sábado, março 27, 2010

ARI CUNHA

Falência da eletricidade

CORREIO BRAZILIENSE- 27/03/10

Falando numa rádio, o ministro Edison Lobão expressou o pensamento do povo. A CEB tem renda, falta organização. Quem paga impostos quer a devolução em serviços. Com a eletricidade de Brasília, tal não ocorre. Desmantelo e falta de organização. Falta luz em vários lugares a qualquer momento. O prejuízo com a volta da energia é inutilizar aparelhos domésticos acima da realidade. Pode-se falar em ressarcir prejuízos, mas a burocracia evita o contato do povo ofendido. Falta pulso na direção da empresa para honrar obrigações. Brasília não pode nem deve se sujeitar ao fato. Essa é uma das razões da censura do ministro das Minas e Energia. Falta competência aos diretores ou é má vontade dos funcionários.


A frase que não foi pronunciada

“Eleição é matemática. Vence quem tem mais votos.”
Maria de Lourdes Abadia, trabalhadora desde criança. Começou a vida como caixa de livraria e seguiu até governadora por disposição própria.



Sábado
» É certo que no pacote do marketing algum benefício terá. A internacional WWF conseguiu apoio dos presidentes da Câmara e Senado para participarem da campanha Hora do Planeta. Hoje, por uma hora, a partir das 20h30, só no Brasil, 1.700 empresas vão participar da iniciativa.

Metrô em greve
» Paralisados os serviços de transportes pelo metrô. Brasília foi a grande perdedora. Falta quem explique aos metroviários que o pagamento é feito pelo sofrido usuário, não pela autoridade dirigente. Não é justo que quem paga com impostos
venha sofrer pelo fato de dar tanto dinheiro ao governo.

Esperto
» Loja do Altivo. A quem interessar, vale a visita ao portal. Compras pela internet. Só que, antes de pensar em comprar, leia a página de reclamações. É incrível. A loja virtual vende sem entregar o produto. Problemas de compra eletrônica têm chamado a atenção das autoridades pela falta de ferramentas. Alguns crimes só têm solução se o prejudicado estiver disposto a resolver.

Generosidade
» Governador Wilson Lima deve permanecer no cargo para evitar conflitos. Ocorre que a generosidade com o dinheiro do erário merece ter justificativa. Aumentar salários e funcionários fora do orçamento é cumprimentar com o chapéu alheio.

Apoio
» Hospital de Apoio dirigido pelo dr.Cid Luis de Sousa Vale é o anjo dos doentes sem retorno. Bem organizado por pessoal especializado, atenções e desvelo. Se há organização de dedicação ao doente terminal, a solução de Brasília é excepcional.

Shopping
» A próxima inauguração do Shopping Iguatemi movimenta o maior número de caminhões que a cidade já conheceu. Organização perfeita. São atendidos na hora de chegada. Entram, descarregam e aguardam do lado de fora a conferência do material. Tudo em ordem. O volume de veículos transportadores é grande e há necessidade de atendimento continuo.

Variação
» Comércio de São Paulo está vivendo a tripas forras. Os preços dos remédios variam até 80%. Qualquer compra é cotada antes para defesa do consumidor.

Reação
» Durante as aulas de direção, todos os motoristas aguardavam receber a carteira. Depois, às favas os cinturões. Hoje quem tem consciência usa. Há carros que chamam a atenção pelo desleixo. Outro dia, um irresponsável declarava que não usava cinto de segurança. Praza aos céus que não receba punição. E, se receber, entenderá por quê.

Intervenção
» Multiplica-se a ideia de intervenção no Distrito Federal. A Constituição trata do assunto como exceção. O governo só pode intervir na Federação se for para manter a integridade do país.


História de Brasília

Todas as companhias de aviação que fazem linha internacional estão reduzindo as tarifas. Aconteceu depois que a Panair provocou o tumulto com o seu acordo operacional com a TAP. Falta, agora, que isso ocorra em âmbito nacional porque os preços atuais estão altíssimos. (Publicado em 28/2/1961)

GOSTOSA

EDITORIAL - FOLHA DE SÃO PAULO

Gilmar Mendes
FOLHA DE SÃO PAULO - 27/03/10

Defensor intransigente dos direitos individuais, ministro ficará como um dos mais polêmicos e ativos presidentes do STF
APREÇO PELO confronto público de ideias e temperamento dado à polêmica são características, em princípio, indesejáveis num juiz. A combativa personalidade do ministro Gilmar Mendes, no entanto, se mostrou valiosa para enfrentar resistências e impor à Justiça brasileira uma gestão modernizadora nos dois anos em que esteve à frente do Supremo Tribunal Federal.
O estilo também é condizente com outras duas marcas de seu mandato: a defesa intransigente dos direitos individuais e a consolidação do STF como corte constitucional, cuja função é arbitrar omissões ou conflitos de princípios da Carta de 1988.
Ocasionais embates com os demais poderes da República surgiram desse movimento de afirmação do Judiciário, ainda que Mendes não tenha resistido, muitas vezes, a cometer excessos retóricos na defesa do que em inglês se chama "law and order".
Houve também conflitos internos. Sob seu comando, a imensa máquina do Judiciário foi objeto de um salutar choque gerencial. O Conselho Nacional de Justiça, dirigido pelo presidente do STF, ganhou a legitimidade e os recursos necessários para cumprir sua missão de aumentar a transparência administrativa dos tribunais e elevar a eficiência do trabalho dos juízes.
O órgão tem buscado estabelecer indicadores de desempenho e metas de produtividade. O objetivo de que todas as causas iniciadas antes de 2006 tivessem uma sentença até o fim de 2009, anunciado por Mendes, não foi alcançado. Mas contribuiu para reduzir a morosidade na análise de casos pela Justiça. Não é desprezível, diga-se, a marca de 60% dos processos pendentes resolvidos dentro do prazo previsto.
No Supremo, o momento mais dramático, estima o próprio Mendes, foi o episódio dos dois habeas corpus concedidos em sequência ao banqueiro Daniel Dantas. O recurso é uma garantia constitucional dos cidadãos contra abusos de autoridade -e cabia a Mendes julgar o caso. O juiz de primeira instância havia decretado uma primeira ordem de detenção provisória contra o banqueiro, que o presidente do STF decidiu reverter.
O juiz decretou então nova prisão. Ainda que agisse dentro de suas prerrogativas, o gesto ganhou contornos de provocação. Não houve equívoco nem exagero do presidente do Supremo ao determinar que o banqueiro fosse novamente libertado.
É um erro considerar o episódio de forma isolada. Mendes defendeu o mesmo princípio quando comandou os chamados mutirões carcerários, em 20 Estados, que colocaram em liberdade cerca de 20 mil pessoas indevidamente encarceradas.
Num país marcado pela impunidade, pode soar impróprio -e é certamente impopular- defender suspeitos da sanha persecutória de setores do Estado. Mas é tarefa da Justiça fazê-lo, e Mendes cumpriu com desassombro sua função.
Mais comedimento na vocalização de opiniões, que em alguns casos geraram conflitos com outras áreas do poder e da sociedade, teria sido recomendável. O STF perde quando, ao se envolver em disputas, seu presidente é publicamente criticado -já que é inevitável alguma confusão entre a imagem do magistrado e a da instituição que comanda.
Ao transferir o cargo para Cezar Peluso, no final de abril, Gilmar Mendes ficará não apenas como um dos mais polêmicos mas também como um dos mais ativos presidentes da história do Supremo Tribunal Federal.

HOLOFOTE - FELIPE PATURY

REVISTA VEJA
Panorama

Holofote


Felipe Patury
Alan Marques/
Folha Imagem

A súper Bras

O governo patrocina uma parceria entre a Petrobras e a Vale para a exploração de insumos de fertilizantes. Na semana passada, o ministro de Minas e Energia,Edison Lobão, reuniu o presidente da petroleira, José Sérgio Gabrielli, e o da mineradora, Roger Agnelli, para fechar um acordo sobre o assunto. Os dois acertaram firmar um contrato de confidencialidade para trocar informações sobre sua capacidade de produção de enxofre e de potássio, matérias-primas de adubos. Não está descartada a hipótese de as duas empresas formarem uma joint venture para explorar esse mercado. Nesse caso, o governo pode desistir da criação de uma Adubobrás, como está sendo chamada a estatal do adubo.

Michel Filho/
Ag.O Globo

Minas já é Serra

O comando petista alardeia ao público interno e à imprensa que sua candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff, vencerá em Minas Gerais. Pode até ser, mas a tarefa não é nada fácil. Duas pesquisas feitas no estado apontam uma larga vantagem do governador de São Paulo, José Serra, do PSDB, em relação à ministra. Em uma delas, Serra aparece com 18 pontos à frente. Na outra, a dianteira é de 14 pontos. Os dois levantamentos embasaram as conversas que Serra teve com o governador mineiro, Aécio Neves, e a equipe dele, para elaborar a estratégia da campanha tucana em Minas.

Sergio Lima/
Folha Imagem

O que quer Mercadante

Quem trocaria uma possível reeleição para o Senado por uma provável derrota ao governo de São Paulo? O petista Aloizio Mercadante usou esse argumento para exigir uma recompensa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ex-prefeita Marta Suplicy. Se perder mesmo a eleição para o Bandeirantes, ele quer disputar a prefeitura de São Paulo em 2012. Lula e Marta não vetaram a pretensão – mas não a aprovaram. Falta consenso também sobre a estratégia do PT paulista. Mercadante quer ser o único candidato governista no estado. O PT acredita, porém, que só evitará a vitória do tucano Geraldo Alckmin já no primeiro turno se insuflar nomes de outros partidos.

Nauro Junior/
Ag. RBS

As pousadas do ermitão

O gaúcho Ernesto Corrêa da Silva Filho é um empresário tão bem-sucedido quanto recluso. Maior exportador de calçados do mundo, um dos principais produtores de carne do Uruguai e dono de uma empresa de processamento de transações bancárias, a GetNet, Silva Filho concentra, agora, suas atenções no turismo. Quer internacionalizar a rede de hotéis InterCity, com dezesseis estabelecimentos no Brasil. Com quatro sócios uruguaios, abrirá uma unidade em Montevidéu em 2011. O presidente da companhia, Alexandre Gehlen, deve comprar outra em Buenos Aires e já está garimpando o mercado chileno.


Valor/
Folha Imagem

O novo nome da energia

Ex-presidente da Suzano, o executivo Murilo Passos será um dos principais artífices da consolidação do setor de energia no Brasil. Ele sucederá Pedro Parente na VBC, o braço de energia da Camargo Corrêa. A posição garantirá o acesso de Passos à presidência do conselho da CPFL, a empresa paulista que o governo escolheu para ser a principal holding do ramo. Maior companhia privada nacional de eletricidade, a CPFL já fatura 10,5 bilhões de reais por ano.

Com reportagem de Igor Paulin e Júlia de Medeiros

Vivendo como uma Onassis

Sipa Press

O dono da corretora de seguros Qualicorp, José Seripieri Júnior, tornou-se o novo proprietário da cobertura paulista que pertenceu a Athina Onassis. O mercado estima que ele desembolsou 35 milhões de reais por aquele que é considerado um dos melhores e mais elegantes apartamentos da cidade. O negócio foi fechado há duas semanas. Em 2005, Athina comprou o imóvel por menos da metade desse valor: 16 milhões de reais. Seripieri Júnior é amigo de Ricardo Miranda, sogro de Athina e também empresário do setor de seguros.

MÔNICA BERGAMO

SOBE O SOM
FOLHA DE SÃO PAULO - 27/03/10


A cantora pernambucana Karina Buhr, 35, estreia hoje as apresentações de seu primeiro disco, "Eu Menti pra Você", na choperia do Sesc Pompeia, em SP. Para o show, ela contará com a participação do guitarrista Edgard Scandurra e dos músicos Fernando Catatau e Marcelo Jeneci. Ex-atriz do Teatro Oficina, Karina diz que deseja continuar atuando. "No momento, isso é inviável. Estou focada no lançamento do disco."

Bomba suja

A CPPU, comissão de paisagem urbana da prefeitura, vai fazer reunião extraordinária em abril para decidir sobre a adequação dos postos de gasolina à Lei Cidade Limpa.
Como não têm paredes, eles são acusados de exibir publicidade nas ruas, por exemplo, quando expõem suas marcas nas bombas e nas faixas que anunciam o preço do combustível.
A tendência é que a prefeitura permita que cada posto coloque até três banners, desde que eles estejam debaixo da cobertura e a 1 m da rua.

PAISAGEM
Os estabelecimentos também pedem que as marcas estampadas nas laterais de seus telhados sejam consideradas parte da arquitetura, e não publicidade. Alegam que os logos precisam ser exibidos com destaque para evitar confusão com redes "piratas", como a 13R, que imita o layout da BR. O sindicato do setor já recorreu até à Justiça para tentar impedir que os postos sejam enquadrados nas normas.

O DISCRETO
Sempre discreto, Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT e pivô do escândalo do mensalão, não apareceu no aniversário de José Dirceu em Brasília, que reuniu centenas de políticos numa mansão na capital federal, na semana passada.

Preferiu aparecer para o abraço na casa do ex-ministro, em Vinhedo, no interior de São Paulo, onde dias antes amigos íntimos se reuniram para um churrasco de parabéns.

ESPERANÇA
Em sua saga para conseguir uma vaga para concorrer à reeleição, o senador Romeu Tuma (PTB-SP) conversou com o governador José Serra (PSDB-SP) durante jantar promovido pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, anteontem. Explicou que está em negociações com Paulo Skaf, pré-candidato ao governo pelo PSB, porque as portas do PSDB estão fechadas para ele -o partido já teria escolhido seus candidatos ao Senado. "Nada disso. Não tem nada fechado, nada decidido", afirmou Serra.

PALCO VAZIO
A Cooperativa Paulista de Teatro vai boicotar o evento que acontecerá hoje na Funarte (Fundação Nacional de Artes) pelo Dia Mundial do Teatro e o Dia Nacional do Circo. Alegam que a ideia do ato partiu dos próprios artistas, mas que a fundação e o Ministério da Cultura se apropriaram do evento, declarando-se "anfitriões".
"Precisávamos abrir o leque para outros setores. Eles queriam determinar de forma quase absoluta a condução dos trabalhos", diz Sérgio Mamberti, presidente da Funarte.

FRONTEIRAS
O juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de SP, célebre por conduzir alguns dos principais processos de crimes de colarinho branco do país, vai ser condecorado pelos deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Ele receberá a medalha Tiradentes em maio.

QUEM BODE BODE
Será lançado simultaneamente no Brasil e no Japão o segundo disco do projeto Bodes & Elefantes, do músico Guilherme Granado, da banda Hurtmold. "Behold the Ice Goat", que sai em maio, terá participações de Damon Locks e Wayne Montana (do grupo americano The Eternals) e de Rob Mazurek.

CURTO-CIRCUITO
A SAMBISTA Dona Ivone Lara apresenta o show "Desde que o Samba é Samba" hoje, às 21h, no teatro Fecap. 14 anos.
A GRIFE Mandi promove hoje, às 14h30, feijoada no bar Rádio Café, na Oscar Freire, para apresentar a coleção de inverno.
OS CANTORES Lulina e Bruno Morais se apresentam amanhã, às 19h, no Auditório Ibirapuera. Classificação etária: livre.
A 13ª EDIÇÃO do Leilão de Livros Raros da Fólio Livraria acontece hoje, às 17h, no edifício Golden Light, no Itaim Bibi.
A CORRIDA Track&Field Run Series acontece amanhã, às 7h30, com largada em frente ao shopping Villa-Lobos.
O CURSO de interpretação de cinema "O Ser em Cena" acontece nos dias 29 e 30 na Casa Jaya, na rua Capote Valente, 305.

com ADRIANA KÜCHLER, DIÓGENES CAMPANHA e LÍGIA MESQUITA

WALTER CENEVIVA

Direito de morrer
FOLHA DE SÃO PAULO - 27/03/10

As soluções terão elementos negativos, mas, se posso ser profeta, o assunto será cada vez mais trazido à baila

O TÍTULO mais apropriado para esta coluna seria sob forma de interrogação, mas num país em que o induzimento, a instigação ou o auxílio ao suicídio é subtipo dos crimes contra a vida, no Código Penal, a pergunta não teria cabimento. Ou seja, no Brasil não há direito de, voluntariamente, pelas próprias mãos, por sugestão ou com ajuda de alguém terminar a própria existência.
O leitor pode, nesse caso, perguntar se o próprio suicida comete crime. Não pratica delito algum, previsto na lei brasileira, pois sua morte resolve todos os problemas penais.
Os romanos tinham uma frase bonita a respeito: mors omnia solvit. Se a memória não me trai foi Walter Raleigh quem, correndo o polegar pelo fio do machado do carrasco que o iria decapitar, disse: "Eis o remédio para todos os meus males".
E se o pretendido suicida falhar na tentativa, pode ser condenado? A resposta é negativa. A razão para tanto é rigorosamente lógica: suicidar é atingir, por vontade própria, a morte. Se a tentativa fracassa, não há crime por aquele que atentou contra a própria vida. Tem conduta em que é, ao mesmo tempo, vítima e autor.
Última pergunta: o direito deveria admitir a possibilidade de que, sob condições muito restritas, a ajuda para o suicídio fosse permitida?
Se o tema não parecer mórbido ao leitor e tiver interesse, recomendo-lhe que veja o filme "Escolha da Vida", produzido pela BBC (British Broadcasting Corporation), do Reino Unido, que vi no canal 41 da TV por assinatura.
É a história verdadeira de médica inglesa na luta para conseguir morrer, numa clínica suíça, ingerindo veneno fatal. Estava acometida por doença progressiva incurável que tendia a terminar com toda sua capacidade de gesto, palavra ou mostra de qualquer vitalidade, até a paralisia terminal.
É evidente que, na espécie, colocado o tema sob o ponto de vista religioso, parece preponderante a tendência de não aceitar a solução. É mais evidente ainda que o tema crescerá de importância, na medida em que a medicina crie mais modos de prolongar a existência humana, sem manter sua qualidade.
A atividade integral da pessoa, com gestos, sentimentos e ações compõem o verdadeiro quadro do que é a vida. Quando mantido apenas o batimento cardíaco, o quadro se altera. Imaginado, porém, o ser humano na fase final do mal de Alzheimer, sem cura ou recuperação previsível, no caminho fatal de vida apenas vegetativa. Se a moléstia for detectada num tempo em que o paciente ainda mantém o raciocínio e o manifestar, a antecipação da morte eliminará a carga de sofrimento até o momento derradeiro. Diga o leitor: deve ser admitida?
É natural que, ao lado dessas considerações, se há de fazer outra, relativa aos eventuais interessados em que o paciente morra logo, com olhos para a herança ou qualquer outro benefício.
Todas as soluções terão elementos negativos, mas, se posso ser profeta, o assunto será cada vez mais trazido à baila. É mais uma das muitas consequências da existência sempre mais longa.
A medicina paliativa é o caminho paralelo, na busca de diminuir a angústia e o sofrimento do doente e de seus parentes próximos. Será etapa da caminhada, até a avaliação final do momento em que a ciência não conseguir evitar a morte.

JOSÉ SIMÃO

Socuerro! Vou pichar o paredão!
FOLHA DE SÃO PAULO - 27/03/10

E sabe como se chama o TRE do Pará? TRE-PA! Então eu vou transferir o meu título pro Pará

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
E o presidente da Câmara de Itabuna: "Por falta de CLORO, a sessão está encerrada". Todos pra piscina!
E o pensamento masculinista do dia: "Casamento é um workshop: enquanto um work, a outra shop". E sabe como um amigo meu chama a Rede TV? ERREI DE TV! Rarará!
E o "BBB"? O Big Bagaça Brasil? Adoro a dlag de língua plesa: "Cagalho, o Dougado é o caga, mas a mascaga dele vai cair!". Eu acho que eu vou pichar aquele paredão: "DOUGADO É O CAGA"! Rarará!
E como disse um amigo meu: "Eu não tenho medo que o Dourado fique na casa, eu tenho medo que ele SAIA da casa!". O Godzilla Homofóbico! Vai sair batendo no peito e batendo nas bibas! E eu acho o Bial do cagalho e o Boninho tem QI do Tiguiguica!
Ereções 2010! Febre de inaugurações? Inauguration fever! Agenda de inaugurações do Lula e Dilma: hoje, eles inauguram o Salão da Creusa, o Campinho da Vila e o Bar do Zé Picão! O Eramos6 tá chamando o Lula de Lula Mãos de Tesoura! Não pode ver uma fita que vai cortando! Tschik, tschik, tschick!
E o Serra Vampiro da Ipiranga com a São João? Já tá inaugurando no Poupa Tempo! "Traz uma placa aí." Pum, tá inaugurado. "Outra placa!" Pum, tá inaugurado. E o metrô? O Serra vai pegar umas dez kombis, grudar uma na outra e é esse o metrô: METRÔKOMBI! Ou como dizem em Portugal: carrinha de pão de forma. Serra inaugura metrô de pão de forma!
E sabe como se chama o TRE do Pará? TRE-PA! Então, vou transferir o meu título pro Pará. Em vez de votar, TRE-PA!
E a Câmara dos Deputados que abriu uma lojinha de suvenir?! Vou roubar um suvenir! Não é suvenir de deputado? Tem que ser roubado. E o que vão vender nessa lojinha? Cueca com fundo falso, meia com dois bolsos e a camiseta: ROUBEI, MAS NÃO FUI EU! É mole? É mole, mas sobe! OU, como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece.
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. É que em Salvador, Bahia, tem uma fornecedora de gelo chamada ÁGUA DURA! Ueba! Mais direto, impossível. Viva o antitucanês! Viva o Brasil
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. Hoje não tem. Motivo: aperreiro, preguiça, abuso, entojo e nó nas tripas! Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã!

COMEDORES DE CRIANÇAS

RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA
A cubana Yoani poderá vir ao Brasil, presidente?
RUTH DE AQUINO
Revista Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br
Primeiro levaram os jornalistas. Mas não me importei com isso. Eu não era jornalista. Em seguida levaram alguns estudantes. Mas não me importei com isso. Eu também não era estudante. Depois prenderam os empresários. Mas não me importei com isso. Porque eu não sou empresário. Depois agarraram uns intelectuais, cineastas, compositores, blogueiros. Mas, como tenho meu emprego, também não me importei. Agora estão me levando. Mas já é tarde. Como não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.
Esse texto não passa de uma paródia. Inspirada em três versões famosas do Poema da omissão. Esses versos de resistência à repressão são atribuídos ao poeta russo Vladimir Maiakóvski, ao dramaturgo Bertolt Brecht e ao pastor Martin Niemöller. Inimigos da liberdade podem ser comunistas, fascistas ou nazistas. Na primeira noite, colhem uma flor em nosso jardim. Na segunda, matam nosso cão. No fim, nossa voz é arrancada da garganta. E, porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.
Para quem ainda acha que ditaduras de uma cor são mais aceitáveis que outras..., para quem ainda acha que deve ser punido com prisão o delito de opinião ou que a liberdade de se expressar é um bem supérfluo, a próxima semana é um bom momento de reflexão. Comemora-se – se assim podemos dizer – o aniversário do golpe militar de 1964.
O governo do presidente Lula – por meio de sua Secretaria de Direitos Humanos – lançou na semana passada o livroLuta, substantivo feminino. São histórias de 45 brasileiras mortas ou desaparecidas durante o regime militar. E depoimentos de 27 sobreviventes, que resistiram à ditadura em grupos armados ou não. Elas descrevem torturas, choque elétrico, pau de arara, insultos, estupros, abusos sexuais. Algumas estavam grávidas e outras amamentavam.
No livro, não aparece a mais ilustre das guerrilheiras sobreviventes, a ministra Dilma Rousseff, candidata à Presidência. A omissão foi deliberada, para que a inclusão de Dilma não fosse explorada politicamente em ano eleitoral.
Para mostrar sensibilidade com direitos humanos, basta 
Lula pedir a Fidel e Raúl que a deixem viajar
Deduz-se de tudo isso – e do passado do presidente – que Lula seja especialmente sensível às violações de direitos humanos. É impossível alguém esquecer que foi preso e intimidado por pensar diferente, por discordar, por ser oposicionista. Deduz-se que Lula condene covardias com mulheres e que seja a favor do direito de ir e vir.
O presidente brasileiro tem excelente oportunidade para praticar essa sensibilidade. Como o jornalista Juliano Machado revelou em primeira mão em epoca.com.br, a cubana Yoani Sánchez enviou carta a Lula pedindo que use sua influência sobre os irmãos Fidel e Raúl Castro para ajudá-la a conseguir autorização para vir ao Brasil. Yoani é a blogueira famosa por furar a censura do regime castrista. É convidada especial ao documentário brasileiro sobre liberdade de expressão que será lançado em junho na Bahia. Mas, nos últimos anos, foi impedida de deixar Cuba ao menos quatro vezes (leia mais).
Ficará esquisito o Palácio do Planalto insistir que Lula não recebeu a carta, datada de 14 de março. Nela, Yoani diz: “O senhor estaria pedindo aquilo que, para qualquer brasileiro – e para qualquer ser humano –, é um direito inalienável”.
Todos nós, brasileiros, nos sentimos aliviados por viver numa democracia. Não somos a Venezuela, que continua a prender quem se atreve a “vilipendiar” Hugo Chávez. Não somos a China, onde o Google decidiu finalmente não se submeter à censura do dragão. Tampouco estamos no Irã, onde a bela Neda, de 27 anos, morreu com um tiro no peito em manifestação – seu noivo, Makan, está exilado no Canadá.
É pena que Lula continue a enxergar apenas “má-fé” na mídia. A mesma mídia que comemorou sua eleição histórica. A mídia que divulga suas conquistas e suas críticas aos jornalistas. Lula quer manchete, mas só de louvação. Como acontece na imprensa oficial cubana ou venezuelana.
É uma boa data, presidente, para homenagear a liberdade de expressão. E para dizer a Yoani que, sim, o Brasil pode ajudá-la a sair da ilha para vir à Bahia. 

FERNANDO RODRIGUES

O "X" não aconteceu
FOLHA DE SÃO PAULO - 27/03/10

BRASÍLIA - A pesquisa Datafolha de hoje não trouxe o "X" que os petistas davam como certo nas curvas de intenção de voto entre José Serra e Dilma Rousseff. Não houve empate nem a candidata de Lula ultrapassou o tucano. Por fim, a distância entre ambos cresceu.
Serra continuou a liderar e subiu dos seus 32% em fevereiro para 36% agora. O levantamento foi realizado nos dias 25 e 26 deste mês.
Dilma havia registrado 28% há um mês e escorregou para 27%.
O segundo pelotão permaneceu no mesmo lugar. Ciro Gomes (PSB) está com 11%. Marina Silva (PV) pontuou 8%. Indecisos, brancos, nulos ou nenhum somam 18%.
A distância entre Serra e Dilma havia afunilado para quatro pontos percentuais em fevereiro. No novo Datafolha, o tucano abriu uma vantagem de nove pontos.
Quando os petistas já colocavam o champanhe na geladeira e Lula falava quase em público a respeito de ganhar no primeiro turno, eis que o modelo de inocular popularidade em Dilma Rousseff começa a mostrar um certo esgotamento.
Dilma cresceu nas pesquisas sorrindo, com olhar de paisagem e aparecendo ao lado de Lula em eventos de campanha disfarçados de atos de governo. Deu certo. A petista entrou com força na disputa.
Mas os números do Datafolha revelam talvez a necessidade de uma tática mais agressiva se a petista pretende voltar a crescer. A nova fase exigirá de Dilma um confronto direto com Serra. Até porque a candidata de Lula estará fora do governo a partir da semana que vem.
Já Serra terá de colocar sua resiliência à prova como candidato declarado. Esse é o cenário da largada da corrida presidencial de 2010: dois candidatos polarizando na ponta e ninguém ainda competitivo como possível terceira via.
Só que essa, como se vê logo no seu começo, não parece ser uma eleição fácil para se fazer previsões.

MÍRIAM LEITÃO

Felizes, separados
O GLOBO - 27/03/10

O presidente Lula não gosta de nós. Que boa notícia. Perigoso seria se o presidente achasse que a imprensa brasileira faz exatamente o que ele quer e dá apenas a sua visão dos fatos. Imagine que monótono seria se todos os meios de comunicação se contentassem em registrar as avaliações do governo sobre suas próprias ações, se Lula jamais fosse criticado, se ninguém tivesse dúvidas.

Deve ser assim a imprensa chinesa, aquele país onde até um site de busca tem que ser censurado, porque nem os fatos passados, há 21 anos, podem ser contados como eles foram, como o massacre da Praça da Paz Celestial. Com uma imprensa assim sonha Hugo Chávez quando fecha TVs, persegue jornais, prende jornalistas, opositores e quer controlar a internet.

Foi assim, absolutamente do gosto dos governantes, os tempos soviéticos do “Pravda” e da Agência Tass.

Em Cuba, ainda é assim.

Fidel Castro não tem reclamações do “Gramma”, e jornalista cubano que pensa diferente está na cadeia, fazendo greve de fome, ou se arriscando nas mídias sociais.

Na Coreia do Norte, então, a imprensa deve ser considerada pelo governo como de muito boa fé porque nada diz de diferente.

Aqui, os governos continuarão contrariados, felizmente.

O principal candidato de oposição, José Serra, também faz críticas à imprensa.

Que boa notícia.

Aqui, o governo Lula tentou duas vezes criar mecanismos de controle da imprensa, como agências e conselhos. Volta a tentar agora, mas a sociedade tem solenemente enfrentado qualquer tentativa em transformar seu desgosto com a imprensa em lei coercitiva.

O governo investiu muito em ampliar a imprensa oficial.

Deveria ficar contente com ela porque a versão oficial dos fatos está tendo ampla divulgação. Por alguma razão isso não o satisfaz e quer esse mesmo enfoque nos órgãos de comunicação não governamentais.

A esta altura, aos 40 minutos do segundo tempo, do seu período de oito anos no governo, Lula ainda reclama da imprensa com acusações feitas como “má fé”. Tudo bem, como a imprensa é livre, e ele tem direito à sua opinião a respeito da imprensa, os jornais registram a crítica, com destaque, toda vez que ele a faz. Ele tem uma predileção por escalar o tom de voz em períodos eleitorais.

Coincidência, certamente.

Lula disse uma frase brilhante, ao falar mal da imprensa.

É assim: — A mim, não me importa que fiquem incomodados, porque eu ficaria incomodado se o contrário acontecesse — disse Lula.

Está aí um ponto de concordância; um texto que pode ser subscrito por quem pensa o oposto do que ele pensa. Seria de incomodar a imprensa também, se ela jamais incomodasse o governo.

A crítica de que a imprensa tem predileção por noticiar a “desgraça” já não tem o mesmo brilhantismo; não é inédita e é antiga. Os jornalistas têm até respostas prontas para ela: se tudo acontece como o previsto, não rende mais do que uma linha no jornal, poucos segundos na TV, e não completa nem os 140 toques do twitter; se há alguma descontinuidade, inesperado, espanto, aí sim é notícia. É da natureza do nosso elemento, o inesperado. Às vezes, pode ser o bom imprevisto.

Ao contrário do que o presidente imagina, ele já ocupou páginas e páginas do jornal com o bom espanto. Por exemplo, quantas vezes foi dito que, ao contrário de tantas previsões, seu governo manteve a defesa da estabilidade da moeda? Notícia boa. Inesperada. É que durante tantos anos os programas do PT e os discursos do então candidato Lula falaram contra as bases da estabilização da moeda, que temia-se pelo seu desempenho nesta área.

O presidente Lula tem medo de que daqui a 30 anos os estudantes estejam estudando “mentiras” registradas pelo que ele chamou de “tabloides” de hoje. O presidente deve ficar tranquilo quanto a isso. A história costuma depurar eventuais excessos, confrontar dados, revisitar os fatos. Até porque há versões diferentes em cada jornal. Dentro de um mesmo órgão há, frequentemente, artigos que são diferentes das matérias, que divergem dos editoriais.

Liberdade produz essa diversidade. A imprensa comete erros, e se corrige ou publica a opinião de quem se sente atingido. E o leitor, telespectador, ouvinte, vai formando a sua opinião ao confrontar esses dados e informações diferentes.

O presidente Lula disse ainda que se os jornais “não querem saber por seus olhos, poderiam saber pelas pesquisas de opinião pública”.

Essa ideia é péssima.

Imagina se a imprensa se guiasse no noticiário pelas pesquisas de opinião sobre o governante? Seria uma espécie de jornalismo pró-cíclico: notícias boas quando a popularidade do governante é alta; notícia ruim quando a popularidade é baixa. É melhor deixar tudo separado: notícia e pesquisa de opinião.

O que é condenável nas críticas do presidente Lula à imprensa é a reiterada e infundada acusação de preconceito.

Esse ponto faz mal ao país como um todo.

Cada vez que ele se diz perseguido pelos “letrados”, por não ser um “letrado”, pode estar incentivando um jovem, que o admira, a deixar os livros de lado. E sem os livros o Brasil não vai realizar nossos sonhos comuns de progresso.

Esta semana um empresário de tecnologia da informação me disse, numa entrevista, que para ser um bom funcionário dessa indústria não basta ser hábil em todos os equipamentos de informática. É preciso ter capacidade de concentração.

Os livros são o grande aliado neste treino. No mais, o presidente deve fazer sempre que quiser seu “desabafo”, como disse, contra a imprensa. Se ficar combinado, de que ele não irá além das palavras.