segunda-feira, maio 03, 2010

BRASIL S/A

Caça ao eleitor
Liana Verdini

CORREIO BRAZILIENSE - 03/05/10

Resultado da Previdência, com um rombo considerável, foi o que mais contribuiu para o buraco nas contas públicas do governo como um todo


Está aberta a temporada de caça ao eleitor desavisado. O que os políticos buscam é conquistar a simpatia dessa coisa esquisita que é o ser humano brasileiro, que muito reclama, pouco cobra e sempre quer levar vantagem em tudo, certo? O momento, portanto, é de abrir o saco de bondades e deixar que as pessoas aproveitem o ano eleitoral da melhor forma possível.

Vejam: foi aprovado na semana passada na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado um projeto de lei que permite ao empregador deduzir do Imposto de Renda da Pessoa Física toda despesa com plano de saúde pago para o trabalhador doméstico. Se nenhum parlamentar pedir votação em plenário, o projeto seguirá direto para apreciação da Câmara ainda este mês. A proposta é injusta? Não. Mas só avança em ano eleitoral, graças a um súbito senso de dever que toma conta dos políticos nesse período.

Outro projeto, também oriundo do Senado, mas já em análise na Câmara, é um que libera o saldo da conta individual do PIS-Pasep para o trabalhador desempregado há pelo menos três meses. Para o senador Paulo Paim (PT-RS), autor da proposta, é importante reforçar o orçamento do desempregado, já que o seguro-desemprego cobre no máximo cinco meses e o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), em muitos casos, é insuficiente para fazer frente às despesas familiares em caso de longos períodos de desemprego. Mais uma vez: injusto? Claro que não. E por que não veio antes? Ninguém pensou nos desempregados deste país?

Mexendo com a Previdência
Os exemplos são muitos, mas vamos a mais dois: há uma medida provisória em análise na Câmara para reajustar em 6,14% o valor das aposentadorias superiores a um salário mínimo. Os deputados querem aumentar o percentual de correção. As centrais sindicais, por exemplo, defendem um índice de 7,7%, que corresponderia à recomposição da inflação mais um ganho equivalente a 80% do aumento do Produto Interno Bruto (PIB). Já o relator da proposta e líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), quer propor a taxa de 7%.

E outra que mexe com a Previdência é uma emenda apresentada pelo líder Fernando Coruja (PPS-SC) à Medida Provisória 475/09, essa do reajuste dos aposentados explicada acima. A proposta põe um fim ao fator previdenciário, que reduz as aposentadorias do regime do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ao qual são vinculados trabalhadores do setor privado e servidores públicos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Depois de indeferida preliminarmente pelo presidente da Câmara, Michel Temer, alegando que o tema da emenda é diferente do da MP, o PPS aprovou um recurso em plenário para que todos os deputados analisem e votem a emenda.

Números não divulgados
Todas as propostas citadas acima não parecem injustas sob o ponto de vista social. A questão é que bolso e conta bancária têm limite. Tanto que na sexta-feira o Banco Central anunciou o pior resultado das contas públicas para os meses de março e para o primeiro trimestre desde 2001, quando a série histórica foi iniciada. E o governo corre, inclusive, o risco de não cumprir a meta de superavit primário prometida para 2010. Bem ruim, não? Mas o governo bem poderia cortar despesas para fazer esse carinho nos eleitores…

Enquanto isso não acontece, o governo está fazendo como o ex-ministro Rubens Ricúpero ensinou: “O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde”. Não se sabe se é por seguir esse conselho ou não, mas no mês passado o Ministério da Previdência não divulgou as informações do INSS, como usualmente fazia. Problema da agenda atribulada do novo ministro, Carlos Eduardo Gabas, que faz questão de divulgar ele próprio o tal resultado, ao lado do novo secretário de Políticas de Previdência Social, Fernando Rodrigues. Só não combinou com o Ministério da Fazenda, que, ignorando o desejo do colega, revelou na semana passada o tamanho do rombo nessas contas.

Deficit de R$ 6,7 bilhões
De acordo com os dados do Tesouro Nacional, o rombo da Previdência Social foi decisivo para o péssimo resultado fiscal, levando até a um resultado primário deficitário em março no valor de R$ 216 milhões. Só a Previdência teve um deficit de R$ 6,726 bilhões no mês em questão. É um resultado surpreendente, considerando que em fevereiro o INSS havia registrado um rombo de R$ 3,781 bilhões, praticamente igual ao de janeiro, de R$ 3,734 bilhões. Sem a entrevista, ficou-se sem as explicações para tamanha piora.

Para este ano, o deficit estimado pela Previdência é de R$ 54 bilhões. Esse buraco diz respeito somente à previdência dos trabalhadores da iniciativa privada, com benefício médio de R$ 714. Com relação aos servidores públicos a situação também não é confortável para o governo e o deficit não para de crescer. Segundo dados do Ministério do Planejamento, em 2009, o deficit nessa conta, coberto pelo Tesouro Nacional, foi de R$ 38,1 bilhões. Em 2001, foi de R$ 22,8 bilhões. Bom lembrar que o valor médio das aposentadorias dos servidores e militares é de R$ 5 mil.

O ABILOLADO E A MENTIROSA

ANCELMO GÓIS

Pré-Sal e o Golfo
ANCELMO GÓIS

O GLOBO - 03/05/10

Sexta agora, haverá no Rio uma reunião entre a ministra Izabella Teixeira (que ficou no lugar de Minc), a Petrobras, o Ibama e a Secretaria de Meio Ambiente.

A ideia é adotar medidas que evitem a ocorrência na costa do Rio e do Espírito Santo de acidentes como este no Golfo do México, cujo vazamento de petróleo ameaça se transformar em catástrofe econômica e ambiental.

Segue...

Embora o licenciamento ambiental seja federal, a secretária Marilene Ramos vai criar, no Estado do Rio, um grupo de trabalho com pesquisadores para acompanhar o acidente no Golfo do México e tirar lições.

Turismo estético

Desde 2007 até agora, 46 angolanas endinheiradas vieram ao Rio para se submeter a cirurgias plásticas numa clínica em Ipanema.

Lá vem o noivo

Terça, num jantar, Dilma Rousseff formaliza o convite para Michel Temer, ufa, ser candidato a vice.

No mais...

Para os infelizes usuários de aeroportos no Brasil, soa como uma piada de mau gosto saber que a Infraero desviou recursos para financiar o 1 ode Maio de sindicalistas pró-Dilma. Deve ser por isso que nem o Planalto e nem os sindicatos querem privatizar os aeroportos.

Faz sentido.

Djavan acelerou

Djavan, o grande compositor e cantor, foi ao Detran do Rio para renovar a sua carteira de habilitação.

Só que, quando o documento ficou pronto, o funcionário o pegou de volta. Estava suspenso por excesso de multas.

Nova petroleira

Dono de US$ 19 bilhões investidos em projetos de energia no mundo, o fundo First Reserve anuncia hoje que colocará US$ 500 milhões na noviça brasileira Barra Energia Petróleo e Gás.

A Barra atuará na exploração e produção de petróleo no Brasil e será comandada por João Carlos de Luca e Renato Bertani, ex-diretores da Petrobras, com larga experiência no setor

Rio@ 2013

O Rio de Janeiro continua na moda. A cidade foi escolhida no final de semana como sede da conferência WWW2013, um dos principais eventos no mundo na área de internet.

Passado e futuro

Saiu a terceira edição do livro “Brasil, entre o passado e o futuro”, organizado pelos professores Emir Sader e Marco Aurélio Garcia, pelas editoras Boitempo e Perseu Abramo.

ZONA FRANCA

> Mako lança quinta o CD “Algumas Cores”, na sala Baden Powell.

> Amanhã, Jerry Adriani faz show no Centro Cultural Light.

> A agência 11|21 é finalista do 35oAnuário do Clube de Criação.

> Antonio Fernando Borges dá o curso on-line “Em Busca da Prosa Perdida” (www.artedaescrita.com).

> O desembargador aposentado Silvio Teixeira festeja 74 anos hoje.

> Marcos Gomes, diretor da Rádio Nacional do Rio, populariza a emissora com programas ao vivo.

> A Casa Veneza lança a nova coleção Buddemeyer, em Ipanema.

> A presidente da Anac, Solange Paiva Vieira, participa de painel sobre investimentos em transportes no dia 11, no Copacabana Palace.

Ordem pública

Veja como é dura a vida de alguns gestores públicos. De posse de laudo da Defesa Civil que apontava perigo de desabamento, Rodrigo Bethlem mandou demolir umas casas na Rua Eurico Rabelo, no Maracanã, no Rio. Agora, moradores entraram com pedido na Defensoria Pública exigindo R$ 15 milhões de indenização do secretário da Ordem Pública.

Triste fim

O juiz Leonardo Borges, da 70ª Vara do Trabalho, no Rio, determinou a penhora de obras de arte, algumas do século XVIII, da Beneficência Portuguesa, num processo que trata de uma dívida trabalhista no valor de R$ 335 mil.

‘Piratas’ de Angra

“Piratas” estariam atacando no mar de Angra dos Reis, RJ. Desde a semana passada, duas lanchas afundaram e nenhum vestígio delas foi encontrado. Os afundamentos seriam propositais. Os “piratas” agiriam depois dos naufrágios, à noite, saqueando tudo.

CARLOS ALBERTO DI FRANCO

A crise do jornalismo
Carlos Alberto Di Franco 
O Estado de S.Paulo - 03/05/10

Recentemente, Juan Luis Cebrián, fundador e primeiro diretor do El País, foi entrevistado pela jornalista Laura Greenhalgh, editora executiva do jornal O Estado de S. Paulo. A entrevista, saborosa e inteligente, foi uma sincera reflexão sobre os avanços e recuos do nosso ofício. Cebrián viveu importante momento da história da imprensa espanhola. O El País, independentemente de certo alinhamento ideológico com o governo socialista, é um grande diário.

A crise que fustiga a nossa atividade é flagrada na radiografia do escritor. O que está em jogo é o próprio modo de fazer jornalismo. Cebrián intui a gravidade do momento. "A internet é um fenômeno de desintermediação", diz ele. "E que futuro aguarda os meios de comunicação, assim como os partidos políticos e os sindicatos, num mundo desintermediado?"

Só nos resta uma saída: produzir informação de alta qualidade técnica e ética. Ou fazemos jornalismo de verdade, fiel à verdade dos fatos, verdadeiramente fiscalizador dos poderes públicos e com excelência na prestação de serviço, ou seremos descartados por um leitorado cada vez mais fascinado pelo aparente autocontrole da informação na plataforma virtual. Um olhar, sincero e autocrítico, mostra alguns equívocos que aos poucos vão minando a credibilidade e comprometendo nossa capacidade de atrair e fidelizar leitores.

Algumas patologias, evidentes para quem tem olhos de ver, dominam alguns setores do jornalismo: engajamento ideológico, escassa especialização e preparo técnico, falta de apuração, reprodução acrítica de declarações não contrastadas com fontes independentes e, sobretudo, a fácil concessão ao jornalismo declaratório.

A recente enxurrada de matérias sobre abuso sexual na Igreja são um bom exemplo desses desvios. Setores da mídia definiram os abusos com uma expressão claramente equivocada: "pedofilia epidêmica". Poucos jornais fizeram o que deveriam ter feito: a análise objetiva do fatos. O exame sereno, tecnicamente responsável, mostraria, acima de qualquer possibilidade de dúvida, que o número de delitos ocorridos é muitíssimo menor entre padres católicos do que em qualquer outra comunidade. Em artigo recente, o conhecido sociólogo italiano Massimo Introvigne mostrou que, num período de várias décadas, apenas 100 sacerdotes foram denunciados e condenados na Itália, enquanto 6 mil professores de educação física sofriam condenação pelo mesmo delito. Na Alemanha, desde 1995, existiram 210 mil denúncias de abusos. Dessas 210 mil, 300 estavam ligadas ao clero, menos de 0,2%. Por que só nos ocupamos das 300 denúncias contra a Igreja? E as outras 209 mil denúncias? Trata-se, como já afirmei, de um escândalo seletivo.

Recentemente, repercutimos, sem qualquer análise crítica, declarações de um representante da Associação de Teólogos e Teólogas João XXIII, sediada na Espanha. Pedia-se, num gesto carregado de ridículo, a demissão de Bento XVI. Ninguém, no entanto, perguntou o óbvio: Quem são os teólogos que integram essa entidade? Trata-se de uma ONG com credibilidade pública comprovada? Um mínimo de apuração jornalística mostraria que se trata de uma entidade de dissidentes, sem qualquer expressão. A Igreja, com sua história bimilenar e precedentes de crises muito piores, é um mistério. Mas, obviamente, não é um assunto para ser tocado com amadorismo ou engajamento.

A má qualidade da cobertura da pedofilia na Igreja é, a meu ver, a ponta do iceberg de algo mais grave. Não existe crise da mídia impressa. Existe, sim, uma grave crise no modo de fazer jornalismo. Reproduzimos, frequentemente, o politicamente correto. Não apuramos. Não confrontamos informações de impacto com fontes independentes. Ficamos reféns de grupos que pretendem controlar a agenda pública. Mas o jornalismo de qualidade não pode ficar refém de ninguém: nem da Igreja, nem dos políticos, nem do movimento gay, nem dos ambientalistas, nem dos governos. Devemos, sim, ficar reféns da verdade.

Mas algo parecido ocorre com a cobertura de política. O jornalismo declaratório, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial, mas fracassa no seu papel de fiscalizador do poder. Um exemplo, entre outros, confirma o que estou dizendo. Gastamos páginas repercutindo o obstinado apoio de Lula à ditadura cubana, mesmo com o risco de comprometimento de sua biografia. E não vamos à fonte que esclarece definitivamente as razões da estratégia do presidente da República. É só contar ao leitor a história do Foro de São Paulo. Lá está tudo, inclusive a matriz inspiradora do Plano Nacional de Direito Humanos (PNDH-3).

Como lembrou alguém, estamos diante de um projeto de corte radical-socialista, que está sendo implantado na Venezuela, no Equador e na Bolívia e que tem em Cuba o seu ponto de referência. Trata-se de um projeto destinado a mudar profundamente a nossa sociedade.

Vida, família, educação, liberdade de imprensa, liberdade de consciência, de religião e de culto não podem ser definidos pelo poder do Estado ou de uma minoria. A fonte dos direitos humanos é a pessoa, e não o Estado e os poderes públicos. Sempre que o Estado ocupa o espaço do indivíduo, a primeira vítima é a liberdade. A segunda, são os direitos humanos. Basta olhar para o brutal autoritarismo da ditadura cubana. Precisamos ir às raízes verdadeiras dos assuntos que ocupam a agenda pública.

Há espaço, e muito, para o bom jornalismo. Basta cuidar do conteúdo e estabelecer metodologias e processos eficientes de controle de qualidade da informação. E redescobrir uma verdade constantemente reiterada pelo jornalista Ruy Mesquita: o bom jornalismo é "sempre artesanato".

PAINEL DA FOLHA

Cabe mais um?
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 03/05/10

Políticos do governo e da oposição aguardam ansiosos a resposta do TSE a três consultas sobre a possibilidade de incluir candidatos a senador numa chapa sem necessidade de coligação nacional entre os partidos que a integram. Na prática, trata-se de decidir se um candidato a governador pode "carregar" mais de dois candidatos ao Senado. Em busca de argumentação jurídica que sustente o voto dos ministros, técnicos do tribunal apelidaram sua obra de "emenda Rio". Nesse Estado, se a resposta do TSE for favorável, Sérgio Cabral (PMDB) -e por tabela Dilma Rousseff (PT)- poderá contar com a trinca Lindberg Farias (PT), Jorge Picciani (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB) -este último hoje sem lugar na chapa.


Puxadinho 1. No campo adversário, a brecha permitiria a Fernando Gabeira (PV), que terá um tucano como vice, compor a chapa para o Senado com Cesar Maia (DEM), um nome do PPS e mais a "verde" Aspásia Camargo.
Puxadinho 2. Os efeitos da eventual licença do TSE vão além do Rio. Em São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que já tem como candidatos ao Senado Orestes Quércia (PMDB) e um tucano a ser definido, finalmente encontraria um lugarzinho para acomodar Romeu Tuma (PTB).
Bufando. Lula não tem escondido dos auxiliares a irritação diante da corte do PSDB ao PP, dono de cerca de um minuto e meio de tempo de televisão. O ministro da sigla, Márcio Fortes (Cidades), faz o que pode para levar boas notícias ao presidente, mas sua ascendência sobre os correligionários é bastante limitada, em especial diante da especulação sobre a possível chapa José Serra-Francisco Dornelles.
Preto no branco. De um cardeal do PT, confiante no sucesso da operação para abortar a ida do seminanico PSC -e de quase um minuto de tempo de televisão- para o moinho de Serra: "O PSDB já apresentou a eles todos os seus argumentos. E muita gente não ficou convencida".
Tricô. Dois dias depois de aparecer de mãos dadas com Marisa Letícia no palanque do 1º de Maio em São Paulo, Dilma Rousseff se fará acompanhar da primeira-dama hoje em Uberaba, durante visita à Expozebu. A coordenação da campanha petista aposta na proximidade com a mulher do presidente para melhorar o desempenho da candidata com o eleitorado feminino, hoje expressivamente abaixo de sua média geral.
Menino da Vila. Em campanha para o governo, Aloizio Mercadante (PT) não perde oportunidade de frisar sua condição de santista, dizendo inclusive que ajudou a eleger o presidente do agora campeão paulista. Em tempo: Geraldo Alckmin, líder disparado nas pesquisas, também é torcedor, porém mais discreto, do time da Vila Belmiro.
Shopping. O presidente do PDT, Carlos Lupi tenta emplacar Eunice Cabral, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Vestuário e vereadora do município paulista de Piracaia, como vice de Mercadante. Entre as opções pedetistas, porém, o candidato prefere Manoel Antunes, ex-prefeito de São José do Rio Preto.
Equidistante. Candidata ao Senado por São Paulo, Marta Suplicy (PT) nega ter preferência por Netinho de Paula (PC do B) como companheiro de chapa -posto também cobiçado por Gabriel Chalita (PSB). "Me dou bem com os dois", diz a ex-prefeita. "Vamos ver o que é melhor para a aliança como um todo."
Só pensa naquilo. Até o PMDB do Senado se surpreende com o apetite de Fernando Collor (PTB) para nomear. "O que está vago ele quer", resume um colega. Presidente da comissão de Infraestrutura, Collor dispõe do conhecido instrumento do pedido de vista de projetos do interesse do governo.

com SILVIO NAVARRO e ANDREZA MATAIS
Tiroteio
Se ele quer votar, é melhor fazer acordo. Se for para o pau, não vota mais nada, como nunca antes na história deste país. 

Do senador ACM JR. (DEM-BA), em resposta ao líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), que anunciou a decisão de votar "de qualquer jeito" os quatro projetos do pré-sal. 
Contraponto 
Manual de sobrevivência Durante palestra de Marina Silva na quinta-feira passada em Curitiba, alguém perguntou como a candidata do PV à Presidência se desembaraça dos debochados entrevistadores dos programas humorísticos de televisão.
-Ah, eu tenho um manual para lidar com o "CQC" e com o "Pânico"- respondeu a senadora licenciada.
A plateia pediu detalhes, e Marina explicou:
-Para o "CQC", quando a pergunta é difícil eu digo: "Cê que sabe...". Para o "Pânico", eu tenho outra fórmula: "Você está me deixando em pânico!".
Diante do riso geral, Marina concluiu:
-Aí é possível que você consiga sobreviver...

JAPA GOSTOSA

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

Capitalismo dos amigos, prejuízo dos outros

Carlos Alberto Sardenberg 

O Estado de S.Paulo - 03/05/10

Segurança jurídica é assim: a empresa ou a pessoa faz um negócio e confia que o contrato será cumprido; as mercadorias, fabricadas e entregues; o serviço prestado, e o pagamento, feito. No caso de algum problema, recorre-se aos tribunais, cujos juízes saberão como determinar o cumprimento do contrato e as eventuais indenizações.
Mas as companhias brasileiras que não conseguem receber de seus clientes venezuelanos nem pensam em recorrer aos tribunais. Muito menos as empresas da Venezuela que não conseguem comprar os dólares para pagar os fornecedores brasileiros. Todos têm medo de provocar a ira e as represálias do presidente Hugo Chávez.
Qual a saída? No caso dos brasileiros, trata-se de conseguir uma interlocução com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mandar o recado: que ele faça o favor de levar uma conversinha particular com o companheiro Chávez para cobrar.
Já aconteceu uma vez, está acontecendo de novo. É capaz que funcione, mas isso dá bem uma ideia do regime econômico e político vigente na Venezuela. O capitalismo - pois ainda há propriedades privadas - é o dos compadres. A democracia é para os amigos.
O presidente Lula, porém, acha que não há nenhum problema grave com a Venezuela e Chávez. Dificuldades aqui e ali aparecem, mas onde não existem? É isso, Lula e seu pessoal não estranham esse capitalismo com os amigos nem acham errado que o governo interfira abertamente nos negócios das empresas privadas.
As instituições brasileiras são incomparavelmente melhores e mais sólidas. Um exemplo, que vem ao caso: na Venezuela, pessoas e empresas só podem comprar dólares no banco central, conforme cotações fixadas pelo governo.
Como há falta da moeda americana, mesmo com as exportações de petróleo para os Estados Unidos, forma-se uma fila no banco central, cuja ordem se faz por escolha do governo, por corrupção ou pelas duas coisas.
Já foi assim ou parecido no Brasil. Hoje, estamos longe disso, qualquer um compra os dólares que quiser no banco de sua preferência. Quer dizer, o mercado não é tão livre assim, mas é quase.
Além disso, ninguém morre de medo de levar o governo aos tribunais ou de discutir com a Receita Federal. Mas por isso mesmo, por serem as instituições e a economia brasileiras mais consistentes e sofisticadas, o capitalismo da turma também precisa mostrar, digamos, um nível mais elaborado.
Um bom exemplo está na montagem do consórcio que vai construir a Usina de Belo Monte. O governo brasileiro seleciona e/ou pressiona grandes companhias privadas para que entrem no negócio, escala empresas e fundos de pensão estatais para turbinar a operação e determina quanto os bancos públicos vão financiar.
E por que as grandes companhias privadas topam, mesmo sabendo, como declararam, que a Usina de Belo Monte sairá mais cara do que o estimado pelo governo e que, portanto, o preço licitado da energia não paga o empreendimento?
Por dois motivos: primeiro, porque não querem ficar de mal com um governo que acena com muitos outros negócios, como o trem-bala, por exemplo, estimado em cobiçados R$ 35 bilhões. E, segundo, porque acreditam que o governo vai dar um jeito de acertar preços e pagamentos mais à frente.
Esse tipo de regime econômico não é uma criação do lulismo. Pratica-se por boa parte do mundo, há muito tempo. Funciona?
Imaginemos que dará tudo certo, naquele esquema, com a construção de Belo Monte. Daqui a quatro anos, a usina está pronta, gerando energia ao preço baratinho fixado no leilão.
Quem terá ganho? As empreiteiras e as demais companhias privadas envolvidas, como as fornecedoras de equipamentos e serviços, recebendo o preço, digamos, correto. Também estarão ganhando os consumidores dessa energia barata, famílias, certamente, mas, sobretudo, grandes empresas. E o governo estará pagando boa parte dos custos, na forma de empréstimos subsidiados, isenção de impostos e atuações "baratas" de companhias e fundos estatais. Ou seja, toda a população estará pagando pela energia uma parte muito, mas muito menor.
E daí? Como responderiam Lula e seu pessoal, a obra terá gerado atividade econômica, renda, empregos, de modo que terá sido bom para o País. Pode até ser verdade num caso específico, mas as consequências serão desastrosas na ampliação do regime.
As hidrelétricas, as usinas nucleares, o trem-bala, o subsídio para a Petrobrás no pré-sal, as estradas com pedágios baratinhos, o subsídio para o BNDES financiar os negócios escolhidos, as obras que atrasam ou não vingam - vai somando tudo isso e... o Estado quebra debaixo de dívidas enormes.
Tudo isso é simplesmente gasto público, que se soma às despesas com pessoal, previdência, programas sociais, custeio, todas em alta forte, que têm de ser pagas de algum modo, com mais impostos, mais dívida ou mais inflação, ou uma mistura disso tudo.
Foi assim que terminou a política econômica do regime militar, que montou e tocou obras como o governo Lula está fazendo. Demora para quebrar, há fases de milagre do crescimento, mas, quando quebra, leva décadas para consertar. E a conta não vai para os amigos.

CLÁUDIO HUMBERTO


Filhas de cartolas comandam negócios da Copa

O Local Organising Comitee (LOC), escritório da Fifa no Brasil, responsável pela organização bilionária da Copa do Mundo de 2014, é dirigido por Joana Havelange, filha do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e neta de João Havelange, presidente de honra da entidade máxima do futebol. Outra Joana tem o que celebrar. É Joana Braga, filha de Márcio Braga, ex-presidente do Flamengo de Ricardo Teixeira.


Assim é demais

Joana Braga é dona da empresa DMais, contratada sem licitação para o esquema de "promoção internacional" da Copa do Mundo no Brasil.


Sem medo

Negócios na Copa de 2014 são acertados pelas Joanas dos cartolas, mas o tal LOC pode contratar sem licitação, até porque não é público.


Guerra à vista

A bancada federal do PMDB de Minas não engole a perda do comando da Conab para o presidente da Câmara, Michel Temer. Promete dar o troco trabalhando contra sua candidatura a vice de Dilma Rousseff.


Chave de cadeia

O TCU volta a julgar o Ministério do Esporte e o Comitê Organizador do Pan de 2007, hoje, sobre o superfaturamento de 1.6 nas obras.


'Assina pra eu'

A petição on-line para Lula não extraditar o terrorista Cesare Battisti teve 3 mil adesões em três meses. O projeto "ficha-limpa", 1,5 milhão.


Petrobras

A gigante Alusa reitera que não há problemas em suas relações com a Petrobras, assegurando que seus contratos "se encontram em regular execução". Mas, no dia 19, o grupo de avaliação de desempenho desses contratos na estatal (BAD) deu nota abaixo de 5 à empresa, o que abre caminho até para suspendê-lo. A estatal registrou a negociação em ata, mas reduziu a suspensão de 240 meses para 200 dias.


Sem comentários

A Petrobras não nega problemas com fornecedores como a Alusa. Informa apenas que " não comenta questões contratuais".


Compensação

Nas negociações para levar Ciro Gomes ao palanque de Dilma, o PT pre tende acalmar a fera oferecendo-lhe o comando do banco BNB.


Contas

O ricaço Francisco Simeão (BS Colway), que quase fez do Brasil lixão de pneus usados, será suplente de Roberto Requião (PR) para senador


Ah, a vaidade

Se aplaude a frase de Machado de Assis, para quem "a vaidade é um princípio de corrupção", o novo presidente do Conselho Nacional de Justiça, ministro Cezar Peluso, vai rejeitar a pretensão de conselheiros que agora querem ser chamados de "ministros do CNJ".


Lula-Tur

Nenhum dos ministros empossados há um mês ousou fazer qualquer viagem ao exterior. Seguem determinações de Lula. Em compensação, ministros mais antigos, como o do Turismo, não se fartam de viajar.


Pré-sal no sal

Se o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) for o vice de José Serra, e este ganhar a eleição, deve ser dado adeus ao modelo de partilha do pré-sal. O senador é o maior defensor do regime antigo de concessões.


Se davam bem

José Sarney diz que não privava da intimidade de José Roberto Arruda, até porque seu aliado no DF, Joaquim Roriz, é inimigo do ex-governador. Mas no Google há registros dessa relação em fotos.


FRASE DO DIA


"Essa proposta tem em sua motivação o vírus da intimidação"

Geraldo Mesquita (PMDB), sobre a proposta de lei que 'amordaça' o Ministério Público

PODER SEM PUDOR

Problemito técnico
Certa vez, o trade de turismo convidou o ex-governador Carlos Wilson para liderar uma missão empresarial a Argentina divulgando Pernambuco. "Cali" se benzia três vezes e rezava muito antes de uma decolagem, mas aceitou. Na saída de São Paulo, a coisa complicou: o avião da Aerolineas Argentinas quebrou três vezes, até o comandante desabafar ao microfone:
- Decidimiente, hoy no es nuestro dia de suerte. Estamos volvendo a San Pablo por más um problemito técnico...
Wilson desceu do avião e desistiu da missão.

O ABILOLADO E A MENTIROSA

SEGUNDA NOS JORNAIS

Globo: Grécia recebe da Europa e do FMI a maior ajuda da história

Folha: Ataque frustrado põe os EUA em alerta

Estadão: Polícia de NY frustra atentado a bomba na Times Square

JB: Nova York: O terror volta a atacar

Correio: PF ajudará a coibir abusos de candidatos na internet

Valor: Deficiências estruturais ainda ameaçam expansão

Estado de Minas: 40 vezes Galo