sábado, outubro 09, 2010

AMANTE URUGUAIA DA DILMA CABEÇA OCA: 5 MILHÕES




Amante de Dilma cabeça oca (foi trocada por Erenice Guerra) mistura o do povo com o que não era dela.
Nessa briga de aranhas, o contribuinte toma no cu.

DEU NA VEJA
Faltam 5 milhões

Companheira de cela e ex-assessora de Dilma Rousseff foi investigada pelo TCU e Ministério de Minas e Energia por contrato sem licitação que deixou rombo milionário

Diego Escosteguy

A uruguaia Maria Cristina de Castro era uma jovem sindicalista e simpatizante do Partido Socialista quando se apaixonou pelo brasileiro Tarzan de Castro, militante de esquerda exilado em Montevidéu. Corriam os primeiros anos da década de 1970. Os regimes militares no Brasil e no Uruguai, logo em seguida, adernavam em suas horas mais sombrias, determinados a caçar quem lhes fizesse oposição. “Nos conhecemos no camburão”, contou Cristina de Castro a VEJA, numa entrevista há duas semanas.

Em 1970, Cristina de Castro e o companheiro fugiram para o Brasil. Pouco tempo depois, no entanto, a polícia estourou o esconderijo dos dois. Presa e acusada de atividades subversivas, a uruguaia acabou transferida para o presídio Tiradentes, em São Paulo. Lá, veio a conhecer a companheira de guerrilha que, 30 anos depois, mudaria os destinos de sua vida: Dilma Vana Rousseff, presa por militância no grupo de extrema-esquerda VAR-Palmares. Conta Cristina de Castro: “Dividíamos um beliche na mesma cela. Partilhávamos tudo, nossa intimidade. Ela se tornou uma grande amiga”. Dilma a apelidou carinhosamente de “Tupamara”, referência ao Tupamaros, grupo guerrilheiro que desafiava a ditadura militar uruguaia.

Finda a temporada na cadeia, cada uma seguiu seu caminho. Em 2003, quando Lula assumiu a Presidência da República, a companheira de cela de Cristina virou ministra de Minas e Energia. Dilma se lembrou da Tupamara, que morava em Goiânia e militava no PT. “Dilma me chamou para trabalhar diretamente com ela”, disse Cristina de Castro, que foi nomeada assessora especial no gabinete da amiga. Não se sabe o que credenciou a uruguaia a ocupar um cargo tão relevante e estratégico quanto esse – a não ser a “grande amizade” com a candidata petista à Presidência. Dilma deixou a pasta de Minas e Energia em 2005 para ocupar a chefia da Casa Civil. Cristina de Castro continua ali até hoje. Já viajou seis vezes ao Uruguai com as despesas custeadas pelos brasileiros que pagam impostos.

Os auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) e técnicos do Ministério de Minas e Energia, porém, acusam Cristina de Castro de conduta imprópria que vai muito além, em volume de dinheiro, do que viajar ao país natal por conta dos cofres nacionais. As suspeitas dizem respeito a um contrato de 14 milhões de reais, dos quais 5 milhões podem ter sido desviados. O caso remonta ao primeiro ano do governo, quando Dilma baixou uma portaria concedendo “plenos poderes” para que a amiga coordenasse a modernização da área de informática da pasta.

O que fez a assessora? Em vez de elaborar um plano, montar um projeto e licitar os serviços e produtos necessários, Cristina de Castro entregou tudo ao CPqD – fundação privada com sede em Campinas, que, até as privatizações dos anos 90, pertencia ao sistema Telebrás. Essa fundação faz pesquisas e presta serviços de informática. O CPqD recebe milhões de reais por ano de fundos públicos e tem reconhecida competência em muitas áres de atuação. Não obstante, a fundação CPqD é uma das que mais trabalho dão aos auditores do TCU. Em outubro de 2003, a assessora uruguaia assinou o contrato de 14 milhões de reais, sem licitação, com aquela fundação.

O dinheiro foi pago, mas deu tudo errado – ao menos para o contribuinte. Os serviços não foram inteiramente prestados. O pagamento sim, esse foi integralmente entregue. O TCU apontou um rosário de ilegalidades no contrato. Não se cumpriram os mais elementares requisitos formais. O plano de modernização, que deveria servir de fundamento para uma posterior licitação dos serviços, foi produzido pelo próprio CPqD. Segundo o TCU, a pasta deveria ter feito licitação. Houve um pagamento de 4,8 milhões para a criação de um “sistema de acompanhamento”, que nunca entrou no ar.

Escreveram os auditores: “O mencionado sistema encontra-se abandonado, sem qualquer serventia”. Diante do descalabro, em 2005 os técnicos recomendaram a aplicação de multa à assessora Cristina de Castro. Auditores internos da pasta corroboraram a existência das ilegalidades. O resultado da sindicância, contudo, morreu nas gavetas da assessoria jurídica do ministério. Quem era a chefe desse setor, quando Dilma era ministra? Erenice Guerra, que dispensa apresentações.

O processo tramitou lentamente no TCU. Por coincidência ou não, o embaraçoso assunto para a candidata Dilma foi resolvido há poucas semanas. O ministro Raimundo Carreiro, ex-funcionário do Congresso e indicado para o cargo pelo senador governista José Sarney, decidiu levar o caso a plenário. Reconheceu as ilegalidades, mas disse que não haveria razão para punir a Tupamara. Seu voto foi acolhido pela corte. Durante uma semana, VEJA pediu ao Ministério de Minas e Energia, sem sucesso, acesso à prestação de contas do contrato.

Na última quinta-feira, a reportagem foi à sede do ministério, identificou-se na portaria e se dirigiu à sala onde ficam esses documentos. Pediu acesso e foi prontamente atendida. Enquanto manuseava a papelada, assessores da pasta assomaram ao local e, em ato truculento, expulsaram a reportagem. Disse uma assessora, no rompante típico da mentalidade que confunde público e privado: “Não é qualquer um que chega aqui e pode olhar o processo. Isso aqui não é sua casa”. Procurado, o presidente do CPqD, Hélio Graciosa, informou: “Não fomos acionados pelo TCU. Mas tenho certeza de que não recebemos sem fazer o serviço”.


EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Texto, contexto e subtexto
EDITORIAL
O Estado de S.Paulo

O texto: o ministro Franklin Martins, chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, anuncia que está viajando a Londres e Bruxelas com o objetivo de convidar especialistas europeus a participarem do Seminário Internacional Marco Regulatório da Radiodifusão, Comunicação Social e Telecomunicação, agendado para os primeiros dias de novembro no Brasil, encontro que vai oferecer subsídios para a elaboração do projeto de "controle social" da mídia que, informaram fontes do Palácio do Planalto, o governo pretende enviar ao Congresso, atenção, muita atenção, "ainda este ano".

O contexto: início do segundo turno das eleições presidenciais, no qual a campanha da candidata do governo não pode facilitar e dar margem novamente aos vacilos que frustraram a liquidação da fatura eleitoral já no primeiro turno, proeza da qual vinha prematuramente se jactando o maior cabo eleitoral da candidata oficial, o próprio presidente da República.

O subtexto: a mídia eletrônica - emissoras de televisão e rádio - é concessão estatal. Quem tem o poder de dar tem também o de pegar de volta. É bom, portanto, parar com esse negócio de "inventar coisas o dia inteiro", ameaça recente do presidente Lula contra o que entende ser mau uso da liberdade de imprensa por parte de jornais, revistas, rádios e televisões. Esses que não se cansam de inventar notícias como as "taxas de sucesso" na Casa Civil ou as contradições de Dilma Rousseff sobre a questão do aborto.

O destampatório de Lula, como é de seu estilo, é bem menos sutil do que o recado do ministro Martins, mas ambas as manifestações fazem parte do mesmo roteiro que vem sendo há anos seguido pelo lulo-petismo na tentativa de viabilizar uma precondição indispensável a seu projeto de perpetuação no poder: o controle da imprensa.

Essa encenação que Franklin Martins montou como parte de seu papel na estratégia eleitoral petista é tosca. Para começar, é ridículo tentar fazer alguém acreditar que o principal objetivo da viagem à Europa é convidar personalidades para participar de um seminário que se realizará no Brasil daqui a um mês. A programação de eventos internacionais, pelo menos os relevantes, exige agendamento com antecedência de no mínimo seis meses. Chama a atenção também o cronograma imaginado pelo ministro Martins: até o dia 10 de novembro as personalidades convidadas para o seminário ofereceriam sua contribuição. A partir daí, os 50 dias restantes para o fim do ano - e do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, e provavelmente menos tempo ainda até o início do recesso parlamentar, seriam dedicados ao trabalho de concluir o projeto a ser apresentado ao Congresso, incorporando as novas sugestões dos convidados do ministro às 633 que foram aprovadas pela Conferência Nacional de Comunicação realizada em dezembro do ano passado em Brasília.

Resumo da ópera: tudo isso é jogo de cena. É claro que Lula, que detesta ser contrariado, anda cada vez mais irritado com o comportamento da imprensa, que de fato não para - porque os fatos simplesmente se sucedem - de divulgar malfeitos do governo. E seus recentes arreganhos demonstram claramente isso. Mas ele é esperto o suficiente para perceber que o projeto de poder do Partido dos Trabalhadores ainda não avançou o suficiente para permitir iniciativas de ostensivo "controle social da mídia", que seriam vigorosamente repudiadas, como têm sido, pela consciência cívica do País. De modo que é absolutamente improvável que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se disponha a mexer nesse vespeiro agora.

Já não se pode dizer o mesmo, por outro lado, do combativo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência. Franklin Martins tem uma história de lutas que fala por si. Aliás, essa é uma de suas grandes afinidades com Dilma Rousseff. Diferentemente de Lula, o pragmático esperto, para quem o que interessa é apenas o que convém a sua desmedida ambição de poder, Franklin Martins é "ideológico". Suas ameaças, portanto, devem ser levadas em consideração, para o futuro.

ANCELMO GÓIS

Tijolo por tijolo
ANCELMO DE GÓIS
O GLOBO - 09/10/10

Eike Sempre Ele Batista negocia uma parceria com um grande grupo imobiliário norteamericano, dono do cinematográfico Hotel Fontainebleau, de Miami.
Rádio Pregão
Um dos boatos que circularam nos pregões, quinta, foi que a queda das ações da Petrobras tinha a ver com um acordo assinado pela refinaria de Manguinhos com a estatal.

A empresa foi dirigida por Marcelo Sereno, o amigo de Zé Dirceu que não conseguiu se eleger deputado federal agora.
Picanha do vereador
A Câmara de Rio Bonito, RJ, aprovou lei que dá 50% de desconto nas churrascarias a... exobesos que fizeram cirurgia de redução de estômago. Multa para quem descumprir: R$ 3.600.

Um morador da cidade apresentou ação no MP do Rio em que questiona a relevância da lei. Segundo ele, alguns vereadores...

fizeram a operação
Subo nesse palco
Gilberto Gil será o anfitrião de um show com vários nomões da MPB (Erasmo Carlos, Lenine, Zeca Pagodinho, Herbert Vianna, Mart’nália, Dona Ivone Lara etc.) que vai virar CD.

Será quarta agora, no Teatro Tom Jobim, no Rio. É para festejar dez anos da Rádio MPB FM.
Boletim médico
Daisy Lúcidi, a atriz que vive a malvada vovó Valentina na novela “Passione”, da TV Globo, baixou numa clínica ortopédica de Ipanema com dores lombares.
Sem grana pública
O governo federal costuma pingar uns R$ 150 mil para ajudar na divulgação internacional dos filmes brasileiros indicados ao Oscar.

Mas Barretão, o Sr. Cinema, recusou a ajuda, no caso, para “Lula, o filho do Brasil”.
Na geladeira
Os Correios suspenderam o comercial que fariam com o nadador César Cielo, patrocinado pela empresa.

É que Cielo teria subido ao pódio com um casaco que não era da companhia. O que a Rádio Corredor diz é que o atleta estaria descontente com o valor do patrocínio (R$ 100 mil anuais).
Segue...
Quem vai substituir Cielo no comercial é Falcão, jogador de futebol de salão.

As gravações começam semana que vem. A produtora contratada é a Cine.
‘Ô, loco, meu!’ O shopping Butantã, o mais próximo do Morumbi, onde essa banda Rush tocou ontem, em São Paulo, cobrou, acredite, R$ 100 de quem parou em seu estacionamento para ir ao show.

Do lado de fora, os flanelinhas pediam... R$ 150! Deve ser terrível... você sabe.
ZONA FRANCA
A Cena Muda, de Adda Maria Guimarães, faz exposição e venda de edições raras da obra infantil de Monteiro Lobato.

Nasceu Isabela, bisneta do casal Bernardo Cabral e Zuleide.

O escritório Montaury Pimenta Machado & Vieira de Mello teve dois profissionais listados na publicação internacional “Líderes Mundiais em Licenciamento de Patentes e Tecnologia”.

Fitá lança o blog blogfita.com.br.

Grupo Meskla abre o show de Wanessa Camargo na Fan Party, na Le Boy, segunda.

Hoje, no Cinemark Downtown, ao vivo, o “O ouro do Reno”.

José Grimberg, da Bergut, faz degustação às cegas de espumantes na loja do Castelo, no Rio.
Marina Kahlo
A última edição da “Vogue” italiana cobre Marina Silva de elogios. Não só politicamente.

A revistona chega a comparála a Frida Kahlo (na foto acima, à esquerda): “Como Frida, ela não perdeu suas características, mesmo tendo galgado o poder. Suas estampas, seus cintos, seu cabelo, seus acessórios étnicos remetem à sua origem e à Floresta Amazônica.”
Veja a razão...
Frida Kahlo (1907-1954), a pintora mexicana que fez sucesso mundo afora, militou no PC em seu país e, como Marina, era uma guerreira e se vestia com roupas e acessórios originais.

No caso dela, as longas saias também eram para esconder sequelas da poliomielite e de um acidente entre um trem e um bonde, quando tinha 18 anos.
Solidariedade
Allan Turnowski, o chefe de polícia do Rio, foi ontem ao Hospital Pasteur prestar solidariedade ao juiz Marcelo Alexandrino Costa Santos, que teve o carro atingido por tiros de PMs, dia 2.
Natal gordo
Pesquisa da Fecomércio-RJ mostra que o Natal de 2010 promete ser o melhor dos últimos cinco anos para o comércio do Grande Rio.

A expectativa é de que o faturamento aumente 10,8% em relação ao Natal de 2009.
MAYA GABEIRA, filha de quem o nome diz, posa numa entrevista em que abre o coração (vai ao ar hoje no Portal iG): a bela diz que o pai é “careta” e a mãe, Yamê Reis, “é muito mais extrovertida”
MARLENE, VIVA ela!, prestigia o musical “É com esse que eu vou”, com a cantora e atriz Soraya Ravenle, em cartaz até amanhã no Teatro Oi Casa Grande

GOSTOSA

MERVAL PEREIRA

Voto religioso reavaliado 
Merval Pereira
O GLOBO - 09/10/10


O resultado das eleições presidenciais mostrou que a distribuição regional dos votos continuou basicamente a mesma da eleição de 2006, com as regiões mais pobres do país, inclusive na Região Sudeste, votando no governo, e Sul (com exceção do Rio Grande do Sul), Sudeste e Centro-Oeste indo para a oposição.

A influência dos católicos e evangélicos devido à polêmica sobre o aborto não teve tanta importância quanto atribuem no resultado final.

As conclusões são do cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC do Rio, especialista em geografia eleitoral. Ele comemora que já está se tornando comum o uso de mapas para definir melhor o que aconteceu nas eleições: "Há uns dez anos, lançamos um livro chamado "Comunicação cartográfica", em que chamávamos a atenção para a importância do mapa como forma de comunicar a informação.

Hoje, os grandes jornais estão dando destaque aos mapas, mostrando a distribuição dos votos de cada candidato, o que é muito bom para entendermos o que está acontecendo no país", diz ele.

Existem nove estados que detêm 75% do eleitorado. Desses, Dilma ganhou em cinco: Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio e Rio Grande do Sul, e agora terá governadores eleitos para ajudá-la no segundo turno.

Em contrapartida, aliados de Serra ganharam em quatro desses estados: Minas, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Dilma ficou num número intermediário entre a votação de Lula em 2002 - quando teve 46% - e em 2006, quando teve 48%. Nesta eleição, ela teve 47%, o que demonstra que o PT estabeleceu nas últimas três eleições um patamar.

Já Serra, que teve 33% dos votos este ano, teve mais votos que em 2002 - quando obteve 23% -, mas menos do que o PSDB teve em 2006 com Alckmin, que foram 42%.

Esses nove pontos percentuais foram para Marina, já que Dilma ficou no mesmo nível das eleições anteriores do PT. Marina recebeu também os nove pontos que, em 2006, foram dados a Heloísa Helena (6%) e Cristovam Buarque (3%).

Isso quer dizer que Marina, com certeza, além dos votos verdes que em eleições anteriores foram para esses três candidatos, já que o PV não apresentou candidato próprio, foi o estuário desaguadouro de muitos votos, estimulados pelo seu discurso de que queria governar com o melhor do PT e do PSDB, quebrando a polarização: tucanos insatisfeitos com a campanha de Serra; petistas desapontados com o governo Lula, especialmente com as denúncias de corrupção; verdes propriamente ditos; e o voto religioso de evangélicos e católicos contra o aborto.

Romero Jacob, um estudioso da influência do voto religioso, vai contra a corrente e não considera que esse voto tenha sido decisivo, mas apenas mais um dos muitos fatores que impediram a decisão no 1º turno.

Nas três primeiras eleições, os evangélicos estiveram ao lado de Collor e Fernando Henrique, porque entenderam que o PT tinha o apoio das Comunidades Eclesiais de Base (CEB), de onde eram originários muitos dos fundadores do partido, explica Cesar Romero Jacob.

Em 2002, no primeiro turno, foram todos para o "irmão" Garotinho, cuja distribuição de votos no território nacional naquela eleição é muito parecida com a localização das igrejas pentecostais e as repetidoras da Rede Record de televisão, comandada pelo bispo Edir Macedo, como mostram estudos da equipe da PUC que Romero Jacob coordena.

No segundo turno, eles se dividiram: a Igreja Universal ficou com Lula, e a Assembleia de Deus, com Serra. Em 2006, houve certa onda de que Alckmin era da Opus Dei, grupo católico mais conservador, e de novo o voto evangélico se dividiu.

Mas, adverte Romero Jacob, o fato é que, tirando a candidatura de Garotinho em 2002 e a do Crivella no Rio de Janeiro, esses votos se diluem.

De qualquer forma, Romero Jacob diz que, mesmo que sem querer, os grupos católicos e evangélicos ganharam a certeza de que nenhum dos candidatos levará adiante projetos de casamento gay e descriminalização do aborto, independentemente do que eles pensem.

Mas também aí esse movimento não é uniforme. Existe um grupo chamado Católicas pelo Direito de Decidir, um grupo minoritário, mas que defende o direito de a mulher decidir sobre o aborto.

Do mesmo modo existe um movimento católico chamado Diversidade Católica, pela não discriminação dos gays no mundo católico, e entre os evangélicos existe a Igreja Cristã Contemporânea, dissidente da Igreja Universal, que aceita o casamento gay.

É claro, diz Romero Jacob, que para os líderes religiosos é bom que se diga que foi a polêmica que causou o segundo turno, pois isso aumenta o cacife político deles nesse jogo de pressões.

Entre os fatores que influíram no resultado final, Romero Jacob inclui a abstenção mais alta, com maior incidência no Norte e no Nordeste, onde Dilma teve desempenho melhor. E a abstenção foi menor justamente no Sul e no Sudeste, onde Serra foi mais bem votado.

Romero Jacob acha inclusive que os institutos de pesquisas erraram ao não perceber que a abstenção iria aumentar - de 16% para 18% - devido a questões climáticas, como a seca na Amazônia, que impede o ribeirinho de sair de casa, ou no Nordeste, por causa da exigência do documento com foto para votar ou a dificuldade de votar em seis candidatos, deixando o voto para presidente em último lugar.

A distribuição dos votos pelo território nacional é muito semelhante à da eleição de 2006, constata Romero Jacob: o Norte e o Nordeste, a metade norte de Minas e o sul do estado, Rio de Janeiro, Espírito Santo e o Rio Grande do Sul com Dilma, mas o Sul do Brasil, o Centro-Oeste, parte de Minas e São Paulo com Serra.

Mais uma vez o bolso influiu na eleição, ressalta Romero Jacob, com as regiões exportadoras votando contra o governo por causa da valorização do real, e as regiões beneficiadas pelo Bolsa Família e outros programas assistencialistas, a parte mais pobre do país, ficando com Dilma.

Os reflexos econômicos em ambos os casos perpassam toda a cadeia produtiva local, e o mercado interno das regiões, beneficiadas ou prejudicadas pelas ações do governo.

Em linhas gerais, onde o governador ganhou, o candidato a presidente daquela base ganhou também. A única exceção foi Minas, onde o tucano Antonio Anastasia teve 60% dos votos, e Serra teve 30%.

RUTH DE AQUINO

Uma enorme hipocrisia eleitoral
RUTH DE AQUINO


REVISTA ÉPOCA

O debate sobre o aborto é uma manobra primária. Dilma e Serra têm opiniões parecidas sobre o tema

Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br
O resultado do primeiro turno agitou alguns personagens e desmascarou vários. É a coceira do poder. A traição aos outros e a si mesmo é o tempero básico do banquete eleitoral. Quem não tem estômago de político digere mal a deslealdade, mas os candidatos comem e rezam conforme o voto da massa. É positivo para o Brasil ter a chance de aprofundar o debate inteligente e real. Vamos conseguir?
É positivo que as urnas tenham forçado Serra e Dilma a mostrar mais a cara e formular compromissos de governo. É mais fácil para o político trair promessas verbais, assopradas no calor da carreata, do que cartas públicas à nação. O Brasil não deu um cheque em branco a Lula – terá sido, no máximo, um cheque pré-datado e ao portador, caso sua candidata vença no dia 31 de outubro.
Quem diria que uma ex-ministra caída em desgraça no governo do PT se tornaria a maior responsável pelas olheiras fundas e arroxeadas de Dilma no domingo após a eleição?
Começaram, ali, as cenas constrangedoras. Lula não apareceu ao lado de Dilma no discurso da “derrota”. O candidato a vice, Michel Temer, do PMDB, parecia estar num velório – mas já sibilava a cobrança do poder compartilhado. Era um bando de engravatados num cortejo fúnebre. A maquiagem pesada da petista não escondia o abatimento, Dilma mancava com a torção do tornozelo. Achei que ela tinha chorado.
A bateria de críticas à criatura partiu do criador – como se o presidente nada tivesse a ver com o resultado. Dilma tem de descer do salto alto, abandonar o púlpito, ignorar o marketing, misturar-se à multidão, dizer que é contra o aborto, esquecer a plataforma do PT sobre o assunto, mostrar-se mais humilde, religiosa, atrair Marina Silva de volta, abraçar as árvores, os pobres. Tem de respeitar a imprensa. Não é mole não. Os governadores aliados criticaram o destempero recente de Lula. Antes, aplaudiam babando.
Serra redescobriu o esquecido Fernando Henrique e seu legado. Aécio Neves, já triplamente vitorioso em Minas, redescobriu Serra. Itamar Franco, eleito senador na cola de Aécio, redescobriu sua verve: “Seja mais Serra e menos marketing”, disse ao tucano.
O debate sobre o aborto é uma manobra primária. Dilma e Serra têm opiniões parecidas sobre o tema
No terreno minado do PV, os verdes deram entrevistas grupais, bradando ao microfone. Marina precisou enquadrar a fome dos companheiros por cargos. Eles ameaçaram não seguir sua orientação. Mas foi o discurso inteligente e inovador de Marina que mudou o jogo e valorizou a sigla. Uma forma diferente de fazer política, lembram?
“Eu me sinto traído”, disse Lula em 2005, referindo-se aos companheiros aloprados do mensalão. Com o PT, afirmou, tinha desejado “construir um instrumento político que pudesse ser diferente de tudo que estava aí”. Mas traiu a si mesmo. Posou rindo com Collor. Alguém lembra o rosto compungido do vice José Alencar? Lula sustentou Sarney, apoiou Renan Calheiros e engoliu Temer.
O que se faz agora com o aborto é uma das maiores hipocrisias eleitorais da história. Nem Dilma nem Serra jamais defenderam o aborto em si. Ambos têm posição parecida e alinhada com as democracias europeias, entre elas um dos países católicos por excelência, a Itália. PSDB e PT já defenderam a descriminalização do aborto. O PV também. Serra e Dilma gostariam que o Brasil debatesse o aborto à luz da saúde pública, para evitar a prisão ou a morte de mulheres pobres em clínicas clandestinas. Lula cansou de defender o mesmo. Está quietinho.
A coisa é tão complicada que levou Serra a cometer uma gafe: “Nunca disse que sou contra o aborto, porque sou a favor. Ou melhor, eu nunca disse que era a favor do aborto porque sou contra o aborto. Sou contra”.
Há muitos motivos para votar ou não votar em Dilma ou em Serra. E não é a religião que os distingue. É inacreditável que uma manobra tão primária ofenda o Estado laico e o eleitor inteligente. Dilma não é uma feiticeira do século XXI. Mas, com medo, posa de carola, refém de padres e pastores. Nossos candidatos agora são verdes e beatos desde criancinhas. Com isso, traem suas convicções. Provavelmente, veremos Serra e Dilma rezando no próximo debate. Haja fé.

SERRA PRESIDENTE

MÔNICA BERGAMO


OS GENERAIS DA TROPA 

MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/10/10

No balanço que o PT fez para entender os motivos que levaram a eleição para o segundo turno está a centralização da campanha, em que só Dilma Rousseff (PT) e Antonio Palocci (PT-SP) tomam decisões -e, em menor grau, José Eduardo Cardozo e José Eduardo Dutra. Dirigentes partidários avaliam que eles se baseavam exclusivamente em pesquisas internas para ditar o rumo do marketing -e elas não captaram a virada de votos entre os evangélicos. Já lideranças e candidatos nos Estados conseguiam prever o fenômeno ao verem pastores pregando contra Dilma.

TELEFONE MUDO
De acordo com os mesmos dirigentes, a coisa mais difícil é um dos três atender a telefonemas de lideranças do PT nos Estados. "Eles achavam que iam ganhar as eleições sozinhos."

FORA DA CURVA
E por falar em pesquisas, o Vox Populi decidiu suspender a divulgação, na internet e na TV, dos trackings, pesquisas diárias da eleição presidencial. Na última delas, o instituto previa a vitória de Dilma no primeiro turno por boa margem sobre seus adversários.

VERDES DO DEM
No Rio Grande do Norte, onde Dilma Rousseff (PT) teve 51,7% dos votos, contra 28,1% de José Serra e 19,1% de Marina Silva, o PV se aliou à governadora eleita Rosalba Ciarlini (DEM) e ao senador reeleito José Agripino Maia (DEM). Eles assumiram a coordenação da campanha de Serra no Estado. O partido indicou também o suplente de Garibaldi Alves Filho (PMDB), que também se reelegeu para o Senado.

CAMPO MINADO
Oscar Maroni, o célebre dono da boate Bahamas, obteve liminar para que o MST desmonte o acampamento na entrada da Fazenda Santa Cecília, em Araçatuba, que pertence ao empresário e foi invadida em setembro do ano passado. Além da desocupação, a Justiça determinou que os sem-terra não poderão ficar a menos de 20 km do local e pagarão multa diária de R$ 5.000 em caso de descumprimento.

DA SALA DE JANTAR
O compositor Jorge Mautner, o sociólogo Hermano Vianna e os artistas Guto Lacaz e Lenora de Barros, entre outros, reinterpretaram com textos e ilustrações as músicas do disco "Tropicália ou Panis et Circensis", de 1968. O resultado é o livro com o mesmo nome, organizado por Ana Oliveira, que será lançado em novembro.

PREGÃO
As 70 peças que compõem a instalação de Rosangela Rennó na Bienal de São Paulo, entre fotografias, câmeras e flashes, serão leiloadas no dia 9 de dezembro. A artista ainda não decidiu o que fará com o dinheiro arrecadado.

SONINHA E O ABORTO:

"DISCORDO DO MEU CANDIDATO" Soninha Francine, coordenadora da campanha de José Serra (PSDB-SP) na internet, já declarou publicamente que fez aborto. Ela discorda da posição do candidato sobre o tema. Mas diz que ele tem "direito de opinar":

Folha - Você já declarou que fez um aborto.
Soninha Francine - Sou a favor da mudança da lei [para descriminalizar o aborto].


O que acha de o tema voltar à pauta eleitoral?
Toda vez que esse tema entra em pauta, gera reações. E que elas sejam extremadas não é novidade, e não é só no Brasil. Agora, na eleição ele teve mais repercussão do que efeito no resultado. Ele estava presente o tempo todo. Nas primeiras sabatinas e entrevistas, sempre surgem essas pautas de aborto, união civil de homossexuais. As organizações contra a legalização do aborto se manifestam sempre energicamente.

O Serra defende que a lei seja mantida.
Ele sempre disse isso. A Dilma quase sempre também disse isso.

Pela lei [que prevê detenção de até três anos para aborto], você poderia ter sido presa.
Mas eu sou a favor da mudança da lei! Nesse ponto eu discordo do meu candidato.

Ele está equivocado?
Eu discordo.

Os candidatos estão emparedados pela igreja?
Não, o Serra sempre teve essa opinião. Se ela é pautada por uma visão religiosa ou pragmática, diferente da minha, é opinião dele. As minhas opiniões provavelmente façam com que eu perca votos. E é assim que é, que funciona.

Não é complicado homens públicos invocarem valores na discussão, já que o Estado tem que ser laico?
O Estado tem que ser laico, mas as pessoas podem ter suas convicções religiosas. A discussão sobre células-tronco passou por isso. As instituições não têm o direito de impor suas crenças para o conjunto da sociedade. Eu sou budista e não mato nem pernilongo. Mas não vou combater a dengue por isso?

Os candidatos estão debatendo o aborto como questão de saúde pública?
Eles se manifestam com cuidado. O que me interessa no debate eleitoral em relação à Dilma é ela ter dado declarações contraditórias.

FILME COLORIDO
Ana Paula Arósio foi junto com o marido, Henrique Pinheiro, à pré-estreia de "Como Esquecer", anteontem, no Espaço Unibanco. No filme da diretora Malu de Martino, a atriz interpreta Júlia, uma professora homossexual.

CURTO-CIRCUITO

A banda SpokFrevo Orquestra se apresenta hoje, às 21h, e amanhã, às 18h, no Sesc Pompeia. Classificação: 12 anos.

A amazona Luciana Diniz promove clínica de saltos de hoje até segunda no haras Larissa, em Monte Mor. Na segunda, também faz festa de seu aniversário de 40 anos.

O Mackenzie e a Avon promovem hoje, a partir das 10h, ações de conscientização sobre o câncer de mama, no prédio na universidade, na rua da Consolação.

com DIÓGENES CAMPANHA e LÍGIA MESQUITA

CLÓVIS ROSSI

Um silêncio covarde
CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/10/10

Brasil se cala novamente a respeito da proteção dos direitos humanos, agora no Prêmio Nobel da Paz


QUE ENSURDECEDOR -e triste- silêncio do governo brasileiro em relação à concessão do Nobel da Paz ao dissidente chinês Liu Xiaobo.
Nem precisava manifestar "grande alegria", tal como o fez, no ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se referir a idêntico prêmio para seu colega Barack Obama.
O Itamaraty alega que chefe de Estado premiado é uma coisa, dissidente é outra. É claro que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, mas parece-me muito mais digno manifestar alegria pela premiação de quem luta pelos direitos humanos do que pela do presidente de um país que estava -e continua- envolvido em duas guerras.
Para tornar ainda mais moral e eticamente inaceitável o silêncio, há o fato de que, na mensagem a Obama, Lula mencionara Martin Luther King e "sua luta pelos direitos civis". Ora, Liu também luta pelos direitos civis. Não merece idêntico respeito?
Convém lembrar também que o governo estaria obrigado até constitucionalmente a manifestar-se, posto que o artigo 4 da Constituição cita a "prevalência dos direitos humanos" entre os princípios a serem utilizados pelo Brasil em suas relações internacionais.
De que tem medo o governo Lula quando se trata de violações aos direitos humanos que envolvem ditaduras?
Os Estados Unidos mantêm com os chineses relações intensas, obtiveram deles até a aprovação das sanções ao Irã, gesto a que o Brasil se recusou.
Ainda assim, na mensagem que emitiu a propósito do Nobel para Liu, Obama ousou pedir ao governo chinês que "solte o sr. Liu o mais depressa possível".
Já o Brasil pediu ao Irã que libertasse a francesa Clotilde Reiss e, mais recentemente, uma americana, até por pedido do Departamento de Estado. Nem por isso, o Irã rompeu relações com o Brasil. Que custo teria já nem digo pedir a libertação de Liu mas, ao menos, soltar uma nota parabenizando-o?
Depois, as autoridades brasileiras resmungam quando o país é criticado por seu silêncio na questão de direitos humanos ou, pior ainda, por dar, mais de uma vez, a impressão de que apoia a repressão aos dissidentes no Irã ou em Cuba.
Crítica, de resto, feita até por acadêmicos que, no conjunto da obra, aplaudem a atuação da diplomacia brasileira.
Direitos humanos, convém repetir até a morte, não é uma questão interna de cada país. É universal.
Como pode um governo que paga indenizações a vítimas de uma ditadura - como, de resto, é justo que o faça- silenciar ante vítimas de outras ditaduras?
Apenas em nome dos negócios com a China? Não é eticamente aceitável, mas, ainda que o fosse, convém anotar cálculos de Kevin P. Gallagher, professor associado de Relações Internacionais da Boston University: para ele, 30% das exportações brasileiras de manufaturados estão sob ameaça direta da produção chinesa, pelo avanço desta nos mercados da América Latina e do Caribe, e mais 54% sob ameaça indireta, que é quando a fatia de mercado da produção latino-americana aumenta a um ritmo inferior ao da China.

JOSÉ SIMÃO

Buemba! Aborto é tendência!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/10/10

Ereções 2010: aborto, homofobia. O próximo presidente vai ser O HOMEM DE NEANDERTAL!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Hoje no Brasil só se fala em aborto. Até uma modelo me perguntou: "Aborto é tendência?". É sim, aborto vem com tudo neste verão. Rarará! Banda do momento: Aborto Elétrico!
E manchete do sensacionalista: "Dilma virou freira pra agradar religiosos". "Já estou há anos em abstinência involuntária mesmo." Rarará! E o Serra virou pastor evangélico. Só anda pendurado em evangélico. Virou cabide de evangélico! E atenção! Efeito Tiririca. Olha esse supermercado em Cajamar: Supermercado Ponto SERTO. A única palavra que não se pode escrever errado é a palavra SERTO! E esse ônibus de turismo em Rio Branco: "Ônibus de ESCUÇÃO". Escução é excursão de quê? Tô dentro. Rarará!
E o Lula tá sacaneando a Dilma. O Lulalelé quer que a Dilma Rouchefe vá aos comícios sozinha. Que sacanagem. Muy amigo. Ela só tem que levar o projeto de governo: o ponto eletrônico. Aí ele fica do outro lado: "Fala çim com ce cedilha, sua burra!". Rarará! E a Marina, hein? "PV ensaia rebelião contra Marina." Expulsaram a santa. Ela vai ter que tocar a campainha do PV! Aí eles olham pelo olho mágico: "Ah, é a Marina, não abre".
E uma amiga minha tá revoltada com as cobradoras de pedágio. Não é pelo preço. É que elas ficam dizendo pro marido dela: "O senhor não quer PÔR SEM PARAR?". Rarará. Qualquer dia ela desce e arma um barraco no pedágio! E tá a fim de onda verde? Senta no colo do Hulk. Pega no pinto do Shrek. Rarará!
Olha, Dilma e Serra. Dou um pelo outro e não quero o troco!
O BRASIL VIROU O IRÃ, Parte 2! Indio ataca ou não ataca os gays? Polêmica! O vice do Vampiro, Indio da Costa, se juntou a pastores para atacar gays. Depois ele desmente! Mas vive em reunião com o pastor Malafaia! Homofóbico raivoso! Num tô entendendo mais nada! Pelo sim, pelo não: todos para o forte Apache. Bibas do Brasil, todos para o forte Apache. Ataque de índio! Rarará! Gay já sofre ataque de pitboy e ataque de neonazista. Agora tem ataque de índio?
Ereções 2010: aborto, homofobia. O próximo presidente do Brasil vai ser O HOMEM DE NEANDERTAL! Rarará! Allan Kardec, me tira daqui! Ai que saudades do Brasil. Ai que saudades da Lacraia. E da "Eguinha Pocotó"! Rarará! Ainda bem que nóis sofre, mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

GOSTOSA

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

No meio do caminho
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/10/10

Apesar da necessidade de atrair o eleitorado de Marina Silva, José Serra sabe que não tem como se comprometer com a rejeição ao novo Código Florestal, um dos principais itens da pauta que a senadora verde gostaria de ver abraçada por quem deseja seu apoio. O assunto é motivo de aflição na campanha do tucano, bem votado no cinturão do agronegócio.
Ciente das dificuldades enfrentadas por Serra, o presidente da Câmara e companheiro de chapa de Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (PMDB), acena aos "marineiros" com a possibilidade de, no mínimo, adiar a votação da matéria para 2011.

Código 1 Caberá a Temer conduzir a discussão no colégio de líderes, em novembro, que ditará o cronograma de tramitação do Código Florestal. Se avançar qualquer aproximação Marina-Serra, Temer poderá acelerar o rito, já que existe, entre as bancadas, cenário favorável a um acordo para a votação.
Código 2 O PV discorda da redução, para desmatamento, da reserva legal e da anistia a crimes ambientais anteriores a 2008. Mas pequenos, médios e grandes produtores defendem o texto de Aldo Rebelo (PC do B-SP). Nas áreas ruralistas, Serra só perdeu no primeiro turno em Goiás, no Rio Grande do Sul e no Triângulo Mineiro.
Pop Mesmo fora do segundo turno, Marina continua a enviar sua agenda diária à imprensa. Bem ou mal, a verde segue com espaço cativo no "Jornal Nacional".
#prontofalei De Plinio de Arruda Sampaio (PSOL) no Twitter: "Marina está apoiando a Dilma transversalmente. Sem apoiar, apoiando. Por isso, insisto em que é a mais demagoga".
Oremos A superdosagem do tema religião no programa de reestreia de Dilma atendeu a apelo de apoiadores segundo os quais o que fosse levado à TV ontem repercutiria nas missas e nos cultos do fim de semana.
Ajuste fino A coordenação da campanha diz que Dilma tenderá a fazer menos comícios e optar por caminhadas devido à agenda apertada. Mas, para alguns aliados, a mudança decorre da avaliação de que a petista "é ruim de palanque".

Ponta Apesar das cobranças do PMDB, o vice Michel Temer apareceu menos de três segundos no programa de Dilma, ontem, no horário eleitoral gratuito.
Repescagem A campanha de Dilma negocia o apoio formal do PP, não obtido no primeiro turno. Se der certo, o partido passará a contar com um representante na coordenação da campanha. Os pepistas mais entusiasmados com a ideia dizem que o anúncio pode ser feito na próxima semana.
Cooperativa Depois do embate entre Aloizio Mercadante e Marta Suplicy pelo comando da campanha de Dilma em São Paulo, o PT local decidiu descentralizar os trabalhos. Um colegiado com representantes de todos os partidos da aliança está tomando decisões e montando uma agenda de eventos para responder aos tucanos, que já rodam o Estado.
Protetor solar No feriado prolongado, Gilberto Kassab (DEM) irá à praia como parte da maratona de segundo turno empreeendida pela campanha de José Serra. O prefeito paulistano percorrerá quatro cidades para distribuir uma carta de agradecimento pela votação conferida ao candidato tucano no primeiro turno. Ubatuba está no roteiro de amanhã.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI
tiroteio

"Se cabe ao Lula decidir quem apanha, amanhã posso ser eu, pode ser você."
DE JOSÉ GREGORI, secretário paulistano de Direitos Humanos, sobre declaração do presidente ao inaugurar uma UPP em Manguinhos no Rio; segundo ele, a polícia irá ao local "pra bater em quem tem que bater".
contraponto

Titular e reserva
No domingo passado, ao comparecer à sua seção eleitoral no bairro do Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, o ministro das Cidades, Márcio Fortes (PP), encontrou Fernando Gabeira e o tucano igualmente chamado Márcio Fortes (PSDB), companheiro de chapa do candidato verde ao governo estadual.
Gabeira, que perdeu a disputa no primeiro turno para o governador Sérgio Cabral (PMDB), aproveitou a oportunidade para brincar com os xarás:
-Olha que privilégio, o meu! Votar com dois vices!

MAURO CHAVES

Recuperar o mérito
Mauro Chaves 
O Estado de S.Paulo - 09/10/10


O povo brasileiro descobriu que não ganha coisa alguma se só votar em quem se pensa que vai ganhar - seja por motivos fundamentados ou forjados pelas pesquisas. Está mudando aquela mentalidade de aderir, por antecipação, ao propalado vencedor. Sem dúvida, a ideia de "não perder o voto", com "prováveis" derrotados, tem raízes no velho patrimonialismo, pelo qual se queria sempre estar do lado do poder, para dele receber, quem sabe, alguma sinecura ou prebenda. Mas também tem que ver com o simples sentimento de torcedor: a sensação de ganho ou perda conforme o resultado obtido pelo time preferido, mesmo que tal resultado não implique alteração alguma na vida real do cidadão.

Parece que nestas eleições está ocorrendo a mudança do "voto de resultado" para o "voto de convicção", também em razão da estrepitosa desmoralização das pesquisas de intenção de voto - que se mostraram, como nunca, caixas-pretas inexplicáveis, quando não escandalosamente manipuláveis. Acompanhando a política nacional há muitos anos, nunca tinha visto tanta gente dizer que ia votar em quem acha muito melhor, mesmo duvidando muito de suas chances de vitória. Só isso já significa um largo passo no rumo da maturidade política brasileira. Mas há a expectativa de muitos outros, especialmente relacionados aos critérios com que se escolherá quem vai exercer, a partir do próximo dia 1.º de janeiro de 2011, a chefia de Estado e governo do Brasil.

No segundo turno da eleição presidencial, com dois candidatos dispondo de um espaço enorme (e rigorosamente equitativo) de comunicação na televisão e no rádio, cada qual com dois blocos diários de dez minutos - incluindo horário nobre na TV -, todos os dias e até aos domingos, afora os muitos "spots" de 30 segundos distribuídos pelas programações, não faltará condição alguma, nem de tempo nem de espaço, para as duas campanhas exibirem, com volume e profundidade, tudo o que já fizeram e pretendem fazer os seus candidatos em benefício público. Por outro lado, os debates na televisão obrigarão a um confronto direto, sem perguntas transversais, "tabelinhas" ou retrancas dos debatedores, para evitar tropeços.

A propósito, antes dos debates do primeiro turno, os analistas cobravam alto nível na discussão, propostas, planos de governo e ausência de confrontos agressivos. Mas depois dos debates - todos muito educados, sem nenhum laivo de grosseria - os mesmos analistas os julgavam "mornos", monótonos, soporíferos.

Tudo indica, agora, que neste segundo turno a contundência crítica será inevitável, ao mesmo tempo que será testada a capacidade que têm os dois candidatos de não ultrapassar os limites que os impeçam de entrar no campo da grosseria. É com esse confronto que os eleitores poderão comparar, finalmente, as qualidades dos que pretendem conduzir os destinos do País nos próximos anos.

Indague-se agora: de todas as qualidades que se exigem de quem pretenda governar um país, com as dimensões, a população e a importância no mundo que já tem o nosso, qual será a maior e mais urgente? Qual haverá de ter a maior influência na formação das nossas atuais e futuras gerações? Qual haverá de contribuir, decisivamente, para construir a qualidade de país que todos nós desejamos? Refletindo sobre o assunto, cheguei à conclusão de que, no atual momento brasileiro, a maior qualidade do governante será sua capacidade de recuperação do mérito - pois de todos é o valor mais destroçado no Brasil, nos últimos anos.

É preciso que, por sua biografia, história de vida, experiência pública e exemplo pessoal, quem pretende chefiar o Estado e o governo do Brasil tenha as melhores condições de recuperar o mérito do conhecimento, o mérito da capacidade de produção e o mérito do comportamento, no seio da sociedade brasileira.

Entenda-se por mérito do conhecimento a valorização do esforço pessoal do aprendizado - algo que nem a mais avançada tecnologia já conseguiu substituir.

Mérito da capacidade de produção é a aptidão - especialmente das pessoas públicas, o que no caso nos interessa - de fazer com que as coisas contidas nos papéis dos projetos, nos planos, nas promessas e nos discursos se transformem em realidade concreta, aconteçam de fato.

E mérito do comportamento é a simples qualidade - inata, dificilmente adquirida - de ser decente, probo, respeitador das leis, fiel guardião dos recursos públicos, jamais os utilizando ou deixando que se os utilize em benefício privado.

No mérito do comportamento da pessoa pública também estão a sinceridade e a firmeza de convicção, que a impeça de desmentir o que disse - ou de, simplesmente, mentir - em razão de suas conveniências eleitorais. Na verdade, poucas coisas têm causado maior abjeção, maior repulsa da população ao comportamento de integrantes da classe política brasileira do que a leviandade, a desfaçatez, o cinismo com que candidatos que assumiram determinada posição, devidamente registrada pelas câmeras de televisão, passam a assumir posição contrária e a acusar de caluniadores os que reproduzem aquilo que antes ouviram e viram sair de sua boca, ao vivo e em corres. Aliás, quando se vê o que tem circulado na internet - a mesma pessoa falando uma coisa ontem e o oposto hoje -, a sensação que temos não escapa de um misto de compaixão com náusea.

Recuperar o mérito significa, em suma, fazer crescer pelo próprio valor.
E isso é o melhor que o governante pode fazer pela sociedade - a de hoje e a de amanhã.

JORNALISTA, ADVOGADO,ESCRITOR, ADMINISTRADOR DE EMPRESAS E PINTOR

DILMA CABEÇA OCA

RUY CASTRO

Nova língua 
Ruy Castro 
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/10/10

Já vivemos sob o Big Brother – não o do Pedro Bial, mas o de George Orwell, com as câmeras que nos espionam no banco, na garagem, no elevador, na sorveteria, no sinal vermelho etc. Só nos faltava a Novilíngua. Não falta mais. Há uma língua sendo gestada no Brasil, e que não se pretende correta, autêntica ou mesmo eficiente. É apenas novidadeira – ‘trendy’ ou ‘fashion’, como ela própria se definiria.
Nessa nova língua, não se diz mais que tal ou qual coisa é antiga, vinda do passado. Diz-se que é ‘vintage’ – embora ‘vintage’ (ao pé da letra, vindima) se aplique em inglês ao que pertence a uma dada safra, ao que vem autenticamente de uma época. Mas é sempre assim, não? Por leveza ou ligeireza dos usuários, certas palavras, ao serem transplantadas à força de uma língua para outra, podem ter o seu sentido original alterado.
Daí que, na nova língua que se pratica aqui, e mais ainda no mundo da moda, algo corriqueiro, vulgar, normal, que não se afasta dos padrões estabelecidos, é agora chamado de ‘mainstream’. Em inglês, ‘mainstream’ é o curso d'água ou corrente principal, e se refere a um rio, mas pode se aplicar também a um estilo dominante na literatura, na música, no cinema. Entre nós, meio que vem substituir o que, até há pouco, costumava se chamar de – como era mesmo? – ‘ básico’.
Outro dia, ouvi o verbo ‘performar’, aplicado à candidata à Presidência Marina Silva. ‘Marina performou bem no Rio’, disse alguém, sobre a grande votação que ela teve aqui. Mas, não sei por que, ‘performar’ me parece assentar melhor à personalidade de Dilma Rousseff.
E a secretária de um médico acaba de me telefonar marcando um ‘apontamento'’para a semana. Isso era algo que, no passado, dizíamos de farra: ‘Vou te dar um anel para marcar um apontamento.’ Quis rir, mas me contive a tempo. A moça estava falando a sério.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Urna livre
SONIA RACY
O ESTADO DE SÃO PAULO - 09/10/10

Urnas abertas no Estado de São Paulo, a preferência dos presos provisórios - aqueles que aguardam, detidos, o julgamento - é....o PT. Pelo menos é o que mostram os números do TRE.
Entre os 1287 detentos-votantes, Dilma conseguiu 786 votos; Marina, 254, e Serra, 176. Para a governador, Mercadante saiu na frente, com 779 votos, seguido de Alckmin, 256, e por último Feldmann, 56.
Na disputa por uma cadeira no Senado, Marta teve a preferência de 522 presos; Netinho, de 514; Aloysio, outros 254, e Ricardo Young, veio com 149. Tuma, o xerife, também foi lembrado por 135 detentos.
Foi a primeira vez que os presos são autorizados a se manifestar eleitoralmente.

No limite
Guilherme Leal, vice de Marina, sai de circuito. Cansado, tira alguns dias de férias.

Temporal?
Emanuel Fernandes, deputado eleito por São José dos Campos, cobrou de Tasso Jereissati: "Você não tem o direito de deixar a vida pública". O senador não se conteve: "Cansei. Agora quero ganhar dinheiro e... gastar".
Temporal 2

Lula entrou pesado no marketing telefônico no Ceará, pedindo votos para José Pimentel. E derrubou o senador tucano.

Martelo
Sem posição em relação ao segundo turno, a diretoria da UNE se reúne hoje para decidir. São grandes as pressões para apoiar Dilma.

Tour de force
No segundo turno, Alckmin, Aloysio e Afif estão se dividindo com intuito de percorrer municípios paulistas em campanha pró-Serra.

Salto alto
Pelo jeito, Christian Louboutin, o badalado designer francês de sapatos, está satisfeito com a performance da sua loja no Shopping Iguatemi. Chega no Brasil semana que vem para estudar a montagem de uma segunda loja ... em Brasília. Não volta sem fazer um pit-stop no Rio.

Aleluia
A música gospel ganha prêmio para chamar de seu: o Troféu Promessa. Por meio de acordo da Som Livre com a EBF Comunicações, idealizadora da Expocristã.


Quase lá
O Uol está em negociação para compra da Diveo do Brasil.

Mulherada
A Duloren encontrou a polêmica que procurava. A propaganda em que uma mulher, usando apenas calcinha e sutiã, aponta crucifixo para um padre foi julgada pelo Conar. O comercial foi suspenso em votação unânime.

Relíquia
Mesmo internado, Belluzzo pediu para a diretoria do Palmeiras organizar uma festa, daqui 30 dias, quando o Parque Antártica será implodido para a construção da nova arena. Quer que torcedores levem pedaços do antigo estádio.

Borderô
Contas feitas, o São Paulo teve lucro líquido de R$ 1,3 milhão com o show do Bon Jovi, quarta, no Morumbi. Na mesma noite, o time jogou em Barueri, contra o Vitória, e arrecadou livre só R$ 60 mil.

Outdoor
Fora do Flamengo, Zico conseguiu manter seu contrato de patrocínio de R$ 1 milhão com a Locanty, empresa de lixo do Rio. Em lugar de usar camiseta com a logomarca, o ex-craque colocará placas promocionais no seu centro de treinamento.

Novos ares
Marcelo Rubens Paiva atacou de ator. O protagonista da peça O Predador Entra na Sala - escrita por Paiva - saiu, a toque de caixa, para a maternidade esta semana. E ninguém melhor para substituí-lo do que o próprio autor.

De olho na areia
Maria Rita desembarcou ontem em Jericoacoara para participar de reality-show de músicos. Ainda sem nome.
Serão 13 programas ancorados por Davi Moraes. Para o verão.

Na frente
Não se fala em outra coisa, no Hospital Sírio-Libanês, a não ser da implantação do Berlin Heart em Romeu Tuma. Os médicos estão fascinados com o aparelho

André Abujamra faz pocket-show, na Livraria da Vila do Cidade Jardim. Terça.
Com 43 participantes, o X Colóquio Internacional de Direitos Humanos, da Conectas, começa segunda. No Itaú Cultural e na Direito GV.

Nem bem terminou o primeiro Festival SWU, em Itu, e Eduardo Fischer já começa a fechar contratos para o SWU 2. No ano que vem.Aviso: o banho no SWU será contado; sete minutos. Depois o chuveiro trava. Tudo em nome da mãe natureza.

GOSTOSA

MÍRIAM LEITÃO

Brilho que esconde 
Míriam Leitão
O GLOBO - 09/10/10


As previsões econômicas de crescimento estão aumentando. Já se fala em 8%. Esse número exuberante esconde vários desajustes: as contas públicas estão desequilibradas, o déficit em conta corrente de US$ 50 bilhões pode chegar a US$ 100 bilhões no ano que vem. Só no setor automobilístico, o Brasil vai ter US$ 5,7 bilhões de déficit comercial.

Os preços da cesta básica estão subindo.

O FMI alertou para o risco de que no Brasil esteja acontecendo um superaquecimento e há temores de que o mercado de crédito esteja começando a viver uma bolha.

Quando se compara o nível de crédito/PIB do Brasil com o de outros países, parece não haver risco de bolha de crédito. O problema vem do ritmo acelerado demais de crescimento do endividamento das famílias.

Os juros no Brasil são tão mais altos que em outros países, que é arriscado fazer apenas uma comparação estatística da relação do crédito com o PIB.

A maior fonte de preocupação é o gasto excessivo e nenhum horizonte de que isso será enfrentado. A candidata do governo, Dilma Rousseff, parece sequer ter entendido certos rudimentos da teoria econômica. Ela repete que o Brasil não precisa de ajuste fiscal e que não há relação entre gasto público e câmbio.

O Brasil é um país cujo governo tem déficit. Isso significa que ele gasta mais do que arrecada: não só não contribui com a formação da poupança, como despoupa.

Para crescer, o Brasil precisará de uma taxa de investimento de 22%, pelo menos. Hoje, a taxa de poupança brasileira é de 18%.

Isso faz com que o país tenha que absorver poupança externa. Essa entrada de dólares derruba a cotação da moeda americana e valoriza a moeda brasileira. Com um déficit nominal persistente, uma dívida interna de R$ 2 trilhões e nenhum sinal de ajuste fiscal no horizonte, os juros têm que permanecer altos. O que eleva ainda mais o custo da dívida e atrai ainda mais dólares, já que no mundo os juros estão próximos de zero. Quando o governo corta gastos, ajuda a reduzir a demanda, o que reduz pressão sobre a inflação. Em suma: com redução do gasto público haverá menos inflação, os juros podem cair mais rapidamente, sem o risco inflacionário, haverá menos entrada de dólares pelo diferencial de juros, e o país precisará de menos poupança externa para crescer.

O candidato de oposição José Serra não ajuda muito quando dá sinais de aumento de gastos com despesas permanentes, quando promete elevação de salário mínimo para R$ 600, aumento de 10% na aposentadoria e até, o que anda sendo cogitado na campanha, o fim do fator previdenciário.

Só um número para se ter ideia: o fator inventado para contornar a derrota da reforma previdenciária no governo Fernando Henrique ajudou o país a poupar R$ 40 bilhões.

O governo Lula está no meio de uma contradição na economia. O Ministério da Fazenda tenta desesperadamente conter a queda do dólar, mas é exatamente ela que tem ajudado a criar a falsa impressão de que todos os bens antes inacessíveis agora podem ser comprados. O dólar baixo barateia viagens internacionais, produtos eletrônicos, bens de consumo duráveis. Quem se atrasou para reservar passagens para fora nesse feriadão, tem que se contentar em ficar em casa. Os vôos estavam todos lotados.

O Brasil em 2005 importou 100 mil carros. Este ano está importando 700 mil.

Exportava 900 mil, e agora, 700 mil. Só que nós vendemos produtos mais baratos e importamos bens sofisticados e peças, e, por isso, o déficit do setor é de US$ 5,7 bilhões.

- Há luz amarela na balança comercial. Somos o quarto maior mercado consumidor e apenas o sexto maior produtor. Essa diferença está sendo suprida por importados, embora o setor ainda tenha uma ociosidade de produção de quase um milhão de veículos - diz o presidente da Fiat e da Anfavea, Cledorvino Bellini.

Segundo Bellini, há duas dificuldades para a retomada das exportações: o real valorizado e os gargalos na infraestrutura: - É o tradicional dever de casa que precisa ser feito. O governo precisa reduzir os gastos para que os juros caiam e, ao mesmo tempo, melhorar a logística, investir em qualificação de mão de obra, diminuir impostos.

Sérgio Vale, da MB Associados, vê uma deterioração clara na política macroeconômica, com a introdução dos truques fiscais que conseguem mágicas como as de transformar dívidas em receitas para atingir o superávit primário. Isso, além do rombo nas contas externas. Na visão dele, os problemas estão se acumulando.

- Os desajustes tem se tornado evidentes e difíceis de contornar. O superávit primário não é mais os 4% de antes, está na casa dos 2%. O atual governo virou um apagador de incêndios, perdeu a capacidade de fazer política macroeconômica - diz Vale.

Por outros motivos - a seca, a sazonalidade, quebras de safras -, os preços dos alimentos estão subindo.

Nos últimos índices, o que mais subiu foi o preço dos alimentos. A inflação de serviços está em 7%. Se não fosse o dólar baixo, a inflação estaria mais alta. Isso significa que o dólar baixo, que tanto preocupa a Fazenda, é o que tem segurado a inflação.

Fazer uma bolha de crescimento é fácil. Basta ampliar a oferta de crédito, aumentar gasto público, elevar o salário mínimo e negar a necessidade de ajuste fiscal. O problema não é fazer um crescimento de 8% num ano. É sustentar taxas fortes de crescimento por longo tempo e com equilíbrio. A desmoralização dos indicadores fiscais e a gastança vão cobrar sua conta num futuro próximo.

CLÁUDIO HUMBERTO

“Aprendizes de mafiosos do PT provocaram o segundo turno” 
DEPUTADO CIRO GOMES (PSB-CE), NOVO COORDENADOR DE CAMPANHA DE DILMA ROUSSEFF

CIRO, O COORDENADOR DE DILMA, NÃO VOTOU NELA 
O deputado Ciro Gomes (PSB-SP), novo integrante da coordenação da campanha de Dilma Rousseff, não votou na candidata do PT a presidente. Ele estava em Fortaleza no dia da eleição, e como transferiu seu domicílio eleitoral para São Paulo, a pedido de Lula, que o queria disputando o governo estadual, este ano ele votou em trânsito. Ciro justificou a ausência em uma seção da Escola de Saúde Pública.

BRANCAS NUVENS 
Ciro também não votou no irmão, governador Cid Gomes (PSB), nem ajudou sua ex-Patrícia a se eleger deputada estadual pelo PDT.

EFEITO TIRIRICA 
O rompante de Lula (“a polícia bate em quem tem que bater”), sexta-feira, mostra o estrago da erva daninha: pior, não fica.

ALÔ, MP 
Segundo turno faz misérias. No DF, o governo Rogério Rosso estuda “aditivar” em R$ 30 milhões contratos da empresa pública Novacap.

BICHO MUITO DOIDO 
O Ministério da Saúde interrompeu a vacinação de cães e gatos contra a raiva. Muitos morreram. E como ficamos, às vésperas do 2º turno?

O PROBLEMA NÃO É O ABORTO, MAS A HIPOCRISIA 
Nenhuma mulher gosta de fazer um aborto. No Brasil, as mulheres se arriscam em clínicas clandestinas, sem assepsia ou médicos decentes. Nisso, a candidata Dilma está certíssima, como mulher e gestora pública. Católicas fazem aborto, ainda que o rejeitem: as circunstâncias falam mais alto que a fé. Dilma defendeu em entrevistas que essas mulheres sejam atendidas pelo SUS. Convenhamos, não é muito.

CONTA OUTRA... 
Com o SUS “à beira da perfeição”, como disse Lula, descriminalizar o aborto soa como piada, assim como a repentina “conversão” de Dilma.

FORO ÍNTIMO 
O corpo, “sagrado” ou não, pertence à mulher. Fiéis legítimas jamais abortarão. Eleitoras num estado laico dispensam hipocrisia no debate. 

PERGUNTAR NÃO É PECADO 
Após essa discussão medieval sobre o aborto, que tal os candidatos à presidência começarem a debater o apedrejamento de mulheres?

PEDE PARA CORRER 
Com seu “polícia bate em que tem que bater”, Lula já pode pedir emprego na Scotland Yard, que fuzilou primeiro e perguntou depois quem era Jean-Chales de Menezes. Te cuida, capitão Nascimento. 

SÓ NO PELOURINHO 
Quando soube da afirmação de Lula de que “a polícia bate em quem tem que bater”, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) bateu sem piedade: “Se existisse punição por espancamento no Código Civil, pelo menos dois ex-ministros da Casa Civil teriam ido ao pelourinho”.

TRAIÇÃO EM REDE 
Saiu do ar um post do “Blog da Dilma”, que na véspera da eleição chamou Marina de “traíra” e “ecochata” e “sem caráter para governar”. Assinado pela editora Jussara Seixas, foi retirado em 4 de outubro. 

CRIMES ELEITORAIS NO DF 
Houve vários flagrantes de banditismo eleitoral, ontem, em Brasília. Num deles, dirigentes da Secretaria de Educação se demitiram, após serem coagidos a fazer campanha para a candidata Weslian Roriz.

AGNELO NA FRENTE 
Na primeira pesquisa do instituto Exata para governador do DF, Agnelo Queiroz (PT) saiu na frente com 56%, contra 38% de Weslian Roriz (PSC). Foram 2 mil entrevistas. O registro no TRE tem nº 35185/2010.

EVITE LOCAWEB 
Quem precisa hospedar um site, deve passar longe de uma Locaweb. O serviço é ruim, amadorístico, a capacidade limitada e sai do ar com freqüência, sem aviso prévio, deixando clientes e internautas na mão.

PIADA BRASILEIRA 
Titulo de Eleitor é inútil até para votar, mas, sem ele, não se pode nem mesmo tirar CPF nos Correios, como ocorreu a uma leitora que acaba de completar 18 anos e que ainda não tem seu título.

O NOME EM VÃO 
A pastora e cantora gospel Cassiane está tiririca com Dilma: apareceu com outros evangélicos apoiando a candidata, em panfletos distribuídos no Nordeste e em Goiás, pouco antes da eleição. O “informativo” mostrava Lula e Dilma em “carta aberta ao povo de Deus”. 

OREMOS 
Deus, fé, valores sagrados. Quem viu Serra e Dilma na TV ontem pensou que os “pastores da noite” da TV aberta mudaram de horário...

PODER SEM PUDOR 
ALUGUEL DE CAPITAL 
O vice-presidente José Alencar contou certa vez que ainda era jovem quando pediu empréstimo ao irmão para abrir o próprio negócio, pagando-lhe juros de 1,5% ao mês. Um amigo, na época, ficou escandalizado:
- É crime! A Lei de Usura do Getúlio Vargas, de 1933, limita os juros a 1%!
Alencar tentou renegociar, mas o irmão desqualificou a “usura”:
- Não são juros, é o aluguel que você paga pelo uso do meu dinheiro...

"OS ESCROTOS"

SÁBADO NOS JORNAIS

Globo: Candidatos invocam Deus e se atacam na propaganda da TV

Folha: Escândalo nos Correios favorece os franqueados

Estadão: Na TV, Dilma e Serra falam de aborto e se dizem 'a favor da vida'

JB: Dilma e Serra ficarão frente a frente por 10 horas

Correio: O dia em que Brasília tremeu

Estado de Minas: BH vence guerra contra outdoor

Zero Hora: Consórcio espanhol se habilita à obra do Cais