quarta-feira, abril 28, 2010

SERRA PRESIDENTE

JOSÉ SIMÃO

Fla e Timão! O clássico da balada
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/04/10

Sabe por que o ministro se chama Temporão? Porque só aparece de tempos em tempos!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
"Ministro da Saúde recomenda sexo contra hipertensão." Aí não é mais hipertensão, é HIPERTESÃO! E o ministro arruma mulher? Rarará! Não adianta só recomendar. De repente o cara é hipertenso, mas não arruma mulher!
E o Blogdobonitão revela o alerta do ministro: "Mas com a mulher dos outros o SUS não cobre!". Então não tem graça. Prefiro continuar hipertenso. E sabe por que o ministro da Saúde se chama Temporão? Porque só aparece de tempos em tempos! E hipertenso é o cara que paga imposto. IPI, IPVA, IPTU e IPERTENSO! Rarará! E a Padrefolia!? Papa aceita renúncia do bispo irlandês. E sabe o que o bispo irlandês pedófilo falou para o papa? "DÁ PRA DEVOLVER O MEU DVD?" Rarará!
E mais uma da minha morenanta predileta, Lucianta Gimenez: "Tem gente que é que nem Maomé, tem que ver pra crer". Maomé, são Tomé, tudo termina em "é" mesmo. BÉÉÉ! E Flamengo X Corinthians? Ronaldo, Roberto Carlos, Vagner Love, Adriano. Se sair gol, não vai ter dancinha, vai ter BALADA! O clássico da balada! Ronaldo e Adriano vão lutar sumô. O clássico do sumô! E o Kaká é tão fino que tem lesão no púbis.
O Romário tem lesão na virilha, o Ronaldinho tem lesão no saco, o outro tem lesão na panturrilha. Mas o Kaká, como é fino, tem lesão no púbis! E um amigo meu foi assistir a Santos e Santo André numa birosca em Vila Margarida, em Santos. E olha a pichação na parede do banheiro da birosca. "Proibido cagar e cheirar.
Sujeito a MURRO E PONTAPÉ." O brasileiro é cordial. Assim como o Ciro. Ops, o TIRO GOMES! Rarará! E a Susan Boyle vai cantar para o papa! Se eu encontrasse com a Susan Boyle, eu diria: "Sou da paz! Leve-me ao seu líder".
Ela não é uma mulher, é uma IPP. Indivídua Portadora de Perereca! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse o outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece. Antitucanês Reloaded, a Missão.
Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanes. É que em Manaus tem um campo de futebol chamado Arranca Dedo! Ueba! Inclui na Copa 2014! Mais direto, impossível. Viva o Brasil! Viva o antitucanês!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro meu óbvio lulante. "Corneta": associação dos cornos que vão pra Copa. Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

GOSTOSA

ELIO GASPARI

Lula e o risco do pitoresco ao ridículo 
Elio Gaspari 

O Globo - 28/04/2010

O Nosso Guia precisa pisar no freio de seu desembaraço internacional. Quem viu algumas das expressões de perplexidade no plenário da reunião com chefes de Estado caribenhos, em Brasília, quando anunciou que "depois da Presidência, vou continuar fazendo política" teve uma ideia do efeito que a ligeireza verbal do Grande Mestre provoca em reuniões internacionais. Noves fora a platitude, o que desconcertou parte da audiência foi a utilização de uma reunião desse tipo para um improviso de palanque municipal.

Na política internacional sempre há lugar para personagens improváveis. Alguns, como o Mahatma Gandhi (um "faquir seminu", segundo Winston Churchill) ou Nelson Mandela, um prisioneiro sem rosto nem voz durante 27 anos, tornam-se figuras da história. Outros, como o jovem capitão Muammar Gaddafi, que destronou o rei senil da Líbia em 1969 e, quase septuagenário, ficou parecido com Cauby Peixoto, nas palavras de Lula.

A distância do improvável ao pitoresco é pequena e quase sempre benigna. Do pitoresco ao ridículo é imperceptível, porém maligna. O operário pobre que chega à Presidência de um país de 190 milhões de habitantes é uma história de sucesso em qualquer lugar do mundo. Não se pode dizer o mesmo do monoglota que tem o seu nome oferecido para a Secretaria-Geral da ONU, ou do latino-americano que sai pelo Oriente Médio oferecendo uma mediação desconexa, "risivelmente ingênua", na opinião pouco protocolar atribuída à secretária de Estado Hillary Clinton.

No auge da crise financeira de 2008, Lula sugeriu que partisse da ONU "a convocação para uma resposta vigorosa às ameaças", com uma reunião dos presidentes dos Bancos Centrais e ministros da Fazenda dos 192 países-membros da organização. Do presidente do Federal Reserve Bank americano ao ministro das Finanças do reino de Tonga, Otenifi Matoto.

Pode-se entender que o Brasil tenha negócios com a Venezuela e que Nosso Guia e seu comissariado tenham afeto nostálgico por Fidel Castro. Daí a abrir uma embaixada no campo de concentração do "Querido Líder" norte-coreano ou a receber em Brasília o cleptocrata uzbeque Islam Karimov, cuja polícia ferveu dissidentes, vai grande distância.

Toda política externa tem algo de teatral, mas o embaixador Marcos Azambuja ensina, há décadas, que "os diplomatas são produtores de blá-blá-blá, mas não são consumidores". A maior negociação diplomática ocorrida nos quase oito anos de diplomacia-companheira foi a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio. O chanceler Celso Amorim trabalhou pelo seu êxito, deu um drible de última hora na Índia e na China, caiu numa armadilha da delegação americana e amargou um fracasso.

Quando uma diplomacia acredita no próprio teatro, deixa de ser associada a uma política externa e é vista como uma companhia de espetáculos. Sobretudo quando essa diplomacia gira em torno de um personagem-ator. Ainda falta algum chão para que Nosso Guia ganhe um retrato na galeria dos governantes pitorescos, como Silvio Berlusconi ou Boris Yeltsin de seus últimos anos, mas o caminho em que entrou pode levá-lo até lá.

Serviço: nas próximas quatro quartas-feiras o signatário usufruirá o abuso adquirido (expressão tucana) das férias.

CELSO MING

O rombo pesa 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 28/04/2010

Faz seis meses que a encrenca grega atormenta os mercados e as autoridades do mundo inteiro. Cúpula após cúpula, comissão após comissão, os dirigentes europeus produzem notas oficiais em que manifestam intenções, mas não conseguem acabar com o problema.


Ontem, foi um desses dias de turbulência e de impaciência cujo deflagrador foi o rebaixamento da qualidade das dívidas de Portugal e Grécia. As bolsas europeias despencaram, o euro perdeu 1,5% do seu valor em dólares (veja o Confira) e, a despeito dos pronunciamentos em contrário, mais e mais gente passou a temer pelo calote grego.

A solução não se viabilizou até agora aparentemente pela ferrenha oposição da opinião pública da Alemanha. Mais de 70% da sua população é vigorosamente contra qualquer ajuda "a essa gente folgada da Grécia".

Por isso, a chanceler Angela Merkel dispara uma declaração dura atrás da outra com o objetivo de aplacar os demônios germânicos. Tudo se passa como se a atual manifestação da crise devesse se aprofundar a ponto de derrubar a cotação do euro a níveis assustadores para que se possam criar condições políticas para um socorro eficaz à Grécia e a Portugal.

Tudo parece bem mais complicado do que parecia lá por outubro e novembro de 2009, quando esta crise começou a ser percebida. O rombo da Grécia é bem maior do que fora admitido. Em meados do ano passado, seu governo reconhecia um déficit público de cerca de 6,0%. Depois, foi obrigado a revê-lo para 12,7%. E, na semana passada, a Eurostat, organismo encarregado das estatísticas europeias, puxou os números negativos ainda mais para acima, para 13,6%. Essas seguidas revisões levantam a suspeita de que mais esqueletos podem aparecer.

Em segundo lugar, a letra G não está sozinha. No turbilhão estão as demais que formam o acrônimo original Pigs (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha) e sabe-se lá se o contágio não vai arrastar outras mais para a crise.

Esse não é caso de fobia pura e simples. A deterioração das finanças dos países de alta renda, entre os quais estão pelo menos mais três europeus (Reino Unido, Itália e Hungria), pode se transformar na mais nova subprime das finanças globais.

Não é verdade que esses rombos tenham aparecido apenas com a crise dos Estados Unidos. Ela não cresceu apenas porque exigiu novos gastos com socorro aos bancos, com seguro-desemprego e políticas anticíclicas, numa paisagem geral de recessão e de queda de arrecadação.

A atual escalada das despesas públicas começou lá atrás. Nos Estados Unidos tem como causa a cobertura das despesas de guerra do período Bush-2 e a baixa disposição a poupar por parte do consumidor americano. E na Europa está relacionada ao forte crescimento das despesas com seguridade social (welfare state).

O Brasil não pode se fiar no efeito marolinha do ano passado. Se o agravamento da crise financeira global se confirmar, os mercados para o produto brasileiro se estreitarão. E o afluxo de capitais também se reduzirá num momento em que o investimento é cada vez mais vital para garantir a expansão futura. O crescimento do PIB nacional deste ano, da ordem de 5,5% a 6,0%, pode ser considerado garantido. O problema será 2011 em diante.
Confira
Moeda ameaçada 
Ontem o euro atingiu sua menor cotação em 12 meses. Você tem acima a trajetória do euro diante do dólar.
Mico grego 
O novo rebaixamento da dívida da Grécia deixa o Banco Central Europeu (BCE) em uma sinuca de bico. Se nas suas operações com os bancos continuar aceitando como garantia (colateral) os títulos gregos, como se fossem tão bons quanto os alemães, o BCE perderá credibilidade e essa perda de credibilidade será repassada para o valor do euro. Mas, se não aceitar, afundará de vez a Grécia, depois Portugal, Espanha...

O ABILOLADO E A MENTIROSA

STEVE BALLMER

Oportunidades da computação em nuvem
STEVE BALLMER
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/04/10

A nuvem permitirá maior acesso a serviços de saúde e serviços públicos em geral e ampliará para todos as oportunidades educacionais

ESTOU entusiasmado em voltar ao Brasil nesta semana para ver de perto o progresso econômico e social que transformou o país. Desde que a Microsoft abriu aqui o seu primeiro escritório, há 21 anos, o Brasil se transformou em modelo global de desenvolvimento econômico e em centro de eventos internacionais, como a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
É fácil entender a atratividade do país. Uma democracia forte e estável combinada com um setor industrial avançado, abundância de recursos naturais e um sistema educacional que tem feito enormes progressos nos últimos 20 anos contribuíram para colocar o Brasil no caminho de se tornar uma das principais economias do mundo nos próximos anos.
Essa transformação não poderia ocorrer em melhor hora. Com o Brasil focado na construção de um futuro melhor, uma nova onda de inovações tecnológicas está criando oportunidades para as pessoas ficarem mais conectadas, produtivas e criativas, estejam em comunidades rurais ou em bairros urbanos.
No centro da mudança está o surgimento da computação em nuvem. Ao combinar o poder de aparelhos digitais inteligentes com a capacidade de armazenamento e processamento de enormes "datacenters", a computação em nuvem está redefinindo a maneira como usamos a tecnologia. Na Microsoft, olhamos a computação em nuvem como uma oferta de novos recursos e experiências que terão impacto positivo na vida das pessoas em casa, na escola e no trabalho.
Uma plataforma que ajudará empresas de todos os tamanhos a transformar ideias brilhantes em excitantes novos negócios, capazes de atingir clientes ao redor do mundo.
Acreditamos que a nuvem dá a um empresário jovem e inteligente em São Paulo, no Rio de Janeiro ou em Recife, com uma ideia de negócio inovadora, a capacidade de competir quase de igual para igual com as maiores empresas globais.
Igualmente importante, a nuvem permitirá maior acesso a serviços de saúde e serviços públicos em geral e ampliará as oportunidades educacionais em todos os níveis da sociedade.
Embora a compreensão do potencial da computação em nuvem esteja só no começo, ela já revoluciona a forma como interagimos. O Messenger da Microsoft, usado por 46 milhões de pessoas no Brasil, é um exemplo de software muito bem-sucedido baseado em nuvem.
Aqui no Brasil, mais de 11 milhões de PCs foram vendidos em 2009. Os PCs hoje têm incrível variedade de tamanhos e configurações, mas com características comuns: são mais inteligentes, poderosos e acessíveis. E oferecem mais recursos do que nunca.
O mesmo ocorre com milhares de aparelhos, de celulares a consoles de jogos, tocadores de música portáteis, sistemas de GPS para carro, leitores eletrônicos de livros e muito mais.
Assim como a nuvem transforma a maneira como usamos essa rica variedade de dispositivos para trabalhar, jogar e se comunicar, também revolucionará a forma como o software é desenvolvido e distribuído.
Um aspecto essencial da computação em nuvem é fornecer base para um software que pode ser acessado instantaneamente de qualquer aparelho e experiências que fluem diretamente de aparelho a aparelho.
Enquanto a computação em nuvem cria novas oportunidades, traz também novas responsabilidades. Mais informações pessoais são armazenadas on-line, e surgem ferramentas mais sofisticadas para analisar o comportamento das pessoas.
Isso significa que as empresas terão de prestar atenção especial às questões de privacidade e segurança.
Na Microsoft, temos a responsabilidade de liderar o movimento para assegurar que essa nova geração de tecnologias seja projetada para dar às pessoas controle sobre suas informações pessoais e seu modo de uso.
Ao longo da nossa história, a Microsoft tem trabalhado em estreita colaboração com consumidores, governos e empresas para compreender os impactos da tecnologia na privacidade. Aqui no Brasil e ao redor do mundo, estamos comprometidos em assegurar a privacidade e a segurança pessoal, com base na transparência e no respeito às leis locais.
Estamos comprometidos com um desenvolvimento aberto dessas novas tecnologias, trabalhando em permanente colaboração com empresas e desenvolvedores de software para garantir que produtos e serviços possam se conectar automaticamente e que as informações possam fluir eficazmente entre sistemas.
Quando se trata de computação em nuvem, estamos todos dentro. Estamos muito animados em trabalhar com nossos parceiros no Brasil para ajudarmos a liberar ideias inovadoras, chave para novas oportunidades e para um crescimento sustentável.
STEVE BALLMER, 54, é presidente mundial da Microsoft.

MÍRIAM LEITÃO

Contágio grego 
Miriam Leitão 

O Globo - 28/04/2010

A Europa está na linha de tiro. Os economistas ainda não falam que é uma crise do euro, mas já admitem que pode se tornar. O que era apenas um problema grego, ontem virou também português.

Em julho, a Espanha terá que pagar C 24 bilhões. A Itália e a Irlanda não vão nada bem. Não há mecanismo para tirar um país da zona do euro, e isso aumenta o risco de contágio.

— A Alemanha está em pleno processo eleitoral e fica difícil para o governo de Angela Merkel explicar aos eleitores a ajuda a um país que caminha para a insolvência — explicou a economista Monica Baumgarten de Bolle, da consultoria Galanto.

Essa é a razão da demora da ajuda, apesar de a Alemanha já ter anunciado que ajudará a Grécia.

A demora piora um quadro fiscal que já é dramático porque o custo da dívida aumenta. Além disso, novas revisões dos dados gregos têm piorado os indicadores.

Concretamente, a Grécia é um país que tem um déficit de 14%, uma dívida que está atingindo níveis de 130% do PIB e está em recessão. Além disso, tem uma dívida de curto prazo que fica cada dia mais cara.

— Há muita resistência por parte da Alemanha porque o ajuste fiscal que a Grécia tem que fazer para colocar as contas em ordem é muito grande. Precisa gerar um superávit primário de 9,9% do PIB para seu estoque de dívida ficar estável — conta José Márcio Camargo, da PUC-Rio e da Opus Gestão de Recursos.

Fazer o superávit necessário para que as coisas não piorem é impossível por um outro motivo, como lembra Monica.

— Mesmo que eu queira acreditar que é possível, é preciso lembrar que o país está em recessão. O governo diz que a retração será “só” de 2%. Isso já é muito, mas deve ficar bem pior.

Essa é a visão mais otimista que existe — diz.

A dívida de Portugal foi rebaixada ontem pela Standard & Poor’s, que também rebaixou a da Grécia.

O déficit público português saltou de 2,8% para 9,4% em 2009. A dívida foi a 76,8% do PIB. E o país também tem baixa capacidade de crescimento.

— A Espanha tem pagamentos vencendo em julho de C 24 bilhões de euros. O problema da Espanha não é de solvência como a Grécia, é de liquidez — diz Monica.

Ela acha que o abalo que atingiu ontem Portugal pode ser classificado como contágio. E que a Espanha também pode ser vítima de contágio se não houver uma solução a curto prazo para o problema grego. O desemprego espanhol passou dos 20% em março.

José Márcio acha que o pacote de socorro do FMI e da União Europeia terá que ser dobrado para C 90 bilhões em três anos. E lembra que a ajuda terá que ser aprovada no Congresso de cada país.

Há um fato que torna o risco de contágio maior: estão todos na mesma zona monetária e têm números fiscais igualmente horrorosos.

Em grande parte, essa piora fiscal ocorreu por causa da crise de 2008, mas já havia, desde antes da crise, um relaxamento perigoso dos parâmetros fiscais.

— Legalmente, não existe nenhum mecanismo para tirar um país da zona do euro voluntária ou involuntariamente.

Nem há previsão de situação em que o país saia, nem de que ele seja expulso — disse Monica O economista Ivo Chermont, da Modal Asset, acha que há uma saída legal, mas que, operacionalmente, ela é praticamente inviável.

— Acredito ser mais fácil o default da Grécia do que o país abandonar o euro e voltar a usar o dracma. Há uma legislação pesada por trás, não é só o Banco Central da Grécia voltar a imprimir a moeda — afirmou.

Isso sem falar no fato de que os bancos teriam ativos em dracma e o passivo continuaria em euro.

Amarrados uns aos outros os países do euro enfrentam a pior crise fiscal da sua história. E tudo é consequência da crise bancária.

A uma crise bancária sempre segue uma crise fiscal.

A Irlanda, por exemplo, tinha um bom histórico de ajuste das contas públicas e redução da dívida/PIB. Está também sob risco por causa da crise de 2008.

— Os bancos irlandeses tiveram vários problemas e seus rombos foram nacionalizados.

Isso piorou os dados fiscais — diz Monica.

A Irlanda viu o déficit praticamente dobrar de um ano para o outro: de 7,3% para 14,3%. A dívida é de 64% do PIB.

Na Inglaterra, o déficit pulou de 4,9% para 11,5%, com a dívida subindo para 51,7%.

Como uma economia forte, com uma moeda forte e só sua, a Inglaterra tem várias vantagens, mas tem uma fragilidade política se nenhum dos três partidos fizer a maioria no parlamento na eleição de maio.

E de onde poderia sair tanto dinheiro para socorrer os países mais encrencados? Mônica diz que pode ser do “New Arrangements to Borrow”, o formato de empréstimo sem condicionalidades: — O Fundo tem US$ 500 bilhões para emprestar por este mecanismo.

Provavelmente, a ajuda do FMI seria dada dentro de um processo de reestruturação das dívidas de alguns desses países.

Será a reestruturação negociada, ou eles decretarão moratória. Mais dia, menos dia.

JAPA GOSTOSA

JOSÉ NÊUMANNE

Turma do sítio de dona Dilma bota pra quebrar
José Nêumanne 
O Estado de S.Paulo 28/04/10

Chegaram ao noticiário político os primeiros sinais de que o sítio na internet para divulgar a candidatura oficial da ex-chefe da Casa Civil do governo Lula da Silva Dilma Rousseff (www.dilmanaweb.com.br), anunciado com espalhafato, está aí mesmo é para protagonizar, e não meramente para figurar na campanha presidencial. E, a exemplo de como bradava o Velho Guerreiro Abelardo Barbosa, o Chacrinha, não veio propriamente para explicar, mas, sim, para confundir.

O primeiro indício nesse sentido foi dado por ocasião do lançamento, na revista semanal da televisão Fantástico, da campanha publicitária do 45.º aniversário da Rede Globo. Uma demonstração de que a função da equipe que administra esse endereço eletrônico é disparar contra adversários e inflar a petista foi a acusação de que a monopolista de audiência no meio de comunicação mais popular entre as massas fazia propaganda subliminar do tucano José Serra. Isso porque o total de anos de existência que a Globo completa coincide com o número que o eleitor que quiser sufragá-lo digitará na urna eletrônica. O exagero parece semelhante ao PSDB pedir que o treinador de futebol Zagallo seja proibido de manifestar sua predileção supersticiosa pelo número 13, pública e notoriamente coincidente com o da candidata do PT. Ou ainda que a torcida do 13 Futebol Clube, de Campina Grande, Paraíba, seja emudecida à força em anos eleitorais - no Brasil, de dois em dois. Mas logo o aparente absurdo se dissolveria, já que, numa demonstração de que quem tem concessão precária de um negócio bom e poderoso como televisão, dependendo dos humores dos governantes, tem, sim, medo de ser feliz, a Vênus Platinada mandou para o lixo a campanha e deixou até de servir o bolo de aniversário.

Ainda ecoava nos meios de comunicação a estupefação de alguns inconformados com a intrusão de Franz Kafka em nossa eleição quando a turma do sítio de dona Dilma botou pra quebrar de novo. Ao mesmo tempo que o ex-áulico de Lula Ciro Gomes atira com sua metralhadora giratória na favorita dele, notificando a escassez de seus méritos biográficos, o que não a legitimaria na disputa do cargo mais poderoso da República, os solertes companheiros da célula cibernética decidiram "refundar" a biografia da candidata. Petistas têm notória predileção por esse verbo, na ilusão de que ele, tendo mandado a lógica aristotélica às favas, signifique fundar uma vez mais, o que nunca seria possível. No entanto, como o termo significa apenas e tão-somente afundar mais, fica a permanente impressão enviesada pelo distinto público de que Tarso Genro pretendia aprofundar o partido quando se candidatou a presidente e o governador da Bahia, Jaques Wagner, acusou o presidente da República de torná-la cada dia mais funda. E, nessa "refundação" (essa palavra, como lembra o escritor Alex Solomon, não está registrada no dicionário), enfiaram uma foto da atriz Norma Bengell numa passeata de protesto contra a ditadura entre flagrantes de Dilma menina e Dilma mulher.

Foi aí que a turma do sítio, pilhada em flagrante delito, "refundou" o passado sem brilho da candidata ao tentar fazê-la alçar voo. E terminou acusada de copiar titio Josef Stalin, que costumava eliminar ex-camaradas caídos em desgraça dos verbetes das enciclopédias, dos parágrafos dos livros de história e até das fotografias dos momentos históricos da gloriosa Revolução Soviética de 1917. Oh, que pena! O palpite, contudo, é tão infeliz quanto a tentativa de fazer passar a ainda então belíssima estrela de Os cafajestes pela ilustre prócer no viço da juventude. O "guia genial dos povos" eliminava fisicamente os inimigos e os excluía até das fotografias (não necessariamente nessa ordem). Já a travessa turma do sítio de dona Dilma tentou adaptar a História do Brasil às conveniências de sua campanha para aprimorar os méritos pretéritos da mesma. Só conseguiu, porém, chamar a atenção dos adversários e do eleitorado em geral para as fragilidades biográficas da pretendente ao trono.

Em favor da patota urge lembrar que nisso não é única nem singular. Antes, um solerte servidor da então chefe da Casa Civil do governo Lula tentou plantar no currículo acadêmico dela um mestrado que não defendeu e um doutorado que nem sequer cursou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O repórter Luiz Maklouf de Carvalho o pegou na mentira com declarações explícitas da direção da renomada instituição acadêmica. E a que foi mestra sem nunca ter sido reagiu ao flagrante com a desculpa de que não concluiu a dissertação porque estava trabalhando. Sim. E daí?

Tenta-se ainda reescrever o currículo de Dilma no documentário, em cartaz em São Paulo, Utopia e barbárie. Seu diretor é Sílvio Tendler, testemunha de que o presidente teria feito uma "brincadeira" entre amigos ao narrar uma tentativa frustrada de assédio a um companheiro de cela no Dops, lembrada por César Benjamin em artigo publicado na Folha de S.Paulo. No filme, de forma menos subliminar que o número dos anos da Globo, ela depõe sobre a própria atuação na luta armada da esquerda contra a ditadura militar de direita no Brasil. De blusa vermelha, a ex-guerrilheira não relembra um fato heroico, só recita teorias que o ministro da Propaganda da República petista, Franklin Martins, defende com mais clareza. Ele e ela não dizem que lutaram pela democracia, mas garantem que resultou da luta de ambos a irreversível implantação de uma mentalidade libertária no Brasil. Terá sido? Sua qualificação como "economista" no filme parece irônica, porque a exibição do filme coincide com a celebração do 80.º aniversário de Maria da Conceição Tavares, notória mestra dos economistas de esquerda no País.

Fatos refundam um passado que áulicos engajados tentam reconstruir, talvez convictos de que Josef Goebbels tinha de fato razão ao atribuir à mentira insistente foros de verdade absoluta.

PAINEL DA FOLHA

Avisa lá 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 28/04/2010

Depois de quase três semanas sem aparecer ao lado de Dilma Rousseff (PT), Lula mandou avisar à direção da Força Sindical que estará presente no 1º de Maio -devidamente acompanhado de sua candidata. Se concretizada, será a primeira participação do presidente no movimentado evento da central ligada ao PDT, que no ano passado reuniu 1,5 milhão de pessoas com shows e sorteio de prêmios em pleno território de José Serra (PSDB). A prometida aparição de Lula no 1º de Maio da Força ocorrerá no momento em que parte da central negocia apoiar para o governo paulista o tucano Geraldo Alckmin e não o petista Aloizio Mercadante, a quem o PDT espera indicar um vice.
Boleia
A Abcam (Associação Brasil Caminhoneiro) promete distribuir a seus 800 mil filiados adesivos com a inscrição "Fora Dilma". É resposta ao fato de a candidata ter se reunido com representantes do Movimento União Brasil Caminhoneiro, que a Abcam acusa de ser formado por sindicatos fantasmas.
Veja bemLula vai conversar com o presidente do PC do B, Renato Rabelo, na tentativa de implodir a candidatura de Flávio Dino no Maranhão. Isso devolveria o PT à órbita de Roseana Sarney (PMDB), que buscará um novo mandato.
RadicalDomingos Dutra (PT-MA) iniciou dieta em preparação para a greve de fome que promete fazer caso seu partido decida apoiar Roseana. Há dias o deputado se alimenta de farinha com camarão seco e banana com pão, que fazem o organismo exigir água, diminuindo a fome.
Não encaixaDo presidente do PSB, Eduardo Campos, pondo dúvida a ideia de que o agora ex-candidato Ciro Gomes possa ser integrado ao QG da candidatura de Dilma: "Não cabe um quadro do tamanho dele trabalhar na campanha. Ele vai fazer o quê?".
EraCartaz na porta da sala onde a cúpula do PSB se reuniu para sepultar a candidatura própria: "Agora é Ciro".
Dando um tempoDe um tucano que conhece a vida sobre Ciro: "Ele apoiará a Dilma, claro. Só não pode falar mal do Serra agora porque acabou de falar bem".
Pré-requisitoFrancisco Dornelles (PP) aceitaria ser vice de Serra? "No ato. Basta que seu primo Aécio esteja de acordo", diz um conhecedor dos três personagens.
CírculoAo lado de Aécio e Antonio Anastasia, Serra encontrará hoje em Uberlândia (MG) prefeitos e vereadores de cinco siglas -PSDB, PP, DEM, PTB e PPS. Como não se pode dizer que é campanha, o evento foi batizado de "Encontro de Lideranças do Triângulo Mineiro".
ElevadorAo posar ontem durante visita ao Mercado de Arte, em Feira de Santana (BA), Serra percebeu que era mais baixo do que as outras três pessoas que apareceriam junto com ele na foto. O tucano não teve dúvida: equilibrou-se na ponta dos pés.
FechadoEstá pronto o palanque de Serra no Tocantins: Siqueira Campos (PSDB) sairá candidato ao governo, e a senadora Kátia Abreu indicará um nome do DEM para vice. Os candidatos ao Senado serão João Ribeiro (PR) e Eduardo Gomes (PSDB). E ainda se negocia o apoio de parte do PMDB à chapa.
CabosHermes Chipp foi reeleito para comandar o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). O mandato é de quatro anos. Descrito pelo governo como um técnico de perfil discreto, sua recondução teve o apoio de Dilma.
Visita à FolhaPaulo Godoy, presidente da ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de José Casadei, assessor de imprensa.
Tiroteio
"É incrível que Serra prometa criar um Ministério da Segurança, se em quatro anos ele não conseguiu nem mesmo fazer funcionar direito a Secretaria da Segurança em São Paulo."
Do deputado ANDRÉ VARGAS (PR), secretário de Comunicação do PT, sobre proposta anunciada pelo tucano em entrevista anteontem.
Contraponto
Sim e não
Quando ainda era secretário de Desenvolvimento, cargo do qual se desincompatibilizou no final de março para buscar novo mandato como governador de São Paulo, Geraldo Alckmin recebeu a visita de Cesar Perucio (DEM), prefeito do município de Itararé, a 320 km da capital.

Perucio foi direto ao ponto: viera pedir a instalação de uma escola técnica na cidade. Alckmin elogiou a ideia e, igualmente objetivo, perguntou:

-A prefeitura tem algum prédio ocioso para ceder?

-Tem, mas está ocupado- disse o prefeito de pronto.

Diante da inusitada resposta, Alckmin achou melhor não insistir na questão. Ficou de estudar o caso e acabou autorizando a abertura de cursos em Itararé.

DORA KRAMER

Euforia precoce 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 28/04/2010

Não é todo mundo, mas há gente na oposição querendo vestir a fantasia de eufórico prematuro. O figurino é de fácil identificação: um par de sapatos bem altos, uma língua enorme e total falta de senso. Da realidade e do ridículo.


Animado com a largada cheia de problemas da candidata Dilma Rousseff, esse pessoal resolveu tripudiar. Elogia Ciro Gomes pela fidalguia temporária para com José Serra; ri dos percalços alheios e zomba das deficiências políticas de Dilma.

Seria do jogo não fosse pelo método que contraria o que até agora parece ser a orientação do comando da campanha do PSDB como estratégia para se diferenciar e desconsertar o adversário.

O grupo que se entusiasma e se descola da moderação de resultados, dá o troco na mesma moeda de deboche que Lula usa para tudo. Iguala-se. Aproveita a chance e se lambuza.

Apenas se esquece de que, como está demonstrado pela boa fase que se lhes apresenta agora, o mundo dá muitas voltas. Pouco antes da definição oficial da candidatura do PSDB, a oposição conflagrava-se em público voltando-se contra aquele que seria o seu candidato.

Vinham de Minas manifestações de "altivez" regional baseadas em alegações de usurpação da vez de Aécio Neves concorrer à Presidência e de aliados partiam exigências algo descabidas para reservas desde logo da vaga de vice.

Em suma, nada apontava para um ambiente exatamente construtivo na largada.

Contrariando as expectativas, até agora deu tudo certo na campanha do PSDB, enquanto a sorte parece ter abandonado a candidatura do governo.

Ocorre que faltam mais de cinco meses para a eleição, a campanha está nos primórdios e os apressados em geral costumam comer cru e quente.

Nada garante, por exemplo, que a próxima rodada de pesquisas de opinião não reflita nada disso que se vê no noticiário todos os dias. Serra pode ampliar a vantagem, mas pode manter o mesmo patamar, como Dilma também pode ganhar adeptos, por que não?

Muito pouco de conclusivo se passa na cabeça do eleitor nessa altura. Os institutos mostram que 54% deles ainda não fizeram suas escolhas.

Ademais, como ficou demonstrado pela soberba do lado governista, nada mais detestável que a arrogância festiva do já ganhou. Só ganhar, ou perder, sem um pingo de categoria.

Pelica. Esquisito esse carinho que o chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, alega que Lula nutre por Ciro Gomes. Deveria ao menos levá-lo a tratar pessoal e francamente com o deputado a respeito da candidatura a presidente.

Modo de agir. A atriz Norma Bengell quis ser gentil, mas, se compreendeu, não pareceu ter entendido da missa a metade ao dizer que Dilma Rousseff não precisava se desculpar pelo uso de uma foto dela no blog da candidata, numa sequência que dava a nítida impressão de que Bengell era Dilma durante uma passeata.

A questão em jogo não é de direito de imagem. Trata-se do direito universal do cidadão à informação correta, sem truques ou quaisquer subterfúgios. É o conceito geral o que interessa, muito mais que o caso em particular.

Memória. Políticos falam tanto e sobre tantas coisas que suas palavras acabam se perdendo no emaranhado dos fatos, na viravolta das circunstâncias.

Há poucos dias o presidente Lula voltou a firmar posição favorável ao instituto da reeleição.

Defesa enfática remete a uma conversa com um grupo de jornalistas no primeiro mandato, quando Lula dizia que Brasil deveria voltar a ter só dois partidos. Na opinião dele, "o modelo mais moderno" seria o bipartidarismo.

Antes disso, porém, gostaria de ver o mandato de quatro anos e a reeleição ? "uma cretinice"? substituídos por um mandato de cinco ou seis anos.

Para quando?

"A partir de 2010 ou 2012."

2012? Quer dizer, em algum momento pensou-se em prorrogação do mandato em curso.

ERRADA

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Setor elétrico paga duas Belo Monte em tributos 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 28/04/2010

A carga tributária atingiu 45,08% do total da receita global do setor elétrico brasileiro, segundo a consultoria PricewaterhouseCooppers.

O levantamento mostra que, em 2008, as 54 empresas pesquisadas do setor, entre geradores, transmissores e distribuidores, pagaram R$ 46,2 bilhões de uma receita de R$ 102,5 bilhões em tributos e encargos. Esse valor seria mais do que suficiente para construir duas usinas hidrelétricas Belo Monte por ano.

Em termos percentuais, a carga tributária sobre o setor caiu desde 2006, quando alçou pico de 46,33%. Mas em volume de arrecadação, entretanto, cresceu 18,4% no mesmo período. Em receita, o conjunto do setor público (nas esferas federal, estadual e municipal, além de estatais) obteve arrecadação adicional de R$ 7 bilhões em dois anos.

A expectativa é que o ano de 2009 registre aumento substancial da carga tributária sobre o setor elétrico, conforme a Price e o Instituto Acende Brasil -organização financiada pelas elétricas e que encomendou o estudo. Poderá até bater todos os recordes de tributação já aplicada à atividade.

Na opinião de Claudio Salles, presidente do instituto, mudanças nos encargos do sistema elétrico -taxas que sustentam boa parte de programas do governo, como o Luz para Todos, ou a aquisição de diesel ou óleo combustível para as térmicas do sistema isolado- vão resultar em um aumento da carga tributária sobre o setor para pelo menos 47% em 2009, a maior da história.

Só a decisão do governo de autorizar o ONS (Operadora Nacional do Sistema Elétrico) a acionar as térmicas, ignorando o critério de preço (medida adotada no início de 2008 em razão do risco elevado de apagão no país ainda em 2009), deve elevar em dois pontos percentuais o peso tributário sobre o setor, para 47%.
Tim-tim
As vendas de vinhos e espumantes produzidos no país cresceram no começo deste ano. A comercialização de vinho fino aumentou 17,8% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo 2,32 milhões de litros -o maior volume desde 2007. Os dados são do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho) e referem-se ao Rio Grande do Sul -Estado responsável por 90% da produção nacional. Já as vendas de espumantes subiram 44,3%, somando 1,41 milhão de litros -volume recorde para o primeiro trimestre. "Os resultados deste início de ano são reflexos do bom ano que foi 2009. As empresaTim-tims varejistas fecharam o ano sem estoque e agora estão repondo", diz Júlio Fante, presidente do instituto.
Debate
ABNT e Petrobras promovem, no dia 4, o último debate no Brasil sobre ISO 26000, futura norma internacional de responsabilidade social. As delegações dos 90 países que discutem a criação da norma se reunirão em Copenhague para definir a versão final, a ser lançada em dezembro. Há oito anos, a norma é discutida por 400 especialistas no mundo.
Aruba
A ilha caribenha Aruba recebeu mais de 5.000 visitantes brasileiros no primeiro trimestre deste ano -alta de 178% ante o mesmo período de 2009. A informação foi dada na última semana, durante visita do ministro do Turismo, Transporte e Trabalho de Aruba, Otmar Oduber, ao Brasil. "Até o fim de 2010, esperamos alta superior a 50%", diz Oduber.
Desembarque
A Apex-Brasil recebe, de 1º a 5 de maio, uma delegação de empresários e membros do governo de Dubai. Estarão presentes representantes de Banco Emirates, Zona Franca de Jebel Ali, Zona Franca do Aeroporto de Dubai, Emirates Airlines e outros. O grupo visitará a Embraer, em São José dos Campos (SP), e irá a Brasília, à Argentina e ao Chile.
Roubado
O número de ocorrências de roubo e furto de veículos no primeiro trimestre registrou aumento de cerca de 10% ante o mesmo período do ano passado. Foram 860 casos, segundo pesquisa da empresa de rastreamento Tracker do Brasil. Eventos com carros leves puxaram o aumento. Os casos com veículos pesados, porém, caíram 13%.
Relógio
A diminuição da jornada de trabalho sem redução salarial elevaria em 10% o custo de produção nas fábricas de eletroeletrônicos e não resultaria em contratação de mais mão de obra, segundo Humberto Barbato, presidente da Abinee, que reúne o setor. Ele foi convidado a participar ontem de reunião com sindicalistas, mas não aceitou. Estaria em outro evento.
Jurídico
Nelson Jobim (Defesa) confirma presença no seminário de inauguração do Cedes (Centro de Estudo de Direito Econômico e Social), na semana que vem. Gilmar Mendes (STF) e outros discutirão direito concorrencial. Presidido pelo reitor da USP, João Grandino Rodas, o Cedes é um "think tank" apoiado por empresas como AmBev e Unilever.
Calda No Sorvete
Para expandir os negócios para outros Estados do país, a paulista Sorvetes Jundiá criou a rede de franquias Casa do Sorvete Jundiá. O objetivo é fechar o ano com 80 novas lojas. Hoje os produtos da empresa são encontrados em São Paulo e no Rio de Janeiro, em mais de 20 mil pontos de venda. Num primeiro momento, o foco será Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná, por serem Estados vizinhos. "O sorvete é muito difícil de transportar. Ele tem de chegar ao consumidor final com a mesma temperatura que sai da fábrica, caso contrário perde qualidade", afirma Cesar Bergamini, sócio da Sorvetes Jundiá. Até o final deste ano, a empresa deve inaugurar a nova fábrica em Itupeva (SP). Com as novas instalações, a capacidade de produção irá triplicar, segundo Bergamini. Atualmente, a empresa produz 1 milhão de litros de sorvete por mês. Com os novos negócios, a empresa prevê crescimento de 25% em 2010. "O mercado de sorvetes tem muito potencial para crescer no país. O consumo per capita anual é de 4,5 litros, enquanto em países como a Itália o consumo chega a 15 litros", afirma Bergamini.

LUIZA NAGIB ELUF

Por trás do ''bom comportamento''
 Luiza Nagib Eluf 
O Estado de S.Paulo - 28/09/10

Existe ex-estuprador? Essa é a pergunta que não quer calar no caso do maníaco de Luziânia (cidade goiana próxima a Brasília), o pedreiro que, embora cumprindo pena por estupro, foi autorizado pela Justiça a deixar o estabelecimento prisional onde cumpria pena, com base no bom comportamento.

Em 2005, o baiano Adimar Jesus da Silva foi condenado a dez anos de prisão por atentado violento ao pudor e cumpriu quatro anos no presídio da Papuda, em Brasília. Conforme notícias da imprensa, o reeducando se encontrava preso por ter atirado num homem pelas costas e por haver molestado duas crianças.

Em 23 de dezembro de 2009, o juiz da Vara das Execuções autorizou Adimar a sair do estabelecimento prisional em liberdade condicional, apesar dos crimes hediondos que ele praticara. O juiz entendeu que não havia laudo psicológico que impedisse a concessão do benefício e que o sentenciado apresentava bom comportamento no presídio.

O pedreiro, então com 40 anos, ganhou a liberdade e se mudou para Luziânia. Uma semana após ser solto, fez sua primeira vítima, o menino Diego Alves Rodrigues, de 13 anos. Em seguida, entre dezembro e janeiro deste ano, Adimar Jesus da Silva estuprou e assassinou seis jovens, entre 13 e 19 anos, de forma brutal.

De quem é a culpa? Se não é possível curar a psicopatia, é possível prevê-la com base nos antecedentes. O pedreiro já tinha feito três vítimas, e duas delas eram crianças. Baseados numa consulta de rotina, os peritos que avaliaram o estado mental de Adimar durante o processo de soltura acreditaram que ele não apresentava risco à sociedade.

A promotora do caso, porém, deu parecer contrário ao livramento do condenado. Recomendou que Adimar fosse monitorado. Ela ressaltou a importância de uma "fiscalização sistemática" e mencionou que não existia ex-estuprador. O entendimento do Ministério Público foi desconsiderado, apesar da argumentação correta. Bom comportamento detrás das grades é uma coisa; bom comportamento em liberdade é outra.

O resultado da soltura de Adimar foi abominável: mais seis torturados e mortos, mais seis famílias dilaceradas pela dor.

O caso de Luziânia teve um final mais do que trágico. Adimar, novamente preso, confessou os crimes, apontou o local onde ocultou os corpos e foi encontrado morto na cela.

Faz parte do inconsciente coletivo a crença de que no Brasil os direitos humanos são apenas para os criminosos, e não para o cidadão de bem. É um modo simbólico de dizer que os criminosos são tratados inadequadamente - fato que, infelizmente, acaba sendo verdade.

O Brasil teve uma legislação rigorosa para crimes hediondos, consubstanciada na Lei n.º 8.072/1990, recentemente modificada por entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a proibição de progredir no regime de cumprimento de pena inconstitucional. Esse entendimento gerou benefícios a autores de delitos violentíssimos como estupro, homicídio qualificado, latrocínio, tortura e tráfico de drogas. Para amenizar a situação, o Congresso Nacional elaborou lei que, embora permitisse a progressão no regime de cumprimento de pena, estabelecia um prazo de 2/5 a 3/5 de cumprimento da reprimenda aos autores de crimes hediondos, sendo o menor período para os réus primários e o maior, para os reincidentes.

A morte do pedreiro, dentro da cela onde estava detido em Goiânia, não encerra a discussão sobre as condições de sua libertação pela Justiça. Suicídio ou não, isso expõe as fragilidades do sistema carcerário brasileiro. Além de não recuperar os sentenciados, ajuda a agravar as condições psicológicas de presos que, se não morrem dentro da penitenciária, vão retornar ao convívio social um dia.

O Estado deve duas explicações à sociedade: uma, por ter soltado um psicopata, e outra, porque esse mesmo psicopata, sob vigilância do Estado, morreu dentro da sua cela.

Não é mais possível conviver com a incapacidade de regenerar alguém nem com o abrandamento de pena em casos de crimes gravíssimos. E o conceito de "bom comportamento" no presídio não pode valer como atestado de bom comportamento fora dele. Todo condenado a pena privativa de liberdade por crime hediondo deve ser acompanhado de estudo psicológico e criminológico.

O Estado não pode se furtar do papel de zelar pelo bem-estar da coletividade e pela segurança pública. No caso de autorização de progressão para regimes semiaberto e aberto, devem ser adotadas as pulseiras eletrônicas, como ocorre há décadas nos Estados Unidos.

Já os condenados por crimes sexuais, principalmente o estupro, não devem poder receber nenhum benefício durante o cumprimento de pena antes que sejam psiquiatricamente tratados. Pedófilos e estupradores são doentes, criminosos compulsivos. A mera segregação social não os recupera. Sem tratamento, vão reincidir, como a experiência mostra. Há países da Europa que adotaram tratamento hormonal para estupradores assassinos, desde que com a concordância deles. O Brasil precisa repensar o tratamento a que submete esses criminosos. Não há terapêutica carcerária que recupere um estuprador, sem que haja intervenção médica psiquiátrica.

Ninguém está propondo castração, como alegam alguns, com o fim de distorcer a discussão. Nossa preocupação é proteger a sociedade da violência e salvar o criminoso de si mesmo, necessidade imperiosa que ficou claramente demonstrada no caso de Adimar.

PROCURADORA DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO, FOI SECRETÁRIA NACIONAL DOS DIREITOS DA CIDADANIA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA (GOVERNO FHC)

GOSTOSA

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Guerra de autor 
Sonia Racy 
O Estado de S.Paulo - 28/04/2010

Projeto de Juca Ferreira, que muda a lei de direitos autorais, atinge em cheio o Ecad. O órgão passaria a ser "supervisionado" pelo Ministério da Cultura, por meio de um instituto.

O recém-criado Comitê Nacional de Cultura e Direitos Autorais é contra a mudança. Avalia que mais de 300 profissionais teriam que ser contratados para trabalho redundante, já feito pelo escritório privado.

Guerra de autor 2

O Minc alega que o órgão a ser criado e o Ecad não serão concorrentes. A tarefa do novo é supervisionar a arrecadação, centralizar registros, mediar imbróglios e... dar transparência e publicidade ao processo.

Das cinzas

E o vulcão islandês chegou ao Brasil. A casa de apostas Betsson aceita palpites até por aqui, sobre seu último desafio: se o tal Eyjafjallajokull vai se acalmar ainda este ano.

Abrindo...

Indagado pela coluna, João Sayad, futuro comandante da TV Cultura, não quis falar muito sobre o que pretende fazer na emissora. "Não há como sair perguntando o que as pessoas querem ver na TV."


Na sua opinião, se deixar a decisão por conta do telespectador, a maioria vai pedir programas menos instrutivos, como "o Ratinho". A saída? "Cabe ao Estado ajudar na formação da população. Se pegar, pegou. Se não, tentamos outra coisa."

...fechando.

Em um de seus últimos atos à frente da TV Cultura, Paulo Markun lança o Portal Cultura Brasil, dedicado à música brasileira contemporânea.

Na própria emissora.


Quase pétrea

Começa quente a gestão Cezar Peluso no Supremo. Na sessão hoje, a OAB vai defender a tese de que a Lei da Anistia não deve valer para quem praticou torturas.

A aposta? A lei não vai mudar.


A Cuópa é nuóssa

Orlando Silva gastou tanto o carioquês no vídeo sobre a Copa de 2014 que José Fortunati, prefeito de Porto Alegre, pediu uma... reedição. Tchê!

Primeiro teste

Alain Fresnot desembarca amanhã, no Rio, com uma prévia do Família Vende Tudo. Para mostrar a Luana Piovani, que atuou no longa.

Show-arte

Destaca-se, na SP Arte - que abre suas portas hoje com um coquetel para convidados -, tela imensa de Willys de Castro.

O quadro, avaliado em US$ 1,5 milhão, é um trabalho atípico do neoconcretista.

Menores-maiores

Os meninos do Santos aprontaram na sede do clube causando vários "estragos" físicos. Não neles, mas no prédio.

Foram multados, Neymar e Ganso inclusive, com o pagamento de 10 cestas básicas cada.

Fortaleza

Oscar Niemeyer, de 102 anos, deve ter alta da UTI hoje. O arquiteto foi internado na segunda-feira por ter tido um choque circulatório provocado por uma infecção.

Só pensa em voltar a trabalhar.

Mão firme

Antonio Patriota é sério candidato ao Guinness. Na ausência de Celso Amorim, assinou, anteontem, 46 acordos com países da Comunidade do Caribe.

Na frente

João Lara Mesquita lança hoje, em Salvador, seu livro Embarcações Típicas da Costa Brasileira. Como parte da Semana do Saveiro, promovida pela ONG Viva Saveiro. No Terminal Náutico da Bahia.

Com José Luiz de Oliveira Lima de mediador, Eduardo Muylaert, Antonio Gomes Filho e Rodrigo de Grandis debatem o Código de Processo Penal. Hoje, no Instituto dos Advogados.
Começou ontem, com jantar de Tera Queiroz e Fábio Faisal, a festa da SP Arte. Continua amanhã na casa de Eliana Finkelstein. Sábado, é a vez de Daniel Roesler.

O Grupo de Mídia SP festeja amanhã seu novo presidente, Luiz Fernando Vieira.

Adriana Degreas é a nova convidada de Paulo Borges para o SPFW de verão.

Henrique Meirelles debate, segunda, a autonomia do BC. Na Fecomércio.

Pulmão gigante será instalado, amanhã, no Parque das Bicicletas. Com sete salas, sobre... asma, pneumonia, câncer e tabagismo.



Luz no fim do túnel?


Na linha despedida, João Sayad apresentou anteontem, na Secretaria da Cultura, o detalhamento do seu projeto Complexo Cultural da Luz. Mais especificamente, o do Teatro de Dança, tarefa do escritório suíço Herzog & De Meuron. "Estamos suplantado as ações judiciais e assinando contrato. Os arquitetos devem entregar as plantas básicas até o fim do ano", explicou. A partir disto, a obra será licitada.

Comparando a obra a Belo Monte, Sayad lamentou as ações judiciais que a atrasaram - uma delas contra sua pessoa física. "Tive que acionar advogado", lamenta.

No balanço de sua gestão, destacou a Biblioteca de São Paulo: "Está lotada de gente que precisa, de menino descalço, de nariz sujo. Não importa que façam xixi embaixo do computador e joguem DVD um na cara do outro."

Não, Sayad não matou de fome quem foi ouvi-lo. "Vou dar uma coisinha para vocês comerem. Mas quero mesmo é seduzi-los para que o projeto seja de São Paulo e não de uma gestão governamental."

MERVAL PEREIRA

'Irã é indefensável' 
Merval Pereira 
O Globo - 28/04/2010

“A situação do Irã é indefensável”. É assim, sem rodeios, que o sociólogo francês Alain Touraine define a crise política internacional envolvendo o programa nuclear iraniano e o governo de Teerã. Mas Touraine também não procura subterfúgios para defender a solução mais adequada para a crise: “Sou a favor de qualquer coisa, menos de um ataque contra o Irã”.

Por “qualquer coisa” ele compreende até mesmo as sanções econômicas que os Estados Unidos pretendem aprovar no Conselho de Segurança da ONU, às quais o Brasil é dos poucos países que se opõem.

Touraine não acredita em acordos com o governo do Irã, e acha que é preciso ganhar tempo para criar as condições para que “o próprio povo iraniano” se livre do atual governo, o que ele considera que “não está longe de acontecer”.

A situação da política nuclear do Irã, tendo como pano de fundo a posição quase isolada do Brasil de insistir na possibilidade de negociação, evitando sanções econômicas, é um dos temas subjacentes da XXI Conferência da Academia da Latinidade, que busca num “novo humanismo” a saída para a possibilidade de um entendimento internacional.

Segundo Candido Mendes, sociólogo brasileiro secretáriogeral da Academia da Latinidade, esta conferência em Córdoba, na Espanha, é consequência de duas outras, uma em Oslo, “em que nos demos conta das limitações culturais da noção dos Direitos Humanos”; e outra no Cairo, “onde verificamos que está havendo uma renovação do sentido religioso, independentemente de sua guerra”.

Como “o laicismo não é o desfecho da modernidade, como se pensava”, Candido Mendes diz que é preciso encontrar que plataforma existe para além do laicismo e para além da guerra das religiões para retomar a ideia de um entendimento internacional. “Daí o novo humanismo”.

Candido Mendes uniu o trabalho de uma década à frente da Academia da Latinidade ao do Grupo de Alto Nível da ONU para a Aliança das Civilizações, para o qual foi nomeado embaixador brasileiro, nessa busca do diálogo, mesmo que o consenso esteja cada vez mais difícil.

Para Candido Mendes, a posição brasileira em relação ao Irã está muito ligada à nova emergência internacional do país, que se desliga da América Latina e sabe que vai ter um protagonismo muito importante nos BRICs, especialmente em relação à Índia e à China.

“O Brasil quer se dissociar da Guerra Fria e da visão bushniana de ‘países bandidos’”. Para o sociólogo brasileiro, a posição do Brasil procuraria “abrir uma chance para que vença esta premissa”.

A ideia de apoiar o Irã é, para ele, muito mais uma busca de uma posição excêntrica à dos “eixos do mal” do que qualquer outra coisa. Candido Mendes faz uma ressalva, porém: “Evidentemente que essa situação não pode chegar à bênção da violação sistemática dos direitos humanos”.

A posição do governo iraniano no caso não se compatibiliza com a defesa dos direitos humanos, e o Brasil vai chegar até o ponto, na análise de Candido Mendes, de que as Nações Unidas ouçam a proposta nuclear iraniana e que, a partir disso, se entre numa certa lógica de concertação, e não de confronto.

“Acho que o Brasil esticou muito a corda, e estamos no limite. Os direitos humanos não são uma ideologia, e muito menos instrumento de dominação do Ocidente como a Síria tenta fazer crer”, reforça Candido Mendes.

A posição mais próxima do consenso internacional do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, em Teerã, quando afirmou que o Irã tem que dar garantias à comunidade internacional de que seu programa nuclear não tem objetivos militares, parece ser uma mudança no sentido apontado por Candido Mendes.

Renato Janine Ribeiro, professor de Ética e Filosofia Política da USP que participa da Conferência de Córdoba, tem posição semelhante, especialmente em relação aos direitos humanos: “Para mim, está muito claro onde discordo da política externa brasileira.

Globalmente, ela é positiva, e onde eu a critico mais é em relação a Cuba”.

O professor Janine Ribeiro acha que o Brasil deveria ter tomado uma posição clara em relação aos direitos humanos em Cuba, “inclusive porque certamente o presidente Lula teria mais influência sobre Fidel Castro do que sobre o governante do Irã”.

No caso do Irã, o professor da USP considera importante levar as negociações o mais longe possível.

Na questão latino-americana, Janine Ribeiro considera que Cuba é um assunto delicado porque “praticamente todo mundo é contra o bloqueio americano a Cuba, e boa parte das pessoas é contra a política de direitos humanos cubana”.

No caso do Irã, entra o aspecto do Iraque. “A invasão dos Estados Unidos foi tão calamitosa que deixou um problema muito sério a qualquer ameaça do uso da força no Oriente Médio por parte dos Estados Unidos e seus aliados”, avalia o professor da USP.

Embora considere positivo tentar o máximo de negociação possível, Janine Ribeiro não acha correto o presidente Lula dizer que toda oposição se queixa da vitória eleitoral, comparando os protestos da oposição iraniana aos de torcidas de futebol.

“Até acredito que seja possível que o presidente do Irã tenha sido eleito pela maioria, que no interior do país o presidente tenha tido uma votação majoritária.

Mas é inaceitável reprimir, ainda mais com a forca, pessoas que se manifestam contra lisura da eleição, mesmo que a eleição tenha sido legal”.

Embora considere que o Brasil poderia ter posições mais duras do que tem tido, Renato Janine Ribeiro concorda com o governo brasileiro em que de fato temos que esgotar toda possibilidade de negociação.

JAPA GOSTOSA

ANCELMO GÓIS

Dia D 
Ancelmo Góis 

O Globo - 28/04/2010

Hoje, às 20h, haverá uma assembleia geral no Hospital Samaritano, em Botafogo, no Rio.

Mais uma vez se tentará um acordo entre os sócios para vender o controle.


Segue...

A rede D’Or, que quase assumiu o Samaritano em fevereiro, tem, entretanto, um plano B.

Construir um novo hospital classe A, com 125 leitos, num terreno que foi da Light perto do Copa D’Or.

Fator X Rodolfo Landim, que está deixando as funções executivas no grupo Eike Batista, tem novo desafio. O ex-presidente da BR Distribuidora escreverá um livro sobre o capitalismo no Brasil. Título: “Fator X”.

Todas as empresas de Eike têm “x” no nome.

Carl na Amazônia Carl Bernstein, o coleguinha do “Washington Post” que ajudou a derrubar o presidente Richard Nixon nos EUA, em 1972, no Caso Watergate, vai esticar a temporada no Brasil, depois de um seminário na Escola da Magistratura do Rio.

Terça, segue numa expedição para a Amazônia.

Museu na cadeia O Museu Histórico Nacional, no Rio, firmou parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária do estado para levar exposições aos presídios.

O primeiro contemplado será o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrillho, com a exposição O Império e a República. Abre dia 18.

Jabor em Veneza O longa “A suprema felicidade”, que marca a volta de Arnaldo Jabor às telas depois de 15 anos sem filmar, será lançado em outubro.

Um mês antes, o filme deve representar o Brasil no Festival de Cinema de Veneza.

Árabes e judeus Sai pela Record esta semana um livro que reúne 20 autores brasileiros de origem árabe e judaica com depoimentos ficcionais sobre suas ascendências.

Organizado por Tatiana SalémLevy e Adriana Harmony, traz textos de escritores como Moacyr Scliar, Alberto Mussa, Cíntia Moscovich, Flávio Izhaki, Carlos Nejar, Fabrício Carpinejar, Julián Fuks e Salim Miguel.

Sol nascente O embaixador Marcos Galvão, atual secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, vai chefiar nossa missão diplomática em Tóquio.

Nota musical A cantora Rosemary, aos 62 anos, veja só, fez a sua primeira tatuagem.

Trata-se de uma nota musical estampada no braço.

Vida dura Já dizia o mestre Zózimo: como é dura a vida da bailarina. O governo Sérgio Cabral mandou mensagem à Alerj, definindo 119 cargos no Teatro Municipal.

Pelo texto, a primeira bailarina do teatro, no caso Ana Botafogo, tem direito a um adicional no seu salário de míseros R$ 700.



País da pirataria De um gaiato, ontem, no Twitter: “O Paraguai pediu moratória por causa deste incêndio no Camelódromo do Rio...”

PM verde A PM do Rio recebe esta semana um helicóptero pintado de verde, em vez do tradicional azul de sua frota, para usar no combate a crimes ambientais e ocupações irregulares do solo.

A estreia será numa megaoperação em lugar não revelado pela polícia.

Sufoco Ontem, uma grávida fez xixi nas calças porque não há banheiro na Estação Carioca do Metrô.

Depois, coitadinha, chorou de vergonha.

Cinema no morro O Morro da Babilônia, no Leme, no Rio, pacificado há quase um ano, ganhou um cineclube.

O nome certo Um casal foi fazer saliência no Motel Carícia, em Madureira, no Rio. A conta foi paga com cartão de crédito, e, na fatura, veio a razão social do estabelecimento: Coma Bem.

Faz sentido.

ETERNO ÍDOLO do Flamengo, Júnior capricha no autógrafo de sua autobiografia, “Minha paixão pelo futebol”, para João Bosco, o cantor, no lançamento, na Travessa do Rio Sul

DÉBORA BLOCH, a atriz, posa com Alexandre Herchcovitch na inauguração da loja do badalado estilista num shopping da Zona Sul carioca

PONTO FINAL

A metralhadora giratória de Ciro Gomes parece até relógio quebrado: erra muito, mas acerta duas vezes por dia.

Com todo o respeito.

Sobre o PMDB, Ciro disparou uma lista de nomes do que considera ser o “ajuntamento de assaltantes”. Citou os deputados Eduardo Cunha e Nelson Bornier, ambos do PMDB-RJ.

Mais adiante, citou os senadores Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL), para dar exemplos de lideranças que permaneceram no poder nas gestões FH e Lula.

CLÁUDIO HUMBERTO

“Ciro é muito mais aliado do que muitos que elogiam o governo”
CHEFE DE GABINETE DO PRESIDENTE LULA, GILBERTO CARVALHO, SOBRE CIRO GOMES (PSB)

ASSASSINATO DE VILLELA COMPLETA OITO MESES
Completam-se nesta quarta (28) oito meses do brutal assassinato do ex-ministro do TSE José Guilherme Villela, de sua mulher Maria e da empregada, mortos no apartamento em que residiam, em Brasília, com um total de 73 facadas. Há duas semanas, a Polícia Civil interrogou a filha mais velha do casal, Adriana, na condição de suspeita. A polícia suspeita que dois PMs e um policial civil de Goiás executaram o crime.

PLANEJAMENTO
A polícia apura denúncia de que o crime foi planejado em reuniões secretas no aeroporto de Alto Paraíso de Goiás, a 221 km de Brasília.

GIRAMUNDO
Tal como a família Lula, que tem cidadania italiana, a candidata Dilma não precisa se preocupar com o futuro: ela tem cidadania búlgara. 

HOLIDAY ON ICE 
Primeiro, Lula “navegou na maionese”, agora está “de salto alto”, segundo Ciro Gomes. Desse jeito, será escorregão na certa. 

CHAVE DE CADEIA 
Ciro diz que PMDB é “ajuntamento de assaltantes”. O Ministério Público Federal chamou os mensaleiros do PT de “quadrilha”.

DEPUTADOS DEPÕEM NO MP SOBRE VENDA DE LEI
Na investigação da denúncia de que a “Lei do Passe Livre”, em vigor no DF, foi comprada pelos empresários de ônibus, o Ministério Público decidiu convocar para depor o deputado federal Alberto Fraga (DEM), ex-secretário de Transportes, e os deputados distritais Eurides Brito (PMDB), que apareceu em vídeo metendo maços de dinheiro na bolsa, e Benicio Tavares (PTB), também enrolado no escândalo do DEM.

PÉ DE CABRA
Pela “Lei do Passe Livre”, o governo do DF transfere R$ 4 milhões por mês para empresas de ônibus transportarem estudantes de graça.

SUBORNO RATEADO 
O ex-senador Valmir Amaral (POTB), dono de empresas de ônibus, denunciou ter sido chamado a “ratear” o suborno para os deputados.

A FILA ANDA 
O MP/DF já ouviu Valmir Amaral, o líder dos empresários de ônibus, Wagner Canhedo, e Vitor Foresti, dono da empresa Viação Planeta.

ANJO DA GUARDA
Só orações talvez não bastem após os depoimentos na CPI da Bancoop na Assembleia Legislativa de São Paulo, semana que vem, de cooperados, engenheiros e do ex-funcionário Hélio Malheiro (irmão do ex-diretor, morto em acidente).

VIROU VERDADE
Mesmo após o vexame da “interpretação equivocada da foto” de Norma Bengell como Dilma Rousseff, o blog da candidata petista mantém a mentira, que, como dizia o nazista Goebbels, “tanta vezes repetida”...

VERGONHA NACIONAL
Agora que até o vice-presidente foi vítima do golpe do telefonema do “sequestro”, talvez os governos estaduais tomem vergonha e instalem bloqueadores de telefones celulares nos presídios. Talvez.

INSULTO FINAL
Aposentados marcharam na Câmara dos Deputados ontem cantando “Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí”. Não adiantou, o insulto do governo Lula vai ficar mesmo nos 6,14%.

ISENÇÃO DE IPI 
O Senado aprovou ontem projeto que isenta de IPI automóvel adquirido por pessoa com deficiência auditiva. O projeto, do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), deve seguir para análise da Câmara dos Deputados.

IDADE PROIBIDA
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do governo federal, celebra 45 anos com máxima discrição. Teme fazer “propaganda subliminar” tucana, como a que impede a Globo de festejar os 45 anos.

MARCA DO PÊNALTI 
O governador do DF, Rogério Rosso, cogita substituir o secretário de Agricultura, Wilmar Silva. Ele pula de partido sem cerimônia: já passou por vários deles e agora quer voltar ao PMDB do governador, é claro... 

TIRO NO PÉ
Cerca de cem manifestantes invadiram os corredores da Câmara dos Deputados pedindo a aprovação da PEC que cria a Polícia Penal. O protesto só resultou em sujeira e a antipatia dos parlamentares.

PENSANDO BEM...
...só falta agora a Bolsa-motel para tratar da saúde.

PODER SEM PUDOR 
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Os então presidentes da Câmara e do Senado se encontraram a caminho de uma sessão solene no plenário, em 2004: João Paulo Cunha (PT-SP) estava cercado de jornalistas e o senador José Sarney (PMDB-AP) de seguranças. O deputado comentou:
– Você está mais bem acompanhado...
Sarney apenas sorriu.