quinta-feira, abril 15, 2010

DEMÉTRIO MAGNOLI

Flores no túmulo de Tancredo
Demétrio Magnoli  
O Estado de S.Paulo

Para onde pender Minas Gerais, se inclinará o Brasil, imaginam os estrategistas de José Serra e Dilma Rousseff. A candidata do PT inaugurou sua campanha solo com um périplo mineiro e - entre tantos lugares! - enveredou pelo caminho de São João Del Rei, até o túmulo de Tancredo Neves, no qual depositou flores. O gesto recende a oportunismo eleitoreiro paroxístico, e também é isso. Mas não é só isso: Dilma está fazendo uma declaração sobre a História - ou melhor, uma declaração contra a História.

Lula e o PT acercaram-se de Delfim Netto, celebraram com Jader Barbalho, aliaram-se a José Sarney, trocaram figurinhas com Paulo Maluf, assopraram as cicatrizes de Fernando Collor. O que é um Tancredo perto disso? Uma diferença, entre tantas, está na circunstância de que a figura homenageada deixou o mundo dos vivos para ingressar no firmamento dos símbolos. Tancredo é uma representação: o ícone da transição pactuada que deu origem à Nova República. O PT vilipendiou aquela transição e decidiu não fazer parte da ordem que nascia. Primeiro, expulsou seus três deputados que votaram por Tancredo no Colégio Eleitoral. Depois se recusou a homologar a Constituição de 1988. O que fazia Dilma no berço simbólico de tudo o que o PT queimou na maior encruzilhada de nossa história recente?

A coerência absoluta é privilégio das seitas políticas, responsáveis apenas perante seus próprios dogmas. Todos os partidos de verdade, aqui e alhures, experimentam ambivalências ao olhar para trás, na direção de seu passado. Mas o lulopetismo encontra-se numa categoria separada. A narrativa histórica implícita na peregrinação ao túmulo de Tancredo se situa em algum ponto entre a esquizofrenia e o distúrbio bipolar. E, no entanto, há método na loucura.

O PT surgiu como leito de confluência de muitas águas e diferentes histórias. Na média, identificava-se como um partido de ruptura, socialista mas avesso ao "socialismo real". Depois, à medida que se aproximava do poder, converteu-se num partido da ordem. A conversão, contudo, jamais assumiu as formas de uma releitura honesta de seu passado e de uma crítica política de suas ideias originais. A antiga corrente liderada por José Genoino bem que tentou, mas o PT não seguiu a dura trilha de aggiornamento pela qual, ao longo de meio século, os partidos marxistas da Segunda Internacional se transformaram na atual social-democracia europeia. Na hora do triunfo de Lula, a distância incomensurável entre palavras e atos teve de ser vencida pelo recurso a um salto fraudulento: a Carta ao Povo Brasileiro, produzida por ex-trotskistas e assinada pelo candidato como negação do programa partidário. Não é trivial encarar o passado quando se joga esconde-esconde com a política.

Lula pilotou a política econômica com o software elaborado por FHC e foi buscar no ninho tucano o operador dos manetes do Banco Central. Dilma jura que rezará as três orações do livro da ortodoxia: câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário. Paralelamente, as resoluções do Congresso do PT de 2007 lamentam a queda do Muro de Berlim e reiteram tanto as "convicções anticapitalistas" quanto o compromisso com a "luta pelo socialismo". No partido, desde as crises da cueca e do caseiro, ninguém mais ousa sugerir um aggiornamento - uma carência que se traduz pelo agravamento dos sintomas de esquizofrenia. A dicotomia se desenvolve como uma bifurcação de negações complementares: a prática de governo lulopetista não pode encontrar expressão na plataforma partidária e as palavras escritas pelo partido não podem encontrar correspondência nos programas de governo.

Já existem duas versões da História do Brasil, tal como narrada por Lula. A original, apoiada na chave da ruptura, diz que a Nação alcançou a independência com a inauguração de sua presidência, após a longa noite de "500 anos" na qual "a elite governou este país". A segunda, apoiada na chave da continuidade, diz que Lula restaurou uma estrada de emancipação projetada por Getúlio Vargas ("o presidente que tirou toda a Nação de um estágio de semiescravidão"), implantada por Juscelino Kubitschek ("quem conscientizou o País de que o desenvolvimento nacional é uma prerrogativa intransferível de um povo") e pavimentada por Ernesto Geisel ("o presidente que comandou o último grande período desenvolvimentista do País"). As duas versões lulistas são contraditórias entre si, mas convivem na harmonia perfeita do distúrbio bipolar.

No inverno de 1077, o imperador excomungado Henrique IV viajou ao castelo papal de Canossa e aguardou à porta, sob a neve, por três dias e três noites, até receber o perdão de Gregório VII. A peregrinação de Dilma à Canossa tropical do lulopetismo equivale à adição de um novo capítulo na versão continuísta da História do Brasil. O que o capítulo adventício acrescenta ao conjunto, em termos de sentido?

Há uma invariante nas narrativas lulopetistas sobre o passado, que é o conto de uma queda. Nas duas versões, a presidência de FHC representa uma catástrofe existencial: a venda do templo e a conspurcação dos lugares santos. Para todos os efeitos, FHC desempenha o papel de chefe supremo dos "exterminadores do futuro", na frase fresca de uma Dilma que acabara de se ajoelhar diante do túmulo de Tancredo. O capítulo novo, escrito em São João Del Rei, estende a narrativa da continuidade e demarca o lugar exato do abismo.

A escalada nacional rumo à montanha da glória começa em Vargas e prossegue com Juscelino, Geisel e Tancredo, até se desviar com FHC, projetando a Nação nas profundezas do vale da desolação. Sob a liderança de Lula, a montanha foi afinal conquistada. O despenhadeiro, porém, continua à vista e uma melodia encantatória ameaça reconduzir-nos, de olhos vendados, para a perdição. Dilma depreda a história - a nossa, a dela, a do PT. Mas há método na loucura.

Demétrio Magnoli É Sociólogo e Doutor em Geografia Humana (USP).

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Fusões e aquisições no setor de açúcar e álcool já atingem volume de 2009 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 15/04/2010

O número de transações no setor sucroalcooleiro nos primeiros três meses e meio deste ano no país acaba de alcançar a mesma quantidade de operações realizadas em todo o ano de 2009, quando foram realizados 13 negócios.

Março concentrou o maior volume de operações. A transação mais recente ocorreu neste mês, em que o grupo Alta Alegre comprou a usina Cofercatu. Entre os grandes negócios de 2010 estão a aquisição da Brenco pela ETH Bioenergia e a união entre Cosan e Shell.

A movimentação tem sido impulsionada por fusões e aquisições entre empresas brasileiras, segundo levantamento da KPMG, que afirma que não é possível elencar os valores gerais, já que muitas envolvidas não possuem capital aberto e não divulgam as informações.

Das 13 transações registradas, sete foram domésticas -de compra de empresa brasileira por outra brasileira. Três negócios foram do tipo CB1, em que um estrangeiro compra de brasileiro no Brasil, dois foram CB3 -brasileiro comprando de estrangeiro no Brasil- e um foi CB4, de estrangeiro comprando de estrangeiro no país.

"Isso aponta que o movimento ocorre entre as médias, que são as brasileiras. As que estão mais abaixo no ranking estão se juntando para se protegerem ou se fortalecerem, ganharem musculatura e, quem sabe, serem vendidas ou compradas no futuro", diz André Castello Branco, sócio da KPMG.

Neste ano, a quantidade de transações deve voltar ao nível de 2007 -ano recorde de fusões e aquisições.

O setor ainda é pulverizado, com 430 indústrias sucroalcooleiras. Entre 2007 e 2008, os dez maiores grupos detinham 28% do mercado. Já em 2009 e 2010, essa participação subiu para 34%.
Olho no Olho 
A multinacional francesa Essilor International, fabricante das lentes Varilux, vai investir cerca de R$ 75 milhões no Brasil neste ano. O recurso será direcionado a desenvolvimento de tecnologia digital, ampliação da capacidade de produção e parcerias, segundo Thomas Bayer, presidente da Essilor no Brasil e na América Latina. "Também pretendemos investir parte disso para participar do capital de alguns dos laboratórios com os quais já trabalhamos hoje", diz Bayer, que está de olho no envelhecimento da população brasileira. "Nosso foco são todas as pessoas que precisam de correção visual, mas os adultos acima de 40 anos são um mercado forte para a empresa."
Sorria e Você Está Sendo Filmado 
O mercado de equipamentos e tecnologia de segurança eletrônica prevê crescimento de 70% em vendas para os próximos três anos, atingindo cerca de US$ 500 milhões em 2012, segundo a Abinee (associação brasileira da indústria eletrônica). De olho nesse cenário, a Kodo, distribuidora de produtos de segurança, está investindo na ampliação da fábrica em Ilhéus (BA). O parque fabril irá passar de 700 m2 para 1.050 m2. "Por conta da concorrência que irá aumentar com o crescimento do mercado, vamos ampliar a linha de produção. O objetivo é reduzir custo, ter eficiência de produção e melhorar a qualidade dos produtos", diz Sanghee Han, presidente da Kodo. A empresa acaba de fechar parceria com a financeira Aymoré para toda a linha de produtos e softwares. A distribuidora prevê financiar até o final do ano cerca de R$ 6 milhões em produtos. A estratégia é aumentar o faturamento em até 30%.
BRICs 1
Uma proposta apresentada pela Fiesp ao governo para facilitar e aumentar o comércio entre os Brics estará na pauta de reuniões da cúpula. A ideia é criar um sistema de compensação cambial entre os bancos centrais que contabilize créditos e débitos de trocas comerciais, como o CCR (Convênio de Crédito Recíproco) dos países da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração).
BRICs 2 
Uma das vantagens do convênio é a redução de custos de financiamento, o que aumenta a vantagem competitiva entre os Brics, segundo Roberto Giannetti da Fonseca, da Fiesp. "O comércio intrarregional dos Brics é de US$ 200 bilhões ao ano. Com o convênio, só precisariam ser desembolsados algo ao redor de US$ 30 bilhões."
Estrada
A Chemtech, da Siemens Company, inaugura neste mês seu sétimo escritório no Brasil, em Natal, no Rio Grande do Norte. A base foi criada para atender ao contrato da RPCC (Refinaria Potiguar Clara Camarão), da Petrobras.
Fronteiras
"Há dez anos, a Índia projetou que exportaria US$ 50 bilhões em serviços de tecnologia da informação em 2009. Chegou perto, alcançou US$ 47 bilhões", disse Pramod Bhasin, presidente da entidade que reúne empresas de tecnologia no país, a Nasscom, em visita à Brasscom (associação brasileira de empresas de tecnologia da informação e comunicação) nesta semana. A expectativa é que até 2020, as exportações alcancem cerca de US$ 175 bilhões.

MÔNICA BERGAMO

Cachorro-quente 
Mônica Bergamo 
Folha de S.Paulo - 15/04/2010

Thaila Ayala vai interpretar o papel que foi de Malu Mader na nova versão da novela "Ti-Ti-Ti", da TV Globo. Capa da revista "Joyce Pascowitch" que chega hoje às bancas, a atriz, vegetariana há dois anos, diz que parou de comer carne por "compaixão para com os animais". "Já tive várias recaídas porque adoro cachorro-quente, mas hoje não consigo porque não me faz bem", explica.
Eu devo, sim
Os clubes de futebol já apresentam um projeto a bancos que se disporiam a refinanciar suas dívidas milionárias. A proposta mais recente, elaborada por Delair Dumbrosck, ex-presidente do Flamengo, e Luiz Gonzaga Belluzzo, do Palmeiras, prevê que seja nomeado um gestor dos passivos, que teria um ano para eliminar parte do valor, por meio de negociações. Depois disso, começaria o processo de amortização. Os clubes teriam também a possibilidade de seus contratos (como os de patrocínio e os de televisão) serem usados como garantia para o financiamento das dívidas junto aos bancos
Pagar com a Bola 
Dumbrosck e Belluzzo defendem ainda a criação de um Tribunal de Contas Esportivas, com poder de punir com perda de pontos e rebaixamentos as agremiações que não alcancem equilíbrio financeiro.
Ser ou não ser
Ciro Gomes (PSB-SP) não enviou representante à reunião da TV Bandeirantes que acertou a realização do primeiro debate entre presidenciáveis, no dia 5 de agosto. Já Dilma Rousseff (PT-RS), Marina Silva (PV-AC) e José Serra (PSDB-SP) despacharam assessores para a emissora paulista. E confirmaram participação.
Promoção
Evanise dos Santos, a Eva, namorada de José Dirceu, está no comando do departamento de marketing do jornal "Brasil Econômico". Ela assumiu o cargo há pouco mais de um mês e seu nome já está no expediente. A missão de Eva é organizar seminários e eventos que promovam a publicação.
Na Rede
Eva também estreou no Twitter, território em que Dirceu ainda não se aventurou.
No Pé
E Marina Silva passou a seguir Dilma Rousseff no Twitter.
No Pé 2
Já Dilma, em sua primeira semana no microblog, decidiu seguir twitteiros como Abílio Diniz, Ana Maria Braga, Ivete Sangalo, MVBill e José Nobre Guimarães, o irmão de José Genoino cujo assessor foi apanhado com dólar na cueca em meio ao escândalo do mensalão.
Multidão
Superaquecido, o mercado doméstico de voos pode registrar, até o fim do ano, a marca de 64 milhões de passageiros transportados -contra 56 milhões no ano passado. A taxa de ocupação das aeronaves, por exemplo, que girava em torno de 60%, já chega a quase 80% no primeiro trimestre do ano.
Centro da Moda
A praça Roosevelt, no centro de São Paulo, vai virar passarela. O grupo de teatro Os Satyros vai realizar o concurso Garota Satyrianas, que irá eleger a pessoa mais emblemática do local. "Podem participar meninas, transexuais, travestis. Sem limite de idade", diz Ivam Cabral, um dos fundadores da companhia. O plano é realizar o evento na abertura do Satyrianas, festival de artes que ocorre em novembro e comemora os dez anos do grupo no local.
Bola na Rede
Uma bola de futebol de 18 metros de diâmetro será montada no vale do Anhangabaú para abrigar a exposição "Futebol Majestade". A mostra, que tem fotos do extinto jornal "Última Hora", exibirá 60 imagens inéditas de Pelé e será aberta ao público no dia 27, em comemoração do Dia do Trabalho.
Tão Bonzinhos...
Detidos no ano passado por invadir o Senado fantasiados e tentar entregar uma faixa de "Miss Desmatamento" à senadora Kátia Abreu (DEM-TO), três militantes do Greenpeace foram processados -e acabaram fazendo acordo com a Justiça. Eles se comprometeram a manter distância do Parlamento por cinco anos. Detalhe: o acordo só vale para os três. Outros integrantes da organização não estão obrigados a seguir a determinação.
Passarela Canina
O cabeleireiro Celso Kamura vai desfilar no Pet Fashion Week, evento de moda para cães que ocorre pela primeira vez no Brasil nos dias 24 e 25. Na passarela, ele acompanha seus dois cachorros da raça whippet: Alê e Donna, homenagem aos estilistas Alexandre Herchcovitch e Donna Karam.
Curto-circuito
A PEÇA "Miss Brasil Sou Eu - A Comédia da Beleza", com o ator Renato Kramer, estreia hoje, às 21h, no teatro Santo Agostinho, na rua Apeninos, na Liberdade. 14 anos.

ACONTECE HOJE, a partir das 19h, na sala Tatersall do Jockey Club, o leilão beneficente de 74 esculturas de vacas criadas para a 2ª edição do evento Cow Parade.

O COQUETEL de lançamento do festival gastronômico "Whisky Festival" acontece hoje, às 19h30, no HSBC Belas Artes. Classificação etária: 18 anos.

JAPA GOSTOSA

ANCELMO GÓIS

Ponte do Fundão  
Ancelmo Góis 

O Globo - 15/04/2010

Uma nova ponte vai ligar a Ilha do Fundão à Linha Vermelha, no Rio. Ficará perto do Caju, facilitando a ligação entre a Zona Sul e a Cidade Universitária.

A obra será bancada pela Petrobras, que tem um grande centro de pesquisa na ilha, e já paga a dragagem do canal do Cunha.
Outra...
Aliás, a estatal também vai dragar as áreas em torno dos antigos estaleiros Ishibrás e Caneco, na Baía de Guanabara.

Com isso os dois estaleiros poderão construir navios maiores para a própria estatal.
Calote externo
O Ministério do Esporte está sendo cobrado por uma dívida de C 60 mil na Alemanha. As credoras são três empresas que cuidaram da participação brasileira no Encontro de Negócios Esportivos de Munique, a maior feira do gênero na Europa.

O atraso no pagamento já passou de oito meses.
Casa Grande
Em ano eleitoral, causou um ruído o convite para FH fazer a palestra de abertura da Flip, em agosto sobre Gilberto Freyre.

A organização da festa literária alega, com razão, que o tucano escreveu, como sociólogo, artigos importantes sobre o autor de “Casa Grande e Senzala”.
Cena carioca
Terça, na Rua Barão de Lucena, em Botafogo, uma mulher de uns 50 anos foi a um taxista: “O sr. está disponível?” E o do volante, gaiato: “Senhora, sou casado, mas se não fosse...” De tão passada, a moça pegou outro táxi. Há testemunhas
A guerra de Barone
João Barone, o baterista dos Paralamas do Sucesso que é estudioso da II Guerra Mundial, fechou com Luiz Carlos Barreto a produção de uma minissérie para TV sobre a FEB.

Vai se chamar “Terra de ninguém”.
A era das revoluções
Ontem, Lula citou sete vezes a palavra “revolução” para descrever seu governo. É revolução no comportamento, no sindicalismo e até na área da pesca.

Como se sabe, graças ao Ministério da Pesca, criado por Lula, o país tem hoje muito mais... funcionários do Ministério da Pesca.
Aliás...
Lá pelas tantas, em seu discurso, Lula criticou a falta de ousadia do Sebrae e disse que o órgão “pode mais”.

Ué, mas esse não é o slogan do Serra, que Lula criticou?
JK
Para comemorar os 50 anos de Brasília a Editora Objetiva esta lançando uma versão de bolso do livro “JK, o artista do Impossível”, de Claudio Bojunga.
Meu Deus...
O Ministério Público do Rio denunciou, em Petrópolis, por estupro e atentado violento ao pudor um pai acusado de abusar sexualmente da filha, desde 2001, quando ela tinha apenas 5 anos.

Em fevereiro agora, a vítima deu à luz uma menina, que exame de DNA provou ser filha dele. Meu Deus.
Irmão do Bussunda
Há uma articulação para trocar o candidato ao governo do Rio do bloco PSDB/DEM/PPS.

No lugar de Fernando Gabeira entraria o economista Sérgio Besserman. A conferir.
Fundo de Quintal
Desde 20 de novembro, o grupo Fundo de Quintal espera para receber o cachê de um show contratado pela prefeitura do Rio, dentro dos festejos do Dia de Zumbi.
Jorge seguro
O advogado Jorge Hilário Gouvêa Vieira, ex-presidente do IRB, assume hoje a presidência da Confederação Nacional de Seguros.
Festa imperial
Quinta passada, teve festa na casa de Adriano, na Barra. O bafafá foi até quase o amanhecer.

O Imperador não entra em campo pelo Flamengo há quatro jogos.
País das gordinhas
A rede de lojas Leader lançou uma lingerie sensual com estampa de oncinha em tamanhos especiais para... gordinhas.

O estoque acabou em uma semana.

CELSO MING

A reinvenção da pólvora 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 15/04/2010

Amanhã será realizada em Brasília a segunda reunião de cúpula dos Brics. Não se trata aqui de montar um arsenal de decisões econômicas e políticas com consequência para o resto das nossas vidas. Trata-se apenas da retomada de um processo de entendimento que pode, sim, um dia, ter algum significado estratégico que, no momento, ninguém prevê.

Esta é a primeira vez que uma sigla montada sem nenhum conteúdo especial ganha importância pelo sentido que no futuro poderá ter. Bric é um acrônimo. É uma palavra formada com as iniciais de quatro países afastados entre si: Brasil, Rússia, Índia e China.

Foi criado em 2001 por Jim O"Neill, economista-chefe do Goldman Sachs, para designar os quatro países emergentes com mais probabilidade de se transformar em potência econômica.

Bric não estabelece nem mesmo uma ordem entre as letras. Podia ser Cirb, Crib ou Birc. Ficou sendo Bric aparentemente porque lembra tijolo em inglês (brick).

Quando o Financial Times criou o termo Pigs (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha), pelo menos referia-se a certa unidade geográfica (os quatro são da União Europeia) e a uma característica comum: potenciais maus pagadores. Nem mesmo isso pode ser encontrado nos Brics.

Os quatro detêm uma população de 2,9 bilhões de habitantes (43% do mundo), um PIB conjunto de US$ 8,7 trilhões (17% do mundo), exportações de US$ 1,8 trilhão (12%) e reservas externas de US$ 3,4 trilhões (38% do total). No entanto, não apresentam nenhuma unidade, nem política nem geográfica nem econômica.

Não mantêm entre si alianças estratégicas, nem permanentes nem episódicas. Ao contrário, entre eles há notáveis divergências. China e Índia, por exemplo, procuram empurrar produtos fabricados em seus países a preços que muitas vezes são considerados dumping (vendidos abaixo do custo) no Brasil. Apesar dos esforços do ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, de que se construa a sua bombinha, o Brasil é o único que não faz parte do seleto clube nuclear e isso, por si só, o deixa estranho no ninho.

Mas o fato relevante é que Bric foi uma designação que pegou. Todo o mundo a conhece e a toma como referência em qualquer fórum econômico quando se quer designar um conjunto de países que se notabiliza pela atual e, sobretudo, potencial energia econômica, especialmente quando a ele se compara o que hoje acontece nos países de alta renda.

Pó de carvão, enxofre e salitre são materiais que isoladamente não dizem muita coisa. Quando um chinês desconhecido os misturou, inventou a maravilha dos fogos de artifício. Séculos mais tarde, os portugueses viram aquilo a que deram o nome de pólvora e lhe deram outro uso.

Deve ser a expectativa de que um dia aconteça alguma coisa parecida com os Brics que chama atenção para essa reunião. O simples fato de que seus líderes estão agora se falando sugere que o novo agrupamento pode ganhar consistência e, quem sabe, tornar-se um bloco coeso.

Se isso acontecer, será a primeira vez que um exercício despretensioso de um economista ganhará significado.
Escorregando
As cotações do dólar voltaram ao patamar do início de janeiro. De lá para cá, as reservas externas cresceram 2,6%. O Banco Central comprou cerca de US$ 6 bilhões em moeda estrangeira nesse período. Mesmo assim, as cotações do dólar continuam escorregando no câmbio. Em abril (até ontem), a baixa acumulada é de 1,9% e em 12 meses, de 20,4%.
Mostrando o muque
"A força dos quatro" é o título do artigo sobre os Brics que saiu ontem no Times of India. Assina o presidente russo Dmitri Medvedev.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Rio tira o pé das enchentes? 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 15/04/2010 

Sergio Cabral recebe Guido Mantega hoje, no Rio, para bater o martelo no Plano de Ajuste Fiscal para o Estado. Que prevê um aumento de R$ 5,3 bilhões em seu espaço de endividamento.

Desse valor, R$ 1 bilhão vai para moradia, R$ 900 milhões vão para trens e outro R$ 1 bi para saneamento. Num processo que Cabral define como "nova visão urbana" , integrando ações em transporte e habitação.

Detalhe: os recursos para habitação serão reforçados por nova linha do FGTS, anunciada por Carlos Lupi, do Trabalho.

Lá e cá
O projeto de Serra para o pré-sal inclui um fundo nacional para financiar a educação nos Estados e municípios.

Implementando direções semelhantes às adotadas em SP.

Profissional
Na briga pela presidência da Previ - o mandato de Sergio Rosa acaba em maio - destaca-se um nome técnico do próprio fundo que poderia agradar a gregos, troianos e jamaicanos: o de Fábio Moser.

De quem entende
No seu report para clientes, esta semana, Affonso Celso Pastore é tachativo: a economia está se superaquecendo e a inflação mantém-se em crescimento, devendo superar a meta em 2010.

Para evitar um ciclo total de reajustes, defende aumento de 0,75 ponto nos juros, na próxima reunião do Copom.

De quem 2
Mas, ante as contradições expressas na ata da última reunião, sem explicações convincentes para não elevar os juros, Pastore tem dúvidas sobre o que o BC efetivamente fará.

Hummm...
Dilma tinha jantar marcado ontem com na casa de Ana Maria Braga.
Com ou sem Louro José?

Cadeira vazia
Michel Suleiman, presidente do Líbano, visita Lula e Kassab, dias 22 e 24. Será que sai, enfim, o embaixador libanês, aguardado há 1 ano?

Espelho meu
O Grupo Pão de Açúcar e as Casas Bahia vão se acertar.

E, publicamente, quem sairá ganhando será a família Klein.

Ouro em couro
Onde é o maior leilão de gado do mundo? Aqui mesmo no Brasil, em Água Bonita (MT).
Ano passado, o evento faturou R$ 20 milhões. Neste ano, a expectativa é maior: pretendem vender 30 mil animais. Maurício Tonhá, da Estância Bahia Leilões, calcula que o leilão deverá envolver mais de R$ 40 milhões.
Só em frete, manejo e alimentação do gado vão R$ 2,7 milhões.

Lotação
O pastor Marcos Gladstone, da Igreja Contemporânea Cristã, quer lotar um ônibus com fiéis do Rio rumo a São Paulo, para... a Parada Gay. A instituição defende a união de homossexuais.
Porto Sul
O Ministério Público Federal em Ilhéus entrou com pedido de liminar. Quer suspender a audiência pública de hoje sobre a construção do Porto Sul.

Eduardo El Hage e Flávia Arruti, procuradores, alegam que o relatório sobre impacto ambiental da Bahia Mineração tem irregularidades e nada diz sobre os reflexos para os moradores.
Na frente
Eugênia Esmeraldo, do Masp, está em Milão. Onde fala, a convite da Universidade de lá, sobre Pietro Maria Bardi - cuja obra vem sendo pesquisada, há tempos, na Biblioteca Trivulziana.

Edgard Octavio abre mostra, hoje, na Monica Filgueiras.

Adriana Falcão marca presença na Flipinha. Junta-se a outros 19 escritores dedicados ao público infantil na Flip.

A partir de sábado, seis estações de metrô abrigarão obras do acervo de arte e tecnologia do Itaú Cultural.

O grupo Iguatemi vai dar à Pinacoteca e ao MAM da Bahia o direito de escolherem R$ 30 mil em obras, cada um,na SP Arte desse ano.

Grupo de 34 alunos da Universidade Harvard visitam o Centro de Treinamento DST/Aids de SP. Vêm conhecer os projetos do Estado.

Breno Silveira escolheu Dira Paes e João Miguel para seu próximo longa, À Beira do Caminho. A equipe parte hoje para filmar em 15 cidades.

Eduardo Suplicy preocupou os santistas ao chegar ao Morumbi, no domingo. O clima melhorou quando viram chegar um famoso pé quente do time: Gilmar Mendes.

JAPA GOSTOSA

MÍRIAM LEITÃO

Monte de riscos  
Miriam Leitão 

O Globo - 15/04/2010

Uma liminar pode ser cassada, mas as dúvidas permanecerão. O espantoso no leilão da hidrelétrica de Belo Monte é que as dúvidas e incertezas estão em todos os pontos. Os fundos de pensão, que estão sendo empurrados para participar, acham que o retorno não garante nem suas obrigações atuariais. As empresas estão pressionando por mudanças na engenharia financeira.

Pode-se recorrer da liminar da Justiça do Pará que suspendeu o leilão de terçafeira, mas não dá para tapar com a peneira os enormes riscos de todos os tipos que essa obra representa.

As empreiteiras que desistiram de participar podem voltar. As negociações estão intensas. Querem condições de financiamentos ainda melhores, isenção de impostos, tudo que aumente o retorno do empreendimento.

Na pior das hipóteses, aceitam participar depois como construtoras.

Mas até os fundos de pensão estão dizendo que o retorno, com a energia a R$ 83 o megawatt, não lhes atende.

Se participarem, vai ser uma decisão política, uma imposição governamental.

Quem vê a questão apenas do ponto de vista ambiental acha que os riscos são grandes demais, até porque, como disse aqui, pareceres do Ibama não garantiram viabilidade ambiental do empreendimento, e mesmo assim foi dada a licença prévia.

Quem vê apenas do ponto de vista econômico-financeiro considera que as concessões ambientais tornaram o empreendimento arriscado demais. É que para não fazer um grande lago, como sempre se fez nas hidrelétricas tradicionais, a usina vai operar a fio d’água, com tecnologia de turbinas bulbo. Haverá alagamento, mas de uma área menor.

Mesmo assim é uma área considerável: 516 km2 serão alagados. Seria um lago três vezes maior. Essa “concessão” de redução da área alagada fará com em três meses por ano a usina possa estar produzindo apenas 1 mil MW, dos seus 11 mil MW potencial. A energia firme não deve passar de 4 mil MW, segundo todos os técnicos que ouvi. Da perspectiva do empreendedor, mais seguro seria fazer um grande lago, usar as turbinas tradicionais e ter uma energia firme mais alta. Eles dizem que abrir mão dessa possibilidade foi uma grande concessão feita às preocupações ambientais.

Da perspectiva dos ambientalistas, mesmo essa opção da nova tecnologia não é suficiente para tornar o impacto aceitável, já que será reduzido fortemente o fluxo da água do leito tradicional do rio, para desviar esse fluxo para a usina, e isso causará um impacto de dimensões ainda não calculadas.

O governo não respondeu às inúmeras dúvidas levantadas por ambientalistas, índios, ribeirinhos, ONGs, mas principalmente pelos técnicos do Ibama.

Há um ponto levantado como problema pelos dois lados, por razões diversas: a complexidade da obra. Terão que ser escavados canais de 30 quilômetros de extensão; o volume da escavação será de cerca de 230 milhões de m3, maior do que o Canal do Panamá, mobilizando três mil equipamentos pesados. Terão que ser construídos 260 quilômetros de estradas de acesso aos vários pontos do canteiro.

Os empreendedores, ou potenciais participantes do leilão, veem essa complexidade como custo e incerteza econômico-financeira. Os ambientalistas veem como impacto ambiental intolerável.

O problema dos empreendedores é fácil resolver: querem preço. Ou um preço maior para a energia que lhe dê, segundo ouvi ontem, um “colchão” de segurança para as surpresas de uma construção dessa complexidade, e para os riscos de paralisações, bloqueios e ações do Ministério Público; ou concessões fiscais e financeiras.

Os ambientalistas acham que a única coisa razoável a fazer é desistir da obra. O Ministério Público invoca o princípio da precaução e diz que com tamanha incerteza é preferível se interromper o processo agora, corrigir os vícios, responder às dúvidas, antes de se fazer o leilão.

O presidente Lula disse ontem que “eles já destruíram a floresta deles” e agora querem se intrometer na nossa.

Tenta acender com esse lugar comum o sentimento nacionalista pelo fato de dois artistas de Hollywood terem falado contra o projeto. Ninguém vai tomar uma decisão dessa importância pela opinião de qualquer celebridade do showbiz. As dúvidas são brasileiras.

Há um temor que ouvi de técnicos e de procuradores: o de que mesmo essa concessão de se fazer uma usina a fio d’água seja revertida mais tarde. Que diante da constatação, mais tarde, de que o projeto não é lucrativo, eles tentem fazer novas usinas.

O governo nega que haja esse risco. Mas empreendedores me disseram, com todas as letras, que, sim, se pensa que no futuro pode até ser feita uma usina tradicional de grande alagamento para que o projeto seja mais econômico.

Há uma enorme incerteza geológica que assusta tanto um lado quanto o outro. A escavação será feita num terreno que não foi suficientemente estudado. Como é uma área muito grande e o tempo era curto, o estudo foi feito por amostragem e tomou-se como boa a hipótese de que aquelas amostras representam toda a área. Vai se começar a escavar uma área que não se sabe até que ponto é rocha, até que ponto é terra.

Seja qual for o ponto de vista, a obra traz incertezas demais. O BNDES se prepara para amanhã afogar as dúvidas dos empreendedores, oferecendo um canal de dinheiro público que vai aumentar o subsídio ao financiamento.

Assim, o governo poderá dizer que conseguiu fazer um leilão por um preço baixo da energia, e uma parte enorme do custo será escondido nas condições de financiamento que ficarão abaixo, muito abaixo, do custo que o próprio governo consegue para rolar a sua dívida. Faltam três dias úteis para o leilão e as incertezas são insanáveis.

PAINEL DA FOLHA

Conta outra 

Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 15/04/2010

Com o PMDB em estado de alerta desde o anúncio de que os petistas Fernando Pimentel e Patrus Ananias se enfrentarão numa prévia em Minas, o comando da campanha presidencial de Dilma Rousseff colocou para circular mensagem tranquilizadora, segundo a qual o vencedor da disputa interna concorrerá ao Senado, e o PT sem dúvida apoiará Hélio Costa.

"Só que ninguém está acreditando nessa história de prévia de mentirinha", diz um cacique do PMDB. Desde o início da semana, o partido só faz se reunir para tratar dessa e de outras pendências com o aliado. Na confusão, Costa voltou a admitir reservadamente a possibilidade de disputar a reeleição ao Senado -mas apoiando o candidato a governador do PSDB.
De mulher... 
Da senadora Patrícia Gomes (PDT-CE), ex-mulher de Ciro: "Sempre elogiei a Dilma, mas a forma como ela age afasta o eleitorado. Fiquei impressionada com sua falta de sensibilidade indo ao Ceará neste momento de indefinição. Isso é tratar aliados como adversários".
...pra mulher
Segue Patrícia: "O Ciro fez muitos sacrifícios por este governo. A pedido de Lula, mudou seu título eleitoral para São Paulo. O PT retribui tirando a possibilidade de ele fazer alianças com pequenos partidos".
Sem cobrançaDe Marcelo Branco, responsável pela campanha de Dilma na internet, à rádio Gaúcha: "[A campanha na internet] não tem limites. Cada indivíduo pode se expressar da forma como achar melhor e a responsabilidade é dele, não da coordenação de campanha. Campanha na internet estimula a criatividade descentralizada".
Não desiste nunca
Em visita ao Mercado Modelo, em Salvador, José Serra ganhou de presente uma camisa de seu time. "Agora vai, o Palmeiras também pode mais", brincou o tucano, ainda que a equipe tenha sido eliminada do Campeonato Paulista.
Para variar
Diante da chuva intensa durante a visita de Serra às obras sociais de irmã Dulce, um dos integrantes da comitiva do ex-governador se lembrou do alagado verão paulistano e brincou: "Precisamos levá-lo também a algum lugar com estiagem".
Vida realAo pisar hoje em Alagoas, Serra começará a enfrentar a carência de palanques e aliados no Nordeste. Fará campanha ao lado de Teotônio Vilela (PSDB), que tentará a reeleição contra um arco de dez partidos a sustentar a candidatura de Ronaldo Lessa (PDT), pró-Dilma.
Fazer o quê?O PTB-SP decidiu que se não houver -e provavelmente não haverá- lugar para Romeu Tuma na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), lançará o senador à reeleição de forma "solteira".
Afinidades
Em São Paulo, deputados do PR até se interessam pela aliança oferecida por Paulo Skaf (PSB), mas Valdemar Costa Neto, quem de fato manda no partido, está firme e forte com o PT de Aloizio Mercadante.
FiosA saída de Astrogildo Quental da diretoria financeira da Eletrobrás coincide com o final das investigações da PF sobre irregularidades no setor elétrico que envolvem Fernando Sarney, filho do presidente do Senado e responsável por sua indicação.
Faroeste goiano 1Na ponta das denúncias de corrupção no Dnit de Goiás feitas por Marconi Perillo (PSDB) está Alfredo Soubihe Neto, superintendente regional do órgão. Ele é ligado ao deputado Sandro Mabel (PR), que circulou pelo governo com um dossiê contra o senador tucano, acusado de movimentar recursos em contas não declaradas no exterior.
Faroeste goiano 2Na campanha de 2006, Mabel informou à Justiça Eleitoral ter recebido R$ 15 mil de Souhibe, além de R$ 10 mil de uma empresa do ramo alimentício que leva o seu sobrenome.
Tiroteio

"No manual de inaugurações eleitoreiras de Serra, riscaram a palavra fiscalização."
Contraponto
Sem censura
Um grupo de deputados se reuniu ontem no cafezinho da Câmara para folhear a mais recente edição da revista "Playboy", que tem na capa a ex-BBB Cacau e no recheio uma entrevista com o também deputado e pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PSB). No meio do papo, o tucano Eduardo Gomes, de Tocantins, virou-se para o conterrâneo Laurez Moreira, correligionário de Ciro:

-Telefone aí para o Ciro, que eu quero agradecer a ele.

-Mas ele não falou bem do PSDB- estranhou Moreira.

Gomes então explicou:

-É que neste mês eu pude comprar a "Playboy"sem ter de inventar uma desculpa para a minha mulher...

JOSÉ SIMÃO

Socuerro! Rita Cadillac em 3D!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 15/04Q10

E o Brasil não é mais um país emergente. Depois dessas chuvas, virou submergente! Rarará!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! O Brasil não é mais um país emergente. Depois dessas chuvas, virou submergente. O Brasil agora é um país submergente!
E eu já sei o que nós, são-paulinos, temos que fazer pra vencer o Santos: afogar o Ganso! Rarará! E depois manda ele pra "Seleção Animal do Dunga": Pato e Ganso! Mula, Pato e Ganso! Vamos enriquecer a vida selvagem africana. Rarará! "Dunga Wild life!", "Malária Free!". E adorei a declaração da ex-noiva do Adriano Imperador: "Essas fofocas DEGRINEM a minha imagem". Rarará!
"Bispo da Universal ensina como pegar dizimo dos fieis durante a crise!" E sabe como ele se chama? Bispo Panceiro! Depois do dinheiro na cueca e do dinheiro na meia, temos dinheiro na pança! Bispo enche o panceiro de grana!
E amanhã estreia "Rita Cadillac -A Lady do Povo"! Eu vou ver. É em 3D? Imagine Rita Cadillac em 3D! Pense numa massa amorfa e gigantesca vindo em sua direção e engolindo você. Rarará! Isso que é soterramento! E sabe como a Rita Cadillac chama o bumbum dela? Ganha Pão! Uma vez morderam o bumbum da Rita Cadillac em Serra Pelada e saiu a manchete: "Morderam o meu ganha pão!".
A bunda da Rita é um abuso de autoridade. Uma afronta ao nu frontal. E nada contra bundas, eu só quero saber o que o brasileiro tem contra o resto do corpo. Rarará! E um amigo assistiu ao trailer e disse que a Rita Cadillac tá mais pra Rita CADILATA! Rarará! E o que você achou do filme? Meio bunda. Rarará!
E avisa pro Obama que arma nuclear é Coca Zero quente com McPeru frio. Arma nuclear é o ultimo CD da Britney Spears. E uma amiga entrou no shopping, viu uma Louis Vuitton falsa e falou pra vendedora: "Nossa, que falsificação perfeita". E a vendedora: "Não é falsificação, é réplica de primeira linha". Aí tucanaram a pirataria.
E essa outra: "Sony registra prejuízo pela primeira vez em 14 anos". E eu me confundi e li Sarney: "Sarney registra prejuízo pela primeira vez em 14 anos!". Aí sim a crise teria chegado ao Brasil. E eu sonhei que tinha engordado e perdido todas as roupas! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Aguardente": companheiro Lula economizando a água do planeta. Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

O ESGOTO DO BRASIL

O REI DO MENSALÃO

BRASIL S/A

A bela e a fera
Antonio Machado

CORREIO BRAZILIENSE - 15/04/10

Crescimento da economia no ano poderá ser o maior desde 1986, mesmo que o BC arreganhe os dentes


O volume de vendas do comércio em fevereiro, conforme a pesquisa mensal do IBGE, reforça a convicção de que o crescimento econômico este ano será brilhante, superando as expectativas mais otimistas.

As assessorias econômicas de instituições privadas que conseguem com razoável precisão simular o modelo usado pelo IBGE para apurar o Produto Interno Bruto (PIB) já encontram taxas de crescimento de arrepiar para 2010, comparadas a 2009, quando houve queda de 0,2%.

O desempenho corrente do comércio vitamina tal cenário. As vendas em fevereiro do chamado varejo ampliado, que inclui carros, peças e materiais de construção, cresceram 2,1% sobre janeiro, bem acima das previsões. Sobre fevereiro de 2009, o aumento chegou a 13,6%.

Na medida mais restrita, que capta melhor o ambiente do varejo, o aumento no mês também foi convincente: 1,6%. E de 12,3% em relação a fevereiro de 2009. “Esse resultado reforça a percepção de que a atividade segue em ritmo forte no início de 2010 — e dá força à parcela do mercado que acredita em elevação mais rápida da Selic”, diz a análise da consultoria LCA. E não só: do PIB também.

No modelo do economista Fernando Montero, da Convenção, o PIB já aponta para um crescimento de 7,1%, com destaque, segundo a ótica da oferta, para a indústria. De retração de 5,5% no ano passado, a indústria tende a uma expansão acima de 11%, a maior desde 1991.

Ele não está só nessa avaliação. O Departamento Econômico do Itaú também projeta expansão do PIB superior a 7%, caso o Banco Central demore a relançar a Selic. O ex-presidente do BC Affonso Pastore, muito ouvido pelo mercado financeiro, acha que passa de 8%.

Hoje, no mundo, crescimento com tal magnitude só é exibido pelas economias da China e da Índia. Nos países desenvolvidos, a maioria saiu da pasmaceira, mas continua desfibrada, mais a Europa do euro e Japão que os EUA, a única economia desenvolvida com algum pique.

O crescimento acelerado do PIB, porém, não é evento neutro. Ele tem consequências. Boas ou más, dependendo da qualidade do terreno em que se assenta. No Brasil, crescimento chinês provoca preocupação.

O último recorde se deu em 1986, quando, impulsionado pelo Plano Cruzado, que sustou a inflação com congelamento de preços e ateou fogo no consumo com aumento de salários, o PIB cresceu 7,5% sobre 1985, conforme a metodologia antiga do IBGE. O PIB só voltou a se aproximar desse número em 2006, com a marca de 6,1%.

Da euforia à ressaca
Nos dois momentos, à euforia se seguiu a ressaca, mas entre eles há grandes diferenças. O Plano Cruzado foi o primeiro experimento contra a inflação endêmica e fracassou. Depois, vieram outros. Só na quinta versão, a do Plano Real, em 1994, a inflação cedeu.

Ainda assim, houve três grandes falhas. A do câmbio semifixo foi superada em 1999 com o regime flutuante. O fraco controle do gasto público implicou aumento desmedido da carga tributária. Teria sido pior sem a Lei de Responsabilidade Fiscal. O governo Lula manteve esses dois pilares das reformas do período FH. Mas permanece sem solução a terceira falha: a desindexação só parcial da economia.

Real está incompleto
A política econômica entre o segundo governo FH e os dois de Lula reage mais aos impasses das reformas incompletas do Plano Real que às crises antigas, todas provocadas pela asfixia cambial.

A maxidesvalorização do real no inicio de 1999 e o bônus da forte expansão da economia global depois de 2003, que inflou o preço das commodities e da formação de reservas pelo BC, permitiram ao país livrar-se da dependência externa. Ficou a dependência do para-anda do crescimento — consequência da arremetida da inflação sempre que a economia converge para o pleno emprego. O subproduto da situação da oferta vir atrás da demanda é a taxa de juros recorde no mundo.

Arapuca da indexação
Esse é o enrosco a desatar, pois ao Brasil demanda não falta, a oferta é que não corresponde ao cenário de pleno emprego. Vem daí a preocupação com o supercrescimento do PIB previsto para o ano. Ele traz a semente do aumento da capacidade de produção, expressa pelo volume de investimentos, mas traz, em seu curso, o que alimenta a inflação: o desequilíbrio entre a oferta e o consumo.

Um pouco de inflação como a que desponta, da ordem de 5,5%, acima da meta anual de 4,5% que cabe ao BC realizar, não seria um drama, se ficasse por aí. Mas não. Pela indexação, que vai de tarifas aos salários e impostos, a inflação ganha peso fácil e só volta ao que deveria ser sob a dieta do arrocho. Assim estamos, e assim será.

O sapo da história
O tratamento contra a inflação é dolorido como picada de injeção. Ninguém gosta. Mas, às vezes, não há jeito. Dói menos quanto mais eficaz ele for. Pegue-se o que aconteceu em 2009, o ano da crise global. O PIB murchou 0,2%, mas a inflação só baixou de 5,9% em 2008 para 4,3%, e isso com a Selic a 8,75%, ainda a maior do mundo.
A inflação deveria ter desabado. No mundo, houve deflação.

É cômodo praguejar contra os juros. Difícil é achar o valente que diga como se faz, mantendo a inflação controlada. Alguns falam em cortar gasto público, mas não dizem o que cortar. De desindexação, ninguém fala. Mas chove quem pede real desvalorizado e juro amigo, omitindo do distinto público o que os acompanha: a perda de poder de compra do salário. E engula-se o BC, o sapo da nossa história.

ROBERTO MACEDO

O 'subdesempenho satisfatório' do Brasil
Roberto Macedo 
O Estado de S.Paulo - 15/04/10

Deparei-me com esse conceito ao ler, no jornal Valor de 19/3, interessante artigo de Betânia Tanure, conhecida consultora em Administração, professora da PUC-Minas e conselheira de grandes empresas nacionais.

Ela identifica o "subdesempenho satisfatório" como doença que internacionalmente ataca empresas e outras instituições, inclusive governos. Trata-se de patologia em que condutores de uma organização, muitas vezes tomados por ilusões quanto ao sucesso dela, não percebem problemas que a acometem, e que podem levá-la a um subdesempenho futuro. Ou, então, eles são percebidos, mas menosprezados. Betânia se concentra no impacto da doença em empresas, onde executivos freneticamente buscam resultados e se vangloriam deles, muitas vezes iludindo-se com números de balanços e outros indicadores de rentabilidade.

Também se refere à acomodação ao "subdesempenho satisfatório" do Brasil, este acometido por "profundos problemas", pelos quais as empresas costumam mostrar preocupação, mas sem se ocupar, "efetivamente, daqueles que não receberam a devida atenção". A propósito, no que Betânia identifica como "determinismo setorial", a diversificada situação dos negócios no Brasil às vezes faz com que o mau desempenho de um setor sirva para justificar resultados ruins, sem que a empresa atente para as próprias deficiências. Outras vezes, há uma situação inversa ao chamado "custo Brasil", o "ganho Brasil", em que o desempenho acima da média mundial, em particular relativamente a competidores em países europeus e norte-americanos, mais afetados pela crise, serve para enaltecer apenas "o papel, o ego dos executivos", que deixam de colocar esse ganho nas suas contas, sem se preocupar com um crescimento que vá além dele, especialmente via maior produtividade.

Interessado sobretudo nas questões que dizem respeito ao País e ao seu governo central, percebo que a análise de Betânia a elas também se aplica, pois são evidentes os sintomas de um "subdesempenho satisfatório" que acomete a Nação. Combinada com o menosprezo de seus graves problemas, a ilusão de sucesso ? baseada no conformismo com uma taxa anual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) próxima de 5% e, na crise recente, em comparações com os países que se saíram pior ainda do que o Brasil, cuja economia teve crescimento quase nulo em 2009 ?, contamina não apenas seus dirigentes, em particular o mor, mas se estende a grande parcela da população. Esta tanto por falta de percepção própria como drogada pela propaganda oficial e presidencial que a torna míope ou a ver miragens.

O "nunca antes neste país" é emblemático de uma visão que, além de raramente comprovada, se volta para o passado do Brasil ainda em construção e já carente de reformas. Mas o que realmente interessa é o seu futuro, e comparações com nações que foram e são bem-sucedidas.

Outra ilusão vem do tamanho do País, quando medido pela sua geografia ou pelo seu PIB. Este, dependendo da forma de medição e da taxa de câmbio, fica dentro ou perto dos dez maiores do mundo. Esse tamanho só é documento para algumas coisas, como a influência regional e internacional do Brasil e seu poder de ajudar países como o Haiti e vários africanos, diminutos e paupérrimos.

Mas, quanto aos brasileiros, na sua média eles estão no meio do caminho entre os povos mais pobres e os mais ricos, média essa que esconde um sério problema distributivo. Mais uma vez ele ficou claro, com a calamidade que recentemente mostrou também toda uma feiura da Cidade Maravilhosa e de sua vizinha Niterói, com destaque para a pobreza favelada sobre um lixão.

E não é só na Olimpíada da produção e da renda "per capita" e de sua distribuição que estamos muito atrasados. Estamos assim também no alcance populacional do sistema de ensino e muito mal no desempenho dos nossos estudantes. Na saúde, a dengue é emblemática de males que vêm na esteira da baixa prioridade conferida por políticos e pelos próprios cidadãos a obras e práticas de saneamento básico. E também muito mal em indicadores de desenvolvimento humano, competitividade econômica, qualidade da infraestrutura, ambiente de negócios e outros mais.

Um dos mais assustadores, pois reflete o descaso pela construção do futuro, é a baixíssima taxa de investimentos públicos, ou seja, a parcela da receita governamental que o governo nos seus vários níveis ? particularmente o federal, que conta com mais recursos ? deixa de gastar em despesas correntes, como pessoal e custeio, para investir em infraestrutura, escolas, hospitais, saneamento básico e outras necessidades cruciais. Dados que vi recentemente mostram o Brasil em penúltimo lugar numa lista de 135 países, com a ridícula taxa de apenas 1,69% do PIB no último ano da série disponível (2007), enquanto lá no topo da lista estão países que alcançam mais de 10%, e a China superando os 20%.

Assim, o Brasil cultiva, em larga medida dopado pelo oba-oba em torno do seu "subdesempenho satisfatório", um modelo de subdesenvolvimento em que o atendimento dessas necessidades cruciais é postergado pelo apego ao consumo imediato. Isso sem perceber que uma das lições básicas de Economia vem do seu próprio nome, ou seja, é preciso economizar ou poupar, pois essa é a chave da prosperidade e, mesmo que se recorra a empréstimos e financiamentos, eles devem ser primordialmente voltados para investimentos, e não para o consumo.

Betânia conclui que o dirigente excepcional é aquele que busca uma gestão "agridoce", indo contra o "fluxo natural: quando todos puxam para o doce, ele garante a existência do azedo; quando todos puxam para o azedo, ele novamente recorre ao agridoce".

O estilo paz, amor e doces de alto conteúdo eleitoreiro esconde mesmo é a incompetência na construção do Brasil do futuro.

ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), É VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO