quinta-feira, abril 01, 2010

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Setor de eletroeletrônicos sobe 73% na Bovespa 

 Folha de S.Paulo - 01/04/2010

O setor de eletroeletrônicos é o destaque na Bovespa no primeiro trimestre deste ano. Os papéis de empresas do setor tiveram valorização média de 72,6% na Bolsa paulista, de acordo com levantamento feito pela consultoria Economática.

Em segundo lugar, estão as ações de telecomunicações, que apresentaram ganhos médios acumulados de 34,8% neste ano, até ontem.

Esses aumentos ficaram bem acima da valorização de 2,6% do Ibovespa, índice que reúne as 63 ações brasileiras mais negociadas na Bolsa paulista.

As justificativas para o destaque dos setores de eletroeletrônicos e de telecomunicações foram fatos isolados que ocorreram com algumas empresas.

"As ações das empresas desses setores que apresentaram as maiores altas não têm muita liquidez. Portanto, as valorizações não demonstram uma tendência setorial", afirma Ricardo Martins, gerente de pesquisa da Planner Corretora.

Para o próximo trimestre, Martins aponta o setor de mineração como o possível destaque setorial da Bolsa.

"O reajuste do minério de ferro e, consequentemente, os aumentos que as empresas já estariam promovendo em seus produtos mostram que o setor tende a ter uma boa performance na Bolsa", diz ele.

Por conta do aumento da Selic nas próximas reuniões do Copom, as ações dos bancos tendem a apresentar ganhos na Bovespa, segundo Martins.

O cenário para a Bolsa no próximo trimestre, porém, ainda não é o considerado ideal, devido a possíveis impactos por conta da campanha eleitoral.

MAIS SEGURO
A Garantech, empresa do mercado de garantia estendida, do grupo Itaú Unibanco, está expandindo a sua rede de atuação. A estratégia é levar a garantia estendida -aquela que oferece cobertura extra após o fim da garantia do fabricante- ao pequeno e médio varejista. "Hoje eles não têm o produto. Queremos mostrar a importância que pode ter na receita", diz André Rutowitsch, diretor da Garantech. Segundo a Susep, o setor movimentou R$ 1,25 bilhão no ano passado. A comercialização da garantia estendida acompanha o crescimento do país, segundo Rutowitsch. "Quanto mais acesso a população tem aos bens, maiores são as vendas da garantia estendida." A Garantech lança neste mês duas modalidades de garantia estendida: a de óculos e a de tênis.

TALHERES

A brasileira St. James, companhia de peças de metais prateados que forneceu seus produtos para a cerimônia de posse de Barack Obama na Presidência dos EUA, amplia seu foco de atuação. Conhecida pela venda de objetos luxuosos -como jarras, samovares e baixelas-, a empresa passa a comercializar linhas de produtos mais "democráticas", segundo Ricardo Saad, sócio-diretor. A ideia é integrar à marca produtos para o uso cotidiano como talheres, copos, porcelanas e itens de alumínio. Um faqueiro de 130 peças da nova linha St. James Casual custa cerca de R$ 1.000. Um equivalente de prata da linha tradicional sai por cerca de R$ 2.500. A Novamesa, outra linha recém-lançada, também mais barata, custa R$ 600. "O fato de só trabalharmos com luxo nos restringia", afirma Saad.

IMAGEM
Será realizada no dia 7 na Universidade de Syracuse, em Nova York, a conferência Marca Brasil, cujo tema será o desafio de construir a imagem empresarial do país. Rodolfo Guttilla, diretor de assuntos corporativos e relações governamentais da Natura, conduzirá painel sobre comunicação corporativa. Participarão também Izeusse Braga, gerente de comunicação internacional da Petrobras, e Paulo Nassar, professor de relações públicas da USP.

AMBIENTAL
A classe C apresenta comportamento muito próximo ao das classes A e B com relação à preocupação com o ambiente, segundo conclusão de pesquisa anual da Cetelem, do Grupo BNP Paribas, que será divulgada na próxima semana. Além de dados sobre o mercado interno de varejo, o estudo abordou o consumo consciente. A pesquisa, feita com 1.500 pessoas no país, mostra que só 11% são indiferentes ao movimento de consumo responsável.

DIÁRIA
O grupo hoteleiro Royal Palm Hotels & Resorts, no primeiro bimestre deste ano, registrou recorde de faturamento, na casa dos R$ 15 milhões. "No ano passado, faturamos mais de R$ 60 milhões. Neste ano, queremos crescer 25%", diz Antonio Dias, diretor-executivo do grupo, que é formado por quatro empreendimentos localizados em Campinas.

LETRA
Com a emissão de R$ 1 bilhão, o Banco do Brasil inaugura emissões das Letras Financeiras, um título de crédito emitido sob a forma escritural, cujo vencimento não poderá ser inferior a 24 meses. Trata-se de uma alternativa de captação de longo prazo para os bancos. Pode ser remunerado a juros prefixados, taxas flutuantes ou índices de preço.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Turista acidental 

O Estado de S.Paulo - 01/04/2010

Um dos feitos de que Carlos Minc se orgulha, ao deixar o governo: a promoção do turismo nas unidades de conservação da União. "Conseguimos aumentar de 3,5 milhões para 4,5 milhões o total de visitantes", contou ontem à coluna o agora ex-ministro do Meio Ambiente. Graças ao programa Turismo nos Parques.


Ainda assim, lamenta, o Brasil está muito longe do ideal - basta dizer que esse número, nos EUA, chega aos 140 milhões. "Lá a frequência é alta, a proteção também. E a operação dá lucro. Aqui a frequência e a proteção são baixíssimas e ainda dá prejuízo."

Não custa lembrar: no Hemisfério Norte, os parques são privados, com fiscalização e gerenciamento público.

Hora parada
A novela dos relógios parados, nas ruas de São Paulo, avança devagar quase parando. Depois de um ano de indecisão, a Prefeitura fez licitação para 140 deles.

E Kassab precisa ainda de nova concorrência: há mais de 300 desses relógios na cidade.

Hora parada 2

Neste interim, a Prefeitura está desconfiada de sabotagem.Toda vez que conserta um, ele "enlouquece" horas depois.

Os sem-fumaça
Esta batalha, Serra já ganhou. Com a decisão de anteontem do TJ paulista, a rejeição de ações indenizatórias pedidas por fumantes chega a 43.

E, no País, 187, em 14 Estados.

Boa de bola
Livian, 11 anos, filha de Renato Aragão, vai jogar futebol para olheiros do Milan, no Rio.

Rico dinheirinho

Os 21 ganhadores que não levaram a Mega Sena em Novo Hamburgo esperam, há uma semana, que a ação seja ajuizada. "É que leva tempo para digitar as 378 páginas do inquérito", diz a advogada Jos Mari Peixoto.

No Sul, os processos na Justiça são todos digitais.


Piano de cauda
A disputada bolsa para o Conservatório de Paris fica com... SP. O primeiro, entre os 150 candidatos, é John Mesquita, 17 anos, da Escola Municipal de Música.

Filho de Otávio Mesquita.

Era FH... L
Ainda faltam nove meses para o término do mandato de Lula, mas o presidente se adianta. Já procura gente para ajudá-lo a montar o Instituto Lula. E, ao que tudo indica, o IL terá molde parecido com iFHC.
E depois, tem gente que não gosta de falar dos tempos FHL.

Tea for all
Dilma Rousseff arrumou brecha na sua agenda para conversar na Fiemg. Dia 7.

Milhão de amigos
Eduardo Paes está empenhado. Garantiu a Roberto Carlos que passará o chapéu para levar ao Rio a exposição do cantor, hoje montada na Oca, em SP.
Ao custo de R$ 5 milhões, quer a mostra para época do Natal.

Mundo cão... e gato

Enfim, a revolução dos bichos. Acaba de ser criado o passaporte para gatos e cachorros.
O decreto 7.140 torna o documento obrigatório, como certificação sanitária para o trânsito internacional dos animais.

Ambientação

O pedido de indenização de Zé Celso Corrêa, por maus tratos na ditadura, será julgado dia 7, no Oficina. Na presença de Paulo Abrão, da Comissão de Anistia.
Poesia no ar
Lygia Fagundes Telles se emocionou com aula de Zé Miguel Wisnik sobre Freud, anteontem, no Sesc Pinheiros.
Ele leu poemas de Gregório de Mattos. E ela lhe lembrou, ao final, que a cadeira que ocupa na ABL é a do poeta.
Na frente
Silvio Tendler lança, dia 23, o seu novo longa, Utopia e Barbárie. Projeto de duas décadas, que analisa eventos desde a 2ª Guerra Mundial para entender por que as utopias estão desaparecendo.

Enquanto organiza a construção de nova sede, o TCA escolheu nova diretoria. Com Claudio Sonder presidente do Conselho, Pedro Herz na presidência da Diretoria e Roberto Mesquita de vice.

Abre sábado, na Pinacoteca, a exposição Portinari na Coleção Castro Maya.
O Itaú Cultural apresenta, a partir de sexta, a programação do Mangue Shows. Com participação do Instituto, Mundo Livre SA e Karina Buhr.

Pelos números do Pão de Açúcar, o mercado está com mais apetite nesta Páscoa. A venda de bacalhau, no Extra, cresceu 30% no último mês.

O último BBB exibiu mais de 60 ações de merchandising durante seus 78 dias. Mas, na noite de encerramento, o termo mais comentado no Twitter, no Brasil, era... "MomentoActivia".

Que é isso? Marca de iogurte que remete a alívio. Pelo fim do reality show.

A Deuza de Goldman

Casada há 32 anos com Alberto Goldman, Deuzeni - Deuza, para os amigos -, se prepara para as mudanças exigidas no cargo de primeira-dama do Estado. "Trabalhei 34 anos, estou aposentada há 5 e hoje me dedico à família. Agora isso vai mudar."

O que pretende? "Quero tocar a revitalização do Parque da Água Branca onde fica o Fundo de Solidariedade, por meio de parcerias. E ampliar para o Estado, o projeto municipal Visão do Futuro, de doação de óculos para crianças."

O casal não planeja mudar-se para o Bandeirantes. "É pouco tempo, estamos bem instalados em Higienópolis. E o Fundo fica aqui perto, em Perdizes." Linha política? A dupla é exemplo de democracia inter-religiosa. "Sou cristã, o Goldman é judeu. E cada um dos filhos tem sua própria crença."

SEM CENSURA





VEM AÍ O NOVO BLOG DO MURILO

MÔNICA BERGAMO

Choro de coronel  

Folha de S.Paulo - 01/04/2010

Promovido a coronel no filme "Tropa de Elite 2", o agora grisalho capitão Nascimento fez seu intérprete, Wagner Moura, chorar. "Fiz uma cena que bateu uma emoção, uma coisa com filho -porque tenho um filho grande no filme-, que eu chorei muito. Não choro tanto, gostaria de chorar mais." A declaração está na entrevista dupla que ele deu às revistas "Trip" e "Tpm" deste mês. O ator defende o governo Lula e a legalização das drogas e diz que gostaria de ser amigo da cantora Mallu Magalhães, 17 anos, porque só tem "amigo velho". "Ela é uma graça. Não sei se ela quer ser minha amiga."
Imensa dor
Desfalque no STF (Supremo Tribunal Federal): o ministro Joaquim Barbosa deve pedir licença da corte em abril para passar uma temporada em São Paulo. Com fortes dores por causa de um antigo problema na coluna, ele já começou tratamento numa clínica especializada da cidade. E está procurando um flat para se instalar por um período que pode chegar a quatro meses.
EM FRENTE
Antes da licença, Barbosa, que é relator do processo do mensalão, dará novo prazo para que meia dúzia de testemunhas que não foram encontradas para prestar depoimento no caso sejam localizadas. Depois disso, submeterá ao plenário do STF a possibilidade de encerrar a fase de oitivas -e outras pendências, como a hipótese, remota, de o presidente Lula ser considerado réu, como quer o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
LONGO CURSO
No ano passado, Barbosa renunciou ao cargo de ministro do Tribunal Superior Eleitoral e à possibilidade de presidir as eleições de 2010 por causa do mesmo problema de coluna.
GELADEIRA
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) deve "congelar" parcialmente o processo de fusão da Insinuante (BA) com a rede Ricardo Eletro (MG), que criou a segunda maior rede de móveis e eletrodomésticos do país. A determinação tem sido praxe e foi adotada, por exemplo, quando as Casas Bahia e o Ponto Frio se fundiram. Com isso, o conselho ganha tempo para analisar a operação e sugerir, por exemplo, a alienação de lojas em regiões em que se verifique o risco de sobreposição e concentração de operações, com danos para a concorrência.
DIVISÃO
As próprias empresas varejistas já esperam que o Cade determine, por exemplo, a alienação de lojas em Salvador, onde as duas redes têm grande número de unidades.
NA CASA DE LULA
Antes de ir a Minas Gerais, no dia 9, a senadora Marina Silva (PV-AC) vai visitar o berço político do PT e do presidente Lula. No dia 5, ela tem encontros com empresários e prefeitos do ABC paulista.
CAIXINHA LOTADA
O disque-denúncia que o sindicato dos trabalhadores de bares, restaurantes e hotéis criou para investigar os estabelecimentos que se apropriam das gorjetas dos garçons já recebeu mais de 300 ligações em um mês e meio de funcionamento. A CPI que vai apurar os desvios de caixinha, na Assembleia Legislativa de SP, fará sua primeira reunião nos próximos dias.
ALTAR
Aos 74 anos, o músico Carlos Lyra, um dos mestres da bossa nova, vai se casar no dia 15 de maio com sua empresária, Magda Botafogo, 43.

A festa será no apartamento de Carlos Alberto Chateaubriand, presidente do MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro.
CAPELINHA
E o local do casamento do empresário Alexandre Accioly e de Renata Padilha, no dia 29 de abril, no Rio, ainda está indefinido. O casal gostaria de realizar a cerimônia no Parque Lage, no Jardim Botânico, mas está descartando a possibilidade, já que a Igreja não autorizou que Accioly construísse uma capela no local.
SEM MICROBLOG
Debora Bloch avisa que o perfil que criaram para ela no Twitter é falso. "Ela nunca faria comentários sobre a hora em que vai malhar na academia e nem adicionaria aquelas pessoas [que estão na página, como Otávio Mesquita, Raul Gil e Cristian Pior, do "Pânico']. Também dão a entender que ela nasceu no Rio, o que não é verdade", diz Deni Bloch, irmã da atriz, que é natural de Belo Horizonte (MG).
E A JOLIE?
O astro Brad Pitt também estará no livro de cartas trocadas entre Oscar Niemeyer e grandes personalidades mundiais. Em 2009, o ator visitou as obras do Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, em Avilés, na Espanha.

O livro, lançado pela instituição em parceria com a editora Nosso Caminho, terá tiragem de 200 mil unidades, além de uma edição de luxo, com quantidade limitada de exemplares.
CURTO-CIRCUITO
O CENTRO DA CULTURA JUDAICA promove o seu Seder de Pessach, na terça-feira, dia 6, a partir das 20h, na rua Oscar Freire, nº 2.500, em Pinheiros.
O MUSEU DO FUTEBOL, no estádio do Pacaembu, promove, das 11h às 14h, atividades relacionadas ao Dia da Mentira, que é comemorado hoje, com entrega de brindes.
A BOATE Alley Club promove hoje festa com os DJs Tchelo Donato e Bezzi, às 23h30, na Barra Funda. 18 anos.
A DJ Ana John se apresenta hoje no Gold Lounge, nos Jardins, a partir das 22h. Classificação etária: 18 anos.
O DESIGNER Pedro Franco, do grupo A Lot Of, expõe no Salão Internacional do Móvel, em Milão, entre 14 e 19 de abril.

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Cachorra ataca Maradona!
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/04/10

Aliás, sabe por que o Maradona foi mordido pela cachorra? Porque era um cão farejador!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! "Argentino acusado de abuso sexual e roubo tentou acender um baseado no tribunal." Como é o nome dele? Marcelo Paiva BOLADO! Rarará! Los Predestinados!
E o Maradona foi mordido por uma cachorra! Aliás, sabe por que o Maradona foi mordido pela cachorra? Porque era um cão farejador! E sabe por que o Maradona deixou a cachorra morder a cara dele? Pra ele ficar mais feio que o Tevez! Rarará!
E novidades de Pernambuco: o Lula proibiu o famoso forró pé de serra. Agora vai se chamar: Forró Pé de Dilma! Rarará! E vocês viram a substituta da Dilma? A Eunice Guerra! Qual é o critério pra definir ministra da Casa Civil? O critério da feiura. A Eunice Guerra é um canhão! Como disse o outro: "A nova Dilma é mais feia que a original!".
E vocês viram a roupa da Ivete Sangalo no "BBB10"? Parecia um temaki de cabeça pra baixo! E o Dourado? Eu nunca vi ninguém comemorar vitória dando soco na grama! E a Globo fez um "BBB" para festejar a diversidade e ganhou um homofóbico! Que não sabe o que quer dizer homofóbico. "Eu não sou homofóbico, eu só não gosto de viado." Rarará! E o que ele vai fazer com um milhão e meio? Comprar um monte de colchão pra queimar. Com aquela cara de fugitivo da Febem! O que ele vai fazer com um milhão e meio? Comprar a The Week pra fazer uma arena de luta livre. Clube da Luta! E as bibas tão revoltadas: "Aquele pitbull é lassie enrustida! Ganhou a Máfia Dourada. A juventude reacionária saiu do armário. Como diz a dlag da língua plesa: "O Dogado é o Caga!".
E a Eletropaulo é a maior adepta da Hora do Planeta! São várias horas de luzes apagadas. Em São Paulo, toda hora é a Hora do Planeta! E hoje é 1º de abril. Dia da Mentira. Essa é a maior mentira do sexo: "Vou por só a cabecinha". Rarará! E adorei a charge do Claudio: o Serra vende churrasquinho de gato e a Dilma, pastel de vento! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse o outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha "Morte ao Tucanês". É que aqui em São Paulo tem uma loja de ferramentas chamada Casa dos Machos. Ueba! Mais direto, impossível. Viva o antitucanês! Viva o Brasil! E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Epístola": companheira que casou com um apóstolo! Apóstolo na Mega-Sena. Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

PAINEL DA FOLHA

Programa piloto
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/04/10

Em meio aos recados a aliados e adversários que permearam o discurso de mais de uma hora feito por José Serra ao se despedir ontem do governo de São Paulo, a plateia identificou um bordão que tem tudo para ser usado na campanha: "O Brasil Pode Mais", síntese das ideias de preservação das conquistas da era petista e de melhor aproveitamento das oportunidades que o tucano pretende explorar na disputa contra Dilma Rousseff (PT), candidata de um governo que registra popularidade recorde.
No mais, Serra procurou se definir pela negação de alguns estigmas que o acompanham: "Não sou sisudo", disse. "Não sou centralizador."


Inclusão. Ao iniciar sua fala, Serra fez questão de citar Tasso Jereissati (PSDB-CE), que trabalhava pela candidatura do governador Aécio Neves (MG): "Olha aí, Tasso, como você é popular aqui". Encerrado o discurso, o senador devolveu: "Vamos posar para uma foto para pararem de dizer que estamos brigados". Em tempo: eles estão.
Panetone. Não foi só a ausência de FHC que chamou a atenção na despedida de Serra. Pelo menos uma dezena de senadores, deputados e lideranças nacionais do DEM não apareceu. As exceções mais vistosas foram o presidente da sigla, Rodrigo Maia (RJ), e a senadora Kátia Abreu (TO).
Em resumo. Um preposto de Michel Temer na Agricultura, outro de Hélio Costa nas Comunicações e Henrique Meirelles devidamente advertido sobre a virtual impossibilidade de ser vice de Dilma: no final, saiu tudo como o PMDB queria na última reforma ministerial de Lula.
Topa? De um cacique peemedebista, sobre o sonho do correligionário Meirelles com a vaga de vice: "Por nós, tudo bem. Basta ele disputar uma prévia com o Temer".
Canseira 1. Circulando pela cerimônia de desincompatibilização dos ministros-candidatos, no Palácio do Itamaraty, Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) dizia a quem encontrava que está no páreo para disputar o governo de Minas Gerais pelo PT.
Canseira 2. O peemedebista Hélio Costa (Comunicações), que também almeja o governo mineiro e espera contar com Lula para obrigar o PT a apoiá-lo, viu a movimentação de Patrus no evento e desabafou com um amigo: "Esse pessoal é difícil...".
Em família. Ligado a usineiros do interior paulista, o novo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, planeja alavancar a candidatura do filho, o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB), à Câmara.
Então tá. O PSDB fechou o palanque de Serra na Paraíba com o prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB), candidato ao governo, e Cássio Cunha Lima (PSDB) e Efraim Moraes (DEM) ao Senado. Preterido na disputa pelo governo, o tucano Cícero Lucena desdenha: "Não tenho ambição pelo cargo".
E olhe lá. Apesar da grita em consequência da recusa do PT em apoiar Roseana Sarney (PMDB) no Maranhão, o máximo que o clã deve obter é a garantia de Lula de que não subirá no palanque adversário, do deputado federal Flávio Dino (PC do B-MA).
Nada disso. Na contramão do relato de outros participantes, Eduardo Suplicy diz que, em reunião na qual foi enquadrado pelo PT-SP, ninguém ameaçou realizar prévias para escolher o candidato ao Senado em 2014, caso ele insistisse em se manter no páreo para o governo neste ano.
Fico. O secretário Xico Graziano (Meio Ambiente), que se interessou por concorrer ao Senado pelo PSDB-SP, decidiu permanecer no cargo e atuará na elaboração do programa de governo de Serra.
Visita à Folha. Marcelo Odebrecht, diretor-presidente da Odebrecht S.A., visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Marcos Wilson, diretor de Relações Institucionais da Odebrecht S.A., e Marcelo Lyra, diretor de Relações Institucionais da Braskem S.A.

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER
Tiroteio
Querer tirar os royalties do Rio em ano eleitoral é até compreensível, mas, ao sugerir que quem diz isso é José Gabrielli, pessoa física, e não o presidente da Petrobras, ele agride o bom senso. 

Do ex-prefeito do Rio CESAR MAIA, pré-candidato ao Senado pelo DEM, sobre o presidente da Petrobras, que considera injusto "o Rio ganhar R$ 7,5 bilhões enquanto o meu Estado da Bahia ganha R$ 246 milhões".
Contraponto 
Big Brother SP Ao enumerar as realizações de seu governo no discurso de despedida, José Serra citou a draconiana lei antifumo. O tucano parou por um segundo, observou os auxiliares diretos e comentou:
-Agora o Goldman não pode fumar mais nem no banheiro do gabinete, porque as câmeras secretas flagrariam.
O sucessor e sua mulher, Deuzeni, se entreolharam preocupados, a plateia fez um breve silencio, e Serra arrematou:
-Fiquem tranquilos. Todas as imagens são destruídas...

O DIA DO ABILOLADO

MERVAL PEREIRA

Pressão contra o Irã
O GLOBO - 01/04/10
Não é apenas a Petrobras que pode ser passível de sanções econômicas devido à relação comercial com o governo do Irã. Também o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é citado por funcionários israelenses como possível fonte de financiamento indireto do governo do Irã, caso venha a apoiar a ação de empresas brasileiras naquele país, assim como alguns bancos brasileiros que têm negócios por lá.

Antecedendo a viagem do presidente Lula a Teerã, em maio, uma missão com 80 empresários irá ao Egito, ao Líbano e ao Irã, em abril, sob a coordenação do ministro Miguel Jorge, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

A busca de mercado para a atuação de empresas brasileiras pode esbarrar nas sanções econômicas que os Estados Unidos estão empenhados em aprovar o mais rápido possível no Conselho de Segurança da ONU.

A paranoia com o programa nuclear iraniano é tamanha que setores como casa e construção, máquinas e equipamentos, produtos siderúrgicos, metalúrgicos, equipamentos médico-hospitalares e para exploração mineral, construção e de infraestrutura são colocados sob suspeita.

Mesmo que o governo brasileiro queira fazer um acordo com o Irã para pesquisas médicas com base na energia nuclear, estará sujeito a embargos políticos por parte dos Estados Unidos, enquanto o Irã não abrir seus laboratórios de pesquisas nucleares aos investigadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Um dos principais alvos da inquietação de Israel são as grandes empreiteiras brasileiras, caso venham a fazer parte de algum acordo para obras no Irã.

Isso porquê, de acordo com documentos do governo israelense que foram debatidos recentemente por enviados especiais da diplomacia israelense em contatos com autoridades brasileiras, parlamentares e formadores de opinião, o braço econômico da Guarda Revolucionária Islâmica é uma empresa de construção chamada Khatam al-Anbiya, que executa a maior parte dos projetos de infraestrutura e tem “ligação sugestiva” com o programa nuclear iraniano.

Quando a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse em palestra em uma universidade no Catar, em fevereiro deste ano, que o governo dos Estados Unidos acredita que o Irã está se tornando uma ditadura militar, ela chamou a atenção para o papel da Guarda Revolucionária no Irã, que, para as autoridades israelenses e americanas, estaria conquistando tanto poder que, na prática, teria suplantado o governo.

Segundo a análise do setor de inteligência do Ministério das Relações Exteriores de Israel, a Guarda Revolucionária tem tido um papel crescente na economia iraniana, especialmente depois da subida ao poder de Mahmoud Ahmadinejad em 2005.

Seriam mais de 100 empresas ligadas direta ou indiretamente à Guarda Revolucionária, que controlaria, segundo os documentos, um gigantesco consórcio de construção envolvido em inúmeros projetos de infraestrutura e em exploração de petróleo, na produção de mísseis, no setor de telecomunicações e produtos eletrônicos.

Essas empresas seriam favorecidas por contratos sem licitação, especialmente nas áreas de petróleo e gás natural, na construção de oleodutos e em desenvolvimento de infraestrutura em larga escala.

Seria uma maneira de cooptar a Guarda Revolucionária e, ao mesmo tempo, utilizar algumas dessas empresas nos trabalhos clandestinos de construção de laboratórios secretos onde estaria sendo desenvolvido o programa nuclear paralelo.

A acusação é que caminhões das empreiteiras seriam utilizados para camuflar o transporte de mísseis, e outras atividades clandestinas seriam mascaradas pelas obras civis.

Entre os muitos exemplos, o relatório do serviço de inteligência de Israel cita uma empresa chamada Ghorb Nooh, que seria a responsável pelas contratações da Khatam al-Anbiya nos campos de gás de South Pars.

Uma subsidiária da Ghorb Nooh comprou maquinário de perfuração de túneis da empresa alemã Wirth e da italiana Seli, oficialmente para um sistema de fornecimento de água em Isfaham.

Esses mesmos equipamentos seriam fundamentais para o programa nuclear clandestino do Irã, segundo relatórios do setor de inteligência, que vêm sendo revelados desde 2008.

O poder econômico da Guarda Revolucionária estaria também baseado em uma ampla atividade de contrabando, com a operação de docas e portos clandestinos.

Um dos maiores complexos portuários do país, o de Martyr Rajai, na província de Hormuzgan, seria utilizado para contrabandear petróleo, que é altamente subsidiado no Irã.

O contrabando também seria feito através do controle pela Guarda Revolucionária dos aeroportos de Teerã e de Payam.

A preocupação das autoridades dos Estados Unidos e de Israel é que o governo brasileiro dê fôlego ao governo autocrático do Irã com acordos comerciais, quando a ideia da maioria dos membros do Conselho de Segurança da ONU é forçar o governo de Ahmadinejad a abrir seu programa nuclear através das sanções econômicas.

Caso aconteça essa confrontação de interesses, as empresas brasileiras que mantiverem negócios com o Irã apesar da decisão da ONU, inclusive a Petrobras, poderão sofrer sanções por parte de órgãos americanos, e certamente terão prejuízos em suas operações internacionais.

Esse foi o recado dado nos últimos dias por autoridades do governo de Israel e pela própria secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, quando esteve recentemente no Brasil.

DEMÉTRIO MAGNOLI

Israel contra Israel
 O Estado de S.Paulo - 01/04/10

"A construção em Jerusalém ? e em todos os outros lugares ? prosseguirá na forma que tem sido costumeira ao longo dos últimos 42 anos", assegurou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu perante os dirigentes de seu partido, o Likud. A referência aos "42 anos" tenta veicular as ideias de continuidade e estabilidade. Mas a ideia de ruptura é a chave para entender a decisão de prosseguir a estratégia adotada desde a Guerra dos Seis Dias e a ocupação dos territórios palestinos. Israel persiste na transferência de judeus para Jerusalém Oriental e a Cisjordânia enquanto mudam o seu entorno e o mundo.

A sabotagem das negociações de paz representada pela estratégia inflexível atinge interesses vitais dos EUA no chamado Grande Oriente Médio, como enfatizou o vice-presidente americano, Joe Biden, referindo-se às tropas no Iraque e no Afeganistão e à política de contenção do Irã. O fato evidente é que as opções nacionais de Israel se tornam cada vez mais disfuncionais, do ponto de vista da geopolítica global de Washington. Contudo o problema candente das fissuras no edifício da aliança com os EUA, apontado por tantos analistas, empalidece diante de um outro. Hoje, a persistência do governo israelense ameaça destruir os fundamentos políticos sobre os quais repousa o próprio Estado de Israel.

Israel não pode ter três coisas simultaneamente: 1) Um Estado judeu; 2) um Estado democrático; 3) um Estado que exerça soberania sobre toda a Palestina histórica. Só é possível ter duas dessas coisas, em qualquer combinação.

A primeira hipótese, um Estado judeu e democrático, convivendo lado a lado com um Estado palestino, é a meta professada por todos os governos israelenses e também pela Autoridade Palestina desde os Acordos de Oslo de 1993. Entretanto, a continuidade dos assentamentos evidencia a distância entre o discurso oficial e a vontade real de alcançar uma paz baseada na partilha, que depende de um acordo aceitável para os palestinos.

A segunda hipótese, um Estado judeu que exerça soberania sobre toda a Palestina histórica, é a meta mais ou menos explícita do polo minoritário de partidos nacionalistas e religiosos que atualmente desempenha o papel de fiel da balança nas coalizões governistas israelenses. A possibilidade existe, mas implica a renúncia à democracia, além de uma guerra de ocupação permanente. Há pouco, a população árabe-palestina ultrapassou a população judaica no conjunto Israel-Palestina. O desequilíbrio demográfico tende a aumentar, em razão da desigualdade nas taxas de crescimento vegetativo e do virtual encerramento da imigração em massa para Israel, depois da conclusão do ciclo recente de ingresso de judeus russos. O Estado judeu em toda a Palestina histórica configuraria uma ditadura imposta à maioria de seus habitantes e um regime de tipo apartheid, que condena a maioria a viver sob o estatuto de não-cidadãos.

A terceira hipótese, um Estado democrático no território integral da Palestina histórica, é a meta almejada por correntes de esquerda muito minoritárias tanto entre os israelenses quanto entre os palestinos. Tal solução redundaria na renúncia à natureza judaica de Israel, pois geraria um Estado binacional, com direitos iguais para todos os seus habitantes. Nesse horizonte se extinguiria historicamente o sionismo, doutrina na qual se condensou o moderno nacionalismo judaico.

O tríplice entroncamento histórico desenhou-se a partir da ocupação dos territórios palestinos, em 1967, e da subsequente colonização judaica da Cisjordânia e da parte leste de Jerusalém ? uma estratégia justificada inicialmente por alegações de segurança e, depois, sob argumentos histórico-religiosos. A primeira intifada (revolta) palestina, na década de 1980, incutiu na elite política de Israel a consciência das opções existentes. Os Acordos de Oslo, reconhecimento diplomático da presença de uma nação palestina com direito a constituir-se em Estado, refletiram essa consciência ? e a escolha deliberada da única alternativa capaz de assegurar o futuro de um Estado judeu e democrático.

Mas a palavra solene inscrita num tratado não resiste à corrosão do tempo e das intempéries. A paz, proclamada como intenção, converteu-se num amargo eufemismo para a ocupação, a colonização, a humilhação e a despossessão. Sob o impacto do eufemismo, desmancha-se a liderança nacionalista palestina comprometida com a meta da partilha. Num eloquente atestado da falência definitiva do processo de Oslo, Mahmoud Abbas, o líder fraco que ainda conecta os palestinos ao compromisso de 1993, anunciou a decisão de não concorrer à reeleição. Os palestinos estão próximos de um limiar histórico. Na hora em que abdicarem de seu prometido Estado, só restarão as hipóteses da abolição da democracia ou do caráter judaico de Israel.

Israel não está sozinho na Terra Santa. A chave da porta do futuro está partida ao meio e metade dela pertence aos palestinos. A implosão iminente da Autoridade Palestina dividirá os palestinos entre a liderança fundamentalista do Hamas, cuja corrente mais extremada insiste na destruição de Israel, e os líderes nacionalistas democráticos, que perderam a crença na solução dos dois Estados. O desafio existencial posto pelos extremistas do Hamas sempre poderá ser respondido pela força das armas. Mas avultará, inevitavelmente, um desafio de natureza diferente, imune à força bruta e expresso pela reivindicação de direitos políticos iguais para todos os habitantes do conjunto Israel-Palestina.

"Não mais queremos um Estado que só existiria sob a forma de fragmentos territoriais desconexos governados por déspotas dependentes do estrangeiro. Exigimos direitos de cidadania iguais aos usufruídos pelos cidadãos judeus de Israel." A política de Netanyahu ergue o mastro no qual tremulará essa bandeira. A prudência manda Israel refletir sobre isso.

SOCIÓLOGO E DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP

ROBERTO MACEDO

E o Copom afinou...
O Estado de S.Paulo - 01/04/10

Há tempos eu não usava esse verbo no modo intransitivo, o que via quando mais chegado ao futebol, no qual é aplicado se um dos times ou um jogador se inibe diante do adversário. Lembro-me também dos tempos de criança, quando era usado para descrever quem recusava um desafio para um jogo de bolinhas de gude ou fugia de uma briguinha.

De novo, lembrei-me dele ao ler a última ata de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC). Para decidir sobre a taxa básica de juros, ou taxa Selic, periodicamente ele conclui uma reunião numa quarta-feira e a ata sai na quinta da semana seguinte, como na semana passada. Na sexta é comentada por analistas do mercado financeiro e também por jornalistas. A discussão da ata usualmente termina aí, pois a grande preocupação é o que vai acontecer na reunião seguinte e, como regra, o Copom não diz explicitamente o que vai fazer.

A última ata, entretanto, é atípica. Primeiro, ao mostrar que, fugindo ao que prega e segue, o Copom afinou. Sem uma explicação convincente, ao final tomou a decisão de não alterar a Selic, quando todo o texto anterior indicava que iria aumentá-la. Segundo, porque insolitamente afirma com clareza o que vai fazer ? um aumento dessa taxa ? na próxima reunião, a ser concluída no dia 28 deste mês. Terceiro, não sem razão a discussão da ata seguiu nesta semana, como em matéria do jornalista Fernando Dantas, deste jornal, na terça-feira, que reproduz comentários de dois analistas que também estranharam o que veio no documento.

Ele começa olhando a inflação passada e registra o seu forte agravamento em janeiro e fevereiro deste ano, quanto o índice-meta do Copom, o IPCA do IBGE, mostrou taxas de 0,75% e 0,78%, respectivamente, as quais ficaram perto do dobro do valor médio, cerca de 0,37%, que as taxas mensais precisam ser para a inflação ficar no centro da meta do Copom, de 4,5% ao ano. É verdade que no início do ano houve causas sazonais, como o aumento das anuidades escolares, ou extraordinárias, como as fortes chuvas, que encareceram preços de alimentos in natura.

A ata, contudo, nem se detém nelas. Por razões desse tipo se espera uma queda dessas taxas, mas por outras elas não deverão convergir rapidamente para o valor médio citado. Em síntese, como disse a ata, "... o conjunto das informações disponíveis evidencia deterioração da dinâmica inflacionária na margem".

Em seguida, olhando a inflação futura, a que realmente interessa, o Copom constata que as projeções que elabora mostram essa inflação sensivelmente acima do valor central da meta no final de 2010.

Em seguida, examina a atividade econômica, vê pressões do lado da demanda e conclui que "... aumenta a probabilidade de que desenvolvimentos inflacionários inicialmente localizados venham a apresentar riscos para a trajetória da inflação". Riscos esses que "... derivam, no âmbito externo, de eventual elevação dos preços de commodities; e, no interno, dos efeitos, cumulativos e defasados, da distensão das condições financeiras e do impulso fiscal e creditício sobre a evolução da demanda doméstica, levando-se em conta a dinâmica do consumo e do investimento, em contexto de acelerada redução da margem de ociosidade na utilização dos fatores de produção".

Com isso, a ata diz que "... houve consenso (...) quanto à necessidade de se implementar um ajuste na taxa básica de juros, de forma a conter o descompasso entre o ritmo de expansão da demanda doméstica e a capacidade produtiva da economia, bem como para reforçar a ancoragem das expectativas de inflação". E há outro parágrafo que diz essencialmente a mesma coisa.

Apesar desse consenso, como epílogo veio o dissenso, por cinco votos a três: "Nessas circunstâncias, a maioria (...), tendo em vista as informações disponíveis neste momento, aliado ao fato de que já está em curso o processo de retirada dos estímulos introduzidos durante a crise, entendeu ser mais prudente aguardar a evolução do cenário macroeconômico até a próxima reunião do Comitê, para então dar início ao ajuste da taxa básica."

Note-se que esta última frase começa dizendo "nessas circunstâncias", mas o que elas indicavam mesmo é que viria a decisão de aumentar a taxa. E a explicação que se seguiu não convence, pois a retirada de estímulos é parcial, alguns vieram para ficar e há outros que voltaram a atuar, como o do crédito. Aliás, numa das frases da ata, já citada, há referência aos " efeitos (...) da distensão das condições financeiras e do impulso fiscal e creditício sobre a evolução da demanda doméstica".

Ao dizer que na próxima reunião dará inicio ao ajuste da taxa básica, o Copom está como que a afirmar: "Olha, sinto decepcionar, desta vez não vou lutar, mas na próxima reunião não afinarei." Como disse o economista Márcio Garcia, na citada matéria de Fernando Dantas: "Não é porque estabeleci uma meta de redução para o próximo mês que devo adiar o início da dieta." Ademais, o Copom sempre afirmou que sua ação deve antecipar-se aos fatos, mas não foi o que aconteceu. Aliás, é o que também indica a principal manchete da página onde está essa matéria: Projeção de inflação sobe pela 10.ª vez (consecutiva) ? referindo-se a mais um resultado da pesquisa semanal Focus, realizada pelo BC junto ao mercado financeiro. Com isso a projeção da taxa anual medida pelo IPCA em 2010 chegou a 5,16%.

Não sem razão, a ata aumentou a especulação de que a subida da Selic foi adiada para evitar danos à imagem do presidente do Banco Central, que estaria de saída para ser candidato. Escrevo sem saber sua decisão final. Se sair, essa especulação ganhará força. Em qualquer caso, ele ou seu substituto terão de lidar com o fato de que o conteúdo da ata trouxe danos à credibilidade do Copom.

ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP, É VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO

SÉRGIO GUERRA

Cláusula pétrea
Folha de São Paulo - 01/04/10

A diferença entre Chávez e o PT está só no uso da força policial. A outra violência, de interferir no que a população deve "pensar", é a mesma


É VERMELHO o sinal de alerta contra as tentativas de estabelecer a ditadura do pensamento único e do controle dos meios de comunicação no Brasil e na América Latina. A escalada já contaminou Argentina, Equador, Bolívia e Venezuela, onde Hugo Chávez retirou do ar canais a cabo, por recusarem-se a transmitir seus intermináveis monólogos.
Aqui, os petistas disfarçam, mas vão continuar tentando estabelecer alguma coisa que lhes permita interferir na liberdade de imprensa, de pensamento e de opinião. Os petistas fazem vista grossa ao que acontece com os latino-americanos, alegando que são problemas internos daqueles países.
Assessor de relações internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia chegou a dizer que havia liberdade de imprensa "demais" na Venezuela. Não é coincidência que Chávez, para retribuir, já anunciou que sua preferência nas eleições brasileiras seria a candidatura oficial.
A mais recente e vergonhosa omissão aconteceu em relação a Cuba, onde o governo brasileiro sorriu, abraçou e se deixou fotografar com os irmãos Castro. Enquanto isso, o povo cubano enterrava, cercado pela polícia, Orlando Tamayo, um pedreiro pacifista de 42 anos que os castristas deixaram morrer de inanição depois de 85 dias de greve de fome. Tamayo estava confinado há mais de 30 anos por crime de opinião.
Quantos mais precisarão morrer para se libertar? É a pergunta que o mundo se faz e os dirigentes do PT fingem não ouvir.
Em Cuba, cometem crime de opinião todos os que não se contentam em ler o "Granma", órgão oficial do Partido Comunista. Inspirado no "Pravda", é o único jornal autorizado a circular na ilha. Note-se que o seu inspirador russo foi criado por Trótski, em 1908, justamente para furar a censura imposta aos intelectuais que lutavam contra os czares.
Para o PSDB não é hora de tergiversar. É o momento, sim, de todos os que acreditam e têm a liberdade de pensamento como convicção defenderem a imprensa livre. Com autonomia para apurar, investigar e publicar, respeitados os limites da lei. Assim como o direito de resposta.
O arbítrio ou qualquer dos seus eufemismos têm que ser rechaçados com firmeza. Democracia se faz com liberdade e respeito ao direito de opinião e manifestação. Essa é a garantia de que, ao final, a verdade aparece.
Apesar do repúdio generalizado, o governo petista não cessa as tentativas, iniciadas em 2004 com o Conselho Federal de Jornalismo, autarquia pensada para dar emprego aos "companheiros", censurar e punir jornalistas e empresas de comunicação. No ano seguinte os petistas inventaram a Agência Nacional de Cinema e Audiovisual, outra clara forma de controle da produção intelectual.
Pararam? Não, continuaram na Conferência Nacional de Comunicação, onde as mentalidades chavistas propuseram o "controle social" dos meios de comunicação. E como são a mobilizações que agradam e dão ocupação aos "companheiros", a luta continua nas próximas conferências nacionais, para as quais não faltam propostas de interferência e controle.
A diferença entre Chávez e o PT está apenas no uso da força policial. A outra violência, de interferir no que a população deve "pensar", é a mesma.
Aqui, os petistas acham-se no dever de manter toda a sociedade sob seu controle. Acreditam-se mais capazes e inteligentes, esquecendo-se de que leitores, ouvintes e telespectadores simplesmente podem ler outro jornal ou site, mudar a estação de rádio ou TV. E de voto.
Para dissimular concepções autoritárias, quando não podem fugir ou se esconder, os petistas tentam confundir. Foi o que tentaram fazer recentemente ao lançar o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, em dezembro passado, e compará-lo aos dois anteriores feitos quando o PSDB ocupava a Presidência da República.
Não colou. A diferença fundamental entre o atual programa e os anteriores é simples: está na origem. É isso que gera credibilidade ou não.
Quando apresentou suas propostas, em 1996 e 2002, o PSDB trabalhou para desenvolver projetos representativos de todos os segmentos sociais, democraticamente. Sem revanchismos, perseguições, sem volta ao passado.
Se o PT não é confiável, o PSDB é.
Para o nosso partido, a liberdade de imprensa, a de opinião e a de manifestação são cláusulas pétreas da democracia. É assunto que não está em discussão. Ao contrário do que faz o PT.
Essa discussão de métodos, filosofias e práticas não estará fora das eleições de 2010. Dizer a verdade, apontar erros e manipulações, pensar livremente e sem tutelas são direitos, mas também deveres, inerentes à cidadania. E princípios básicos da democracia.
SÉRGIO GUERRA, 62, economista, é senador da República pelo PSDB-PE e presidente nacional do PSDB.

JAPA GOSTOSA

DORA KRAMER

Combate eleitoral 

O Estado de S.Paulo - 01/04/2010

O presidente Luiz Inácio da Silva e a ministra Dilma Rousseff rodaram o País à vontade por dois anos inteiros sem ser importunados por militantes de partidos da oposição ou por manifestações organizadas com o objetivo de impedir que nadassem "de braçada" nos comícios disfarçados em solenidades oficiais durante dois anos.


E não por falta de quem preferisse na época adequada votar na candidatura oposicionista conforme o registrado pelas pesquisas de opinião durante todo esse período, a despeito da estupenda aprovação do governo Lula.

Houve até quem criticasse a oposição por não levar "o povo às ruas" para não deixar que o governo fizesse política sem contraditório. É um jeito de fazer as coisas. Ou até falta de jeito. Ou carência de base social, identificação popular, o que for.

Muito bem. Partido com militância forte conta como vantagem. É legítimo e é do jogo.

O que foge à regra da civilidade é a violência, a falta de respeito com o cotidiano de uma cidade, o uso de estruturas coletivas para embates partidários e o cerceamento à movimentação de candidatos, cerco de milícias organizadas em defesa da manutenção de empregos, de transferências de recursos, de uma situação de poder que nada tem a ver com a disputa entre candidatos mais bem qualificados para presidir o Brasil.

Os dois principais candidatos à Presidência da República fizeram suas festividades para marcar a despedida de Dilma Rousseff e de José Serra, respectivamente da Casa Civil da Presidência da República e do governo de São Paulo.

Mobilizaram recursos em boa medida públicos ? senão em toda ?, mostraram cada um a sua força. Mas no caso de São Paulo os sindicatos ligados à CUT acharam por bem atrapalhar a festa do adversário e atazanar a vida do paulistano com greves, passeatas, interrupções de avenidas, congestionamentos, ameaças, hostilidades de toda sorte. Não se pode imaginar que tenha sido a mando da candidata que apoiam.

Nem acreditar por antecipação que o adversário não vá, em reação, recorrer ao mesmo tipo de expediente. Mas em última análise são eles sim ? os candidatos ? os responsáveis por evitar que as campanhas descambem para a selvageria.

As coisas começaram mal quando o presidente Lula começou a imprimir o padrão da popularidade inimputável que a todos os joelhos dobra, a todas as espinhas quebra.

No Brasil não funciona assim. Há uma imensa massa manobrável. Mas há outra imensidão resistente a exorbitâncias. Por cima dela não passa boi, não passa boiada, não passa controle "social" da informação, não passa terceiro mandato nem tampouco tentativas de dividir o País em nome de ambições hegemônicas de gente que não aceita a regra igualitária da competição e tem ojeriza ao da alternância de poder.

Cá pra nós. Essa história de Henrique Meirelles pedir tempo a Lula para pensar não existe. Ambos querem a vaga de vice na chapa de Dilma Rousseff e ponto final. Não há nada a ser pensado, só a chance de isso vir a acontecer ou não.

Há cerca de 15 dias quando chegou a circular a notícia de que estava decidido a concorrer ao Senado por Goiás ? num período em que o presidente Lula queria agradar ao PMDB ?, Meirelles telefonou a um amigo avisando da decisão.

Minutos depois ligou de novo acrescentando que não era bem assim: o nome dele ainda estava na parada para vice.

Nesse meio tempo, o presidente do PMDB e candidato do partido a vice, Michel Temer, praticamente vetou Meirelles em público. E mais: a pesquisa Datafolha com Serra 9 pontos à frente de Dilma reforçou a posição do PMDB, vale dizer, de Temer, na chapa.

Qualquer que seja, ou tenha sido ontem, a decisão ? ficar ou sair do governo ?, quem dá as ordens é Lula.

Que, aliás, não tem se entendido bem com sua bússola no que tange ao rumo do PMDB.

Inconsoláveis. Tem petista que não se conforma com a decisão do DEM de proibir alianças com o PT em todo o País. Promete lutar, ir ao Supremo se preciso for.

ANCELMO GÓIS

A Cruzada 

O Globo - 01/04/2010 

“A PRAÇA é nossa”, aqui da coluna, está de volta, porque hoje é quinta-feira. E volta com um pedido à nova prefeita de Nova Iguaçu, Sheila Gama: uma boa guaribada na praça do Parque São José, no bairro Bom Jesus. Veja na foto: os brinquedos estão todos quebrados e não há nenhum banco, embora o hoje candidato a senador, e ex-prefeito, Lindberg Farias tenha prometido fazer uma nova praça. O interesse dos cidadãos é tanto que um morador resolveu fazer bancos para o lugar. Saiu pedindo na comunidade pedaços de madeira e conseguiu construir três. Bem que a prefeitura poderia se sensibilizar e seguir o exemplo do contribuinte
Benjor pela água
Jorge Benjor fará um show na Apoteose, no Rio, dia 18 de abril, no evento Dow Earth Run For Water, pela água do planeta, que ocorrerá em 100 países.
O ingresso, a R$ 65, será a inscrição para uma caminhada/ corrida de 6km.
O balão branco
Cineastas brasileiros, como Cacá Diegues e Luiz Carlos Lacerda, receberam ontem e-mail com a informação de que Jafar Panahi continua preso no Irã.
Semana passada, o Itamaraty, que havia feito gestões discretas pela libertação do cineasta, foi informado que o diretor de “O balão branco” havia sido solto.
Ou seja...
Ahmadinejad não é confiavel.
Questão de gosto
Lula, na fala de despedida aos ministros, deu muito mais espaço a Alfredo Nascimento (Transportes) e a José Pimentel (Previdência) do que a Patrus Ananias, gestor do Bolsa Família.
Como se sabe, as estradas brasileiras e as aposentadorias são um orgulho nacional.
Eu me amo
Sobre si mesmo, Lula foi mais modesto, como é de seu estilo: — Tem hora em que estou no avião e, quando alguém começa a falar bem de mim, meu ego vai crescendo, crescendo, crescendo...
Tem hora que ocupo, sozinho, três bancos com o ego.
Aliás...
Lula, reconheça-se, às vezes, é bem-humorado. Foi impagável sua despedida de Carlos Minc: — Companheiro Minc... o menos polêmico de todos os companheiros, o que menos gosta de falar com a imprensa, o que se veste mais discretamente...
No mais...
A coluna oferece um doce a quem souber de cor os nomes dos novos ministros.
Vale para o próprio Lula.
Chico x piratas
Daniel Filho, o diretor de “Chico Xavier”, o filme que estreia amanhã nos cinemas, avisa aos compradores do DVD pirata do longa: — O que está sendo vendido é oportunismo e fraude. É um pirata da edição do (documentário) “Pinga-fogo com Chico Xavier” (de Oceano Vieira de Melo, de 1971).
Segue...
Segundo Daniel, as 377 cópias do filme estão marcadas. “Se aparecer pirata, saberemos em que cinema foi feita”, diz. A vigilância dos gerentes das salas será, portanto, maior, acredita.
E mais: “Em cada sala, haverá uma pessoa vigiando durante as exibições.”
Agente
Com as idas e vindas ao exterior, Rodrigo Santoro agora tem também um agente no Brasil.
Fechou com Ike Cruz, empresário de Juliana Paes.
Domingo no parque
A prefeitura do Rio, numa ação conjunta da Fundação Parques e Jardins e da Subprefeitura do Centro, vai instalar 18 câmeras de alta definição no Campo de Santana, para monitoramento 24h.
Duas serão móveis, com alcance de 360 graus.
É que...
O Campo de Santana é alvo constante de vândalos e ladrões de mobiliário público.
Além disso, meu Deus, a Escola Municipal Campo Salles, que fica ali dentro, já foi assaltada, acredite, 14 vezes.
No pasarán I
Domingo, no jogo contra o Fluminense, no Maracanã, o Macaé vai usar uma camisa em defesa dos royalties do Rio.
O uniforme foi feito especialmente para a partida, que será transmitida pela TV.
No pasarán II
Também domingo, moradores de Rio das Ostras, outro município dependente dos royalties, vão fazer uma cavalgada contra tentativa de tungar o dinheiro do Rio.
A “cavalaria” parte às 9h do Jardim Campomar.
Cena carioca
Outro dia, um senhorzinho negro de mais de 70 anos, de terno e gravata, com a Bíblia embaixo do braço, vendia biscoitos na Praia do Leblon sob um sol de rachar.
Marcelo Camelo, o músico que integrou o Los Hermanos, com pena do vovô, pegou R$ 100 e comprou todos os seus biscoitos. Depois, distribuiu de graça na praia.

DEBORAH SECCO, a linda atriz, vai enfeitar assim, hoje, as TVs do Brasil, na apresentação de “Emoções sertanejas”, especial de Roberto Carlos, na TV Globo

NELSON SARGENTO, baluarte da querida Mangueira, capricha na canja com Muri Costa, do Arranco de Varsóvia, na gravação do DVD “Pãozinho de Açúcar — Arranco de Varsóvia canta Martinho”
PONTO FINAL

Rui Barbosa, Jorge Amado, Dorival Caymmi, João Gilberto, Bebeto, Caetano, Gil, Gal Costa, Bethânia...
O Rio sempre recebeu de maneira fraterna e camarada os baianos, ilustres ou não. Com Gabrielli, não foi diferente. Mas tem gente que cospe no prato em que come. É pena.

LUIS FERNANDO VERISSIMO

O último círculo
O GLOBO - 01/04/10


Certos fatos são como os círculos concêntricos que se formam quando a proverbial pedra cai no proverbial lago. Têm um significado imediato e têm as conotações que se alastram, com significados cada vez maiores. Essa questão dos padres pedófilos, por exemplo. No seu centro há o drama individual de um homem e sua compulsão doentia, e das suas vítimas. O significado seguinte é o da condição antinatural do homem, obrigado ao celibato ou condenado à hipocrisia, que se vale da presunção de inocência que o voto de castidade lhe dá para praticar seu vício. Outro significado maior é o do poder que a religião tem sobre seus fiéis, para o bem ou para o mal, expressa na imagem do pastor guiando seu rebanho, mas sem nenhuma garantia do caráter do pastor. E se você quiser continuar seguindo estes círculos sucessivos de implicações fatalmente chegará à neurose sobre o sexo que está na base de toda ideia de clausura e renúncia às tentações da carne, e – o círculo seguinte – na base da nossa civilização. A demonização do sexo e a misoginia são constantes da cultura judaico-cristã e o islamismo não fica atrás, com suas regras de abstinência e sua sonegação à vista pública de qualquer parte do corpo feminino. O celibato protege o padre do contágio do mal pelo contato com a mulher, descendente de Eva, a primeira desencaminhadora. Os padres pedófilos, com sua preferência por meninos, poderiam muito bem alegar que sucumbiram a demônios menores.
O último dos círculos irradiados tem a ver com a Igreja e seus costumes, como a demora em reconhecer seus erros. Entre o acobertamento e a omissão, a hierarquia da Igreja tem muito a ver com os crimes praticados por seus sacerdotes, que destruíram a vida de tanta gente. Mas nada disto afetará sua majestade. Ela sobreviveu à Inquisição, à perseguição aos judeus, à resistência obscurantista a todas as revelações da Ciência e à cumplicidade com tiranos, e pediu desculpas. Ainda hoje dita o comportamento sexual de milhões de pessoas, apesar da sua posição retrógrada na questão dos anticoncepcionais, mas um dia pedirá desculpas por isto também. E pela sua responsabilidade nas vidas destruídas. O que é eterno não precisa ter pressa.
ARMANDO
O Armando Nogueira provou: futebol é jogo pra homem, e pra poeta, filósofo, ensaísta...

CLÁUDIO HUMBERTO

“Agora a briga é outra”
GEDDEL VIEIRA LIMA (PMDB), SOBRE A DISPUTA COM JAQUES WAGNER (PT) NA BAHIA

DF: DEPUTADOS QUEREM UM DELES NO GOVERNO
Embora divulguem a intenção de não eleger um deles para o governo do DF, na disputa indireta do dia 17, deputados distritais articulam a eleição do colega Aguinaldo de Jesus (PR), segundo informes da área de inteligência em poder da coluna. O último encontro do grupo, que pretende liberar “demandas represadas no governo Arruda”, ocorreu no apartamento no Sudoeste do ex-dirigente no Detran-DF Antonio Coelho.

ARTICULADOR
Um dos articuladores desse grupo seria o ex-policial Marcelo Toledo, enrolado na Operação Caixa de Pandora por lavagem de dinheiro. 

COALIZÃO 
Participam das reuniões Cristiano Araújo e Benício Tavares, do PTB, Batista das Cooperativas e Ailton Gomes, além de Toledo e Coelho.

NOSSO EXÉRCITO 
A Petrobras mobilizou 105 advogados para defender diretores de uma subsidiária, condenados pelo Tribunal de Contas da União.

AMIGO, PROCURA-SE
Maldade de ilustre tucano mineiro: “José Serra nem pode escolher o melhor amigo para ser vice; melhor amigo é coisa que ele nunca teve”.

OAB PERDE NA INDICAÇÃO AO QUINTO DO TJ-RJ
A lista sêxtupla da Ordem dos Advogados do Brasil para indicação ao Quinto Constitucional foi recusada pelos desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio: só dois candidatos obtiveram o número mínimo de votos. Na lista tríplice venceram os procuradores do Ministério Público Mônica Sardas, Laise Ellen e Paulo Rangel – ex-professor da advogada Adriana Anselmo, mulher do governador Sérgio Cabral (PMDB). 

TUDO DE NOVO 
A OAB-RJ deverá enviar nova lista sêxtupla com os dois advogados que obtiveram o número mínimo de votos dos desembargadores: 91, cada. 

RESERVA DE MERCADO 
A lista tríplice será enviada ao governador para a escolha dos novos desembargadores do TJ. Sem concurso público, mas por toda a vida. 

CLIMA DE TERROR
Um dirigente sindical descreve o clima na ECT: “Temos trabalhadores desmotivados, mal pagos e amedrontados pelas ameaças da diretoria”.

NÃO É BEM ASSIM
Os jornalões estão dando como certa a indicação do deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) para o Senado, na chapa de Agnelo Queiroz (PT). Mas ele não será: vem bomba contra ele em uma revista semanal.

QUASE SÓCIO
O escândalo em Brasília gerou súbita queda nas vendas da marca de luxo Louis Vuitton. É que Durval Barbosa, delator do mensalão do DEM, era um cliente tão especial que a marca ia a Brasília para realizar desfiles para a família Barbosa, os maiores clientes da LV no Brasil.

O MILAGRE DA ELEIÇÃO 
É “coincidência”? Os governos do Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Minas Gerais, Mato Grosso e Pará discutem aprovar – se não já aprovaram – aumentos para os servidores públicos estaduais.

MÃO ÚNICA 
O deputado Benedito de Lyra (PP-AL) dedica seu mandato a batalhar recursos para a prefeitura de Maceió. Conseguiu R$ 322 milhões, que fizeram do prefeito Cícero Almeida (PP) campeão de aprovação (91%). Mas na hora de receber o apoio do prefeito, ficou pendurado na brocha. 

JOGO DE EMPURRA
Tucanos ilustres agora culpam a insistência do ex-ministro Eduardo Jorge pela decisão do ex-presidente FHC de receber Joaquim Roriz (PSC). Já o ex-governador do DF afirma que atendeu a convite.

A RAZÃO DO APAGÃO
Levantamento realizado pelo deputado distrital Chico Leite (PT) mostra que a Companhia Energética de Brasília deixou de investir, entre 2005 e 2009, R$ 343 milhões na distribuição de energia no DF.

BICHO MUITO DOIDO
Lula está chamando urubu de “meu louro”, como dizia o saudoso Stanislaw Ponte Preta, responsabilizando “aves de mau agouro” pela “torcida” por apagão estilo FH. Que bicho apagou meio Brasil em 2009? 

CÓPIA PIRATA
O Paraguai pirateou a ideia: nomeou o chanceler Héctor Lacognata para o conselho de Itaipu Binacional, fazendo par com Celso Amorim. Desde que não ganhe dois salários, segundo a chancelaria paraguaia, pode. 

PERGUNTA DE MENTIRINHA
Não é sugestivo que a ministra Dilma “comece” a campanha hoje? 

PODER SEM PUDOR
CONVERSA A TRÊS
O tucano gaúcho Adroaldo Streck era deputado, no início dos anos 90, e, num telefonema, confessava o seu desencanto com o monopólio estatal das telecomunicações: “Comprei uma linha telefônica há dois anos e ainda não foi instalada!”. Uma mulher entrou na conversa, em linha cruzada:
– Sou ouvinte do teu programa e concordo: devemos extirpar o monopólio!
Para não perder a chance de agradar à eleitora, Streck ponderou:
– Devemos convir que nem tudo que é ruim deve ser extirpado. Afinal, se não fossem as falhas do sistema, não teríamos esta conversa a três!