sexta-feira, outubro 29, 2010

Relatório da PF aponta tentativa de lobby de Dilma na Casa Civil

Relatório da PF aponta tentativa de lobby de Dilma na Casa Civil
FOLHA ON-LINE

ANDRÉA MICHAEL
DE SÃO PAULO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA


Relatório da Polícia Federal aponta tentativa de lobby na Casa Civil para favorecer agências franqueadas dos Correios. A então ministra Dilma Rousseff, hoje candidata do PT à Presidência, é citada no documento como alvo dos lobistas.

Segundo o relatório, Sancler Mello, candidato a deputado estadual pelo PT do Rio, relata a um lobista ter sido recebido por Dilma em julho de 2006 para discutir uma forma de evitar a realização de licitação para renovação da rede de franqueados da estatal --concorrência pública que, de fato, não foi aberta.


A conversa foi gravada com autorização da Justiça Federal. Dilma e Sancler negam o encontro.

A Casa Civil está no centro do escândalo envolvendo Erenice Guerra, que sucedeu Dilma no cargo. Erenice deixou o governo após a descoberta de uma esquema de lobby dentro do órgão.

Parte dos diálogos ocorreu em julho de 2006 e integram uma longa investigação sobre as agências terceirizadas dos Correios.

O trabalho deu origem a outros inquéritos e operações, entre as quais as batizadas de Selo e Déjà-vu.

Em abril daquele ano, dois meses antes das conversas gravadas, o TCU (Tribunal de Contas da União) havia dado prazo até o final de 2007 para que o governo fizesse a licitação para substituir as agências franqueadas.

A Abrapost, associação que representa 90% dos franqueados, tentava na Justiça impedir a redistribuição da rede de agências. Para isso, ingressou no STF (Supremo Tribunal Federal).

Em março deste ano, a causa foi assumida pelo advogado Antonio Eudacy Alves Carvalho, irmão da ex-ministra Erenice.

Nas escutas, Sancler conversa com Carlos Eduardo Fioravante da Costa, ex-diretor dos Correios e segundo suplente do senador Hélio Costa --na ocasião, ministro das Comunicações.

'AJUDA FINANCEIRA'

Segundo o relatório, Fioravante "promete ajuda financeira" de R$ 100 mil a Sancler para que ele tentasse convencer Dilma a cancelar uma medida provisória determinando uma nova licitação.

A Folha apurou que o Ministério das Comunicações chegou a encaminhar à Casa Civil, em 15 de dezembro de 2006, minuta de uma MP que reformulava o setor.

Em 2007 e 2010, o governo editou MPs renovando prazo de vigência das franquias e fixando datas para a renovação da rede, mas as licitações nunca ocorreram.

No diálogo, gravado no dia 18 de julho de 2006, Sancler diz: "Eu acabei de sair de reunião com ela [Dilma] lá... Ela se compromete e não emitir a medida provisória para ser relatada em 2006".

E continua: "Ela espera a decisão do Supremo, não emite a medida provisória, que já está pronta, que ela ia mandar para o Congresso, para o Bittar [Jorge Bittar, deputado federal pelo PT-RJ], que vai ser o relator".

OUTRO LADO

Dilma informou, por meio da assessoria, que não conhece Sancler Mello, candidato derrotado do PT a deputado no Rio, e que não o recebeu quando era ministra da Casa Civil.

A assessoria da Casa Civil negou haver registro de encontro da então ministra com Sancler em 2006.

O petista também negou qualquer encontro com a então ministra, que diz conhecer apenas pela TV.

Por meio de seu advogado, Sancler informou que tem "reputação ilibada" e que o processo relativo ao caso já foi arquivado.

Dilma não respondeu às perguntas da Folha sobre a não realização de licitação para redistribuir as franquias dos Correios, como determinou o TCU.

O ex-diretor dos Correios Carlos Eduardo Fioravante disse que não se lembra de ter conversado com Sancler em 2006 sobre o assunto.

A Abrapost informou que não irá comentar o caso e que não mantém relações com Sancler. O advogado Antonio Eudacy Alves Carvalho não foi localizado pela Folha.

A Polícia Federal informou, por meio da assessoria, que a Operação Selo se desdobrou em mais de 20 inquéritos para apurar as mais variadas suspeitas de irregularidades.

ROGÉRIO L. FURQUIM WERNECK

O Brasil que está dando certo

Rogério L. F. Werneck
O Estado de S. Paulo - 29/10/2010

Na esteira de uma campanha marcada pela mistificação e pelo escapismo, a candidata governista chega ao final da eleição presidencial em vantagem significativa nas pesquisas de intenção de voto. É o sucesso de um discurso enganoso que passa solenemente ao largo de questões fundamentais que o País terá de enfrentar nos próximos anos. O eleitor vem sendo conclamado a escolher entre "o Brasil que dava errado e o Brasil que está dando certo" e a eleger "a presidente que não vai deixar privatizar a Petrobrás nem o pré-sal".

"O Brasil que está dando certo" não sabe bem como é mesmo que vai continuar financiando a gigantesca farra fiscal instaurada no segundo mandato do presidente Lula. Ou pior, acha que sabe. Aposta em poder dar sobrevida ilimitada ao fabuloso esquema de expansão de crédito subsidiado bancado por emissão de dívida pública, montado no BNDES. Confia na elevação sem fim da carga tributária para fazer face à expansão descontrolada de gastos. E espera poder continuar recorrendo impunemente a artifícios contábeis de todo tipo para escamotear a gritante deterioração das contas públicas. Sempre tendo o cuidado, claro, de não informar o eleitorado de qualquer uma dessas apostas.

"O Brasil que está dando certo" tem taxa de juros absurdamente alta e taxa de câmbio em preocupante apreciação, mas já não tem plano de jogo coerente para lidar com tais problemas. É um país onde o ministro da Fazenda se vangloria de contar "com armas de grosso calibre" para combater a apreciação e brada aos quatro ventos que "essa história de que ajuste fiscal vai baixar os juros é um equívoco". E onde as pressões em favor da redução da taxa de juros vêm perdendo força. Parte do empresariado já não se preocupa com a taxa de juros e com a sobrecarga que a política fiscal expansionista impõe à política monetária. Prefere frequentar os guichês de favores do BNDES, sem se dar conta de que a expansão do crédito subsidiado bancado por emissão de dívida pública vem tornando cada vez mais remota a possibilidade de uma queda estrutural da taxa de juros.

"O Brasil que está dando certo" é um país onde o governo impõe uma carga tributária mais alta do que a de qualquer outra economia em desenvolvimento, mas gasta quase tudo em dispêndios correntes. Só consegue investir pouco mais de 1% do PIB. E, ainda assim, prefere, por razões ideológicas, concentrar seu parco orçamento de investimento em áreas nas quais o setor privado está interessado em investir. O País continua exibindo carências vergonhosas em saneamento básico, transporte de massa, saúde, segurança e educação. Mas é em setores como petróleo e energia elétrica que o governo quer investir. Basta comparar os quase R$ 300 bilhões de dinheiro público já destinados ao BNDES e à Petrobrás, desde 2008, com os totais de R$ 18 bilhões e R$ 34 bilhões que a candidata governista promete gastar nos próximos quatro anos em transporte público e saneamento básico.

"O Brasil que está dando certo" é, portanto, um país que aprendeu pouco nos últimos 40 anos. Ainda insiste em despejar recursos públicos em investimentos no setor produtivo. E, como no regime militar, está de novo pronto a perder a oportunidade de ampliar rapidamente o acesso da população a condições decentes de educação, saúde, segurança e infraestrutura urbana.

Há poucos dias houve quem afirmasse que a eleição de Dilma Rousseff era a garantia de que os recursos do pré-sal seriam destinados à educação. Ledo engano. O que a candidata governista tem em mente é a dilapidação de boa parte do excedente potencial do pré-sal num faustoso programa de subsídio à produção nacional de equipamentos para a indústria petrolífera. Se ela tiver o sucesso que espera nessa empreitada, vai sobrar bem menos do que se imagina para educação e outros destinos mais nobres. Numa triste reedição do nacional-desenvolvimentismo geiselista.

O Brasil vai custar a dar certo se, ao arrepio das lições da história, teimar em insistir no que deu errado, de fato, no seu conturbado passado.

SERRA PRESIDENTE

DORA KRAMER

O voto a zelar 
Dora Kramer 
O Estado de S.Paulo - 29/10/2010 

Por mais que se concorde com o mérito e se louvem os efeitos da Lei da Ficha Limpa, não há como deixar de dar razão ao ministro Gilmar Mendes quando, em sua veemente diatribe, apontou para o constrangimento que o julgamento do recurso de Jader Barbalho representava para o Supremo Tribunal Federal.

De fato, foi constrangedor constatar como estamos querendo que o Supremo resolva as mazelas acumuladas do Brasil sem que seja essa sua função.

Pensando bem, desde quando os problemas de candidatos com contas abertas na Justiça podem ser vistos como uma questão constitucional?

A rigor a suprema corte de Justiça do País não deveria cuidar desse tipo de coisa. Muito menos ser submetida, ou submeter-se, à perpetração de casuísmos ou, mais grave: cuidar de corrigir distorções criadas em outras instâncias da sociedade e do Estado que não cumprem os respectivos papéis cívico-institucionais.

Cobra-se dos magistrados comportamento mais sereno e surgem condenações de toda parte quando batem boca, exaltam-se na defesa de suas teses, trocam argumentos de forma mais incisiva.

Como ocorreu na sessão de quarta-feira no julgamento do recurso à decisão do Tribunal Superior Eleitoral que tornava Jader Barbalho inelegível por ter infringido dispositivo da chamada Lei da Ficha Limpa, que veda candidaturas de políticos que tenham renunciado a mandatos para fugir de processos que podem resultar em cassação.

Os ministros e ministras foram veementes em defesa de seus pontos de vista como devem ser, cumpriram suas missões. Uns argumentando que o recurso era válido, porque consideravam ilegal aplicar a lei aprovada neste ano em caráter retroativo. Outros afirmando que elegibilidade é requisito, não é pena, e, portanto, não se aplicaria o princípio da não-retroatividade nem da anualidade.

Há consistência de ambos os lados e o resultado final validando as decisões do TSE - pela aplicabilidade já, pelo menos nos casos de renúncia - realmente dá uma sensação de dever cumprido contra determinadas malfeitorias.

Foi um golpe fatal no truque tentado no Senado na última hora com uma mudança de texto destinada a provocar a invalidade do processo legislativo na Justiça, causa uma impressão de bem-estar. Mas, como argumentou a outra metade do STF nesse julgamento de novo empatado em 5 a 5, a lei não pode se enquadrar a casos específicos. É um conceito, um princípio, a ser aplicado sem "olhar a quem".

Nesse aspecto, fica o gosto amargo do casuísmo. Hoje é Jader Barbalho, Joaquim Roriz e companhia. Mas e amanhã, o sentido justiceiro não pode ser voltar contra os que hoje nos consideramos com a razão?

Continuo a gostar do sentido da lei. Mas desde o julgamento de quarta-feira pensamentos complementares me inquietam a mente. E foi refletindo e cotejando argumentos de parte a parte que veio a constatação da evidência: candidatos com vida pregressa questionável não são - ou não deveriam ser - um problema a ser resolvido pelo Supremo.

No julgamento anterior, do caso de Joaquim Roriz, um dos ministros disse isso com outras palavras: o País não pode querer que o STF resolva problemas que outros setores e instâncias ignoram. Por medo de enfrentar ou desejo de que as coisas permaneçam sem solução.

A polícia não conclui os inquéritos, a Justiça comum não julga os processos, o Poder Legislativo não aprova as leis que deveriam aprovar no tempo certo e com o conteúdo irrepreensível do ponto de vista da Constitucionalidade. Para isso há comissões de Constituição e Justiça na Câmara e no Senado.

Além disso, e talvez principalmente, os partidos é que são os responsáveis pela lista de candidatos. Entidades de direito privado, são como um clube e aceitam quem querem nas suas fileiras. Alguns têm até essa regra no estatuto, outros já aplicaram a norma nesta eleição: ficha-suja não entra.

Ah, os partidos não valem nada? Pois é, mas a cobrança é feita na porta errada. O STF não tem nada com isso nem com a permissividade do eleitor que não faz a sua parte aplicando o princípio segundo o qual cada um tem seu nome e voto a zelar.

BANDIDO VOTA EM DILMA PARA MANTER ESQUEMA DE CORRUPÇÃO

JOSÉ SIMÃO

Hoje! Debatédio na Grobo! 
 José Simão
FOLHA DE SÃO PAULO - 29/10/10


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! É HOJE! Debatédio na Grobo! Eu vou jogar uma bolinha de papel no Bonner! Rarará!
Regras do debate: soco só da cintura pra cima. Cuspir pode! Só não pode comer bolacha. Comer bolacha não pode!
As perguntas serão apenas de indecisos. Já imaginou? "O senhor quer perguntar o quê?" "Ah, não sei. Tô indeciso!" "A senhora vai perguntar pra Dilma ou pro Serra?" "Tô indecisa. Posso perguntar pra Marina?" Rarará! "Poxa, eu já falei que SOU INDECISO!" "Chamaram porque a gente é indeciso e agora querem que a gente decida?" Rarará!
Aliás, quem tá indeciso sou eu: assisto ou não assisto ao debate? E se os indecisos decidirem mudar pro SBT? Indecisos decidem mudar pro SBT! Rarará!
E confiar em indeciso é a pior coisa do mundo. No dia da eleição eles decidem não ir! Indecisos decidem não ir! E os modelos? A Dilma vai de amarelo!? Orelhão da Telesp! Cabeção de boneco de Olinda fantasiada de Orelhão da Telesp. Rarará!
E o Serra? Ele vai com aquele modelo de sempre: pastor evangélico. Vampiro de Cristo. Duas orelhas pra cima e dois caninos pra baixo.
Considerações finais da Dilma: "Se eu ganhar, o Lula prometeu raspar a barba". Conclusões finais do Serra: "Eu quero terceiro turno! Eu quero terceiro turno!". Já decidi. Vou me trancar no banheiro e debater uma. Rarará! Já é o oitavo debate que eu me tranco no banheiro e debato uma. Rarará!
E o Kirchner? O Kirchner era vesgo. Por isso que ele era bom no Mercosul: governava com um olho no Brasil e outro no Chile! E o alfaiate dele também era vesgo? Uma gola pra cada lado! Rarará!
E um amigo me disse que a Argentina parece a casa dele: quem manda é a mulher e não tem nada pra comer. E manchete do sensacionalista: "Chávez quer casar com Cristina Kirchner para controlar mais um país". E adorei a charge do Marco Aurelio. São Pedro para Kirchner: "Primeira pergunta pra entrares no céu: quem foi melhor, Pelé ou Maradona?". Rarará!
E o Lula fez 65 anos. O Lula fez 65 anos e a dona Marisa fez 65 plásticas. A boca tá parecendo bico de tênis Conga! A dona Marisa fez mais plástica do que a Ângela Bismarchi.
Eu quero saber o endereço onde ela foi esfaqueada! A situação tá psicodélica. Ainda bem que nóis sofre, mas nóis goza. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

A farra do orçamento
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 29/10/2010

O governo petista decidiu apressar a contratação de obras e serviços de infraestrutura e ampliar a carteira de investimentos para o próximo ano, na certeza de que a administração será comandada pela hoje candidata Dilma Rousseff. Há uma clara disposição de gastar e empenhar verbas sem preocupação com o resultado fiscal. O superávit primário programado para 2010 está garantido, de acordo com o Ministério da Fazenda. Uma complicada manobra financeira permitiu ao Tesouro contabilizar R$ 31,9 bilhões como receita, depois da capitalização da Petrobrás. Esse arranjo, contestado até por especialistas do setor público, permitiu ao governo acomodar a gastança do ano de eleições e disfarçar o déficit do mês passado. Mas deve servir também para justificar uma folgada gestão orçamentária até o fim do ano.
Já foi uma imprudência usar a receita extra, obtida por meio de um arranjo contábil, para acomodar o resultado fiscal de setembro. Outra imprudência será continuar gastando e empenhando verbas como se houvesse folga nas contas federais. Se o governo tiver realmente uma sobra de caixa, liquidar uma fatia maior da dívida pública será a melhor forma de usá-la. Mas a austeridade e a gestão eficiente não têm sido a marca deste governo.
Os investimentos custeados pelo Tesouro têm sido, neste ano, cerca de 50% maiores que no ano passado. Mas não é essa a causa da piora do resultado das contas públicas.
Embora tenha apressado os desembolsos para obras e compras de equipamentos, o governo se manteve distante do valor autorizado para 2010. Até 13 de outubro, o Tesouro só pagou R$ 31,4 bilhões, 45,5% dos R$ 69 bilhões previstos para investimentos neste ano.
Do total pago até essa data, R$ 19,4 bilhões, ou 61,8%, corresponderam a restos de exercícios anteriores. Restos a pagar ainda não liberados totalizavam R$ 29,5 bilhões, segundo a ONG Contas Abertas.
Se o governo correr para empenhar mais verbas até o fim do ano, o resultado será um grande aumento da rubrica "restos a pagar". Isso não envolverá, necessariamente, uma ampliação dos investimentos financiados pelo Tesouro.
Nem o esforço para apressar os desembolsos no período de eleições contribuiu para diminuir de forma sensível a diferença entre a verba prevista no orçamento e o valor desembolsado. Restos a pagar continuam sendo a maior parte do valor investido e, apesar disso, o estoque de verbas acumuladas de exercícios anteriores continua grande.
Como sempre, o investimento orçamentário fica bem abaixo do programado não porque falte dinheiro, mas porque a administração federal carece da competência necessária para executar obras e programas de ampliação ou renovação de equipamentos.
O presidente Lula costuma discursar em inaugurações para exaltar a capacidade de realização de seu governo. Para cada obra inaugurada, no entanto, há um número enorme de projetos emperrados na execução, com licitação atrasada ou ainda no papel apesar de anunciados há muito tempo.
Em cada balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo proclama resultados logo desmentidos quando se analisam os dados com mais atenção. O PAC é um fracasso administrativo - um dos muitos da ex-ministra Dilma Rousseff em sua missão de coordenar investimentos. Se algum qualificativo lhe foi atribuído injustamente, foi com certeza o de tecnocrata, ainda repetido pela imprensa estrangeira.
Mas a inépcia administrativa da ministra Dilma Rousseff não destoou do padrão geral do governo petista. Se esse fosse o caso, o governo teria melhorado depois de sua saída. Isso não ocorreu. Os investimentos orçamentários continuaram tão emperrados quanto antes. Na área das estatais, o Grupo Petrobrás continuou realizando cerca de 90% das aplicações previstas no PAC, enquanto projetos de outras áreas continuaram em marcha lenta. Além disso, a gastança improdutiva foi intensificada, o resultado fiscal piorou e a herança prevista para o próximo governo é assustadora.

O ESGOTO DO BRASIL

MERVAL PEREIRA

Avanço 
Merval Pereira 

O Globo - 29/10/2010

O ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, que atualmente preside o Tribunal Superior Eleitoral, já havia proposto no julgamento do recurso de Joaquim Roriz que o empate registrado sobre a Lei da Ficha Limpa fosse superado pela adoção do Artigo 205 do Regimento Interno do STF, que prevê que, em caso de impasse, vale a decisão que fora contestada.

Foi essa a solução adotada ontem, depois de um segundo e desgastante empate sobre o mesmo tema. No julgamento do caso de Joaquim Roriz, houve até quem alegasse que a decisão do TSE não poderia ser adotada pelo Supremo porque se tratava de um “tribunal inferior”.

Os ministros do Supremo não tiveram a preocupação de se reunir antes do julgamento para definir de maneira tranquila qual seria o critério de desempate caso ele se apresentasse novamente, como era previsível.

Tiveram assim que mais uma vez se digladiar em público, em transmissão ao vivo e a cores, para chegar a uma decisão que poderia ter sido tomada nos bastidores e anunciada com tranquilidade pelo presidente Cezar Peluso.

Ele, por sinal, foi parte do problema ao se negar a dar o “voto de qualidade” previsto no Artigo 13 do Regimento Interno. Como Peluso votara contra a entrada imediata em vigor da lei, seu desempate seria a favor do recurso ou de Roriz ou de Jader, o que certamente provocaria reações da opinião pública.

Peluso usou uma argumentação democrática para não assumir a decisão final contra a Ficha-Limpa, alegando que não tem vocação para déspota.

Ora, se existe no regimento interno do Supremo essa definição para o desempate, usar o voto qualificado não torna ninguém déspota.

É estranho também que caiba a cada presidente do STF decidir se usa ou não o critério de desempate, seria melhor que este fosse retirado do regimento interno ou que fosse tornado compulsório.

Ao analisar a questão da anterioridade da lei eleitoral, prevista no artigo 16 da Constituição Federal, o Tribunal Superior Eleitoral já decidira que a criação, por lei complementar, de novas causas de inelegibilidade não se enquadra nela, pois a Lei da Ficha Limpa não rompe a igualdade das condições de disputa entre os contendores e também não é uma decisão retroativa, pois simplesmente inclui novas exigências para que todos os candidatos sejam registrados.

A lei ficaria caracterizada como retroativa se, por exemplo, um deputado já eleito perdesse o mandato por estar enquadrado nela, mas esse não era o espírito da legislação aprovada no Congresso.

O que se aprovou não é uma mudança na legislação atual, mas novas exigências para o acesso à legenda partidária para concorrer às eleições.

Apenas os novos candidatos, mesmo que desejando a reeleição, encontraram pela frente novas exigências, além daquelas a que estavam acostumados.

O que não precisava era o ministro Celso de Mello tentar encontrar uma saída “por analogia” ao lembrar que o artigo 97 da Constituição estabelece que “somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”.

Além do fato de que o presidente do Supremo abrira mão do voto qualificado, o que por si resolveria o impasse, dando a maioria dos votos a um dos lados, não se tratava ali de discutir a inconstitucionalidade da lei, e Celso de Mello usou o caso apenas como uma “analogia” para solucionar o impasse, o que só enfraqueceu a decisão final do Supremo.

O fato, porém, é que o espírito da legislação que foi enviada ao Congresso através de uma iniciativa popular, figura criada na Constituinte de 1988, tem sido respeitado tanto no Congresso quanto agora no Judiciário, apesar de todas as tentativas de alterarlhe a configuração.

O espírito da lei tem base na seguinte pergunta: por que uma pessoa é impedida de fazer concurso público se tiver antecedentes criminais de alguma espécie, mesmo sem trânsito em julgado, e pode se candidatar e assumir um mandato eletivo? Várias tentativas já haviam sido feitas para impedir candidatos que respondem a processos de participar das eleições, mas esbarravam sempre na exigência da lei complementar das inelegibilidades de que todos os recursos tenham sido esgotados para que o candidato seja impedido de concorrer ou mesmo de tomar posse.

A decisão de ontem pega todos os políticos que renunciaram a seus mandatos para escapar da cassação, mas outros casos como os de Paulo Maluf e Garotinho, condenados por um colegiado em primeira instância, ainda deverão ser julgados pelo Supremo.

Tudo indica que já existe jurisprudência para uma decisão do STF caso o empate persista, como seria normal acontecer. A não ser que algum ministro mude de voto.

A Lei da Ficha Limpa chegou ao Congresso a reboque de milhões de assinaturas, e muitas outras foram aditadas pela internet, no que se caracterizou como uma mobilização popular inédita.

É claro que não é razoável que os ministros do Supremo se sintam pressionados pela opinião pública e votem a favor da imediata adoção da lei apenas por isso.

Mas o fato de que cinco ministros votaram contra mostra que o tema, por ser controverso, provocou polêmicas e discussões, mas a pressão popular não impediu que cada ministro exercesse sua função livremente.

Talvez apenas o presidente do Supremo, Cezar Peluso, possa ter evitado dar o desempate por essa pressão, mas prefiro pensar que ele o fez por convicções pessoais fortes.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Para ontem 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 29/10/2010

Uma dia depois da sessão em que o Supremo, novamente dividido ao meio, só saiu do impasse acolhendo a decisão do TSE pró-impugnação da candidatura de Jader Barbalho com base na Lei da Ficha Limpa, ganhou força em Brasília a expectativa de que Lula não demore a indicar o 11º ministro do tribunal, podendo até fazê-lo já na próxima semana.
Ao mesmo tempo, voltou a subir na bolsa de apostas o nome do ex-presidente do STJ Cesar Asfor Rocha, apoiado por um conjunto variado de políticos e pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Lula nutre "sentimentos mistos" por Asfor Rocha.

Pontificado 1 No entender de aliados de Dilma Rousseff, a mensagem de Bento 16 para que padres e bispos orientem politicamente os fiéis desgasta ainda mais a relação PT-igreja, mas não tem impacto eleitoral.


Pontificado 2 No entorno de Dilma, vigora a tese de que o papa foi "devidamente pautado" por quem "tem interesse em retomar o tema do aborto na campanha".

Fui eu O primeiro a avisar que levaria a polêmica sobre o aborto ao Vaticano foi o bispo de Guarulhos, d. Luiz Bergonzini, criticado pela ala progressista por mandar imprimir folhetos contra o PT.

Day after Em caso de vitória de Dilma, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) é cotado para comandar a transição pelo lado do governo. Pela campanha, fala-se em Antonio Palocci.

Ungido Lula defende a permanência de Fernando Haddad (Educação) no eventual governo Dilma. Nem que seja em outra pasta.

Torneira aberta Num intervalo de 48 horas, Lula foi às lágrimas em Curitiba (PR), Itajaí (SC) e Brasília, sendo duas vezes na capital: anteontem à tarde, durante cerimônia no Planalto, e à noite, em sua derradeira comemoração de aniversário no Palácio da Alvorada.

Caixa Na última tentativa de persuadir prefeitos mineiros em redutos fartamente agraciados com obras do PAC, José Serra concentrou energias na promessa de livrar dos contingenciamentos orçamentários o Fundo de Participação dos Municípios.

Mais metrô O PT questiona também na Corregedoria-Geral do Estado o edital de licitação da linha 5 do metrô, cujo resultado está sob suspeição. Para o governo paulista, o processo foi respaldado pelo TCE em parecer de fevereiro de 2009.

Batismo de fogo As implicações administrativas do "metrogate" serão apuradas pelo corregedor André Dias Menezes, que assumiu o cargo com a saída de Rubens Rizek, exonerado para atuar na campanha do senador eleito Aloysio Nunes Ferreira.

Ativa Demitido da Secretaria Nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr. reassumiu, no dia 18 passado, suas funções na Divisão de Inteligência da Polícia Civil de São Paulo, da qual é delegado de carreira.

No aguardo Até segunda, o Planalto nada fará em relação à suposta gravação em que atual o secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay, se queixaria ao então colega Tuma Jr. de pedidos para confecção de dossiês. Além de não querer interferência na eleição, a área jurídica aguarda esclarecimentos para saber que medidas podem ser tomadas.

A postos O ex-governador de Minas Newton Cardoso se movimenta para abocanhar o posto de líder do PMDB da Câmara. Mas a cúpula da sigla dá sinais de que ele não tem chance.

tiroteio

"Basta que os institutos de pesquisa errem metade do que erraram no primeiro turno, e Serra será eleito neste domingo."
DO DEPUTADO EDUARDO GOMES (PSDB-TO), sobre as chances do candidato tucano à Presidência, expressivamente atrás de Dilma Rousseff segundo levantamentos do Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi.

contraponto

Boas maneiras


Durante comício em Uberlândia há uma semana, Hélio Costa discursava em apoio a Dilma Rousseff. O peemedebista, derrotado na disputa pelo governo, reapareceu na campanha tendo como trunfo a votação expressiva obtida no Triângulo Mineiro.
Depois de concluir sua fala, ele deixava a dianteira do palanque quando foi abordado por Lula, atento à reação do público. Um instante depois, Costa pediu novamente o microfone e complementou:
-Eu não poderia deixar de agradecer ao povo de Uberlândia pela vitória que me deu...

SERRA PRESIDENTE

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Almas serristas 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 29/10/2010

Logo após o primeiro turno, o dirigente espiritual Bezerra de Menezes - já falecido - teria pedido por meio de um médium do Centro Espírita Perseverança, a convocação de 5.500 colaboradores. Motivo? Organizar reunião de preces a Ismael, protetor dos caminhos do Brasil. A reunião aconteceu e foi pró-Serra. Outra vigília foi marcada para amanhã, véspera da eleição.

Segundo três frequentadores do centro, palestrantes estão disseminando a ideia de que uma eventual vitória de Dilma trará ao Brasil guerra civil e a volta da ditadura. Com colaboração da diretoria quem tem enviado e-mails com conteúdo contra a candidata petista.

O engajamento político do maior centro espírita da America Latina, que fica na zona leste, foge às tradições kardecistas.


Pé no chão

Integrantes da campanha de Serra pediram e Dilma acabou cedendo. A candidata aceitou formato que permite aos candidatos caminharem pela arena do debate hoje na TV Globo.

Justificativa: a contusão no tornozelo dela teria melhorado.


Capítulo final

Foi filmado, anteontem, o último programa eleitoral de Dilma. Sua campanha televisiva termina com a exibição da bandeira do Brasil flutuando e, ao fundo, integrantes de orquestra sinfônica, de black-tie, tocam o Hino Nacional.

O programa de Serra, como essa coluna já antecipou, acaba com um espetáculo de balé.


Exaustão

Sérgio Guerra, que viveu os últimos meses na ponte-aérea SP-Recife, conta os dias.

Pretende tirar uma semana para descansar.


Inclusão digital

Apesar da promessa de o programa de governo de Dilma ser levado a todos os diretórios dos 11 partidos da coligação, apenas 100 exemplares foram produzidos.

Marco Aurélio Garcia minimiza: "Quem quiser pode ver pela internet".


Tomb Raider

Não deve vir para o lançamento brasileiro de seu livro Máfia, este mês, a escritora alemã Petra Reski. Conhecida como a "Roberto Saviano (autor de Gomorra) de saias", a autora também é jurada de morte na Itália.


Karaokê

Marília Gabriela volta a atacar de cantora. No repertório de seu show está a canção Quando Tu Passas Por Mim, dedicada à apresentadora por António Zambujo, cantor de fado. Dias 17 e 18, no Bourbon Street.


Antes tarde

Foi longa mas deu certo a batalha dos produtores para comprar os direitos de 46 músicas de Bezerra da Silva - grande batalhador contra as gravadoras e editoras - para longa Onde a Coruja Dorme. O lançamento, previsto para o ano que vem, terá participação de Marcelo D2, fã do sambista.


Placar

A Record pulou na frente na briga pelos direitos de Brasileirão 2012. Apresenta projeto e proposta para o Clube dos 13 na semana que vem.


Batente

Mesmo de licença até dia 10, Belluzzo se reúne hoje com assessores para resolver pendências do Palmeiras. Entre os assuntos, as licenças da Prefeitura e da seguradora para implodir o antigo Palestra Itália.


Fé tricolor

Mesmo com o SPFC cambaleando no Brasileirão, Juvenal Juvêncio não perde mais a paciência com o time. Ao ser perguntado sobre as chances do time na Libertadores em 2011, o dirigente diz: "Fé agente tem, mas nem sempre é o suficiente".


Na frente


Além de reunião preparatória para o debate, Serra marcou massagem para hoje à tarde.

Cândido Bracher, André Esteves e Otávio Azevedo falam em seminário sobre crescimento econômico sustentado. Da Febraban e BNDES. Dia 24, no Intercontinental.

A festa oficial do Grande Prêmio de Fórmula 1 acontece dia 7. No Terraço Daslu.

Em busca de agilidade, o Santander treinará até março 40.500 funcionários.

A Emirates Airlines aumenta seus espaços nos voos Dubai-Guarulhos.

A entrega do Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2010 é dia 8. Na Casa Fasano Itaim.

Jakow Grajew e José Antonio Oka organizam o seminário Década de Ações para a Segurança Viária no Brasil. Dia 17, na FGV.

Liana Brazil e Russ Rive, representam o Brasil na Bienal Mundial de Criatividade. No mês que vem, em Oklahoma.

Chega às livrarias Anistia, Justiça e Impunidade - Reflexões sobre a Justiça de Transição. De Kai Ambos, Marcos Zilli, Maria Thereza Moura e Fabíola Monteconrado.

Paul: o 1º mártir dos polvos.

NELSON MOTTA

Conto de fadas
NELSON MOTTA
O ESTADO DE SÃO PAULO - 29/10/10

Diz a lenda que, com Zé Dirceu cassado pelo mensalão, Lula escolheu Antonio Palocci como candidato a seu sucessor em 2010. Um quadro político de alto nível, com credibilidade, moderação e sucesso no comando da economia. Não era um poste ou um burocrata, mas um político experiente, respeitado e eficiente, que amadureceu e cresceu no poder. Uma ameaça aos radicais do PT e aos fisiológicos do PMDB, Palocci representava o melhor do governo Lula, sua continuidade e avanço. Dele se poderia esperar decência, competência e respeito à democracia e às liberdades, e que não trataria a oposição como inimiga.
A candidatura de Palocci provocaria entusiasmo até entre oposicionistas, colocando em polvorosa o ninho tucano. Quem poderia enfrentá-lo com mínimas chances? Se levasse uma chinelada de Lula em 2006, Alckmin não teria apetite nem cacife para enfrentar um Palocci popular e articulado, turbinado pela popularidade de Lula, em 2010. Nem Serra, que preferiria se reeleger governador sem sair de casa, continuar sua ótima administração e encerrar uma brilhante carreira política. Alckmin seria o senador mais votado do Brasil.
Para enfrentar Palocci, só alguém que representasse a novidade, a confiança e a esperança ao mesmo tempo, fora da chatice do velho centro de poder paulista. Como Aécio Neves, o governador mais popular do País, com sua história vitoriosa, sua linhagem política e sua juventude. Na oposição, só ele poderia encarnar com credibilidade o pós-Lula e empolgar como possibilidade real de um Brasil melhor. Com crescimento e justiça social, mas sem mensaleiros e aloprados, sem aparelhamento do Estado e complacência com tiranos e corruptos amigos.
Se Deus fosse mesmo brasileiro, o segundo turno seria disputado por Antonio Palocci pelo PT-PMDB e Aécio Neves pelo PSDB-DEM. Os búzios, as cartas, os astros e todas as pesquisas teriam dificuldades em prever o resultado, mas seriam unânimes em apontar o vencedor: o Brasil.
Mas como não é brasileiro, e nunca na história desse país teve o seu santo nome tão usado em vão, Deus criou o caseiro Francenildo e nos deu Dilma e Serra. 

GOSTOSA

MÍRIAM LEITÃO

Além do arco-íris 
Miriam Leitão 
O Globo - 29/10/2010

O Brasil descobriu petróleo no pré-sal nos anos 50 e já o explora há décadas. O que houve agora foi a descoberta de grandes reservas, mas nem todo produto é de boa qualidade. A produção iniciada em Tupi é mínima perto do total extraído no Brasil.

Principalmente é falsa a ideia de que o pré-sal é a solução mágica que garante o futuro. O governo faz confusão proposital quando o assunto é petróleo.

A excessiva politização do tema está criando mitos e passando para o país a ideia de que agora ganhamos na loteria, um bilhete premiado, que vai produzir dinheiro abundante que resolverá todos os nossos problemas. Isso reforça a tendência a acreditar na quimera, no “deitado em berço esplêndido”, que tem feito o país perder chances e assumir riscos indevidos.

A primeira descoberta de petróleo no pré-sal do Brasil foi em 1957 no campo de Tabuleiro dos Martins, em Maceió. A segunda foi em Carmópolis, em 1963. Ainda hoje se produz petróleo nos dois campos: no segundo, 30 mil barris por dia. O campo de Badejo, na Bacia de Campos, também fica na camada do pré-sal. Ele foi descoberto em 1975. Os dados contrariam o marketing do “nunca antes” e que esse petróleo é o “passaporte para o futuro”, como tem dito a candidata Dilma Rousseff.

Há produção de petróleo em campos de pré-sal no mundo inteiro. No Golfo do México, no Oriente Médio, no oeste da África, no mar do Norte. Um dos mais famosos é o de Groningen, na Holanda, descoberto pela Shell em 1959. Ainda hoje se tira petróleo de lá.

— O pré-sal invenção brasileira é uma distorção de marketing inventado pelos políticos do governo com apoio dos ideólogos da Petrobras e da ANP — explica o ex-diretor da Petrobras, Wagner Freire.

O Brasil produz hoje dois milhões de barris de petróleo por dia. Na melhor estimativa, a produção do pré-sal chegará a esse volume daqui a cinco anos. A exploração definitiva do campo de Tupi, que começou ontem, mas que na verdade ainda se encontra na fase de testes, foi de 14 mil barris, cerca de 0,7% da produção atual. A projeção é que em 2012 produza 100 mil.

— Na rodada zero de licitações, em 1998, a ANP permitiu que a Petrobras escolhesse todos os campos que gostaria de explorar. Ela não quis as áreas do pré-sal. Na época, o barril do petróleo custava em torno de US$ 15.

Por esse preço, a exploração era inviável pelos custos e dificuldades. Hoje, o petróleo está cotado a US$ 80. É por isso que a produção começou a valer a pena — lembra o consultor Adriano Pires.

O campo de Tupi foi licitado para a Petrobras e outras empresas privadas no ano 2000, como resultado da segunda rodada da ANP. Em 2007, foi comprovado que havia petróleo e, diante dos indícios de grandes reservas 47, blocos do pré-sal foram retirados da competição.

Até agora ainda não se sabe quais são as reservas de Tupi. A Petrobras afirma que existem de 5 a 8 bilhões de barris. Mas a certificadora Gaffney, Cline & Associates, que foi contratada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para analisar o campo, estimou um volume menor: de 2,6 bilhões de barris.

Quem está certo? Ninguém sabe. É preciso fazer mais prospecção.

O relatório da Gaffney também diz que um dos campos de pré-sal, o de Júpiter, tem óleo pesado, ou seja, com menor qualidade, explica Wagner Freire. O gás possui 79% de CO2 e o petróleo é de 18° de API. O petróleo do tipo Brent e WTI, que são referência no mundo, possuem API acima de 30°. Quanto mais alta essa medida, mais leve é o petróleo, ou seja, dele se retira maior volume dos derivados mais valorizados.

O petróleo que hoje se extrai no Brasil é de 20° a 22°. Tupi é um pouco melhor, 26°, mas ainda assim não chega ao nível do Brent e do WTI.

O fato de ter alto teor de CO2 no gás em Júpiter é um complicador. Se o CO2 for para a atmosfera, aumentará muito as emissões de gases de efeito estufa do Brasil.

Todo brasileiro admira a capacidade da Petrobras, provada ao longo de cinco décadas, de encontrar petróleo, desenvolver tecnologias e produzir em águas profundas.

Mas a propaganda tem distorcido tudo, como se houvesse uma Petrobras velha e uma nova, do PT.

Não é verdade também que antes o petróleo brasileiro era carne de pescoço e agora acharam filé. Temos no Brasil óleos mais leves, ou seja filé mignon, em poços como os do Espírito Santo. O de Urucu na Bacia do Solimões é leve e sem enxofre, melhor que o Brent. E tem petróleo leve e pesado no pré-sal.

A Gaffney, que fez o estudo para a ANP, concluiu que todas as reservas do pré-sal juntas têm potencial de 15 a 20 bilhões de barris. Isso é uma boa notícia porque significa dobrar as reservas provadas do Brasil, que em 31 de dezembro de 2009 estavam em 15,2 bilhões. Poderíamos chegar a 35 bilhões e ganharíamos cerca de seis posições no ranking mundial de países com potencial para explorar petróleo, saltaríamos do 16º lugar para 10º, ao lado da Nigéria.

Ainda assim, estaríamos longe de países como Arábia Saudita, com 314 bilhões de barris em reservas; Irã, com mais de 138 bilhões; Iraque, 115 bilhões; Kuwait, com 113 bilhões. Não seríamos também o primeiro da América do Sul porque a Venezuela tem mais de 99 bilhões de reservas comprovadas.

Há dificuldades técnicas nada desprezíveis para a produção desse petróleo em larga escala.

— Para se ter ideia, o campo de Roncador, que é no póssal, e foi descoberto em 1996, com três bilhões de barris de reservas, ainda não tem seu plano de desenvolvimento completo. E o desenvolvimento e a operação do présal são mais complexos e mais caros — diz Freire.

Não existe um pote de ouro depois do arcoiacute;ris que vai resolver todos os nossos problemas.

Ainda não inventaram um passaporte para o futuro que não seja trabalhar muito, poupar mais, investir sempre e, principalmente, educar a população.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Versão do Viagra será o que mais fatura entre genéricos 
 Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 29/10/2010

O genérico do Viagra pode se tornar o remédio com maior faturamento do segmento no país em 2011.
A Sildenafila, princípio ativo do Viagra, movimentou em setembro US$ 7 milhões, segundo a Pró Genéricos (associação da indústria).
O volume é considerado expressivo, se levado em consideração o fato de o Viagra ter sido iniciado no mercado genérico há apenas três meses, com o vencimento da patente detida pela Pfizer.
O total em 12 meses seria de no mínimo US$ 84 milhões, segundo estimativas da Pró Genéricos, além de um crescimento mensal que pode elevar o número a US$ 150 milhões por um ano.
"Se seguir a tendência, provavelmente será um dos medicamentos de maior faturamento. Se não for o primeiro, certamente estará muito perto", diz Odnir Finotti, presidente da entidade.
Outra droga, cuja patente recém expirada também pertencia à Pfizer, o genérico do Lípitor (Atorvastatina) já movimenta US$ 900 mil no mês.
Entre os componentes usados no combate ao colesterol, a Sinvastativa é hoje um dos mais vendidos, mas deve perder espaço para a mais moderna Atorvastatina.
"A droga, destinada ao mesmo fim, também tem potencial para subir ao topo."
O maior faturamento no mês foi o do Omeprazol.

Produtos químicos têm melhor trimestre em quatro anos

A fabricação e a venda de produtos químicos para uso industrial registraram o melhor trimestre dos últimos quatro anos, de acordo com a série histórica do Relatório de Análise Conjuntural da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), que será divulgado hoje.
A produção cresceu 3,26% de julho a setembro deste ano e as vendas ao mercado interno aumentaram 6,99%, na comparação com o mesmo período de 2009.
No acumulado do ano, até setembro, as vendas tiveram incremento de 8,82% e a produção subiu 8,84% ante o mesmo intervalo de 2009.
A alta de 14,68% no consumo nacional no período mostra que as importações ainda atendem parcela significativa da demanda interna, de acordo com o relatório.
De janeiro a setembro, as compras externas cresceram 27,03%, três vezes mais que a produção local.
Em setembro, as vendas internas subiram 0,08%.

BRASKEM MIRA MÉXICO EM BUSCA DE EXPANSÃO MUNDIAL
A Braskem vai iniciar em 2015 a produção de resina no norte do México. O plano da companhia é expandir suas atividades no exterior.
A projeção do consumo de demanda de resina no México em 2014 é de 2 milhões de toneladas, dos quais 1,6 milhão será produzido pela companhia.
Os investimentos da companhia poderão chegar em US$ 2,5 bilhões.
A importância da operação é geográfica e estratégica, de acordo com o presidente da empresa Bernardo Gradin.
"Com esse projeto, nós vamos posicionar a Braskem na América do Norte e na América do Sul", afirma o executivo.
"Visamos atender todo o mercado mexicano, começar a servir o americano e partir para novas fronteiras", diz Gradin.
"O México é um passo importante porque importa mais resina do que produz, a demanda do país é maior do que a capacidade que tem de fabricá-la."
Mesmo com o projeto, em cinco anos, a demanda mexicana vai continuar maior do que a produção, de acordo com as estimativas da Braskem.
No ano passado, a brasileira venceu em parceria com a mexicana Idesa um leilão promovido pela estatal Pemex Gás e Petroquímica Básica para compra, por 20 anos, de 66 mil barris diários de etanol.
O álcool será usado como matéria-prima no complexo petroquímico a ser construído em Coatzacoalcos, no Estado mexicano de Veracruz.

BIORREFINO
A Braskem constituiu um conselho de notáveis com 300 cientistas de diversas partes do mundo, que prestarão consultoria em pesquisa e desenvolvimento. A primeira reunião do grupo deve ocorrer em dezembro.
"Em quatro anos, teremos 600 cientistas. Poucas empresas no Brasil têm isso", diz. Um dos focos dos cientistas será o desenvolvimento de materiais especiais a partir do biorrefino.

FUNDO DE PENSÃO MAIOR
O plano de benefícios Previ Futuro alcançou em setembro a marca de R$ 2 bilhões em ativos líquidos.
Até o final de 2009, havia acumulado R$ 1,7 bilhão. Nos nove primeiros meses deste ano, somou R$ 300 milhões ao montante.
O plano foi criado em dezembro de 1997 para atender aos funcionários do Banco do Brasil admitidos a partir de dezembro daquele ano.
"O resultado demonstrado pelo plano mais jovem da entidade é fruto, em especial, do bom momento vivido pela economia e da gestão profissional e participativa dos recursos", diz Ricardo Flores, presidente da Previ.
O plano conta com cerca de 64 mil participantes. Ao todo, os ativos sob gestão da Previ somam R$ 146 bilhões.

Ocupação... José Luciano Penido, presidente do Conselho da Fibria, assume no próximo dia 3 de novembro, na China, o posto de presidente do grupo de trabalho das indústrias florestais do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável.

...verde A entidade, com sede na Suíça, reúne executivos de 145 empresas do mundo, voltadas para a excelência ambiental e princípios do desenvolvimento sustentável. A Fibria é hoje a maior produtora de celulose do mundo e utiliza ferramenta para reduzir impactos ambientais.

Estratégias Os economistas Mailson da Nóbrega, Marcel Solimeo e Roberto Macedo estarão presentes no seminário "Perspectivas da Economia", realizado pela Associação Comercial de São Paulo, no dia 4. O evento vai debater as tendências da economia para 2011. O seminário é gratuito.

Crédito de... A Agência de Fomento Paulista/Nossa Caixa Desenvolvimento assinou ontem acordo com o fundo de carbono alemão KfW para consultoria e compra de créditos de carbono.

...carbono Pelo contrato, as empresas clientes do banco que tomarem empréstimo de da linha Economia Verde -que financia projetos que reduzem emissões de gás- poderão vender os créditos de carbono para o KfW.

CRESCEM AQUISIÇÕES DE HOTÉIS
O volume de transações de compra e venda de hotéis no mercado norte-americano se acelerou nos últimos meses.
As operações devem atingir US$ 6,5 bilhões neste ano, segundo a consultoria Jones Lang LaSalle Hotels. Esse valor supera em US$ 2 bilhões as estimativas anteriores.
Com uma oferta limitada no mercado de hotéis de alta qualidade para investimento, o ambiente tornou-se bastante competitivo, de acordo com a consultoria.
Os fundos de investimento imobiliário têm sido os compradores mais ativos, com 58% dos negócios.
O momento também está favorável para as aquisições hoteleiras no Brasil. A norte-americana Host Hotels & Resorts anunciou neste mês a compra do hotel JW Marriott, no Rio de Janeiro, por US$ 47,5 milhões.

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ANCELMO GÓIS

Lula no Tupi I 
Ancelmo Góis 
O Globo - 29/10/2010

Lula estava ontem visivelmente emocionado, com o macacão lambuzado do óleo do pré-sal.

Na volta da viagem ao Campo de Tupi, num papo com Sérgio Cabral e a Sérgio Gabrielli, lembrou agosto de 1960, quando vestiu o primeiro macacão de sua vida, como operário.

Lula no Tupi II

O presidente disse que, no fim daquele primeiro dia de trabalho, seu macacão estava limpo.

Aí, na volta para casa, viu uma lata de óleo e... se lambuzou todo. Ficou orgulhoso.

Lula no Tupi III

Aliás, esta é uma história emocionante do filme “Lula, o filho do Brasil”, de Fábio Barreto.

Lula no Tupi IV

Na solenidade de ontem, Lula, depois de elogiar, com razão, os funcionários da Petrobras, reclamou dos baixos salários dos diretores da estatal.

Sem citar o nome (a história ocorreu com Rodolfo Landim, que deixou a presidência da BR para trabalhar com Eike Batista), relatou que, certa vez, foi procurado por um diretor da estatal. O diretor chorou ao dizer que iria deixar a empresa, onde recebia R$ 26 mil por mês, para ganhar R$ 200 mil na iniciativa privada.

Lula no Tupi V

Lula também repetiu o mantra de que o litro da gasolina é mais barato que o da água: “Está na hora de a Petrobras criar a Petroágua.” Mas não é bem assim. No posto, o litro de gasolina custa R$ 2,56. Dá para comprar três litros da água mineral Petrópolis no Supermercado Zona Sul.

Brown e Fidel

Carlinhos Brown vai fazer um show em Cuba, dia 6.

O cantor baiano foi convidado para encerrar a Feira Internacional de Havana, encontro de negócios com gente de vários países que ocorre na ilha de Fidel há 28 anos.

A BIBLIOTECA NACIONAL faz aniversário hoje e festeja em dobro. O festival de vigas com a bela vista do Pão de Açúcar ao fundo é a base do prédio projetado pelo arquiteto Souza Aguiar, que completa 100 anos. O acervo da instituição, trazido por Dom João VI há 200 anos, tem o dobro da idade. Por isso, está aberta oficialmente a partir de hoje a exposição “Biblioteca nacional 200 anos: uma defesa do infinito”, com duas centenas de obras das mais representativas. Dois cardápios da grande coleção da imperatriz Teresa Cristina, mulher de Dom Pedro II, serão exibidos ao público pela primeira vez

Desejos

O ministro Guido Mantega é candidato a ficar no cargo num eventual governo Dilma.

Mas...

Dilma gostaria de assumir a presidência com o seu próprio ministro da Fazenda.

Problema à vista

Para alojar todos os desabrigados do governo Lula, Dilma precisaria de dois ministérios inteiros. No mínimo.

Duas capas

A revista “Época” antecipou para hoje a edição de domingo.

Chega às bancas com duas capas diferentes, ao gosto do freguês — uma com Dilma, outra com Serra.

É. Pode ser

Já há no governo quem chame o AeroLula, apelido do Airbus presidencial, de... futuro AeroDilma.
Cidade unida

Hoje, uns 100 alunos da Escola Britânica, bom colégio onde estudam filhos da elite carioca, vão subir pela primeira vez uma favela.

No Morro da Babilônia, no Leme, vão se encontrar com estudantes da comunidade e almoçarão por lá

Segue...

À tarde, serão alunos e moradores da Babilônia que descerão o morro para ir até a Urca, onde fica a escola.

Saliência no Brasil

O Brasil foi eleito, pela segunda vez, o destino preferido dos casais dos EUA para passar a lua de mel na América Latina.

A votação foi promovida pela revista americana “Recommend Magazine”. Um prêmio será entregue à Embratur em dezembro, em Nova Orleans.

Via Dutra

O grupo paulista Figueira Rubayat vai abrir seu primeiro restaurante no Rio.

Ficará na Avenida Armando Lombardi, na Barra, no imóvel onde funcionou, durante anos, o restaurante Loft. Deve ser inaugurado até janeiro.

Cena carioca

Ontem, por volta de 10h30m, na esquina de Avenida Nossa Senhora de Copacabana com Rua Constante Ramos, um homem esperou o sinal fechar e começou a... fazer flexões em pleno asfalto! Quando o sinal abriu, os carros buzinaram, mas o gaiato continuou. Só saiu quando um guarda municipal foi chamado.

O MIRANTE DA Avenida Niemeyer, no fim do Leblon, ficou ainda mais bonito, repare, durante o ensaio que Diana Bouth, a repórter do GNT, fez para o site Paparazzo. Entra no ar amanhã

LIMA DUARTE, um dos grandes da nossa dramaturgia, capricha no chamego com Suzana Pires num intervalo das gravações de “Araguaia”, a novela da TV Globo

PONTO FINAL

No mais Que país é este em que ministros do Supremo Tribunal Federal batem boca como colegiais, candidatos a presidente se atacam como hooligans e o próprio presidente da República prega o desrespeito à lei?

RENATO RIBEIRO ABREU

Alternativas sustentáveis 
RENATO RIBEIRO ABREU
O GLOBO - 29/10/10

O respeito ao meio ambiente, associado ao desenvolvimento sustentável, é uma agenda permanente para a sobrevivência de todos nós e nossos descendentes. Muito se fala sobre sustentabilidade, preservação ambiental, poluição, camada de ozônio.
Contudo, o tema é sério demais, e exige muita responsabilidade quando se trata do assunto.

Não temos pretensão alguma de ser donos da verdade. Porém, como participantes ativos nos setores industriais e do agronegócio em diversas atividades e estados do Brasil, entendemos que, por questão de honestidade, devemos emitir nossa opinião de forma imparcial. Muitos se arvoram em donos da verdade, com críticas irresponsáveis, inconvenientes e até por interesses outros, sem ter o mínimo conhecimento da realidade vivida pelos principais atores, que são os nossos agricultores, principalmente os do CentroOeste brasileiro.

Pela complexidade do tema, teremos que voltar a um, dois ou até três séculos. A nossa colonização começou com a extração do pau-brasil, depois mineração, açúcar, café etc. Mesmo antes do fim da escravidão, o governo brasileiro, durante o Império, começou a incentivar a vinda de estrangeiros para fortalecer nossa agricultura, bem como para o suprimento de mão de obra mais especializada. Colonizar, produzir, expandir e ocupar nossas fronteiras foi, durante esse longo período, o melhor que se tinha a fazer.

Nessa mesma ocasião, nos Estados Unidos, na famosa corrida para o Oeste, estes fatos também ocorriam, até com muito mais intensidade.

No final do século XIX, com o início da industrialização na Inglaterra, em alguns países da Europa e depois nos Estados Unidos, o fluxo de mão de obra, que até então era quase todo da agricultura, começou a migrar para a indústria. À medida que o setor industrial crescia, o homem do campo migrava para os grandes centros.

A humanidade continua e continuará crescendo, e a necessidade de alimentos idem. No Brasil, tínhamos, e ainda temos, dois terços de nossa área (região da Amazônia Legal) precisando de constante proteção. Não é fantasia, nem nacionalismo barato.

Quem viaja constantemente para o exterior sabe o quanto essa área é visada.

Em função disso, durante o governo JK, com a construção de Brasília e o início da industrialização no Brasil, e depois com o regime militar, ocupar essa região tornou-se prioridade.

Continua sendo agora, só que com responsabilidade ambiental e sustentável. Novos bandeirantes foram para o Centro-Oeste incentivados pelo governo. Trocaram pequenas áreas de terras no Sul e no Nordeste do Brasil por médias e grandes áreas no Centro-Oeste. Com clima e topografia excelentes, melhoraram a produtividade a cada ano, via fundações de pesquisas e Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (no nosso entender, a mais importante empresa do Brasil).

Todo esse processo levou o Brasil a se tornar um dos líderes (em alguns setores o maior) na produção mundial de alimentos. Nos últimos 12 anos, isoladamente, o saldo do agronegócio tem sido muito superior ao saldo comercial brasileiro como um todo. E sem ele não teríamos atravessado tantas crises. Os outros setores da economia consomem parte do saldo da balança comercial do agronegócio. Ao longo de quase três séculos, todo este processo sempre contou com incentivo e apoio governamental.

Culpar os grandes desbravadores do passado e ainda do presente é uma enorme injustiça. Tratar nossos heróis como bandidos, idem. É óbvio que todo setor tem seus indesejados e aproveitadores, porém achamos que são minoria. O Brasil, com certeza, pode dobrar ou até triplicar nossa produção sem a necessidade de nenhum desmatamento, somente recuperando áreas degradadas e até reflorestando algumas.

Precisamos de alternativas criativas e viáveis, buscar a geração tanto quanto possível de energia limpa, proteger nossos mananciais, melhorar tecnologicamente nossas indústrias, reduzir drasticamente o desperdício e o consumo exagerado. Sabemos que não é uma tarefa fácil, mas, em vez de somente criticar, falar e condenar, mudar nosso comportamento com honestidade nas ações e respeito ao próximo tornará a tarefa possível.



RENATO RIBEIRO ABREU é empresário.

SERRA PRESIDENTE

TIM WEGENAST

Mania de grandeza
TIM WEGENAST
O GLOBO - 29/10/10

Tudo indica que o progresso está logo ali, a aproximadamente sete mil metros abaixo do nível do mar. Finalmente o país poderá livrar-se do carma de eterno "país do futuro", tornandose um verdadeiro global player. A euforia é tamanha que o governo liberou o fundo de garantia para a capitalização da Petrobras. O diretorfinanceiro da empresa, Almir Barbassa, evoca o nirvana desenvolvimentista, prevendo a industrialização brasileira no encalço do petróleo.
Enfático, o presidente Lula pede mania de grandeza à população.

Não pretendo ser estraga-prazer. No entanto, observa-se que a maior parte dos membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) é mais pobre hoje que há trinta anos. As causas para essa chamada "maldição do óleo" são distintas. Petróleo, gás natural ou diamantes podem instigar a violência interna e gerar guerras civis.

Além disso, os mencionados recursos naturais são empregados para legitimar regimes autoritários, a exemplo do Irã, além de debilitarem as democracias novas, caso da Rússia e da Venezuela.

Estamos muito longe de um conflito armado. O retorno ao autoritarismo também é pouco provável. No entanto, o risco de outras mazelas pós-sal é latente. O vírus da "doença holandesa", por exemplo, representa uma real ameaça ao país. Inicialmente observado na Holanda dos anos 60, o termo designa a relação entre a crescente exportação de recursos naturais e a sobrevalorização da moeda local, ocasionando um declínio nos setores manufatureiros e agrícolas, entre outros.

Para os mais otimistas, convencidos de que "pior do que está não fica", vale lembrar duas constantes da história nacional: a (falta de) educação e a corrupção.

Às portas do jardim pré-salino, o governo não depende de uma ampla mão de obra qualificada, servindo uma economia dinâmica e diversificada, para usufruir de farta renda. É mais simples extrair a riqueza nacional do fundo do oceano que das mentes da população. Pesquisas desenvolvidas por mim e por outros colegas corroboram a ideia de que exportadores de matérias-primas investem menos em ensino.

Conhecendo certas fragilidades institucionais do sistema político brasileiro, é de se temer, também, que o abastecimento dos cofres públicos através da fortuna petrolífera solidifique o fundamento de práticas clientelistas.

A famigerada corrupção política contará com um novo patrocinador que poderá estimular a troca de privilégios privados por lealdade partidária.

Imagine o leitor um mensalão em plena era pós-sal. A Petrobras anda mais capitalizada que nunca...

Como se tudo isso não bastasse, ainda há a preocupação com o meio ambiente.

De acordo com um estudo da Universidade de Adelaide, na Austrália, o Brasil conta com o pior impacto ambiental entre os 179 países analisados. Não é de se esperar que o governo sofra um repentino surto de consciência ecológica ao explorar a Bacia de Santos. As recentes imagens da catástrofe causada pela BP no Golfo do México trazem mau agouro.

Se me perguntassem, diria para deixarem o petróleo onde está, no fundo do mar. Entretanto, reconhecendo a ingenuidade de um apelo que está muito aquém da realidade nacional, contento-me em listar algumas poucas providências cabíveis. Uma reforma política que reforçasse a accountability dos governantes, por exemplo, ajudaria a conter uma corrupção ainda mais grassante. Para tentar promover o mínimo de transparência no gerenciamento do petróleo, o governo deveria intensificar a participação em iniciativas internacionais como a Extractive Industries Transperancy Initiative.

A criação de um fundo nacional que atenue os riscos macroeconômicos causados pela volatilidade do petróleo nos mercados internacionais e proteja o real de uma possível sobrevalorização seria igualmente importante. O Fundo Soberano do Brasil, fundado em 2008, pode ser um começo. Porém, precisa incorporar outras funções, como a regularização da distribuição indireta da renda petrolífera para a população ou a garantia de um fluxo sustentável para gerações futuras.

Frente às ambições do pré-sal, tenho as minhas dúvidas de que as medidas apontadas possam garantir um desenvolvimento economicamente viável, ecologicamente equilibrado, justo do ponto de vista social e intergeneracional.

Contudo, ainda distante da vacilante ilusão petrolífera, gostaria de pedir ao futuro presidente da República que cultive suficiente mania de grandeza para melhorar o ensino, reduzir a pobreza, combater a corrupção e conservar o meio ambiente.

Imagine um mensalão pós-sal. A Petrobras anda mais capitalizada do que nunca...

TIM WEGENAST é doutor em Ciências Políticas.

SANDRA CAVALCANTI

O nosso Muro de Berlim
Sandra Cavalcanti 
O Estado de S.Paulo - 29/10/10


Na vida dos países, como na nossa, é fundamental a presença de lideranças formadoras do caráter dos cidadãos: a família, os professores, os religiosos, os governantes, os representantes no Legislativo e nos sindicatos, os dirigentes de empresas, os companheiros de trabalho. Enfim, o ambiente que nos cerca durante nossa existência. Nesse ambiente o que vale, principalmente, são os exemplos, o testemunho de vida, o temor a Deus e à Justiça. Só assim o ser humano aperfeiçoa a sua alma, pauta o seu comportamento, distingue entre o certo e o errado e, com sabedoria, guarda esses valores. A palavra só tem força quando é a expressão de tais valores.

A História oferece-nos muitos exemplos de lideranças extraordinárias. Algumas até foram capazes de ressuscitar a alma de um povo, como foi o caso de Konrad Adenauer, o grande líder da resistência alemã ao nazismo. Sua presença na vida alemã foi decisiva. Uma vez derrotado Hitler, era preciso reconstruir a Alemanha. Dezenas de cidades tinham sido reduzidas a escombros. O país vencido viu seu território ser vingativamente dividido em duas partes. E o pior era a alma do povo, ainda muito doente, após anos de inacreditável submissão e da perda dos valores do ser humano.

Enquanto refazia a parte material do país, o grande estadista lançava-se ao desafio de devolver aos alemães a esperança, a alegria e a fé. Era preciso ensinar aos corações, treinados na arrogância e na submissão cega, os valores da verdade e da liberdade. Nos longos anos em que foi primeiro-ministro, Adenauer formou uma plêiade de excelentes políticos, até em áreas programaticamente diferentes das dele. Implantou um regime de total austeridade para os ocupantes do poder e suas equipes ficaram famosas pela seriedade e pelos êxitos.

Mas a alma alemã ainda vivia uma tristeza: irmãos separados pelo Muro de Berlim. Um muro que não era só de pedras e trincheiras de arame, com guardas implacáveis. Era, acima de tudo, um muro que separava os cidadãos livres dos infelizes súditos da tirania soviética.

O sonho alemão de derrubá-lo só se realizou em 1989, quando o mundo pôde acompanhar sua heroica demolição. Adenauer não estava lá, mas sua obra de estadista havia preparado a alma dos alemães livres para receber, generosamente, a chegada dos libertados. A Carta Fundamental, que rege o regime parlamentarista alemão, previa todos os direitos para os irmãos do lado oriental.

Nós aqui, no Brasil, temos um "Muro de Berlim" a derrubar: nosso sistema eleitoral. Esse muro da vergonha, herdado do ditador Vargas, continua a envergonhar o País e impede o aperfeiçoamento do caráter dos nossos políticos. Na realidade, mesmo nos períodos ditos democráticos, o voto proporcional é uma vergonha.

Sem a adoção do voto distrital vamos continuar com a proliferação insensata de partidos de aluguel, partidos sindicais, partidos fundamentalistas, partidos ditos nacionais, partidos "internacionais", partidos ligados a movimentos subversivos, enfim, uma geleia geral! A maioria deles existe apenas para ganhar preciosos minutos de rádio e TV, pagos com o dinheiro do povo e apelidados de gratuitos.

Sem a adoção do voto distrital os custos das campanhas continuarão exorbitantes, jogando todo o processo eleitoral na vala enlameada do uso vexaminoso do dinheiro público. O voto é obrigatório, livre e secreto. Mas com o voto proporcional o caixa 2 também é obrigatório e secreto. E quando alguém fala, hoje, em financiamento público de campanha, é de apavorar!

Faço estas considerações no momento em que se aproxima o dia D do segundo turno. Qualquer resultado, para mim, vai significar dias muito difíceis para todos nós.

O Senado (já quase todo composto), a Câmara dos Deputados e as Assembleias Legislativas que emergiram das votações no dia 3 de outubro, tudo leva a crer que em matéria de qualidade a piora foi muito acentuada. É o voto proporcional.

Em toda a minha vida de cidadã, esta foi a mais desalentadora de todas as eleições. A mão pesada do Estado está comandando tudo. O presidente transformou-se em artista de palanques. A candidata que ele impôs a seu próprio partido oferece um espetáculo doloroso de arrogante submissão. A oposição, por sua vez, confusa e sem garra, apresenta apenas a biografia de um político muito sério, mas não de um estadista. É pouco para os anseios brasileiros. Chega a ser frustrante.

O que salta aos olhos é que o Brasil está sem valores! A avaliação internacional do povo brasileiro, na questão de ser capaz de perceber a corrupção, e de se insurgir contra ela, chega a ser constrangedora!Figurar entre os povos mais corruptos do planeta é de chorar de vergonha.

Em momento algum qualquer dos candidatos assumiu compromisso quanto à reforma do sistema eleitoral. É tabu! O voto proporcional é a garantia dos caudilhos enrustidos, dos ditadores potenciais, dos que aspiram mandar sem ter de dar satisfações. É a mais feroz distorção do sistema democrático de representação da vontade do eleitor. Por isso mesmo será mantido. O uso da urna eletrônica dá a muita gente a impressão de que nossas eleições são corretíssimas e a vontade dos eleitores é respeitada. Mentira! Embuste!

Enquanto vivermos neste presidencialismo quase caudilhesco, com um titular que, com sua caneta mágica, nomeia da noite para o dia mais de 30 mil funcionários; enquanto Brasília estiver livre da vigilância próxima de um povo atento; enquanto a criação de partidos não depender, de fato, da presença ativa de filiados; enquanto o senador for escolhido juntamente com um vice que ninguém sabe quem é; enquanto a infidelidade partidária não for objeto de punição real; e, principalmente, enquanto votar num candidato, pelo voto proporcional, significar eleger outro e os partidos tiverem direito a horários gratuitos - nosso Muro de Berlim ainda estará de pé.

PROFESSORA, JORNALISTA, FOI DEPUTADA FEDERAL CONSTITUINTE, FUNDOU E PRESIDIU O BNH
NO GOVERNO CASTELO BRANCO 

GOSTOSA

WASHINGTON NOVAES

O mundo se aflige, o Brasil esquece
Washington Novaes 
O Estado de S.Paulo - 29/10/10


Não terá sido por falta de informações sobre a gravidade da situação dos recursos naturais no mundo que foram tão difíceis as negociações no Japão, desde a semana passada, no âmbito da Convenção da Diversidade Biológica. Enquanto ali se sucediam os impasses, na Assembleia-Geral da ONU era apresentado um relatório sobre o direito à alimentação em que se afirma que a cada ano são perdidos no mundo 30 milhões de hectares cultivados, ou 300 mil quilômetros quadrados, área equivalente à da Itália, mais que o Estado de São Paulo - por causa de degradação ambiental e urbanização. "500 milhões de pequenos agricultores sofrem de fome porque seu direito à terra é atacado", diz o documento (France Presse, 22/10).

A redução da biodiversidade significa perdas anuais entre US$ 2 trilhões e US$ 4,5 trilhões, confirma o relatório Economia de Ecossistemas e Biodiversidade, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O relatório da Global Footprint Network diz que a sobrecarga já imposta aos recursos naturais pela atividade humana exigirá (ou exigiria) que em 2030 precisemos de mais um planeta como a Terra para mantermos os formatos e o ritmo. Em 40 anos se perderam 30% da biodiversidade global. E 71 países já enfrentam déficits na área dos recursos hídricos.

É preciso começar a computar nos cálculos do produto interno bruto (PIB) de cada país as perdas sofridas por esse caminho, diz o Pnuma. E inevitavelmente faz lembrar mais uma vez o falecido secretário nacional do Meio Ambiente José Lutzenberger, segundo quem não há nada melhor para aumentar o PIB que um terremoto - porque os prejuízos não são incluídos nessas contas e o valor da reconstrução é todo adicionado.

O fato é que as perdas são brutais. E um dos setores em que isso se tem tornado mais evidente é o dos ecossistemas marinhos, embora o I Censo Marinho Global diga (Agência Estado, 10/10) que os anos dourados das descobertas da riqueza de espécies dessas áreas ainda estejam por vir. Até agora foram identificadas 250 mil espécies marinhas e os cientistas acreditam que haja pelo menos mais 750 mil - fora milhões de espécies de micróbios (90% da biodiversidade oceânica), que talvez sejam bilhões. A situação mais grave é a dos corais, por causa da acidificação das águas. De acordo com a Organização Mundial para a Alimentação e a Agricultura (FAO), da ONU, três quartos das espécies de peixes estão em perigo no mundo todo, próximas do esgotamento, por causa de pesca excessiva, inclusive em lagos e outros ecossistemas continentais, afetados pelo carreamento de nutrientes das lavouras.

No Brasil, segundo estudo publicado na revista Nature (Estado, 30/9), a situação é grave principalmente no Sudeste e no Nordeste. Rios e lagos contribuem hoje com pelo menos 13 milhões de toneladas anuais de pescado, que podem chegar a até 30 milhões, afirma o Pnuma (20/10). É uma atividade particularmente importante para a geração de proteínas para crianças e de trabalho para mulheres.

Umas das razões para a gravidade da situação nos oceanos está na falta de zonas costeiras e marinhas protegidas. No Brasil mesmo, são apenas 1,5% do total, segundo o experiente diretor de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias (Estado, 3/10), quando a proposta no Japão foi de proteger pelo menos 20% dos ecossistemas em terra e no mar. Menos de 10% das espécies marinhas em águas brasileiras são conhecidas.

E há uma "bomba de tempo" à espera nos oceanos, alerta a revista New Scientist (4/9/10): o imenso estoque de óleo diesel acumulado nos porões de milhares de navios afundados durante a 2.ª Guerra Mundial, que faz parecer brincadeira de criança o recente vazamento de petróleo no Golfo do México, 20 vezes menor do que aquele estoque. O apodrecimento dos cascos levará a vazamentos nas próximas décadas.

Diante de todo esse quadro, não podem deixar de preocupar muito os rumos impostos à captura de pescado pelo nosso Ministério da Pesca, principalmente o recente edital (O Eco, 27/7) que abre as águas brasileiras para embarcações estrangeiras, navios que serão arrendados, com isenção fiscal, para incentivar a pesca de atum espadarte. Será uma festa para frotas que já recebem 1 bilhão em subsídios da União Europeia. Isso quando são conhecidos os estudos oficiais do Revizee, que consideram ameaçadas 80% das espécies marinhas brasileiras pescadas - enquanto o Ministério não deixa de apregoar seu objetivo de multiplicar por dez a tonelagem pescada.

Da mesma forma, não podem deixar de inquietar editais do Ministério que abrem novas áreas em terra e no mar. A aquicultura já aumentou a produção em 44% entre 2007 e 2009. A produção total brasileira de pescado subiu 25% em oito anos e chegou a 1.240 mil toneladas em 2009. Na aquicultura foram 416 mil toneladas em 2009 (quando muitos estudos internacionais dizem que na aquicultura o consumo de recursos é maior que a produção); na pesca extrativa, 825 mil toneladas. Mas "a gestão pesqueira é um caos", dizem os especialistas (Estado, 3/10). E o Ministério do Meio Ambiente quer controlar a expansão, trafegando na direção contrária à do Ministério da Pesca - que em sete anos teve suas dotações orçamentárias ampliadas de R$ 11 milhões para R$ 803 milhões, 73 vezes mais. Nesse período, a produção de pescado passou de 990 mil toneladas anuais para menos de 1,3 milhão de toneladas (Estado, 26/6).

É evidente que o quadro brasileiro precisa ser repensado. Seja pelo contraste entre os objetivos oficiais no setor e o que dizem estudos sobre a situação das espécies pescadas, seja pela grave situação dos recursos marinhos no mundo, enfatizada pelos estudos e discussões na Convenção da Diversidade Biológica. Não há como não levar a sério os diagnósticos e não caminhar para políticas adequadas em matéria de conservação. As futuras gerações vão cobrar.

CLÁUDIO HUMBERTO

“É preciso que órgãos federais sirvam ao povo e não a um grupo” 
CANDIDATO DO PSDB JOSÉ SERRA, AO DEFENDER A “DESPRIVATIZAÇÃO” DO ESTADO

ALOPRADOS DO PT TENTAM AFASTAR PMDB DE DILMA 
Confiantes na vitória de domingo, dirigentes do PT ligados ao comando da campanha presidencial, articularam o vazamento para a imprensa de falsa “pressão” por cargos, exercida pelos partidos aliados, como o PMDB para ocupar no eventual governo de Dilma Rousseff. O objetivo seria constranger a candidata a reduzir os espaços desses partidos na aliança, mas ela própria se encarregou de desautorizar a operação.

BRIGA FISIOLÓGICA 
Petistas como o paulista Rui Falcão, ligado a Marta Suplicy, temem que partidos como o PMDB ocupem cargos que interessam ao PT.

SÓ ELOGIOS 
Apesar da má fama do seu partido, a conduta do vice de Dilma na campanha, Michel Temer (PMDB), tem sido elogiada pela candidata.

SAUDADES DO FUTURO 
Fazer 65 anos tem lá suas vantagens: ex-presidente, Lula também vai viajar de graça no metrô e ter fila especial nos supermercados...

ABSTENÇÃO ELEVADA 
O PT estima que a abstenção na eleição de domingo será superior a 20%. No primeiro turno, foi de 18%.

LULA DECIDIU DAR ASILO A TERRORISTA DESDE 2009 
Lula está decidido desde 2009 a conceder asilo ao terrorista italiano Cesare Battisti, e o fará antes do Natal. A colaboração do Supremo Tribunal Federal, conferindo-lhe poder de decisão, facilitou o caminho. Ele não anunciou antes para não atrapalhar a campanha do PT e “não constranger o sucessor”. O bandido terá asilo “humanitário”, mas ao executar suas vítimas, ele gargalhava ao vê-las ensangüentadas.

MISSÃO CUMPRIDA 
Lula livrou de “constrangimento” também o padrinho do bandidão, o ex-ministro Tarso Genro (Justiça), que disputava o governo gaúcho. 

BUONA GENTE 
Cesare Battisti foi condenado duas vezes a prisão perpétua por quatro assassinatos a sangue frio, pelas costas. Um menino ficou tetraplégico.

MENTES CONFUSAS 
José Serra evita o tema Cesare Battisti nos debates porque também está entre os que confundem terrorismo com “heroísmo” político.

INGRATOS 
Os sites com o manifesto de artistas e intelectuais pró-Dilma não exibem o nome do genial cartunista Jaguar, beneficiário da bolsa-ditadura, nem de Ziraldo, habitué de boquinhas culturais do governo.

A CASA CAIU 
A Justiça Criminal de São Paulo aceitou a denúncia do promotor José Carlos Blat, e quebrou os sigilos fiscal e bancário do tesoureiro do PT e ex-presidente da Bancoop João Vaccari Neto e da diretora Ana Érnica, como revelou em primeira mão o site claudiohumberto.com.br.

O MAU MOCINHO 
Um sucesso o recém-lançado blog “Nas veredas do Vereza”, do ator Carlos Vereza, esplêndido em “Bezerra de Menezes”, crítico do PT e do governo e “nauseado com o bom mocismo de parte da imprensa”.

IMPRENSA DE LADO 
Curioso o protesto da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), quarta (27), no centro de São Paulo, pela “liberdade de expressão” do Jornal da CUT, de uma revista pró-PT e de uma colunista demitida do Estadão. Contra os 455 dias de censura ao jornal, nadica. 

CANDIDATO ALEMÃO 
O papa Bento XVI só é candidato a santo, mas entrou em campanha quando a polêmica parecia serenada: pediu aos bispos do Brasil que orientem os fiéis contra o aborto. Tudo de novo parece penitência...

LOROTAS DE OCASIÃO 
Moisés Tolentino, diretor do DER-DF, e publicitário Haroldo Meira (com seu parceiro Welinton Moraes, ex-secretário de Arruda) espalham em Brasília que vão comandar essas áreas, em eventual governo Agnelo Queiroz, no DF. Mas é mentira, garante a campanha petista.

NOME EM VÃO 
O ex-ministro José Dirceu não está comprando a Universidade Santo Amaro e atribui aos dois interessados o uso de seu nome como forma de mostrar “prestígio” no governo, para fechar o negócio. 

TÔ FORA 
O ex-senador Luiz Estevão tem suas relações de amizade com o ex-governador do DF Joaquim Roriz, mas nega que participe da campanha da mulher dele. E garante: jamais voltará à política. 

PENSANDO BEM...
...o “pior que está não fica” é a versão Tiririca da Lei de Murphy. 

PODER SEM PUDOR
PRESIDENTE CARANGUEJO 
Fazendo oposição ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB) participava de uma concentração no interior de Sergipe e resolveu criticar as promessas do tucano:
- É hora de cobrar as promessas desse presidente que saiu por aí mostrando as cinco mãos!...
Enquanto imaginava uma maneira de corrigir a confusão que fez, trocando dedos por mãos, ouviu o grito de um gaiato:
- Senador, isso é um presidente ou um caranguejo?...