paulo - 05/12/10


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta: sabe aquele buraco do Alemão por onde os traficas fugiram? Dava acesso pro MORRO DO ADEUS! Rarará! O buraco do adeus!
E o ibope do Bope: "88% apoiam ações antitráfico no Rio". E os corpos dos outros 10% que desaprovam as operações não foram encontrados para falar a respeito.
E o site Comentando: "Bope avisa que este ano não terá amigo oculto no Alemão. PORQUE TODOS SERÃO ENCONTRADOS, porra!". E eu acho que o Bope fechou contrato com a Globo: "Direto do Alemão, ainda pipocam tiroteios, com exclusividade para a Globonews". Eu nunca tinha visto tiroteio com exclusividade! Rarará!
E o Eramos6: "Foram incineradas na CSN todas as drogas encontradas nos morros cariocas: maconha, crack, cocaína, camisa dois do Flamengo, aviões da TAM e CDs do Restart". E um pôster do Justin Bieber pertencente à filha de um traficante. Rarará!
E a Dilma mandou recolher todos os canhões dos morros. Para compor o ministério! Rarará! E com essa falta de maconha eu já vi gente fumando até bosta de cavalo! E orégano, boldo e carqueja!
E o WikiLeaks? Aquele site que vazou 250 mil documentos secretos dos Estados Unidos. Todos da máxima importância: Angela Merkel é feia pra caraca. Chávez é louco e tem a cara inchada. Sarkozy é baixinho, tem o pau pequeno e mania de grandeza. Lugo é o maior comedor da América. E a Hillary é uma abelhuda! E sabe por que a Hillary é abelhuda? Porque tem o chifre mal curado. Rarará!
E o WikiLeaks saiu do ar! Porque ia revelar a real idade da Gloria Maria. Rarará! E a cor da tintura do cabelo da Ana Maria Braga! Constrangimento internacional! Os Estados Unidos parecem aquele que come a banana e joga a casca no vizinho! E a Hillary é feita de maisena: só engrossa! Rarará!
E mais um predestinado: novo ministro das Relações Exteriores: Antonio PATRIOTA! E o brasileiro é cordial. Olha o cartaz numa empresa: "Se eu pegar o corno desgraçado que usa minha pomada de hemorroida ele vai se ver comigo". Esse devia ser o verdadeiro segredo do Gerson: roubar pomada de hemorroidas na firma. Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

O golaço carioca
Fernando Henrique Cardoso 


O Estado de S.Paulo - 05/12/10
O Rio marcou um gol, um golaço. E digo bem: foi a cidade do Rio de Janeiro, e não apenas seu governo, a polícia ou as Forças Armadas. A César o que é de César: a articulação entre governo, polícias e Forças Armadas foi importante e deixa-nos a lição de que sem articulação entre os muitos setores envolvidos na luta contra o crime organizado e sem disposição de combatê-lo a batalha será perdida. Mas sem o apoio da sofrida população do Rio, dos cariocas e brasileiros que habitam a cidade, e muito particularmente sem o apoio da população que vive nas comunidades atingidas pelos males da droga e pela violência do tráfico, o êxito inicial não teria sido possível.
Estive no Morro Santa Marta há pouco tempo, quando a Unidade da Polícia Pacificadora já estava estabelecida, e pude ver que efetivamente o medo e o constrangimento da população local haviam desaparecido. A droga ainda corre por lá, mas entre usuários, e não nas mãos de traficantes locais. Sei que em São Paulo e em outras regiões do País também há tentativas bem-sucedidas de devolver ao Estado sua função primordial: o controle do território e o monopólio do exercício da violência (sempre que nos marcos legais). Mas o caso do Rio é simbólico porque a simbiose entre favela e bairro, entre a cidade e a zona pretensamente excluída está entranhada em toda parte.
Há, portanto, o que comemorar. Faz pouco tempo eram quase 100 mil moradores de comunidades cariocas que se haviam libertado, graças à presença da Polícia Pacificadora, da sujeição ao terror do tráfico e das regras de "justiça pelas próprias mãos" ordenadas pelo chefões locais e cumpridas por seus esbirros. Com a entrada do Estado no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro, há a possibilidade de incorporar mais gente às áreas restituídas à cidadania.
Mas essas populações serão mesmo restituídas à vida normal numa democracia? E neste passo começam as perguntas e preocupações. Sem que se restabeleçam as normas da lei, sem a permanência da força policial, sem que a Justiça comum volte a imperar, sem que a escola deixe de ser um local onde se trafica, sem que os mercados locais sejam interconectados com os mercados formais da cidade e sem que a educação e o emprego devolvam esperança aos "aviões" (os jovens coagidos a ser sentinelas dos bandidos e portadores de droga para os usuários), a vitória inicial será de Pirro. Neste caso, a não guerra em algumas comunidades pela fuga dos traficantes com parte de suas armas pode desdobrar-se adiante num inferno a que serão submetidas populações de outras comunidades, seja por traficantes ou membros das milícias.
Não escrevo isso para diminuir a importância do que já se conseguiu, ao contrário. Mas, sim, para chamar à responsabilidade todos nós, como cidadãos, como pais, avós, como partes da sociedade brasileira, pelo que acontece no Rio e em quase todo o País. Fiquei muito impressionado com o que aprendi e vi ao integrar um grupo que está preparando um documentário sobre drogas. Estive em Vigário Geral num encontro que José Junior, do AfroReggae, proporcionou para que eu pudesse entrevistar traficantes arrependidos e policiais envolvidos nas guerras locais. Entrevistei muitas mães de família, mulheres em presídios, jovens vitimados pelo tráfico (e quem sabe se não partes dele também).
Eu havia estado na Palestina ocupada por forças de Israel e vi o constrangimento a que as populações locais são submetidas. Pois bem, no Rio de Janeiro, o constrangimento imposto pelo crime organizado e às vezes exacerbado pela violência policial, que por vezes se confundem, é pelo menos igual, se não maior, ao que vi na Palestina. A falta de liberdade de ir e vir que os bandidos de diferentes facções impõem a seus "súditos" forçados e o medo da "justiça direta" tornam as populações locais prisioneiras do terror do tráfico. E não adianta dar de ombros em outras partes do Brasil e pensar que "isso é lá no Rio". Não, a presença do contrabando, do tráfico e da violência do crime organizado está em toda parte. E a ausência do Estado também, para não falar que sua presença é muitas vezes ameaçadora pela corrupção da polícia e suas práticas de violência indiscriminada.
Se agora no Rio de Janeiro as ações combinadas das autoridades políticas e militares abriram espaço para um avanço importante, é preciso consolidá-lo. Isso não será feito apenas com a presença militar, a da Justiça e a do Estado. Este está começando a fazer o que lhe corresponde. Cabe à sociedade complementar o trabalho libertador. Enquanto houver incremento do consumo de drogas, enquanto os usuários forem tratados como criminosos, e não como dependentes químicos ou propensos a isso, enquanto não forem atendidos pelos sistemas de saúde pública e, principalmente, enquanto a sociedade glamourizar a droga e anuir com seu uso secreto indiscriminadamente, ao invés de regulá-lo, será impossível eliminar o tráfico e sua coorte de violência. A diferença entre o custo da droga e o preço de venda induzirá os bandos de traficantes a tecer sempre novas teias de terror, violência e lucro.
Sem que o Estado, inclusive, se não que principalmente, no nível federal, continue a agir, a controlar melhor as fronteiras, a exigir que os países vizinhos fornecedores de drogas coíbam o contrabando, não haverá êxito estável no controle das organizações criminosas. Por outro lado, sem que a sociedade entenda que é preciso romper o tabu e veja que o inimigo pode morar em casa, e não apenas nas favelas, e se disponha a discutir as questões fundamentais da descriminalização e da regulação do uso das drogas, o Estado enxugará gelo.
Ainda assim, só por liberar territórios nos quais habitam centenas de milhares de pessoas, o Rio de Janeiro enviou a todos os brasileiros um forte sinal de esperança.
SOCIÓLOGO, FOI PRESIDENTE DA REPÚBLICA 

NATAL

JOÃO UBALDO RIBEIRO

A guerra que não vai acabar
João Ubaldo Ribeiro 


O Estado de S.Paulo - 05/12/10
Ao que parece, o ser humano (quase escrevo "serumano", neologismo que, quem sabe, pode vir a ser adotado, pois outro dia ouvi na TV que um casal era "dois serumanos") precisa, pelo menos de vez em quando, alterar sua percepção da chamada realidade, mexer com a própria mente e as emoções. Prisioneiro de seus cinco limitadíssimos sentidos, não consegue perceber, em condições normais, aquilo que suspeita ou sabe existir além deles. E quer sair da prisão, quer sensações que ordinariamente não estão a seu alcance. Outra necessidade, que corre paralela, é alterar o comportamento habitual e quem for tímido tornar-se extrovertido, quem for melancólico tornar-se alegre, a moça que hesita em dar resolver dar e assim por diante.
Para obter esses estados alterados de percepção e comportamento, o famoso ser humano não usa somente drogas. Muitos lhes devotam aversão ou medo e recorrem a vias diferentes. Se forem poetas, poetam; se não forem, embarcam na poesia pelas mãos dos poetas. Ou veem o mundo pelos olhos dos pintores e fotógrafos. Ou meditam, ou contemplam a natureza, ou ouvem música, esta última considerada por alguns tão potente que Platão, por exemplo, a baniu de sua República. Aliás, não falta quem condene a música, ou certos tipos de música, por crer que ela induz à depravação e à expressão de temíveis baixos instintos. E, como as experiências com esses alteradores da consciência não são excludentes entre si, o ser humano desfruta de várias delas, entrando no que se designa genericamente como "barato".
Os baratos, de mil e uma formas e em mil e uma nuances, podem ocasionar diversos tipos e graus de transtorno, não só em quem os experimenta como naqueles que com este se relacionam. Não há de ser outra a razão por que tantos deles são proibidos e têm o comércio, ou mesmo uso, das drogas que os causam punido até com a morte. Não obstante, com toda a repressão, as drogas proibidas continuam a ser vendidas e existe muita gente que acha que seu barato vale o risco de uma longa prisão ou de execução. Não vem ao caso especular sobre as razões para isso, mas cabe um raciocínio econômico singelo: é fenômeno universal a oferta aparecer assim que aparece a demanda. Havendo nariz para cheirá-lo, haverá pó.
Ou seja, enquanto existir demanda, existirá quem forneça drogas. Não há nenhuma novidade nesta constatação, mas a guerra ao narcotráfico, contrariando todas as evidências, continua a tentar neutralizar a oferta e nada faz quanto à demanda. Esta jamais deixará de existir, mas pode, por uma fração mínima do que se gasta em repressão, ser razoavelmente controlada. Então por que será que verdade tão patente é descartada? Por que será que se continua a mover essa sangrenta guerra, tão vã e, sobretudo, tão dispendiosa?
Porque não interessa vencê-la e muito menos acabá-la. Quem pensa que interessa somos nós, o otariado. Não me refiro a indivíduos, mas ao que pode ser chamado de "sistema". Existe um vastíssimo sistema relacionado à repressão ao narcotráfico, composto não só pelas polícias genéricas e especializadas, mas por todas as estruturas criadas para colaborar nessa repressão. É a lógica de sua existência, através da qual têm sido mantidas e são diuturnamente ampliadas. Nacional e internacionalmente, esse aparato, que envolve desde ministérios e forças armadas a polícias de aldeias, tem como premissa que se deve combater um inimigo que se sabe que nunca será vencido, combate este com um número cada vez maior de frentes e custos cada vez mais elevados.
Claro, não é apenas esse mostrengo, cujo aparato intrincado e labiríntico não dá para ser inteiramente mapeado, que resiste, funcional e corporativamente, à mudança. O interesse sistêmico em manter-se tem que ser levado em conta, mas ainda maiores que ele são os interesses dos fornecedores, diretos e indiretos, de equipamentos e serviços. Corre muito dinheiro na guerra contra o tráfico e cairá o queixo de quem apurar na ponta do lápis o custo total apenas da operação do Alemão e sua manutenção com tropas federais. Os produtores e vendedores de armamento têm vivido grandes dias no Rio de Janeiro, o mercado só tende a ampliar-se, até mesmo com a propaganda.
Muito mais dinheiro ainda é movimentado pelo tráfico, que repassa seus custos ao consumidor, como é a prática empresarial de praxe. Se não houvesse repressão, esses custos baixariam vertiginosamente. Quem perderia? Não somente os vendedores de armas e equipamentos bélicos, mas os corruptos de todos os níveis e quilates. Para quem pensa que isso é coisa de Terceiro Mundo, lembre-se a corrupção policial nos Estados Unidos, durante a vigência da Lei Seca. E, somente em Nova York, os casos de corrupção policial envolvendo drogas fazem parte de um prontuário considerável. Em alguns países, a corrupção nem ao menos tenta manter as aparências, como muitas vezes ocorre aqui, mas é institucionalizada e contamina toda a cadeia a que se vincula.
A corrupção está disseminada em toda parte, não somente no sistema brasileiro, como no do mundo inteiro, em maior ou menor grau. Se não houver tráfico e a guerra santa contra ele, onde ficarão os ganhos dos corruptos, que não terão por que exigir comissões, subornos e propinas? É tolerável perder essa fonte de renda, em muitos casos milionária? Receio que não, e o mercado continuará a funcionar esplendidamente, para a felicidade harmoniosa de seus agentes, num entrelace delicado, em que o traficante agradece à repressão por lhe proporcionar um ramo de negócios lucrativo, a repressão e seus instrumentos agradecem ao traficante por fazê-los prosperar e o corrupto agradece a ambos pelo rico dinheirinho a ser malocado em contas secretas. "O mundo é perfeito", sempre diz meu amigo Benebê, em Itaparica. Isso mesmo. 

MERVAL PEREIRA

O guizo no pescoço
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 05/12/10


A eleição presidencial mostrou que a oposição tem um nicho eleitoral de cerca de 40% desde 2002, quando foi derrotada pela primeira vez pelo PT. Um nível bem acima do que o PT sempre teve antes de se decidir a ampliar suas alianças para chegar ao poder. Até 2002, a esquerda não passava de 30% do eleitorado brasileiro.

Mas, para ampliar seu eleitorado a fim de fazer frente aos governos petistas, a oposição precisará, para início de conversa, aumentar sua penetração no Norte e no Nordeste do país, regiões que já foram dominadas por partidos conservadores como o PFL, atual DEM, e hoje são fontes inesgotáveis de votos para os petistas.

Mas precisará, sobretudo, unificar seu principal partido, o PSDB. Como se tem visto nas últimas três eleições, qualquer que sejas o candidato a presidente, não tem chances de vencer se não ganhar em Minas.

Mas também não será eleito sem ter o apoio de São Paulo. E o PSDB, embora esteja no governo já há algum tempo nos dois maiores colégios eleitorais do país, não consegue se entender politicamente.

Pior: há em curso uma disputa regional que leva a que essa cisão partidária se transforme em um obstáculo quase insuperável para a organização de uma candidatura viável em 2014.

Terminada a eleição presidencial, ficou a sensação entre os tucanos paulistas de que a máquina do partido em Minas não funcionou como deveria, a mesma sensação que já ficara nas eleições de 2002 e 2006, quando Lula venceu Serra e Alckmin em Minas da mesma maneira que Dilma venceu Serra desta vez.

Na raiz dessa atuação, há a impressão de que o mote do principal líder tucano de Minas, Aécio Neves, de que existe uma paulistização da politica dentro do PSDB nacional, criou em Minas um sentimento de rejeição aos candidatos a presidente vindos de São Paulo, como Serra e Alckmin.

De fato, a base da campanha de Aécio para candidato à Presidência da República era a defesa da importância politica de Minas, que já estaria na hora de dar o candidato do partido depois que Fernando Henrique, Serra e Alckmin se candidataram, todos políticos paulistas.

E, depois da terceira derrota o diretório regional de Minas começa a reivindicar a liderança do processo de reorganização partidária, através de seu presidente, o deputado Nárcio Rodrigues.

A declaração dele de que, depois de tantos paulistas, "agora é a nossa vez", referindo-se à candidatura de Aécio Neves à Presidência em 2014, abriu uma guerra nos bastidores do partido.

Nem Aécio nem Serra dão declarações oficiais com queixas recíprocas; ao contrário, defendem a unidade partidária.

Mas, nos bastidores, rola um clima de tensão até que se definam as posições em que cada um vai jogar nos próximos anos.

Aécio, eleito senador, terá um papel de relevância no Congresso e já começou a mostrar suas habilidades de costurar alianças políticas congressuais tanto com o PMDB quanto com o PSB.

A unificação de ações políticas entre PSDB e PSB seria uma alternativa perfeita, com os tucanos dominando o Sul e o Sudeste, e o pessebistas atuando no Nordeste, se não fosse a resistência dos tucanos paulistas à aproximação com o partido de Ciro Gomes.

O PSDB paulista nega ser hegemônico, e cita que os quatro principais cargos partidários estão com tucanos de outras origens: o presidente, Sérgio Guerra, é pernambucano; o secretário-geral, Rodrigo Castro, é mineiro; o líder na Câmara, João Almeida, é baiano; e o líder do Senado, Arthur Virgílio, é amazonense.

O candidato à Presidência derrotado, José Serra, está começando a reorganizar sua vida pessoal, vai dar aulas e palestras para ganhar a vida, mas também sua atuação política.

Ele pretende continuar "no ativismo", como tem definido, e fazendo uma linha de oposição mais agressiva, como quando assumiu a presidência do PSDB em 2003, após derrota para Lula.

No discurso inaugural, ele classificou o PT de "bolchevismo sem utopias", ressaltando o lado patrimonialista da atuação petista.

Ele nega que tenha tentado se aproximar de Lula no início da campanha, quando expôs sua foto com o presidente no programa eleitoral, atribuindo a essa aparição uma importância muito menor do que seus próprios eleitores deram, negativamente.

Mas não parece inclinado a tentar voltar à presidência do partido, e também rejeita a ideia de que possa vir a se candidatar à prefeitura paulistana novamente.

Mas quem conversa com ele sai convencido de que aquelas palavras de despedida no discurso da noite da derrota - "A luta continua. Não é um adeus, é um até logo" - não são mera retórica de palanque.

O que criará um clima de enfrentamento com o senador Aécio Neves, tido como "a bola da vez" por seus correligionários.

Serra acha que a situação do governo Dilma se agravará com a crise da economia mundial e com o que considera desmandos dos últimos anos, com uma política de juros errada e gastos públicos descontrolados.

Ele vê nas recentes medidas de contenção de gastos adotadas pelo governo a confirmação do que dizia na campanha presidencial. E chama a atenção para a questão da segurança pública, que destacou como das maiores prioridades, a ponto de anunciar a criação de um ministério para cuidar do assunto, enquanto Dilma desqualificava a proposta, chegando a afirmar que nossas fronteiras eram bem protegidas.

Ele aguarda o reconhecimento de suas criticas e denúncias para se lançar novamente como um postulante viável à Presidência da República, e não vê caminho para Aécio no PSDB se insistir em jogar São Paulo contra o restante do país.

O dilema tucano é que se Aécio não pode ser o candidato à Presidência pelo PSDB contra São Paulo, um candidato paulista, seja Serra, seja Alckmin, não pode aspirar ser escolhido contra Minas, muito menos com a seção mineira ostensivamente se opondo a ele.

Alguém vai ter que colocar o guizo no pescoço de um dos dois.

Ou então o partido rachará de vez, cada grupo Indo para um lado.

É hoje. Saudações tricolores.

GOSTOSA

DORA KRAMER

Lua de fel

DORA KRAMER
O ESTADO DE SÃO PAULO - 05/12/10

O presidente Luiz Inácio da Silva é daquelas pessoas sortudas, mas que demonstram acentuada dificuldade em conviver com o que de bom a vida lhes dá. Querem sempre mais e acham que o mundo lhes é um eterno devedor.

Lula tem todos os motivos para celebrar o sucesso: veio da pobreza, viu o ambiente no qual soube aproveitar oportunidades e venceu ao custo de esforço, obstinação e uma sorte rara.
Chegou à Presidência da República, transitou por ela com apoio inédito – política e socialmente falando –, transpôs obstáculos aparentemente intransponíveis, chega ao fim de dois mandatos popular como nenhum outro e carregando consigo o feito de ter convencido a maioria dos brasileiros a eleger presidente uma desconhecida.
Nunca se viu nada igual (para o bem e para o mal) e dificilmente o país verá tão cedo algo parecido.
Lula tem razões de sobra para estar feliz. Felicíssimo. No entanto anda triste. Tristíssimo. Chorando por qualquer coisa, segundo relatos de correligionários. Destilando ressentimento e insatisfação como se pode observar por seus atos e palavras nos últimos tempos.
Durante a campanha eleitoral poder-se-ia atribuir esse estado de espírito à tensão do combate.
Na hora da despedida é difícil perceber por que no lugar de estar em lua de mel consigo, Lula cultiva o fel e se dispõe ao exercício da grosseria com uma frequência atípica para quem teria tudo para estar de bem com a vida.
Não quer largar o poder. En­­tende-se, mas até certo ponto, pois a compreensão da regra do jogo é um imperativo a todo governante. Bem como uma razoável conexão com a realidade.
Lula sai iludido de que é a própria “encarnação” do povo brasileiro. Convenceu-se de que está acima dos demais e que tudo pode. Inclusive dar-se ao desfrute da covardia.
Gratuita, para dizer pouco, a agressividade com que atacou o repórter Leonencio Nossa, do O Estado de S.Paulo, por causa de uma pergunta sobre o motivo de sua visita ao Maranhão, na última terça-feira. O jornalista quis saber se a presença do presidente no estado era uma forma de agradecimento à “oligarquia Sarney”.
Uma pergunta crítica. Respondida de maneira tosca e covarde: “Você tem de se tratar, quem sabe fazer uma psicanálise para diminuir o preconceito”.
De uma investigação psicanalítica necessita o presidente para compreender a razão de defender-se assim diante de uma mera indagação sem nenhuma ofensa. Consciência pesada por ter se aliado ao que há de mais retrógrado na política?
Arrependimento por não ter tentado o lance maior do terceiro mandato?
Consciência tardia de que quebrou o juramento de cumprir a Constituição?
Seja o que for não justifica a ignorância. No sentido de ignorar o sentido do termo oligarquia (governo de poucas pessoas, pertencentes a um mesmo partido, classe ou família) e no sentido da hostilidade e, sobretudo, da covardia, pois sabia que o rapaz não poderia reagir ao ataque.
Esse é só um exemplo entre vários. Demonstração de que o ofício do poder requer preparo, principalmente para deixar de exercê-lo com um mínimo de nobreza.
Apetites
Fisiologismo por fisiologismo, justiça seja feita ao PMDB: foi quem mais perdeu até agora na composição do ministério. Ocupava as pastas da Saúde, Defesa, Agricultura, Integração Nacional, Minas e Energia e Comunicações.
Se não houver acréscimo, ficará com Minas e Energia, Agri­­­cultura, Turismo e Previdência. Um rebaixamento quantitativo e qualitativo.
Até sexta-feira à tarde apenas o PT havia tido ministros confirmados e, apesar disso, o partido continuava reivindicando mais postos a fim de apaziguar a briga interna por cargos.
A presidente eleita está precisando atender aos pedidos do presidente Lula, dos derrotados, dos amigos, dos que assumiram compromissos eleitorais, dos que precisam ser agora bem atendidos por terem sido maltratados, dos que necessitam de espaço para assumir mandato não disputado e de mais todos os representantes de correntes ora em guerra por um lugar na Esplanada.

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Atraso injustificável do Programa de Banda Larga

EDITORIAL
O Estado de S.Paulo - 05/12/10
A Telebrás adiou para abril a implantação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Anunciado em maio, para atender à demanda de notícias favoráveis ao governo antes das eleições, a banda larga popular deveria chegar, em 2010, a 100 cidades das Regiões Sudeste e Nordeste, informou, à época, o presidente da estatal, Rogério Santanna.
Para isso, estava previsto um aumento de capital da Telebrás de R$ 600 milhões, neste ano, e outro de R$ 400 milhões, em 2011, mas as verbas não foram aprovadas pelo Congresso. Tampouco o Tesouro Nacional fez sua parte, pois repassou à estatal apenas R$ 24,1 milhões, de um total de R$ 72,6 milhões de que dispunha para essa finalidade.
A Telebrás chegou a realizar três pregões eletrônicos, na semana passada, para a aquisição de equipamentos e serviços destinados ao PNBL, no valor de R$ 349,7 milhões, mas a divulgação dos resultados foi adiada.
O governo lançou o programa com o compromisso de atender 88% da população até 2014. A banda larga popular chegaria a 4.283 municípios de 26 Estados, a um custo inicial de R$ 35 mensais, nos primeiros dois anos, que cairia para R$ 29 mensais, em 2012 e 2013, e atingiria R$ 15 mensais, em 2014, sem incluir o ICMS.
Invocando a urgência de oferecer a banda larga à população de baixa renda, o governo ressuscitou a Telebrás, ignorando que as concessionárias privadas de telecomunicações poderiam dar conta da incumbência. E, até agora, tudo indica que a Telebrás, sem capacidade financeira, não está qualificada para executar o plano de massificação da banda larga.
O adiamento anunciado mostrou tanto um grau insuficiente de comprometimento oficial com o PNBL como as dificuldades de implantação do programa. Este depende de recursos que deverão ser mais escassos, pois 2011 será, provavelmente, um ano de contenção de gastos, para cobrir os excessos deste ano.
Entre os investimentos totais do PNBL, estão previstos R$ 1,75 bilhão para pesquisa e desenvolvimento, R$ 3,2 bilhões para capitalização da estatal e R$ 7,5 bilhões para aquisição de equipamentos, com crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O PNBL também prevê um índice elevado de nacionalização dos equipamentos e conta para isso com as regras da Medida Provisória n.º 495, que assegura margem de preferência de até 25% para os itens produzidos internamente. Mas mesmo essa vantagem seria insuficiente para elevar o conteúdo nacional dos equipamentos necessários ao programa. 

NÃO ESCUTE SUA MÃE

CELSO MING

Menos emprego
CELSO MING 


O Estado de S.Paulo - 05/12/10
Se é verdade que tudo quanto foi dito apenas uma vez permanece inédito - palavras de Nelson Rodrigues -, convém repetir que uma das novidades desta crise financeira é a descoberta pelos empregadores de que podem produzir mais com menos gente. O que, evidentemente, é ruim para a criação de vagas.
Ou seja, vai ser preciso que a economia dos Estados Unidos e da Europa cresça muito mais do que vem crescendo para que se recupere o nível de emprego prevalecente antes da crise.
Nessa semana, por exemplo, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos mostrou que a produtividade da mão de obra no terceiro trimestre deste ano cresceu 2,3% sobre o trimestre anterior. Ao longo de 2009, já tinha aumentado entre 3,4% e 8,4%, dependendo do setor. É mais ou menos como dizer que a mesma produção obtida com 100 funcionários pode sair, três meses depois, com apenas 97.
É normal que em períodos de desaceleração do crescimento econômico, como os países avançados estão enfrentando desde 2008, a produtividade do trabalho cresça mais fortemente. É o trabalhador que teme ser despedido e, por isso, está disposto a render mais. Ou é o próprio empresário que adia a contratação de pessoal porque não sabe até quando vai a paradeira e não quer conviver com aumento desnecessário de custos. Ou, então, porque o empresário quer compensar com menos mão de obra o salto dos custos das matérias-primas e dos insumos. Afora isso, o empregador pode ter compreendido que fica mais barato importar da China certos produtos ou peças do que continuar a produzi-los, especialmente nesse clima de instabilidade e insegurança.
Isso parece mais acentuado nessa fase de retração da economia porque está conjugado com fatores que não atuavam em outros períodos anteriores de recessão. Trata-se, principalmente, do maior emprego de Tecnologia da Informação, que poupa não só mão de obra, mas também instalações, máquinas e capital de giro. Ou seja, o uso de mais informática pode dispensar pessoal da administração, do almoxarifado ou do chão de fábrica, que, embora prescindível, eventualmente continuava pela empresa.
Nos Estados Unidos, a forte demissão de funcionários pelas administrações municipais parece associada à maior informatização das repartições.
Sexta-feira, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgou os números do emprego levantados em novembro. E o que se viu foi desanimador: um aumento de gente sem trabalho, de 9,6% para 9,8% da população ativa, completando o mais longo período de desemprego acima de 9% desde a 2.ª Grande Guerra.
Essa situação se encavala com outra regra cruel: quanto mais tempo o trabalhador permanece desempregado, tanto mais difícil fica sua recontratação. Entre um recentemente desempregado e um parado há meses, o recrutador tende a preferir o primeiro. Desânimo e perda de habilidades profissionais completam o estrago.
Tudo isso significa que a missão do Fed (o banco central dos Estados Unidos), de zelar pela obtenção do pleno emprego, deve ficar ainda mais complicada e tende a acentuar sua disposição de despejar dólares no mercado mediante a recompra de títulos públicos.
Volte, filho meu
Matéria do New York Times de sexta-feira conta que alguns governos estão aproveitando o mau momento do emprego nos Estados Unidos para atrair, com incentivos especiais, de volta a seus países de origem, pessoas que vivem há anos por lá. É o caso do Equador, da Etiópia, da Jamaica e do Marrocos.
Isenção alfandegária
O governo do Equador, por exemplo, oferece a emigrados equatorianos os benefícios do programa "Welcome Home": certa quantia em dinheiro para recomeçar um negócio na pátria mãe, passagem de ida (no caso, de volta) por via aérea, e isenção de tributos alfandegários para os bens pessoais e de familiares que trouxerem na bagagem.
Gente mais treinada
Do ponto de vista do governo do país de origem, trata-se de uma política de interesse público na medida em que traz de volta para casa um cidadão mais amadurecido, fluente em língua estrangeira e treinado em novas habilidades. 

VINICIUS TORRES FREIRE

Um ministério para chamar de seu
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SÃO PAULO - 05/12/10


PT "histórico" toma o soro fisiológico do sedento PMDB "autêntico" que, sem cargos bastantes, pode aprontar


A SEMANA confirmou os indícios de que a reforma ministerial de Dilma Rousseff dará uma catadura mais petista ao novo governo. Não faz mais que uma quinzena, imaginava-se que o gabinete teria muitas fuças e focinhos peemedebistas. A presidente eleita de certo modo surpreendeu tanto nas nomeações como na dureza no trato com o PMDB e assemelhados, além de ter começado a anunciar seu ministério bem cedo. O público agora espera ansioso conhecer o programa de governo, escondido durante a campanha.
Os "ministros da casa" são petistas de raiz, Antônio Palocci na Casa Civil e Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral da Presidência. Saúde e Educação devem ficar com o PT. A "equipe econômica" é petista praticante, e mesmo o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, se não é simpatizante tem a simpatia dos seus colegas de área. O partido ocupou ainda o problemático Ministério das Comunicações e a importantíssima, mas desprezada, pasta de Ciência e Tecnologia.
Como dizia um clichê recorrente dos anos FHC, o "núcleo duro" do governo é do PT. O PMDB não ocupou os ministérios que pretendia, em especial "ministérios que furam poço", parafraseando a frase imortal de Severino Cavalcanti (PP-PE), presidente da Câmara dos Deputados eleito e também deposto num dos momentos mais nanicos dessa casa do Parlamento, em 2005.
Cavalcanti, amigo da ditadura militar e malufista, reivindicou um dia uma diretoria da Petrobras para o seu curral, mas "uma diretoria que fura poço" (isto é, com dinheiro). O PMDB "autêntico" por ora leva poucos "poços", não muito mais que Turismo, Previdência, Agricultura e Minas e Energia, este último com "infiltrados" da presidente eleita. Por falar em PP, de furar poços e de outros furos, a enrolada e crucial pasta dos Transportes deve ficar com os colegas de Severino do PP.
A dúvida que resta no ar agora é, digamos, o grau de satisfação do consumidor, o PMDB. O partido entrou barulhento na disputa da boquinha, alardeou até um "blocão" no Congresso e, desde então, baixou o tom ou ficou quieto. Blefaram, pedindo muito apenas para levar o suficiente ou o mínimo aceitável, imaginando desde sempre que a conversa com Dilma seria dura? Dado o caráter da turma, duvida-se que o pessoal tenha ficado satisfeito.
Uma alternativa a cadeiras ministeriais são postos estratégicos em diretorias de estatais, autarquias e fundações que dispõem de poços para serem furados, especialmente aquelas que distribuem dinheiros picotados, de difícil fiscalização, ou permitem acomodar nomeações de milhares de capiaus pelo país afora.
Como Dilma mal nomeou seu ministério, ainda não se pode dizer se e onde haverá barganha de segundo escalão. De resto, há ainda que acomodar os amigos de Sérgio Cabral, o governador do Rio (PMDB), os milicianos de Renan Calheiros e cia. (também PMDB), o pessoal do emergente PSB e, enfim, há que arrumar "lembrancinhas" para a arraia miúda partidária restante.
Porém, os partidos da coalizão governista, de qualquer governo, não gostam de restos a pagar nem de calotes fisiológicos. Caso não recebam as encomendas, o que vão aprontar no início do ano legislativo de 2011? Não há almoços, jantares e desfeitas grátis no mundo moralmente nanico do Congresso.

GOSTOSA

GAUDÊNCIO TORQUATO

Remédios contra a ''amnésia eleitoral''
Gaudêncio Torquato 


O Estado de S.Paulo - 05/12/10
Um mês depois do pleito de 31 de outubro, um em cada cinco eleitores já não se lembrava em quem votou para deputado estadual, federal e senador. O dado de pesquisa encomendada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode até surpreender, mas é apenas o primeiro estágio de uma "amnésia" que, quatro anos após o voto dado, deixa esquecidos cerca de 70% a 80% dos eleitores. Isto é, na eleição seguinte, sete entre dez eleitores já não se lembram em quem votaram na anterior. O apagão mental sobre os escolhidos para representar o povo e os entes federativos junto às instituições legislativas revela o baixo grau de conscientização da sociedade. E escancara a distância que separa o povo da esfera política, apesar da sensação de que cada brasileiro priva de certo conhecimento e amizade com um ou mais políticos. A impressão de proximidade entre eleitor e agente político não se traduz, porém, em compromisso sólido e duradouro entre eles. Mesmo entre votantes de comunidades distritais - municípios menores -, onde o político costuma fixar raízes profundas, a disputa entre competidores acaba corroendo as lealdades tradicionais.
Não é apenas a intensa campanha, povoada de candidatos e siglas, que contribui para apagar seu nome dos mapas cognitivos. Os brasileiros, há muito tempo, estão mudando de endereço. A população urbana soma hoje 84,35%, ante apenas 15,65% da população rural. Os desafios da vida nas cidades - a partir da precária estrutura de serviços públicos - projetam sobre a população novas demandas e atitudes e valores diferentes do passado. Nas metrópoles, os conglomerados aboletados nas periferias vivem dentro de efervescente caldeirão de pressões. Os sistemas de atendimento social são administrados pelos braços dos Poderes Executivos, que se transformam, assim, em polos centrais de atenção. Isso explica o fato de que os eleitores guardam mais na lembrança as figuras do presidente e do governador que de parlamentares. De acordo com a pesquisa do TSE, 89,7% dos votantes recordam-se do candidato à Presidência e 80,6%, do candidato ao governo estadual. Trata-se da prevalência das campanhas majoritárias sobre as proporcionais. Aquelas, com número reduzido de pleiteantes, maciças e de grande visibilidade, fazem sombra sobre estas, pulverizadas com muitas caras e múltiplas siglas. O sistema proporcional, como se sabe, faz uma eleição dispersa, muito cara e desigual. Fosse o voto distrital e em lista partidária, seria maior a proximidade entre candidato e eleitor, com campanha mais clara e escolha mais fácil.
A eleição conjunta de deputados, senadores, governadores e presidente da República embaralha o discurso, fazendo chegar à cachola do eleitor uma algaravia pasteurizada, sem cor e cheiro, de matizes difíceis de ser entendidos. A seleção de candidatos nessa barafunda, regra geral, obedece a critérios de conhecimento e proximidade com os nomes, o que eleva os candidatos majoritários ao pedestal mais elevado. A régua democrática, por conseguinte, aconselharia pleitos distintos tanto para Senado, governos estaduais e Presidência da República como para as câmaras legislativas (estadual e federal).Tal divisão teria ainda o condão de esclarecer às massas as reais funções dos representantes dos Estados (o papel do senador) e as obrigações dos representantes do povo (deputados estaduais e federais). Mais de 80% dos eleitores não sabem distinguir entre uns e outros. A voz comum é a de que os políticos são (ou deveriam ser), sem distinção, "despachantes do povo", com a obrigação de prover todo tipo de demanda, a partir das mais comezinhas, como arrumar emprego, contribuir com um adjutório aqui, uma benesse ali, principalmente para os mais carentes.
O enxugamento dos partidos é outro remédio para oxigenar o corpo político. Os 28 partidos em funcionamento, com sua dispersão, impedem a cristalização de ideários. Cinco ou seis grandes partidos seriam suficientes para oferecer ao eleitorado uma bandeja completa de propostas, compromissos e intenções a serem cumpridos nas legislaturas e nos governos. Definidos ciclos eleitorais específicos para os campos majoritário e proporcional, mudado o sistema de voto, restringido o número de siglas, diminuiria a distância entre sociedade e esfera política? Seguramente. Outros parafusos da engrenagem também devem ser apertados. A migração partidária precisa fechar seus portões. Não se defende, aqui, o engessamento eterno do político ao partido, mas a obrigatoriedade de permanecer na casa que o abrigou até o instante em que divergências doutrinárias - entre eles, pessoas físicas, e jurídicas, os partidos - justificarem a saída. Para tanto os entes partidários carecem de uma doutrina densa, clara e de fácil assimilação pelo povo. Quem se elegeu para defender uma abordagem especial e integrante do escopo partidário em áreas como saúde, segurança, educação, transportes públicos deve ter liberdade para tomar outro rumo quando a sigla se desvia do traçado original.
A tênue linha que separa oposição de situação também obscurece a decisão racional do eleitor. Os conflitos entre partidos hoje se desenvolvem em torno da meta - o poder pelo poder -, em vez da luta por defesa de políticas de Estado e métodos de ação do governo. Sob este destrambelhado desenho, a adjetivação árida, ancorada em pleonasmos acusatórios, acaba esmaecendo os substantivos. Perfis individuais tomam lugar das ideias. Fulanos e sicranos emergem à cena, sob o desvanecimento da significação de seus ciclos. Por último, confunde-se o papel de entidades organizadas da sociedade civil. Que não é o de substituir a política partidária, mas de estabelecer a intermediação dos núcleos organizados, levando suas demandas à esfera política. Se a sociedade política fosse emoldurada por esse enredo, cada ator no palco teria, nas peças eleitorais, seu nome lembrado em prosa e verso. Com direito, claro, a aplausos e apupos.
JORNALISTA, PROFESSOR TITULAR DA USP, É CONSULTOR POLÍTICO E DE COMUNICAÇÃO 

JAIR RIBEIRO

Revolução na educação pública
JAIR RIBEIRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 05/12/10
Apenas com o apoio da população poderemos cobrar da classe política as medidas imprescindíveis para atacar de frente esse grave problema

Sinceramente, não entendo por que mais pessoas não se sentem revoltadas diante das condições da educação pública neste país.
Somos uma nação em que cerca de 50% das crianças brasileiras da 5ª série são semianalfabetas. Dos 3,5 milhões de alunos que ingressam no ensino médio (antigo colegial), apenas 1,8 milhão se formam.
Como consequência, todos os anos nós jogamos milhões e milhões de adolescentes despreparados no mercado de trabalho, sem qualquer perspectiva de ascensão social e econômica.
Isso não lhe causa indignação?
Essas estatísticas refletem décadas -ou melhor, centenas de anos- de descaso com a educação.
Nós, brasileiros, políticos e sociedade civil, simplesmente não priorizamos a educação.
Com isso, impedimos que o país melhore a sua desigualdade social, reduza a violência ou mesmo consiga sustentar uma taxa de crescimento mais estável.
As estatísticas recentes demonstram que o sistema não apresentou uma melhora significativa nos últimos anos. Nesse ritmo, jamais atingiremos o nível de educação dos países desenvolvidos em 2022, como propõe o governo.
Mesmo porque trata-se de uma meta móvel: até lá, os demais países terão avançado substancialmente mais. Precisamos de uma verdadeira revolução na educação pública brasileira.
Os Estados Unidos a fizeram em 1870, ou seja, há 140 anos! Em uma década, dobraram o investimento na educação pública e universalizaram o ensino. Em 1910, todas as crianças tinham acesso a uma escola de período semi-integral.
Outro exemplo conhecido é o da Coreia. Na década de 70, iniciaram uma verdadeira revolução na qualidade da educação pública. Com isso, saíram de um PIB per capita abaixo do brasileiro para um dos mais altos do mundo em menos de duas gerações.
O modelo mais recente é o chinês. Muito se fala nos investimentos em infraestrutura, mas pouco se divulga o enorme esforço educacional chinês, do ensino primário aos cursos de doutorado.
Mas o que podemos fazer? Primeiro, conscientizar a população em geral para o verdadeiro desastre que é nossa educação pública. Apenas com o apoio da população poderemos cobrar da classe política as medidas revolucionárias (já amplamente conhecidas dos experts em educação) imprescindíveis para atacar de frente o problema.
Em segundo lugar, envolva-se pessoalmente. Educação pública é uma questão por demais relevante para se deixar apenas na mão do Estado. Há inúmeras ONGs de excelência que contribuem para a melhoria do quadro educacional brasileiro (por exemplo, o Instituto Ayrton Senna, a Fundação Bradesco ou mesmo a nossa Parceiros da Educação, para nomear algumas).
Participe delas, como voluntário ou mantenedor. Quanto mais envolvido com a realidade da educação pública, mais consciente você estará dos nossos desafios.
Precisamos de mais aliados nessa revolução!
JAIR RIBEIRO, empresário, é co-coordenador da Associação Parceiros da Educação, ONG que promove a parceria entre escolas públicas e empresários

AMIGOS

ANCELMO GÓIS

De olho na luz
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 05/12/10

Com a economia portuguesa em crise, grandes empresas do setor elétrico brasileiro estão de olho na EDP, dona da capixaba Escelsa e da paulista Bandeirante.

Pé no jato
O consumo de querosene de aviação cresce este ano uns 15%. Pelas contas da Anac, o ano fecha com as voadoras vendendo uns 30 milhões de passagens a mais em relação a 2009.

Fator Benites
Quem comanda o lobby do projeto coreano do trem-bala, que quase venceu por W.O., é o empresário Paulo Benites, presidente de uma empresa chamada Trends, que tem bons contatos com a cúpula do governo petista.

Gays anônimos
Funciona há algum tempo em Niterói, incógnito, o GA, sigla de Grupo de Amigos, que atende a homens em conflito com sua homossexualidade que querem deixar de ser gays. A linha de pensamento é evangélica. O grupo de trabalho é formado por pais de família que deixaram o homossexualismo. Ah, bom!

Pós-Dilma
Francisco Dornelles apresenta amanhã parecer que dá ao Banco Central independência a partir de 1º de março de... 2015. O senador entende que, jogando para o próximo governo, a proposta fica palatável.

Cinema tijucano
A Unidos da Tijuca investe pesado na luta pelo bi no carnaval. O abre-alas da escola será um barco gigante que, em plena avenida, vai virar um cinema. O enredo é "Esta noite levarei sua alma", sobre o medo no cinema.

Harvard e o Alemão
A guerra do Rio atraiu a curiosidade de Harvard, a renomada universidade dos EUA. Um grupo de alunos brasileiros, cansado de responder a perguntas sobre os conflitos no Morro do Alemão e na Vila Cruzeiro, acabou obrigado a promover uma palestra.

Segue...

O tema foi Educação e Segurança Pública nas Favelas do Rio de Janeiro. A plateia, no David Rockefeller Center for Latin American Studies, ficou lotada de alunos, professores e pesquisadores.

A nova magra
Ao ver Regina Casé tinindo de magra, uma colega da atriz comentou: "Nossa, daqui a pouco vão convidar você para ser rainha de bateria." A humorista respondeu na lata: "Ah, meu amor, deixa esse posto para a Susana Vieira." É. Pode ser.