quarta-feira, outubro 06, 2010

TUTTY VASQUES

Eleitor ficha-suja
TUTTY VASQUES
O ESTADO DE SÃO PAULO - 06/10/10


Assim que pegar pra valer entre candidatos, a Lei da Ficha Limpa deveria ser adaptada e estendida aos eleitores. Não é justo que se cobre bons antecedentes do Maluf e se mantenha impune o sujeito que votou, por exemplo, no Tiririca. Fosse ele punido quando elegeu o Enéas, o Pitta, o Collor ou o Jânio, já teria parado com essa palhaçada.
O "eleitor ficha-suja" não tem necessariamente, ao contrário dos candidatos de mesma designação, rabo preso com qualquer tipo de bandalheira. É, não raro, o mesmo cidadão que reclama do vale-tudo da política, como se tudo isso que aí está não tivesse nada a ver com seu voto. O gaiato analfabeto que agora estão mandando para o Congresso pode até ser cassado, mas outros virão em seu lugar se a brincadeira de mau gosto não for cortada pela raiz.
Como não há no Brasil cadeia suficiente sequer para os 1.353.820 que votaram no Tiririca, casos do gênero deveriam estar sujeitos a tabelas de multas e perda de pontos no título de eleitor, mais ou menos como funciona o código de trânsito para motoristas infratores. O bafômetro em boca de urna também ajudaria a evitar novos desastres provocados pelo "voto-bêbado" que elegeu uns e outros País afora.

Mistério desvendado
Nada de pedofilia, sadomasoquismo ou qualquer outra tara virtual! O personagem de Marcello Antony em Passione é viciado em jogar "paciência" no computador. É o máximo de perversão permitida pelo patrocinador do piloto de Stock Car da novela.

Similar feminino
"Abestado vota na abestada!"
TIRIRICA, FAZENDO CAMPANHA PARA WESLIAN RORIZ NO DISTRITO FEDERAL

Campeã de audiência
Duas emissoras de TV por assinatura já disputam os direitos de transmissão em pay-per-view, para todo o Brasil, do debate com Weslian Roriz no segundo turno das eleições no Distrito Federal.

Boa justificativa
Será que, se o tempo firmar até o fim do segundo turno, o pessoal que tem casa na praia vai deixar de votar para curtir o feriadão do Dia dos Mortos?

Paranoia global
Se a União Europeia for acreditar em todo alerta de atentado terrorista emitido pelos EUA, melhor evacuar Paris por tempo indeterminado logo de uma vez. Tem turista por lá que, nos últimos dias, tentou subir sete vezes a Torre Eiffel, mas, sempre que chega sua vez, o local é interditado pelo Exército.

Fama internacional
Foi-se o tempo em que o Brasil era conhecido lá fora só pelo futebol, carnaval e café. Quase todo mundo, hoje em dia, sabe quem é o Tiririca.

Só dá ela!
O comando da campanha de Dilma Rousseff encomendou ao cabeleireiro da candidata um aplique em forma de coque igual ao da Marina Silva.

Verde de fome
José Serra iniciou uma dieta à base de granola, frutas secas, açaí, mel...

RUY CASTRO

Três is com bolinha
RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 06/10/10

Querem obrigar Tiririca, com seu 1,3 milhão de votos, a fazer um teste para provar que não é analfabeto, antes de assumir sua cadeira de deputado federal em Brasília. Por um lado, é justo -por não terem dado esta chance a Cacareco, também eleito por São Paulo em 1958, o imortal rinoceronte não pôde tomar posse na época. Por outro lado, é perigoso: imagine se, por revanche ou gaiatice, alguém resolve submeter gente mais alta da República ao mesmo teste de Tiririca?
De que consistiria o teste? De questões como "Descreva em 15 linhas o pensamento de Schoppenhauer, Kierkegaard e Heidegger", ou algo como "Quem foi Hortelino Trocaletra?". (A resposta ao primeiro item não cabe neste espaço; a resposta à pergunta é: inimigo do coelho Pernalonga.) Mas, supondo que Tiririca conseguisse ler as questões, até que ponto se exige de um deputado esse tipo de conhecimento? E quantos de seus colegas de Câmara se sairiam bem no mesmo teste?
Mais relevante seria fazer Tiririca tomar um ditado simples -por exemplo, um texto extraído do recente livro "As Piadas Fantárdigas do Tiririca", por acaso assinado por ele. A avaliação do ditado ignoraria ortografia, pontuação e acentos, e se concentraria na capacidade de o examinando entender as palavras.
Se bem que, para mim, o melhor seria matricular Tiririca num curso de caligrafia -para aperfeiçoar sua arte de assinar o próprio nome. É o que mais se exigirá dele em sua carreira no gabinete: assinar documentos, alguns envolvendo o destino de bilhões de reais, outros, de grande importância estratégica. Seus pares, claro, irão poupar-lhe o trabalho de ler chatices e lhe dirão o que assinar ou não. Só não poderão -acho eu- assinar por ele.
Se eu fosse Tiririca, só me assinaria como "Tiririca". Afinal, são três is nos quais botar aquela bolinha em cima.

DILMA CABEÇA OCA

DILMA CABEÇA OCA

MARCO ANTONIO VILLA

O silêncio de Lula
MARCO ANTONIO VILLA
FOLHA DE SÃO PAULO - 06/10/10

Agora Dilma vai ter as mesmas condições que Serra; continuar a falar por ela vai pegar muito mal


Lula perdeu. A soberba fez mais uma vítima. O presidente, com supostos 80% de aprovação, não elegeu sua sucessora no primeiro turno, como propalou nas últimas semanas. Toda a agressividade presidencial foi em vão.
As ameaças foram aumentando na mesma proporção que os institutos de pesquisa apresentavam o favoritismo da sua candidata.
Não custa imaginar como agiria discursando na festa da vitória que não houve. O silêncio de Lula nos últimos dias, caso raro, foi o mais extenso deste ano.
A oposição recebeu um claro recado das urnas. Há espaço para uma candidatura propositiva e oposicionista.
A maioria simples que o governo obteve foi graças ao apoio dos oligarcas (Sarney, Barbalho, Collor, entre outros), das centrais sindicais pelegas, dos velhos movimentos sociais sustentados com recursos públicos, das pesquisas que a cada dia jogavam uma ducha gelada na oposição e estimulavam o eleitor indeciso a votar na candidata oficial, da máquina estatal e de seus programas assistencialistas, e, finalmente, de Lula, que literalmente abandonou a Presidência para fazer campanha.
Apesar de tudo, o governo não obteve a vitória que imaginava. O segundo turno era tudo o que Lula não queria. Agora sua candidata vai ter as mesmas condições que Serra. Continuar falando por ela como fez no primeiro turno vai pegar muito mal.
O criador tem de dar alguma autonomia à criatura. Confundir apoio com tutoria, indica ao eleitor que Dilma não consegue caminhar com as próprias pernas.
A oposição terá nova chance. Não tem desempenhado bem o seu papel. Acreditou na fantasia de que somente 4% da população achava o governo ruim. E, depois dos resultados da eleição de domingo, é mais fácil crer no chapeuzinho vermelho do que nas pesquisas eleitorais.
O eleitorado apontou que a oposição tem de fazer política. Deve criticar (quem disse que o eleitor não gosta de crítica?) e propor alternativas. Chamar Dilma para o debate e não Lula. Afinal, é ela a candidata.
A verdadeira eleição, espero, começou na noite do último domingo. Até então, o que tivemos foi um mero simulacro. Debates monótonos, um amontoado de propostas desconexas, muito marketing e pouca política.
Foi o tipo de campanha que marqueteiro adora. Agora deve começar a eleição que interessa ao país. Longe daquilo que Euclides da Cunha, em 1893, chamava das "insânias dos caudilhos eleitorais e do maquiavelismo grosseiro de uma política que é toda ela uma conspiração contra o futuro de uma nacionalidade"
.
MARCO ANTONIO VILLA é professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar

ROBERTO DaMATTA

Previsões e profecias
Roberto DaMatta
O Globo - 06/10/2010

Previsões e profecias são o sal da terra e o cerne do humano, do demasiadamente humano, como disse um filósofo muito citado e pouco lido. Pois se não compreendemos o que ocorre conosco neste instante, como entender o futuro? Aliás, se não sabemos nada das origens: de onde viemos, como foi que viramos gente com consciência do certo e do errado, quem inventou o beijo na boca, o cafezinho, penico, o cometa, o pôr do sol, a música, a mendacidade e o poder como prever o futuro? Meu tio Amâncio apaixonou-se. No meio de uma discussão política, quando os votos demoravam a ser apurados, acirrando acusações e atiçando suspeitas, na qual engalfinharamse tio Marcelino e tio Mario, ele apenas repetia: eu só sei que estou apaixonado e hei de sempre ser um eterno a p a i x o n a d o . . . M a s Amâncio diziam uns tios o Lott é um general sem experiência política...

Nada disso negavam aos brados os outros o homem é o Jânio, que, com sua vassoura, vai ganhar a eleição e varrer os ladrões! Desses berros eu só guardei um Amâncio balbuciando com a fé de um santo milagreiro que estava apaixonado e que seria sempre um eterno apaixonado.

As previsões políticas dos meus tios falharam. Jânio ganhou a Presidência mas a ela renunciou mergulhando o Brasil numa crise arrepiadora. Mas a profecia de tio Amâncio continua, pois sem ela o mundo não existiria. A crença numa paixão imortal é o sinal mais claro da generosidade e do orgulho que ajudam a enfrentar a certeza do sofrimento e da culpa. Essa dupla que constitui o centro da vida humana.

Todas as previsões se destinam ao fracasso. Elas falam mais dos seus pro-fetas do que de si mesmas. A crença no profetizar é um atributo da onipotência atribuída aos deuses, cujas vidas pensando bem são uma nulidade, já que nelas nada acontece. Onde, querido leitor, você prefere estar? Num diabólico colóquio amoroso com sua namorada (que você não pode jamais saber se te ama do mesmo modo que você é apaixonado por ela e vice-versa, daí a dureza do combate); ou no Olimpo, onde a eternidade liquidou passado, presente e futuro, e o sangue que anima a vida é se de fato existe verde, como me ensinaram os índios Apinayé, certos de que, após a morte, não há mais excitação, embora se possa pensar em alguma beatitude na forma de uma enorme pasmaceira.

O nada, como dizia Thomas Mann, não me interessa, pois, sem origem ou fim, o vazio que o constitui não tem as dúvidas que levam às profecias, às previsões e aos desejos.

Por isso nada ocorre no nada. O nada, como acentuou Sartre, é impossível de ser entendido por quem vive na plenitude de uma vida feita de tantas dúvidas e projetos quanto as estrelas do céu. Não tenho como conceber o eterno, como são capazes de fazer as pessoas politizadas que, tendo respostas para todos os problemas, preveem e profetizam a todo minuto.

Por que profetizamos? Porque somos seres entregues a nossa própria consciência num mundo para o qual não fomos chamados. Um palco onde somos forçados a tomar parte num drama que estava sendo apresentado muito antes de nossa chegada, com o agradável agravante da certeza de que, um dia, iremos dele partir. Shakespeare, de quem eu roubo esta lição, falou desse jogo de entradas e saídas que nos coloca em contato com o sucesso e o fracasso, e com a vida e a morte. É justamente a certeza de que só há este mundo que nos obriga a honrá-lo e a gozá-lo. Pois não haveria honra ou amor se morrêssemos em nome de uma outra coisa, senão o da nossa humanidade que, por ser fabricada por nós mesmos, precisa de profetas e de certezas. Honrar a finitude é perder-se na dedicação fugaz, mas intensa e valente, que faz inveja aos deuses.

Esse amor que deixamos, mesmo sabendo que seremos inevitavelmente esquecidos... Amor que, essa eu aprendi com o Kundera, nos faz flutuar um pouco para, mais adiante, sermos comidos pela terra. Mas que maravilha a breve aparição que nos faz viver pelos outros por causa de um beijo, um ideal ou de um aceno de mão que foi o início de uma família ou de uma paixão impossível, como aconteceu com Romeu e Julieta ou com Joe Bradley e a princesa Ann no filme do William Wyler A princesa e o plebeu.

Essa incrível capacidade para ser tudo ou nada obriga a inventar âncoras e freios. E, para os radicais (que sabem tudo), engendra as certezas que eles, como profetas, adoram manipular.

E, no entanto, e apesar das incertezas que fazem parte da vida, basta uma eleição, um populistazinho raivoso com alta popularidade, um novo modismo ou a perspectiva de uma vitória, para desenterrarmos a podridão autoritária ou cairmos numa gigantesca e irrecuperável frustração.

Tudo isso para dizer que a tal vitória no mínimo insofismável de Dilma no primeiro turno, prevista pelos profetas da mídia, não deu certo. Como não daria certo, leitor, se um marqueteiro nos dissesse que amanhã pela manhã tomaríamos café às 10 horas, porque foi assim que fizemos nas últimas quatro décadas. Basta ler a profecia para contrariá-la. Moral da história: barbas de molho, companheiros e oportunistas. Agora, que o FHC ajuda, ajuda; embora o futuro, como dizia vovó Emerentina, inveterada jogadora de pôquer, a Deus pertença.

Que o diga o Reich de mil anos!

DILMA CABEÇA OCA



A BRUXA DA CABEÇA OCA

DORA KRAMER

Cair de maduro 
Dora Kramer 
O Estado de S.Paulo - 06/10/2010

As duas semanas que Marina Silva e o PV pedem para decidir qual apito tocarão para seus eleitores no segundo turno não cabem dentro dos 25 dias que faltam para a eleição.


Nem os candidatos Dilma Rousseff e José Serra podem esperar tanto nem a expectativa do público se sustenta durante tanto tempo.

Inclusive porque no fim Marina pode chegar à conclusão de que a neutralidade é a melhor posição. A posição do PV não importa, já que o centro mesmo das atenções é a senadora.

Decisões que demoram a sair, ainda mais em situações emergenciais como a do segundo turno da eleição presidencial. A procrastinação põe os personagens da história no sério risco de ser atropelados pelos fatos e pelas circunstâncias.

Os fatos já a partir de agora vão começar a surgir: as polêmicas, os programas do horário de rádio e televisão, a tomada de posição dos aliados País afora, a arrumação interna das campanhas, os acertos, os desacertos, uma série de coisas que vão acontecendo muito rapidamente e que podem fazer do apoio de Marina/PV um acontecimento vencido. Ou pior: aborrecido.

Guardadas todas as proporções, não custa lembrar a quem interessar possa que a escolha do vice da chapa do PSDB um dia foi assunto nobre e acabou naquela situação lamentável que todo mundo viu.

Ninguém é capaz de dizer ou informar com razoável grau de precisão o que vai acontecer com essa que hoje é a mais cortejada das noivas da política.

Primeiro, um parêntese: melhor ver PSDB e PT correr atrás de Marina que reverenciar o PMDB por causa de tempo de televisão e serviços prestados à "governabilidade".

Ninguém consegue saber com segurança qual o rumo do PV porque nem o PV sabe.

O presidente do partido anunciou apoio a Serra, bem como figuras de destaque do PV como Fernando Gabeira e Fábio Feldmann. Isso, aliado ao fato de "os verdes" estarem aliados aos tucanos em vários Estados faz supor que o partido irá com Serra.

Convém, porém, não subestimar a capacidade de cooptação do governo e o fato de que é o presidente em pessoa quem procurará Marina para convidá-la a apoiar Dilma.

Apesar de todo os pesares, Marina simplesmente adora, no sentido religioso do termo, Luiz Inácio da Silva. De outro lado, abomina - no sentido pagão da palavra - Dilma.

Por isso a aposta geral é a de que ficaria neutra. Se apoiar Dilma, volta para uma campanha do PT. Se ficar com Serra, salta para o outro lado da margem sem escalas.

Para quem está chegando ao "grand monde" da política agora qualquer passo em falso é um risco, muito embora a paralisia tampouco seja a melhor conselheira.


Marina não é uma líder de massas. Tanto que tem gente chamando seus 20% de votos de "fenômeno".


Se Lula com seus 80% de popularidade só conseguiu dar 47% para Dilma, Marina de repente faria 20% das pessoas que votaram nela por variados motivos - dos piores aos melhores - seguirem incontinenti sua posição?


E se só uma ínfima parte seguir, como ela fica?


Difícil, mas qualquer que seja a decisão será necessário apressá-la. Sob pena de os verdes acabarem caindo de maduro.


Embarque na onda. Os institutos contratados por campanhas e governos não "erraram", cumpriram suas tarefas. As pesquisas saíram com a credibilidade arranhada, mas isso acontece em toda eleição e depois (lamentavelmente) passa.


Pior aconteceu com a imprensa em geral, nacional e estrangeira, que ficou na referência cega dos números, abstendo-se de pensar, de "reportariar", de dar às amostragens sua devida dimensão.


Na melhor das hipóteses, as intenções de voto de Dilma alcançaram 55%. Cinco pontos é pouco para sustentar aquela certeza toda na decisão no primeiro turno.


Precisão. Na quinta-feira anterior às eleições, logo após o debate da TV Globo, o marqueteiro do PSDB, Luiz Gonzalez, revelava a um grupo de jornalistas o resultado do "tracking" (medições em série por telefone) daquele dia: 42% para Dilma, 31% para Serra e 20% para Marina. Mais preciso que a pesquisa da boca de urna.

MÔNICA BERGAMO

VOTO NA URNA
MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SÃO PAULO - 06/10/10

Estrela do PV, o ex-ministro Gilberto Gil, que fez campanha para Marina Silva (PV), vai votar em Dilma Rousseff (PT) para presidente. Gil não deve se envolver na discussão partidária -o PV está rachado e parte da legenda, como Fernando Gabeira (PV-RJ), quer aderir a José Serra. Mas, além de votar, o cantor deve tornar evidente seu apoio à petista.

DE PRIMEIRA
Dilma, por sinal, telefonou para a mulher de Gilberto Gil, Flora, no próprio domingo, 3, dia do primeiro turno da eleição. Flora declarou voto na ex-ministra já na primeira rodada do pleito.

PESO PENA
A adesão de Gabeira foi minimizada por setores que apoiam Dilma no Rio de Janeiro: ele teve 20% de votos no Estado -menos do que Serra, que teve 22%.

O SIGNO DOS QUATRO
Ricardo Young, que ficou em quarto lugar na corrida para o Senado (4,1 milhões de votos, superando Romeu Tuma), afirma ter sido procurado por quatro dirigentes partidários -petistas e tucanos- de olho no apoio do Partido Verde para Dilma ou Serra no segundo turno. Não revela quem ligou.

TUCANO VERDE
E o ex-tucano Fabio Feldmann (PV), que tabelou com Geraldo Alckmin nos debates entre os candidatos ao governo de São Paulo e criticou Dilma no encontro da TV Globo, diz que, "apesar de serem públicas minhas simpatias pelo PSDB", acompanhará a decisão do partido sobre o apoio no segundo turno. Ou seja, não declarará apoio em caso de a legenda optar pela neutralidade.

CESTA
O prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP) fez barba, cabelo e bigode no pleito. Abertas as urnas, viu eleitos, em São Paulo, seis deputados federais que apoiou nas eleições.

QUERO MAIS
Um desafeto tucano tenta minimizar: "Ele pensava que elegeria dez".

ME DÊ MOTIVO
A decisão que até agora prevaleceu na campanha de Serra de "esconder" Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), para inconformismo de tucanos que admiram o ex-presidente, tem base em números: 78% dos eleitores avaliam o governo de Lula como "ótimo/bom", segundo o Datafolha, e 4% como "ruim/péssimo"; quando FHC deixou a Presidência, 26% diziam que seu governo era "ótimo/bom"; 36%, que era "ruim/péssimo".

PALMAS
FHC, por sinal, foi o palestrante mais aplaudido em evento que reuniu anteontem a fina flor da comunidade judaica no hospital Albert Einstein, em SP, numa clara demonstração de satisfação com o segundo turno eleitoral. As relações de parte da comunidade com Lula estremeceram por causa do diálogo dele com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.

TROPA DA ELITE
O longa "Tropa de Elite 2", exibido ontem pela primeira vez em Paulínia (SP), terá uma sessão para os "sócios-investidores" em SP amanhã, no Kinoplex do shopping Vila Olímpia. Os empresários Beto Sicupira, da AmBev, Flávio Rocha, da Riachuelo, e Benjamin Steinbruch, da CSN, são alguns dos financiadores do filme.

PRIMEIRO À MÃO
O músico Arnaldo Baptista, que aderiu ao Twitter há dois meses, conta com o auxílio de uma digitadora.
Ele não usa o computador, mas escreve as mensagens com 140 caracteres em um caderninho. Sua mulher, Lucinha, pega os rascunhos e publica na rede social.

BANQUETE
Custará R$ 5.000 por casal o convite para o Jantar da Terra, elaborado por Alex Atala e dez chefes estrangeiros, no dia 25, durante a Semana Mesa SP.

PLANTÃO MÉDICO
Fotos Mastrangelo Reino/Folhapress

Claudio Lottenberg

O hospital israelita Albert Einstein inaugurou anteontem o Auditório Moise Safra em sua unidade do Morumbi. A solenidade de abertura teve como mestre de cerimônias o médico Claudio Lottenberg, presidente do hospital, e contou com palestras de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

ENTRE AS ESTANTES
O cineasta Fernando Meirelles autografou anteontem o livro "Cegueira, Um Ensaio", na Livraria da Vila do shopping Cidade Jardim. A obra tem histórias de bastidores e fotos do filme "Ensaio sobre a Cegueira", que ele dirigiu.

CURTO-CIRCUITO

Ivaldo Bertazzo lança hoje, às 20h, o livro "Corpo Vivo", no Sesc Pinheiros, com bate-papo do autor e dicas de fisioterapeutas sobre movimentos corporais.

Lena Roque estreia hoje a peça "Louca de Amor", texto de Viviane Pereira adaptado pela atriz, às 21h30, no teatro Imprensa (rua Jaceguai, nº 400). Classificação: 14 anos. O filme "Lope", de Andrucha Waddington, terá pré-estreia hoje, às 21h30, no Festival do Rio. A exibição será no cine Odeon Petrobras (praça Marechal Floriano, nº 7).

O Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua será inaugurado amanhã, na Bela Vista, pela Secretaria Municipal de Assistência Social.

com DIÓGENES CAMPANHA e LÍGIA MESQUITA

DILMA CABEÇA OCA

MERVAL PEREIRA

Sem intervalo 
Merval Pereira 

O Globo - 06/10/2010 

Há duas informações contraditórias no noticiário sobre a campanha do segundo turno da candidata Dilma Rousseff: ou bem o tom “Paz e amor” vai prevalecer ou bem o deputado Ciro Gomes vai fazer parte da coordenação política da campanha.

As duas coisas não combinam.

O mais provável é que nenhuma das duas aconteça.

A maioria dos governadores quer que Lula participe da campanha, mas tire o dedo do gatilho da metralhadora giratória, onde ele o repousou no último mês de campanha.

Querem a volta da criação imortal de Duda Mendonça, que levou Lula à Presidência da República e à qual ele retorna sempre que vê escapando uma vitória pressentida ou que se mete em uma enrascada pelo rancor que guarda no peito.

Apesar de todas as glórias, locais e internacionais, Lula não se sente confortável neste mundo que não lhe dá uma aprovação unânime.

Talvez seja o caso para um psicanalista, mas o fato é que ele não se contenta com menos do que a unanimidade burra identificada por Nelson Rodrigues.

Foi assim também em 2006, quando foi para o segundo turno contra o tucano Geraldo Alckmin. Ficou nada menos que 15 horas desaparecido, curtindo sua mágoa, imprecando contra os seus “aloprados” e também contra o “picolé de chuchu” que ousou enfrentá-lo quase de igual para igual.

Q u a n d o s e a c a l m o u , reassumiu o papel de “Lulinha Paz e Amor” e fez uma campanha de segundo turno irretocável, colocando no corner seu adversário.

É claro que Dilma não é Lula, e Serra não é Alckmin, e o país é outro hoje em dia.

Ficará mais difícil levar a campanha do segundo turno para o campo ideológico, como querem alguns dentro da campanha.

A polêmica sobre o aborto, que retirou de Dilma boa parcela de votos, é uma demonstração de que a nova classe média criada no governo Lula, conservadora como já havia registrado o cientista político André Singer, ex-porta-voz de Lula, não gosta de marolas.

O interessante é que Mangabeira Unger, o professor de Harvard que já foi ministro do governo Lula e foi o estopim para a saída de Marina Silva do Ministério, ao receber de Lula e Dilma a incumbência de cuidar das questões ambientais na Amazônia com um olhar desenvolvimentista, desenvolveu a tese de que os evangélicos brasileiros tinham semelhança com os pioneiros que fundaram os Estados Unidos e tinham o espírito empreendedor que faria a diferença para o desenvolvimento do Brasil.

Esse grupo, e mais os católicos, ao que tudo indica reagiu contra posições ambíguas da candidata Dilma sobre a legalização do aborto, e o debate continua pela internet.

Outras contradições da candidata oficial serão exploradas durante este segundo turno da campanha.

Mas uma coisa é inegável: mais uma vez a campanha do PT saiu na frente em organização.

Um exemplo claro disso foi o aproveitamento que Dilma Rousseff fez do bloco de reportagens do programa “Fantástico”, da Rede Globo, marcando seu pronunciamento para um horário em que pôde entrar ao vivo na maior audiência do domingo.

O candidato Serra simplesmente não foi encontrado e só foi fazer seu pronunciamento perto da meia-noite.

Outra demonstração de organização foi a convocação dos governadores eleitos e demais aliados para uma reunião em Brasília, já levando em consideração os programas eleitorais do segundo turno, que começam na sexta-feira.

Serra só reunirá seus aliados hoje.

Uma coisa houve de bom para a campanha de Serra.

Ele não repetiu o erro de Alckmin, que suspendeu a campanha entre o primeiro e o segundo turno por uma semana, freando todo o embalo que o levou a ter 42% dos votos no primeiro turno.

E, em vez de receber o apoio de Garotinho em primeiro lugar, como fez Alckmin em 2006, Serra desta vez recebeu o apoio de Fernando Gabeira, o que faz toda a diferença.

As duas campanhas estão se movimentando nos bastidores para conseguir o apoio de Marina Silva e de seu Partido Verde, e a missão é tão importante que os principais líderes do PT e do PSDB estão capitaneando os esforços de aproximação.

O presidente Lula e seu principal adversário, o expresidente Fernando Henrique Cardoso, estão mais uma vez disputando esse lance político, numa demonstração de que a candidatura de Marina Silva teve o condão de quebrar a polarização entre os dois partidos.

Embora sejam eles que disputam o segundo turno, o protagonismo está com Marina Silva, mais do que com o Partido Verde.

Ninguém sabe exatamente a composição desses quase 20 milhões de brasileiros que escolheram Marina mesmo sabendo que ela não tinha chance de chegar ao segundo turno.

Foram eleitores que quiseram demonstrar sua insatisfação com a dualidade proposta, como sempre Marina salientou nos debates.

Como terão que decidir quem escolher no segundo turno, não é provável que aguardem uma orientação de Marina, nem que ela pretenda ser a guia genial desses eleitores.

As motivações do voto em Marina parecem ser bastante variadas, e cada grupo escolherá o candidato(a) que sobrou, ou escolherá não escolher, de maneira mais independente do que normalmente acontece.

Os petistas desiludidos provavelmente voltarão ao seio do partido, mas eles ao que tudo indica são a menor parte desse contingente, que, também pelas primeiras análises, não é nada parecido com os eleitores que em 2006 escolheram Cristovam Buarque e Heloisa Helena no primeiro turno e depois desembarcaram na candidatura de Lula em peso.

Os eleitores de Marina parecem ser menos ideológicos, assim como ela.

Compromissos com uma visão mais abrangente da questão do meio ambiente dentro do projeto de desenvolvimento do país devem ser mais eficazes para uma boa parte desses eleitores.

JOSÉ SIMÃO

Ueba! "Fazenda 3" cria pelanca!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 06/10/10

A Monique é a sucessora da Dercy. Só fala palavrão! Ela abre a boca e "PIIII"! Parece uma chaleira velha!

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! OBA! Voltei! Cobrir eleição é pior que cobrir vaca em pasto! E tão dizendo que a Dilma não chegou ao 51 porque o Lula bebeu tudo! E que o Serra foi pro segundo turno porque os palmeirenses foram liberados pra votar: não é mais obrigatório ter TÍTULO!
E a Marina, daqui a 15 dias ninguém mais se lembra dela, celebridade instantânea. Mulher Bíblia Cipó! E a "Fazenda 3"? TRASH! BAGAÇA! HILÁRIO! Eu sei o que eles criam naquela fazenda: PELANCA!
Se eu fosse o Sergio Mallandro, eu nunca mais tirava a camisa. E, se eu fosse a Monique Evans, nunca mais ia pra praia! O Sergio Mallandro é o mais coerente: botou o gluglu na fazenda! Mas ele tá com pinta de aposentado. Aposentou o gluglu!
E a Monique é a sucessora da Dercy. Só fala palavrão! Ela abre a boca e "PIIII"! "Filho da "piii"." "Vá tomar no "piiii'!" Só apita. Parece uma chaleira velha! O elenco é maravilhoso: Sergio Mallandro, Monique Evans, Mulher Melancia, Viola e a drag queen Nany People. E a frase do Viola: "Se fosse na zona leste, matavam esse cara".
Cena mais bizarra: Viola passando bronzeador na bunda da Mulher Melancia! Acabou o estoque da Sundown! A bunda da Mulher Melancia é um abuso de autoridade. Uma afronta ao nu frontal. Rarará! A bunda é tão grande que, quando chove, só molha a parte de cima, tipo marquise. Pior, ela derrubou o Tico da banda Detonautas com uma bundada! Detonou o detonauta. Rarará. E a Nanny People desmontada parece a mãe do Cruz Credo!
E o pior é que tem um maquiador, o Carrasco. Aliás, maquiador pode se chamar Carlos Carrasco? Rarará! Ele deve estar passando por um inferno Avon! Todas têm o make borrado. E a bunda da Mulher Melancia só cabe em TV de 56 polegadas!
Pecados Recicláveis! Olha o cartaz na Igreja da Penha! "JOGAR LIXO É PECADO MORTAL!" As penitências ecológicas serão transformadas em sacos de lixo. 1) Mentiras: cinco sacos de lixo. 2) Infidelidade: 15 sacos de lixo. 3) Violência: 50 sacos de lixo (todos cheios). E aí um amigo perguntou: "E quantos sacos de lixo precisa para um padre pedófilo?". Rarará. E última notícia bombástica: "Lucianta Gimenez rouba a cena na Academia Paulista de Letras". É verdade. Verdade verídica. Humor involuntário. Nóis sofre, mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno! 

GOSTOSA

ZUENIR VENTURA

Verde desde criancinha 
Zuenir Ventura
O GLOBO - 06/10/10


Agora, todos são verdes desde criancinha, todos são povos da floresta: Dilma, Serra, Lula. Só falta a eles ostentar um certificado, um selo de ecologicamente corretos.

Daqui para a frente, vários golpes de sedução serão usados para conquistar o apoio de Marina. Ela passou a ser o nada discreto objeto de desejo de tucanos e petistas.

Todos vão lhe fazer a corte. O candidato do PSDB, por exemplo, não demorou a descobrir: "Tenho muita afinidade com o PV", com quem fez parceria quando governador. "A área ambiental para mim é prioritária." E mais: "A nossa lei de mudanças climáticas é considerada a mais avançada do Hemisfério Sul." Ele talvez só não saiba como desfazer aquela saia justa do debate na TV Globo, quando em tom agressivo virou-se para Marina, que o havia comparado a Dilma, e afirmou que ela, sim, era parecida com a candidata do PT: "Vocês duas têm muito mais coisas em comum." Posto que a hora é de parecer com Marina, ter "coisas em comum" com ela, é capaz de Dilma aproveitar no horário eleitoral a infeliz declaração do adversário.

Quando escrevi aqui no dia 15 de setembro que "a grande novidade da eleição" era Marina, qualquer que fosse o resultado, houve quem me criticasse por estar "promovendo" uma candidata sem expressão eleitoral, apenas "simbólica", que naquela altura mal chegava a 10% das intenções de voto e pouca esperança de passar disso. O artigo terminava assim: "Marina disse que é possível ganhar perdendo ou, o contrário, que é o seu caso. Se perder, ela perderá ganhando." Alguma dúvida? Mas quem poderia imaginar que uma candidata aparentemente sem peso político iria se tornar o fiel da balança, a palavra decisiva da eleição? Hoje, os adversários, que não faziam fé, são unânimes em afirmar que a ela se deve o segundo turno.

Espera-se que após uma campanha pedagógica, em que ofereceu aos outros candidatos um exemplo de comportamento ético, Marina subverta as práticas de negociação política - em vez do fisiologismo habitual, do toma lá dá cá, que ela introduza como moeda de troca não apenas cargos, mas programas, ideias e projetos.

Sua primeira lição no caso foi admitir que não é "dona" dos votos que lhe foram destinados; as condições do apoio serão discutidas e decididas pelo partido, não por sua vontade própria.

Começa enfim a temporada de assédio, em que todo mundo vai pegar carona e tirar casquinha na onda verde, no prestígio da Marina, no carisma da Marina. Muitos vão descobrir que conhecem a sua história desde pequenininha e que até foram seus amigos de infância no seringal Bagaço.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Multiplicação 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 06/10/2010

Se ficar mesmo comprovado que Tiririca é analfabeto, ele terá, ao menos, mais dez dias para se alfabetizar. Este foi o prazo dado por Aloísio Silveira, juiz eleitoral, para que o palhaço apresente sua defesa. No MPE, acredita-se que ele usará este tempo de "descanso" no Nordeste, para onde foi assim que a eleição terminou, com este objetivo.
O período pode ser prolongado caso seus advogados entrem com habeas corpus para tentar trancar o processo ou retardar a data da audiência. Quando Francisco Everardo fará uma "prova dos nove".

Soma
Maria Helena Rovere, consultora-educadora da Unesco, avalia que com um intensivão é possível um adulto se alfabetizar neste prazo. "Pode pelo menos aprender a redigir um ditado, mesmo que não compreenda o conteúdo." O que seria suficiente para a legislação eleitoral.

Subtração
Aprovado no teste, ainda assim não ficará livre da acusação de falsidade ideológica e documental. Para Tiririca sair dessa, é preciso que sua caligrafia bata com a da declaração apresentada à Justiça Eleitoral no dia do registro de sua candidatura.

Tentativa
Márcio Thomaz Bastos se comunicou por telefone com as advogadas do PT, Marcela Cherubini e Débora de Carvalho Batista. No fim da noite de domingo, elas foram à sede do TRE-SP encontrar com o desembargador Walter de Almeida Guilherme e pressioná-lo a aceitar petição que validasse os votos conferidos a Paulo Bufalo , do PSOL, o que poderia levar a eleição para o segundo turno.
Foi por volta das 11h da noite que as petistas jogaram a toalha: nem com os 0,34% de Bufalo Mercadante teria chance.

Na boca do gol
Prestes a sair do forno, documentário sobre Tancredo Neves espera a aprovação de Aécio. O senador eleito não teve ainda tempo assistir ao filme. Entretanto, o diretor Silvio Tendler aposta na exibição este ano, quando se comemora o centenário do ex-presidente.

Munição fraca
Como previsto, de nada adiantou aumentar o IOF para segurar o dólar. Com o mundo não querendo mais saber da moeda americana, Guido Mantega não pode achar que a valorização do real é pessoal. Terá que dar tiro de canhão se quiser segurar a cotação, sem medo de atrapalhar as eleições.

Triiiim
Se abstendo em revelar a estratégia de agora em diante, Luiz Gonzalez, marqueteiro de Serra, tenta explicar o erro nas pesquisas que não previram o segundo turno. "Não sou especialista, mas nosso tracking telefônico deu certo. O que me faz acreditar que talvez este sistema funcione melhor", avaliou ontem.

Diferentemente da pesquisa feita nas ruas ou nos domicílio, a realizada via telefone dá opção a quem atende de desligar e não revelar nada. "O eleitor não se inibe em bater o telefone", conta. Já nas ruas, segundo Gonzalez, quem não quer responder, responde, e acaba distorcendo a coleta de informações. Nas casas, pelo acesso ser mais difícil, o esforço é triplicado e menos produtivo.

Nota não só
Sobre o que poderia ser um novo jingle, conforme publicou a coluna ontem, - "Serra é gente boa, Serra é do bem" - Gonzalez afirma ser o mesmo usado em 2004, agora com nova roupagem. Explica, entretanto, que a campanha, a exemplo do primeiro turno, não terá um só jingle. "Vamos fazer três ou quatro clipes."

Caminhos
A pelo menos um interlocutor, FHC levantou a hipótese de ter Marina como vice de Serra no segundo turno. Mas pelo que se apurou, a legislação não permite.
Se fosse Gabeira a substituir Indio da Costa, existiria uma brecha: o PV se coligou com o PSDB no Rio.

Prestígio
Há 40 anos, Richard Meier comprou livro sobre as obras de Oscar Niemeyer. No sábado, em encontro marcado com o arquiteto brasileiro no Rio, ele levará a edição para ser autografada.
O arquiteto americano, reconhecido mundialmente, conhece o Brasil. Pelas mãos de Felipe Diniz.

Homem de ferro
Niemeyer, aliás, foi visto em restaurante carioca, sexta à noite, com mais sete amigos.
Comendo e... Bebendo.

Na frente
Muitos estranharam que os comentários apimentados feitos no Manhattan Connection, domingo, não foram reprisados pela GNT como de hábito. A assessoria da emissora justifica: o conteúdo estaria... Desatualizado.

Rosangela Lyra trouxe, de Paris, pesquisa que colocou a Dior do Brasil em segundo lugar no mundo. Em atendimento e atmosfera visual.

Apresentada, ontem, no Reserva Cultural, a campanha da Unicef, feita pela Nova S/B, promete alarde. Sobre desigualdade e direito da criança.

A exposição Gregorio Gruber - Passeios abre, amanhã, no Lugar Pantemporâneo.

Mesmo com Dilma e Marina, as mulheres ainda são minoria na política. Das 54 vagas no Senado, só sete foram conquistadas pela ala feminina.

SERRA PRESIDENTE

ELIO GASPARI


FHC entrou pela frente, Dirceu pelos fundos 
Elio Gaspari
O GLOBO - 06/10/10

No dia em que Marina Silva, uma pobre menina do Acre, nascida no seringal Bagaço, teve 19,6 milhões de votos, José Dirceu, o engenheiro da máquina petista na eleição vitoriosa de 2002, chegou cedinho para votar num colégio de Moema, em São Paulo. Entrou por uma porta lateral e saiu protegido por seguranças.

Há quatro anos, nesse mesmo local, ouviu gritos de "ladrão". Na mesma manhã de domingo, Fernando Henrique Cardoso percorreu a pé uns poucos quarteirões e votou no Colégio Sion, o prédio onde, em 1980, um grupo de sindicalistas fundou o Par tido dos Trabalhadores.

Algo está acontecendo debaixo dos olhos do comissariado petista.

Mais: os resultados trouxeram sinais de que algo está acontecendo debaixo dos olhos do eleitorado. Com 255 mil votos, o deputado federal mais votado do PT de São Paulo foi João Paulo Cunha, réu do processo do mensalão.

Numa bancada que já teve Florestan Fernandes e Hélio Bicudo, o líder do PT na Câmara, Candido Vaccarezza, chegará à Câmara numa coligação beneficiada pelos 1,4 milhões de votos dados ao palhaço Tiririca, "pior do que está, não fica".

Em Boa Vista, um colaborador de Romero Jucá (PMDB), líder do governo no Senado, ao ver a Polícia Federal, jogou um pacote com R$ 100 pela janela do carro.

Quando Marina Silva se juntou aos movimentos da igreja e ao PT nas causas do andar de baixo do Acre, Erenice Guerra, a filha de um pedreiro, militava nas bases cristãs e no jovem PT. Uma chegou ao Senado, a outra à Chefia da Casa Civil.

Uma saiu do PT e festejou 19,6 milhões de votos, a outra tem os filhos depondo na polícia por conta de maracutaias urdidas no Planalto e na Anac.

O comissariado menosprezou Marina Silva. Esse tipo de erro é neutro. Resulta da impossibilidade de se prever o desempenho de um adversário. O comissariado menosprezou também a descoberta do Ereniçário, um "factoide", segundo Dilma Rousseff.

Aí não se tratou de um erro neutro, mas de um produto da soberba petista.

Pode-se supor que Marina Silva recebeu 10 milhões de votos sem culpa, movidos a emoção. Foram eleitores que usufruíram o direito de ficar longe de argumentos extremados como os do mensalão petista e da privataria tucana. Na infância, o PT foi alimentado por esse tipo de voto, daqueles que não queriam trato com os náufragos da ditadura, nem com políticos que formavam aquilo que supunham ter sido uma oposição consentida. (Tremenda injustiça com Tancredo Neves, Franco Montoro e Ulysses Guimarães.) Acreditar que um apoio formal de Marina afrouxe o cadeado aritmético dos 47,6 milhões de Dilma Rousseff é uma aposta arriscada.

Os votos sem culpa não formam um curral. Eles são o contrário disso.

Votos evangélicos saídos da fé podem ir para qualquer lado. Votos evangélicos produzidos por pastores e bispos eletrônicos possivelmente serão devolvidos a Dilma.

O que levará eleitores sem culpa a escolher entre Dilma e Serra será um processo complexo e imprevisível, ligado ao simbolismo que os candidatos constroem em torno de suas figuras. Foi isso que Marina conseguiu.

Por falar em simbolismos, na noite da vitória de 2002 José Dirceu teve um piti porque não foi levado ao pódio de Lula no palanque da festa, na Avenida Paulista. Passados oito anos, foi votar pelos fundos, enquanto FHC entrou pela porta da frente.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Cabe mais um
RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 06/10/10

Até aqui alijado do núcleo decisório da campanha de Dilma Rousseff, o vice Michel Temer pediu ontem à candidata maior inserção do PMDB no segundo turno. A conversa, feita pela manhã, contou ainda com os petistas José Eduardo Dutra, José Eduardo Cardozo e Marco Aurélio Garcia e o peemedebista Moreira Franco. Dilma respondeu que sim e aproveitou para avisar que Ciro Gomes (PSB), conhecido algoz do PMDB, será integrado à coordenação da campanha.
Para dar demonstração de força, o PMDB realizará hoje um evento em Brasília com governadores, senadores, deputados federais e estaduais eleitos.


Ombudsman 1 De Roberto Requião (PMDB-PR) para Lula: "Lembro de uma eleição em que eu estava xingando todo mundo. O senhor ligou para que eu fosse mais como o senhor: "Lulinha Paz e Amor". Agora, eu vim aqui dizer isso para o senhor".

Ombudsman 2 Depois de ouvir críticas de governadores e senadores aliados à condução da campanha de Dilma, Lula opinou que ela "tem de ser ela mesma". Disse ainda que faltou ênfase em manifestações da candidata sobre o caso Erenice.

Noite adentro Diante do visível cansaço dos participantes da longa reunião de Dilma com aliados anteontem, Ciro Gomes esperou acabar a última intervenção e brincou: "Agora, sugiro que o Suplicy faça a síntese de tudo o que foi dito aqui".

Mais verde Empenhado em atrair o PV de Marina Silva, o núcleo da campanha de José Serra quer oferecer quatro pastas à sigla no eventual governo do tucano: Meio Ambiente, Minas e Energia, Cidades e Educação.

Pesos e medidas Horas depois de reunião no Palácio dos Bandeirantes, com Serra e aliados, para discutir o segundo turno, o parceiro PPS denunciou à Justiça o uso do Palácio da Alvorada no evento em que Lula recebeu apoiadores de Dilma.

Freio Marcelo Branco, coordenador de mídias sociais da campanha de Dilma, organizava um evento para debater a terceira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos, que no fim do ano passado reacendeu o debate sobre o aborto, agora prejudicial à candidata. O PT conseguiu demovê-lo a tempo.

Cláusula pétrea Militantes versados no estatuto do PT afirmam: a resolução favorável à descriminalização do aborto foi aprovada em 2007 no 3º Congresso, instância suprema do partido. Seria, portanto, impossível revogar o texto por meio de uma simples reunião da Executiva Nacional petista.

É o mínimo O presidente da CUT, Arthur Henrique, foi escalado pela campanha de Dilma para rebater a promessa serrista do mínimo de R$ 600. Em seguidas reuniões nos sindicatos, o dirigente sustentará que o eventual governo do PT dará reajuste real ao salário em 2012.

Nem me fale Do ex-presidente Itamar Franco (PPS-MG), ao ser lembrado de que reencontrará no Senado Fernando Collor (PTB-AL), de quem foi vice: "Ah, o dia estava tão bonito...".

De olho Candidatos que conquistaram vagas na Câmara nas sobras do quociente eleitoral correm para constituir advogados. Pretendem monitorar o andamento, no TSE, dos processos da Lei da Ficha Limpa, que podem mudar a configuração das bancadas. Na prática, o Ministério Público deixa de atuar sozinho contra os "fichas sujas". Agora, os interesses eventualmente feridos têm nome e sobrenome.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio

"A eleição do "eu sozinho" acabou no primeiro turno. Agora tem de ser a de nós todos."
DE HENRIQUE EDUARDO ALVES, líder do PMDB na Câmara, sobre a relação da campanha de Dilma com os demais partidos da aliança comandada pelo PT.

contraponto

O dia seguinte


Derrotado na tentativa de renovar seu mandato de senador, Tasso Jereissati convocou uma entrevista coletiva em Fortaleza para anunciar a decisão de não mais concorrer a cargos públicos. Encerrada a fala do tucano, que se elegeu governador pela primeira vez em 1986, um repórter perguntou:
-Nestes últimos 24 anos, qual o senhor considera ser o seu maior legado na política do Ceará?
Depois de pensar um instante, Tasso brincou:
-Olha, eu não morri, não...

GOSTOSA

MÍRIAM LEITÃO

Gelo no Saara 
Miriam Leitão 

O Globo - 06/10/2010

Sinceramente? Ninguém acha que o aumento do IOF vai estancar a queda do dólar. Não que não possa ser tentado. Quando está havendo uma enxurrada, podem ser usadas barreiras temporárias à entrada de capital. Mas é preciso ir à raiz das causas. Os juros são altos demais, o governo gasta demais. Se houvesse um sinal de forte ajuste fiscal, os juros poderiam cair e entrariam menos dólares.

— Com um ajuste fiscal no horizonte, mesmo que fosse no início do próximo governo, os juros poderiam cair, o que diminuiria o diferencial de juros — diz o professor Márcio Garcia, da PUC do Rio.

O professor Antônio Corrêa de Lacerda, da PUC de São Paulo, acha que ao contrário do que se pensa, a valorização do real não é sintoma de saúde da economia brasileira. É fruto de vários desajustes: juros muito altos; gastos excessivos do governo; baixa poupança.

— Aumentar IOF para o capital estrangeiro é medida paliativa; ajuda, mas não resolve o problema. A enxurrada de dólares vai continuar enquanto a Fazenda não se convencer de que é preciso gastar menos para que os juros caiam — disse.

Os juros estão zerados nas principais economias do mundo. Ontem, o Japão derrubou para zero a sua taxa básica. Aqui no Brasil, eles estão em 10,75%. Para o investidor internacional, é lucro fácil. Pega-se dinheiro a juros zero e aplica-se nos títulos da dívida brasileira, que têm remuneração de 10,75%. Com o aumento do IOF de 2% para 4%, a remuneração ficará menor, mas ainda assim a rentabilidade é altíssima.

Márcio Garcia argumenta que o melhor é corrigir isso pela política fiscal: — A medida poderia ser temporária até que viesse novo regime fiscal. Como não virá o ajuste, a alta do IOF ou a compra de reservas é o mesmo que enxugar gelo no deserto de Saara durante o dia.

Antônio Corrêa Lacerda explica que um dos problemas do real valorizado é o impacto sobre a indústria. Nossas exportações continuam focadas em matérias-primas, principalmente porque os produtos industrializados não conseguem preços competitivos no mercado internacional. Em grande parte porque o real está se valorizando demais.

Soma-se a isso o iuan desvalorizado artificialmente pelo governo chinês, tem-se o pior dos mundos.

— O Brasil virou o paraíso da especulação por causa de uma dicotomia entre as políticas monetária e cambial.

Uma boa medida para resolver o problema no longo prazo seria uma sinalização por parte do governo de que os gastos correntes irão crescer abaixo do PIB nos próximos anos. Isso derrubaria os juros futuros — explicou.

A baixa poupança é outro problema crônico porque força o país a se financiar com dinheiro estrangeiro. O resultado disso é o aumento do déficit em conta corrente, que este ano passará de US$ 50 bilhões. Para o final de 2011, Lacerda estima que ele poderá dobrar, indo para US$ 100 bilhões, representando mais de 4% do PIB.

— Gerar déficit em conta corrente nunca funcionou, uma hora tivemos problemas.

Por isso, o ideal é que ele seja financiado com exportações e investimento estrangeiro direto, e não com capital especulativo — afirmou.

Márcio Garcia acha que o Brasil manterá o déficit em transações correntes se quiser financiar o crescimento, por ter baixa poupança: — Precisamos de 22% de investimento e temos taxa de poupança de 17% a 18%.

Vamos ter que manter esse déficit se quisermos financiar o crescimento. A outra saída seria aumentar a poupança interna, o que também só é possível se o governo reduzir seu déficit.

O Brasil hoje é, nas palavras de Márcio Garcia, “o melhor lugar do mundo para se deixar o dinheiro enquanto não se sabe o que fazer com ele.” Isso porque no mundo dos juros baixos, o Brasil tem taxas altas. Ele diz que o Brasil é atrativo também para investimento no setor produtivo, o que significa que há outras portas pelas quais o dólar vai continuar entrando.

Márcio acha desnecessário e muito caro o Banco Central continuar comprando dólar como tem feito, porque o Brasil fica com uma moeda que está caindo no mundo inteiro e, além disso, se endivida a juros de 10,75%. O Banco Central argumenta que isso é importante para o Brasil ter um seguro contra as crises. Márcio lembra que com menos reservas do que temos agora enfrentamos a pior tempestade internacional recente que foi a de 2008/2009.

Acha que o custo de carregar esses US$ 270 bilhões — que ele calcula como no mínimo em US$ 20 bilhões por ano — deveria ser explicitado, para que a sociedade decidisse se quer mesmo continuar acumulando reservas.

O Banco Central compra dólares para tentar evitar que ele se desvalorize, mas a moeda americana continua entrando por causa dos juros altos, e por isso cai. O governo impõe um IOF que não tira toda a atratividade do diferencial de juros e o dólar volta a perder força, como ontem, quando bateu em R$ 1,675, 13% abaixo da maior cotação do ano, no início de fevereiro. Enfim, a armadilha é esta. Em vez de sair dela por um ajuste fiscal, o governo aumenta o gasto e maquia as contas com truques contábeis para esconder a gastança.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Wizard ensina português e matemática 
Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 06/10/2010

Primeiro, eram apenas aulas de idiomas. Depois, com a compra da Microlins, em junho deste ano, o grupo Multi, com sede em Campinas, investiu pesado no ensino profissionalizante. Agora, a holding - controladora das marcas Wizard, Skill, Alps e Quatrum, além das redes SOS, Bit Company e People - acaba de criar a Multi Educação, divisão voltada ao ensino de Português e Matemática para crianças e adolescentes como reforço ao conteúdo escolar. "Temos um mercado potencial de 54 milhões de alunos do ensino fundamental e médio, tanto na rede privada, quanto na pública. Existe uma grande deficiência educacional nessas duas matérias ", afirma Carlos Wizard Martins, fundador e presidente do grupo. "É um segmento com muito espaço para ser explorado, já que apenas uma empresa está presente nesse segmento em nível nacional".


Wizard está se referindo à rede Kumon, fundada nos anos 1950 no Japão por um professor de matemática. No Brasil, a Kumon já conta no Brasil com 1,7 mil unidades franqueadas, que oferecem o ensino de matemática, português, inglês e japonês.

As aulas de português e inglês do Multi serão oferecidas nas redes das oito marcas do grupo. A expectativa é conquistar 100 mil alunos até o primeiro semestre do ano que vem. De acordo com Carlos Henrique Zigiotti, diretor da Multi Educação, para entrar nesse mercado, a empresa desenvolveu nos últimos dois anos metodologia de ensino e material didático próprios. "Uma das preocupações é ter um conteúdo multidisciplinar", diz Zigiotti. "Textos usados para o ensino de verbos, por exemplo, podem ter como assuntos tópicos de outras áreas, como história ou geografia".

Neste mês, o grupo está treinando as franquias para a abertura do novo ramo de ensino. A partir de novembro, uma campanha de R$ 20 milhões começa a divulgar os novos cursos na TV e em outdoors. Nos planos do grupo Multi, a partir do começo do ano que vem, as 3 mil escolas do grupo, o maior da área de idiomas e de educação profissionalizante do País, vão oferecer as novas disciplinas. O custo médio mensal de cada curso será de R$ 120.


Geografia em transe
Da época em que fundou a Ipsos, umas das líderes em pesquisas de mercado customizadas, em 1975, até hoje, o francês Didier Truchot viu o negócio passar por muitas transformações. Mas a última delas - a geográfica - foi a que mais o impressionou. "Quando comecei a fazer pesquisas sozinho por telefone, nem se falava dos países emergentes", diz Truchot, CEO da Ipsos. "Agora são essas economias que estão direcionando o setor."

Para a Ipsos, que atua em 66 países e obteve receita de US$ 1,5 bilhão em 2009, o Brasil já figura entre seus mercados mais importantes, na quinta posição em faturamento, atrás apenas dos Estados Unidos, Reino Unido, França e Canadá, e à frente da China. "Há espaço para o Brasil subir ainda mais nesse ranking", afirma Truchot. "Deve chegar ao top 3 nos próximos anos." Uma prova do potencial do País, de acordo com Truchot, é que a cervejaria Belgo- brasileira AB-InBev é o quarto maior cliente da Ipsos no mundo.


BANCOS
Brasileiros lideram lista dos 10 maiores da AL

Sete dos maiores bancos da América Latina estão sediados no Brasil, de acordo com um ranking publicado pela revista América Economia. Dos sete, cinco são de capital nacional ( Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, CEF e Votorantim) e dois são subsidiárias de instituições estrangeiras ( Santander e HSBC). O pelotão de frente, de acordo com o levantamento, que aponta os 250 maiores bancos da região, é encabeçado pelo Banco do Brasil, com ativos totais de US$ 362 bilhões, seguido de perto pelo Itaú Unibanco, com US$ 353 bilhões. Os três bancos restantes da lista dos 10 maiores, são do México (BBVA Bancomer, Banamex e Santander ).

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Novela da compra da Talent chega ao fim
A novela da venda da Talent, do publicitário paulista Julio Ribeiro, para o grupo francês Publicis está chegando ao capítulo final. Anunciado para a última segunda-feira, o epílogo foi adiado para hoje, por detalhes burocráticos. Segundo fontes da Publicis, o comunicado oficial será feito hoje em Paris. Nas negociações, a Publicis foi representada por executivos de sua área de fusões e aquisições, que vieram ao País em setembro. Ribeiro foi assessorado pela Estáter, do banqueiro Pérsio de Souza.[

SHOPPING CENTER
Tenco investirá R$ 615 mi em lançamentos

O grupo mineiro Tenco, que atua no ramo de shopping centers, está lançando três empreendimentos que somam investimentos de R$ 615 milhões, com previsão de inauguração em 2012. O principal deles, o Metropolitan Garden, orçado em R$ 420 milhões, será erguido em uma área de 108 mil metros quadrados, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. Além do centro comercial, o projeto contará com duas torres comerciais, flats, hotéis e um terminal rodoviário.
Outros R$ 115 milhões serão destinados à construção do Via Vale, em Taubaté, no Vale do Paraíba, em São Paulo, com uma área de 30 mil m². O terceiro empreendimento, o Amapá Garden, em Macapá, consumirá os restantes R$ 80 milhões. "Focamos em cidades emergentes, onde o patamar de consumo da população aumentou e o varejo não acompanhou a demanda", diz Eduardo Gribel, presidente da Tenco.

DILMA CABEÇA OCA

André Mendes Espírito Santo, Marco Antonio G. Lopes Lorencini e José Daniel

As eleições e os impasses do STF
André Mendes Espírito Santo, Marco Antonio G. Lopes Lorencini e José Daniel 

O Estado de S.Paulo - 06/10/10

No domingo celebrou-se o primeiro turno das eleições no País. Milhões de brasileiros puderam decidir e escolher nas urnas grande parte daqueles que serão os nossos representantes para os próximos quatro anos de mandato político, sem a certeza, no entanto, de quem de fato poderia ter sido eleito ou, até quinta-feira passada, quais documentos realmente deveriam ter-se em mãos no momento da votação.

Diante desses fatos, logo o sentimento inquisitório dos homens leva a querer achar um culpado para esses tipos de situação, que acabam afligindo-os diretamente. Não que haja um único responsável pelas inúmeras dúvidas que rechearam a mente dos eleitores nesse primeiro bloco de eleições. É, porém, inegável que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha parcela de culpa por essas indagações. Afinal, as pessoas foram exercer o seu direito de cidadania completamente atordoadas e inseguras daquilo que estavam fazendo, por não terem fácil acesso às discussões jurídicas, que, na maior parte das vezes, são difíceis de entender.

É impressionante: em mais um passo para o fortalecimento das instituições democráticas, mesmo com todo o arcabouço de informações, a notícia que se traz é de que as regras das eleições ainda não estão definidas.

Como se sabe, são fartos os exemplos na história eleitoral do Brasil que demonstram o afastamento do povo em relação às decisões. Foi assim com a Aliança Liberal, após o Regresso Conservador, conduzindo dom Pedro II ao poder; ou com a política do café com leite, em conjunto com a política dos governadores e o coronelismo, permitindo o controle exclusivo do Poder Executivo entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais; ou com o golpe de 1964, que deu início ao último regime ditatorial no País. Em todos esses eventos, sem exceção, a sociedade viu a distância a escolha de quem seriam os seus governantes.

A partir disso, como entender as incertezas sobre a Lei da Ficha Limpa e, até três dias antes das eleições de domingo, o vergonhoso embaraço quanto à quantidade de documentos necessários para a votação? Em que sentido os impasses decisórios da mais alta cúpula do Judiciário ameaçam o regime democrático e o Estado de Direito no Brasil?

A Lei da Ficha Limpa foi promulgada no ano passado com o objetivo de coibir a improbidade administrativa, impedindo a candidatura daqueles que tivessem maus antecedentes políticos ou sociais. Porém, por empecilhos conceituais da própria lei, a norma foi posta em xeque pelos que se consideraram prejudicados, após a sua publicação.

Ademais, o governo federal determinou para este ano de eleições que os votantes levassem consigo, além do documento de identidade com foto, o Título de Eleitor, com o argumento de impedir fraudes no sistema eleitoral. A determinação foi confrontada porque a decisão promovia uma burocracia desnecessária, exigindo do eleitor uma dupla prova da identidade pessoal.

Apesar da importância dessas questões, inacreditavelmente, até quarta-feira da semana passada, às vésperas da "festa da democracia", ainda não se tinha uma posição sequer sobre os embates mencionados. Somente na quinta-feira à tarde é que se obteve uma resposta quanto à quantidade de documentos necessários para a votação, mantendo-se o regime originário, de exigência de apenas um documento oficial com foto para tal habilitação.

No tocante à Lei da Ficha Limpa, por sua vez, a incerteza persiste. Mais de 100 milhões de eleitores foram às urnas sem saber se quase três centenas de candidatos, uma vez eleitos, poderão ser diplomados ou exercer o seu mandato. No Estado de São Paulo, por exemplo, dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam para a possibilidade de anulação de mais de 2 milhões de votos, pelo fato de os contemplados com eles terem a "ficha suja" ou apresentarem pendências eleitorais no registro de sua candidatura (Terra, 4/10, 17h52).

É esse o cenário de angústia criado pelo STF no País, por culpa dos clarividentes impasses existentes no seio do tribunal, seja por causa da quantidade desumana de processos que são distribuídos, esperando pelo seu julgamento; seja porque existe uma nítida divisão dos ministros, que disputam à risca sua parcela de poder na Casa Judiciária; seja, em derradeiro, pela intervenção (inconstitucional) dos outros Poderes, que dificultam a sua atuação imparcial e independente.

Sobre esses pontos, o ministro Ricardo Lewandowski assentou que tais divergências seriam naturais e que as visões conflitantes não seriam de caráter ideológico, mas de abordagens distintas que se fazem da própria Constituição federal (G1, 9/9, 15h49). Realmente, não se discute que a divisão de pensamento seja comum nos casos mais complexos. Aliás, o pedido de "vista" do ministro Gilmar Mendes demonstra bem esse fato, que de modo algum pode ser analisado como algo errado em seu aspecto formal. Todavia o alongamento das desavenças e a imposição de barreiras, que impedem a tomada das decisões de maneira célere e eficaz, são moralmente catastróficos para os pilares que dão sustentação ao Estado Democrático de Direito.

Em verdade, a indefinição sobre assuntos como esse corrobora a confusão do eleitor, que tem a importante missão de decidir sobre o futuro do País. Sendo assim, tanto a falta de decisão como a decisão obtida tardiamente são atitudes trágicas que prejudicam o cidadão e o fortalecimento das instituições políticas brasileiras.

É torcer, portanto, para que até o dia 31 de outubro, quando se realizará o segundo turno para presidente e também para governador de muitos Estados que ainda permanecem indefinidos na corrida eleitoral, o STF tome definitivamente uma posição sobre essa matéria.

É o mínimo que se espera.

A democracia agradece.

RESPECTIVAMENTE, ADVOGADOS E ESTAGIÁRIO DE DIREITO DA ÁREA CONTENCIOSA CÍVEL EMPRESARIAL DA L. O. BAPTISTA ADVOGADOS