quinta-feira, junho 24, 2010

DEMÉTRIO MAGNOLI

Os 20 anos de um editorial
Demétrio Magnoli 
O Estado de S.Paulo - 24/06/10

"Você fez um bom trabalho em suas reportagens, embora não seja um marxista, porque tenta contar a verdade sobre nosso país (...). Eu devo dizer que você apostou no nosso cavalo quando outros pensavam que ele não tinha chance - e tenho certeza de que você não perdeu com isso." Estas palavras, dirigidas por Joseph Stalin a Walter Duranty no Natal de 1933, foram reproduzidas há exatas duas décadas num editorial do jornal The New York Times. O editorial representou o reconhecimento tardio de que o jornal publicara, entre 1921 e 1940, algumas das "piores reportagens" de sua venerável história, produzidas por seu correspondente em Moscou. A "verdade" de Stalin, refratada naquelas "piores reportagens", informa até hoje a visão dominante sobre a URSS e o stalinismo no Brasil. Os conceitos propagados por Duranty encontram-se nos manuais históricos mais celebrados e nos livros escolares mais vendidos.

Duranty não era, de fato, marxista. Ele fez sua reputação ao divergir das previsões de que o regime bolchevique cairia pouco após a Revolução Russa. Em seguida, apostou no "cavalo" de Stalin, contra a oposição trotskista, passou a idolatrar o ditador soviético e cunhou o termo "stalinismo". Stalinismo, explicava o correspondente, era um desvio positivo do socialismo, incompatível com as tradições ocidentais, mas adaptado às "características e necessidades raciais" da Rússia, "fundamentalmente mais asiáticas do que europeias". O homem não estava sendo pago pelo Kremlin, embora seus textos lhe assegurassem a oportunidade de continuar em Moscou, enquanto outros correspondentes eram expulsos, e de obter notícias e entrevistas exclusivas.

Era um caso de paixão por uma tese oficialista, útil à carreira profissional. Nesse sentido, Duranty não diferia de tantos jornalistas muito menos talentosos, do passado e do presente, inclusive no Brasil do "lulismo". Mas ele escrevia sobre o grande drama do "socialismo real", o tema mais crucial do século 20, e ensaiava os tons de uma música ideológica que continua a tocar na heterogênea banda do antiamericanismo dos nossos dias. O bolchevismo devolvera à Rússia a "autoridade absoluta não adocicada pela democracia ou o liberalismo do Ocidente". O stalinismo convertia "uma massa informe de escravos submissos, encharcados", numa "nação de ardentes, deliberados trabalhadores". No fim das contas, o totalitarismo soviético corresponderia a algo como um imperativo histórico.

O Pulitzer de 1934 foi parar nas mãos de Duranty, premiando suas reportagens analíticas publicadas três anos antes, que compunham uma das maiores farsas jornalísticas de todos os tempos. No verão de 1929 Stalin proclamara a coletivização forçada da agricultura e a liquidação dos camponeses autônomos. Em 1931 o terror vermelho disseminou-se pelos mais longínquos lugarejos, expropriando e deportando milhões de pequenos agricultores. As vítimas abatiam o gado antes de deixar suas terras, vendiam a carne e faziam botas com o couro. Os jornalistas Gareth Jones e Malcolm Muggeridge infiltraram-se na Ucrânia e reportaram a grande fome para o Times de Londres e o Guardian de Manchester. Dois anos mais tarde, a tragédia matara mais de 6 milhões de pessoas. O Kremlin negava tudo, respaldado por Duranty, que denunciou como falsificações as reportagens de Jones.

O correspondente do New York Times sabia mais sobre a fome pavorosa do que qualquer outro jornalista ocidental, como evidenciaram investigações posteriores. Duranty "viu aquilo que queria ver", segundo o diagnóstico do editorial de junho de 1990. O olhar do jornalista conservou sua seletividade interessada e ele fez a defesa dos Processos de Moscou, reproduzindo as alegações de Stalin sobre fantásticos complôs entre os dirigentes caídos em desgraça e as potências ocidentais. Naqueles anos, às vésperas da eclosão da 2.ª Guerra Mundial, Duranty conferiu forma definitiva à tese de que o stalinismo cumpria uma função histórica progressiva ao preparar a URSS para o embate com a Alemanha nazista.

Stalin aliou-se a Hitler em 1939 para partilhar a Polônia e os Estados Bálticos. A URSS forneceu quase dois terços das matérias-primas e alimentos importados pela Alemanha nos 16 meses iniciais da guerra mundial. Seis meses antes da invasão alemã da URSS, o Kremlin negociava o ingresso da "pátria do socialismo" no pacto do Eixo. Mas as narrativas canônicas sobre o século 20, contadas por "companheiros de viagem" da URSS, reduziram tudo isso a uma nota de rodapé, apegando-se ao núcleo argumentativo formulado por Duranty.

Eric Hobsbawm já militava no Partido Comunista Britânico no tempo dos Processos de Moscou, que não abalaram sua fé na doutrina. Ele nunca ofereceu apoio ao terror stalinista, mas conservou a carteirinha do partido até a implosão da URSS. Escrevendo após o encerramento da guerra fria, quando a abertura dos arquivos secretos do Kremlin já escancarava verdades previsíveis, o historiador não apenas reproduziu as justificativas oficiais de Moscou para o Pacto Germano-Soviético como deu um passo à frente e pronunciou o seguinte veredicto: "A vitória da URSS sobre Hitler foi uma realização do regime lá instalado pela Revolução de Outubro, como demonstra uma comparação do desempenho da economia russa czarista na Primeira Guerra Mundial com a economia soviética na Segunda Guerra (...). Sem isso, o mundo hoje (com exceção dos Estados Unidos) provavelmente seria um conjunto de variações sobre temas autoritários e fascistas, mais que de variações sobre temas parlamentares liberais" (A Era dos Extremos, Companhia das Letras, 1996).

O stalinismo, segundo Hobsbawm, salvou a democracia ocidental. As fontes ocultas do veredicto do aclamado historiador encontram-se nas reportagens do jornalista ocidental hipnotizado por Stalin. Tanto quanto Duranty, ele "viu aquilo que queria ver".

SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP.

GOSTOSA

TUTTY VASQUES

O Dunga do Obama

TUTTY VASQUES
O ESTADO DE SÃO PAULO - 24/06/10


O estilo é inconfundível! O palavreado de esquina, a ironia sem rodeios, o tom desafiador, o rancor na ponta da língua... Tudo nas declarações que derrubaram ontem o general Stanley McChrystal, ex-comandante dos EUA no Afeganistão, confirma: Dunga está fazendo escola até no estado-maior das forças armadas americanas. O ex-chefe militar no front afegão só faltou dizer na reportagem da revista Rolling Stone que não tem homem na Casa Branca para discutir a guerra olhando-lhe na cara.
McChrystal não revelou, a rigor, nada de importante e, também nisso, o Dunga do Obama foi fiel ao modelo original: mais grave que o dito é sempre a forma como a coisa é dita. "Você está perguntando sobre o vice-presidente Joe Biden? Quem é ele?" Dá até para imaginar aquele sorrisinho inconfundível, marca registrada do técnico, no canto da boca do general.
É bem verdade que, em matéria de estilo, Dunga copiou primeiro o espírito guerreiro e o caráter patriótico de evidente inspiração militar. Por outro lado, comenta-se na caserna que, se McChrystal acompanhasse futebol, teria convocado Felipe Melo para reforçar a defesa aliada no Afeganistão. Não sei como reagiria a imprensa americana, a brasileira ia adorar.
Similar nacional
Apontada pela torcida da Espanha como a mulher que vira a cabeça do goleiro Casillas, inclusive dentro de campo, a jornalista Sara Carbonero foi apresentada ao mundo nesta Copa com o título de "a mais sexy profissional da imprensa de seu país". Mal comparando, no Brasil ela seria uma espécie de... 
Não sei!

Kfouri é esse?
Quem foi o jornalista brasileiro que deu o furo sobre o púbis bichado do Kaká? Só se falava disso ontem em Soweto!
Kaká islâmico
Rafik Saifi, o Kaká da Argélia, agrediu ontem a jornalista compatriota Asma Halimi, uma espécie de Juca Kfouri de saia do Norte da África. Só falta ter púbis e Maomé no meio da briga.
Grandes potências
Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile formam hoje uma espécie de G5 do futebol. É o Mercosul que deu certo!
Off-Copa
A candidatura de Dilma Rousseff entrou na era Dunga. A ex-ministra deu agora pra dizer que José Serra "torce contra o Brasil". Igualzinho aos jornalistas, né?!
Melhor torcida
A Inglaterra fez, enfim, diferença! Sua torcida foi a primeira nesta Copa a cantar mais alto que as vuvuzelas na dramática vitória de ontem sobre a Eslovênia por 1 a 0. Não é nada, não é nada, todo mundo saiu ganhando.
D.R. na Copa
Vladimir Weiss, o Dunga da Eslováquia, reuniu a imprensa para pedir desculpas "pelo que aconteceu no nosso relacionamento até agora". Fofo! 

KÁTIA ABREU

A coragem moral de Aldo Rebelo
KÁTIA ABREU
FOLHA DE SÃO PAULO - 24/06/10

Na defesa do novo Código Florestal, o deputado Aldo Rebelo se assemelha à figura de Sobral Pinto, o advogado de Luiz C. Prestes



Há conceitos que não se prestam a manipulações ideológicas: o certo, o lógico, o adequado e o equilibrado não são nem de direita nem de esquerda. Nem são monopólio de grupos ou entidades. São expressões da realidade, acessíveis à percepção humana.
Certas circunstâncias, porém, a embotam: o sectarismo ideológico, por exemplo. Nesse caso, em particular, deriva frequentemente para o surrealismo. O agronegócio, responsável pelos sucessivos êxitos do país na balança comercial e um dos segmentos que mais gera emprego e renda, é tratado por alguns como inimigo público número um.
Essa distorção se dá atualmente nas discussões em torno do projeto do novo Código Florestal Brasileiro, em debate na Câmara dos Deputados. Reedita-se um conflito em essência artificial: o de meio ambiente versus produção. Felizmente, seu relator, o deputado Aldo Rebelo (PC do B - SP), colocou-se acima de interesses, dogmas e mesquinharias, munindo-se das ferramentas da lógica, do bom senso e, sobretudo, do interesse público para legislar.
Não se trata, pois, de um relatório, como alguns quiseram insinuar, ao feitio dos produtores rurais. Estes terão que se adaptar às novas regras e cortar na própria carne. Mas, sem dúvida, concilia visões antagônicas entre produção e equilíbrio ambiental. A discussão e votação desse projeto não pode se reduzir a uma queda de braço entre tendências ideológicas. A hora é de bom senso, não de paranoia ideológica.
Ao analisar a ousada defesa do novo código feita no Congresso pelo deputado comunista Aldo Rebelo, me ocorreu a saga de Heráclito Fontoura Sobral Pinto -que passou à história como Sobral Pinto. Um país que teve um Sobral Pinto não precisa invocar o universal Dom Quixote para qualificar cidadãos que desafiam o estabelecido e, em nome das suas convicções, pouco se importam com a onda de infâmias, deboche e perseguições.
Todos conhecem, ao menos por ouvir falar, o advogado, católico fervoroso e, consequentemente, anticomunista (pelo menos nos anos 30 do século 20 era assim), que defendeu Luiz Carlos Prestes e sua mulher Olga Benário, presos sem qualquer respeito aos direitos humanos logo após a chamada Intentona Comunista.
Ninguém queria assumir a defesa de Prestes, e a OAB designou o único destemido que se dispunha à ousadia. O deputado Aldo Rebelo, no desafio que lhe foi posto, também lida com a defesa de valores essenciais à atividade humana.
Questiona, de peito aberto e sem meias palavras, a barreira de preconceitos, hipocrisias, lugares-comuns e, principalmente, a pusilanimidade antidemocrática e o conformismo. Com sua autoridade moral e sua incorruptibilidade, Aldo Rebelo transformou um desastre anunciado em uma agenda nova na discussão de questões do meio ambiente e da agropecuária.
Como nacionalista, posição que os patriotas envergonhados procuram desdenhar; com sua biografia de filho de vaqueiro, quando experimentou a desproteção das populações rurais; com sua carreira política, desde o movimento estudantil, em bases populares, que lhe permitiram conhecer a fome; com os próprios instrumentos da sua formação filosófica, o deputado Aldo Rebelo não é um aliado conquistado pela agropecuária.
É um testemunho de coragem e racionalidade, que assume, como árbitro independente, um jogo em que o desenvolvimento nacional estava ameaçado por fantasias generosas e interesses escusos. Aldo Rebelo me lembra Sobral Pinto, defendendo com desassombro os direitos humanos do revolucionário Luiz Carlos Prestes, não por ser comunista, mas pela sua fé e por suas convicções democráticas.

KÁTIA ABREU é senadora pelo DEM/TO e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

MÔNICA BERGAMO

No Exílio 
Mônica Bergamo 

Folha de S.Paulo - 24/06/2010

O reitor da USP, João Grandino Rodas, abandonou de vez seu gabinete e está despachando longe da universidade. Desde que a reitoria foi tomada por grevistas, ele está atendendo na sede do Cruesp, o conselho de reitores das universidades estaduais de SP, na rua Itapeva, na Bela Vista. "Temos que despachar de algum lugar. É circunstancial", diz o reitor.
Canseira
A estratégia é deixar os grevistas "mofando" na reitoria, de acordo com um profissional da USP, sem que consigam interferir no funcionamento da instituição.
Atrás da Orelha
De político tucano com acesso antecipado à pesquisa presidencial do Ibope, feita para a CNI (Confederação Nacional da Indústria): "O [ex-presidente da República] Fernando Henrique Cardoso provavelmente já tinha conhecimento dos números ao manifestar dúvidas em relação à vitória de José Serra" à Presidência. A preocupação de FHC foi registrada ontem pela coluna.
Na Paralela
Dilma também teve direito a exposição na TV no período em que o Ibope fez a sondagem. Ela apareceu em comerciais regionais do PT que alcançaram cerca de 70% do eleitorado.
Trator Peluso
Mais uma saia justa no STF (Supremo Tribunal Federal) sob a gestão de seu novo presidente, Cezar Peluso. O ministro Marco Aurélio Mello suspendeu participação em programa da Rádio Justiça. Ele ficou contrariado com mudanças feitas na atração e com a saída do locutor, Pedro Beltrão. "Reciprocidade é tudo em termos de consideração. Não precisavam pedir meu consentimento, mas eu deveria ter sido ao menos comunicado", diz Mello.
Bobó Japonês
O arquiteto Ricardo Ohtake embarcou para o Japão levando pimenta de cheiro, camarão seco e cachaça.

A encomenda foi feita pela chef Mari Hirata, que fará um bobó de camarão em jantar brasileiro para a dupla de arquitetos Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, vencedores do Prêmio Pritzer.
Velha Classe A
A loja da Hermès em SP, no shopping Cidade Jardim, registrou nos últimos 60 dias vendas de US$ 7,5 mil por metro quadrado. Está entre os três melhores resultados da marca no mundo.
Eu e Marido
Marcelo Frisoni, ex-marido de Ana Maria Braga, diz que ela nunca se envolveu com o professor Renato Zóia, da "Dança dos Famosos", apontado como um dos pivôs da separação do casal. "Quando eles ensaiaram juntos, em casa e em Portugal, eu estava lá. Da minha parte, marido, nunca houve sequer desconfiança. Confio na Ana de olhos vendados, tapados e amarrados." Ele afirma que está no Rio desde domingo, na casa da apresentadora, "para dar força para ela".
Eu Sou a Mosca
Em fase de montagem do longa-metragem "Raul Seixas -o Início, o Fim e o Meio", a equipe do documentário incluiu uma cena, no depoimento do escritor Paulo Coelho, em que uma mosca invade o quadro justamente quando ele falava da canção "Mosca na Sopa".

Ao vê-la, o escritor disse para o inseto: "Fala aí, Raul!".
Expresso
E a editora Sextante vai publicar na internet o primeiro capítulo do novo livro de Paulo Coelho, "O Aleph". Colocará no ar, a partir de amanhã, um site com o texto dele, a foto da capa da obra, um mapa e um documentário sobre a ferrovia Transiberiana, tema da obra.
Do Lado Mais Frágil
Daniela Sollberger Cembranelli tomou posse como defensora-pública geral do Estado de São Paulo. A solenidade aconteceu no salão nobre da faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no largo São Francisco.
Hora do Bolo
Helena Bordon, filha de Donata Meirelles, comemorou com amigos seu aniversário, anteontem, no bar Número, na rua da Consolação.
Curto-circuito
A cantora Karina Buhr faz show do disco "Eu Menti pra Você", hoje, às 22h, no Tom Jazz. Classificação: 18 anos.

A galeria Motor faz exposição de hoje a domingo, às 19h, no ateliê da artista Shirley Paes Leme, na Vila Madalena.

Acontece hoje, às 20h, o "Jantar Ilustre", evento em prol do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, no clube A Hebraica.

A grife Aramis inaugura hoje loja na rua Oscar Freire.

A Embraer recebe o grupo BMW em sua unidade Gavião Peixoto (SP), hoje, para lançamento de novo avião.

Começa hoje, às 14h, a 1ª Mostra Cultural e Feira de Noivas & Debutantes, no pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo.

Giancarlo Bolla passa a servir feijoada, aos sábados, no restaurante La Tambouille.

GOSTOSA

JOSÉ (MACACO) SIMÃO

"A Mulher Jabulani!"
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 24/06/10


Ela se desvia de caminho: quando o marido pensa que ela tá indo pro dentista, ela tá indo pro motel



BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! Direto da Cópula do Mundo! Depois da Mulher Melancia, da Mulher Jaca e da Mulher Melão, aparece a Mulher Jabulani: quando o marido acha que ela tá indo pro dentista, tá indo pro motel.
E a namorada Jabulani: depois que você chuta, só faz merda! Rárárá!
E sabe o que dá cruzamento de burro com zebra? O Dunga de pijama! E diz que o Dunga agora só vai dar entrevista com aquela máscara do Hannibal Canibal! E adorei a charge do Aroeira com o Dunga dando entrevista: "Bem, eu... PIII! Além disso... PIIII! Sem falar que... PIII!".
Resumo do telecatch Dunga x Globo: o Dunga gongou a Fátima Bernardes! Só falta agora o Dunga chamar a Fátima Bernardes de bruxa. Rárárá!
E um amigo me conta que o coice mais temido de toda a África é o da girafa.
Depois do Dunga! Rárárá! "
E o Maradona, o Nelson Ned da Argentina? Cada vitória da ARRRRRRRRGH... entina é um perigo. Ele não prometeu ficar pelado? "En bolas", como se diz em espanhol. "Yo me pongo en bolas." Então tá na hora de ele começar a fazer o striptease.
Cada vitória ele tira uma peça de roupa! A cueca ele não pode tirar porque o Messi não deixa. Messeu com o Messi, Messeu Comigo!
E dizem que os jogos da Copa da África estão feios. Feio é o Tevez em câmera lenta. Rárárá. A Coca do Mundo é Nossa. Com Maradona, não há quem possa!
E o Luciano do Valle tem garganta de aço: GOOOLAAAAAAAAAAAAAAAAAÇO! AAAAÇO! AAAÇO! Garganta de aaaaaaaaço! E o site sensacionalista revela: "Lula dá aumento de pênis a todos os brasileiros". Rárárá!
Seleção dos Peladeiros! Sugestão de leitor para o Dunga ter hexa garantido. Time de Santos, Bairro da Pompeia. Gol: Titão Boca de Latrina. Esse assusta a bola no bafo! Defesa: Paulinho Mata Pomba, Pascoal Pau Murcho, Cajonheiro e Paulão Viagra! Meio-campo: Marcão Facada, Zé Mosquito da Dengue, Chico a Hora do Espanto e Sergio Pingaiada. Ataque: XAXA BABA OVO e EDU OVO BABADO! Rárárá. Hexa garantido.
Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.
E Força na Vuvuzela!

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Consumo de energia no país deve cair durante o jogo do Brasil amanhã 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 24/06/2010

O consumo de energia no país deve cair cerca de 20% amanhã durante a transmissão do jogo da seleção brasileira contra Portugal.

A carga esperada pelo sistema de transmissão da CTEEP no Estado de São Paulo é similar à verificada na estreia do Brasil na África do Sul, no último dia 15.

O comportamento se repete no restante do país, de acordo com a concessionária privada de transmissão de energia elétrica, que também atua em outras regiões.

Durante o jogo, o nível se aproxima do patamar mínimo diário, registrado nas madrugadas, segundo Celso Cerchiari, diretor de operações da CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista).

"O movimento ocorre porque muitas empresas param de funcionar. Há uma pausa na produção e os trabalhadores se reúnem em um único lugar para assistir à partida", afirma Cerchiari.

No intervalo, acontece o pico de consumo, quando os torcedores ligam micro-ondas, abrem geladeiras e usam outros eletrônicos.

Nesse momento, a elevação equivale ao abastecimento da carga de energia de Jundiaí (SP) a cada minuto.

No início do segundo tempo da partida, o baixo nível de consumo registrado na primeira parte é retomado.

Após o término do jogo, o crescimento atinge 37%, com variação gradativa até alcançar a carga normal, enquanto a população retoma suas atividades.

"Quando o término do jogo coincide com o final do dia, a rampa de subida do consumo é maior, pois coincide também com a iluminação pública", afirma.
A Caminho
O governo holandês vai abrir no Brasil, em julho, um escritório da Agência Neerlandesa de Investimentos Estrangeiros.

O objetivo do escritório, que possui quase 20 unidades no mundo e será o primeiro na América Latina, é atrair empresas brasileiras para a Europa.

"Por causa do porto de Roterdã, a Holanda funciona como porta de entrada para a região", afirma o diretor da nova agência, Odécio Roland Filho.

O foco será atrair companhias especialmente nos setores alimentício, agronegócio, aeronáutico, farmacêutico, energia renovável e biocombustível. A entidade vai oferecer consultoria gratuita, informações e acesso a parceiros comerciais e instituições governamentais.
DefesaO Brasil deve adquirir projetos de navios, carros de combate e aeronaves da Itália, segundo fontes ligadas à Fiesp. O assunto está na pauta do encontro entre o presidente Lula e o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, marcado para a próxima terça.
AmpliaçãoAtenta ao crescimento do setor de seguros, que deve movimentar mais de R$ 89 bilhões este ano segundo a Susep, a TOV Seguros ampliará sua atuação. A empresa, que atende seguros de cargas, passa a oferecer também de carro, vida, previdência, residencial e outros.
Em obras 1Há seis projetos brasileiros entre os cem principais trabalhos de infraestrutura do mundo escolhidos pela KPMG e pelo Infrastructure Journal, serviço de dados sobre infraestrutura e financiamento de projetos.
Em obras 2Presídios do Estado de Pernambuco, o complexo hidrelétrico do rio Madeira, o Rodoanel (SP), o Trem de Alta Velocidade (SP-RJ), estão na lista, que abrange o projeto de barreira contra inundações em Veneza e a ponte de Hong Kong-Zhuhai-Macau. Os critérios adotados foram impacto social, inovação e recursos envolvidos.
Desenho Animado
De olho no potencial de licenciamento brasileiro, a Sanrio, empresa japonesa criadora da Hello Kitty, estima crescer 10% neste ano com a chegada de dois novos personagens: Kuromi, para os adolescentes, e Jewelpet, para crianças.

"O Brasil é o terceiro mercado mais importante do grupo", diz Christopher Daniels, presidente da empresa no país. Neste ano, o objetivo é chegar a cem licenciadas para o uso dos personagens na América Latina, sendo metade delas no Brasil. Hoje, são 40 no país e 70 no continente.
Trabalho temporário deve ter aumento de 25% em julho 
O número de contratações temporárias no período das férias de julho deve crescer 25% neste ano no país na comparação com o mesmo período de 2009.

Cerca de 15 mil empregos temporários deverão ser criados pelos setores de lazer, entretenimento, indústria e comércio, segundo previsão da Asserttem (Associação Brasileira das
Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário).

"O grande gargalo será preencher essas vagas. A oferta está grande, mas falta mão de obra com qualificação", diz Vander Morales, presidente da Asserttem.

A principal dificuldade está nas áreas de lazer e entretenimento, em que são necessários trabalhadores com cursos superiores, como os de educação física, pedagogia, hotelaria e turismo, de acordo com Morales.

Neste ano, 2.400 trabalhadores têm chance de efetivação -acima dos 1.600 efetivados em julho de 2009, segundo a Asserttem.

GOSTOSA

MERVAL PEREIRA

Apoios fragmentados 
Merval Pereira 

O Globo - 24/06/2010

O balanço dos acordos regionais que estão sendo fechados nesses últimos dias, para a campanha presidencial, demonstra com assustadora clareza em que pé está nosso “presidencialismo de coalizão”, expressão cunhada há mais de 20 anos pelo cientista político Sérgio Abranches para tentar explicar o tipo de regime que utilizamos no país

E o que surge no cenário é uma reunião incongruente de siglas que nada tem a ver com a teoricamente avassaladora maioria parlamentar que abriga a base governista.

Se a base partidária do segundo governo Lula é das mais fragmentadas já registradas na História do presidencialismo brasileiro, essa fragmentação torna-se maior ainda na formação da base de apoio da campanha da candidata oficial, Dilma Rousseff, nos estados.

Em nível nacional, o governo perdeu o apoio oficial de dois partidos de sua base, o PP e o PTB, que não entraram na coalizão governista utilizando táticas distintas.

O PP ficou oficialmente neutro, pois os governistas que apoiam a candidatura Dilma não têm maioria para convocar uma convenção nacional do partido para formalizar a decisão, mas têm força suficiente para impedir que o partido aderisse à candidatura Serra.

Com a nova pesquisa do Ibope divulgada ontem, é possível que os dilmistas ganhem nova força e consigam reverter essa decisão já anunciada.

No PTB, o processo foi justamente o contrário: a direção nacional do partido tem o controle da convenção e aprovou a formalização do apoio a Serra, mas vários setores do partido estão com Dilma.

Os minutos de propaganda gratuita do PTB vão para Serra, os do PP são subtraídos de Dilma e divididos entre todos os partidos.

Uma medida para se ter a exata noção do tamanho da tropa de cada um, em nível nacional, é o tempo de televisão na propaganda gratuita que cada grupo acabou obtendo com suas alianças.

Se o governo conseguisse manter unida sua base partidária, o placar seria uma goleada para a coligação da candidata oficial, alguma coisa como o dobro de tempo em relação ao adversário Serra.

Com as negociações ocorridas, a diferença será de cerca de dois minutos a favor de Dilma, a não ser que o PP retorne ao seio governista com seu minuto e pouco.

Um bom exemplo é o Rio Grande do Sul, onde atribuí na coluna de terça-feira o apoio do PDT ao PT na campanha nacional para presidente que parece não ser tão simples.

O PT, que tem o ex-ministro da Justiça Tarso Genro como candidato ao governo do estado, está praticamente limitado ao apoio do PSB, do deputado Beto Albuquerque.

O PDT no Rio Grande do Sul está aliado oficialmente com o PMDB, cujo candidato é José Fogaça, que tem como vice o deputado Pompeu, que se caracteriza por se vestir normalmente com roupas gauches case é membro do PDT.

Há, no entanto, uma ala do partido apoiando a candidatura de Dilma, liderada por Alceu Colares, que, quando governador, foi o primeiro a dar um cargo a Dilma Rousseff, de secretária de Energia.

Com o rompimento de Brizola com o governo do PT de Olívio Dutra, Dilma saiu do PDT e se filiou ao PT, assumindo logo em seguida o Ministério de Minas e Energia do governo Lula.

Dilma não se esqueceu do seu padrinho político, e Alceu Colares foi nomeado consultor da Itaipu Bi-Nacional.

Embora esta ala do PDT seja fiel a Dilma, é muito discutível seu apoio ao PT de Tarso Genro.

Já o peemedebista José Fogaça alega que ficará neutro na eleição presidencial, chegando a argumentar que muitas vezes ficar neutro é um sinal de coragem na política.

Essa “coragem”, no entanto, conta a favor do candidato tucano José Serra, alimentando as dissidências regionais dentro de seções importantes do PMDB.

Na verdade, a partir do segundo governo Lula, o funcionamento da coalizão parlamentar melhorou em relação ao poder proporcional que cada partido recebeu.

O cientista político da Fundação Getulio Vargas Octávio Amorim Netto define que um governo multipartidário, em um regime presidencialista, para se assemelhar aos gabinetes de coalizão formados nos sistemas parlamentaristas, precisa que o presidente obedeça às seguintes normas: Usar um critério eminentemente partidário de seleção dos ministros; alocar os ministérios aos partidos em bases proporcionais ao seu peso dentro da maioria legislativa do governo; usar mais projetos de lei do que medidas provisórias; e dar poder de veto aos seus parceiros de coalizão sobre os projetos a serem apreciados pelo Congresso.

Com relação à distribuição de cargos e ministérios na proporção do poder de cada partido, Lula, para manter o apoio do PMDB e garantir não apenas os cinco minutos de propaganda eleitoral gratuita na televisão, mas também a capilaridade da atuação política do partido pelo país — é o que tem maior número de prefeitos e vereadores —, deu prioridade a suas reivindicações, forçando o PT a abrir mão de disputar governos importantes como o de Minas, ou intervindo no Maranhão para garantir apoio a Roseana Sarney.

O resultado da pesquisa Ibope, colocando pela primeira vez a candidata oficial, Dilma Rousseff, à frente da corrida presidencial, fora da margem de erro, é um banho de água fria na campanha tucana.

Eles contavam com a campanha na televisão para consolidar a posição de José Serra, e o que aconteceu foi uma subida da adversária.

Prova de que a campanha da candidata petista acertou ao criar fatos alternativos à propaganda tucana, como a viagem de Dilma Rousseff ao exterior, que garantiu a ela exposição pública, embora falsa.

Mesmo tendo sido mais um exemplo de uso da máquina governamental em favor da candidatura oficial.

PAINEL DA FOLHA

Dias & Dias 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 24/06/2010

Além da dianteira conferida pelo Ibope a Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) enfrenta agora o assédio do correligionário Álvaro Dias. O senador tenta se impor como vice alegando que só assim os tucanos conseguirão atrair no Paraná, sexto colégio eleitoral, o apoio de seu irmão Osmar Dias (PDT), que há meses negocia simultaneamente com o PSDB (para se reeleger senador na chapa de Beto Richa) e com o PT (para disputar o governo e dar palanque a Dilma).

Embora petistas ainda confiem em amarrar o oscilante Osmar, ele lhes disse, nesta semana, estar impedido, pois Álvaro "será" vice de Serra. Mas há quem ache que a faca no pescoço não irá funcionar.
E aí?
Como Osmar Dias marcou sua convenção para este sábado em Curitiba, Serra é pressionado não apenas a decidir em favor de Álvaro, mas também a fazê-lo já.
Não fui euEm suas tratativas com os tucanos, Osmar procura transmitir a ideia de que não é ele, e sim Álvaro, quem exige a vice como pré-requisito para a aliança.
Prós...Uma ala da campanha de Serra defende que a escolha da ex-nadadora, vereadora e presidente do Flamengo Patrícia Amorim pode criar fato novo e positivo no momento em que Dilma o ultrapassou no Ibope. Sem falar na potencial ajuda no Rio, onde os tucanos correm risco de deslizamento.
...e contras
Outra ala, porém, considera "loucura" indicar uma principiante para uma disputa que se desenha cada vez mais difícil. Esse grupo inclui, é claro, quase todos os demais cotados para a vaga de vice.
Janela
O comando da campanha de Serra atribui a subida de Dilma, em boa medida, aos três dias seguidos de "Jornal Nacional" faturados com o giro europeu da candidata do PT. Um deles coincidiu com a data de exibição do programa do PSDB, estrelado por Serra -mas menos visto do que o "JN", argumentam os tucanos.
Calculadora
O dado da pesquisa Ibope que mais animou os petistas não foi a intenção de voto de Dilma, e sim o crescimento da rejeição de Serra de 25% para 30%. O entendimento é que isso demonstraria resistência ao discurso do tucano, recentemente mais duro contra o governo, Dilma e Lula.
Com você
O presidente Lula telefonou para Dilma na segunda-feira e disse que, se o Brasil for para a final da Copa, ele quer levá-la a tiracolo para assistir in loco à partida.
Rei da rimaDo deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), fazendo trocadilho no Twitter com o sobrenome do meio de Dilma Rousseff para comemorar o resultado do Ibope: "Os cães ladram e a cara Vana passa..."
PênduloTudo caminha para que Clésio Andrade (PR) seja o suplente de Fernando Pimentel (PT) na chapa ao Senado, o que configuraria mais uma intervenção do PT nacional em Minas. O diretório local havia aprovado resolução, segundo a qual a indicação do suplente caberia ao próprio partido.
Conexão
Parte dos R$ 30 milhões desviados no esquema de fraude de licitações no Ceará, desmontado ontem em operação da Polícia Federal, estava vinculado a emendas de parlamentares. O caso chegou à porta do gabinete do deputado estadual Zezinho Albuquerque (PSB-CE), muito próximo do governador Cid Gomes (PSB).

Visita à Folha Alan Charlton, embaixador do Reino Unido no Brasil, visitou ontem a Folha.
Tiroteio
"O problema é que na sabatina Dilma não poderia usar teleprompter. Nem posar ao lado de Lula."
BR-101 
Os senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Heráclito Fortes (DEM-PI) travavam discussão acalorada sobre a partilha dos royalties do pré-sal, até que o segundo resolveu buscar uma saída contemporizadora:

-O Rio de Janeiro perdeu, mas continua lindo. O Espírito Santo perdeu, mas continuará crescendo. É preciso dar ao Nordeste a oportunidade de crescer!

Candidato ao governo capixaba, Casagrande pediu:

-Dá pra acrescentar "lindo" ao meu Estado?

Disposto a fazer acordo, Heráclito topou e ainda fez questão de dizer que Guarapari era sua praia favorita.

MAMADORES

CELSO MING

Bandeira para a oposição 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 24/06/2010

A pequena (mas significativa) reação dos minoritários na última assembleia da Petrobrás e a trajetória negativa dos preços das ações na Bolsa sugerem que o aumento de capital da empresa em setembro, nas condições em que será realizado, terá impacto político às vésperas das eleições.

A diretoria da Petrobrás cada dia diz uma coisa, demonstra improvisação, cria incerteza e desconfiança. Há menos de um mês, acusava os senadores de fazerem corpo mole na aprovação da lei, travando o processo. Agora se viu que o atraso se deve à omissão da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que não providenciou a tempo a certificação das reservas de petróleo da União que entrarão como subscrição da parcela do Tesouro.

Em maio, a diretoria da Petrobrás garantia que não era necessária a certificação da ANP e que bastaria a avaliação de volume e preço a ser fornecida pela consultoria que ela própria contratara. Agora, reconhece que a ANP tem de dar a palavra final, embora seus termos já estivessem, preto no branco, no projeto de lei.

Ainda em abril, a diretoria da Petrobrás assegurava que o aumento de capital sairia em julho, "de qualquer maneira". Mas, terça-feira, editou fato relevante que adiava a realização da subscrição para setembro, uma vez que poderia contar com a certificação da ANP apenas ao final de agosto, o que ainda precisa de confirmação. Na véspera, o presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, ministro Guido Mantega, declarara que o governo estaria estudando um plano B, baseado na apropriação pela empresa dos bônus de assinatura devidos a partir da adoção do sistema de partilha, ainda não aprovado pelo Congresso. Apesar do tombo das cotações das ações, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o xerife do mercado, não cobrou esclarecimento oficial.

Se, apesar dessas e outras informações desordenadas, a megassubscrição acontecer de uma só vez (e não em duas ou três), como quer o governo, a Petrobrás sairá do processo mais estatal e mais estrangeira, pois os minoritários nacionais não terão poder de bala para subscrever sua parte.

O descontentamento manifestado na assembleia da última terça-feira proveio de um grupo de acionistas esclarecidos. Quando os demais tomarem consciência de que o governo quer descarregar sobre eles a maior parte do peso dos investimentos da Petrobrás (porque a União só entrará no negócio com petróleo futuro), a gritaria tem tudo para ser multiplicada.

Exigir que os interessados façam provisão para enfrentar os encargos de subscrição não tem cabimento, porque faltam informações para calcular o desembolso que terá de ser feito em questão de dias.

O volume de direitos de subscrição não exercidos será enorme e essas sobras acabarão sendo aproveitadas pela União (que não entrará com dinheiro vivo) e pelos interessados estrangeiros (que têm dinheiro em caixa).

Dois serão os resultados: forte diluição da participação dos minoritários nacionais no capital da empresa e substancial diminuição da receita com dividendos, na medida em que só dentro de cinco ou seis anos esses investimentos darão retorno.

Às vésperas das eleições, o governo Lula está entregando de mão beijada para a oposição uma importante bandeira de descontentamento da classe média.

CLÓVIS ROSSI

Suave veneno
CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SÃO PAULO - 24/06/10


SÃO PAULO - Até outubro, a popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva é uma bênção para Dilma Rousseff. É, a rigor, o seu único ativo eleitoral. Tanto que foi suficiente para torná-la a candidata favorita, a julgar pela pesquisa Ibope divulgada ontem.
Mas, a partir de novembro e, especialmente, a partir de 1º de janeiro, se eleita, a bênção se transformará em cálice envenenado. Dilma terá que competir não contra adversários, mas contra o seu próprio padrinho. Terá que repetir os índices de popularidade de Lula, sob pena de sofrer um nível de desgaste maior do que aconteceria com governantes sem a sua gênese e sem tão imensa sombra.
Se conseguir chegar perto, tudo bem. Ninguém razoável é capaz de supor que Dilma possa repetir os índices de Lula, ainda que faça uma excelente gestão. Lula tem uma empatia com o público que responde por uma parte importante de sua popularidade. Dilma não tem e não terá. Faz parte do DNA dele, mas não aparece no dela.
Se o índice de aprovação começar a ficar bem abaixo do de Lula, já dá até para ouvir o pessoal do PT do Maranhão resmungando algo assim: "Foi para isso que tivemos que engolir o Sarney?". A turma do PT mineiro dirá mais ou menos o mesmo, em relação à aliança (imposta) com o PMDB.
É óbvio que com José Serra ocorrerá algo parecido. Mas com uma diferença essencial: não haverá inversão de bênção para desafio. Como candidato, Serra já concorre contra a popularidade de Lula, ao contrário de Dilma. Como presidente, continuará concorrendo.
No caso de Marina Silva, suponho que será diferente. Sua vitória criará uma situação política tão diferente do que vem sendo usual há 16 anos que o paradigma em tese deixará de ser Lula.
Passará a ser a adoção (ou não) do novo modelo de desenvolvimento que é o cerne de sua pregação.

GOSTOSAS

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Copa em Sampa 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 24/06/2010

São Paulo volta a colocar o pé na Copa de 2014. Kassab acaba de avisar aos membros da Fifa que fechou o projeto e a equação financeira -incluindo as garantias bancárias necessárias- para construir novo estádio em Pirituba, segundo apurou Sonia Racy, de Johannesburgo.

A oficialização desta conquista só deve ser confirmada depois de terminada a Copa da África do Sul.
Copa em Sampa 2
Caso o novo Piritubão emplaque, a capital paulista pode voltar a sonhar até em sediar a partida de abertura do mundial de futebol.

A ideia havia sido enterrada depois da decisão da Fifa de vetar o Morumbi.
Copa em Sampa 3
O desenho original do Piritubão previa uma arena multiuso com capacidade para 45 mil pessoas.

Como a Fifa exige que o estádio da abertura da Copa Mundo tenha pelo menos 60 mil assentos, o modelo e o orçamento certamente já passaram por adaptações.
Meninos rebeldes
Depois do fiasco da França na Copa, Sarkozy usará mãos de ferro. A partir da Eurocopa, em 2012, atletas convocados para seleção terão que assinar um compromisso de ética.

A péssima atuação do time também trouxe consequência aos dirigentes: uma auditoria foi contratada para investigar as contas da Federação Francesa de Futebol.
Reumatismo
O Instituto Agronômico de Campinas completou 123 anos com festa ontem.

Pena que falte até combustível para o pesquisador ir a campo. A escassez de recursos humanos também é queixa frequente por lá.
Almas gêmeas
O PV escolheu e Ricardo Young aceitou. Marco Mróz será seu suplente no Senado.

Já no caso de Fernando Pimentel, tudo indica que Clésio Andrade, presidente do PR de Minas, fica com o posto.
Al mare
O Colégio Dante Alighieri ousa na comemoração dos seus 100 anos. Em janeiro, um navio zarpa com 1.500 alunos, ex-alunos e professores para um tour pela costa brasileira.

Não há mais vagas.
Os eleitos
O conselho administrativo temporário da Bienal foi renovado anteontem em 20%. São nove os novos integrantes do colegiado formado por 45 membros -mais 15 vitalícios. Quatro deles vão ocupar cadeiras que estavam vagas. E outros cinco substituem conselheiros que deixaram o posto.

Os "calouros" são: Antonio Bonchristiano, Claudio Sonder, Fersen Lembranho, Jackson Schneider, Jean-Marc Etlin, Jorge Gerdau, Marcelo Araújo, Marisa Moreira Salles e Nizan Guanaes.
Topa ou não topa
Regina Casé, se aceitar o convite de Anna Muylaert, vai interpretar uma babá baiana que, depois de morar anos em SP, volta à terra natal para recuperar a relação com a filha pequena.

No próximo longa da diretora Que Horas Ela Volta?.
Na frente
Fabrício Carpinejar lança hoje o livro Mulher Perdigueira. No Centro Cultural Barco.

Com show de Mallu Magalhães acontece amanhã a formatura da Escola São Paulo.
Milton de Arruda Martins, lança Saúde a Hora É Agora. Hoje, na Livraria da Vila da Lorena.

Gabriel Cury faz jantar para Marco Ricasoli, da vinícola Montegrossi. Hoje, no Arola.

Interinos: D. Bergamasco, G. de Almeida, M.Neustein e P. Bonelli.
Sonia Racy viajou à África do Sul a convite da Coca-Cola.
"Kaká tem que se defender"
Rosto pouco conhecido, Simone Leite recusa o rótulo de "bom moço" para seu filho Kaká. Diz que o camisa 10 da seleção é apenas um ser humano que "se irrita, chora, sente dores e alegria".

Sobre a suposta mudança de comportamento do craque tanto no jogo pesado no gramado, quanto nas caneladas com a imprensa, explica: "Ele tem que se defender". A coluna conversou anteontem com a mãe do jogador durante testemunho de fé de sua nora, Caroline Celico, para 40 mulheres cristãs em apartamento no Morumbi.

Em entrevista coletiva, Kaká se queixou de ser perseguido por jornalista por propagar sua religiosidade. Concorda com ele?

Às vezes as pessoas confundem o jogador com a fé. Nós nunca falamos: "Faça isso ou aquilo". Respeitamos, amamos as pessoas e falamos do amor de Deus.
Acha que ele se excedeu no desabafo de anteontem?

Acho que foi na medida certa. Tem pessoas que falam o que querem, isso é uma falta de respeito total. Nós não vamos na televisão difamar ninguém. As pessoas têm que ter limites. Acho bacana o que ele falou e o apoio. Ele está certo.
O que você achou da Fifa ter proibido comemorações com frases religiosas nos estádios?

Acho que se eles colocaram isso é para cumprirmos...Tudo bem, não tem problema. Jesus não está só numa camiseta.

Kaká está bravo com a imprensa assim como Dunga?
Não. Ele tem uma ótima relação com a imprensa. Eu respeito o Dunga. É uma pessoa de caráter firme e personalidade bacana. O Dunga é assim. Outro técnico é de outra forma. E se alguém mais aberto assumir, vamos na do outro.

Como está a saúde dele?
Ele está ótimo, não sente mais dores. Estamos vendo sua evolução a cada partida. Jogou muito bem na última, deu passes importantes. Está recuperado, trabalhando duro pelo preparo físico.

E o que achou da expulsão?
Triste. Não foi merecido, foi um jogo violento. Diante da pancadaria, até que não aconteceu nada grave. O Elano se machucou e o Kaká foi expulso, mas poderia ter sido pior.

Você acha que ele está mais agressivo em campo?
O Kaká tem que se defender. É natural. É ser humano. Ele também se irrita, chora, sente dor, alegria e brinca.

Mas ele continua sendo o "Kaká bom moço"?
Pra mim ele é o Kaká. O bom moço fica por sua conta.

MARIO CESAR FLORES

Social-democracia rural 
Mario Cesar Flores 
O Estado de S.Paulo - 24/06/10

O Brasil chegou ao século 21 com alguns problemas dos séculos 19 e 20 ainda pendentes. Entre eles, a construção do mundo rural social-democrático da pequena propriedade, fornecedor e consumidor ajustado ao desenvolvimento industrial-urbano. Sua não-construção oportuna e a sedução do desenvolvimento urbano estimularam a migração para as cidades, contribuindo para a miséria, a desordem e a violência urbanas, a favelização caótica e sua agressão ambiental, deixando no campo uma população marginalizada e pobre.

Até cerca de 50 anos atrás a questão rural não fora considerada no Brasil. O mundo rural da pequena propriedade só ocorreu com algum sucesso de São Paulo ao Rio Grande do Sul, destino de imigrantes europeus na segunda metade do século 19 e início do 20. O Estatuto da Terra de 1964 teria estimulado a reforma agrária sadia, mas foi neutralizado por interesses fortes. Resultado: nossa tardia reforma agrária, atropelada pela dimensão a que chegou o problema, vem produzindo intranquilidade e dúvidas sobre seus procedimentos e objetivos. Vem instituindo duas categorias singulares: a dos acampados à espera do assentamento e a dos assentados malsucedidos, por motivos razoáveis ou porque inaptos para o campo. Distribui a terra, mas está aquém do conveniente no apoio financeiro ? deficiência mitigada pelo programa de assistência à agricultura familiar criado em 1995 ?, assessoria técnica, acesso ao mercado e apoio social (saúde, escola). Sujeita assentados - com exceções bem-sucedidas - à vida insatisfeita e acampados ao assistencialismo e à odisseia das invasões. Enfim, o modelo vem sendo apenas limitadamente útil à criação do pequeno capitalismo social-democrático rural, como existe nos países democráticos desenvolvidos.

Cooptada no campo (homens rurais autênticos "sem terra"), mas também nas cidades (homens rurais inventados), a massa de manobra do tumulto rural vem sendo usada para seu propósito racional - a reforma agrária -, mas também como instrumento da ideia de mudança do eixo político e socioeconômico do País. Na crise de 2008-2009 um líder do MST afirmou que o aumento do desemprego urbano reforçaria o movimento rural, obviamente com gente não adequada ao campo, fadada ao insucesso e à revolta ressentida. Gente útil, portanto, à turbulência política porque, se bem-sucedida a reforma agrária, improvável com pessoal inapto ao campo, o pequeno proprietário "vira" um kulak social-democrata, tanto assim que eles foram eliminados na URSS.

Nesse cenário político e socioeconômico nebuloso, a causa da reforma agrária vem ensejando a jihad rural em desafio à lei e suas instituições, no estilo delituoso da "cultura da ação" dos movimentos fascistas nos anos 1920. Inserem-se aí as invasões de propriedades, pretensamente travestidas de ocupação pacífica, como se fosse pacífico intimidar com foices e facões, manter cárcere privado, destruir máquinas, benfeitorias e plantações e matar gado. Vem ensejando-a à sombra da complacência do poder público ? por ideologia ou interesse político ? e da demora no cumprimento de sentenças de reintegração de posse, que fazem das invasões esbulhos tolerados. Problema que será agravado se institucionalizada a recomendação do Decreto 7.037, de 21/12/2009, que preconiza a negociação prévia à Justiça, criando a figura da copropriedade "na marra"...!

A ambiguidade da situação, que mistura causa correta com prática delituosa para atingi-la, é bem refletida em frase do presidente da República (Estado, 15/7/2003) sobre incidente em princípio irrelevante (o boné do MST na cabeça do presidente): "Não esperava que o preconceito contra os sem-terra fosse de tamanha envergadura; eles têm uma reivindicação justa." Não se trata de preconceito contra os sem-terra e sua reivindicação justa, mas da não menos justa contrariedade com a metodologia delituosa.

Todo esse tema diz respeito à pergunta: interessa ao Brasil acompanhar a produtividade vitoriosa na grande propriedade, pela inclusão política, social e econômica do pequeno proprietário rural?

Sua resposta transcende a ideologizada satanização da grande propriedade, necessária à produção de commodities de consumo interno e para exportação (o agrobusiness responde por cerca de 40% da nossa exportação). Nossa vedete agrícola deste início de século, que já o fora nos anos 1600, a cana, agora relacionada com os biocombustíveis, é necessariamente agrobusiness! Em país com território utilizável da extensão do brasileiro, a grande propriedade é compatível com a pequena. Aquela, produtora de commodities; esta, de alimentos, em destaque crescente com a propensão ao consumo de produtos orgânicos, exigentes de mais atenção humana e coerentes com a pequena agricultura. É preciso desenvolver tanto o agrobusiness, vital à macroestrutura econômica, como a pequena agricultura, necessária à alimentação da população brasileira, imensa e crescendo ? e responsável por cerca de 70% da mão de obra rural!

Há que dar vida à compatibilização no respeito ao direito, sem se engajar na fantasia ideológica antiagrobusiness, indutora de ânimo prejudicial à reforma agrária. Existem realmente casos em que a defesa da propriedade perde consistência e sentido diante da sua função social. Mas essa avaliação não cabe ao arbítrio dos movimentos salvacionistas, cabe à lei e seus instrumentos: num Estado de Direito democrático não há sentido racional em glorificar o delito como meio de fazer justiça!

O encaminhamento dessa questão dirá se o campo continuará contribuindo para a vida nacional como contribuiu na nossa História; dirá se vamos ter um pequeno capitalismo social-democrático rural, útil à tranquilidade democrática do País, ao lado do grande agrobusiness. Ou se o campo continuará palco da desordem que se vale da justa meta da reforma agrária e das agruras da massa rural, com vista ao eixo político-ideológico

TREVAS

MÍRIAM LEITÃO

Avatar de Belo Monte 
Miriam Leitão 

O Globo - 24/06/2010

O presidente Lula simplifica propositadamente a questão de Belo Monte. Homem inteligente que é, sabe que o que sustenta a barragem de dúvidas sobre a usina não tem a ver com a vinda de um “cineasta gringo”. Simplificações são ótimas em épocas eleitorais, mas a verdade é que a usina está sendo tocada sem quaisquer dos cuidados ambientais, fiscais, econômicos necessários

Na democracia, é preciso convencer a opinião pública.

Belo Monte está sendo empurrada de forma autoritária ao país, numa pressa desprovida de sentido, exceto o agrado às empreiteiras que vivem de fazer barragens. Curioso é que até elas não querem entrar no negócio em si. Preferem ficar de fora, como prestadoras de serviço.

Uma conversa sincera com qualquer uma delas mostrará que o empreendimento não foi devidamente precificado. O modelo de “modicidade tarifária” inventado pela então ministra das Minas e Energia Dilma Rousseff está fazendo água.

Cria ficções. Está apenas mudando o público pagante.

Se a energia de Belo Monte for vendida por aquele preço, o consumidor teria supostamente uma vantagem, mas o contribuinte estará pagando a festa. Ou seja, o que não sair de um bolso dos brasileiros sairá do outro bolso.

Supostamente a obra custaria R$ 19 bilhões. Mas a informação mais precisa eleva o preço a pelo menos R$ 30 bilhões. A diferença será paga de diversas formas.

A primeira, com os juros a 4% em empréstimo de 30 anos, num governo que se financia a títulos de poucos meses e juros de 10%. A segunda, em excessiva participação de empresas públicas, fundos de pensão de estatais. Ninguém tem dúvidas no mercado de energia que a usina é na prática estatal e que os grupos privados terão o benefício de ficar com o bônus, deixando o ônus para o setor público. A terceira, o futuro verá várias revisões de custos da obra que serão crescentemente bancadas com dinheiro público. Como negócio, tem retorno econômico duvidoso.

Há dúvidas de engenharia não sanadas. Não se deu tempo para os estudos de viabilidade pela pressa de se ter mais uma obra deslanchada antes da saída da então ministra da Casa Civil para a sua corrida presidencial.

Não ouço isso de ambientalistas, ouço de engenheiros.

Ninguém sabe exatamente como será feito o tal canal para desviar o rio Xingu na Grande Volta que vai movimentar mais terra do que para construir o Canal do Panamá. Isso só para citar uma das várias dúvidas de engenharia.

As dúvidas ambientais foram esmagadas sob o peso do cala-boca que saiu da Casa Civil na reunião de 7 de janeiro da qual falei aqui na coluna. Mostrei aqui no dia 17 de abril os fac similes dos documentos internos do Ibama com funcionários assinando que o tempo estabelecido pela Casa Civil para dar a licença não era suficiente, publiquei também as trocas de mensagens entre o Ibama e a Eletrobrás sobre a reunião da Casa Civil para cumprir os prazos. Esses documentos são um atestado inequívoco de que a agência reguladora do meio ambiente foi constrangida a conceder a licença.

Isso é uma irregularidade administrativa que eleva muito o risco de um desastre ambiental em Belo Monte.

O medo de que só um consórcio disputando desse a impressão de que a obra não tinha atraído os investidores fez o governo se envolver diretamente na formação do outro consórcio, mudando regras para aumentar as vantagens para as empresas. E mesmo depois do leilão, dúvidas sobre participação de um dos integrantes do consórcio vencedor permaneceram.

Enfim, por onde se olhe há dúvidas em Belo Monte.

De índios e não índios, de ambientalistas e engenheiros, de especialistas em energia e economistas. Cada um do seu ponto de vista tem questões que não foram suficientemente debatidas e esclarecidas antes de se bater o martelo de um leilão estranho e um empreendimento açodado.

O presidente Lula simplifica quando compara com Itaipu. A maior hidrelétrica das Américas foi imposta como fato consumado pelo poder do arbítrio militar. Lula não deveria querer comparações com aqueles métodos. A democracia ajudou a reduzir e muito o impacto ambiental exigindo da usina compensações que ela tem cumprido.

O medo de a usina ser uma arma contra a Argentina, com o risco de alagamento de parte das terras dos vizinhos, foi superado em demoradas negociações que consumiram anos da competente diplomacia brasileira daquela época. Os debates sobre se seria melhor ter construído um pouco acima, poupado o patrimônio turístico das Sete Quedas, ou ter feito uma usina só brasileira foram esmagados pelo poder ditatorial. Hoje, a usina é fundamental para o país, mas ela já investiu muito em compensação ambiental, permanecemos sob o risco constante das pressões paraguaias e ainda se paga sua interminável dívida externa. Itaipu é uma obra com mais facilidades por estar perto do centro consumidor, ao contrário de Belo Monte. Não há comparações entre as obras. O fundamental a reter é que os métodos de imposição de Itaipu à opinião pública não podem ser transpostos para os dias de hoje pelo simples — e excelente — motivo de que o país é democrático e o governo deveria ter dedicado mais tempo ao convencimento da opinião pública e levado mais a sério as dúvidas. Belo Monte sofre de falta de planejamento, estudos de viabilidade, precaução ambiental, segurança fiscal, análise econômica.

Mas seu erro fundamental é a falha democrática.

ANCELMO GÓIS

Estaleiro no Rio 
Ancelmo Góis 

O Globo - 24/06/2010

Sérgio Cabral e Eike Batista estão conversando para trazer de Santa Catarina ao Rio o megaprojeto de um estaleiro orçado em R$ 3 bilhões.

O empreendimento da OSX, que tem 10% da sul-coreana Hyundai, seria no Porto de Açu, onde o empresário já atua.
Segue...
A ideia inicial de Eike, construir o estaleiro na região de Biguaçu, perto de Florianópolis, enfrenta resistência do Instituto Chico Mendes de Meio Ambiente, do governo federal
Guerra do golfo 
O navio-plataforma FPSO Seillean, depois de trabalhar para Petrobras no campo de Golfinho, no Espírito Santo, zarpa hoje para o Golfo do México.

Vai se juntar à brigada naval que luta contra os efeitos do desastre ambiental causado pela explosão da plataforma Deepwater Horizon.
Vampiro baiano 
No filme francês“Mademoiselle Chambom”, de Stéphane Brizé, vê-se na parede do quarto de um menino o pôster de Daniel Alves, jogador do Barcelona e da seleção.

O craque de 27 anos é baiano de Juazeiro, terra de João Gilberto e Ivete Sangalo.
Marketing emboscada 
A pedido da CBF, o TRF do Rio mandou a Caixa retirar do ar o anúncio no qual utiliza bonecos chamados de “poupançudos”.

Segundo os advogados da entidade, Rodrigo Torres e Marcelo Mazzola, as camisas eram semelhantes à da seleção e com escudo que remete ao da CBF.
Noturno indiano
Antonio Tabucchi, o escritor italiano autor de “Noturno indiano”, está com um problema de coluna que pode tirá-lo da escalação da Flip, em agosto.

Espera-se que, como Elano, o meia da nossa seleção, ele se recupere a tempo.
Marceu na Copa 
A desclassificação da seleção Bafana Bafana da Copa não fez a rotina voltar ao normal na África do Sul. Mas começa a haver espaço na festa para a vida real.

Junho é mês de negociações salariais no país de Mandela — e, ontem mesmo, um dia após a eliminação, surgiu um embate entre patrões e empregados
Segue... 
Trabalhadores de um hotel em Pretória iniciaram uma greve.

Num protesto, jogaram numa loja um bujão de gás em chamas.

Ninguém se feriu
Aliás...
É a segunda greve na Copa.

A primeira, reprimida com violência, foi a de seguranças contratados para tomar conta dos acessos aos estádios.

O governo de Jacob Zuma havia pedido a Zwelinzima Vavi, secretário-geral do Cosatu, espécie de CUT sul-africana, uma trégua no Mundial.
Caetano na Sapucaí 
Dezessete anos após ser enredo da Mangueira, Caetano Veloso voltará ao Sambódromo.

Sua vida será tema da Paraíso do Tuiuti no carnaval 2011.
Anarriê virtual 
Gilberto Gil criou um site exclusivo para as festas juninas do Brasil em geral — e as do Nordeste, em particular.

Confira: www.circuitosaojoao.com.br.
Maracanã 2014 
Pousou no BNDES o pedido do Estado do Rio de acesso à linha de crédito de R$ 400 milhões para o projeto da Copa de 14.

São juros camaradas e 15 anos para pagar.
Flailegal 
Cinco painéis publicitários dentro do Flamengo são ilegais
Prêmio Alquimista
Paulo Coelho fez uma parceria com a secretária estadual de educação do Rio, Teresa Porto.

Haverá concurso para alunos e o vencedor do Prêmio Alquimista ganhará mil euros. Os melhores textos vão virar livro.
Batalhão legal 
As relações do funk carioca com a polícia nunca foram muito amistosas.

Mas o 12º BPM, de Niterói, vai abrir os portões dia 17 de julho para uma roda de funk.

Rio de Clarice A Secretaria municipal de Cultura promove domingo o tour “O Rio de Clarice”, por lugares que marcaram vida e a obra de Clarice Lispector.