sexta-feira, maio 14, 2010

AUGUSTO NUNES

 AUGUSTO NUNES

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  A comparação que estuprou a verdade é um insulto a Mandela

14 de maio de 2010

O presidente Lula precisou de duas frases e uma comparação infamante para afrontar a Justiça Eleitoral, escancarar a própria indigência intelectual e assassinar a verdade: “Uma parte da história da Dilma me lembra muito a do Mandela”, disse no programa ilegal do PT. “Uma vez o Mandela me disse que só foi para o confronto quando não deram outra saída para ele”. O estupro da História foi chancelado pela candidata que mente como quem respira: “Eu lutei, sim. Pela liberdade, pela democracia”.
A comparação é mais que uma impostura atrevida, é mais que outro estelionato eleitoreiro. É um insulto ao homem que redesenhou o destino da África do Sul. Nelson Mandela lutou pelo fim do apartheid, pela restauração da liberdade e pelo nascimento do regime democrático. Dilma Rousseff serviu a grupos radicais que queriam trocar a ditadura militar pela ditadura comunista. Ele aceitou o confronto depois de propor todas as soluções pacíficas possíveis. Ela aderiu à luta armada em 1967, um ano antes da decretação do AI-5.
Mandela protagonizou combates reais. Dilma não passou de figurante em assaltos a bancos e cofres particulares. Ele ficou preso 27 anos por liderar a imensa maioria negra. Ela ficou três anos na cadeia por obedecer a extremistas ignorados pelo povo. Mandela venceu. Dilma perdeu. A ditadura militar foi derrotada pela resistência democrática de que jamais participou.
Mandela chegou ao poder pela vontade popular. Dilma, que nunca disputou nem eleição de síndico, é fruto da vontade de Lula. Ele  negociou com os carcereiros brancos a extinção do apartheid. Ela despreza os democratas que negociaram a anistia de que foi beneficiária e declara guerra a todos os oposicionistas. Mandela é um grande orador, um líder vocacional e um político sedutor. Dilma não diz coisa com coisa, faz tudo o que manda o mestre e tem a simpatia de um poste.
Nelson Mandela é um estadista. Dilma Rousseff é uma farsa.

ARI CUNHA

Cai o pano do espetáculo do crescimento
ARI CUNHA


CORREIO BRAZILIENSE - 14/05/10

O ministro Mantega tem receio de que a inflação volte com o superaquecimento da economia. Ele disse que não vai deixar a economia crescer. Mas um dos temas da campanha do PT para a campanha presidencial garantia o espetáculo do crescimento. Um exemplo é a China. Exporta de tudo. Brinquedos, eletroeletrônicos, vestuário, só a lua não é made in China (será?). Mais empregos para os chineses. Poder de compra aumentado. Economia aquecida. Agora os preços dos produtos abundantes e de qualidade inferior começam a crescer dia a dia. Por trás do medo da inflação há um gigante chamado China. Com o mundo globalizado, o mercado fica facilmente contaminado com crises externas. Pode ser que o marketing segure a explosão. Mas, mais cedo ou mais tarde, o pano cai. E o espetáculo deve continuar, seja comédia, seja tragédia. (Circe Cunha)


A frase que não foi pronunciada

“Senado e Dunga lutam contra o crack e craques.”
Paulo Duarte Silva, da redação do Correio, pensando no pão e circo.



Café
» Em congresso de cardiologia em São Paulo, a Embrapa se especializou nas pesquisas sobre o comportamento do ritmo humano. Cada provador experimentou durante vários dias a capacidade humana de tomar café. Não se trata de cafezinho, mas de xícaras grandes. Os resultados foram favoráveis ao comportamento dos cidadãos que vertem grandes quantidades de café no correr da vida. O Congresso obteve bons resultados, e a Embrapa fez experiências que o povo sempre queria saber.

Espaço Capiba
» Sobrado onde Capiba morou durante 40 anos, no Espinheiro, abriga o Espaço Cultural TGI. Preserva a memória do mais telúrico compositor pernambucano. Enquanto isso ainda não saiu do Banco do Brasil, nenhuma homenagem ao homem que durante 40 anos serviu ao banco.

Saúde pública
» Renilson Rehem de Souza é médico e foi secretário da Saúde em S. Paulo. Diz em artigo na Folha de S. Paulo que bandeiras políticas ou partidárias não combinam com a saúde pública. E acrescenta que as conquistas do SUS não podem ficar à mercê da incerteza e da falta de comprometimento de governantes. Assuntos são resultado dos protestos do povo que necessita de amparo e sente sua falta.

Recomendação
» A Polícia de São Paulo está instruindo os jovens para que não deem entrevistas à porta do cinema. Explica que o entrevistado não fale sobre si nem cite dados pessoais. Feito isso, o malandro liga para a casa do entrevistado e dá detalhes pessoais. É chantagem de sequestro relâmpago. Como o filme tem duração de duas horas, o malandro tem muito tempo para exigir resgate.

Melhor em 12 anos
» Pesquisa do Dieese fala do trabalho no Brasil desde 1988. O emprego aumentou em Salvador, S. Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, mantendo estabilidade no Recife. Informações da PED dizem que o total de ocupados na mesma região foi estimado em 17,2 milhões de pessoas, e a PEA em 20,2 milhões. PEA significa população economicamente ativa.

Juros nos EUA
» Correspondência da Reuters assinada por Mark Felsenthal e Pedro da Costa informa que o Federal Reserve manteve a taxa básica de juros dos Estados Unidos entre 0% e 0,25% e renovou a promessa de deixá-la baixa por período prolongado. Mostrou-se otimista sobre a recuperação econômica e emprego.

Médicos e loucos
» A população do Brasil é dividida entre médicos e loucos. Os primeiros encontram remédio para tudo. Vale ouvir declarações dos que falam sobre a formação dos jogadores para a Copa Mundo. Todos falam com o mesmo entusiasmo de Dunga, que vive disso.

Folga
» Está certo que os parlamentares podem e devem torcer na Copa de Futebol. Estranho é, além disso, receberem os vencimentos e gratificações. Goela grande vira bicho e come o dono, segundo o filósofo de Mondubim. Devagar que o santo é de barro.

Proteção
» Enquanto o Brasil corre o risco de perder a patente do Bina, a União Europeia apreende medicamentos genéricos da Índia encaminhados ao Brasil. A solução sobre a disputa dos direitos de propriedade intelectual está nas mãos da Organização Mundial do Comércio

GOSTOSA

JOSÉ SIMÃO

Álbum da Copa! A seleção não cola!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/05/10

E avisa pro Dunga que reserva só é bom em rótulo de vinho! E Grafite só na Bienal!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Manchete do jornal "Meia Hora": Adriano vai pra Copa. CABANA! Rarará! E depois ele vai pra Ipanema, Leblon! E sabe o que o Neymar e o Ganso fizeram quando ouviram a escalação do Dunga? DANÇARAM! E olha essa piada pronta: sabe o nome do juiz que negou habeas corpus pro amigo do Tuma Jr., o Li Kwok Kuen? Ricardo CHINA!
Isso é que é predestinação. Nasceu pra prender chinês. E como eles vão saber que prenderam o chinês certo? Todo chinês é cópia pirata de outro chinês! E o Dunga fez a multiplicação dos anões: deixou 190 milhões Zangados e 23 Felizes! Eu vou processar o Dunga por tentativa de homicídio.
Quer nos matar do coração! E avisa pro Dunga que eu quero recall de figurinha! Risquei o Adriano com Grafite. E como eu vou completar a página do Brasil se essa seleção não cola?
E a selecinha tá assim: metade está machucada e a outra metade é de reservas. A seleção dos Macho...cados. E RESERVA a passagem de volta! E avisa pro Dunga que reserva só é bom em rótulo de vinho! E Grafite só na Bienal!
E a revista "Der Spiegel": "Brasil está fabricando bomba nuclear". Com o corpo do Serra e o cabeção da Dilma. Essa é a única bomba que o Brasil tá fabricando! E eu já disse que o Serra e a Dilma não são feios. Nós é que entendemos de arte moderna! Rarará!
E adorei essa: "Plataforma de gás afunda na Venezuela. Chávez anuncia pelo Twitter". Rarará! E Buemba 2! E o Corinthians contesta na Justiça a eliminação da Libertadores! O Timão foi desclassificado por ter sofrido um gol em casa. Mas, como o time não possui casa, essa regra não devia ser válida! Viva! É mole? É mole, mas sobe!
Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca para ver o que acontece! Antitucanês Reloaded, a Missão.
Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. É que em Sobral, no Ceará, tem um motelzinho com a placa: "Solicitamos o obséquio de vossa senhoria não lavar a pistola na pia". Ueba! Mais direto impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Dunga. Ops, Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Dengoso": companheiro Dunga com dengue. Já imaginou se o Dunga pega dengue? Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

NELSON MOTTA

Pequenos grandes erros
Nelson Motta 

O Estado de S.Paulo - 14/05/10

Menos de um ano antes das eleições presidenciais de 2000, Bill Clinton esbanjava popularidade e os Estados Unidos, prosperidade. A economia bombava em um cenário internacional de relativa paz, com envolvimento militar apenas nos Bálcãs, bem-sucedido e por uma boa causa.
Popular, carismático e eficiente, Clinton era o mais poderoso cabo eleitoral que o vice Al Gore poderia desejar, sua eleição seria uma moleza. Mas Clinton cometeu um pequeno grande erro: Monica Lewinski. E saiu do governo atropelado por um impeachment e com a imagem de mulherengo patológico. E mentiroso.
Na campanha, por covardia e hipocrisia, Al Gore fugiu de Clinton como o diabo da cruz. Não queria associar sua imagem eco-familiar a um devasso, e Clinton não pediu votos para Gore sequer no seu nativo Arkansas, onde era muito popular. Pequeno enorme erro de Gore.
Apoiado por Clinton, ele ganharia fácil no Arkansas. Mas o desprezando, ofendeu seus conterrâneos e foi derrotado.
Se vencesse, teria levado todos os votos eleitorais do Estado e, mesmo perdendo na Flórida, se elegeria presidente. E pouparia o mundo de George W. Bush.
São esses pequenos, que depois se mostram grandes erros, que muitas vezes decidem eleições. E Copas do Mundo, quando uma bola boba perdida na intermediária pode armar um contra-ataque e a jogada do gol que vai definir a partida. Como a que Cerezo perdeu em 82 e deu em gol da Itália.
Em 1960, JK terminava o governo popularíssimo, com grandes chances de eleger seu sucessor. Mas escolheu o marechal Lott, um poste carregado de medalhas, honrado, pesado e chato. E desconhecido do povo que adorava o presidente bossa nova, um democrata e desenvolvimentista, otimista e vitorioso.
E o marechal de JK foi batido pela demagogia moralista e histriônica de Jânio Quadros, candidato da oposição e, por baixo dos panos, do PTB governista de Jango Goulart, na espúria chapa Jan-Jan (só no Brasil se podia votar para presidente em um partido e para vice em outro), elegendo um maluco que oito meses depois jogaria o Brasil numa crise política que deu na ditadura e só terminou na eleição de Tancredo.

QUADRILHA

OS TUrMA

MÔNICA BERGAMO

Cara feia 
Mônica Bergamo 
Folha de S.Paulo - 14/05/2010

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, é a capa da edição de maio da revista "Poder"; de acordo com a publicação, sua admiração pelo ex-sogro, João Havelange, da Fifa, é tanta que, ao batizar os três filhos, deixou o nome de sua família em segundo plano e colocou neles o sobrenome "Teixeira Havelange"
Comida não é brinquedo 
A Promotoria do Consumidor de SP está processando Nestlé e Kellogg's para que as empresas deixem de fazer publicidade para crianças. Quer proibir também a distribuição de brindes junto com alimentos e questiona o fato de as duas companhias possuírem sites infantis, com jogos eletrônicos, para divulgar seus cereais.
Frágil
O promotor Paulo Sérgio Cornacchioni, autor da ação, diz que toda publicidade para crianças é irregular, por elas serem indivíduos "vulneráveis" e sem experiência.
Já pra Rua!
A Kellogg's afirma que sua comunicação incentiva a alimentação equilibrada e a prática de esportes e que seu site de jogos exibe, a cada 15 minutos, uma mensagem mandando o usuário "desligar o computador e ir brincar". A Nestlé não se manifestou.
Twitter Indiscreto
Fechou o tempo em "Viver a Vida": ao descobrir que sua conversa com Alinne Moraes e Lilia Cabral no restaurante da TV Globo estava sendo colocada no Twitter por um funcionário na mesa ao lado, a atriz Adriana Birolli, a Isabel da novela das oito, decidiu tirar satisfação. O tuiteiro Hugo Gloss apagou tudo na hora.
Otimismo
A Casa Cor 2010, que começa no final do mês no Jockey Club, espera um público de 160 mil pessoas -foram 143 mil em 2009. A concorrência com a Copa do Mundo não preocupa. "Até porque a Copa vai acabar cedo para Brasil", diz o presidente da Casa Cor, Angelo Derenze, indignado com a convocação de Dunga.
Presença Dourada
Vencedor da 10ª edição do "Big Brother Brasil", da Globo, Marcelo Dourado contratou uma agência em São Paulo para negociar a sua presença em eventos da cidade. Cobra cerca de R$ 20 mil por duas horas de fotos e autógrafos.
Presença Dourada 2
E Kadu Parga, terceiro colocado no "BBB 10", foi contratado para uma festa do clube gay San Sebastian, de Salvador. Cachê: R$ 10 mil por duas horas.
Subiu no Telhado 
O produtor Ivan Teixeira considera que será "ainda mais difícil" manter o elenco do filme "Roque Santeiro" após a saída do diretor Daniel Filho do projeto e do adiamento das filmagens. O problema seria conciliar as agendas.

Lázaro Ramos estava escalado para ser o protagonista, enquanto Fernanda Torres e Antônio Fagundes interpretariam Viúva Porcina e Sinhozinho Malta. Apesar das baixas, o produtor confirma a produção do longa-metragem.
Deputado Baladeiro
Filiado ao Partido Verde depois de passar 15 anos no PT, Ale Youssef, dono da casa noturna Studio SP, será candidato a deputado federal.

Diz que, em nome da "transparência", instalará câmeras em seu gabinete em Brasília para que o eleitor acompanhe seu mandato.
Digital
Duas obras de Ziraldo, "O Livro do Sim" e "O Livro do Não", serão vendidas pela editora Melhoramentos, a partir de hoje, em versão para leitura nos aparelhos eletrônicos iPad, iPhone e iPod Touch.
Prato Frio
A atriz Cameron Diaz, que tem sido vista com o jogador de beisebol Alex Rodriguez, só estaria saindo com o atleta para se vingar da ex dele, a também atriz Kate Hudson.

Segundo a edição desta semana da revista americana "US Magazine", quando Cameron terminou seu namoro de quatro anos com Justin Timberlake, em janeiro de 2007, Kate apareceu com ele dois dias depois da separação. O troco veio três anos depois.
Curto-circuito
O FOTÓGRAFO Matuiti Mayezo, morto em 2009, é o homenageado da 5ª Mostra Anual de Fotojornalismo da Arfoc-SP, em exibição no Conjunto Nacional.

O ESPANHOL Ferran Soriano, ex-vice-presidente do Barcelona, lança hoje, às 19h30, o livro "A Bola Não Entra por Acaso", na Universidade Anhembi Morumbi da av. Paulista.

O ATOR Paulo Goulart faz palestra hoje, às 15h30, sobre técnicas de comunicação, no Centro de Integração Empresa-Escola.

O CANTOR ITALIANO Stefano Nutti faz apresentação gratuita amanhã, às 21h, na Galeria Olido. Classificação: livre.

A FESTA Like a Wedding acontece hoje, às 23h, no clube Disco, com discotecagem de Milton Chuquer. 18 anos.

O PRESIDENTE da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Salim Schahin, embarcou ontem para o Catar com 48 empresários que acompanham a comitiva da Presidência da República.

O AVIÁRIO Mont Serrat, especializado em pássaros exóticos, colocou no ar o site www.aviariomontserrat.com.br.

BRASIL S/A

Lâmina sem corte

Antonio Machado
Correio Braziliense - 14/05/2010


Governo anuncia cortes para esfriar a demanda. Mas parece recado ao Congresso e ao funcionalismo

O governo vem aí com um programa de contenção de despesas, coisa da ordem de R$ 10 bilhões, para jogar um pouco de água fria na fervura, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele assim se alinha à avaliação do Banco Central, segundo a qual a expansão do emprego, do salário e do crédito começa a pôr o consumo para ferver.

Mas cabem ressalvas, já que Mantega tem dúvidas. Ele anunciou os cortes, sem indicar as rubricas orçamentárias sobre as quais vai incidir a economia, ao mesmo tempo em que mitigou a providência. Nós estamos avaliando se a demanda está acima do normal, disse. A economia está aquecida, não está superaquecida, a gente tem que observar, acrescentou. Tem gente falando que o PIB (Produto Interno Bruto) está crescendo 7,5%, 7%. Eu não acredito nisso.

Ficou confuso entender o que pretende, pois ainda considera se o consumo passou do ponto questão pacífica para o BC, tanto que a Selic já subiu de 8,75% para 9,50% e se prevê que vá a 11,5% ou 12%.

A dramaticidade do corte sugerida pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, levanta outros questionamentos sobre o que motiva tal medida num ano eleitoral: se a economia ou a política. Bernardo disse que o corte de gastos do governo vai doer, numa entrevista cheia de recados a setores do funcionalismo federal em greve por aumentos salariais.

Nenhuma categoria, segundo ele, teve reajuste salarial abaixo da inflação. Todos foram maiores. Os aumentos foram decididos no começo de 2008, com os reajustes escalonados até 2011. Hoje, Bernardo diz que, se a crise tivesse ocorrido três meses antes, não teria havido aumento nenhum.

Na verdade, após a quebra do Lehman Brothers, ele mesmo recomendou a Lula que os aumentos fossem cancelados ou adiados. Não foi ouvido. Hoje, boa parte das reivindicações do funcionalismo se destina a comprometer o governo com novos aumentos, já que, depois de Lula, o sucessor, seja qual for, poderá ser menos maleável que ele.

Foi o que o levou, aconselhado por Bernardo, a instruir ministros e dirigentes de órgãos públicos a não se comportar como dirigente sindical, apoiando os pleitos do funcionalismo. Deve ter avaliado que, em fim de governo e em ano de eleições, precisava de um gesto mais forte, especialmente como sinalização para o Congresso, onde a irresponsabilidade fiscal tem pautado as votações.
Generosidades de Lula
Com o pano de fundo de um presidente que tratou o funcionalismo com amor de mãe, ampliou o quadro de funcionários, alicerçou sua popularidade com aumentos reais do salário mínimo, captou na crise do crédito o sinal para o expansionismo dos bancos públicos e das estatais, o governo pisa em ovos a poucos meses de seu final.

Até se permitiu lançar uma nova estatal, a Telebrás repaginada, ao custo de R$ 13 bilhões até 2012. Não se discute a validade de tais atos, mas o que ele cobra dos aliados. Lula quer austeridade de sua base política no Congresso, e ela reage aprovando medidas que racham o já deficitário orçamento do INSS.

É neste contexto que surge o anúncio mais simbólico que real de corte de gastos.
Economia só de 4 dias
O aperto de R$ 10 bilhões não é grande coisa para gastos totais do governo federal este ano da ordem de R$ 950 bilhões, incluindo juros. Equivale a 1% do total, ou a quatro dias de gasto público. Na verdade, nem corte é, mas contingenciamento. O gasto vai ser adiado, de modo que passe do orçamento de 2010 para o de 2011. O problema será do próximo governo.

O efeito esperado pelo ministro Mantega sobre a demanda agregada é pífio, como o contingenciamento de R$ 21,8 bilhões, em março, do orçamento de 2010, que congelou a despesa prevista e a contratar, não a real e incompressível.
Lei proíbe os cortes
Não se vá dizer que o governo corta vento. Achar o que cortar num orçamento em que o grosso da despesa é mandamento constitucional e outra parte provém de uma percentagem fixa da receita, de modo que quanto maior a arrecadação tributária, maior será o gasto, é quase um trabalho de magia.

Só com Previdência e folha do funcionalismo o governo gasta dois terços do que arrecada com impostos. Com juro, saúde e educação, outros gastos obrigatórios por lei, o naco engessado do orçamento vai a 92%.

O presidente só pode manejar com sua caneta o restante, incluídos investimento e Bolsa Família, que pelo perfil já virou gasto obrigatório. O drama está aí: não há o que cortar, afora investimentos e migalhas tipo conta de luz e viagens. Por isso o BC é esse estranho no ninho.
Esquizofrenia avançada
O BC é mais ativo do que deve, conforme reclama o presidenciável José Serra, pela automaticidade do gasto orçamentário e por outra cosita: sem liberdade fiscal para operar, o governo tem se servido do crédito dos bancos federais para aquecer a economia que se quer esfriar.

Passou a usar também o recurso de o Tesouro se endividar para bancar investimento público e o crédito dos bancos federais. Ficou assim: o orçamento fiscal é sempre pró-cíclico, assim como o crédito em banco estatal.

Ao mesmo tempo, o governo quer que a inflação não passe de 4,5% ao ano. O BC aumenta a Selic e retém depósitos da banca para reduzir o crédito, enquanto o Tesouro se endivida para os bancos estatais aumentarem o capital e, portanto, poderem emprestar mais. Isso é esquizofrenia em estágio avançado.

GOSTOSA

VINICIUS TORRES FREIRE

Medo de contágio pode explicar medida
Vinicius Torres Freire
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/05/10

O governo toma vacina

Corte de gasto parece mais tentativa de desfazer impressão de que país vive bolha e de que tem "vício grego"

É TÃO inusitado o corte de despesas que o governo Lula anunciou que a história ainda dá o que pensar. É inegável que a medida é também sensata, sob vários aspectos. Logo, qual o problema? Entender claramente o motivo da medida.
Os ministérios da Fazenda e do Planejamento dizem que o objetivo é evitar o superaquecimento da economia, o decorrente aumento da inflação e, assim, altas maiores de juros da parte do Banco Central.
Há estimativas, como a dos economistas do Itaú Unibanco, de que a economia tenha crescido ao ritmo anualizado de 12% no primeiro trimestre de 2010 (ou 8,5%, segundo o governo).
Mas quando o governo "descobriu" que o excesso de gastos públicos provocaria outros exageros na economia? A reviravolta do governo parece estranha pelo seguinte:
1) Pelo menos desde 2005, praticamente não houve coordenação entre política monetária (juros) e fiscal (gastos e impostos). Isto é, enquanto o governo gastava, estimulando a demanda, ou baixava juros do BNDES, o BC agia para conter o crédito, elevando juros ou os mantendo na Lua. Um desperdício de energia e de dinheiro, muito dinheiro. O que mudou agora?
2) O governo promoveu aumentos permanentes de gastos durante 2009 inteiro e ainda no começo deste ano. Quando caiu a ficha do excesso de gastos?
3) Até março, e ainda depois disso, com menos ênfase, o Ministério da Fazenda dizia que a inflação era "transitória", devida a um ou outro choque de preços passageiro;
4) O corte anunciado não parece suficiente nem ao menos para o cumprimento da meta de superavit primário deste ano, de 3,3% do PIB (isto é, o quanto o governo vai poupar, descontada a despesa com juros). Vai haver mais cortes? O governo vai divulgá-los a conta-gotas?
5) A contenção de gastos vai ter escasso efeito, se algum, sobre a inflação e sobre a alta de juros deste ano.
A reviravolta da Fazenda e do Planejamento é, pois, algo esquisita. O que houve de novo de dois, três meses para cá? Isto é, que motivo novo influencia a mudança de rumo?
Evidentemente, e isso é reconhecido pela própria Fazenda, agora, a economia está crescendo acima das expectativas de todo mundo, do mercado a Brasília.
Em segundo lugar, os resultados fiscais (superavit) do governo federal foram fracos no início do ano. Para piorar, o Congresso se sente à vontade para estourar a boca do cofre. Estava mais do que na cara que o governo teria (terá?) de fazer mágicas e milagres contábeis para fechar as contas na meta (meta para inglês ver, caso se considerem como poupança os investimentos do PAC).
Terceiro, houve o tumulto greco-europeu. A sangria da crise da dívida da União Europeia está remediada com um esparadrapo de quase US$ 1 trilhão, mas não acabou. Ainda há vítimas potenciais na fila da insolvência. Países com contas mais em ordem podem conseguir, no mínimo, uma vacina contra epidemias financeiras.
Talvez o susto maior tenha vindo daí, do medo de contágio: de passar a impressão de que havia uma bolha de crescimento e de que as contas fiscais se encaminhassem para o vinagre.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Preço de commodities deve cair abaixo da cotação de dezembro 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 14/05/2010

Os preços internacionais das commodities devem fechar este ano abaixo das cotações de dezembro de 2009.

De acordo com projeções da RC Consultores, o índice Reuters/Jefferies CRB (Commodity Research Bureau), que reúne uma cesta com 19 commodities, irá apresentar queda de 5% em dezembro deste ano, na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Entre as commodities que fazem parte do índice estão petróleo, alumínio, cobre, níquel, ouro, soja, açúcar, trigo e café.

Os principais motivos para a retração das cotações são a entrada da Europa em terreno recessivo, a contenção do crescimento chinês, a inibição da recuperação econômica norte-americana e um esfriamento do comércio internacional, de acordo com a consultoria.

O aperto monetário chinês no início deste ano e a valorização do dólar no mundo todo já vinham enfraquecendo os preços internacionais das commodities, segundo Fábio Silveira, sócio da RC Consultores.

Grande exportador de matérias-primas, o Brasil vai sentir o reflexo da queda de preços no superavit da balança comercial.

"Com a Europa, que representa cerca de 20% do PIB mundial, entrando em recessão, as vendas externas irão recuar", diz Silveira.

A RC ajustou o saldo da balança de US$ 12 bilhões para US$ 8 bilhões. "Tanto as commodities agrícolas como as não agrícolas irão sofrer pressão baixista nos próximos meses."
Pé no Acelerador
O banco GMAC, o braço financeiro da General Motors, fecha neste mês um acordo com a Volvo para financiar as concessionárias de automóveis da rede. É a primeira vez que o banco financia outra montadora no Brasil -nos EUA, a instituição já tem essa parceria com a Chrysler. "A estratégia é uma forma de diversificar o negócio", afirma Michael Kimmel, presidente do GMAC no Brasil. Diferentemente do que ocorreu nos Estados Unidos no ano passado, o banco não pretende mudar de nome no Brasil no curto prazo. "Lá a marca Ally Bank já era conhecida. No futuro, quando a marca crescer e se fortalecer, poderemos pensar." O mercado de financiamento de carros irá desaquecer nos próximos meses, por conta do aperto monetário promovido pelo Banco Central, de acordo com Kimmel. Para ele, no entanto, o terceiro e o quarto trimestres devem apresentar recuperação. Kimmel prevê incremento de 30% a 40% no faturamento do banco neste ano, puxado basicamente pelo crescimento do portfólio.
Blindagem em Queda
O setor de blindagem de carros não cresceu em 2009. No ano passado, foram blindados 6.926 veículos, 56 a menos que em 2008, segundo pesquisa da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem). No fim de 2009, a frota estimada no país era de mais de 92 mil blindados. "O medo da violência continua. No primeiro semestre de 2009, quando o país ainda enfrentava resquícios de crise, houve queda na produção da blindagem. No segundo semestre, as pessoas voltaram a procurar a proteção", diz Christian Conde, presidente da Abrablin. Nos primeiros seis meses do ano, foram blindados 3.147 veículos. Nos seis meses finais, a produção subiu para 3.779 carros. São Paulo é o Estado que mais blinda automóveis.
Altar...
Aumenta no mundo o número de casamentos realizados em cruzeiros marítimos, de acordo com pesquisa da Clia (Cruise Lines International Association), entidade do segmento de turismo marítimo. Nos últimos dois anos, 60% das agências de viagens que trabalham com cruzeiros registraram crescimento médio de 20% nas vendas da modalidade.
...no Mar
Os roteiros preferidos do casais são uma semana no Caribe ou Bahamas, segundo 80% dos agentes de viagens. Mas também há rotas para Alasca e Mediterrâneo.
"Made In Brazil"
As construtoras brasileiras têm exportado cada vez mais serviços para os países árabes. Existem contratos de empresas brasileiras, como Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, da ordem de US$ 2,5 bilhões, em obras de infraestrutura já em execução, segundo Salim Schahin, presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
Esqui
Após o terremoto do Chile, o Valle Nevado, maior estação de esqui do país, se prepara para a temporada de inverno 2010. Até 2017, serão investidos US$ 100 milhões em melhorias e novos produtos na estação, em reformas de hotéis, pistas e outros -US$ 30 milhões serão aplicados entre 2010 e 2011. O mercado brasileiro em 2009 enviou cerca de 25 mil visitantes ao complexo.
Energético
O Mattos Filho Advogados contratou nos Estados Unidos um novo sócio para comandar a sua área de óleo e gás, segmento que está com os negócios em plena ebulição. Giovani Loss trabalhava para o escritório Fulbright & Jaworski L.L.P, de Houston, nas áreas de assuntos corporativos, financeiros e regulatórios relativos ao setor.
Substituição
A empresa de rastreamento de veículos Tracker do Brasil tem novo presidente. Francisco Barnier substitui Fredy Zuleta.
Pipoca e Imóveis
A Circuito Digital, especializada em publicidade em cinemas, fechou parceria com a Vídeo Imóvel, do mercado imobiliário, para divulgar oportunidades de compra e venda de imóveis nas telas de cinemas. As veiculações começam no Kinoplex Itaim, na zona sul de São Paulo, para divulgar os lançamentos do bairro. Para os próximos anúncios, há planos de direcionar a divulgação para Distrito Federal, Rio de Janeiro e São José dos Campos (SP).
Societário
O seminário "Novos Desafios do Direito Societário", que ocorrerá no dia 20, debaterá temas como o poder de controle em fundos de investimento, controle gerencial no Brasil, transferência de controle em companhias sem controle majoritário e intervenção da CVM no poder de controle das companhias abertas. O evento é gratuito e organizado pelo Insper em parceria com o IDSA (Instituto de Direito Societário Aplicado) e o Iasp (Instituto dos Advogados de SP).

A TERRORISTA MENTIROSA


MIRIAN BACCHI e ALEXANDRE MENDONÇA DE BARROS

Exemplo para o agronegócio nacional
MIRIAN BACCHI e ALEXANDRE MENDONÇA DE BARROS
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/05/10

O Consecana, sistema de precificação na cadeia produtiva da cana-de-açúcar, é o modelo mais bem-sucedido dos últimos anos


A ECONOMIA agrícola nos ensina que os processos de produção e comercialização de produtos agropecuários têm características únicas para cada produto, como período da colheita, perecibilidade, armazenagem e volume de safra.
Esses atributos determinam o processo de formação de preços, gerando complexas relações entre a agricultura e a indústria de processamento e distribuição.
Por conta dessa complexidade, um conjunto amplo de políticas agrícolas e de organizações de mercado se desenvolveu em diferentes países, estabelecendo modelos distintos de formação de preços.
No Brasil, o modelo mais bem-sucedido dos últimos 12 anos é o sistema de precificação na cadeia produtiva da cana-de-açúcar, o Consecana.
As especificidades do processo produtivo do açúcar, do etanol e da própria cana produto volumoso, com elevado custo de frete relativo ao preço (o que inviabiliza o transporte por longas distâncias) e que precisa ser processado logo após a colheita, causam uma dependência bilateral entre os fornecedores e as usinas.
Isso torna essencial a existência de parcerias entre os segmentos agrícola e industrial.
Durante décadas, o setor sucroenergético viveu sob forte intervenção estatal, o que afetava todo o processo.
A política agrícola para o setor, vigente até o final dos anos 90, determinava cotas de produção por usina e estabelecia os preços da cana, do etanol e do açúcar, o que impedia o pleno desenvolvimento de uma economia de mercado no setor.
Com o desmonte do aparato governamental e a necessidade de uma nova forma de remunerar a matéria-prima, surgiu em 1998 o Consecana, Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo. Formado por representantes das indústrias de açúcar e etanol e dos plantadores de cana, o Consecana define regras e zela pelo bom relacionamento entre as partes.
A divisão de riscos caracteriza o contrato de formação de preços do Consecana, um processo que serve como referência para a livre negociação entre fornecedores e indústrias.
O conceito básico é o de que a receita deve ser repartida de maneira equânime entre os setores agrícola e industrial, com base nos custos de produção. Estabelecida a participação dos mesmos no custo final, reparte-se a receita da venda de etanol e açúcar proporcionalmente à repartição dos custos.
É possível calcular periodicamente o resultado da atividade, na medida em que os preços do etanol e do açúcar são determinados pelo mercado e apurados de forma transparente pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, na cidade de Piracicaba.
Qualquer alteração no modelo é avaliada por uma câmara técnica e aprovada pela diretoria do Consecana, ambas compostas por um número igual de representantes dos fornecedores e das usinas, o que impede decisões unilaterais.
Quando necessário, empresas de consultoria arbitram as decisões e acrescentam uma garantia a mais de imparcialidade. Foi o que ocorreu na última revisão do modelo Consecana, em 2005, quando a Fundação Getulio Vargas arbitrou a revisão dos métodos de partição de custos.
Após a adoção do sistema por São Paulo, outros Estados aderiram ao modelo, alguns com sistemas próprios e outros apoiados em informações de Estados próximos.
Com o tempo, o Consecana passou a ser exemplo internacional de determinação de preços em livre mercado, preservando rentabilidade e diluindo riscos de ambos os lados do sistema.
De adesão voluntária, a abrangência e o desempenho do Consecana comprovam o sucesso da parceria entre usinas e fornecedores.
Os evidentes ganhos mútuos gerados para os dois principais elos da cadeia produtiva da cana tornam eventuais pendências entre as partes casos pontuais, de pouca representatividade, em geral resolvidos no âmbito das entidades de representação de classe.
Não existe hoje outra cadeia do agronegócio brasileiro cujas relações comerciais entre agentes pertencentes aos seus diferentes elos sejam tão bem estruturadas.
O modelo é considerado um sucesso quanto à transparência nas transações comerciais e à equiparação dos participantes, garantindo inclusive representatividade equilibrada para agentes de diferentes portes.
MIRIAN BACCHI é professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP e pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
ALEXANDRE MENDONÇA DE BARROS é sócio-diretor da consultoria MB Agro e professor da Fundação Getulio Vargas.

MERVAL PEREIRA

Reivindicando valores 
Merval Pereira 

O Globo - 14/05/2010

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, será hoje o primeiro dos presidenciáveis a receber o tradicional documento da Associação Comercial do Rio de Janeiro contendo as reivindicações dos empresários do estado. Ao contrário, porém, dos documentos empresariais desse tipo, que tendem a ser uma lista dos projetos ou reivindicações tópicas, o presidente da Associação Comercial, José Luiz Alquéres, quis que esse começasse por defender “o tipo de sociedade em que a gente quer viver”, e por isso destaca cinco “valores fundamentais” que seriam a base de um programa de governo.

LIBERDADE — de expressão, de credo e de iniciativa em toda a sua amplitude, base para a formação de uma estrutura social baseada na plena realização das potencialidades individuais; SOLIDARIEDADE — no empenho em reduzir todas as formas de desigualdade; JUSTIÇA — efetiva, rápida na proteção dos direitos fundamentais das pessoas e da sua liberdade; SUSTENTABILIDADE — integrada nos aspectos econômicos, sociais e ambientais e expressa em compromissos e ações no âmbito nacional e internacional; FELICIDADE E ÉTICA — que vem da confiança no futuro, na forma e na essência das ações que efetuamos no presente para dar significado à nossa vida.

Para Alquéres, “alguns aspectos” no momento causam certa preocupação, como a questão da liberdade e o que é que se sacrifica em nome dela.

Na concepção do documento, a liberdade deve ser temperada pela solidariedade, “uma maneira de corrigir as consequências da liberdade absoluta, um sentimento social que hoje predomina na sociedade capitalista”.

Essa ideia seria complementada pela ação da Justiça, e o documento apresenta um componente novo que é a questão da sustentabilidade.

Nenhum projeto de Nação até o momento colocou a questão da sustentabilidade, o respeito à natureza, como um dado a ser levado em conta, ressalta Alquéres, que lembra que na Associação Comercial há uma visão “que concilia desenvolvimento com sustentabilidade, uma maneira nova de tratar todos esses projetos”.

Outra novidade do documento é destacar a felicidade como um dos valores fundamentais para a formação de uma sociedade.

José Luiz Alquéres cita a experiência de Maurício de Nassau, quando teve que atrair holandeses para serem fazendeiros na América, “não podia acenar com mais riqueza, e acenou com a felicidade”.

Esse caráter de tolerância da sociedade brasileira foi perdido nos últimos tempos, segundo o presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, e precisa ser retomado.

O conceito que baseou o documento é o entendimento de que só serão alcançados os objetivos se forem fruto da interação do cidadãos, da sociedade civil que eles formam, do mercado e do Estado, “acabando um pouco com essa discussão de mais Estado e menos mercado”.

Entre os campos escolhidos, além dos tradicionais setores econômico e social e as políticas nacional e internacional, logo o primeiro é o da gestão pública, onde Alquéres e os membros da Associação Comercial do Rio veem “um desperdício brutal”.

Uma das sugestões é que a máquina pública seja redesenhada para a eficiência e com toda a sua atuação disciplinada por objetivos e metas quantitativas a serem cumpridas em prazos definidos, com indicadores de desempenho que permitam aferir a evolução e adequar a execução, considerando a racionalização da organização hoje pulverizada em grande número de ministérios.

A remuneração deveria ser relacionada ao desempenho, e as carreiras públicas desenhadas pelo mérito do servidor e não nas indicações políticas.

Um destaque é dado ao for talecimento “legal e operacional” das agências reguladoras, “com regras estáveis e transparentes para indicação de seus dirigentes”.

Outro tema destacado é o da política regional, separado propositalmente da política nacional. “O tema da vida urbana é fundamental”, destaca Alquéres, que entre as reivindicações incluiu o projeto da “megalópole brasileira”, que uniria Rio de Janeiro, São Paulo e partes de Minas Gerais.

Alquéres entende como fundamental para o país “o reconhecimento do fenômeno urbano brasileiro e da necessidade de atuar no seu contexto por via de novas institucionalidades”.

Entre elas, as áreas metropolitanas e os consórcios municipais, “que devem receber do governo federal as formulações políticas de interesse supra local (transporte urbano de massa, abastecimento de água, saneamento, circulação viária, infraestrutura logística etc)”.

Como não poderia deixar de ser, o documento da Associação Comercial do Rio de Janeiro tem uma parte dedicada às reivindicações específicas do Estado, tais como: — Apoio ao bem-sucedido programa de fortalecimento da de segurança pública, via a expansão das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e eliminação total do controle do crime organizado sobre comunidades e territórios; — Apoio às posições públicas do estado em defesa dos seus direitos na questão dos royalties do petróleo, das receitas do pré-sal, com ações diretas do Executivo federal e sua cooperação no relacionamento com o Congresso, reexaminando a questão do recolhimento do ICMS.

GOSTOSA

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Noivando 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 14/05/2010

Negociadores brasileiros, incluindo técnicos do Ministério do Desenvolvimento, voltaram do México trazendo grande avanço. Em negociações para incluir o país de Felipe Calderón no Mercosul.

Tudo que Serra mais quer.

Guerra neles

Erenice Guerra é a mais nova integrante do conselho de administração do BNDES. Ocupa a cadeira de João Paulo Reis Velloso.

Piada pronta

Bem que o Don Camaleone, em Vitória, achou que passaria desapercebido. Mas não deu. O restaurante Piola, de SP, entrou na Justiça pedindo R$ 300 mil por plágio de cardápio e de identidade visual. Dificultando a vida de Ricardo Weiser, dono do DC - o esforçado moço que gerenciou as franquias do Piola por nada menos que nove anos.

Seu advogado alegou sigilo para não dar detalhes da defesa.

Parente é serpente?

Entrou água na argamassa da construção da réplica da casa de Pelé, em Três Corações.

Ela só sai do papel depois que os vários parentes do Rei acertarem a venda do terreno para a prefeitura da cidade.

Pela orla

O movimento Ficha Limpa não jogou a toalha.

Faz passeata domingo pelas calçadas de Copacabana.

Way in

Há que tenha perdido o interesse em saber como Romeu Tuma Júnior sairá do governo e dessa situação dificultosa. No entanto, não abrem mão em desvendar por qual porta ele entrou no Ministério.

Com a palavra, Tarso Genro.

Resgate de Borges

Los Rivero, texto inédito de Jorge Luís Borges, está para sair esse ano na Argentina.

Escrito na década de 50, o material foi recuperado por Julio Ortega, da Brown University.

Cro-co-di-lo

De passagem pelo Brasil, Michel Lacoste deixa claro: detesta que chamem o crocodilo, marca tradicional da empresa, de jacaré. "O símbolo foi criado em homenagem a meu pai, René, que era rapidíssimo nas quadras de tênis."

Jacaré, gente, é...lerdo.


Longa, a jornada

O nó econômico na Comunidade Europeia não vai se resolver da noite para o dia. O maior impasse, segundo o ex-BC Armínio Fraga, é que ante um problema de natureza fiscal (os gastos públicos) e de competitividade (a CE reúne países com a mesma paridade monetária mas de produtividade diferentes), estão aplicando remédio monetário e de crédito.

O que faz os países fragilizados "implodirem" em lugar de "explodirem". Todos engessados pela regra do câmbio único e déficit fiscal tabelado.

Back to school

Hillary Clinton, quem diria, repetiu a sua acuidade ao julgar o caso Sean - menino que foi devolvido ao pai americano. Conseguiu elogiar, quarta, o sistema tributário... Brasileiro.

Para poucos

Walter Salles abriu exceção e mostrou, após o debate anteontem, o curta-metragem encomendado para comemorar os 60 anos do Festival de Cannes. As cenas de seu filho, Vicente, aos seis meses de vida vendo o Grande Ditador, de Chaplin, emocionaram a plateia. Por que não exibi-las mais vezes? "O filme é muito pessoal para rodar o mundo", justifica o cineasta.

Copa de bolso

A Vivo acaba de fechar contrato com a FIFA. Para oferecer, com exclusividade, conteúdos gerados durante os jogos da Copa.

Sem ressaca

A Skol colocará 150 mil falsas latas de cerveja misturadas em suas caixas durante a Copa. Quem for "premiado" encontrará, em vez da bebida, um animadíssimo grito de torcida.

Trio los três

Corinthians é Rei. Não exatamente no campo, mas no quesito recorde de longas. Com estreia prevista para setembro, sai mais um filme sobre o time: o Todo Poderoso, o Filme - 100 anos de Timão. Com direito a depoimento de Ronaldo Fenômeno.


Na frente

Alberto Goldman jura que só fuma no escritório de sua casa. No do Palácio dos Bandeirantes, ele se segura.

Hebe Camargo será a homenageada do Jockey Club. Domingo, durante o Grande Prêmio São Paulo.

A Cinemateca exibe, hoje, o filme Teorema. Seguido de debate com Ronis Magdaleno Júnior e Marta Úrsula Lambrecht. Parte da mostra Fábrica dos Sonhos: Cem Anos de Cinema e Psicanálise.

Carlinhos Brown comemora. A música Emoriô, que canta ao lado de Nayanna Holley, entrou no CD oficial da Copa do Mundo.

Gilberto Gil e Fernanda Abreu disseram sim. Integram o time de peso que vai inaugurar o Centro Cultural Waly Salomão, do AfroReggae. No dia 26, em Vigário Geral, no Rio de Janeiro.

Depois de várias etapas estaduais, vem aí o primeiro Encontro Nacional de... Swing. O "exótico" evento pretende juntar "sócios e frequentadores" das principais boates para casais do Brasil. Hoje, na 2A2, do Rio.

MÍRIAM LEITÃO

Gastança federal 
Miriam Leitão 

O Globo - 14/05/2010

O governo Lula deixará uma pesada herança fiscal para quem quer que seja que lhe suceda. O corte anunciado ontem é uma gota num oceano de gastança. A maior parte da queda do superávit primário foi para aumento de despesas de custeio, pessoal e Previdência. A dívida pública bruta cresceu fortemente e isso só não aparece na dívida líquida pelos truques contábeis.

Confira nos gráficos abaixo.

Em outubro de 2008, o governo destinava para superávit primário 16% da Receita Corrente Líquida. Hoje, ele destina apenas 6%.

Receita Corrente líquida é o que fica nos cofres federais, depois dos repasses para estados e municípios. Pelos cálculos do economista político Alexandre Marinis, sócio da consultoria Mosaico, essa queda do superávit primário não significou um aumento de investimento.

Antes da crise, o governo investia 5% da sua receita, agora, destina 6%. O aumento foi de apenas um ponto percentual. Mas as despesas de pessoal, Previdência, custeio e outras despesas obrigatórias, que já engoliam 79%, foram para 88%.

— Do ponto de vista da sustentação do crescimento econômico no futuro, é difícil imaginar uso mais ineficiente dos recursos públicos — diz Marinis.

A Tendências consultoria calcula que as despesas do governo cresceram em média 7,7% ao ano nos últimos 10 anos enquanto o PIB cresceu bem menos, 3,3%. Se esse aumento fosse concentrado nos investimentos, o gasto seria saudável.

O problema é que ele se concentra em salários para funcionários públicos, reajustes no INSS e nas despesas correntes, que são gastos para o próprio funcionamento do governo.

Para se ter uma ideia da diferença de valores, nos 12 meses terminados em março, o governo e o Banco Central gastaram R$ 597,1 bilhões. Desse total, R$ 154,4 bilhões foram para pagamento de pessoal; R$ 232,8 bilhões, para benefícios previdenciários; e apenas R$ 39 bilhões, para investimentos.

O único ano em que houve um ajuste fiscal foi 2003.

Depois, o governo aumentou fortemente o número de funcionários; não regulamentou a única reforma que fez; a da Previdência Pública; e tem usado truques contábeis para esconder o aumento do endividamento.

Note, por exemplo, num dos gráficos, o aumento dos créditos repassados ao BNDES.

Esse é um dos truques. O governo alega que empresta ao banco, mas na verdade está aumentando o capital do banco de fomento, que concede empréstimos subsidiados muitas vezes para as próprias estatais.

— O Tesouro empresta para o BNDES com juros em torno de 5%, só que paga 9,5% de juros, que é a taxa Selic, para rolar a própria dívida. Ou seja, o Tesouro está tomando prejuízo na operação — explicou Felipe Salto, da Tendências.

A declaração do ministro Guido Mantega de que será feito um corte de R$ 10 bilhões e o aviso do ministro Paulo Bernardo de que “vai doer” não impressionam.

Ao longo dos últimos anos o governo ampliou de forma extravagante seus gastos.

Essa é a herança que ficará para a próxima administração.

Marinis acha que se tivesse mantido constante, depois de 2003, as despesas de pessoal e custeio em relação ao PIB, o governo poderia ter aumentado em 45% os investimentos. Felipe Salto acha que o corte anunciado serve para apagar incêndio.

— O governo tem que fazer cortes pensando num horizonte mais longo. O que foi anunciado é mudança de curto prazo para apagar incêndio. Por não ter feito isso antes, teremos mais juros e crescimento menor do PIB a partir de 2011. Crescer um ano é fácil, mas a partir do ano que vem vamos entrar num ciclo de crescimento mais baixo — afirmou Salto.

O ABILOLADO E A MENTIROSA

PAINEL DA FOLHA

Com quem será?
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/05/10

O palanque mais agitado da hora é o do Paraná, onde Osmar Dias (PDT), depois de combinar com Lula uma candidatura ao governo apoiada pelo PT e com Serra a reeleição ao Senado na chapa do tucano Beto Richa, segue negociando simultaneamente com os dois lados. Ontem, tomou café da manhã com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, que saiu do encontro animado o bastante para postar no Twitter: "Enquanto há vida, há esperança". À tarde, Dias procurou tranquilizar o comando da campanha de Serra, dizendo que está tudo certo para a aliança com Richa.
Ele quer o governo, mas apenas se, além do PT, tiver o PMDB -conta que por ora não fecha. Petistas e tucanos estão pelos tampos com o indeciso senador.


O narrador. Integrantes do QG de Dilma Rousseff diziam ontem que o programa de televisão do PT deu a senha de como se dará a participação de Lula na campanha.
Carimbo. No programa petista, as duas únicas menções a Serra vieram literalmente coladas ao nome de FHC.
Ele e ela. Do deputado ACM Neto (DEM-BA), sobre a comparação, feita no programa, entre as trajetórias de Dilma e de Nelson Mandela: "Mandela escreveu seu nome na história do mundo. Dilma ainda não conseguiu escrever o dela nem na história do PT".
Cumpra-se. Em encontro com José e Roseana Sarney, Lula disse ter avisado ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, que o PT do Maranhão precisa recuar do apoio à candidatura de Flávio Dino (PC do B) ao governo, sob pena de Dilma Rousseff perder o PMDB no Estado.
Rebuliço... Fiel escudeiro do presidente do PMDB, Michel Temer (SP), o deputado Eduardo Cunha (RJ) protocolou ontem no TSE consulta questionando o tribunal se candidato, com ou sem mandato, pode fazer campanha nacional para candidato de outra coligação. Em outra, ele pergunta se o candidato de um partido pode participar de programa de outra coligação, e até se o presidente da República poderia fazer o mesmo.
...à vista. O objetivo é saber se a cúpula do PMDB tem ou não carta branca para enquadrar os Estados em que o partido pretende apoiar Serra, a despeito da aliança nacional com o PT. "A consulta tem nome e sobrenome", afirma Cunha. "Orestes", diz ele numa referência a Quércia (SP), e "Vasconcelos", em alusão ao pernambucano Jarbas.
A postos. Serra, Dilma e Marina Silva terão em breve novo encontro. A Confederação Nacional dos Municípios confirmou a presença dos três na marcha dos prefeitos, na próxima quarta-feira.
Vai... Para além da escassez de tempo e das dificuldades regimentais, são muitos os senadores -governistas e de oposição- que não querem nem ouvir falar em votar o mérito do projeto que exige "ficha limpa" dos candidatos.
...ou não vai? A esperança da ala pró-votação rápida é que ocorra no Senado movimento similar ao da Câmara: de início, os deputados contrários tudo fizeram para impedir a votação da "ficha limpa". Mas a pressão da opinião pública abortou as manobras, e o projeto acabou aprovado quase por unanimidade.
Toma lá... O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), deve relatar a MP do reajuste dos aposentados. Senadores aliados tentam obter aval do Planalto para referendar os 7,7% aprovados na Câmara- em vez de 7%, como deseja Lula. Em contrapartida, votariam para restabelecer o fator previdenciário.
...dá cá. No palácio já se ouve que "o que o Senado conseguir corrigir, ajuda". Se a MP não for votada até 1º de junho, perde a validade, e Lula poderá editar outra, restabelecendo os 7%. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), nega, mas lidera articulação nesse sentido.
Visita à Folha. Carlos Nuzman, presidente do comitê Rio 2016, visitou ontem a Folha. Estava com Leonardo Gryner, diretor de Marketing, Carina Almeida, Saint Clair Milesi e Cláudio Motta, assessores de imprensa.

com LETÍCIA SANDER e GABRIELA GUERREIRO
Tiroteio 
Acredito que o PT e o governo estão tratando o PMDB melhor do que têm sido tratados. 

Do governador JAQUES WAGNER, sobre o comportamento do PMDB, que costura aliança com Dilma no plano nacional, mas vai enfrentar o PT em vários Estados, entre eles a Bahia, onde ele disputará a reeleição.
Contraponto 
Todo dolorido Integrante do alto comando da campanha de Dilma Rousseff à Presidência e pré-candidato a mais de um cargo em Minas Gerais, o petista Fernando Pimentel encontrou recentemente um velho amigo que, em dúvida diante de seus múltiplos papeis, desabafou:
-Não sei como devo cumprimentá-lo: coordenador, governador, senador...
O ex-prefeito de BH brincou:
-Tanto faz, mas repare que essas palavras que você mencionou têm algo em comum: todas elas terminam com "dor"!