quinta-feira, novembro 11, 2010

DORA KRAMER

Tudo combinado 
Dora Kramer 
O Estado de S.Paulo - 11/11/2010

Nessa fase complicada de partilha do latifúndio federal, os dois principais partidos de sustentação do governo Dilma Rousseff resolveram deixar de lado a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado.
Já que as eleições no Congresso só ocorrem em fevereiro, mas a formação do ministério se inicia assim que a presidente eleita voltar de Seul, PT e PMDB no momento dão prioridade à ocupação de espaços no Executivo.

Não significa que estejam despreocupados com a tomada do poder no Legislativo.

Apenas não brigam em público por isso. E talvez nem precisem vir a brigar caso consigam se acertar entre si, uma vez que até onde a vista alcança não é possível identificar partido, grupo ou parlamentar pleiteando atrapalhar o jogo com outras candidaturas.

É comum que surjam candidatos avulsos ou que esse ou aquele partido ensaie algum movimento de independência para negociar posição melhor lugar na Mesa Diretora.

Mas o inesperado também acontece. Severino Cavalcanti durante anos foi esse tipo de candidato: lançava candidatura para presidente para ganhar uma segunda ou terceira secretaria. Assim foi até que o PT se enrolou, a oposição e o baixo clero aproveitaram o ensejo e Severino virou presidente da Câmara.

Desta vez, se não houver a visita do inusitado, PMDB presidirá o Senado e o PT a Câmara. E quem admite isso são os pemedebistas que embora façam de conta que sustentam a postulação do líder do partido, Henrique Eduardo Alves, já admitem que não há razão para arrumar briga com o PT por causa disso.

Inclusive porque os petistas têm a maior bancada da Câmara e, pelo critério da tradição, começariam o rodízio acertado entre os dois partidos deixando a presidência para o PMDB em 2013 e 2014. Quanto aos candidatos petistas, não há consenso.

Por enquanto, Cândido Vaccarezza - um líder de governo com baixo grau de credibilidade na Câmara e de confiabilidade no Planalto pelo número de derrotas que acumulou em 2010 - concorre contra dois ex-presidentes da Casa: Arlindo Chinaglia e João Paulo Cunha.

No Senado o PMDB avisa a quem interessar possa que não há a mais remota possibilidade de vir a dar certo qualquer articulação em prol do nome do senador eleito Aécio Neves, do PSDB.

Os pemedebistas têm as melhores relações com o ex-governador mineiro, mas não abrem mão da presidência nem por decisão do papa. Aécio sabe disso, tanto que já tratou de dizer que não postula o cargo.

O que corre nas internas do PMDB é que o atual presidente, José Sarney, com todo o desgaste que enfrentou nos últimos dois anos e aos 80 anos de idade, adoraria ter mais um mandato.

Faz o jogo de sempre: diz que não quer para ver se, no fim, surge como a "única" solução. Para não sucumbir ao peso das críticas, incentiva Renan Calheiros a tentar a retomada da presidência, sabendo perfeitamente bem que haverá reação contrária forte.

Sarney aposta também na falta de opções. Edison Lobão quer ser ministro de Minas e Energia; há novatos, há inexpressivos, há complicados, mas há Garibaldi Alves, que já cumpriu mandato tampão e é cogitado como possível solução.

Troca na guarda. O mandato na presidência do PMDB do vice-presidente eleito e também presidente da Câmara, Michel Temer, só termina em 2012, mas ele deixará o posto em dezembro.

Quem conclui o mandato no PMDB é o senador Valdir Raupp, réu em ação no Supremo Tribunal Federal por uso do dinheiro destinado ao Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia para saldar dívidas do Estado quando era governador.

Na teoria Temer havia se licenciado da presidência do partido quando assumiu a presidência da Câmara. Na prática, porém, a tese da "incompatibilidade republicana" ficou só no discurso porque ele nunca se afastou do posto, essencial para levá-lo a compor a chapa presidencial com Dilma Rousseff.

Um dos possíveis candidatos à sucessão de Raupp daqui a dois anos será Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Integração Nacional e deputado cujo mandato expira em fevereiro.

DEMÉTRIO MAGNOLI

G-20, o espetáculo da soberania
Demétrio Magnoli 
O Estado de S.Paulo - 11/11/10

Aquilo que o ministro Guido Mantega define como guerra cambial é a paisagem superficial da longa crise do sistema de Bretton Woods. O desequilíbrio entre os superávits chineses e os déficits americanos forma o relevo destacado nessa paisagem, mas não a esgota nem a explica. A crise de fundo tem uma dimensão econômica, mas uma raiz geopolítica. No fim das contas, as engrenagens institucionais da ordem econômica global parecem emperradas, pela primeira vez desde o pós-guerra. O G-20, palco da estreia de Dilma Rousseff na cena internacional, não é a ferramenta milagrosa de solução da crise. Antes figura como uma expressão singular do impasse evidenciado desde a quebra do Lehman Brothers.

Na sua versão original, o edifício de Bretton Woods praticamente excluía a necessidade de interferência política no sistema monetário. O dólar refletia o ouro, que lhe servia de lastro nominal, e uma coleção de moedas orbitava em torno do dólar segundo um mecanismo de paridades quase fixas. As fundações do edifício estavam assentadas na rocha da escassez de dólares, num tempo em que os EUA eram os credores do mundo. O arranjo promoveu as três décadas gloriosas de crescimento acelerado das economias de mercado. Voluntariamente, para salvar o capitalismo, os EUA ajudaram a criar centros independentes de poder econômico, sacrificando no caminho a posição de hegemonia absoluta adquirida durante a guerra.

Quando a escassez de dólares desapareceu, premido pelo financiamento da Guerra do Vietnã, Richard Nixon levantou a âncora da paridade com o ouro. Bretton Woods 2 não emanou de uma conferência, mas de um gesto unilateral do gerente do sistema: a retomada da prerrogativa soberana de imprimir moeda. No novo ambiente de flutuação cambial, a interferência política dos principais atores tornou-se um imperativo. O G-5 e o G-7, seu sucessor, nasceram como respostas à necessidade de tecer consensos em torno da governança econômica global. Eles operaram como um clube seleto, que compartilhava uma visão de mundo similar e tomava decisões informais em reuniões fechadas, protegidas do assédio da imprensa.

Desde 1971 os EUA agem de olho nas suas prioridades nacionais, dividindo com o resto do sistema internacional o custo das políticas domésticas. A desvalorização de Nixon difundiu para o mundo as pressões inflacionárias geradas no interior da economia americana. Dez anos depois, a "revolução econômica" de Ronald Reagan provocou a elevação dos juros globais, o desvio da liquidez mundial na direção de Wall Street e uma forte apreciação do dólar. Poucos anos mais tarde, tornou-se inadiável uma brusca correção de rumo, com a depreciação do dólar ante o marco e o iene, algo que demandava a aquiescência da Alemanha e do Japão. Washington obteve o que desejava no Acordo do Plaza de 1985, uma prova indiscutível da eficácia política do clube das potências.

Há dois anos os EUA buscam uma reedição do Acordo do Plaza, sob a forma de um pacto de limitação de superávits ao máximo de 4% dos PIBs nacionais, o que implicaria forte apreciação do renminbi chinês. A proposta faz sentido, mas não decola, pela conjunção de dois motivos. Um: a China não admite reproduzir a função desempenhada pelo Japão há um quarto de século. Dois: o G-20 não é um G-7 ampliado.

Os chineses temem repetir a trajetória do Japão depois do Plaza, quando o influxo de capitais se coagulou em bolhas especulativas nos mercados de imóveis e ações, que explodiram na crise financeira de 1990 e redundaram numa estagnação de quase dez anos. O consenso interno em torno do renminbi depreciado estende-se do núcleo dirigente do Partido Comunista, que resiste a conferir direitos econômicos à população, até as empresas transnacionais estabelecidas no país, que funcionam como plataformas de exportações.

O G-20, consolidado após a quebra do Lehman Brothers, reflete o declínio relativo dos EUA e a multiplicação dos centros de poder econômico gerados pela globalização. Ele não é um clube, mas um fórum. Seus integrantes, especialmente a China, não compartilham a visão de mundo que moldou o sistema de Bretton Woods. Suas reuniões, escancaradas ao escrutínio público, são teatros do espetáculo da soberania. Hoje, em Seul, chineses, alemães, brasileiros e sul-africanos erguerão sua voz para acusar os EUA. Todos eles estarão de olhos postos nas manchetes dos telejornais e das publicações impressas.

A decisão do Federal Reserve de inundar o mercado com uma torrente de US$ 600 bilhões assinala um ponto de inflexão. Os EUA cansaram-se de esperar e resolveram mudar unilateralmente o cenário mundial. A China retrucou num tom incomum, anunciando que erguerá uma "muralha de fogo" contra o ingresso de capitais especulativos. A guerra cambial assume a configuração de um confronto político e ameaça converter o G-20 em praça de combates. Em meio aos disparos, o governo brasileiro transforma a justificada indignação com a iniciativa americana em pretexto para circundar o debate sobre a conexão entre os gastos públicos, as taxas de juros e a apreciação do real.

Uma falência do G-20 não serviria a nenhum dos atores de uma ordem econômica global que precisa da "mão visível" da política para conservar alguma estabilidade. Mas o espetáculo da soberania, por sua própria dinâmica, pode desandar em guerra cambial e comercial, arrastando o mundo pela ladeira da depressão. Hoje só o FMI, que faz reuniões fechadas, propícias à separação entre a soberania e seu exercício espetacular, tem as condições políticas para exercer a mediação entre as potências do G-20. Depois dos retumbantes fracassos dos anos 90, o FMI pode encontrar um novo papel útil nessa função de intermediação. Se isso acontecer, o Brasil de Dilma Rousseff reconhecerá na antiga instituição de Bretton Woods um parceiro insubstituível. Ironias da História.

SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP. E-MAIL: DEMETRIO.

GOSTOSA

MERVAL PEREIRA

Política sem mitos 
Merval Pereira 

O Globo - 11/11/2010

A despolitização da recente campanha eleitoral brasileira para a Presidência da República, com os dois candidatos seguindo quase que cegamente os conselhos de seus marqueteiros, não é um fenômeno novo na política brasileira, e muito menos na norte-americana, mas ganhou mais destaque depois da eleição de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos em 2008.

Guardadas as devidas proporções, durante as prévias no Partido Democrata, a oponente Hillary Clinton fez o mesmo que Serra tentou a certa altura da campanha brasileira: desconstruir o adversário, tentando marcar Obama como uma criação do marketing político, sem capacidade nem experiência para governar os Estados Unidos.

Quando a “Obamamania” começou a se espalhar pelos Estados Unidos, havia uma palavra que definia o candidato democrata, à falta de qualidades mais evidentes: refreshment.

Dizia-se que Obama trazia refreshment à política americana, no sentido de revigorá-la.

Curiosamente, a palavrinha mágica é muito usada na propaganda americana para vender desde refrigerantes até pasta de dente, quando não se tem muita coisa para dizer deles.

Na campanha presidencial brasileira, Serra tentou marcar na adversária petista o fato de que ela era uma desconhecida, “um envelope fechado”, sem história pregressa que pudesse atestar-lhe a capacidade de dirigir o país.

Uma invenção de Lula apurada pelos marqueteiros.

No Brasil, desde que o candidato Fernando Collor introduziu na campanha presidencial de 1989 as modernas técnicas de marketing político, incrementando sua propaganda eleitoral na televisão com efeitos tecnológicos usados pela primeira vez, nunca mais as campanhas políticas brasileiras foram as mesmas.

Outra inovação daquele ano foi a utilização das pesquisas eleitorais como guia para a ação política. Collor valeu-se do parentesco com o sociólogo Marcos Coimbra, dono do Instituto Vox Populi, para, através das pesquisas, dizer o que o povo queria ouvir, e identificar os pontos fracos e fortes de sua candidatura e da dos adversários.

O marketing político e as pesquisas de opinião ganharam nas campanhas eleitorais brasileiras o papel proeminente que têm há muito tempo nos Estados Unidos, berço dos estudos mais importantes sobre essas técnicas.

O exemplo mais marcante de transformação de um candidato pelo marketing é o do “Lulinha paz e amor” inventado pelo marqueteiro Duda Mendonça, que transmutou o líder operário radical de cabelos e barba grandes e olhar messiânico de 1989 no candidato cordato e moderado vencedor em 2002, com ternos bem talhados.

O mesmo processo de transformação foi feito com sucesso com a candidata oficial Dilma Rousseff, eleita presidente, que foi reconstruída à vista de todos, tanto física quanto ideologicamente.

Essa ditadura do marketing político, no entanto, esterilizou o debate político. De um lado, a oposição temia confrontarse com a popularidade de Lula, e de outro a candidata oficial, bem treinada, evitou desastres nas entrevistas e debates, claramente engessada dentro de um modelo previamente estipulado.

Sua dificuldade de expressão foi turbinada pelo receio de errar, e na primeira entrevista como presidente eleita ela já se saiu bem melhor, mais espontânea, embora tenha voltado a chamar jornalistas por “minha filha” ou “meu filho” quando a pergunta a irrita, um dos temores de seus treinadores, e continuasse com dificuldades de falar fluentemente.

O debate sobre o aborto é um exemplo dramático sobre como o marketing tomou o lugar dos conceitos de políticas públicas, que é como veem a questão os dois candidatos.

Pois ambos tornaram-se carolas, exacerbando um lado religioso que nunca fez parte de suas personas políticas, mas que, em determinado momento, parecia ser o que o eleitorado queria.

Há um livro sobre a predominância do marketing sobre a política que é básico para a discussão do problema: chamase “Politics Lost”, do jornalista Joe Klein, e cita como o último lance realmente verdadeiro de um político nos Estados Unidos a reação de Bob Kennedy, então candidato a presidente, quando soube do assassinato de Martin Luther King.

Bob Kennedy estava justamente se preparando para fazer um discurso em um bairro negro, e foi aconselhado por seus assessores a não comparecer, pois a frustração com a morte de King certamente provocaria uma reação enfurecida das multidões.

Pois Bob Kennedy recusou os conselhos e ele mesmo anunciou o assassinato de Luther King, num discurso emocionante e emocionado, que ajudou aquela comunidade negra a lidar com o choque da morte de seu líder sem provocar reações agressivas.

Essa praga marqueteira foi muito bem analisada pelo expresidente do governo da Espanha Felipe González, em entrevista ao jornal “El País”.

Segundo ele, o que se está fazendo é seguir a opinião pública, banalizando o debate político a tal ponto que não se pode desenvolver projetos políticos que em certo momento podem ir na contramão da opinião pública, que, como se sabe, ressalta González, é muito volúvel.

Ele conta que se encontrou com Henry Kissinger em Washington e ouviu dele a seguinte análise: “A política está nas mãos de pessoas que fazem discursos pseudo-religiosos e simplistas e que são na verdade ofertas de venda de eletrodomésticos”.

Nos Estados Unidos, a crise econômica fez com que o encanto de Obama se quebrasse, e ele agora está tendo que enfrentar a realidade da política que o Partido Republicano tenta lhe impor.

Aqui, por não ser Lula nem ter sua capacidade de negociação, a presidente eleita Dilma Rousseff dependerá da política partidária para levar adiante seu governo. Conta com uma base de suporte no Congresso tão grande quanto heterogênea, e tem no PMDB e no PT a solução e o problema de seu governo.

Em ambos os casos, sem os mitos, a política volta a ser o único caminho.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Mão dupla 
Renata Lo Prete 
Folha de S.Paulo - 11/11/2010

Ala expressiva do PT passa a questionar as bases de um acordo com o PMDB que preveja exclusivamente rodízio entre os dois partidos na presidência da Câmara nos próximos quatro anos sem a garantia de contrapartida equivalente para o comando do Senado.
Deputados consideram tal arranjo unilateral, cobram José Eduardo Dutra e ouvem do presidente petista que o pacto ainda não está sacramentado. Além do impasse entre as duas legendas, outros partidos aliados e de oposição já fizeram chegar ao PT o recado de que não aceitam "prato feito".

Para entender Michel Temer tem dito aos petistas que não pode se comprometer com um acordo no Senado. O PMDB argumenta que é "regimental" na Casa que o presidente pertença ao partido de maior bancada - no caso, o próprio PMDB.

Bombardeio Nunca antes neste país houve fogo amigo tão intenso quanto o dos petistas para evitar que Antonio Palocci ocupe a Casa Civil, ou mesmo outro posto no Palácio do Planalto, no governo de Dilma Rousseff.

Aliança tática Preocupado com o apetite do emergente PSB, o PMDB buscou e ganhou o respaldo de PP, PR, PTB e PSC para a tese de que cada partido deveria ficar, salvo um ou outro ajuste, com as pastas que já controla hoje na Esplanada.

Prevenção A reação pública de lideranças do DEM rechaçando a tese de fusão com o PMDB foi detonada após nova rodada de conversas do prefeito Gilberto Kassab com Rodrigo Maia (RJ), José Agripino (RN) e Demóstenes Torres (GO).

Estilo Dilma Líder do PT, Aloizio Mercadante (SP) recepcionou anteontem atuais e futuros senadores do partido com uma explanação sobre o funcionamento regada a PowerPoint.

Divã Em documento distribuído aos filiados, o PT-SP credita ao Erenicegate a derrota de Mercadante na disputa pelo governo. Diagnóstico assinado pelo presidente estadual, Edinho Silva, sustenta que o escândalo na Casa Civil prejudicou o diálogo do partido com a classe média e impediu o segundo turno.

Plano B Inicialmente refratário à candidatura de Geraldo Alckmin a governador, Alberto Goldman faz discreto movimento para permanecer numa secretaria do Bandeirantes em 2011.

Calculadora Um dos argumentos da equipe de transição paulista para rebaixar a Secretaria de Comunicação ao status de coordenadoria é aritmético. Em 2006, Alckmin deixou o governo com aprovação de 69%. Seu sucessor, José Serra, turbinou o gasto publicitário e transmitiu o cargo com 55% de conceitos ótimo e bom.

Vitrines O DEM, do vice eleito Guilherme Afif, entrou no páreo por duas secretarias cobiçadas pelos tucanos: Desenvolvimento e Emprego.

Transição 2.0 Ainda neófito no universo digital, Alckmin passou a ser vítima de nova modalidade de assédio: aliados já apelam ao Twitter para pedir obras. A prefeita de Ribeirão Preto, Darcy Vera (DEM), inaugurou a pressão via redes sociais cobrando empenho no projeto do aeroporto.

Visita à Folha Cláudio Berquó, presidente do J.P. Morgan, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Valeria M. Cafe, diretora de Marketing do banco, Sandra Muraki e Alethea Batista, assessoras de imprensa.

tiroteio

"Agora ficamos sabendo o real motivo da visita de Silvio Santos a Lula em setembro. E também está claro quanto custou a famosa bolinha de papel: R$ 2,5 bilhões."
DO DEPUTADO JUTAHY JÚNIOR (PSDB-BA), relacionando o socorro oficial ao PanAmericano e o noticiário do SBT sobre a agressão a José Serra na campanha.

contraponto

Evolução da espécie


Na dupla condição de presidente da Câmara e do PMDB -para não falar na de futuro ocupante do Palácio do Jaburu-, Michel Temer recebeu anteontem a bancada da Paraíba de seu partido.
Em meio a uma sequência de elogios, o vice de Dilma ouviu do deputado Vital do Rêgo:
-O senhor é um dos primatas do PMDB!
José Maranhão tratou de corrigir o correligionário:
-Olhe, eu sou mais primata do que o Temer. Estou no PMDB há mais tempo do que ele!

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Dilma na encruzilhada
EDITORIAL
O Estado de S.Paulo

A presidente eleita, Dilma Rousseff, ainda não explicou de forma clara e convincente se manterá a política de gastança e de aumento da carga tributária ou se escolherá o caminho da seriedade e do equilíbrio fiscal. Ela parecia comprometer-se com a segunda alternativa, em seu primeiro pronunciamento depois da eleição. Mas logo em seguida anunciou a disposição de conversar com vários governadores sobre a recriação da CPMF, o imposto sobre o cheque, ainda agora defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O novo governo seguirá o caminho da responsabilidade se aceitar o roteiro esboçado pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e certamente apoiado pelo ex-ministro e deputado Antonio Palocci, um dos conselheiros da ex-ministra durante a campanha eleitoral. Do outro lado vêm as pressões para a manutenção da farra fiscal, mais ao gosto do padrinho político da presidente eleita.

O plano sugerido pelo ministro Paulo Bernardo reproduz, no essencial, a proposta apresentada há cinco anos por ele e por seu colega da Fazenda, Antonio Palocci. A ideia era conter a expansão do gasto corrente para equilibrar as contas públicas em poucos anos. A pretensão era mesmo eliminar o déficit nominal, zerando o resultado global da administração nos três níveis de governo. O plano foi derrubado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, com apoio de colegas do primeiro escalão e do então presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega.

A presidente eleita ainda não se comprometeu com o plano agora defendido pelo ministro Paulo Bernardo, muito parecido com aquele por ela qualificado como "rudimentar" em 2005. Mas não poderá seguir um roteiro muito diferente, se estiver disposta a trabalhar pela expansão do investimento governamental, pelo aumento da eficiência do setor público, pela valorização da meritocracia na administração e pelo uso responsável do dinheiro arrecadado.

Além disso, a presidente eleita comprometeu-se explicitamente com o controle da inflação. O povo brasileiro, disse ela depois de eleita, não aceita mais o aumento geral de preços como forma de acomodação dos desajustes profundos da economia. Esses desajustes, poderia ter acrescentado, são normalmente criados pela imprudência das autoridades, frequentemente propensas a pensar mais nas vantagens políticas imediatas do que nos interesses nacionais de longo prazo.

O novo governo poderá promover uma arrumação das contas públicas sem grandes cortes e sacrifícios, tem dito o ministro Paulo Bernardo. A presidente eleita já disse algo semelhante. Mas a situação é um pouco mais complicada e menos tranquilizadora.

Falta negociar o salário mínimo para o próximo ano, e a presidente eleita insinuou a possibilidade de um reajuste maior do que seria possível com a mera aplicação da fórmula em vigor. Deverá haver também aumento real para todos os aposentados.

Além disso, o Tesouro Nacional assumiu compromissos pesados para capitalizar o BNDES e a Petrobrás, elevando seu endividamento. Novos compromissos deverão surgir, se o Congresso não derrubar a Medida Provisória (MP) n.º 511, assinada na última sexta-feira pelo presidente Lula. Com essa MP, o governo assume o risco de gastar até R$ 45 bilhões para garantir os financiamentos concedidos pelo BNDES à concessionária do trem-bala e aos envolvidos em outros projetos de infraestrutura.

Recursos públicos também serão drenados, certamente, para projetos relacionados com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. É ingenuidade aceitar sem reserva a hipótese contrária, apesar das declarações do presidente Lula.

O Orçamento federal já está muito menos equilibrado, de fato, do que indica o discurso oficial. O superávit primário exibido pelo governo, em 2010, só foi obtido graças a mirabolantes artifícios contábeis. O novo governo herdará contas públicas em condições nada brilhantes. Se quiser ajustá-las sem recorrer a truques e sem depender só do aumento da carga tributária, terá de agir com uma seriedade nunca vista nos últimos oito anos. Estará disposta a isso a presidente eleita?

NÓS TAMBÉM

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

JPMorgan quer crescer com oferta de crédito no Brasil Maria Cristina Frias
Folha de S.Paulo - 11/11/2010


"Existe um espaço de crédito no Brasil que, acreditamos, o JPMorgan possa preencher", diz Cláudio Berquó, presidente do banco americano no país.
Para Berquó, a união de Itaú e Unibanco e a compra do ABN pelo Santander deixaram uma lacuna para outras instituições financeiras.
"Itaú dava crédito para cem clientes e Unibanco para cem, ao se unirem, eles cortam o limite de crédito. Menos bancos concedem crédito no país." Em quais áreas há espaço para ser ocupado? "Em todas" é a resposta.
O banco reforçou a equipe no Rio de Janeiro e vai abrir entre o final deste ano e o início de 2011 uma unidade em Curitiba. Depois virão mais duas, uma no Nordeste, provavelmente em Recife, e outra no interior de São Paulo.
A estratégia para avançar é ir atrás de clientes e de talentos, "gente com expertise em crédito e nos clientes".
"Teremos quase mil pessoas nos próximos dois anos, dois anos e meio", diz.
O banco contratou, apenas em 2010, cerca de 200 pessoas para todos os departamentos da instituição.
"As salas de um dos andares do banco não são mais para receber clientes, mas para entrevistar pessoas para trabalharem no banco", conta Berquó. O JP deve crescer neste ano 10% acima da projeção anterior, que era de alta de 5% em relação a 2009.
"A combinação de um banco grande que consegue atuar em várias áreas e, agora, com o Gávea Investimentos [JPMorgan comprou 55% da gestora de recursos do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga], vai dificultar para os competidores. Imaginamos ficar bem mais fortes do que éramos", afirma.

Reajuste de planos de saúde não chega a hospital, diz pesquisa

Os reajustes anuais praticados pelos planos de saúde, justificados pelo aumento de custo, não são repassados aos prestadores de serviços de saúde, como hospitais, clínicas e laboratórios, segundo entidades do setor.
Os dados são de pesquisa encomendada pelo Sindhosp (sindicato dos hospitais paulistas) e pela Fehoesp (federação do setor), realizada pelo Vox Populi.
Os planos de saúde individuais, regulados pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), tiveram reajuste de 6,73%, 5,48% e 5,76%, respectivamente em 2008, 2009 e 2010.
No entanto, o reajuste médio nos valores de diárias e taxas dos hospitais, por exemplo, foi de 4,5% em três anos, segundo dados da pesquisa, a ser divulgada hoje.
Dos estabelecimentos pesquisados, um terço não recebeu nenhum reajuste, nem abaixo da inflação, e 12,2% tiveram 13 planos que reduziram mais esses valores.
Dentre os laboratórios, 72,5% afirmam não ter recebido reajuste nos últimos três anos, e um quarto dos entrevistados ainda teve redução de aproximadamente 13,4%.

PAREDE DE GESSO
Termômetro da construção civil, o uso das chapas de gesso "drywall" encerrou o terceiro trimestre com alta acumulada de 35,3% ante o mesmo período de 2009.
Foram consumidos 24 milhões de metros quadrados de chapas, segundo a associação de fabricantes.
A expectativa é de forte alta, já que Brasil e China ainda têm consumo moderado (0,08 m2 por habitante por ano), na comparação com os EUA (10 m2).
Muito usado em construções de hotéis e escritórios, o sistema reflete o desenvolvimento da economia local.
São Paulo lidera o consumo no Brasil com 44% de participação no período. É seguido pelo restante da região Sudeste (21%) e pela região Sul (15%).
A construção civil deve fechar o ano aquecida, com produção de cimento em 58 milhões de toneladas.

PEQUENOS E MÉDIOS
A Nossa Caixa Desenvolvimento, agência de fomento do governo paulista, acaba de alcançar R$ 200 milhões de desembolso para pequenas e médias empresas no Estado. A agência, que ficou conhecida como "BNDES paulista", realizou, desde o ano passado, mais de 1.200 operações em financiamento a projetos de investimento, compra de equipamento e capital de giro. A agência deve elevar o volume com uma plataforma on-line que permite que pedidos de financiamento sejam feitos no site.

FAMÍLIAS DO VINHO
Onze das principais famílias do mundo do vinho estão reunidas no Brasil. O país foi escolhido para sediar o encontro anual do PFV (Primum Familiae Vini) e promover as bebidas. É a primeira vez que os membros se reúnem na América do Sul.
"O potencial do mercado brasileiro para os vinhos de alta qualidade é enorme. As pessoas estão descobrindo a bebida e aumentando o hábito de consumo", diz o barão Philippe de Rothschild, do Château Mouton Rothschild, da França.
"O desenvolvimento socioeconômico dos brasileiros está elevando o interesse da população por grandes vinhos", diz Dominic Symington, um dos proprietários da Symington Family Estates, vinícola fundada há 350 anos em Portugal.
Durante a visita no Brasil, o grupo já fechou negócios com hotéis e restaurantes que passarão a servir as bebidas.
Hoje, além de promover os vinhos em um jantar de gala, em que o convite custou R$ 2.500, eles realizarão o leilão de uma caixa de 11 vinhos, um de cada família, cuja renda será revertida para a Childhood Foundation.
Em 2009, na China, o leilão arrecadou US$ 25 mil.

Desenvolvimento Luiz Carlos Bresser-Pereira recebe na próxima semana o título de doutor honoris causa pela Universidade de Buenos Aires. Na ocasião, o colunista da Folha fará conferência sobre "o novo desenvolvimentismo".

Recíproco A prestação de contas do governo deveria ter a mesma transparência imposta às empresas pelo Sped, sistema para entrega de informes à Receita, segundo Charles Holland, da Anefac.

Idas... Uma comitiva de 30 empresários e representantes do governo da África do Sul, entre eles o ministro de Comércio e Indústria do país, Rob Davies, desembarca no Brasil na segunda-feira.

...e vindas Durante a visita, o governo sul-africano anunciará um pacote de incentivo fiscal na área da industria. A missão promoverá o conceito Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China), lançado em Copenhague.

MÍRIAM LEITÃO

Ajuste difícil 
Miriam Leitão 

O Globo - 11/11/2010 

No meio de tantas interrogações sobre a composição da equipe da presidente eleita, Dilma Rousseff, e sobre os rumos da política econômica, algum compromisso firme no caminho da austeridade fiscal deixaria o mercado mais tranquilo. O ministro Paulo Bernardo tem emitido sinais nesse sentido, mas a margem de manobra do Orçamento de 2011 é muito pequena para qualquer esforço mais robusto

A receita líquida de tributos em 2010 — descontada a parcela transferida a estados e municípios — está em 20,2 pontos percentuais do PIB. Cresceu 2,45 pontos no governo Lula e no ano que vem deve aumentar ainda mais. O projeto do Orçamento prevê 20,6% do PIB em receitas, mesmo com uma expectativa de crescimento menor da economia. Visto por esse lado, o cenário pode parecer positivo, mas é do lado das despesas que mora o problema.

Como é público e notório, as despesas do Orçamento cresceram muito no governo Lula, principalmente os chamados gastos correntes, que engessam as contas, porque depois de contratados não podem ser cancelados. Os gastos com a Previdência e com pessoal estão nessa categoria.

No caso de pessoal, embora as despesas tenham se mantido estáveis em percentual do PIB, abaixo de 5 pontos, o que é alardeado pelo governo, subiram fortemente em relação à inflação.

Entre 2003 e 2010, a folha cresceu 114%, enquanto a inflação ficou em 63%.

As despesas correntes — pessoal, previdência, gastos com a máquina e programas de transferência de renda — subiram de 15,04% em 2003 para 17,51% do PIB em 2010, diferença de 2,47 pontos. E, em 2011, devem chegar a 17,76% do PIB, o que equivale a R$ 691 bilhões. É muito dinheiro, mas está praticamente todo carimbado. Pelos cálculos da Consultoria de Orçamento da Câmara, só uma fatia muito pequena, de R$ 57 bilhões, poderia receber cortes, limitados ao funcionamento da máquina administrativa.

Os investimentos previstos no Orçamento são de R$ 54,4 bi, 1,4% do PIB, mas ninguém acredita que o governo Dilma passará a tesoura nessa fatia , como aconteceu no passado, em nome de um ajuste fiscal.

Assim, a intenção do governo de fazer um superávit de 3,3% do PIB, em 2011, sem descontar as obras do PAC, expressa nos bastidores, é difícil de ser cumprida, pois só foram reservados R$ 49,7 bilhões para esse fim no Orçamento, equivalente a 1,28% do PIB. Para alcançar a meta global de 3,3%, a contribuição do governo federal precisaria chegar a 2,15% do PIB, um esforço adicional de R$ 34 bilhões.

Bem pior

O que surpreendeu o mercado na noite de terça-feira foi o tamanho do rombo descoberto no banco PanAmericano, que exigiu um aporte de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor. Fontes informaram que já havia uma sensação de desconfiança em relação à solidez da instituição, mas a parceria com a Caixa Econômica em julho deste ano, com o aval do Banco Central, deixou os investidores um pouco mais tranquilos.

De fato, quem olha para o desempenho das ações do banco nos últimos 30 dias percebe que havia algo de estranho. Entre 13 de outubro e o fechamento em 9 de novembro, antes, portanto, do anúncio do socorro, os papéis acumularam queda de 24,9%, saindo de R$ 9,01 para R$ 6,77. Ou seja, a instituição perdeu um quarto de seu valor de mercado em menos de um mês. No mesmo período, o índice Ibovespa ficou praticamente estável, na casa dos 71.600 pontos.

Dívida histórica I

A participação dos negros em cargos de chefia vem crescendo, mas em ritmo bem lento, revela a pesquisa “Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas Brasileiras”, do Instituto Ethos, edição 2010.

Entre os executivos, houve alta de 2,7 pontos de 2001 a 2010. Já no nível de gerência, o crescimento é de 4,4 pontos, desde 2003.

Dívida histórica II

O resultado de 2010 mostra que os negros continuam com baixa participação nos cargos executivos: são apenas 5,3% do total, contra 93,3% de brancos. A situação é um pouco melhor nos postos de gerência: 13,2%, contra 84,7% dos brancos. Em vagas de supervisão, eles são 13,2%, e no quadro funcional, 31,1% do total.

INVESTIMENTOS: O presidente da gestora de investimentos imobiliários Tishman Speyer, Rob Speyer, veio ao Rio conversar com o prefeito Eduardo Paes sobre os projetos Porto Maravilha e Olimpíadas 2016.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Faltou transparência 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 11/11/2010

No meio da tarde de anteontem, esta coluna descobriu que o Banco Central anunciaria fraude em banco de médio porte pós-pregão da Bovespa, assim que o mercado fechasse. Cautelosa, colocou no site da sua versão on-line a informação de que o BC faria um anúncio de peso depois do fechamento do mercado e que não seria sobre câmbio. O que fez o BC? Insistiu que nada havia, mesmo depois do fechamento dos pregões.

Mas foi desmentido pelo Grupo Silvio Santos, que soltou comunicado informando ter feito aporte de R$ 2,5 bilhões no Banco Panamericano. Motivo? Inconsistências contábeis. Pelo que já se sabe, bastante parecidas com as praticadas pelo extinto Banco Nacional.

Transparência 2
O dinheiro que Silvio Santos vai colocar sairá de empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito do Banco Central. Fundo este criado na época do Proer sofrendo fortíssimas críticas, principalmente do PT. Sua utilidade? Socorrer instituição financeira com dificuldade momentânea de liquidez. Não é o caso Panamericano, cuja dificuldade é outra.

Mesmo assim, quem entende do mecanismo do fundo acha que o BC optou corretamente pelo empréstimo ao apresentador. Caso contrário, o banco quebraria, o fundo teria que cobrir o buraco de qualquer jeito, e a Caixa Econômica Federal, sócia em 49% do banco, teria forte prejuízo. Além, claro, do tumulto no mercado financeiro causado pela quebra.

Transparência 3
Silvio Santos está colocando R$ 2,5 bilhões em um banco que foi avaliado, antes de descobertas as falcatruas, em R$ 1,3 bilhão. E deu seus bens como garantia. Com quase 80 anos, Senor Abravanel pode precisar de ajuda.

Transparência 4
Três perguntas que não querem calar: como é que a CEF não viu o buraco? As auditorias, tanto da KPMG quanto da Delloitee falharam? E por que o BC ficou calado se já sabia do problema há um mês?

Almanaque do peixe
Luis Alvaro, presidente do Santos, já começa os preparativos para o centenário do clube, em 2012. Está reunindo pesquisadores para criar a Bíblia Santista, com histórias e fichas de 6.000 jogos do time. A consultoria será do escritor José Roberto Torero.

Tiririca x Bic
Equipe de peritos médicos foi convocada pelo Ministério Público Eleitoral para, caso seja necessário, avaliar se Tiririca tem mesmo os problemas neuromotores alegados por sua defesa. Seria esta a razão pela qual o palhaço não escreveu sozinho sua declaração eleitoral- e foi flagrado pelo Instituto de Criminalística.
A perícia médica está marcada para amanhã. Mas só será feita se os advogados dele insistirem em dizer que lhe faltam condições físicas para segurar uma caneta.
É hoje que o palhaço faz exame diante do juiz para, enfim, provar que não é analfabeto.

Tiririca 2
Com problemas motores ou não, há vídeos no YouTube que mostram Tiririca rabiscando um autógrafo. Ele segura uma caneta Bic normalmente.

Latino-americano
Juca Ferreira recebeu de Jorge Coscia, seu colega argentino, uma proposta: realizar um concurso de roteiros. Motivo? Estimular a coprodução de documentários.

Latino-americano 2
No Uruguai, Ferreira assinou protocolo de intenções para aumentar o intercâmbio literário entre os dois países. Primeiro passo? Um encontro de literatura a ser realizado na fronteira.


Na frente

Silvio Santos fez check-up anteontem no Einstein. O fato gerou boatos de que ele havia colocado um dispositivo no coração. Sua assessoria, porém, diz que não passou de exame de rotina. Realizado a cada três meses pelo apresentador.

Caio Mattar, vice-presidente do grupo Pão de Açúcar, vai assumir mais uma função de peso. Acaba de ser eleito presidente do Conselho de Administração da Gafisa.

Paulinho Moska apresenta hoje seu novo trabalho, Muito e Pouco. No Bourbon Street.

A abertura do Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual é hoje no Cinesesc. Com exibição do longa Contracorriente.

Daniela Mercury canta Dorival Caymmi na série In Concert. Sábado, na Hebraica.
A mostra Da Janela do Meu Quarto abre hoje na galeria Mendes Wood.

Depois de Sérgio Guerra, foi a vez de Beto Richa viajar para Miami. Convocarão convenção tucana por lá?

GOSTOSA

JOSÉ RENATO NALINI

Em acelerada contramão
José Renato Nalini 
O Estado de S.Paulo - 11/11/10

Noticia o Estado que o TJ paulista quer mais 2.199 comissionados (8/11, A18), e chama de polêmico o projeto de lei que cria 2.199 cargos em comissão para assistentes de juízes de primeiro grau. Salienta a reportagem, do jornalista Roberto Almeida, que o Judiciário paulista se compõe de 45 mil funcionários na ativa e de 10 mil aposentados. R$ 4,3 bilhões é o valor da despesa anual do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) com os seus servidores. Isso equivale a 90% do orçamento do Judiciário e essa contratação elevaria em 5% o quadro atual de funcionários.

Sem entrar no aspecto polêmico, o de se delegar uma função parajurisdicional a funcionário que não foi selecionado por concurso público, outra reflexão se impõe.

Esse projeto de lei não é o único em trâmite pelo Parlamento paulista. Ainda recentemente o Órgão Especial do tribunal aprovou a criação de mais de um milhar de cargos de escrevente técnico. O argumento foi o de que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinara a devolução aos quadros das Prefeituras de todos os funcionários que colaboram com o setor de Execuções Fiscais.

A voz dissonante no plenário foi a deste escriba, que insiste em propor ao Judiciário uma verdadeira revolução, que não se resumiria a multiplicar Varas, unidades judiciais, quadros e cargos.

A recente divulgação do Justiça em Números, do CNJ, comprova a constatação empírica: a administração pública é a maior cliente do Judiciário. Grande parte do trabalho confiado a juízes e servidores advém da cobrança da dívida ativa estatal. São milhões os processos em curso e a cada ano as estatísticas são infladas por distribuição de outros milhares de ações.

Enfrentar esse tema não se resume a ampliar o quadro funcional. É preciso ter coragem para dizer que o Judiciário não é agente de cobrança das dívidas públicas. As execuções fiscais oferecem nível escasso de litigiosidade. A maior parte delas consiste em quantias ínfimas, que não justificam a movimentação da dispendiosa máquina judicial.

Os agentes estatais desincumbem-se do seu dever de não tergiversar com o dinheiro do povo e atulham o Judiciário com essas verdadeiras lides ilusórias. Parcela dos devedores é insolvente e não possui bens que possam garantir um processo que a lei prevê, de trâmite peculiar e cujo início é a penhora dos bens de quem não honrou a sua obrigação. Outra parcela não é mais localizável.

Por isso é que o montante imenso de mandados resulta em reduzido número de citados que satisfazem o débito. Outros nunca são encontrados, ou, caso localizados, não há bens a penhorar. Poucos são os que embargam a execução, isto é, oferecem defesa para evidenciar a ausência de razão do Estado.

É frequente que as entidades credoras anistiem as dívidas ativas de milhares de devedores. Com isso, frustra-se a expectativa de cobrança judicial e é desperdiçado o dispêndio de trabalho e de recursos do já combalido Judiciário.

Se viesse a liberar-se dessa incumbência de agência de cobrança, a Justiça poderia cuidar melhor das demais contendas. Fazendo-o com a celeridade cobrada pelo constituinte de 1988 e de difícil enfrentamento, mercê de diversos fatores.

É preciso reconhecer que o problema central da Justiça não é a insuficiência de pessoal. É o mau aproveitamento de quadros desmotivados, destreinados, incapazes de encarar os desafios de um século em que a velocidade é um signo insuperável.

Pouco adianta repetir o truísmo de que o tempo da Justiça não é o tempo da mídia, ou que a resposta rápida pode não ser a ideal. O esmaecimento dos símbolos e dos valores atinge também a função judicial. Ela é remunerada com dinheiro do povo e precisa funcionar. Tem a obrigação de responder, com efetividade e em tempo oportuno, às demandas que a sociedade formula.

O juiz é um profissional que, em tese, julga bem, sabe apreciar as controvérsias à luz do Direito. Mas não foi treinado para administrar. E quando falha a atividade-meio, está comprometida a atividade-fim.

Seria preciso haver a coragem de se entregar a administração da Justiça a profissionais capazes de imprimir o choque de gestão presente em vários discursos, mas ausente na realidade. Deixar que a competência - em sentido vulgar - alargue os funis, elimine os nós burocráticos, para que o juiz julgue. Compreendendo que julgar é solucionar conflitos reais, não se manifestar sobre formalismos, procedimentalismos, no êxtase da elaboração de peças eruditas. Prenhes de precedentes e ajustadas à doutrina, mas de nenhum significado para aquele que aguarda a resposta para um problema concreto.

Quem é que já se preocupou em apurar qual é a porcentagem de respostas judiciais que se resumem a aspectos processuais e não chegam à substância?

Qual o tempo despendido em análise dos conflitos de competência, em que colegiados discutem qual a seção ou qual a câmara ou turma encarregada de apreciar a causa, quando o que interessa para as partes é que qualquer juiz decida quem, na verdade, está com o melhor direito?

Essa produção autofágica, destinada a satisfazer requisitos internos calcados em grande parte na burocrática visão compartimentada de um Judiciário cada vez mais especializado, poderia ser considerada índice satisfatório de produtividade?

Foi essa a escala de respostas que o constituinte quis reclamar a um Judiciário proativo, também responsável por edificar uma Pátria justa, fraterna e solidária?

No momento em que a Justiça repensasse a sua missão, que não é, dentre outras anomalias, a de fazer cobrança de dívidas públicas, ela poderia melhor desempenhar o papel institucional que o povo lhe atribuiu, pela voz do constituinte.

DESEMBARGADOR DO TJ-SP, É PRESIDENTE DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

ANCELMO GÓIS

Mobilidade social 
Ancelmo Góis 

O Globo - 11/11/2010

Chico, o ex-garçom do Bracarense que deixou o emprego para abrir seu próprio bar (Chico & Alaíde), também no Leblon, no Rio, foi visto ontem na 5aAvenida, em Nova York, saindo da loja Prada com umas comprinhas.

Bola e petróleo

Veja como o Brasil é o país da Copa de 2014, dos Jogos de 2016 e do pré-sal.

Nos últimos três meses, mais de 200 empresas britânicas das áreas de petróleo e esportes visitaram o país atrás de negócios.

E mais...

Em três anos, cresceu 500% o número de empresas britânicas que buscam auxílio de sua embaixada para investir no Brasil.

Outras costuras

Carlos Tufvesson, o badalado estilista, vai parar de fazer vestidos de noiva e de festas.

Grande brasileira

Beatriz Ryff, a poetisa comunista e grande brasileira, completou 101 anos dia 8.

Dona Beatriz vem a ser a última sobrevivente da cela de Olga Benário, a mulher de Luís Carlos Prestes que morreu nas mãos dos nazistas.

Boca louca

Na madrugada de ontem, no voo 129 da Continental (HoustonRio), um rapaz desmaiou e uma senhorinha o socorreu com respiração boca a boca. Mas...

Uma comissária notou que a titia tinha herpes e, passado o susto, avisou ao rapaz — que ficou o resto do voo no banheiro, fazendo bochechos.

Ponte que caiu

A ponte Rio-São Paulo, filé da aviação, parece perder fôlego.

Ainda é a maior rota do país (3,16 milhões de passageiros por ano), mas o movimento caiu 4,4% em 2009 em relação a 2008, diz o Anuário do Transporte Aéreo, lançado agora pela Anac.

Voa, canarinho

Sábado, traficantes de animais tentaram levar 223 passarinhos, a maioria canários, num voo Brasília-Fortaleza da Gol.

O canto dos penosos alertou o pessoal de terra, que brecou o embarque e chamou o Ibama.

O valor da arte

Edino Krieger, 82 anos, o grande maestro que presidiu MIS e Funarte, padece na burocracia.

Há 12 meses, pediu a incorporação de seus 35 anos de Rádio MEC à modesta aposentadoria da Funarte. Seu pleito dorme na gaveta. Parece desrespeito. E é.

Aqui jaz um teatro

O velho Teatro Galeria, na Rua Senador Vergueiro, no Flamengo, no Rio, vai virar academia de ginástica.

O imóvel acaba de ser vendido.

Coisa de uns R$ 4 milhões.

Eles vão voltar

A juíza Cláudia Pomarico, do Rio, determinou a reintegração, já, de cinco fiscais de renda (Ivan Sarkovas, Jorge Medeiros, Antônio Roquete, Hélder Costa e Gilberto Ferreira), réus na chamada Operação Propina S/A.

É aquela de 2006, em que cerca de 40 fiscais foram acusados de lavagem de dinheiro e recebimento de propina.

É que...

O Ministério Público, após quatro anos, não indiciou nem propôs ação penal contra eles.

Os cinco também vão receber todos os salários suspensos.

Eles não vão voltar

Os PMs acusados de cobrar R$ 10 mil de propina para liberar Rafael Bussamra, o atropelador de Rafael Mascarenhas, filho de Cissa Guimarães, continuarão presos.

O TJ do Rio indeferiu um pedido de habeas corpus

Última ceia

O restaurante Astrodome, há mais de 40 anos no Centro do Rio, fechou as portas.

Volta ao mundo

José Temporão, ministro da Saúde, tem mais horas de voo que... o mosquito da dengue.

Em campanha contra a doença, Temporão vai voar, na próxima semana, 8.486km, em três dias, por nove estados.

O PASSARINHO QUE aparece na foto maior virou personagem de uma linda história em plena Esplanada dos Ministérios, em Brasília. É um sabiádocampo (Mimus saturninus), que resolveu viver com seu par num ninho nesta árvore, bem no caminho da portaria do Ministério da Cultura. Esta semana, alguns funcionários reclamaram que as aves estavam agressivas, atacando as pessoas. A segurança do prédio, veja só, decidiu garantir o sossego... dos penosos. A área foi cercada por cones, e os humanos agora passam longe. Ótima medida. Que Deus proteja os sabiás-do-campo e a nós não desampare

LUÍSA BRUNET, parâmetro de elegância carnavalesca que reina à frente dos ritmistas da Imperatriz, recebe Andreia Andrade, que estreia como rainha de bateria da Mocidade, na gravação dos clipes de carnaval da Globo

NEY MATOGROSSO reverencia Lana Bittencourt, a veterana cantora que, aos 56 anos de carreira, vai gravar com o amigo seu primeiro DVD, “A diva passional”, dia 16 agora, no Teatro Rival

PONTO FINAL

Estas aí são notas de capivari, “moeda” que será lançada dia 16 agora em Silva Jardim, RJ. Mas, calma, Banco Central! Como saiu aqui em maio de 2009, será uma “moeda social”, só vai valer na cidade — e com o mesmo valor do real, para incrementar o comércio local. Ah, bom!

BRAZIU: O PUTEIRO

CARLOS EDUARDO MAZZETTO SILVA

Apanhadores de flores 
CARLOS EDUARDO MAZZETTO SILVA
O GLOBO - 11/11/10


Desde 1500, quando se começou a inventar o Brasil, os povos que têm apego à terra são expropriados dela, tratados como gente menor. Os primeiros foram os índios.

Existe um ator social invisível no Brasil, meio parente dos indígenas pela herança do apego à terra. Seu nome sociológico e antropológico é campesinato.

Já chamado de pequeno produtor/ agricultor, trabalhador rural e mais recentemente vem sendo chamado de agricultor familiar. Em alguns casos, seus grupos recebem hoje o nome de comunidades tradicionais e, nesse caso, se referem a identidades específicas: quilombolas, seringueiros, caiçaras, pantaneiros, geraizeiros, caatingueiros, vazanteiros, beiradeiros, quebradeiras de coco... Seu destino para a sociedade moderna parece estar traçado: não existir, ser invisível... Estima-se essas comunidades tradicionais em 25 milhões de pessoas.

Recentemente, conheci as comunidades "apanhadoras de flor". Estão aqui, perto do centro de Minas Gerais (região de Diamantina, Alto Jequitinhonha), onde a história minerária fortemente se deu. São milhares de famílias que vivem na Serra do Espinhaço coletando sempre-vivas e uma infinidade de espécies de flor das campinas e carrascos, fazendo pequenas roças de subsistência, criando algum gado solto na serra e nos cerrados do sertão que a rodeiam, garimpando artesanalmente (a chamada faiscagem).

Algumas comunidades têm 300 anos de história de vida na Serra. Entretanto, contraditoriamente, sua vida está sendo impedida por uma política que tem (ou diz ter) o objetivo de preservar a natureza! Descaminhos da modernidade e de um ambientalismo que reproduz o ar tificialismo da separação homem/ natureza ou, se quisermos, sociedade/ natureza. Essa separação, instituída pela modernidade ocidental, se reproduz na concepção dos "parques sem gente".

Querem instituir as chamadas Unidades de Conservação Ambiental de proteção integral em áreas onde ainda existe a biodiversidade característica dos diversos biomas e ecossistemas.

Esquecem, ignoram ou não querem ver que essa biodiversidade remanesce ali porque há um modo de vida (sociodiversidade) que se adaptou, convive, maneja e até ritualiza esses ambientes que os preservacionistas da cidade querem proteger.

Os biólogos preservacionistas, ao sobrevoarem essas regiões e vê-las na distância das imagens de satélite, crêem que são paisagens meramente "naturais", não descem à escala da vida humana, ignoram-na. Não percebem que o que remanesce ali é uma sociobiodiversidade oriunda da coevolução social e natural.

A implantação dessas Unidades de Conservação de proteção integral (na região, a maior é o Parque Nacional das Sempre-Vivas, mas existem ainda o Parque Estadual do Rio Preto e a Estação Ecológica do Pico do Itambé) a partir desses sobrevôos (sem um estudo local aprofundado) se torna uma tragédia humana, um atentado sociocultural, uma afronta aos direitos humanos, um tiro exterminador no que resta de interação sustentável entre sociedade e natureza.

O conflito se instala, as comunidades têm que resistir, afinal esse é o seu lugar, seu território, sua vida.

Contraditoriamente, o objetivo da conservação da natureza fica ameaçado, pois aqueles que são os mais aptos e dispostos a defendê-la no seu dia a dia se transformam em vítimas e inimigos das Unidades de Conservação que os oprimem e expropriam.

Não podem mais coletar flores, não podem mais criar gado, não podem mais usar o fogo como elemento de manejo em hipótese nenhuma, não podem coletar um fruto da Serra para se alimentar (tem que deixar para os outros animais que as UCs querem preservar), não podem circular nos caminhos em que sempre circularam.

Não podem nem mais morar onde moraram por mais de século, pois seu lugar virou parque - um invasor que virou suas vidas de cabeça para baixo.

Para onde vão? Já sabemos o enredo, as periferias e favelas urbanas estão aí para nos esclarecer sobre esse repetitivo processo histórico.

São os perdedores de sempre. E, depois, governos e seus órgãos organizam seminários sobre o desenvolvimento sustentável...

ELIANE CANTANHÊDE

Herança maldita
ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SÃO PAULO - 11/11/10



BRASÍLIA -Foi só passar a eleição com seus programas alegres e coloridos e a realidade insiste em pipocar nas suas mais variadas formas. Como uma chuva de bolinhas, não exatamente de papel.
Aliás, o escândalo da vez é no banco PanAmericano, do Sílvio Santos, que visitou Lula no meio da campanha e é dono também do SBT, a rede que reduziu o rolo de fita da agressão a José Serra no Rio a uma mera bolinha de papel. Deve ser só coincidência. De concreto, o rombo é milionário, a solução foi negociada com BC e CEF e tudo foi descoberto durante a campanha, mas só divulgado agora.
Outro "probleminha" detectado antes da eleição, mas que vem à tona depois dela, é que uma das turbinas da usina de Itaipu, com mais de 30 anos de uso, apresenta trincas de até 30 cm. Quantas outras estão assim? Taí uma boa pergunta, enquanto os dez partidos aliados se estapeiam pelo rico Ministério de Minas e Energia.
E como o país da urna eletrônica, um dos sistemas mais sofisticados de votação do mundo, não consegue fazer o Enem direito? Rolou de tudo um pouco. Teve prova repetida, erro de gabarito, aluno tuitando, um festival de irregularidades. É nisso que dá fazer as coisas sem licitação -uma semana depois do segundo turno.
Para completar, mal acabaram de fechar as urnas e lá vem a eleita falar em CPMF, enquanto projetos de aumentos salariais tramitam no Congresso e grassa a suspeita de que as contas públicas chegam a 2011 fora de controle.
Deve ser por essas e outras que se discute a tal regulamentação da mídia, uma das coisas que a gente sabe como começa e não sabe como acaba. Como as CPIs dos bons tempos do PT na oposição, lembra?
Lula deveria ter pensado bem antes de abandonar o governo às moscas e às Erenices para só fazer campanha. Até porque Dilma, coitada, não vai ter a surrada bengala da "herança maldita".

GOSTOSA

VERISSIMO

Protestos
Verissimo
O GLOBO - 11/11/10

No livro Uma História de Duas Cidades Charles Dickens escreve sobre a Revolução Francesa e seus efeitos e reflexos em Paris e em Londres. É o livro que começa com a frase “Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos”. Um Dickens redivivo poderia escrever sobre o contraste entre a reação na França e na Inglaterra às recentes medidas de austeridade tomadas pelos dois governos, Sarkozy tentando reformar o sistema de aposentadoria na França e o novo governo conservador na Inglaterra anunciando cortes e sacrifícios de fazer corar até a Mrs. Thatcher. Apesar da proposta do Sarkozy ser mais amena – aumentar para 62 anos, em vez de 60, a idade para aposentadoria, que em outros países da união europeia já é de 65 e 67 –, os franceses foram para a rua protestar, os ingleses não. Sindicatos franceses fizeram, e continuam fazendo, greves. Os ingleses, até agora, nada.
A diferença, diria Dickens, tem a ver com História e personalidade. Os ingleses não têm uma tradição de ir para as ruas. Os franceses gostam tanto de uma manifestação que têm um apelido carinhoso para elas: manif. Paris se organiza para contornar as manifs e as greves com a prática de anos. Fica-se sabendo no dia anterior que linhas de ônibus serão interrompidas, quantos trens de metrô deixarão de funcionar – e para quem não viu na TV há cartazes explicativos nas paradas. A questão da mudança de dois anos no tempo de trabalho requerido para a aposentadoria não parecia justificar tanto protesto, e muito menos a adesão dos estudantes, que se manifestaram como nunca antes desde 1968. Mas a reforma da aposentadoria pareceu mais um pretexto para a rebeldia contra Sarkozy e seu estilo personalista e arrogante. Qualquer pretexto serviria.
Enquanto isso, na Inglaterra, o que o novo primeiro-ministro Cameron propunha era uma revolução social, o desmantelamento de um sistema de vida para salvar a economia. A parca reação dos ingleses às medidas duras se deve à pouca mobilidade dos sindicatos, que ainda se ressentem da sua derrota na revolução
da Thatcher, e à tradição de estoicismo que a nação gosta de cultivar como uma virtude exclusiva. E ao fato de que, afinal, lá ninguém é francês.
Enquanto isto, nunca se
viu tanto turista na Europa, e o outono – pelo menos em Paris – os recebeu com festa. Enfim: o pior dos tempos, o melhor dos tempos.

CLÁUDIO HUMBERTO

“Nenhum ministério é propriedade de ninguém”
JOSÉ EDUARDO DUTRA, PRESIDENTE DO PT, PARA QUEM, NO PMDB, QUER MANTER MINISTÉRIOS

DEM DÁ AO PMDB TEMPO NA TV E MAIOR BANCADA 
A negociação para a fusão do DEM, revelada com exclusividade nesta coluna na segunda (8), oferece dois trunfos ao PMDB: tempo maior na TV, na próximas eleições, e o acréscimo de 43 deputados à bancada do partido de Michel Temer, que passaria de 79 para 122, assegurando o direito de indicar o próximo presidente da Câmara. O PT elegeu 88 deputados e, segunda maior bancada, perderia a sonhada presidência.

CONSEQUÊNCIA 
A fusão com o DEM garantiria a presidência da Câmara a Henrique Alves (RN), amigo de Michel Temer, sem precisar de acordo com o PT.

EGOCENTRISMO 
No DEM, as negociações para a fusão com o PMDB são atribuídas ao prefeito paulistano Gilberto Kassab,candidato ao governo em 2014.

SENADO CONTRA 
O líder do DEM no Senado, Antonio Carlos Junior (BA), é contra a fusão. Acha que o DEM deve manter-se coeso e ainda mais aguerrido. 

“É UM CRIME” 
O deputado Onyx Lorenzoni (RS) promete resistir. Considera “um crime antidemocrático” a extinção do DEM e a consequente fusão ao PMDB.

BRASIL FAZ AEROPORTO INTERNACIONAL... NA ÁFRICA 
Já de olho talvez na sua nova “plataforma” africana de projeção internacional, Lula autorizou o BNDES a emprestar US$ 18 milhões para a construção de um aeroporto internacional em Nampula, Moçambique, na atual base área da cidade. É parte do pacote de US$ 300 milhões do Brasil para a infraestrutura local. Já os principais aeroportos brasileiros vão continuar a porcaria de sempre.

OLHA NÓS 
Maputo foi à última visita presidencial ao continente africano. Nosputo ficou fora do roteiro – deve ser um rincão perdido no Brasil. 

TOC-TOC 
A polêmica saúde da presidenta cria spams para roubar dados do bobonauta, com link para “fotos de Dilma tendo ataque cardíaco”. 

QUEM QUER DINHEIRO? 
Lula nega que encontrou Silvio Santos para tratar de empréstimo ao banco do empresário. Queria entrar no “Topa ou não Topa”, só isso. 

BOM HUMOR 
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) foi indagado no twitter se Lula ou Dilma ligaram para ele. Seu bom humor revela que ele superou sua demissão do ministério da Educação: “Dilma não tem razões para me ligar, e Lula, se ligar, vou pensar que quer me demitir de alguma coisa”.

OLHANDO BEM...
...a ameaça da presidente Dilma de juntar no ministério formosuras como Maria da Graça Foster e Ideli Salvatti, revela que o filme As Bruxas de Eastwick vai entrar em cartaz no cineminha do Alvorada.

ESTÁDIO MENOR 
O governador eleito do DF, Agnelo Queiroz (PT), confirmou o que esta coluna antecipou ontem: sua decisão de reduzir à metade o tamanho e os custos do Estádio Nacional de Brasília, subsede da Copa de 2014.

VOANDO 
A mulher do ministro Jobim (Defesa) vai ganhar a Medalha do Mérito Aeronáutica, após republicarem o decreto às pressas no Diário Oficial da União: esqueceram o nome de Adrienne entre os 207 “medalhados”.

BABAQUICE 
Como não há nada mais urgente para resolver no País, a CCJ do Senado aprovou a emenda babaca que inclui o “direito à felicidade” na Constituição. Agora só falta incluir o “direito de respirar”.

COISA FEIA 
A turma de Gilberto Kassab informou que o caminhão flagrado jogando lixo no município de Guarulhos era terceirizado, mas na porta exibia a logomarca da prefeitura de São Paulo e a matrícula: EBZ 4754.

MINA TERRESTRE 
África foi a salvação: Lula ficou bem longe da tradicional Feira do Livro, ao ar livre em Porto Alegre, onde, há 50 anos, crianças ganhavam livros de Monteiro Lobato – hoje perseguido no “Lulaworld”. 

SEBRAE FOR EXPORT 
O diretor da Fundação Guineense para o Desenvolvimento Empresarial e Industrial, Califa Seidi, realiza nesta quinta uma visita ao Sebrae-DF. A intenção é implantar uma experiência semelhante em Guiné Bissau.

PENSANDO BEM...
... O antigo Proer de FHC virou Bafban – Baú da Felicidade dos Bancos. 

PODER SEM PUDOR
ATRASO PERDOADO 
Em maio de 1991, o senador Esperidião Amin liderou um grupo de políticos catarinenses numa audiência marcada com o ministro da Educação, Carlos Chiarelli. O grupo começou a se irritar com o chá-de-cadeira quando o ministro finalmente apareceu na sala de espera com a atriz Cláudia Raia:
– Desculpem o atraso, é que eu estava falando com a Cláudia...
– Está perdoado, ministro – respondeu Amin, extasiado –, principalmente depois de trazer o álibi pessoalmente.

PUTA NO PUTEIRO

QUINTA NOS JORNAIS

Globo: Fraude já existia quando CEF se associou ao PanAmericano

Folha: Silvio Santos terá de vender bens para cobrir rombo

Estadão: BC culpa falha de auditores por rombo no Panamericano

JB: Só paulista agride mais as crianças que carioca

Correio: Cruzada contra o Enem

Valor: Silvio Santos pode fazer forte venda de ativos

Estado de Minas: Enem: Pelo menos 50 mil mineiros vão pagar por erros do MEC

Jornal do Commercio: UFPE mantém data do vestibular

Zero Hora: Roubo de explosivos aumenta arsenal de assaltantes de bancos

Leia os destaques de capa de alguns dos principais jornais do país.
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