quinta-feira, outubro 07, 2010

DORA KRAMER

Mano a mano 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 07/10/2010

Se o PT pode retirar o tema do aborto do programa aprovado pelo partido porque atrapalha a campanha eleitoral, com a mesma facilidade pode repor o assunto na agenda quando achar que não há mais obstáculos.

Esse tipo de gesto dificilmente convenceria alguém e poderia representar um grave risco para a candidata Dilma Rousseff: os grupos religiosos não ficariam satisfeitos, as pessoas que concordam com a descriminalização do aborto ficariam insatisfeitas e a campanha deixaria a impressão geral de que quis fazer todo mundo de bobo.

Conforme ficou demonstrado pelo resultado do primeiro turno, o brasileiro não está naquele estado de idiotia que se imaginou. Ainda sabe fazer umas contas, discerne razoavelmente umas coisas das outras e não se deixa levar pelo cabresto.

Por isso mesmo a maquiagem tem limite e, principalmente agora no segundo turno, os poderes do marketing também. Há controvérsia sobre o velho dito segundo o qual eleição do segundo turno é outra eleição.

Quem discorda fala da quase impossibilidade de primeiro e segundo colocados inverterem as posições. De fato, a virada não é a regra. Mas é um outro tipo de processo. Nele, há muito pouco espaço para enganação: o mano a mano põe os candidatos face a face numa luta sem segunda chance.

O horário eleitoral deve prender atenção do eleitorado muito mais: porque é mais curto - dez minutos para cada lado - e porque não tem mais aquele desfile de candidatos aos parlamentos.

São vinte e poucos dias de adrenalina. Nesse período conta muito menos a propaganda e muito mais a estratégia. Ou seja, a política, tudo o que faltou no primeiro turno.

Ambos os grupos adversários estarão com suas figuras de ponta eleitas e liberadas para cair na batalha. Há vantagens e desvantagens para Dilma Rousseff e José Serra.

Ela continua com duas imensas vantagens: o presidente Lula na chefia dos trabalhos e a dianteira de muitos milhões de votos.

Ele tem em seu favor o espaço de conquista de eleitores nos dois maiores colégios eleitorais, cujos governadores eleitos são do PSDB, e o ânimo renovado de militantes e eleitores pela possibilidade real de vitória, sentimento que tinha sido arquivado havia uns dois meses.

Dilma carrega passivos importantes: os ecos do escândalo Erenice Guerra, os temas polêmicos (aborto, imprensa, casamento gay, direito de propriedade) que o partido abraça e que o governo incorporou no Plano Nacional de Direitos Humanos 3, achando que a concessão à esquerda não renderia problemas e poderia dar até certo charme à candidata.

Serra vem de uma campanha horrível em que ele errou mais que todos, mas não errou sozinho. Achou que ganharia a eleição por gravidade, por sua bela formação, sua excelente trajetória. Esqueceu-se apenas de compartilhar essa maravilha com o País e de dar a ela uma forma política que pudesse construir na cabeça das pessoas uma representação de alternativa de poder.

O PSDB tem as próximas semanas para mostrar se tem unidade, vontade e inteligência para falar direito com o eleitor.

A grande vantagem do tucano é que a campanha não pode piorar.

Já os petistas que achavam que a campanha não precisava mudar nada, tiveram de se deparar com a dura realidade relatada pelos governadores na primeira reunião pós-primeiro turno. Aliás, realizada no Palácio da Alvorada, sob a égide da ilegalidade - para não perder o hábito.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, puxou o assunto e vários concordaram: Lula errou ao ser tão agressivo e o PT inteiro, candidata inclusive, ao se comportar como se a eleição estivesse ganha.

Consta que Lula prometeu ser elegante nos modos, que Dilma falará com Deus em público quando necessário e que os petistas serão humildes como discípulos de Francisco, o santo.

Isso com a colaboração de Ciro Gomes, que agora passa a integrar a coordenação de campanha, onde se prometeu também lugar de destaque para o PMDB.

Para quem? Para o partido que segundo Ciro pode ser definido como um "ajuntamento de assaltantes". Serão dias inesquecíveis.

MÔNICA BERGAMO

RASCUNHO ELEITORAL
MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/10/10

Além da abstenção, também o número de votos nulos entra nos cálculos de PT e PSDB para o segundo turno eleitoral. O mapa com os resultados de cada Estado mostra que nos Estados do Sul e Sudeste, por exemplo, eles foram pequenos -3,3% no Rio Grande do Sul, 5,2% no Paraná e 5,2% em São Paulo, reduto de José Serra. Já em Pernambuco, em que Dilma Rousseff (PT) abre ampla vantagem, os votos nulos chegaram a 11,5%; no Ceará, a 10,2%; na Paraíba, a 10%.

MAIS FÁCIL
O número maior de votos nulos em locais em que a população tem renda e escolaridade mais baixas conduzem à suspeita de que as pessoas não anularam seus votos de propósito -mas sim erraram ao ter que colocar tantos números para indicar cinco candidatos. Agora, tendo que indicar apenas o seu escolhido para a Presidência, isso deve diminuir.

MAIS TARDE
Marina Silva (PV) chegou a defender a realização de plenárias estaduais do PV para discutir para onde vai o partido no segundo turno. A conclusão é de que ela queria empurrar ainda mais para a frente a discussão. A proposta não vingou.

MELODIA
Em São Paulo, PV e PSDB se entendem. O vereador Floriano Pesaro (PSDB-SP) convidou Fabio Feldmann (PV-SP) para debater na Câmara a política nacional de resíduos sólidos. A ideia é mostrar que as duas legendas tocam de ouvido no Estado.

TORCIDA
O presidenciável José Serra (PSDB) visitou o presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, no Hospital Sírio-Libanês no domingo à noite. Ficou dez minutos com ele na UTI.

VOU ALI E JÁ VOLTO
E Belluzzo, que as enfermeiras do hospital elegeram como "o paciente mais paciente", conseguiu a liberação dos médicos para sair do quarto e visitar o ex-presidente José Sarney (PMDB-SP), que está internado no mesmo local.

VIVA MAITENA
O diretor Eduardo Figueiredo negocia o direito de outros dois textos da cartunista argentina Maitena.
Ele, que atualmente está em cartaz com a peça "Mulheres Alteradas", inspirada na obra da escritora, no Teatro Procópio Ferreira, quer montar "Superadas" e "Curvas Perigosas".

EDUCAÇÃO ARTÍSTICA
A artista Adriana Varejão foi convidada a dar uma palestra na Universidade Yale, nos EUA, no dia 14 de novembro, em um seminário sobre cultura no século 19. Ela falará de sua obra e de artistas que são referências em seu trabalho, como Debret, Pedro Américo, Taunay e Bordallo Pinheiro.

FAMÍLIA TOP MODEL
A modelo Yasmin Brunet desfilou ao lado da mãe, Luiza Brunet, no lançamento da coleção de verão da grife Bob Store. A atriz Thaila Ayala também subiu na passarela montada no espaço Contemporâneo, anteontem, no Morumbi. A ex-VJ Carla Lamarca assinou a trilha do desfile, e Matheus Mazzafera, o estilo.

PATRICINHA FRANCESA
Bárbara Paz e Ricardo Tozzi são os atores de "Hell", peça dirigida por Hector Babenco que estreou anteontem, no Teatro do Sesi. A atriz é Hell, uma jovem francesa que passa o tempo comprando roupas de grife e consumindo drogas.

"DIZIAM QUE EU ERA REPRESENTANTE DO DIABO"

Fernando Santos - 25.out.1993/ Folhapress

A senadora Eva Blay em debate sobre aborto, em 1993

Eva Blay (PSDB-SP), suplente de Fernando Henrique Cardoso que assumiu o Senado em 1993, quando ele virou ministro do governo Itamar Franco, apresentou um projeto para legalizar a prática do aborto no Brasil. Ela relembra que quase foi agredida por grupos religiosos "extremamente violentos" e diz não acreditar que a discussão tenha tirado votos do PT na reta final do primeiro turno eleitoral.



Folha - A senhora apresentou um projeto para legalizar o aborto e ele foi arquivado. Como vê o assunto voltar ao centro dos debates no Brasil?
Eva Blay - Está havendo uma confusão muito grande. Este é um problema da sociedade civil, que tem múltiplas posições a respeito da questão. E infelizmente determinadas igrejas ficam pressionando por uma questão que é de saúde pública.

Como foram as pressões na época do seu projeto?
Convidei pessoas das mais diferentes posições para um debate: cientistas, políticos, várias igrejas. Em Brasília existe um movimento católico carismático que é extremamente violento. Eles invadiram o Senado gritando e carregando cartazes que me agrediam muito fortemente. Diziam que eu era representante do diabo, fizeram insinuações sobre a minha posição como judia. Fizeram uma missa em pleno corredor. E alguns funcionários -isso foi gravíssimo- do Senado que tinham posição contrária ao projeto gritavam e tentavam me agredir. Quem me salvou foi a [senadora] Benedita da Silva [PT-RJ].

Como?
A Benedita tinha ido lá para dar um depoimento terrível. Ela é contra, por suas convicções [Benedita é evangélica]. Mas disse que fez um aborto [quando jovem] porque não queria colocar no mundo mais uma criança para morrer de fome. Todo mundo chorou. Quando [os manifestantes] começaram a me cercar, a Benedita chamou a segurança. Minha filha, que estava lá assistindo, gritava: "Mãe, não responde, não responde!". Ela ficou apavorada.

A igreja interdita o debate?
Eu não sei se é a Igreja Católica como um todo ou se é uma facção. Pela minha experiência, eu acho que é pior com esse grupo carismático. Mas nós vivemos numa República. Eu tenho a referência do judaísmo, que não proíbe o aborto, principalmente quando se trata da saúde da mulher. Uma coisa é a descriminalização. A outra é "vamos fazer aborto livre". Olha, o poder da igreja é muito grande no Brasil. Até na Itália, que é um país católico, foi feito um plebiscito e o aborto hoje é legal.

O aborto tirou votos da candidata do PT?
Eu não acredito. Acho que foi só um argumento para enganar, sabe? Eles [partidários da candidatura de Dilma Rousseff] têm que explicar porque a Marina [Silva] subiu, né? E por que o Lula não conseguiu emplacar.

CURTO-CIRCUITO

O grupo Gotan Project se apresenta hoje, às 22h, no Tom Jazz, com o repertório do CD "Tango 3.0". 14 anos.

Luciana Martins e Gerson de Oliveira lançam a nova linha da Ovo, com coquetel às 20h, na loja da Vila Olímpia.

Maria Inêz Fornazzaro assume nesta semana a presidência da Associação Brasileira de Ouvidores em nova sede.

Amilcare Dallevo, presidente da Rede TV!, faz hoje palestra sobre a emissora e o mercado, durante o 1º Encontro de Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi.

com DIÓGENES CAMPANHA e LÍGIA MESQUITA

GOSTOSA

MERVAL PEREIRA

Clima tenso 
Merval Pereira 

O Globo - 07/10/2010

Há na campanha de Dilma Rousseff um ambiente político de crise que não se dissipou com a reunião do Palácio da Alvorada do presidente Lula com os aliados. Havia uma certeza de vitória que o resultado das urnas transformou em receio de uma derrota no segundo turno.

Os votos que faltaram para a definição no primeiro turno são explicados por diversas óticas, e nem mesmo o presidente Lula escapa das críticas.

Procuram-se culpados, e em especial há uma desconfiança entre os aliados, especialmente o PMDB, mas não apenas ele, e o PT, antecipando as dificuldades que eram pressentidas para a formação do governo.

Sentindo-se excluídos da campanha nas últimas semanas, os aliados tinham a impressão de que o governo já considerava a eleição ganha e os petistas formavam um núcleo duro em torno da candidata, tentando marcar posição num futuro governo.

Antônio Palocci, José Eduardo Cardozo e outros petistas centralizaram de tal forma as decisões da campanha que ninguém mais participava do processo.

A vitória que parecia certa impediu que os aliados reclamassem com vigor, mas o PMDB e os outros partidos da base aliada internamente já imaginavam que esse poderia ser o tratamento em um futuro governo.

Com a reversão de expectativas, os aliados já estão querendo se posicionar em uma situação mais de força, o que se reflete em algumas mudanças na coordenação da campanha.

A chegada de Ciro Gomes, do PSB, é um sinal de que os aliados terão mais importância na definição estratégica do segundo turno.

Também as férias do ministro da articulação política, Padilha, vem do fato de que ele tem um bom diálogo com os partidos aliados.

Na análise do PMDB, os grandes movimentos da campanha não foram feitos pelos políticos, mas pelos diversos setores da sociedade, o que demonstra uma independência que não estava nos planos do governo.

O tal fator de bem-estar da população foi suficiente para colocar a candidata oficial do nada para um patamar de 40% dos votos.

Mas o movimento contra a legalização do abort o surgiu espontaneamente dentro dos movimentos religiosos e continua como um fator muito ativo nesse segundo turno, sem que tivesse sido provocado por nenhum marqueteiro tucano.

Também a rejeição às denúncias de corrupção no Gabinete Civil com Erenice Guerra mudou votos na reta final. Todas questões morais que mexeram com o eleitorado.

A candidatura de Marina Silva surpreendeu a todos, roubando pontos preciosos dos dois ponteiros.

Dilma perdeu na reta final os pontos que poderiam levá-la para uma vitória no primeiro turno, e Serra caiu do patamar de 40% que manteve grande parte da campanha e que foi o tamanho que Geraldo Alckmin teve no primeiro turno de 2006.

O PMDB tem uma avaliação de que esse caminho ficou aberto para Marina também por um erro estratégico do próprio Lula que, considerando a parada ganha, deu asas à sua obsessão com o Senado.

De um lado, de destruir os inimigos que escolheu, de outro de conseguir uma maioria tranqüilizadora.

Começou a fazer campanha para aliados em detrimento de outros.

Para o PMDB, o exemplo da Bahia é claro: o peemedebista Geddel Vieira Lima perdeu a eleição, mas fez 1 milhão de votos, e foi totalmente ignorado pela campanha de Dilma, que se dedicou com exclusividade à vitória do governador Jacques Wagner do PT.

O resultado foi que Dilma teve no estado a mesma percentagem de votos que o governador baiano, e deixou de receber uma parte ponderável dos votos de Geddel. Disciplinado, o peemedebista já anunciou ontem que apoiará Marina.

A opção preferencial por um aliado em cada estado fez com que a campanha de Dilma abrisse mão de outros palanques, o que pode trazer conseqüências para o segundo turno.

Houve também uma prioridade de Lula em pedir votos nos estados para o Senado, alegando que Dilma precisará de um apoio parlamentar seguro, como se ela já estivesse eleita.

Os partidos aliados, em especial o PMDB, estão fazendo questão de divulgar a boca pequena que há insatisfação dentro da aliança governista e, mais que isso, que há uma real preocupação do governo quanto ao resultado final da eleição neste segundo turno.

A cara preocupada do candidato a vice Michel Temer no pronunciamento que deveria ser da vitória e parecia ser o de uma derrota que não aconteceu, refletia esse sentimento.

O PMDB é dos que acham que vingança é um prato que se come frio.

A força das mulheres: do mesmo modo que aconteceu na eleição de 2006, o resultado oficial da eleição foi coincidente com os resultados obtidos pelos dois principais institutos de pesquisa, Ibope e Datafolha, na apuração do voto feminino.

Pelo Ibope, Dilma teve 47% entre as mulheres, e pelo Datafolha 48,3%. Mais próximo do resultado oficial – 46,9% do que as previsões das pesquisas.

Serra teve 34% entre as mulheres no Ibope e 34,8% no Datafolha, dentro da margem de erro do resultado final, que foi de 32,6%.

E Marina Silva tinha 18% entre as mulheres no Ibope e 16,9% no Datafolha, e obteve 19,3% de votos válidos.

ALBERTO TAMER

Desarmado na luta cambial
Alberto Tamer
O Estado de S. Paulo - 07/10/2010


O IOF de 4% sobre os investimentos em renda fixado não causou surpresa no mercado internacional. É a repetição de mais do mesmo. Permanece a dúvida se poderá conter a valorização do real. Há alguma precipitação dos que negam sua eficiência, mesmo restrita. É cedo para dizer, afirma o diretor de Mercado de Capitais do FMI, José Viñals, mas todos concordam que é preciso abrir o leque de opções do governo. O ministro Guido Mantega concorda. Vamos esperar e agir, diz ele. Se não tivéssemos agido, o real teria se valorizado ainda mais. É um cenário difícil em que a ação do BC e do Tesouro enfrenta desafios externos, fora do seu controle.

O dólar recua no Brasil não só por causa de investimentos externos, mas porque também está caindo no mercado internacional. E está caindo porque o governo dos EUA já emitiu quase US$ 2 trilhões até agora para reanimar a economia e enfrentar a desvalorização do yuan. E já disse que vai continuar assim.

Sem eles. O Brasil não pode, portanto, contar com os EUA para conter a desvalorização do dólar. Para eles, quanto mais baixo os juros hoje e quanto mais o dólar recuar, melhor. O paradoxo é que, enquanto ele emitem, nós emitimos títulos para comprar os excedentes de dólares que entram no Brasil...

Doença que não doi. Sim, a crise cambial ainda é uma doença "benigna", que não provoca crise ou dor imediata. Precisa ser enfrentada, mas não é um drama. Por enquanto, só há feridos, algumas indústrias exportadoras, mas ninguém morreu. Ao contrário, a valorização do real tem sido eficaz para combater o inimigo imediato, a inflação, ao permitir que se importe a preços menores. Esta, sim, pode ser uma tragédia.

E aqui, a tragédia se desdobra em dois atos, nos quais o governo é o principal personagem. O primeiro, é a elevação dos juros internos para conter a demanda e os preços, que aumentam apesar do dólar desvalorizado; outro é o efeito provocado por esses mesmos juros que atraem mais investimentos. Juros de 10% aqui, e 3% lá fora...

O governo pode dobrar o IOF para 4%, mas mesmo assim investir em renda fixa no Brasil é uma festa. E até aumenta a receita. E isso sem contar os bons ganhos na bolsa, que também atraem investidores, e um mercado interno crescendo 10% ao ano.

Está tudo a favor e contra nós. A favor porque podemos conter a inflação, aumentar as reservas e administrar o déficit em conta corrente, em expansão, que preocupa. Contra porque isso aumenta a dívida pública com a emissão de títulos para impedir que esses dólares se transformem logo em reais e crie tensões inflacionárias... Só que esses títulos com juros vantajosos estão sendo comprados por investidores externos, esses mesmo que inundam o mercado com dólares. Entenderam?

O processo é mais complicado, mas, no fundo, para o leitor não especializado, é isso mesmo. Mas ele não sente, o que é bom porque o leva a não dar grande importância a essa "história" de real valorizado e continua a consumir. Quem sente é o governo, porque se endivida. Pode continuar emitindo títulos que vêm sendo comprados pelos investidores internos, mas externos também... O IOF de 4% reduz, mas não anula, os ganhos até três vezes maiores que podem obter aqui.

É uma guerra! O ministro Guido Mantega reafirma que há não apenas uma, mas duas guerras - cambial e comercial. Elas caminham juntas e se autoalimentam. O que há é uma batalha no campo das moedas. Todos admitem isso, não falando em guerra mas em "confronto" que nasceu na China e, após a crise financeira, se espalha pelo mundo.

O preocupante é que neste confronto ao Brasil está desarmado. A China tem mais de US$ 2 trilhões de reservas para conter o yuan, e os EUA podem emitir tantos dólares quanto quiserem. Uma briga entre eles na qual quem acaba apanhando somos nós. Mas, por enquanto, não doi. Dá para ir soprando...

MALDADE...

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO


O chefe se exime
EDITORIAL
O ESTADO DE SÃO PAULO - 07/10/10

Parece ter sido escrito pelo presidente Lula o Decálogo do Chefe, criação humorística que de há muito corre o mundo. Reza o seu primeiro mandamento que "o chefe sempre tem razão". O segundo determina que, "na improvável hipótese de alguma vez o chefe não ter razão, vale o mandamento anterior". Foi rigorosamente isso que Lula quis transmitir nos encontros de segunda e terça-feira com ministros, governadores e parlamentares eleitos, aliados da candidata Dilma Rousseff.

As reuniões, a propósito, ocorreram no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República. Mas, para quem se esmerou em transgredir a legislação antes e durante a campanha, não faz a menor diferença servir-se de novo de um bem público para fins eleitorais.

Tratava-se, na reunião do Alvorada, do que foi considerada uma derrota, apesar da ampla vitória de Dilma nas urnas de domingo: a necessidade de um segundo turno para a decisão final. E entre os correligionários de Dilma ali presentes alguns dos mais importantes atribuíram ao comportamento agressivo de Lula na fase crítica da disputa a migração de uma parcela dos votos dilmistas para Marina Silva.

Os escândalos na Receita e na Casa Civil e a polêmica do aborto fizeram o resto. Por sinal, foi a divulgação das violações do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao tucano José Serra e do balcão de negócios instalado no centro do governo o que levou Lula a voltar-se com esbugalhada hostilidade contra os meios de comunicação. Quando, alertado, trocou a mordida pelo assopro, já no fim da campanha, o estrago estava feito.

A mídia não foi o único alvo da sua ira. Num comício em Santa Catarina, concitou seus comandados à "extirpação" do DEM, aguçando a inquietação daqueles setores da sociedade para os quais nem os êxitos do governo nem a popularidade estelar do seu condutor podem absolvê-lo pelo surto autoritário de que foi acometido. Eis que agora, numa das reuniões no Alvorada, ele invocou, para se justificar, um acerto de contas eleitorais. "Fui muito duro em alguns Estados por onde passei, mas precisava ajudar a eleger alguns senadores", confessou, candidamente.

No íntimo, ele há de saber que a truculência o situou na contramão da sua absoluta prioridade - eleger Dilma. Em público, porém, se conduz de acordo com o segundo mandamento do Decálogo: quando o chefe erra, prevalece a lei de que o chefe jamais erra. Lula, como se sabe, não tolera más notícias, para as quais sempre encontrará um causador que não ele. Assim, tão logo se confirmou que a sucessão ia para o segundo turno, entrou na muda e saiu de cena. Não teve nem sequer a dignidade de aparecer no domingo à noite ao lado da candidata de sua criação - e se manteve em silêncio decerto por mais tempo do que em qualquer outro momento de seu governo.

É do caráter de Lula jamais assumir parcela de responsabilidade pelos erros e fracassos das equipes que comanda - no governo e em campanha eleitoral -, e, por outro lado, assumir com exclusividade os louros por seus êxitos e vitórias.

Por isso, quando recobrou a voz, tratou de avisar que não tinha nada a ver com o que havia acontecido. "Teve sapato alto e clima de já ganhou, no primeiro turno", criticou, cobrando do PT "mais humildade". Logo ele que, no palanque que comandou, foi o único que proclamou a certeza de tal vitória. Não foi apenas para eleitor ver. Muitos dos companheiros a quem se dirigia no Alvorada já tinham ouvido uma vez e outra de sua boca que a sucessão era assunto liquidado. Se, ao fim e ao cabo, der tudo errado, não faltarão culpados - a começar da própria Dilma, que não soube ser simpática com o eleitor. Se der tudo certo, o mérito, naturalmente, será todo dele.

Falta combinar com o eleitorado. A tática petista para o segundo turno terá a volta, de um lado, do Lulinha, paz e amor. De outro, da cantilena de que a ascensão de um tucano ao Planalto abrirá as portas para novas privatizações. A fórmula funcionou no segundo turno de 2006, mas, à parte qualquer outra consideração, não é fácil impingir ao público a visão de um Serra privatista. Afinal, o resultado do primeiro turno mostrou que pelo menos 51,9% do eleitorado conserva sua capacidade de discernimento.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Pré-requisito
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/10/10

Ao exaltar os legados de Tancredo Neves e de Itamar Franco em discurso para aliados ontem, José Serra deixou claro o quanto o destino de sua candidatura está condicionado ao esforço de Aécio Neves para tentar reverter a folgada vitória de Dilma Rousseff (PT) em Minas Gerais no primeiro turno.
Quem acompanha a política mineira acredita que o grau de engajamento do senador eleito dependerá diretamente de um acordo que delimite os horizontes para 2014 ou 2015. Ou Serra se compromete a, caso vitorioso, não disputar a reeleição, ou elimina o mecanismo e abre espaço para mandatos de cinco anos. ‘O primeiro tijolinho é esse’, afirma um aecista.
Para repetir - Na TV e nos discursos, Serra insistirá nas teclas da defesa da democracia, do papel do Estado e dos ‘valores da família’.
Pra toda obra - Indagado sobre seu papel na campanha tucana, Heráclito Fortes (DEM-PI), derrotado na tentativa de se reeleger senador, brincou: ‘De repente, posso colar uns cartazes...’.
Já, já - Tucanos ligados a Serra rejeitam a crítica de que ele, como Geraldo Alckmin em 2006, estaria demorando para colocar na rua a campanha do segundo turno. Lembram que na sexta o tucano visitará a Bahia. E, no sábado, Santa Catarina.
De um jeito - Alckmin mandou congelar a transição em SP. Os trabalhos serão iniciados só depois do segundo turno. Até lá, o único pedido feito ao governador Alberto Goldman é a cessão de um gabinete no edifício Cidade 1, no centro da capital. Outubro será consumido na maratona pró-Serra, que começa hoje com Campinas, Mogi das Cruzes e Santos.
De outro - Em 2006, Serra assumiu a ponte com Cláudio Lembo (DEM) três dias depois de eleito governador e bloqueou a venda de ações da Nossa Caixa na semana em que Alckmin iniciava o segundo turno da campanha pela Presidência.
No papel - O primeiro item do programa de governo de Dilma Rousseff, a ser divulgado na próxima semana, trata da defesa da liberdade de imprensa e de expressão. O tema trouxe desgaste à campanha petista às vésperas do primeiro turno em razão das críticas de Lula aos órgãos de comunicação.
Não é comigo - O PMDB não criticará a escolha de Ciro Gomes (PSB-CE), conhecido detrator do partido, para a coordenação da campanha. Na avaliação dos peemedebistas, as declarações do deputado, segundo as quais o voto em Marina Silva veio de eleitores ‘zangados com frouxidões morais’, só podem ser endereçadas ao PT.
#prontofalei - De Lula, em reunião com governadores e senadores anteontem, sobre o tema da hora na campanha: ‘Estou vendo um bando aí falando de aborto. Aposto que vários deles fizeram ou acompanharam no mínimo dois ou três...’
Torcida - PMDB, PT e PDT investem pesado na derrubada da liminar que permitiu a eleição de Anthony Garotinho (PR-RJ) à Câmara dos Deputados. Se o recordista de votos no Rio de Janeiro não tomar posse em fevereiro de 2011, o TRE recalculará o quociente eleitoral, beneficiando aliados do governador Sérgio Cabral (PMDB) derrotados nas urnas.
Faixa etária - Manuela D”Avila (PC do B-RS), deputada reeleita, e Lindberg Farias (PT-RJ), senador eleito, vão liderar mobilização pró-Dilma com o eleitorado jovem. A ideia é buscar apoio de entidades estudantis e preparar eventos segmentados. 

Tiroteio
No primeiro turno, vestiram a Dilma de estadista e não deu certo. No segundo, querem que ela coloque havaianas. Como não são as legítimas, logo vão soltar as tiras.
DO DEPUTADO LUIZ PAULO VELLOZO LUCAS (PSDB-ES), sobre o discurso petista de que no segundo turno é preciso calçar as ‘sandálias da humildade’.
Contraponto
Agência de recolocação
José Genoino (PT-SP) e Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), dois deputados que não conseguiram se reeleger, e José Carlos Aleluia (DEM-BA), que perdeu a disputa pelo Senado, encontraram-se ontem na entrada da Câmara. Cada um explicava as razões do próprio insucesso, até que o tucano sugeriu ao petista:
- Você pode ser ministro...
Rápido no gatilho, Aleluia tratou de consertar o escorregão de Pannunzio:
- Genoino, ministro do Serra? Impossível...

PARTIDO SUJO

ILIMAR FRANCO

Festa no PMDB 
Ilimar Franco 
O Globo - 07/10/2010

O principal aliado do PT nas eleições presidenciais, o PMDB, festejou ontem, numa reunião em Brasília, o fato de a eleição ter ido para o segundo turno. Eles se sentem anabolizados. O vice Michel Temer ganhou novo papel, articulando o apoio para Dilma Rousseff da ala do PMDB vítima do PT, que deixou de cumprir vários acordos estaduais. Em voz baixa, dirigentes do PMDB repetiam: “Está provado, o eu sozinho não ganha eleição.”

Movimento de mulheres cobra Estado laico

Diante das concessões feitas a grupos religiosos, no tema do aborto, integrantes do movimento de mulheres cobram dos candidatos a defesa do Estado laico. “A forma que o aborto está sendo tratado é a pior possível, descontextualizada da política de saúde e pautada por grupos religiosos fundamentalistas”, critica a socióloga Maria José Nunes, do grupo Católicas pelo Direito de Decidir. Para ela, o debate sobre a legalização do aborto deve ser deixado para o Congresso. “Não nos interessa a opinião pessoal de Dilma e de Serra. O que me interessa é a política de saúde em suas propostas de governo”, afirmou a socióloga.

O fantasma do Lula inibiu muita gente nossa.

Agora, eles estão livres, têm que vestir a camisa” — Sérgio Guerra, presidente do PSDB e senador (PE)

TAPAS E BEIJOS. Derrotado em sua campanha à reeleição, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse ontem, em seu discurso, que enfrentou uma disputa duríssima, mas que, se José Serra for eleito, vai se sentir mais vitorioso do que se tivesse sido ele próprio.

“Somos amigos, do ponto de vista pessoal. Do ponto de vista político, o Tasso reclama um pouco de mim”, disse Serra, que se levantou para abraçar o correligionário.

Audacioso

O tucano José Serra ligou ontem para o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN). Pediu seu apoio para o segundo turno. Garibaldi respondeu: “Não posso trair o Michel Temer, vou ficar com a Dilma.” Michel é vice de Dilma e presidente do PMDB.

Neutro

Governador eleito de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), acompanhado de Michel Temer, esteve ontem c om Dilma Rousseff. Puccinelli, que apoiava Serra, acertou que não vai se meter no segundo turno da eleição.

PT vai ceder no Código Florestal

Para garantir o voto verde no segundo turno, a campanha de Dilma Rousseff vai se comprometer com a implosão dos artigos que desfiguram o Código Florestal, na opinião de ambientalistas. Dilma pode defender também políticas nacionais de emprego verde e da reforma tributária verde. As propostas que serão adotadas estão sendo fechadas pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra, o ministro Alexandre Padilha e o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc.

O DEM manteve sua raça

Diante das circunstâncias adversas para a oposição nestas eleições, o DEM está comemorando seu desempenho nas urnas. O presidente Lula não conseguiu acabar com o partido.

O DEM manteve-se como a quarta bancada na Câmara e conquistou dois governos estaduais.

Ele só perdeu força mesmo no Senado, mas conseguiu preservar o mandato do líder José Agripino (RN). “O presidente, Rodrigo Maia, passou no teste das urnas”, avalia o deputado ACM Neto (BA).

O PRESIDENTE Lula está insatisfeito com o marketing da campanha de Dilma Rousseff. Disse que está despolitizado, distante do povo e do PT.

O MINISTRO Alexandre Padilha (Relações Institucionais) entra de férias hoje. Ele vai se dedicar integralmente à campanha presidencial.

O DEPUTADO federal eleito Anthony Garotinho (PR-RJ) foi acionado para ajudar Dilma Rousseff junto aos evangélicos. O vice Michel Temer (PMDB) o procurou primeiro, depois foi a vez do ex-prefeito Fernando Pimentel (PT). Ele desembarca hoje em Brasília.

JOSÉ SIMÃO

Buemba! Romário renunciou!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/10/10


Uma dúvida cruel: para onde migram Eymael e Levy Fidelix entre as eleições! Eles só voltam em 2014!



BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Manchete do sensacionalista: "Romário descobre que Brasília não tem praia e renuncia". Rarará! E atenção! O Partido Verde acaba de mudar de nome.
Agora se chama REPARTIDO VERDE! E como disse um amigo meu: "tá afim de uma onda verde, vá pegar no pingolim do Hulk!". Rarará. Senta no colo do Hulk! E como disse um outro: eu tava indo para a igreja, mas abortei a ideia. Rarará!
E sabe quem tá na "Fazenda 3"? A Geisy Unibunda! A Geisy fez amizade com um burro! Ela passa horas conversando com o burro Amoroso. Já sei, o burro estudou na Uniban! Rarará! Coitado do burro. E sabe o que ela disse pro burro? "Sou eu, é a sua mãe que tá aqui". Rarará. E sabe porque ela não levou aquele vestido rosa? Porque não aguenta mais duas lavagens!
E mais uma predestinada: "Garota de programa recebe R$ 30 mil de indenização". Como é o nome dela? SHANNA! Shanna Guedes. Agora que eu descobri como tem Shanna no Brasil. Pensei que só fosse bunda! E uma dúvida cruel: para onde migram o Eymael e o Levy Fidelix entre as eleições! Eu acho que eles se juntam às grandes migrações na Tanzânia e só voltam em 2014! Grandes Migrações; Eymael e Levy Fidelix!
E o Evo Morales jogando futebol? "Canelada deixa Evo Morales de molho, anuncia o porta-voz Ivan CANELAS". Rarará. E aí o Evo em represália foi na caneleira e deu um chute de volta. Baixou o Felipe Melo no Evo Morales! Rarará! E como disse um outro: quero morrer de uma bundada da Mulher Melancia! Rarará!
O Brasil virou o Irã! Os aiatolás estão morrendo de inveja! O Brasil é um Estado laico dominado pelos religiosos. O Irã é aqui. O segundo turno avança pro século 19. Coitados do Serra e da Dilma, vão ter que mentir! MAIS AINDA! Rarará! Em 2010: o fundamental é ser fundamentalista. Socuerro.
Eu quero ser católico, mas o Papa não deixa. Eu quero ser evangélico, mas não tenho dinheiro. Por isso que eu sou católico apostólico baiano: ACREDITO EM TUDO. Menos na cegonha! E adivinha quem joga hoje? Brasil X Irã! Para quem o Lula vai torcer? E os padres e pastores vão torcer pelo Brasil porque eles não querem concorrência com os aiatolás! Rarará! Nóis sofre mas nóis goza. Gozar é pecado?!

POESIA NO BLOG

MÍRIAM LEITÃO

Trilhas opostas 
Miriam Leitão 

O Globo - 07/10/2010

A verdade é que elas nunca se entenderam na hora das decisões. Marina e Dilma são opostos.

Os conflitos foram abundantes nos anos em que ambas conviveram no governo. Dilma mandou alagar a Mata Atlântica, aumentou a energia fóssil na matriz, ignorou a colega no PAC, iniciou obras controversas e afastou Marina do Plano Amazônia Sustentável.

Dilma esqueceu dos conflitos por conveniência eleitoral, mas os registros ficaram nos jornais, nos relatos de testemunhas, nos documentos oficiais, nas decisões.

Dilma fulminou com os depreciativos “minha filha” e “meu filho” todos os então assessores de Marina que a contrariaram. Alguns são da máquina pública. Alguns deixaram o governo depois de conflitos.

Em Copenhague, o então ministro Carlos Minc foi destratado.

Hoje, Minc exibe uma amnésia conveniente, mas não pode pedir a quem esteve lá, como eu, que esqueça o que viu e ouviu. Um funcionário, experiente participante de Conferências do Clima, foi fulminado por Dilma numa reunião interna quando fazia sábias ponderações: “Olha menino, isso aqui não é coisa de amador, é para profissional.” A neófita no tema era ela.

Ressentimentos podem ser superados. Mais difícil são as consequências de decisões tomadas. A BR-319 foi um dos motivos do embate entre as duas. Liga Manaus a Porto Velho e atravessa 700 km de terra de ninguém. Foi construída pelo governo Médici, mas foi retomada de volta pela floresta. O último ônibus que transitou por lá foi em 1978. O governo quis refazê-la para dar capital a Alfredo Nascimento.

Marina queria que fosse criada uma rede de áreas protegidas no entorno para evitar que a rodovia incentivasse a grilagem e o desmatamento.

O governo nunca implementou isso e, perto da eleição, contornou a falta de licença ambiental, mandando o Exército iniciar as obras.

Hoje, já há focos de grilagem e desmatamento no sul do Amazonas por causa dela.

Na BR-163, Marina coordenou, com o então ministro Ciro Gomes, o projeto para fazer da Cuiabá-Santarém uma estrada sustentável.

Foram aprovadas unidades de conservação e instalação de postos de fiscalização e vigilância para proteger a região da grilagem, reduzindo o impacto ambiental. Marina ganhou a batalha, mas o governo não pôs em prática o prometido.

Foi onde Minc capturou os bois piratas. Quem passou por lá recentemente viu que os bois voltaram.

Barra Grande é uma hidrelétrica no Sul do país que foi construída com um EIARima fraudado, aprovado no governo anterior. Nele se dizia que na área a ser alagada havia um capoeirão. Na hora de fazer o lago, descobriu-se que era na verdade uma preciosa área de Mata Atlântica com Araucária. Dilma queria alagar a mata, Marina foi contra.

A energia a ser gerada era pequena para tanto estrago e era convalidar um crime. José Dirceu, então chefe da Casa Civil, decidiu estudar um pouco mais o problema. Dilma quando assumiu o cargo mandou alagar a Mata.

Nas usinas do Rio Madeira houve um embate amazônico.

O presidente Lula debochou dizendo que a briga era por um bagre, mas a briga foi maior e de novo opôs Marina e Dilma, já na Casa Civil, mas sempre elétrica. O MMA queria proteção contra o meio ambiente, peixes, matas, qualidade da água, prevenção contra o mercúrio e estudo do impacto da sedimentação.

Dilma assumiu a defesa das empreiteiras, Marina ficou com as ONGs e o Ibama. A então ministra do Meio Ambiente conseguiu impor exigências que aumentam a segurança ambiental. Se forem cumpridas.

A diferença irreconciliável foi o PAC. Ele teria que ser feito junto com o Plano Amazônia Sustentável (PAS), para que as obras do século XXI não repetissem os crimes ambientais do governo militar.

Dilma defendeu que o PAS fosse entregue ao então ministro Mangabeira Unger. O presidente Lula comunicou a decisão numa reunião ministerial, dizendo que Marina não poderia cuidar do Plano porque não era isenta. Foi o sinal verde para que o PAC passasse trator sobre os limites ambientais. Marina saiu do governo.

O substituto Carlos Minc brigou algumas brigas, mas perdeu as principais. Resistiu à licença para Belo Monte. As pressões da ministra Dilma foram explícitas e estão documentadas.

Os diretores de licenciamento e energia do Ibama saíram. Os novos aceitaram a imposição de prazo numa reunião na Casa Civil no dia 7 de janeiro, e deram a licença em primeiro de fevereiro, apesar de os funcionários terem escrito que não houve tempo para avaliar os riscos ambientais. Tive acesso a documentos oficiais e publiquei na coluna “Ossos do Ofício”, em 17 de abril.

Vejam em meu blog. Os riscos ambientais e os fiscais de Belo Monte são imensos, mas ela é uma das obras do Plano de Aceleração da Candidatura de Dilma Rousseff.

Na reunião com alguns dos líderes eleitos da sua base, divulgada pelo Blog do Noblat, Jacques Wagner disse que as trilhas de Marina e Dilma sempre foram próximas.

Quem viu os fatos, e rejeita o modelo stalinista de reescrever a história, sabe que as trilhas sempre seguiram direções opostas.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Sabesp prepara ação contra White Martins 
Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 07/10/2010

A Sabesp, empresa de economia mista controlada pelo governo de São Paulo, prepara ação de indenização contra a fornecedora de gases industriais White Martins.
A ação será baseada no acórdão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a partir do qual a White Martins foi condenada a pagar multa de R$ 3 bilhões por prática de cartel.
A companhia de saneamento foi citada no acórdão como uma das vítimas da prática anticoncorrencial, segundo Gesner de Oliveira, presidente da Sabesp.
"O departamento jurídico da Sabesp avalia o assunto, mas minha disposição é ter uma ação com a maior brevidade possível", diz.
O valor da indenização que será pedida na justiça ainda não foi definido.
Entre 2007 e 2009, a Sabesp pagou R$ 3,9 milhões com a aquisição de gases industriais, como oxigênio líquido, usados no tratamento de água.
Oliveira é perito no assunto. Ele foi presidente do Cade entre 1996 e 2000.
Para ajudar os advogados da Sabesp a preparar a peça, Oliveira chamou hoje ao órgão o conselheiro do Cade, Fernando de Magalhães Furlan. Ele falará sobre a condenação das indústrias de gases industriais (como Air Liquide, Air Product, Linde, IBG, além da White Martins).
A White Martins, por sua vez, informou que não foi procurada pela Sabesp sobre o tema e "reafirma discordância quanto ao conteúdo da decisão do Cade".

TECNOLOGIA PROFUNDA

A Chemtech, empresa brasileira de consultoria e serviços em engenharia e TI, que faz parte do grupo Siemens, inicia projeto de expansão internacional a partir deste mês com um escritório em Abu Dhabi.
"Escolhemos o Oriente Médio porque a vocação da empresa é o petróleo", diz o presidente Daniel Moczydlower. Também já está em andamento o projeto de atuação nos EUA, em Houston, onde terá parceria com uma empresa do grupo. Londres é outro alvo em estudo.
"O impacto do caso dos vazamentos aumenta o nível de exigência de segurança nos equipamentos do setor e isso gera oportunidade para nós." Apesar da internacionalização, as perspectivas de crescimento no Brasil são mais significativas.

Indústria têxtil terá investimento de US$ 1,5 bilhão neste ano

Os investimentos na indústria têxtil e de confecção no país devem atingir US$ 1,5 bilhão no final deste ano, voltando aos níveis registrados no período pré-crise, segundo o Sinditêxtil-SP.
Esse valor ficará acima da média anual dos últimos dez anos, de US$ 1 bilhão.
"Os investimentos têm sido fortes no setor. As indústrias têm aplicado em máquinas e equipamentos e em infraestrutura", diz Rafael Cervone, presidente do Sinditêxtil-SP (sindicato que reúne indústrias têxteis do Estado).
As importações de máquinas e equipamentos têxteis somaram US$ 457 milhões no acumulado deste ano até agosto, com aumento de 24% na comparação com o mesmo período do ano passado.
As indústrias de São Paulo têm alavancado as importações do setor. Neste ano, as compras do Estado acumulam alta de 68%, para US$ 180,7 milhões.
A projeção do sindicato é que as importações brasileiras fechem o ano em cerca de US$ 1 bilhão.

Corretores querem fim do preço diferenciado

Cerca de 15% dos corretores de seguros do país conseguem vender apólices até 70% mais baratas por permissão das seguradoras, segundo o Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo).
"É um privilégio a corretores que têm maior abrangência. O certo seria pagar uma comissão maior, sem alterar o valor do produto", afirma Mário de Almeida Santos, presidente do sindicato.
A prática exclui do mercado corretores menores, reduz o número de seguros vendidos e sobe o preço para o consumidor, segundo Santos.
O tema será debatido no 14º Congresso dos Corretores de Seguros, amanhã, em SP.

RASTREADOR

A data limite para os carros sairem obrigatoriamente de fábrica com os rastreadores será 1º de maio de 2011 e, não, fevereiro, como pretendia o Ministério das Cidades.
As montadoras alegaram que precisarão de mais tempo para encomendar os equipamentos e terminar os testes com segurança. O lançamento oficial será em dezembro.

FORÇA NO NORDESTE

As consequências das inundações em Alagoas e Pernambuco ainda estão na pauta da coordenação de governo da Presidência da República. O Banco do Brasil liberou R$ 27 milhões do programa emergencial de reconstrução para empresas dos municípios afetados pelas chuvas no Nordeste. Mais de 500 empresas já receberam recursos. Desde a criação do programa, no fim de agosto, o banco recebeu 2.000 propostas no valor de R$ 118 milhões. Os dois municípios pernambucanos mais atingidos, Palmares e Barreiros, receberam juntos R$ 8,3 milhões. A linha de longo prazo (5 a 10 anos) tem carência de 24 meses e financia 100% de obras civis, equipamentos e veículos.

ESPORTE NO CABIDE

A fabricante de meias e de cuecas Lupo vai lançar uma marca de produtos esportivos. "Teremos peças de tecidos tecnológicos, secagem rápida e sem costura", diz Valquírio Cabral Júnior, diretor da empresa. A meta é alcançar faturamento de R$ 1 bilhão em 2013, segundo Júnior. Para este ano, a expectativa é de R$ 540 milhões, 25% acima de 2009. Em três anos a marca deverá representar 20% do faturamento global da Lupo. Para 2011 está prevista a inauguração de uma unidade, dentro do parque fabril de Araraquara, para ampliar a linha de produtos sem costura e atender a demanda de artigos esportivos. O investimento será de R$ 10 milhões.

DESCARTE VERDE

Entre janeiro e agosto deste ano, o Itaú Unibanco reciclou 2.000 toneladas de equipamentos eletrônicos, como computadores e monitores. Cerca de 98% do material, como plásticos, aço e metais, foi reaproveitado.
Iniciativa semelhante acontece no Santander, que recicla anualmente 20 mil lâmpadas, 185 mil quilos de papel e papelão, além de 63,3 mil quilos de plástico. Já os computadores obsoletos da empresa são leiloados, com aproveitamento por escolas.
Na IBM, os vidros dos monitores descartados perdem a película química e são transformados em bolinhas de gude por uma empresa contratada para reciclagem do lixo eletrônico.

Banco de arte Patrícia Moraes, diretora do banco de investimentos JPMorgan, é a nova diretora financeira da Sociedade de Cultura Artística. Ela trabalhará como voluntária. O cargo inclui supervisão das atividades financeiras, inclusive a reconstrução do teatro.

Fraude no... Somente 19% das empresas de varejo possuem estratégia para detectar e prevenir fraudes em processos de compras, segundo pesquisa internacional da KPMG com 460 companhias.

...varejo O estudo mostrou ainda que 17% dos especialistas em compras não sabem quais funcionários processam as transações nos sistemas. E mais de 70% afirmam ter cometido erros em relatórios e arquivado reivindicações com preços impróprios.

Dez anos de... A Endeavor comemora amanhã dez anos de atividades. Conta hoje com uma rede de 300 voluntários, formada pelos principais líderes empresariais e apoia 91 empreendedores.

...empreendedorismo "Ter um número grande de empreendedores é essencial para desenvolver um país de forma sustentável e acho que a Endeavor está contribuindo para isso acontecer com seu apoio a empreendedores selecionados que sirvam de modelo para muitos outros", disse o empresário Jorge Paulo Lemann, que participou desde o início da Endeavor no Brasil.

Perspectivas... Cerca de 79% das empresas associadas à Amcham esperam aumento das vendas em 2010 na comparação com o ano passado e 64% preveem crescimento nos lucros. Para 2011, o otimismo é maior, 87% planejam superar as vendas deste ano e 75% esperam receitas superiores.

...de ano novo O levantamento, realizado com 500 empresas associadas à câmara de comércio, será divulgado hoje no Business Round Up, em São Paulo.

GOSTOSA

CARLOS ALBERTO SARDENBERG


Atira no dólar, acerta no consumidor

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO - 07/10/10



Dólar barato é bom para muita gente e para muitos negócios.

Para o presidente Lula, por exemplo, é ótimo negócio, mesmo que não pareça à primeira vista.

Mas reparem: dólar barato significa real forte e, com isso, maior poder aquisitivo dos brasileiros.

Viajar para o exterior está muito mais barato. Comprar televisores, computadores, som, celulares, tudo que tem componente importado, também está mais barato. De quebra, o dólar barato derruba a inflação. Com o crédito em expansão, lá se vai o consumo e, daí o tal "sentir-se bem", que leva as pessoas a gostarem do governo do momento.

Pode ser que tudo seja obra do governo, pode ser acaso, mas pelo sim, pelo não, melhor deixar como está.

Isso explica o voto governista, que se manifestou nas duas instâncias, a federal e a estadual.

Mas por que, então, autoridades do governo federal manifestam preocupação com a valorização do real e tomam medidas para tentar impedir uma queda maior do valor do dólar? Porque há um problema de fato.

Com real forte, os produtos brasileiros de exportação ficam mais caros.

Imaginem que um fabricante de calçados ganhe dinheiro vendendo o par a 100 reais. Com o dólar a R$ 2, ele coloca o sapato lá fora a US$ 50. Com o dólar a R$ 1,68, o mesmo calçado vai a US$ 60, menos competitivo.

Inversamente, o sapato que sai da China a US$ 10 chega aqui a 20 reais, se a cotação é de R$ 2 por dólar. Com a moeda americana a R$ 1,68, o preço cai para R$ 16,80, mais competitivo com o produtor local. Se essa situação envolver grande parte da indústria brasileira, a consequência é simplesmente fechamento de fábricas e perda de empregos.

Resumindo, a dólar a quatro reais faria a festa dos exportadores, mas cairia como uma bomba sobre o consumo da classe média brasileira.

Complicado, portanto. E podemos complicar ainda mais: o dólar barato também facilita a importação de máquinas, equipamentos e tecnologia, o que melhora a competitividade das empresas aqui instaladas. E isso compensa a moeda mais forte.

Por outro lado, o produto chinês chega aqui sem impostos, enquanto a mercadoria brasileira carrega uma imensa carga tributária para o exterior.

Logo, a simples redução de impostos aqui já equilibra boa parte da valorização do real.

Outra complicação: se o governo chinês permitisse a valorização de sua moeda, também compensava. Aliás, esse é um problema global: ao manter sua moeda excessiva e artificialmente desvalorizada, a China distorce todo o comércio mundial. Esse é um dos temas da reunião de hoje em Washington: pressão sobre os chineses.

Tudo considerado, há diversas pontas a puxar para desenrolar esse embrulho.

Mas a ação do governo precisa guardar um mínimo de coerência.

Não é o caso do brasileiro. Reparem: o mundo todo está de bronca com a manipulação da moeda chinesa. Mas o governo Lula, em nome da diplomacia sul-sul, dita estratégica, já considerou a China uma economia de mercado - o que fortalece a posição de Pequim.

(Deixemos de lado, por ora, a ironia da circunstância: uma diplomacia brasileira dita de esquerda, para confrontar o poder dos EUA, declara a China uma economia ... capitalista!) O governo Lula lança medidas para tentar conter a valorização do real - e melhorar a competitividade das empresas locais - mas ao mesmo tempo aumenta os gastos públicos, para o que depende de maior arrecadação de impostos, que sufocam os negócios aqui.

Para turbinar o capital da Petrobras, o governo promove a venda de ações e recebe com satisfação o dinheiro dos investidores estrangeiros - e essa enxurrada de dólares derruba a cotação da moeda americana.

Aí, o governo resolve comprar mais dólares, e acaba fazendo um mau negócio. Toma empréstimo em reais, pagando 10,75% ao ano, para comprar dólares que, aplicados, rendem no máximo 2,5%.

Com isso, aumenta a dívida pública, com duas consequências: o governo precisará de mais impostos para essas despesas e o tamanho da dívida eleva a taxa de juros. Impostos elevados reduzem a competitividade das empresas; juros altos também, além de ser um atrativo para o capital estrangeiro.

Reconhecendo essa situação difícil, o governo manda o BNDES emprestar dinheiro para determinadas empresas cobrando juros subsidiados, bem abaixo do mercado. E para capitalizar o BNDES, o governo toma dinheiro emprestado, pagando juros... de mercado! (Ok, as reservas internacionais constituem um seguro anticrise, cuja e f i c i ê n c i a f o i d e m o n s t r a d a e m 2008/09. Mas se US$ 200 bilhões foram suficientes naquele momento muito ruim, para que seriam necessários 300 bilhões, valor do qual se aproximam as reservas?) Não há uma estratégia. O governo atira no inimigo que está mais perto e se movendo. E atira de primeira, quase sem olhar, atingindo com frequência suas próprias tropas. Fogo amigo em larga escala.

Haveria uma direção a tomar? Sim, mas precisando fazer escolhas. Queremos uma sociedade de consumo, com todo mundo gastando, pessoas, empresas e governo? Então deixa o dólar como está, com mercado aberto, importações livres.

Queremos uma indústria ampla, produzindo quase tudo para o mercado interno? Então tem que fechar fronteiras, desvalorizar o real fortemente, danemse o poder aquisitivo e o consumo.

Mas essas são escolhas pobres.

Não faz sentido sacrificar a indústria em nome de um consumo a qualquer preço. Nem o contrário.

Não se trata de uma escolha de Sofia.

Há um caminho que vai a todos os problemas. Sim, o governo precisa gastar menos, a dívida pública precisa diminuir, o Estado, encolher.

É o caminho da virtude. O nome da coisa é aquele mesmo, ajuste fiscal, que permite os dois passos cruciais: reduzir impostos e reduzir juros. O resto vem na sequência.

Considerando as imensas oportunidades que a economia brasileira oferece para o investimento privado, seria uma moleza.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG é jornalista.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Tum, Tum... 
Sonia Racy 
O Estado de S.Paulo - 07/10/2010

Sem alarde, Romeu Tuma passou sábado por uma cirurgia de implante de coração. Ao que consta, o procedimento correu bem.

Operado por Fabio Jatene, o senador foi o primeiro paciente a receber no Brasil o Berlin Heart. Trata-se de um modelo sofisticado de Biopump, conhecido como coração artificial, que exigiu a vinda de "engenheiros" alemães para ensinar à equipe do Sírio-Libanês seu funcionamento.

O "orgão" custou perto de US$ 500 mil bancados pelo convênio do Senado.


Capital eleitoral

O time de Marina calcula que, dos 20 milhões de votos obtidos pela agora ex-candidata, ela tem poder sobre 15 milhões.

Os outros 5 milhões seriam votos de eleitores que só a escolheram porque se cansaram de Serra e Dilma. E poderiam não se dar ao trabalho de votar no segundo turno, aproveitando o feriado de Finados que engloba o dia 31 de outubro.


Redondo?
Pelo que se apurou, não tem fundamento imaginar qualquer exigência de Marina em relação à construção da hidrelétrica de Belo Monte. Todas teriam sido cumpridas.

O que está pegando entre os integrantes do consórcio que venceu a licitação é saber se o BNDES manterá os financiamentos prometidos após as eleições.


Step by step

Na terça-feira, o Itaú rebaixou o rating das ações da Petrobrás. Ontem foi a vez do Barclays, fazendo o preço do papel cair para número abaixo da capitalização. Abertas as apostas para saber qual será, hoje, a instituição financeira a "ajudar" na queda.


Bom sinal

Um banco suíço está negociando a aquisição de parte do fundo Queluz.

Detalhe: estrangeiros não se interessam em comprar asset management no Brasil há mais de ano.


Brainstorm

A concentração de aliados de José Serra ontem pela manhã, em avião da TAM rumo a Brasília, (Jorge Bornhausen, Cândido Vaccarezza, Jutahy Júnior, Sérgio Silva e Julio Semeghini) fez surgir a piada. Caso o candidato tucano vença o pleito, sugerem mandar Marco Maciel para o Vaticano e Tasso Jereissati ao Afeganistão.


Outdoor

A rebeldia de Neymar não causou impacto nos patrocínios do Santos. O clube viu, do ano passado para cá, seu pacote subir de R$ 17 milhões para R$ 30 milhões. E hoje o time tem seis propostas para 2011, sendo uma da... Perdigão.

Concorrente direta da Seara - sua atual patrocinadora.


PT saudações

Petistas desaprovam a volta a jato de Paulo Skaf para a FIESP.
A atitude foi interpretada como sinal de que ele não quer se empenhar na campanha de Dilma.


Mulheres de peso

Julio Lellis convidou e Marília Pêra disse sim. A atriz protagonizará um longa-metragem baseado na obra de Nélida Piñon. A ser realizado ano que vem.


Batalhão

Apesar de ovacionado, o elenco de Tropa de Elite 2 nem teve tempo para comemorar, anteontem, em Paulínia.

Pós-exibição, no melhor estilo de conduta "Bope", jantar e cama para todos recarregarem a bateria.


Flagra

Depois de consultar o site da Secretária do Desenvolvimento, um motorista indignado identificou quem arremessou do carro oficial, segunda, uma bituca de cigarro na Av. Doutor Arnaldo.

Ninguém menos que o secretário Luciano de Almeida.


Na frente

Roberto Freire, do PPS, que veio tentar a vida política em SP, está feliz por ter sido muito bem recebido. Foi eleito deputado federal com mais de 120 mil votos.

Lauretta da Martinica abre sua casa em Paraty, sábado, para jantar do festival de cinema, Receberá convidados de Suzana VillasBôas.

Mickey terá companhia extra em Orlando. A Orquestra Pão do Açúcar se apresenta terça, na Downtown Disney.

Guga de Oliveira lança livro hoje, no MIS. Conta bastidores da TV brasileira.

Danilo Miranda participa em Yalta, na Russia, dos 150 anos de Tchekhov.

Arnaldo Antunes lança o DVD Ao Vivo Lá em Casa, produzido pela Conspiração. Hoje, no Cine Livraria Cultura.

Valérie Dantas Mota abre, dia 14, a mostra ENtRE. Na JTM Gallery, em Paris.

Carlos Vogt, secretário de Ensino Superior, está desocupando, a toque de caixa, as salas que usa no Edifício Cidade 1.É que Alckmin montará ali seu gabinete de transição. Ufa!, bye, bye para o Joelma

O filme Comer, Rezar, Amar está lotando as salas de cinema de São Paulo. Em plena segunda e terça à tarde.

Na internet ontem: "Netinho, entre sem bater".

SERRA PRESIDENTE

CELSO MING

Moeda como arma 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 07/10/2010

Na semana passada, o ministro Guido Mantega chocou os analistas internacionais quando denunciou a existência de uma guerra cambial no mundo. Mas ele não está sozinho.

Ontem, o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, advertiu pelo diário inglês Financial Times que "está circulando claramente a ideia de que as moedas podem ser usadas como arma". E completou: "Traduzido em ação, esse tipo de ideia traz sério risco para a recuperação global."

Na sexta-feira, os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do Grupo dos Sete (G-7) estarão reunidos em Washington. O tema mais quente da agenda é a instabilidade das moedas.

E ainda ontem, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Tim Geithner, insistiu no assunto. Mas o foco dele foi a China, embora não a mencionasse explicitamente. Geithner disse que "economias grandes que mantêm sua moeda desvalorizada podem causar surto de inflação e bolhas de ativos e, além disso, reduzir o crescimento econômico".

Quando Mantega denunciou a guerra cambial estava preocupado com a inundação de moeda estrangeira no câmbio nacional. Mas, na ocasião, estava particularmente chocado com as consequências para o Brasil da desvalorização do iene pelas autoridades monetárias do Japão.

Não dá para esconder que o importante aí não é propriamente a reação de um punhado de países ricos e emergentes ao enorme afluxo de moeda estrangeira. O importante é a causa de tudo, é a abundância de recursos que inunda os mercados por obra dos países de alta renda.

Durante a crise, o Fed (banco central americano) despejou US$ 2 trilhões nos mercados quando recomprou ativos enjeitados. E gastou mais US$ 300 bilhões para recomprar títulos do Tesouro dos Estados Unidos, numa operação denominada afrouxamento quantitativo. Enquanto isso, o governo cortou US$ 150 bilhões de impostos e, ao final de 2008, colocou outros US$ 700 bilhões destinados ao socorro aos bancos e a outros setores.

O Banco Central Europeu também foi generoso. Comprou ? 61bilhões em títulos de membros da área do euro. E, além da operação de adquirir dólares no mercado, o Banco do Japão (banco central) decidiu na terça-feira derrubar os juros a zero.


A profusão monetária proveniente dos países de alta renda não está conseguindo acabar com a crise e vai tomando de roldão o câmbio de um punhado de economias emergentes, inclusive o do Brasil.


A questão chinesa é particularmente intrigante. Nos últimos 30 anos, enquanto empilhou reservas, a política econômica da China maravilhou o mundo rico não só porque ajudou a desarmar a bomba comunista, mas também porque derrubou a inflação global que permitiu políticas monetárias frouxas. Mas agora que estão atolados no baixo crescimento econômico e no desemprego, os mesmos países ricos acusam Pequim de manipular seu câmbio e de impedir a recuperação financeira.


Curiosamente, até hoje políticas de câmbio fixo nunca haviam sido consideradas manipulação monetária. Elas só passaram a ser vistas assim porque não interessam às maiores economias do planeta. Fica uma pergunta à procura de resposta. O que é mais manipulação: a compra de títulos dos países ricos pela China com poupança própria; ou a dinheirama despejada nos mercados pelos países de alta renda com a impressão de moeda ou aumento de dívida pública?


CONFIRA

A China sob mira
As autoridades dos Estados Unidos já estão ameaçando a China com represálias comerciais. Querem forte revalorização do yuan, a moeda chinesa, para tentar reverter o fluxo comercial hoje largamente superavitário a favor do país asiático.

Guerra comercial
Mas e se a China continuar firme em seus propósitos, se continuar com o câmbio fixo altamente desvalorizado? Nesse caso, o risco é de guerra comercial, ou seja, de imposição unilateral de tarifas de importação à entrada de produtos chineses nos Estados Unidos e, eventualmente, nos demais países ricos.

As outras vítimas
Não está claro se uma decisão tão radical traria o resultado desejado. Ela prejudicaria não só a China, mas também um grande número de países fornecedores da China, tanto da Ásia como do resto do mundo, inclusive o Brasil. E prejudicaria as grandes corporações americanas e europeias, quase todas elas solidamente instaladas por lá.

ANCELMO GÓIS

O show acabou 
Ancelmo Góis 

O Globo - 07/10/2010

O Canecão, depois de 43 anos e de longa disputa judicial com a UFRJ, dona do terreno, deve encerrar suas atividades dia 16 de outubro com apresentação de Bibi Ferreira, uma das primeiras a subir naquele palco carioca.

A casa, que ainda tenta um recurso judicial, recebeu três propostas para reabrir na Gamboa, na Lapa ou na Barra.

Ao mar

O casco dessa plataforma P-57 que Lula batiza hoje, em Angra, RJ, foi feito em... Cingapura.

Fator Armínio

O anúncio, ontem, de que um fundo baseado em Nova York passará a deter 70% do grupo Prisa, controlador do jornal “El País” e da Editora Santillana, não deve afetar os negócios da empresa no Brasil.

A Santillana, dona aqui das editoras Moderna, Salamandra e Objetiva, vendeu 25% do capital para o fundo privado DLJ, que tem entre os sócios a brasileira Gávea, de Armínio Fraga.

Fator Tiririca

Romário, deputado federal eleito, está preocupado com a imagem. Não quer ser visto como veem Tiririca.

Encomendou uma pesquisa com jornalistas, empresários e profissionais de ONGs de amparo a crianças especiais (nicho em que quer atuar) para saber como é visto.

Falso Bial

Circula na internet um email em que um suposto Pedro Bial mete o malho em Serra e pede votos para Dilma.

O coleguinha Bial, da TV Globo, esclarece que é falso.

Aquele abraço

O longa americano “Velozes e furiosos 5” será rodado no Rio.

Embora a trama se passe no Brasil, os produtores tinham dito que filmariam em Porto Rico, por ser mais barato. Mas o cenário porto-riquenho, com todo o respeito, não conseguiu substituir a beleza natural do Rio.

Pinguins a bordo

A Gol transportará de graça, hoje, numa viagem de volta para casa, na Antártida, cinco pinguins encontrados nos últimos dois meses nas praias do Rio.

Os bichos irão num voo para Porto Alegre e, de lá, seguirão num navio da Marinha.

Coleguinhas

Toda a redação do jornal “Hoje em Dia”, de Belo Horizonte, foi convidada para um culto do bispo Clodomir Santos, da Igreja Universal, no próximo domingo, com o aviso de que a diretoria vai recepcionar os funcionários na porta do templo.

Biblioteca no Porto

A Biblioteca Nacional também vai tomar o caminho do Porto do Rio.

O BNDES dará R$ 28 milhões para a BN instalar na região, que passa por revitalização, uma de suas mais importantes coleções — a de jornais e revistas.

Hemeroteca...

A maior parte do dinheiro (R$ 16 milhões) será empregada na reforma de um imóvel de 16.000m² que a BN já possui na Zona Portuária e hoje usa como depósito.

A ideia é fazer ali a maior hemeroteca (nome técnico da coleção) da América Latina.

Gás mais barato

No dia seguinte ao do segundo turno entre Serra e Dilma, o gás natural deve amanhecer mais barato no Rio.

Quem roda com GNV pagará até 2,78% menos a partir de 1ode novembro. É que a Petrobras baixou o custo do gás natural nacional para as distribuidoras CEG e CEG Rio, que atua no interior.

Ponto novo

As prostitutas que ficavam em frente ao Hotel Paris, no Rio, tiveram de mudar de ponto.

O grupo francês de hotelaria que comprou o local mandou despejá-las.

Zico é nosso rei

Veja como é duro para Patrícia Amorim unir o papel de mãe ao de presidente do Flamengo.

No dia seguinte ao da demissão de Zico, Patrícia foi recebida em casa pelos gritos do filho: “Ei, ei, ei, o Zico é nosso rei!” Eu apoio.